Discurso sobre brasileiros no exterior Sr. Presidente, Nobres colegas deputados, Sras. e senhores que assistem à TV Câmara, Venho a esta tribuna chamar a atenção dos nossos telespectadores, dos nobres parlamentares, e do governo federal, para a situação dos brasileiros que vivem no exterior, em especial àqueles que trabalham e movimentam a economia de nosso país. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE), existem cerca de quatro milhões de brasileiros vivendo no exterior, sendo a maioria composta por trabalhadoras e trabalhadores que deixaram o país em busca de melhores oportunidades de emprego e renda. Destaco, aqui, a situação dos cerca de 300 mil brasileiros que vivem no Japão e que, anualmente, enviam para o Brasil 2,5 bilhões de dólares. A crise econômica afeta a vida desses brasileiros. Diariamente quinhentos trabalhadores retornam ao Brasil, engordando as filas de desemprego e enfrentando dificuldades para se adaptarem. Muitos deles não conseguem, por exemplo, matricular seus filhos nas escolas brasileiras, devido à diferença de sistemas de educação entre Brasil e Japão e às dificuldades em providenciar os documentos necessários para tanto. Esta semana brasileiros desempregados realizaram um piquete na porta da fábrica de autopeças Asmo, na cidade japonesa de Kosai, província de Shizuoka. A empresa tinha nas suas linhas de montagem cerca de mil brasileiros. Segundo cálculos do Sindicato de Trabalhadores Estrangeiros, até o começo de março sobrarão menos de 200 dekasseguis. Na cidade de Nagóia, capital da província de Aichi, 1.500 brasileiros participaram de uma manifestação para exigir direitos trabalhistas, pedir por emprego e também por atenção do governo japonês para as questões sociais. A província de Aichi é a que abriga a maior quantidade de brasileiros no Japão – são cerca de 70 mil. Foi lá onde houve os maiores cortes nas indústrias. Além desses problemas, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) registrou 1.150 casos de brasileiros desaparecidos no exterior nos últimos cinco anos. Apesar de o Ministério reconhecer que esse não é o número exato de casos, é uma situação que merece atenção, pois os países que têm as maiores comunidades de brasileiros no exterior – Estados Unidos, Paraguai e Japão - são também aqueles que concentram a maior parte dos desaparecimentos. Temos, ainda, os numerosos casos de brasileiros barrados em aeroportos internacionais fora do país. Ano passado, um de cada quatro brasileiros que chegavam à Espanha era proibido de entrar no país. Enfim, senhor presidente e demais colegas, peço a vossa atenção para nossos compatriotas no exterior. Busquemos soluções, junto ao governo federal, para auxiliar esses brasileiros da melhor medida possível em meio à crise que assola o mundo. Muito obrigado. William Woo PSDB/SP