avaliação dos tipos de revestimento e qualidade da água nos poços

Propaganda
64
Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
AVALIAÇÃO DOS TIPOS DE REVESTIMENTO E QUALIDADE DA
ÁGUA NOS POÇOS DO AQUÍFERO FURNAS NA REGIÃO DE PONTA
GROSSA - PR
GADOTTI, Jéssica Liziane
MELO, Mário Sérgio de
1. Introdução
A Formação Furnas, situada na região dos Campos Gerais no Segundo Planalto
Paranaense é uma unidade geológica de grande importância na região do município de Ponta
Grossa, principalmente por sua grande capacidade de armazenar e produzir água subterrânea
de boa qualidade. Por esta razão, nos últimos anos vem sendo bem mais explorada (Bagatim,
2010; Pigurim, 2010). Na região, a Formação Furnas, constituída essencialmente por arenitos
quartzosos, é sobreposta pela Formação Ponta Grossa, constituída por folhelhos, siltitos e
argilitos que contêm teores elevados de ferro, enxofre, carbonatos, entre outros elementos, em
sua constituição.
Além dos riscos naturais de contaminação, como a presença de unidades geológicas
sobrepostas, outros fatores influenciam a qualidade da água, tais como inadequadas técnicas
de construção dos poços. Um fator muito importante é o tipo de revestimento do poço, que
serve principalmente para evitar a contaminação a partir da superfície e da água com
poluentes naturais (ferro, enxofre) de unidades geológicas, como é o caso da Formação Ponta
Grossa.
Para que não haja contaminação, segundo a Associação Brasileira de Normas
Técnicas, é que existe o revestimento sanitário - também conhecido como selo sanitário ou
proteção sanitária – por pelo menos 12 metros de profundidade, podendo variar de acordo
com a litologia do local. Ocasionalmente, é utilizado o revestimento em si, que é a própria
estrutura que dá sustentação às paredes do poço e liga o aquífero à superfície (Albrecht &
Carvalho, 2004). Os dados físico-químicos comparados com os dados sobre revestimento,
podem levar a interpretações sobre os fatores que influenciam a qualidade da água do poço
sendo explorado.
PALAVRAS CHAVE – Aquífero Furnas, revestimento de poços tubulares profundos,
qualidade da água.
2. Objetivos
- Realizar diagnóstico do uso de revestimentos nos poços tubulares profundos no Aquífero
Frunas na região de Ponta Grossa;
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções
Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
65
Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
- Comparar o tipo de revestimento utilizado nos poços com dados de qualidade de água;
- Propor critérios construtivos para evitar a contaminação das águas do aquífero.
3. Metodologia
Foram utilizados os dados das outorgas de 51 (cinquenta e um) poços concedidos pelo
Instituto das Águas do Paraná. Estes dados compreendem perfil construtivo e geológico,
entrada d’água, aquífero de onde esta água é proveniente bem como os parâmetros físicoquímicos da água.
Para a espacialização dos dados dos poços foi usado o aplicativo ArcGis 9.3 para o
georreferenciamento dos poços, com base na quadrícula 1:50.000 de Ponta Grossa
(coordenadas 26°00’ a 26°15’ S e 48°15’ a 48°30’ W). Para esta quadrícula foram
compilados os dados da carta geológica em escala 1:100.000 (MINEROPAR, 2007).
4. Resultados e Discussões
Para a análise foram considerados os dados obtidos nas outorgas como a presença ou
não e tipo de revestimento, dados físico-químicos tais como teores de fosfato, sulfatos, ferro
total, sólidos dissolvidos totais, dureza total, entrada da água e de qual aquífero a água é
proveniente. Em muitos casos, é essencial que os poços apresentem revestimento, seja para a
estabilidade do poço seja para a preservação da qualidade da água. É importante que os
dados das outorgas descrevam o material utilizado. Alguns tipos de materiais são mais
comuns, no caso dos poços do Aquífero Furnas na região de Ponta Grossa, dois tipos
principais de revestimento foram identificados: 24 poços com revestimentos em aço (aço
galvanizado, aço preto e aço, SCH20), 6 com revestimentos em PVC (PVC, PVC
nervurado), e 13 poços que não possuem nenhuma especificação quanto ao tipo de
revestimento utilizado na construção (Figura 1).
Não há uma normatização sobre qual deve ser o tipo do material para o revestimento
por isso há uma grande variedade quanto ao seu uso, que depende de particularidades das
rochas atravessadas pelo poço e do comportamento do aquífero. Os tipos mais comuns
encontrados no caso de Ponta Grossa são os de aço galvanizado, aço preto, PVC nervurado
que é uma variação do PVC comum pois são destinados ao uso específico em poços
tubulares profundos.
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções
Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
Tipos de Revestimento
66
2 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
Anais Semana de Geografia. Volume
1
5
20
4
1
5
Aço Galvanizado
Aço Preto
Aço
Pvc
PVC Nerv.
Geomec.
SCH20
Figura 1: comparação dos tipos de revestimentos nos poços tubulares profundos
no Aquífero Furnas na região de Ponta Grossa.
Outro fator importante é sobre a proteção sanitária presente. A proteção sanitária
funciona quase como o revestimento comum e se encontra nas porções iniciais dos poços
sendo uma estrutura geralmente em cimento ou concreto que faz a proteção da boca do poço
contra os fatores superficiais de poluição. Dos 51 poços analisados 18 deles não apresentam
dados sobre a proteção sanitária ou possuem dados incompletos, apenas dizendo existir esta
proteção (Figura 2), mas não foram informados dados como sua extensão ou diâmetro.
Com base nos dados das outorgas, verificou-se que de 51 poços apenas 11
possuíam dados do revestimento utilizado e de todos os componentes físico-químicos
principais considerados neste estudo. Destes onze poços, somente o poço P37 (ver Figura 2)
apresentou teores de componentes que ultrapassam o valor máximo permitido (VMP)
previsto pelo CONAMA (Brasil, 2008).
O poço P37 tem 370 metros de profundidade total, dos quais 120 metros na
Formação Ponta Grossa e 250 metros na Formação Furnas sotoposta. O revestimento de aço
chega a 54,5 metros de profundidade. O perfil hidrogeológico indica uma entrada d’água a
60 metros de profundidade, ou seja, ainda na Formação Ponta Grossa. Neste poço, os teores
de sulfetos são de 411,3 mg/L, ultrapassando o VMP de 250 mg/L. Uma possível causa é a
entrada de água na Formação Ponta Grossa. Embora se trate de um caso isolado, estes dados
levam a crer que o revestimento dos poços tubulares profundos na região de Ponta Grossa
têm importância para manter uma boa qualidade de água dos poços explotados, porém a
falta de dados mais completos sobre os poços ainda impossibilita análises melhor
fundamentadas.
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções
Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
67
Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
Figura 2: representação de poços com e sem revestimento sanitário.
5. Considerações Finais
A região da cidade de Ponta Grossa caracteriza-se pela presença do Aquífero Furnas
sobreposto pela Formação Ponta Grossa, esta com teores elevados de elementos como ferro e
enxofre.
De 51 poços analisados que explotam águas do Aquífero Furnas, 36 trazem dados
completos sobre o revestimento utilizado, e somente 11 trazem dados completos dos
componentes físico-químicos considerados neste estudo. Destes, somente um poço apresenta
teores de componentes que excedem os valores máximos permitidos em lei.
Neste poço, o revestimento não impede totalmente a entrada d’água a partir da Formação
Ponta Grossa, o que pode estar determinando os elevados teores de sulfetos detectado. Este
dado sugere que nos poços da região que atravessam a Formação Ponta Grossa antes de
atingir o Aquífero Furnas, deva ser utilizado revestimento que impeça a entrada d’água da
primeira unidade.
6. Referências Bibliográficas
ALBRECHT, K.J., CARVALHO,M.A. 2005. A relação entre o revestimento, proteção
sanitária de poços tubulares e o manto de alteração de rochas com os riscos ambientais.
Disponível
em:
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções
Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
68
Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2015. ISSN 2317-9759
http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/viewFile/23293/15386. Acesso em
15 de novembro de 2015.
BAGATIM, H.Q. 2010. Utilização das águas subterrâneas em Ponta Grossa, PR. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Bacharelado Em Geografia) - Universidade Estadual
de Ponta Grossa, 77p.
BRASIL – Ministério do Meio Ambiente. 2008. Resolução CONAMA nº 396 de 3 de abril de
2008. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=562.
Acesso em 17 de novembro de 2015.
MINEROPAR – Minerais do Paraná S/A. 2007. Mapa geológico do Estado do Paraná, Folha
de Ponta Grossa. SG.22-X-C-II. Curitiba, Mapa geológico, escala 1:100.000
PIGURIN, I. 2010. Análise da qualidade da água subterrânea do Aquífero Furnas no
município de Ponta Grossa, PR, Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual
de Ponta Grossa, 57p.
XXII Semana de Geografia, IV Semana e Jornada Científica De Geografia do Ensino a Distância da UEPG, XVI
Jornada Científica da Geografia e IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico. “Concepções
Geográficas: Rompendo Barreiras Disciplinares”
Download