Língua Portuguesa II: Morfologia I Autor Denilson Matos 2009 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br © 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. M433 Matos, Denilson. / Língua Portuguesa II: Morfologia I /Denilson Matos. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 168 p. ISBN: 978-85-7638-799-2 1. Língua Portuguesa – Morfologia 2. Língua Portuguesa – Formação de palavras 3. Língua Portuguesa – Gramática. I. Título. CDD 469.5 Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. Todos os direitos reservados IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 80730-200 • Curitiba • PR www.iesde.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Sumário morfologia | 7 Conceito de morfologia | 8 Estudos lingüísticos | 9 Significação lexical e gramatical | 10 Formas livres, presas e dependentes | 11 Etimologia | 12 Dupla articulação da linguagem | 13 Morfema | 19 Conceito de morfema | 19 Análise mórfica | 22 Tipos de morfema | 25 Estrutura das palavras I | 33 Estrutura das palavras | 34 Estrutura das palavras II | 45 Conceituação | 45 Modo | 45 Pessoa | 47 Número | 47 Estruturas do verbo | 48 O acento tônico nos verbos | 55 Processo de formação de palavras I | 59 Afixos | 60 Derivação | 63 Processo de formação de palavras II | 71 Composição | 71 Outros tipos de processos | 73 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Criatividade lexical | 79 O que é? | 79 Neologismo | 81 Considerações finais | 88 Classes de palavras I | 93 Algumas informações essenciais | 93 Classes de palavras II | 107 Artigo | 107 O adjetivo | 110 Numeral | 114 Pronomes | 121 Pronome | 121 O pronome pode ser de seis espécies | 123 Colocação pronominal | 129 Locuções e interjeições | 133 Locuções | 133 Interjeição | 136 Narração | 141 Texto | 141 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Apresentação Nesta etapa de nosso estudo, abordam-se as diversas partes que constituem o léxico de nossa língua preferencialmente aquelas que determinam a formação e construção dos termos que a caracterizam e a identificam. Aqui, conheceremos os mecanismos de formação previstos no sistema da Língua Portuguesa, bem como aqueles que transcendem às expectativas do registro padrão. Na mesma direção, iniciaremos o estudo das classes de palavras que representa, indubitavelmente, conteúdo capaz de determinar o sucesso do estudante diante da constituição e análise da frase e da oração em Língua Portuguesa, a saber: a sintaxe. Desta feita, pretende-se apresentar, sob o amparo da gramática normativa, a língua enquanto sua formação, estrutura e classe de palavras. Mais especificamente, enquanto estudiosos da linguagem, devemos entender que todo indivíduo que pretenda estudar uma língua, seja ela qual for, deve atentar para certas considerações que determinam e auxiliam o reconhecimento dessa língua. Assim, o estudo da forma é uma das possibilidades de análise que traz à tona o entendimento de que as palavras se organizam não apenas numa frase, mas, também, internamente. Se por um lado, palavras quando combinadas podem constituir frases, textos, por outro, letras, morfemas, sílabas também podem formar palavras. Portanto, é neste espírito que se busca entender os procedimentos lingüísticos que participam e atuam efetivamente na morfologia das palavras. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I Para que você entenda como se dá o processo de formação de palavras é necessário que saiba que essa formação se estrutura por meio de morfemas lexicais e gramaticais. Esses morfemas nada mais são que elementos formadores de palavras. Observe o que diz Celso Cunha (2001, p. 76) a respeito dos tipos de morfemas: Quanto à significação, os morfemas classificam-se em lexicais e gramaticais. Os lexicais têm significação externa, porque é referente a fatos do mundo extralingüístico, aos símbolos de tudo o que os falantes distinguem na realidade objetiva ou subjetiva. Já a significação dos morfemas gramaticais é interna, pois deriva das relações e categorias levadas em conta pela língua. Agora observe o exemplo: in explic ável in- morfema de negação (morfema gramatical). explic- morfema que contém o significado da palavra (morfema lexical). ável- morfema indicativo da categoria adjetivo (morfema gramatical). Logo, temos a palavra, inexplicável. Dessa forma, podemos dizer que as palavras são formadas por elementos mórficos lexicais (radical) e morfemas gramaticais (afixos e desinências). Percebendo a diferença existente entre os tipos de morfemas tratados acima, daremos continuidade ao assunto, sendo que nesta unidade exploraremos o assunto derivação e os processos de criação que ocorrem a partir do acréscimo de afixos a radicais. Para iniciar, conheceremos melhor quais são os afixos na língua portuguesa. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 60 | Língua Portuguesa II: Morfologia I Afixos São morfemas gramaticais do tipo derivacional (formas presas) que se juntam ao radical (forma livre) para, a partir deste, formar novas palavras. Esses morfemas são o prefixo e o sufixo: Teste seus conhecimentos. Identifique as palavras abaixo os afixos: (prefixo e sufixo), destacando o radical. prefixo Subdesenvolvido sub radical sufixo desenvolv ido Lealdade – leal dade Beleza – bel eza Injustamente in justa mente Retratista – retrat ista Lavável – lava vel Prefixos Formas presas que aparecem antes do radical, modificando-lhes o sentido, porém costumam manter a classe gramatical do vocábulo do qual se originam, além disso relacionam semanticamente com as preposições. Diz Bechara (1999,p. 338) que os prefixos em geral se agregam a verbos e a adjetivos, que são menos freqüentes os derivados de substantivos e que quando ocorrem são verbais, como no exemplo “desrespeito” abaixo . Exemplo: a) des + respeito = Desrespeito (respeito desrespeito são substantivos). b) In + feliz = infeliz (feliz e infeliz são adjetivos). c) Re + ter = reter (ter e reter são verbos). Teste seus conhecimentos lendo o trecho e respondendo às questões. O beijo não é a mais audaciosa, mas certamente é a mais famosa obra de arte de Auguste Rodin. Através dessa extraordinária escultura, o artista comunica ao espectador a emoção e a ternura que unem dois amantes. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I | 61 Auguste Rodin – O Beijo 1886. a) Que palavra destacada no trecho anterior contém um prefixo? Determine-o. (Extraordinária – Prefixo: extra) b) Que sentido ele dá à palavra? (Que vai além, a mais, excesso.) Sufixos Formas presas, que aparecem depois do radical, têm por finalidade formar classes gramaticais, pois, em geral, alteram a categoria gramatical do radical (veja o exemplo “a” e “c”). Entretanto, podem, também, não alterar (veja o exemplo “b”). São menos significativos que os prefixos e não têm curso independente na língua, o que determina a denominação forma presa. Exemplo: a) ambiental + ista = ambientalista (adjetivo/substantivo). b) dente + ista = dentista (substantivo/substantivo) c) poeira + ento = poeirento (substantivo/adjetivo) Teste seus conhecimentos formando novas palavras, utilizando sufixo que: a) Indique agente , profissional: Pedra – pedreiro. Ouvir – ouvinte. Flor – floricultor/ florista. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 62 | Língua Portuguesa II: Morfologia I b) Indique ação ou resultado de ação: Doar – doação. Passear – passeata. Pensar – pensamento. c) que contém a qualidade de: Demônio – demoníaco. Carne – carnal, carnívoro. Natal – natalino. Leia o que diz Carlos Drummond de Andrade sobre a formação dos vocábulos: Entre palavras Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo o momento impõe-se tomar conhecimento de novas palavras ou combinações. Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou expressão sem registrá-la. Amanhã você pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz. O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... existiam em 1940? Ponha aí o computador; os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar; o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o tá legal, o apartheid, o som pop, a arte op., as estruturas e a infra-estrutura. Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, parafernália, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservadorismo, “carnet” da girafa, poluição. (...) Não havia nada disso no jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo de Washington Luís. Algumas dessas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras e combinações de palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras “somos” finalmente, mas com que significado, que não sabemos ao certo? Poesia e Prosa. Nova Aguiar: Rio de Janeiro, 1988 O texto nos leva a entender que da mesma forma que muitas palavras aparecem em nosso vocabulário, outras desaparecem e, ainda que elas são formadas de diferentes maneiras, por isso devemos estar sempre atentos para percebermos alguns detalhes sobre a formação das palavras na língua portuguesa. Nesse primeiro momento, como já falamos, veremos o processo de formação das palavras por derivação. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I | 63 Derivação Os afixos apresentam funções sintático-semânticas definidas: essas funções delimitam os possíveis usos e significados das palavras a serem formadas pelos diferentes processos de derivação, correspondentes aos vários afixos. (Margarida Basílio; 2005, p. 28) Dê uma olhada no quadro abaixo para que o assunto abordado se torne mais claro. Primitivas Derivadas Ferro Ferramenta, ferreiro, ferrovia. Pão Padaria, padeiro. Você notou que as palavras ferro e pão dão origem a várias outras palavras? Que, ao se juntarem aos afixos, adquiriram novos significados? Pois é, na língua portuguesa, na verdade, há dois processos “básicos” de formação de palavras: a composição e a derivação, e nesse momento falaremos sobre a derivação. A derivação é o processo pelo qual novas palavras (derivadas) são formadas a partir de outras que já existem (primitivas). Percebam como isso pode ocorrer: – Derivação prefixal; predominar – Derivação sufixal; realismo – Derivação parassintética; emudecer Prefixal Processo de derivação pelo qual se acrescenta um prefixo ao radical. Em nossa língua, os prefixos mais comuns são os gregos e os latinos. Vejamos alguns exemplos a seguir.: Prefixos latinos Sentido Exemplos AB-, ABS Afastamento; separação abuso, abster-se, abdicar AD-, A Aproximação; tendência; direção Adjacente, adjunto, admirar, agregar AMBI Duplicidade Ambivalência, ambidestro ANTE posição anterior Antebraço, anteontem, antepor BENE, BEN, BEM Bem; muito bom Benevolência, benfeitor, bem-vindo, bemestar BIS-, BI duas vezes bisavô, biconvexo, bienal, bípede, biscoito CIRCUM-, CIRCUN ao redor; movimento em torno Circunferência, circum-adjacente CONTRA Oposição; ação contrária contra-ataque, contradizer COM-, CON-, CO Companhia; combinação Compartilhar, consoante, contemporâneo, co-autor Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 64 | Língua Portuguesa II: Morfologia I DE-, DES-, DIS movimento para baixo; afastamento; ação contrária; negação decair, desacordo, desfazer, discordar, dissociar, decrescer EX-, ES-, E movimento para fora; mudança de estado; separação exonerar, exportar, exumar, espreguiçar, emigrar, emitir, escorrer, estender EXTRA- posição exterior; superioridade extra-oficial, extraordinário, extraviar IN-, IM-, I-, EN-, EM-, INTRA-, INTRO- posição interna; passagem para um estado; movimento para dentro; tendência; direção para um ponto incisão, inalar, injetar, impor, imigrar, enlatar, enterrar, embalsamar, intravenoso, intrometer, intramuscular IN-, IM-, I- negação; falta intocável, impermeável, ilegal INTER-, ENTRE- posição intermediária; reciprocidade Intercâmbio, internacional, entrelaçar, entreabrir JUSTA- Proximidade Justapor, justalinear POS- posição posterior; ulterioridade pós-escrito, pospor, postônico PRE- anterioridade; superioridade; intensidade prefixo, previsão, pré-história, prefácio PRO- posição em frente; movimento para frente; em favor de Proclamar, progresso, pronome, prosseguir RE- repetição; intensidade; reciprocidade realçar, rebolar, refrescar, reverter, refluir RETRO- para trás Retroativo, retroceder, retrospectivo SEMI- Metade semicírculo, semiconsoante, semianalfabeto SUB-, SOB-, SO- posição abaixo de; inferioridade; insuficiência subconjunto, subcutâneo, subsolo, sobpor, soterrar SUPER-, SOBRE-, SUPRA posição superior; excesso Superpopulação, sobreloja, supra-sumo, sobrecarga, superfície TRANS-, TRAS-, TRA-, através de; posição além de; TRESmudança Transbordar, transcrever, tradição, traduzir, traspassar, tresloucado, tresmalhar ULTRA- além de; excesso Ultrapassar, ultra-sensível VICE-, VIS- posição abaixo de; substituição vice-reitor, visconde, vice-cônsul Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I Prefixos gregos Sentidos | Exemplos A-, NA Privação; negação Ateu, analfabeto, anestesia ANA- Repetição; separação; inversão; para cima Análise, anatomia, anáfora, anagrama ANFI- Duplicidade; ao redor; de ambos os lados Anfíbio, anfiteatro, anfibologia ANTI- Oposição, ação contrária Antibiótico, anti-higiênico, antitérmico, antítese, antípoda, anticristo APO- Separação; afastamento; longe de Apogeu, apóstolo, apóstata ARQUI-, ARCE- Posição superior; excesso; primazia Arquitetura, arquipélago, arcebispo, arcanjo CATA- Movimento para baixo; a partir de; ordem Catálise, catálogo, cataplasma, catadupa DIA- Através de; ao longo de Diafragma, diagrama, diálogo, diagnóstico DI- Duas vezes Dipolo, dígrafo DIS- Mau funcionamento; dificuldade Dispnéia, discromia, disenteria EN-, EM-, E-, ENDO- Posição interna; direção para dentro Encéfalo, emblema, elipse, endotérmico EX-, EC-, EXO-, ECTO- Movimento para fora; posição exterior Êxodo, eclipse EPI- Posição superior; acima de; posterioridade Epiderme, epílogo EU-, EV- Excelência; perfeição; verdade Euforia, evangelho HEMI- metade Hemisfério HIPER- Posição superior; intensidade; excesso Hipérbole, hipertensão HIPO- Posição inferior; insuficiência Hipotrofia, hipotensão, hipodérmico META- Posteridade; através de; mudança Metamorfose, metabolismo, metáfora, metacarpo PARA- Proximidade; ao lado; oposto a Paradoxo, paralelo, paródia, parasita PERI- Em torno de Pericárdio, período, perímetro, perífrase Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 65 66 | Língua Portuguesa II: Morfologia I PRO- Posição anterior Prólogo, prognóstico POLI- Multiplicidade; pluralidade Polinômio, poliedro SIN-, SIM- Simultaneidade; reunião; resumo Sinfonia, simbiose, simpatia, sílaba SUB-, SOB-, SO- posição abaixo de; inferioridade; insuficiência subconjunto, subcutâneo, subsolo, sobpor, soterrar SUPER-, SOBRE-, SUPRA posição superior; excesso Superpopulação, sobreloja, supra-sumo, sobrecarga, superfície TRANS-, TRAS-, TRA-, através de; posição além de; TRESmudança Transbordar, transcrever, tradição, traduzir, traspassar, tresloucado, tresmalhar ULTRA- além de; excesso Ultrapassar, ultra-sensível VICE-, VIS- posição abaixo de; substituição vice-reitor, visconde, vice-cônsul Sufixal Processo de derivação pelo qual se acrescenta um sufixo ao radical. Este pode ser nominal, formando substantivos e adjetivos; verbal, formando verbos ou adverbial, formando advérbios. Exemplo: jornaleiro / canalizar / felizmente Note que, em “jornaleiro” foi acrescentado o sufixo para dar origem a um substantivo, o que justifica a denominação sufixo nominal. Em canalizar o sufixo deu origem a um verbo, daí a denominação sufixo verbal. Para finalizar a explicação, verifique que em felizmente o sufixo, mente, acrescido ao adjetivo feliz, dá a ele uma circunstância de modo e se você não sabe, os advérbios recebem a denominação da circunstância ou de outra idéia acessória que expressam. Dessa forma justifica-se a denominação deste sufixo em sufixo adverbial. Para um estudo mais profundo vale ler Gramática Moderna, de Celso Cunha, (1985, p. 87-100) onde você obterá informações mais abrangentes. Também temos sufixos latinos e gregos. Vamos a alguns deles: Sufixo latino Exemplo Sufixo grego -ia Exemplo -ada Paulada Geologia -eria Selvageria -ismo Catolicismo -ável Amável -ose Micose Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I | 67 Parassintética Processo de derivação pelo qual se acrescenta um prefixo e um sufixo, simultaneamente, ao radical. Exemplo: empobrecer. É importante que você saiba e preste muita atenção para não cometer erros na identificação de um processo para o outro; veja: Há palavras que apresentam prefixos e sufixos, mas não são formadas por parassíntese. Para que ocorra a parassíntese é necessário que o prefixo e o sufixo juntem-se ao radical ao mesmo tempo. Para verificar tal derivação basta retirar o prefixo ou o sufixo da palavra. Se a palavra deixar de ter sentido, então ela foi formada por derivação parassintética. Caso a palavra continue a ter sentido, mesmo com a retirada do prefixo ou do sufixo, ela terá sido formada por derivação prefixal e sufixal. Veja os exemplos: empobrecer- se falarmos só o empobre- terá sentido? E se falarmos pobrecer- terá? Claro que não. Essas palavras não existem sem seus determinados afixos, por isso chamamos este processo de formação de palavras, de Parassíntese. Tire suas dúvidas, se é que há. Veja este outro exemplo e compare com o conceito dado. infelizmente – se falarmos só infeliz- tem sentido? E felizmente- tem sentido? Sua resposta foi positiva, não foi? Pois é, a primeira formação recebe o nome de Prefixal e a segunda de sufixal. No entanto, se a palavra for analisada inteiramente temos a classificação do processo de formação chamado Derivação prefixal e sufixal. Está claro? Agora analise o fragmento abaixo, que é uma afirmação feita por Manuel Pinto Ribeiro, (2003, p. 137). “[...] esta lição precisa ser revista, pois os casos de parassíntese que se enquadram na conceituação exposta apresentam um número reduzido de exemplos: empobrecer, entristecer, amanhecer, amolentar, apedrejar, emudecer, enegrecer, enfraquecer, enriquecer, enlouquecer, esclarecer, rejuvenescer [...]” Para resolver o problema, o autor cita o Prof. Horácio Rolim de Freitas (Princípios de Morfologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1997) e finaliza, sugerindo a seguinte conceituação: “Parassíntese é o processo de formação de vocábulos em que entram, simultaneamente, um prefixo e um sufixo derivacional ou os elementos verbais -a (vogal temática) e r– (desinência de infinitivo)”. Exemplo: apedrejar / acalmar. Agora, teste seus conhecimentos: Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 68 | Língua Portuguesa II: Morfologia I a) Explique o processo de formação de palavras dos vocábulos abaixo: I. Enriquecer – temos o acréscimo simultâneo do prefixo en- e do sufixo -ec (e(r) ) ou simplesmente -ecer no adjetivo rico (derivação parassintética). II. Desalmado – temos o adição simultânea do prefixo negativo des- e o sufixo formador de adjetivos -ado ao substantivo alma (derivação parassintética). b) Forme palavras derivadas parassintéticas a partir das palavras abaixo: I. Surdo – ensurdecer. II. Jovem – rejuvenesce. III. Gesso – engessar. IV. Mole – amolecer. V. Maduro – amadurecer. Texto complementar Texto I Houve um lance incrível de futebol em que o árbitro anulou um gol alegando que a bola estava furada. O que será que aconteceu quando o jogador chutou? A bola murchou, a bola esvaziou-se. Um jogador do time disse que a bola desvaziou. O correto seria dizer que a bola esvaziou, do verbo “esvaziar”. É perfeitamente compreensível esse desvio cometido pelo jogador porque os prefixos “de-” e “des-” entram na formação de muitas palavras da língua e possuem valores diversos. Nem sempre o “des-” indica negação. Recentemente um cantor manifestou que “desconcordava”, e muita gente o censurou dizendo que ele não sabia português. Porém, basta uma consulta aos dicionários para ver que o verbo “desconcordar” existe sim e é sinônimo de “discordar”. Também é preciso levar em conta que algumas palavras têm forma dupla, como “esgarrado” e “desgarrado”, “esgarrar” e “desgarrar”, “espertar” e “despertar” e tantas outras em que entra ou não entra o elemento “de-” ou o elemento “des-”, com vários valores. Esse valor pode ser ora negativo, ora positivo. Às vezes, como aponta o Aurélio, chega a ter valor de reiteração, como ocorre com a palavra “deslavrar”, que quer dizer “lavrar de novo”. (Disponível em: <www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/morfologia>. Acesso em: 15 de jul de 2007). Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Processo de formação de palavras I | 69 Texto II Por que formação de palavras? (BASÍLIO, 2005.) As palavras são elementos de que dispomos permanentemente para formar enunciados. Quase sempre fazemos uso automático das palavras, sem parar muito para pensar nelas. E não nos damos conta de que muitas vezes essas unidades com que formamos enunciados não estavam disponíveis para uso e foram formadas por nós mesmos, exatamente na hora em que a necessidade apareceu. Do mesmo modo, quando estamos lendo um artigo de jornal, um livro etc, em geral não percebemos que algumas palavras do texto não faziam parte do nosso vocabulário, anteriormente à nossa leitura. Por exemplo, pensem nos advérbios formados pela adição do sufixo “-mente” a um adjetivo. Se encontramos em algum texto, digamos, a palavra sinuosamente, é provável que a interpretaremos sem a mínima dificuldade. No entanto, para muitos, a palavra poderia ser adquirida no momento e através do próprio ato da leitura. No exemplo acima, temos um caso de interpretação automática de uma palavra que outra pessoa usou. Mas, da mesma maneira que autores de artigos e livros, nós também formamos palavras novas frequentemente no uso diário da língua, seja construindo termos como verbalidade ou agilização, característicos do discurso formal, seja usando formas só permitidas em situações coloquiais, tais como deduragem, caretice e muitas outras, entre as quais se incluem dezenas de diminutivos e aumentativos. O processo que entra em funcionamento é bastante simples e claro, pelo menos nos exemplos apontados. No primeiro caso, o sufixo “-mente” é adicionado à forma feminina do adjetivo sinuoso para formar um advérbio. No segundo, temos o acréscimo do sufixo “-idade” ao adjetivo verbal para formação de um substantivo abstrato; no terceiro, acrescentamos “-ção” ao verbo agilizar com o objetivo de torná-lo um substantivo. Análise lingüística 1. Classifique o processo de formação dos vocábulos abaixo, segundo o processo de formação de palavras estudado nessa unidade. – Livraria, chuvisco: Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 70 | Língua Portuguesa II: Morfologia I – Antever, infeliz : – Infelizmente, inabilidade: – Amanhecer, envelhecimento: 2. Reúna três diferentes gramáticas e construa um texto, fazendo um paralelo sobre o que diz os diferentes autores a respeito do processo de derivação por parassíntese. 3. Estabeleça diferenças entre morfemas lexicais e morfemas gramaticais. 4. O que constitui uma forma presa e uma forma livre? Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Gabarito Processo de formação de palavras I 1. Livraria, chuvisco: sufixal. Antever, infeliz: prefixal. Infelizmente, inabilidade: prefixal e sufixal. Amanhecer, envelhecimento: parassintética. 2. Livre 3. Celso Cunha (1985, 76) coloca o seguinte: Os morfemas lexicais têm significação externa, porque é referente a fatos do mundo extralingüístico, aos símbolos de tudo o que os falantes distinguem na realidade objetiva ou subjetiva. Os morfemas gramaticais têm a significação interna, pois deriva das relações e categorias levadas em conta pela língua. As palavras são formadas por elementos mórficos lexicais (radical) e morfemas gramaticais (afixos e desinências). 4. Formas presas – afixos, prefixos e sufixos são morfemas gramaticais do tipo derivacional Forma livre – o radical Os prefixos são formas presas que aparecem antes do radical e têm por finalidade formar classes gramaticais, pois, em geral, alteram a categoria gramatical do radical. Entretanto, podem, também, não alterar São menos significativos que os prefixos e não têm curso independente na língua, o que determina a denominação forma presa. Os sufixos são formas presas, que aparecem depois do radical, têm por finalidade formar classes gramaticais, pois, em geral, alteram a categoria gramatical do radical . Entretanto, podem, também, não alterar . São menos significativos que os prefixos e não têm curso independente na língua, o que determina a denominação forma presa. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br