Capítulo 11 Referência Bandgap Introdução Os circuitos analógicos se utilizam de fontes de correntes e de tensões de referências de forma extensiva. Tais referências são sinais cc que exibem pouca dependência com as variações de tensão de alimentação, de processo e da temperatura. Este capítulo tratará do projeto de geradores (corrente ou tensão) de referências usando tecnologia CMOS, com foco nas técnicas band-gap. Em várias aplicações, a dependência de temperatura requerida assume uma das três formas: (1) proporcional a temperatura absoluta (PTAT); (2) Comportamento Gm-constante; (3) Independente da temperatura. Ainda, vários parâmetros dos geradores de referências, tais como impedância de entrada, ruído de saída e dissipação de potência, podem ser críticos. Polarização independente da alimentação Um circuito simples que estabelece corrente independente da alimentação. A corrente de saída é dependente de VDD: Como gerar IREF independente da alimentação? ▢ Para se chegar a uma solução menos sensível, postula-se que o circuito precisa polarizar-se por si mesmo, ou seja, IREF precisa ser derivado de Iout. ▢ Se M1-M4 operam na saturação e λ = 0, então Iout = KIREF, e logo pode-se trabalhar com qualquer nível de corrente.. Assumindo λ = 0, então Iout = IREF e VGS1=VGS2+ID2RS Desprezando o efeito de corpo, tem-se Isto é A corrente é independente da alimentação mas dependente do processo e da temperatura A análise feita considerou que o efeito de corpo fosse desprezível. Para que isto ocorra é necessário que os comprimentos dos canais sejam de grandes dimensões. Assumindo λ ≠ 0, determine ∆Iout/∆VDD. Denominando-se a transcondutância de M2 e RS por Gm2, tem-se Assim Se Ainda no circuito com a adição de RS tem-se que ▢ Um aspecto importante neste circuito é a existência de ponto de polarização degenerado. Por exemplo, se os transistores possuem corrente zero quando a alimentação é ligada, ele permanecerá indefinidamente neste estado, uma vez que esta é um condição estável. ▢ Em outras palavras o circuito possui dois estados estáveis de funcionamento. Componente de start-up Para evitar esta condição indesejada, acrescentase o transistor M5 ao circuito ▢ O dispositivo M5 conectado como um diodo provê uma caminho de corrente de VD até a terra através de M3 e M1, causando o start-up. ▢ Esta técnica é válida se VTH1+VTH5 +|VTH3|< VDD e VGS1+VTH5+|VGS3|>VDD o que assegura que M5 permanecerá desligado após o start-up. Referência independente da temperatura ◘ Como gerar uma quantidade que permaneça constante com a temperatura? - se duas quantidades possuirem coeficientes de temperaturas opostas (TCs) puderem ser adicionadas com pesos apropriados, o resultado apresenta um coeficiente de temperatura zero. - Ex. VREF=α1V1+α2V2, com TC zero se, α1V1/ T + α2 V2/ T=0 Tensão com Coeficiente de Temperatura (TC) Negativo ◘ Para um componente bipolar, onde , sendo A corrente de saturação IS é proporcional a , onde m denota a mobilidade dos portadores minoritários e ni e a concentração intrínseca dos portadores minoritários do silício. ◘ Dependência com a temperatura: e onde e é a energia de bandgap do silício. ◘ Encontrando TC de VBE; desde que e , então Com e Obs. O TC de VBE depende da temperatura. Tensão com Coeficiente de Temperatura (TC) Positivo (PTAT) Geração de uma tensão PTAT ◘ Se IS1=IS2 e a corrente de base é desprezível, então Assim, DVBE exibe um coeficiente de temperatura positivo Outra proposta O TC é independente da temperatura. Referência Bandgap Desenvolvimento de uma referência tendo TC igual a zero. Seja , onde VTlnn é a diferença de tensão entre as tensões base-emissor dos dois transistores bipolares operando com diferentes densidades de corrente. ◘ Como escolher a1 e a2 ? Desde que a temperatura ambiente e e que pode-se fazer a1=1 e escolher ,então indicando que para TC zero: O gerador de tensão independente da temperatura pode ser gerado com onde Para um TC zero, deve-se ter Por exemplo, escolhendo-se n=31 e R2/R3=4. Note que o resultado não depende do TC dos resistores. Compatibilidade com a Tecnologia CMOS Circuito implementado com transistores pnp O substrato p atua como coletor e é inevitavelmente conectado a tensão mais negativa (usualmente terra) Tensão de off-set do amplificador operacional e impedância de saída ▶ Efeito da tensão de off-set na tensão de referência ◘ Se A1 é grande, VBE1-VOS≈VBE2+R3IC2 e Vout=VBE2+(R3+R2)IC2. Assim ◘ O ponto chave é que VOS é amplificado pelo fator (1+R2/R3) introduzindo erro em Vout. Mais importante, VOS por si só varia com a temperatura, aumentando assim, o coeficiente de temperatura da ten~são de saída. Redução do efeito da tensão de off-set do amplificador operacional ▶ R1 e R2 são escalonados pelo fator de m, produzindo I1 ≈ mI2. ▶ Negligenciando as correntes de base e assumindo A1 seja grande, tem-se VBE1+VBE2-VOS=VBE3+VBE4+R3I2 e Vout=VBE3+VBE4+(R3+R2)I2. Resultando em ▶ O efeito da tensão de off-set é reduzido pelo aumento do primeiro termos dentro do colchete. ▶ A implementação não é possível de ser feita em um processo CMOS padrão porque os coletores de Q2 e Q4 não estão aterrados. Pode-se fazer a seguinte alteração para adequar a proposta com o processo CMOS. Para isso, converte-se o diodo MOS em um seguidor de emissor (Fig. 11.14a) ▶ Gerador de referência incorporando duas tensões base emissor em série Discussão ◘ Vantagem ▪ O amplificador operacional não sofre carregamento resistivo. ◘ Desvantagem ▪ O descasamento e a modulação de comprimento de canal dos transistores PMOS introduzem erros na saída. ▪ Desde que Q2 e Q4 possuem ganho de corrente b finito, eles geram erros de correntes de emissor em Q1 e Q3 e Introduzem erros na saída. Realimentação ◘ O fator de realimentação negativa é dada por ◘ O fator de realilmentação positiva é dada por ◘ Para assegurar uma predominância da realimentação negativa, precisa ser menor que , preferencialmente por um fator maior que dois, de forma que a resposta transiente seja bem comportada, mesmo com cargas capacitivas elevadas. Referência Bandgap ◘ Na referência bandgap VREF=VBE+VTlnn, então Fazendo e Tem-se Assim, obtêm-se ◘ A tensão de referência exibe um coeficiente térmico TC nominalmente igual a zero e é dado por poucos coeficientes fundamentais: a tensão de bandgap do silício (Eg/q), o expoente da temperatura da mobilidade (m) e a tensão térmica (VT). O termo “bandgap” é usado aqui porque quando T→0, VREF →Eg/q Dependência com a tensão de alimentação e start-up ◘ A tensão de saída é relativamente independete da tensão de alimentação desde que o amplificador operacional possua um ganho relativamente alto. ◘ O circuito pode requerer um mecanismo de start-up porque se Vx e Vy forem iguais A zero, o amplificador diferencial de entrada do amplificador operacional pode ser desligado. ◘ A rejeicão da tensão de alimentação tipicamente se degrada com as altas frequências dependendo das propriedades de rejeição dos amplificadores operacionais, assim as características de regulação da fontes tornam-se determinantes. Correção da curvatura ▶ Dependência da curvatura da tensão bandgap com a temperatura ◘ A tensão de bandgap exibe uma curvatura finita, isto é, seu coeficiente térmico TC é tipicamente zero a uma temperatura com coeficientes positivos ou negativos em outras temperaturas. ◘ A curvatura é modificada com a variação devido a temperatura da tensão base-emissor , correntes de coletores e tensões de off-set. ▶ Variação dos coeficientes térmicos TC zero para diferentes amostras. ◘ Muitas técnicas de correção de curvatura foram propostas para suprimir a variação de VREF em circuitos bandgap bipolares, mas que são raramente utilizados em circuitos CMOS. Isto porque, devido aos grandes offset e variações de processo, as amostras exibem diferentes coeficientes de temperatura zero, o que torna difícil a correção da temperatura de forma confiável. Geração de corrente PTAT ▶ Geração de corrente PTAT ▶ Geração de corrente PTAT usando amplificador simples ◘ ◘ ◘ Na prática, devido aos descasamentos dos transistores e o TC de R1, a variação de ID5 desvia-se da equação ideal. ▶ Geração de uma tensão independente da temperatura. ◘ M1=M2, M3=M4=M5, e a saída é igual Se , pode-se encontrar o valor da tensão desejada. ◘ Na realidade, descasamentos dos transistores PMOS introduzem erros em Vout. Polarização com Gm constante ▶ Polarização independente da tensão de alimentação ◘ Frequentemente é desejável que o transistor seja polarizado de forma que a sua transcondutância não dependa da temperatura, processo ou tensão de polarização. ◘ O circuito com polarização independente da tensão de alimentação, apresenta: A transcondutância de M1 é igual a, independente da tensão de alimentação e dos parâmetros do dispositivo MOS. ◘ Na realidade, o valor de RS varia com a temperatura e o processo. ▶ Polarização com Gm constante por meio de um resistor implementado com a técnica de capacitor chaveado. ◘ Um resistor implementado com a técnica de capacitor chaveado é dado por ◘ Desde que o valor absoluto do capacitor é tipicamente melhor controlado e que o TC do capacitor é muito menor que do resistor, esta técnica provê uma maior reprodutibilidade da corrente de polarização e da transcondutância. ▶ Conversão tensão-corrente usando resistor a capacitor Chaveado. Fator Velocidade ▶ Efeito de transientes de circuito nas tensões e correntes de referência ◘ Para uma mudança rápida em VN, o amplificador operacional não pode manter VP constnte e as correntes de M5 e M6 sofrem grandes variações. Ainda, a duração do transiente em P pode ser longo se o amplificador operacional sofre de resposta lenta. Por esta razão, muitas aplicações requerem um amplificador operacional de alta velocidade em geradores de referência. ◘ O nó P é crítico e pode ser aterrado por meio de um capacitor de valor elevado (CB) para suprimir o efeito dos distúrbios externos. Este método envolve dois fatores: A estabilidade do amplificador operacional não pode ser degradado com a adição de CB, requerendo um amplificador operacional de um estágio. Desde que CB geralmente torna a resposta transiente do amplificador operacionao mais lenta, seu valor precisa ser muito maior que as capacitâncias acopladas ao nó P. ara uma ▶ Efeito do aumento de capacitor na resposta do gerador de referência ▶ Arranjo para teste da resposta transiente do gerador de referência Fator Ruído ▶ Conversor A/D usando gerador de referência ◘ Se um conversor A/D de alta precisão emprega uma tensão de bandgap como uma referência com a qual a entrada do sinal é comparada, então o ruído na referência é diretamente adicionada a entrada. ▶ Circuito para cálculo do ruído em um gerador de referência e Nó A: Desde que tipicamente então ◘ O ruído de um amplificador operacional aparece na saída. ◘ Mesmo com a adição de um grande capacitor na saída para o terra não pode suprimir a ruído 1/f, causando séria dificuldade para aplicações de baixo ruído. Núcleo central de um circuito bandgap Geração de uma tensão de referência flutuante Regulação da tensão de alimentação para melhoria da rejeição a variação da fonte de alimentação