análise técnica é capaz de proporcionar resultados

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ANÁLISE TÉCNICA É CAPAZ DE PROPORCIONAR RESULTADOS
SIGNIFICATIVOS EM OPERAÇÕES NO MERCADO FUTURO?
Adelson Gasparin1
Daniel Knebel Baggio2
RESUMO
Conseguir os melhores momentos de entrada e saída em cada operação, obter maiores
rentabilidades arriscando menos, operar a melhor carteira de investimentos. Estes
pensamentos com certeza estão dentre os objetivos dos investidores em mercados de capitais e
de futuros. Para tanto, muitos analistas, corretores, fundos e especuladores se utilizam de uma
infinidade de ferramentas de análise técnica para o auxilio na tomada de decisão de suas
operações. Baseados na teoria de Charles Dow (1884), muitos estudos se ativeram ao teste de
previsibilidade dos preços através de suas cotações passadas. Porém, a teoria de eficiência de
mercado contraria esta ideia e afirma que é impossível prever preços futuros baseados em
acontecimentos passados. O objetivo deste trabalho é testar por meio de uma estratégia de
análise técnica formulada pelo autor, se é possível obter retornos financeiros significativos
para realização de ganhos, baseando-se em padrões de séries históricas com o contrato futuro
de Soja negociado na BM&F. Apoiada sob o período de amostragem que foi de março de
2011 a abril de 2013, a pesquisa de caráter quantitativo, encontrou resultados muito
satisfatórios, ao passo que a rentabilidade mensal encontrada foi de 6,40%. Tal fato contraria
a forma fraca de eficiência de mercado de Fama (1970) e sugere que a utilização da análise
técnica é imprescindível na tentativa de obtenção de lucros, e proteção de riscos.
Palavras Chave: Análise Técnica; Soja com Liquidação Financeira; BM&F.
1
Adelson Gasparin é Operador de Commodities Agrícolas. Graduado em Agronegócios pela Universidade de
Passo Fundo (UPF) e Pós-Graduando em Finanças e Mercados de Capitais pelo Complexo de Ensino Superior
Meridional (IMED). Email: [email protected] e [email protected].
2
Daniel Knebel Baggio. Professor Orientador. É Professor e Assessor de Relações Internacionais. Graduado em
Administração e Pós-Graduado em Administração Financeira pela Universidade Regional Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul (UNIJUI). É Mestre e Doutor em Contabilidade e Finanças pela Universidad del Zaragaza –
Espanha. Email: [email protected].
ABSTRACT
Getting the best moments of entry and exit in each transaction, obtain higher returns risking
less, operate the best investment portfolio. These thoughts are definitely among the goals of
investors in capital markets and futures. Therefore, many analysts, brokers, funds and
speculators are used for a multitude of technical analysis tools to aid in decision making for
their operations. Based on the theory of Charles Dow (1884), many studies have clung to test
predictability of prices through its quotations past. However, the theory of market efficiency
contradicts this idea and states that it is impossible to predict future prices based on past
events. The objective of this work is to test through a technical analysis strategy formulated
by the author, it is possible to obtain significant financial returns for realizing gains, based on
standards of historical series with soybean futures contract traded on the BM & F. Supported
under the sampling period was from March 2011 to April 2013, a quantitative research, found
very satisfactory results, while the monthly return of 6.40% was found. This fact contradicts
the weak form of market efficiency of Fame (1970) and suggests that the use of technical
analysis is essential in trying to make a profit, and risk protection.
Key Words: Technical Analysis; Soybean Cash Settled; BM&F.
1
INTRODUÇÃO
O universo do investimento em renda variável tem se tornado cada dia mais dinâmico,
mais ágil e também mais perigoso para aqueles que não detêm conhecimentos avançados em
ferramentas de proteção. Em se tratando de tipos de investimentos, são diversas as
modalidades disponibilizadas pelo mercado financeiro. Ações, índices, moedas (câmbio),
taxas de juros, e dentre outras, o mercado futuro de derivativos agrícolas, que fará parte dos
estudos do presente trabalho.
Operar protegendo-se dos riscos e das oscilações contrárias à sua posição3, antecipar-se
aos movimentos do ativo4 financeiro negociado. Prever a tendência dos preços. Estes
certamente são os desejos de todos os operadores e investidores deste mercado. É o que os
agentes objetivam a todo momento em todas as operações.
Com os avanços da Tecnologia de Informação e da computação pessoal, tornou-se mais
fácil e ágil desenvolver estratégias de proteção, através das ferramentas de análise conhecidas
no mercado. Atualmente estas estratégias baseiam-se em duas escolas de análise de ativos.
Analise fundamentalista, que estuda os cenários macroeconômicos, políticos, sociais e até
mesmo culturais, além de buscar visualizar o movimento dos preços a médio e longo prazos.
3
4
Contratos de ações, títulos, derivativos, etc.
Objeto que está sendo negociado. Exemplo: ação da Petrobras, contrato de índice Bovespa, contrato de dólar.
Análise técnica, que será objeto de estudo neste trabalho, está baseada em padrões
gráficos, indicadores, histórico de cotações, onde refletem o comportamento emocional e
psicológico do investidor. Para a análise técnica toda e qualquer informação vista no cenário
macroeconômico já está descontada no preço do ativo. Lemos e Cardoso sugerem que a
análise técnica “é a interpretação da ação do mercado para antecipar o movimento futuro dos
preços.” (2010, p. 32).
A análise técnica remonta o início século 18 na cidade japonesa de Osaka, quando o
comerciante de arroz Munehisa Homma desenvolveu o gráfico de candlestick5. Homma se
consagrou e fez fortuna aplicando sua técnica nos negócios de arroz que realizava por volta do
ano de 1750 na Dojuma Rice Exchange – primeira bolsa de futuros do mundo.
Mas a difusão da escola de análise técnica só veio ocorrer entre o final do século 19 e
inicio do século 20. Charles Dow, jornalista americano, desenvolveu sua teoria em seus 255
editoriais publicados sobre o mercado de ações na coluna de economia do seu próprio jornal,
o Wall Street Journal.
Dow construiu dois índices para observar e validar o movimento das ações. A Média
Industrial e a Média Ferroviária. A Charles Dow são atribuídos hoje a conhecida Teoria de
Dow e o Índice Dow Jones. O mais famoso indicador do mercado de ações do mundo.
Ainda no século 20, alguns autores defendiam a impossibilidade de se antecipar aos
movimentos dos preços das ações norte americanas. Alfred Cowles publicou em 1933, na
revista americana Econometrica, que os preços das ações seguiam uma flutuação aleatória de
forma que não era possível prever movimentos. Junto com Jones, Cowles defendeu em 1937
ser impossível descriminar a direção das cotações de cada ação.
De acordo com a teoria de eficiência de mercado interpretada por Samuelson (1965) e
sistematizada por Roberts (1967), as mudanças nos preços dos ativos financeiros são
imprevisíveis, uma vez que as informações e expectativas de todos os participantes são
completamente incorporadas de forma imediata e correta aos ativos. Fama (1970) aperfeiçoa
esta teoria, e batiza de Hipótese da Eficiência de Mercado (sigla inglesa HME) onde a
classifica em três níveis: forte, semiforte e fraca.
Segundo o autor, os critérios para avaliação levam em consideração o poder das
informações disponíveis para a previsão do mercado. Em mercados com eficiência forte, o
5
Também conhecido como gráfico de velas, é o gráfico mais reconhecido e utilizado mundialmente pelos
investidores. Cada Candle (vela) contém em si a informação de quatro preços: abertura, mínimo, máximo e
fechamento. Leia mais em: CANDLESTICK, um método para ampliar lucros na bolsa de valores/2007. Autor:
Carlos Alberto Debastiani.
preço dos ativos reflete todos os tipos de informação relevantes, até mesmo informações
privilegiadas. No caso de eficiência semiforte, esta considera que os preços dos ativos reflitam
as informações publicamente disponíveis. Para a última, eficiência fraca, o preço dos ativos
leva em conta as informações passadas, como series históricas.
Desta forma, quanto mais eficiente o mercado for, mais aleatórios serão os preços dos
ativos e os investidores devem obter retornos não superiores aos pagos pelo mercado. Sendo
assim, os estudos de movimentos de mercados, avaliação de séries históricas, análise técnica,
estratégias, com a intenção de prever padrões de tendências no futuro, tendem a não produzir
efeito, pois estaria tornando o mercado ineficiente, e contrapondo-se à teoria de eficiência
fraca (FAMA, 1995).
O presente trabalho pretende verificar se o estudo das séries históricas, por meio da
utilização de ferramentas de análise técnica pode gerar bons retornos para os agentes
investidores em operações com o contrato de soja futuro negociado na Bolsa de Valores de
São Paulo (Bm&F). De acordo com as referências bibliográficas da área, é praticamente
impossível obter grandes resultados, uma vez que quanto mais eficiente o mercado for, mais
imprevisível pode ser a direção dos preços. O que confirma a forma fraca de eficiência
verificada para este tipo de mercado.
No Brasil, a literatura sobre eficiência de mercados ainda é muito pouco disseminada e
voltada ao mercado financeiro de ações em sua maioria. Os estudos ligados ao mercado futuro
agropecuário são muito pouco explorados. Recentemente, Rodrigues e Filho (2012), testaram
e comprovaram através de estudos empíricos, a forma fraca de eficiência para os contratos
futuros agropecuários da BM&F. A forma fraca de eficiência para este mercado também é
confirmada por Amado e Carmona (2004), Duarte, Lima e Alves (2007) e Moraes, Lima e
Melo (2009).
Os analistas técnicos utilizam a análise técnica como uma regra lógica, onde os
acontecimentos passados vão dando sinais de possíveis repetições ou início de novos ciclos,
refletindo o medo, a ganância, a esperança, a emoção dos agentes do mercado, o que reflete
uma das premissas básicas da análise técnica. A de que os mercados descontam tudo.
Entretanto, uma das críticas mais comuns à análise técnica consiste em afirmar que, se
fosse possível todos os agentes do mercado identificarem padrões de comportamento em
séries de preços, ou padrões gráficos, e obter lucros significantes, a análise técnica se tornaria
uma profecia autorrealizável, e todo e qualquer retorno desapareceria na tentativa de
maximizá-los (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2002).
Lemos e Cardoso rebatem esta crítica contestando que
[...] mesmo que isso fosse verdade, devemos ter em mente que estamos
lidando com uma matéria ainda bastante subjetiva, muito mais próxima de uma arte
do que de uma ciência. Os padrões gráficos, raramente, são tão claros a ponto de
vários investidores concordarem ao mesmo tempo com sua interpretação. [...]
decisões de investimento são tomadas levando-se em conta vários aspectos, tais
como horizonte de investimento e grau de aversão ao risco dos investidores. (2010,
p. 35).
Esse estudo parte do pressuposto que o mercado de derivativos agropecuários brasileiro,
em especial o contrato futuro de soja negociado na BM&F, é ineficiente. Do contrário não
haveria razão em investigar tal comportamento sob a ótica da análise técnica. Ineficiente
porque compreende que o mercado é formado por seres humanos, com atitudes e
comportamentos distintos e irracionais. Onde há investidores profissionais e amadores, com
mais e menos acesso a informação, maior e menor níveis intelectuais, bem e mal sucedidos.
(PIMENTA e LIMA, 2010).
Neste sentido, o objetivo do presente estudo corresponde analisar a eficiência da análise
técnica na promoção de retornos no mercado futuro de soja. Como já descrito anteriormente,
o estudo contraria a hipótese de mercado eficiente de Fama. Contudo, a intenção da pesquisa é
mostrar, por meio de uma estratégia de análise desenvolvida pelo autor, que é possível obter
resultados positivos através da utilização de algumas ferramentas de análise técnica.
Até o momento, o estudo parecer ser único na literatura nacional quando se trata de
testar ferramentas e estratégias de análise técnica em mercados futuros de derivativos
agrícolas. Sato (2002) utiliza análise técnica e adota a estratégia de Market Timing no
mercado à vista da Bovespa. Saffi (2003), estuda o mercado futuro de Ibovespa onde testa a
validade da hipótese de mercados eficientes aplicando ferramentas simples de análise técnica
com histórico de cotações em períodos diários. Para ambos, a análise técnica não sinaliza, de
forma convicta retornos financeiros significativos.
Penteado (2003) busca detectar relações entre os sinais gráficos e as tendências futuras
no mercado de ações brasileiros utilizando o próprio índice Bovespa e mais 9 ações, num
período amostral de oito anos. O autor adota como ferramenta de análise, a Média Móvel de
233 dias. As conclusões são claras de que a análise técnica tem validade para a previsão de
preços no mercado de ações brasileiro.
Vidotto, Migliato e Zambon (2009), testa a eficácia do indicador Moving Average
Convergence/Divergence (MACD) no mercado de ações brasileiro no ano de 2006. Os
resultados são positivos e apontam para um rendimento acumulado de 26,7%, enquanto o
rendimento acumulado do Ibovespa para o mesmo período foi de apenas 0,90%. Guimarães,
Araujo e Barbedo (2011), estudam o mercado futuro de Índice Bovespa e confirmam ao
utilizar os indicadores técnicos Médias Móveis e Momentum como estratégia de análise
técnica, que é possível obter retornos significativos com estudo de histórico de cotações.
O estudo se justifica pela importância do estudo da análise técnica ao realizar o
investimento. Devido a incerteza obtida no investimento de renda variável, a escola técnica
poderá indicar o momento de comprar e vender um determinado ativo, e, neste caso, o futuro
soja.
O estudo será dividido em quatro partes. Na próxima seção será abordada a
amostragem, a metodologia e a estratégia. Após serão apresentados os resultados, e na última
seção fazem-se as conclusões do trabalho. O presente artigo está baseado em uma pesquisa
quantitativa e busca além de mostrar que é possível realizar operações lucrativas utilizando
estratégias de análise técnica em mercados de futuros agropecuários, desenvolver a
curiosidade dos leitores em testar novas estratégias, e também possivelmente atrair mais
investidores a um mercado ainda muito pouco conhecido pelos agentes investidores
brasileiros.
2
AMOSTRA, METODOLOGIA E ESTRATÉGIA
2.1
Amostra e Metodologia
O estudo utiliza como amostra as cotações de abertura, mínima, máxima e de
fechamento diários para os contratos de Soja com Liquidação Financeira6 com vencimento no
mês de maio negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Os dados foram
coletados a partir da plataforma de cotações CMA SERIES4 entre março de 2011 e março de
2013. Por se tratar de um ativo7 que ainda não possui volume expressivo de negócios diários,
Cada contrato de Soja com Liquidação Financeira – Código SFI – é composto por 450 sacas de 60
quilogramas. Sua cotação é dada em dólar americano.
7
Objeto negociado. Neste caso, refere-se ao Contrato de Soja com Liquidação Financeira.
6
todas as operações foram realizadas com preço de abertura, ou seja, a entrada ou saída de
qualquer operação se deu sempre no primeiro negócio do dia. Este procedimento foi realizado
para evitar uma possível falta de liquidez8 no momento das execuções das ordens.
Como as operações não foram realizadas em modalidade Day Trade (entrar e sair da
posição no mesmo dia), e sim na modalidade Buy and Hold (comprar e segurar a posição),
foram pagos/recebidos ajustes diários e depositado a margem de garantia exigida pela câmara
de clearning9 da BM&F durante o período das operações. Para que as estratégias não
sofressem interferências, todas as operações foram realizadas sem Stop Loss10.
A estratégia montada para alcançar o objetivo deste estudo está baseada na utilização de
quatro indicadores de análise técnica, ao qual são plotados sobre o gráfico de candlestick com
periodicidade diária, ou seja, cada candle (vela) representa a movimentação do preço em um
determinado dia. São eles:

Média Móvel Exponencial de quatro períodos (MME 4);

Média Móvel Exponencial de nove períodos (MME 9);

Moving Average Convergence/Divergence (MACD);

Índice de Força Relativa (IFR).
Simples de ser utilizado, o indicador de tendência Média Móvel calcula como o próprio
nome diz, a média dos preços de determinado período passado. Classificado como rastreador
de tendência, a Média Móvel, é uma linha de pontos, que reflete a média dos últimos ‘n’
períodos. A MME dá peso menor aos preços mais antigos e atribui maior importância aos
preços recentes. No caso deste trabalho, a MME 4 analisa sempre o preço de fechamento dos
últimos 4 dias negociados e emite sinais rápidos da tendência de preços, enquanto a MME 9
faz a mesma análise, porém verificando nove dias, e reage de maneira mais lenta. O
cruzamento destas linhas sobre o gráfico de cotações sinaliza o termino ou inicio de uma
tendência.
Também classificado como rastreador de tendência. Desenvolvido por Gerald Appel11
na década de 60, o MACD tem função de seguir a oscilação dos preços e identificar pontos de
convergência e divergência. Utilizando duas MME, o MACD cria uma linha que se dá pela
8
Liquidez, faz referência à facilidade de se comprar e vender um ativo. É quando há muitos compradores e
vendedores realizando operações de compra e venda no mesmo momento.
9
Sistema responsável por assegurar o fiel cumprimento das operações negociadas na bolsa, bem como controle e
compensação dos ajustes diários, manutenção dos contratos em aberto, efetuar as liquidações das posições físicas
e financeiras.
10
Interromper a perda – é uma ordem de liquidação automática de posição pré-programada pelo especulador
utilizada para controlar o risco da operação.
11
ENDER, Alexander. Technical analysis – A Quick Tutorial in MACD. Press Financial Times, 2005.
subtração de uma MME 26 por uma MME 12. Além disso, o indicador de tendência utiliza
uma segunda linha, formada pela MME 9. Esta linha é chamada de Linha de Sinal que tem
finalidade de indicar, através do seu cruzamento com a linha MACD, pontos de compra e
venda. Estas duas linhas são plotadas em separado do gráfico de preços, onde oscilam sobre
uma escala numérica negativa e positiva utilizando como centro o ponto zero.
Da família dos indicadores osciladores, o IFR é popularmente conhecido como
oscilador de momento. Sua função é marcar a força do mercado, e demonstrar áreas
sobrecompradas e sobrevendidas em uma escala percentual de 0 a 100, onde próximo a 100
obterá-se a indicação de venda do ativo, e próximo a 0, a sinalização o de compra. O IFR
também utiliza a média de preços dos últimos períodos em seu calculo. Seguindo seu criador,
J. Welles Wilder12 o presente estudo utiliza a média de 14 dias para base de cálculo.
A Figura 1 demonstra a montagem da estratégia. Na parte de cima, junto com as
cotações do contrato de Soja com Liquidação Financeira vencimento maio de 2013, estão
expostos os indicadores MME 4 e MME 9. Abaixo têm-se o rastreador de tendência MACD,
e sob ele o oscilador IFR.
Figura 1. Sobre o gráfico de candles, as MME de 4 e 9 períodos. Abaixo o MACD e por último o IFR.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da plataforma SERIES4.
12
KIRKPATRIC, Charles, D. DAHLQUIST, Julie R. Technical analysis: the complete resource for financial
market technicians. Press Financial Times, 2006.
2.2
Estratégia das operações de compra e de venda.
A estratégia criada exige que três cenários se confirmem para determinar o ponto de
execução da compra ou venda do ativo. Para ocorrer à execução de compra é necessário que:
a) a MME 4 cruze de baixo para cima a MME 9; b) a linha MACD cruze sua linha de Sinal
de baixo pra cima; c) o IFR estar entre as linhas paralelas de 40 e 60 por cento e em sentido
crescente. Não necessariamente os sinais das MMEs e MACD aconteçam nesta ordem,
entretanto o IFR é o último indicador a confirmar a execução. Em relação às operações de
venda, o mesmo deverá acontecer, porém em ordem inversa. A MME 4 cruza de cima para
baixo a MME 9, a linha MACD cruza de cima para baixo sua linha de sinal e o indicador IFR
deve estar entre 40 e 60% e em direção decrescente.
A Figura 2 mostra o passo a passo para a execução da ordem de compra. Sobre a gráfico
das cotações, a MM 4 (linha vermelha) cruza a MME 9 (linha amarela) de baixo para cima
conforme indicado pela seta, ativando a estratégia de compra. Porém a execução da ordem
ainda não acontece pois é preciso aguardar a confirmação dos outros indicadores. Abaixo do
gráfico de preços, o circulo branco mostra o ponto de convergência que indica compra pelo
indicador MACD (três períodos após a ativação da estratégia pela MME), onde alinha azul
corta de baixo para cima a linha vermelha. A última confirmação e ordem de execução, vem
do IFR, que no ponto de convergência do MACD, está entre 40 e 60% em sentido crescente.
Neste momento é executada a ordem de compra do ativo.
Figura 2. Simulação do momento de execução da COMPRA. Gráfico de Cotações do contrato de Soja com
Liquidação Financeira com vencimento maio/13 da BM&F.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da plataforma SERIES4.
A operação de venda acontece conforme a ilustração da Figura 3. Nesta, a estratégia é
ativada pelo sinal de divergência do MACD, quando a linha azul cruza de cima para baixo a
linha vermelha. A segunda indicação ocorre quando as MME se cruzam inversamente, ou
seja, a linha vermelha corta a linha amarela de cima para baixo. Neste momento é dada ordem
de execução de venda, pois o IRF está entre 40 e 60% e em sentido decrescente, validando a
operação.
Figura 3. Momento de execução de VENDA. Gráfico de Cotações do contrato de Soja com Liquidação
Financeira com vencimento maio/13 da BM&F.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da plataforma SERIES4.
3
RESULTADOS
Os resultados da estratégia estão baseados na operação de apenas UM contrato de Soja
com Liquidação Financeira (SFI), ou seja, toda compra e toda venda se deu com ordem de 1
contrato.O investimento total alocado para realizar as operações foi de US$ 2.500,00. Este
valor foi utilizado cobrir as margens de garantia solicitadas pela BM&F e para custear
possíveis ajustes diários negativos. Não houve reinvestimento deste capital. Como a cotação
da soja é dada em dólar na BM&F, as oscilações de câmbio não são consideradas neste
estudo. Do contrário, os resultados sofreriam interferência e a estratégia ficaria
comprometida. Não estão inclusos na avaliação os custos operacionais e de corretagem.
O Quadro 1 apresenta os resultados das posições long (operações de compra, o mesmo
que operações compradas) para o contrato SFI com vencimento maio de 2012 (código
SFIK12). Das 7 operações realizadas, apenas uma apresentou prejuízo. A média de ganho em
cada operação foi de US$ 517,50 representando uma lucratividade média de 14,28%.
Quadro 1. Exposição dos resultados obtidos a partir das operações LONG do contrato de Soja com Liquidação
Financeira vencimento maio de 2012.
Data Entrada
18/03/2011
18/05/2011
06/07/2011
12/08/2011
11/10/2011
08/12/2011
24/01/2012
Preço
Entrada
Data Saída
28,80
03/05/2011
29,60
16/06/2011
29,75
04/08/2011
30,24
12/09/2011
27,80
31/10/2011
26,05
12/01/2012
27,60
27/04/2012
LUCRO ACUMULADO
Preço
Saída
29,30
30,00
30,30
30,70
27,49
27,00
33,10
Lucro/Prejuíz
o
225,00
180,00
247,50
207,00
-139,50
427,50
2.475,00
3.622,50
%
1,74
1,35
1,85
1,52
-1,12
3,65
19,93
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados obtidos na pesquisa.
Na avaliação dos resultados das operações short (operações de venda, o mesmo que
operações vendidas) para o contrato SFIK12 obteve-se novamente lucro. Conforme o
Quadro 2, a ganho total com as operações de venda foi 53% menor do que as operações
compradas, porém a rentabilidade média em percentual por operação foi maior, 16,67%. Em
relação ao número de operações, houve ganho em quatro das 6 operações realizadas, somando
um ganho médio de US$ 281,25 por operação. Ao todo, as operações com lucro somam US$
2.092, 50 e as operações com prejuízo US$ 405,00.
Quadro 2. Exposição dos resultados obtidos a partir das operações SHORT do contrato de Soja com Liquidação
Financeira vencimento maio de 2012.
Data
Entrada
03/05/2011
16/06/2011
04/08/2011
12/09/2011
31/10/2011
12/01/2012
Preço Entrada
Data Saída
29,30
18/05/2011
30,00
06/07/2011
30,30
12/08/2011
30,70
11/10/2011
27,49
08/12/2011
27,00
24/01/2012
LUCRO ACUMULADO
Lucro/Prejuíz
Preço Saída
o
29,60
-135,00
29,75
112,50
30,24
27,00
27,80
1.305,00
26,05
648,00
27,60
-270,00
1.687,50
%
-1,01
0,84
0,20
10,43
5,53
-2,17
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados obtidos na pesquisa.
Semelhante ao verificado nas operações de compra do contrato SFIK12, as posições
long realizadas no contrato SFIK13, apresentaram lucro significativo e rentabilidade média de
14,28% por operação. Desta vez, três operações apresentaram prejuízo e outras 3
apresentaram ganhos, enquanto e uma das operações foi nula, não obteve nem lucro, nem
prejuízo. Em números, a rentabilidade média de cada uma das sete operações foi de US$
327,21. Nestas operações foram pagos ao todo, US$ 274,50 em ajustes diários, e recebidos
US$ 2.565,00 (Quadro 3).
Quadro 3. . Exposição dos resultados obtidos a partir das operações LONG do contrato de Soja com Liquidação
Financeira vencimento maio de 2013.
Data Entrada
06/06/2012
20/08/2012
19/10/2012
28/11/2012
14/01/2013
07/03/2012
15/04/2013
Preço
Entrada
Data Saída
26,70
23/07/2012
31,60
14/09/2012
31,20
08/11/2012
30,30
19/12/2012
29,95
13/02/2013
30,80
18/03/2013
29,90
26/04/2013
LUCRO ACUMULADO
Preço Saída
30,10
33,65
31,20
30,19
30,20
30,60
29,60
Lucro/Prejuízo
1.530,00
922,50
0,00
-49,50
112,50
-90,00
-135,00
2.290,50
%
12,73
6,49
0,00
-0,36
0,83
-0,65
-1,00
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados obtidos na pesquisa.
No Erro! Fonte de referência não encontrada. estão expostos os resultados obtidos
para as posições short realizadas com o contrato SFIK13 no período de 10 de maio de 2012 a
18 de março de 2013. Mais uma vez a estratégia adotada obteve significativos ganhos. Cinco
operações foram positivas e apresentaram média de ganho de US$ 530,10 por operação,
enquanto duas operações deram prejuízo médio de US$ 427,50 cada. Em relação à
rentabilidade média entre as sete operações, obteve-se lucro de US$ 243, 64 por operação.
Quadro 4. Exposição dos resultados obtidos a partir das operações SHORT do contrato de Soja com Liquidação
Financeira vencimento maio de 2013.
Preço
Data Entrada
Entrada
Data Saída
10/05/2012
28,30
06/06/2012
23/07/2012
30,10
20/08/2012
14/09/2012
33,65
19/10/2012
08/11/2012
31,20
28/11/2012
19/12/2012
30,19
14/01/2013
13/02/2013
30,20
07/03/2013
18/03/2013
30,60
15/04/2013
LUCRO ACUMULADO
Preço Saída
26,70
31,60
31,20
30,30
29,95
30,80
29,90
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados obtidos na pesquisa.
Lucro/Prejuízo
720,00
-675,00
1.102,50
405,00
108,00
-270,00
315,00
1.705,50
%
5,99
-4,75
7,85
2,97
0,80
-1,95
2,34
Dentre as 27 operações realizadas ao longo do período amostrado, percebe-se, que a
estratégia adotada apresenta maior eficiência em posições compradas do que nas posições
vendidas. Enquanto as posições compradas representam 63,54% dos ganhos, as posições
vendidas somam 36,46% do resultado final obtido. Entretanto, a Tabela 1 expõe
conjuntamente os resultados e apresenta um lucro total de US$ 9.306,00. Considerando que
não houve reinvestimento do capital inicial em nenhum momento durante o período
amostrado, e desconsiderando as taxas da bolsa e de corretagens, o capital final ao termino
das operações era de US$ 11.806,00. Em relação à média de lucro por operação, novamente
as posições long foram mais rentáveis que as posições short, o que pode indicar que a
estratégia apresenta melhor desempenho em operações compradas.
Tabela 1. Resultados das operações realizadas entre março de 2011 e abril de 2013.
Posições Long
Posições Short
Total
Operações Ganhadoras
9
9
18
Operações Perdedoras
4
4
8
Operações Nulas
1
0
1
Total Operações
14
13
27
Operações com Lucro US$
USS
6.327,00
USS 4.743,00
USS 11.070,00
Operações com Prejuízo US$ USS
414,00
USS 1.350,00
USS
1.764,00
USS 3.393,00
USS
9.306,00
USS
USS
344,67
LUCRO LÍQUIDO TOTAL
USS
5.913,00
Média Lucro por operação
USS
422,36
Lucro Capital inicial % (*)
236,52%
261,00
135,72%
372,24%
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados obtidos na pesquisa.
(*) Capital inicial investido US$ 2.500,00.
Com relação à média das operações que deram lucro, esta foi estimada em US$ 615,00
por operação. Já para as operações que apresentaram prejuízo, a média ficou em US$ 220,50
por operação. Este resultado leva a crer que a estratégia adotada é boa controladora de risco,
uma vez que os prejuízos médios são pequenos em consideração aos lucros médios. A Figura
4 ilustra o comportamento de cada uma das operações.
Lucro/Prejuízo US$
2.750,00
2.500,00
2.250,00
2.000,00
1.750,00
1.500,00
1.250,00
1.000,00
750,00
500,00
250,00
0,00
-250,00
-500,00
-750,00
-1.000,00
Figura 4. Gráfico das operações realizadas. As colunas acima do marco zero indicam as operações com lucro,
enquanto as colunas plotadas abaixo da linha zero indicam as operações com prejuízo.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
O tempo em que cada posição levou desde a sua entrada até sua saída variou de 8 a 94
dias (períodos). Entretanto, a média de períodos utilizados por operação foi de 28 dias (Figura
5).
Número de Períodos de cada Operação
100
95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Figura 5. Gráfico ilustrativo do número de dias de cada operação plotados na mesma ordem das operações da
figura 4.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.
A partir dos dados apresentados na Tabela 2 referente às rentabilidades mensal e anual,
fica explicita de forma objetiva, a validação da estratégia de analise técnica implantada
durante o período amostrado. Em outras palavras, o estudo confirma que é possível obter
retornos muito significativos baseado em padrões históricos utilizando ferramentas de analise
técnica. Para tanto, a média de rentabilidade sobre o capital inicial investido durante os 25
meses de operações foi de 6,40% a.m. e 110,52% a.a.
Tabela 2. Apuração da rentabilidade e lucratividade da amostra.
Posições Long
Posições Short
Total
Capital Final
USS
8.413,00
USS 5.893,00
USS 11.806,00
LUCRO LÍQUIDO TOTAL
USS
5.913,00
USS 3.393,00
USS
9.306,00
236,52
USS
USS
372,24
Lucratividade média Mensal US$
USS
135,72
Rentabilidade Mensal (%)
4,97%
3,48%
6,40%
Rentabilidade Anual (%)
78,97%
50,76%
110,52%
Meses de negociação
-
-
25
Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados da pesquisa.
4
CONCLUSÕES
A estratégia de análise técnica apresentada neste trabalho, utilizou quarto indicadores
matemáticos em sua montagem, sendo três rastreadores (MME de 4 períodos, MME de 9
períodos e MACD) e um oscilador (IFR) adotando como base de estudo o Contrato de Soja
com Liquidação Financeira negociado na BM&F entre os meses de março de 2011 e abril de
2012.
Não há interesse nesse estudo em comparar outros indexadores de lucratividade para o
mesmo período amostrado, como a rentabilidade do Ibovespa ou o CDB, ou até mesmo a
aplicação do índice de Sharpe para uma possível comparação. O objetivo da pesquisa foi
apenas confirmar que e o estudo de séries históricas, por meio da análise técnica pode trazer
retornos positivos ao investidor, e que o mercado futuro de soja da BM&F não apresenta a
forma fraca de eficiência do mercado.
Para tanto, o presente estudo conseguiu confirmar que é possível obter retornos
significativos baseados em padrões históricos utilizando ferramentas de analise técnica.
Entretanto, a boa adaptação da estratégia ao período analisado não significa uma regra
no mercado futuro de soja da BM&F. Do contrário, todos os investidores a seguiriam desde o
surgimento da Análise Técnica. Portanto, cabe ao investidor desenvolver seu feeling de
mercado e traças suas estratégias tendo em vista sempre que ganhos passados, não refletem de
forma consistente à ganhos futuros.
Como recomendação a novos trabalhos, sugere-se a montagem de outras estratégias que
utilizem os diversos indicadores de análise técnica disponibilizadas pelos softwares de
negociação das corretoras, como Bandas de Bollinger, Fibonacci, Momentum, On Balance
Volume, Estocástico, Linhas de Suporte e Resistência, etc. Inclusive sobre outros mercados de
derivativos agrícolas negociados pela BM&F, como milho, café e boi. O mercado futuro
brasileiro ainda é muito pouco conhecido em relação ao mercado de capitais, e carece de
estudos sobre análise técnica.
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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