Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Influência do Proprietário no Comportamento de Cães Atendidos no Hospital
Veterinário da UFRPE
Eduarda Freitas Costa1, Fabiano Séllos Costa2, Kássia Mirela Silva de Souza3, Talyne Nascimento da Costa4, Jessica de
Melo Bandeira5, Rebeka César Martins de Lima6 e Marcelo Honorato da silva7
Introdução
O cão tem se associado com o homem há mais tempo que qualquer outro animal doméstico, estendendo a
ligação entre o homem há pelo menos 10.000 anos. Durante esse período, os cães preencheram muitos papéis, desde
companhia até alimento, desde alter ego até sentidos especiais. Embora haja variações comportamentais entre raças, os
comportamentos centrais do cão doméstico são bastante semelhantes aos de seu parente próximo, o lobo. A seleção
realizada pelo homem especializou os cães em muitas funções sem acrescentar comportamentos ausentes nos lobos
(Beaver, 2001).
Como trata-se de um animal pelo qual vive em grupo, as primeiras lições de um filhote são aprendidas por meio
de brincadeiras e pela imitação de outros animais em grupo. Com 8 semanas de vida, o filhote já aprendeu as lições
vitais da mãe e dos irmãos e agora está pronto para ser moldado da maneira que o dono gostaria que ele fosse perto das
pessoas (Miller, 2008). Os cães necessitam de um líder na matilha. O líder da matilha é que impõe respeito por sinais e
atitudes. Os animais recebem e passam informações uns aos outros a respeito de quem é o líder e de quem é o
subordinado. Entender a psicologia canina é muito importante para que se tenha uma relação equilibrada, sadia com os
cães, para assim melhorar o comportamento do animal. São vários fatores que influenciam o modo de comportar de um
um cachorro, entre eles a raça, criação, temperamento, educação e ambiente. Os cães de diferentes raças possuem
características diferentes que variam de acordo com o temperamento e o comportamento médio de uma raça. É
importante ter o conhecimento que em nenhuma raça todos os cães possuem o mesmo temperamento e comportamento,
pois existem varíaveis como a criação que modifica a forma de agir do cão.
O temperamento reflete a forma como o cachorro sente as situações, as reações de medo, agressividade e
curiosidade. De acordo com a classe de temperamento que o cachorro se enquadrar é possível saber como ele irá se
portar diante determinadas situações e estímulos. O ambiente tem poder de influência sobre o comportamento dos cães,
assim como a forma que o proprietário educa o cão influência em seu temperamento e comportamento. Quanto antes o
proprietário identificar as características que precisam ser mudadas no cão, melhor e mais fácil poderá ocorrer essa
mudança, através de um programa de adestramento que treine o cão evitando assim problemas futuros.
O presente trabalho tem o objetivo de analisar como o comportamento dos cães é influenciado pelo
proprietario, os cães estudados foram atendidos no hospital veterinário escola da UFRPE.
Material e métodos
Foram estudados um total de 325 cães, os quais foram atendidos no hospital veterinário da universidade federal rural
de pernambuco entre eles, machos e fêmeas, castrados ou não castrados, com idades variadas, pesos diversos, mestiços e
de raças definidas. A avaliação foi realizada com base nas informações fornecidas pelos tutores, de acordo com
questionários comportamentais desenvolvidos com base na literatura. Esse questionário abordava perguntas sobre o
local onde eles viviam, a finalidade da criação, assim como a frequencia de agressividade do animal, os habitos
alimentares e a relação entre o proprietário e o animal. O primeiro questionário foi aplicado para 146 proprietários, no
primeiro semestre de 2013 e posteriormente foi realizado um segundo questionário para 179 proprietários. Após a coleta
dos dados, as informações colhidas foram digitadas no programa Excel e analisadas com auxílio da literatura.
Resultados e Discussão
Os resultados encontram-se nas tabelas e gráficos abaixo. Na tabela 1, observa-se que dos 325 tutores entrevistados,
171 (53%) possuem cadelas, podendo revelar uma preferência por esse sexo na escolha do animal. Segundo Landsberg
(2005), fêmeas são mais fáceis de treinar e cães machos são um pouco mais agressivos e ativos. Portanto, isso pode
certamente justificar essa preferência. Outra informação relevante é que 53,2% dos proprietários adquiriram cães de
raça (Tabela 1). A melhor maneira de prever como será o comportamento, o tamanho, a saúde, o pelame e outros
atributos de um cão adulto é obter um animal de raça pura com paternidade conhecida (Lansberg, 2005). Uma
justificativa bastante relevante que deve ser levada em consideração pelo qual a porcentagem no número de animais de
raças não foi maior, devido a classe social dos proprietários desses animais, pois o estudo foi realizado no hospital
veterinário público. Na tabela 1 mostra que 238 cães (74,5%) foram adquiridos para companhia. Psicologicamente, eles
podem contribuir para uma saúde mental boa, ajudam ligar interações sociais e servem como terapeutas engraçados e
amáveis para os que precisam de um coração sensível para ouvir (Beaver, 2001).
1
Primeiro autor é aluno de Medicina Veterinária, 6o período. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua: Dom Manoel de Medeiros, SN ,
Dois irmãos. Recife, PE. CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2
Segundo Autor é Professor Adjunto do Departamento de Medicina Veterinária, Área de radiologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Rua: Dom Manoel de Medeiros, SN , Dois irmãos. Recife, PE. CEP 52171-900 Email: [email protected]
3 4, 5, 6 e 7
,
são alunos de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua: Dom Manoel de Medeiros, SN , Dois irmãos.
Recife, PE. CEP 52171-900
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Pode-se observar que dos 325 proprietários entrevistados, (72,4%) consideram seu animal como membro da
família.(Tabela 1). Essa informação mostra o elevado apego que os donos possuem com seu cão. Um dos fatos que deve
ser levado em consideração é que as familias estão diminuindo cada vez mais, devido a questão social e até mesmo
financeira, isso faz com que pessoas se apeguem mais aos seus animais de estimações.( Faraco, 2008)
De longe, o problema comportamental oralmente relacionado maior nos cães atualmente é a obesidade, definida
como acúmulo excessivo de gordura corporal suficiente para prejudicar as funções corporais (Beaver, 2001).
É provável que esses animais obesos não vivam tanto quanto os de peso normal. Eles sofrem mais de problemas
cardíacos, cansam-se mais facilmente e têm risco aumentado de desenvolver diabetes melito. (Landsberg, 2005).
Em relação a alimentação (Gráfico 1), dos 325 cães, 276 (83%) consumiam, como refeição diária, comida caseira
mais ração comercial e 312 (96%) ingeriam petiscos (Gráfico 2). Dos que consumiam petiscos, (84%) ingeriam em
qualquer momento e o restante consumia no momento do adestramento ou recompesa. Os cães que conseguem petiscos,
sobras de mesa e refeições caseiras também apresentam uma incidência de obesidade mais alta (Beaver, 2001). Os cães
passam a se acostumar com o petisco que recebem e acabam se alimentando cada vez mais com aquele alimento, quase
sempre o alimento favorito do tutor.
Ao avaliar o grau de agressividade dos cães, descritas no gráfico 4, a maioria dos cães são agressivos com pessoas
estranhas e animais de outra espécie. A agressividade dirigida a outros animais é um comportamento predatório do cão,
sendo difícil eliminar este comportamento instintivo. O que pode ser feito é habituar o convívio entre os animais
realizando uma aproximação segura entre os dois até que eles se ignorem. Segundo (Rossi, 2002).Só existe
agressividade quando surge conflitos na hierarquia adotada, segundo o ponto de vista do cachorro, não gostará de
seguir ordens de pessoas que estão abaixo dele. O cachorro ficou assim, porque o tutor não mostrou liderança,
lembrando que não é preciso maltratar o cachorro e muito menos bater nele para conseguir ser o chefe da matilha.Outro
fator que contribui para este tipo de agressividade são as brincadeiras, de mão ou de cabo de guerra, que recompensam o
cachorro por utilizar sua mordedura e por rosnar. (Medeiros, 2007)
Verificou-se que dos 325 cães, 124 (38,36%) tinham comportamento destrutivo (mastigação e/ou escavação).
Arranhaduras e escavações são sinais clínicos que podem ocorrer por várias razões. Em muitos casos, este é
simplesmente um caso de comportamento normal orientado a um objeto ou área inaceitável. Em alguns casos, os
membros da família contribuem para o problema, ao proporcionarem objetos inapropriados (por exemplo, sapatos,
meias ou cobertores velhos) para o cão mastigar e não proporcionarem objetos apropriados suficientes. A mastigação é
um comportamento normal em cães filhotes e adolescentes, que são investigativos, tem mais energia que os
adultos.(Landsberg,2005).
Do total de 325 entrevistados, 209 (66,44%) afirmaram que seu cão não late excessivamente. Sobre os latidos do
cão para alimentá-lo, 185 (57%) atendem ao pedido do animal na hora, 46 (14%) pedem para parar de latir, 20 (6%) não
fazem nada e 74 (23%) não responderam. Muitos donos, sem perceber, ensinam o cão a latir demasiadamente ao
recompensá-lo por ter latido. Neste caso, a melhorar maneira é ignorar o cão toda vez que ele latir para pedir alguma
coisa e, caso for lhe dar algo, se o cão latir, deve ignorá-lo e a fazer outra coisa (Rossi, 2002).
Com base na metodologia usada e nos resultados obtidos, este estudo, permite concluir que alguns dos problemas
comportamentais que os cães mais sofrem são: desobediência e agressividade com outras espécies animais e pessoas
estranhas. Em relação à obesidade, é nítida a influência do tutor nessa enfermidade, pois grande parte dos cães acima do
peso se alimentava de comida caseira e ração comercial, além disso, consumia petiscos. Geralmente, os problemas
comportamentais surgem por falta de liderança do tutor com seu animal, donos que mimam muito seu cão e tomam
atitudes que estimulam mais ainda o mau comportamento.
Agradecimentos
Agradeço ao órgão financiador CAPES, pelo apoio financeiro concedida ao projeto, assim como a Universidade
Federal Rural de Pernambuco.
Referências
BEAVER, B.V., 2001, “COMPORTAMENTO CANINO: UM GUIA PARA VETERINÁRIO”, SÃO PAULO: ROCA.
ROSSI, A., 2002, “ADESTRAMENTO INTELIGENTE”, SÃO PAULO: CMS.
ROSSI, ALEXANDRE COMPORTAMENTO CANINO: COMO ENTENDER, INTERPRETER E INFLUENCIAR O COMPORTAMENTO
DOS CÃES. R. BRASILEIRA DE ZOOTECNIA.2008, VOL.37,SNPE, PP. 49-50. ISSN
LANDSBERG, G. ET AL., 2005, “PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS DO CÃO E DO GATO”, SÃO PAULO: ROCA.
MILLER, SCOTT., 2008, “FILHOTES”, SÃO PAULO: MANOLE.
Rossi, Alexandre. “Seja o líder do seu cão”. Disponível em: http://www.tudosobrecachorros.com.br/2012/05/liderancaser-lider-do cao.html.Acessado%20em:%2017/06/2013. Acessado em 01/06/2013.
Rossi, Alexandre. “Do lobo ao cachorro doméstico” Disponível em: http://www.caocidadao.com.br/artigo/do-lobo-aocao-domestico/. Acessado em: 24/06/2013.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Parisi, S.C. “Animais em apartamento” Disponível em: http://www.webanimal.com.br/cao/apartamento.htm. Acessado
em 01/06/2013.
Faraco,C.B, et al 2008 “Interação humano-cão: o social constituído pela relação interespécie”, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. RS Tese de doutorado
MEDEIROS,S.V. indicadores da resposta ao estresse agudo associados com a familiaridade e ao ambiente e aos
procedimentos de banho e tosa em cães (canis familiaris) da raça poodle. Universidade federal do Rio Grande do
Norte. 2007, Natal, RN. Tese de doutorado.
Tabela 1. Resultados referentes ao sexo, idade, animais de raça e finalidade da criação dos animais atendidos no
Hospital UFRPE
Gráfico 1. Alimentação dos animais atentidos no Hospital
Variável
Números
UFRPE
Sexo
Macho
Fêmea
Idade
≤1
2-6
7-11
>11
Não informou
Raça
Sem Raça Definida
Finalidade da Criação
Só companhia
Só guarda
Guarda e companhia
Outros
Visão do proprietário-cão
Amigo
Apenas um animal
Membro da família
Amigo e membro da
família
Não respondeu
142
183
66
104
85
38
8
173
152
Números
238
14
69
4
Números
71
10
235
7
2
Gráfico 4. Agressividade dos animais
atentidos no Hospital UFRPE
80
60
40
20
0
Agressivo com
familiares
Agressivo com
estranhos
Agressivo com
outros cães
Agressivo com
outros animais
Gráfico 3. Ingestão de petiscos pelos cães atendidos no
Hospital Veterinário da UFRPE
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