Seleção de cor com auxílio de filtro polarizador

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restaura˜ão
CIOSP São Paulo 2016
Seleção de cor com auxílio de filtro polarizador
(Smile Lite®)
Marcelo Lucchesi Teixeira, Márcio Massami Yamada, Welson Pimentel Filho
O procedimento de seleção de cor
dos dentes apresenta-se como um
dos mais desafiadores da odontologia restauradora e, por essa razão, é
cercado de dúvidas e controvérsias.
Uma das primeiras dúvidas que
devemos sanar diz respeito à diferença entre seleção de cor e comunicação da cor dentária.
A seleção da cor engloba a correta seleção das três dimensões da
cor (matiz, croma e valor) dos dentes. Esse é um processo que pode ser
feito de maneira visual (simplesmente comparando os dentes à escalas de cor) ou de forma instrumental (com uso de colorímetros,
espectrofotômetros, filtros polarizadores ou colorimetria digital por
meio de imagens fotográficas). A seleção da cor do dente é de enorme
importância para os procedimentos diretos. Contudo, é um processo
limitado para as restaurações indiretas, onde outro profissional, que
não conhece o paciente, é quem
confecciona as peças protéticas.
A comunicação da cor dentária é
certamente um enorme desafio
para a confecção de restaurações
indiretas, quer em cerâmica ou em
compósitos. Trata-se de informar ao
TPD sobre as características ópticas
do dente a ser restaurado, englobando, além das dimensões da cor
envolvidas no processo de seleção
da cor, a determinação das áreas de
opalescência e translucidez e também as características de cor do
substrato e da morfologia superficial (textura).
Propriedades físicas da cor
A cor possui três dimensões físicas e, por essa razão, pode ser representada matematicamente. As três
dimensões da cor são:
– Matiz: o nome da cor
– Croma: grau de saturação da cor
(quantidade de pigmento e diluição)
– Valor: quantidade de branco e
preto presente na cor associado
ao grau de opacidade
Características ópticas
do dente
A cor que enxergamos é resultado da luz (energia em ondas ele-
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Figura 1: Setas pretas indicam a luz que chega ao dente e setas brancas a luz refletida (notar
que a direção da luz refletida varia de acordo com a área do dente – as retas tracejadas estão
perpendiculares à superfície de cada área do dente). Figura 2: Visão da dentina de um canino após remoção do esmalte. Notar que a mesma apresenta-se opaca e com diferentes saturações ao longo da porção coronária.
tromagnéticas) que “bate” no dente
e é refletida pelo mesmo. A reflexão
da luz não é uniforme (especular),
variando de acordo com as áreas topográficas de concavidade e conve-
xidade da superfície vestibular (Figura 1).
Em relação às estruturas dentárias, cada uma delas reflete a luz de
forma diferente. De uma maneira ge-
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ral, o matiz do dente é definido pela
dentina, que é um corpo opaco e que
possui diferentes saturações (cromas) ao longo do mesmo (Figura 2).
O esmalte é outra estrutura dentária que interfere na percepção da
cor, sendo que o mesmo possui duas
características que dificultam a determinação das três dimensões da
cor: a primeira se relaciona à sua característica de translucidez e a segunda diz respeito à sua morfologia
superficial, que é bastante irregular (Figura 3). Essa textura superficial faz com que a reflexão da luz
ocorra de forma totalmente irregular, o que é denominado de reflexão
difusa (Figura 4). Essa reflexão difusa gera uma confusão visual, atrapalhando a visualização dos parâmetros de cor oriundos da dentina.
Filtro polarizador
O filtro polarizador Smile Lite (Figura 5) é uma ferramenta que auxilia na determinação da cor da dentina, pois transforma uma reflexão
difusa em reflexão especular. Isso
facilita a visualização, eliminando
opticamente a textura superficial
Figura 3: Detalhe da textura superficial dos incisivos centrais. Figura 4: Detalhe da morfologia irregular do esmalte (textura) e a consequente reflexão difusa (setas cinzas representam a luz incidente e as setas vermelhas representam os feixes de reflexão). Figura 5: Filtro polarizador Smile Lite. Figura 6: O filtro polarizador Smile Lite transforma uma reflexão difusa (lado esquerdo da figura) em uma reflexão especular (lado direito), facilitando a visualização da cor dentinária. Figura 7: Smile Capture acoplado à iPhone durante processo
de calibração e tela do iPhone com o app Smile Capture instalado. Figura 8a: Aspecto do núcleo metálico fundido à olho nú. Figura 8b: Aspecto do núcleo metálico fundido com filtro polarizador. Figura 9: Imagem com informação sobre a cor
básica do dente. Figura 10a: Flexipalette para ser usado como fundo preto e evidenciar as áreas de translucidez. Figura 10b: Imagem com fundo preto e manipulada para evidenciar as áreas de translucidez do dente alvo. Figura 11: Imagem
com as escalas de modificadores de dentina. Figura 12: Imagem dos modificadores de opalescência.
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Figura 13a: Prova do coping com a pasta Try-in opaque.
Figura 13b: Avaliação do bloqueio do fundo escuro com
auxílio de filtro polarizador.
Figura 14: Aspecto final imediatamente após a cimentação.
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do esmalte (Figura 6). Outro fator
que também auxilia bastante na seleção da cor é a temperatura e a intensidade da luz. O Smile Lite possui
uma temperatura de luz ideal para a
seleção de cor (de 5500 k – também
chamada de luz neutra) e uma intensidade de 1500 lux quando posicionado corretamente ao dente alvo
(cerca de 30 cm sem o filtro polarizador e 15 cm com o filtro).
Caso clínico
Paciente do gênero feminino,
com coroa em metalocerâmica no
dente 21, apresentava queixa estética quanto ao aspecto da respectiva coroa, portanto, a paciente
apresentava alta expectativa
quanto aos padrões estéticos. Esse
tipo de caso apresenta enormes dificuldades, pois a confecção de um
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único incisivo central é um grande
desafio técnico, associado à paciente com alta expectativa estética, aumenta o grau de complexidade do caso. Para essas situações,
é necessário que sejam utilizadas
todas as ferramentas possíveis.
Para os casos onde deve ser feita
a comunicação da cor, o Smile Lite
pode ser acoplado à tablets ou
smartphones a partir de um dispositivo complementar chamado
Smile Capture. O Smile Capture
acompanha um app disponível nas
lojas App Store (Apple) e Google
Play (Android) (Figura 7).
Após remoção da coroa, pôde-se
verificar que a mesma apresentava
núcleo metálico fundido, o que dificulta ainda mais a resolução do
caso. As figuras 8a e 8b mostram o
núcleo metálico fundido numa
vista a olho nú e com auxílio de filtro polarizador. A avaliação com o
filtro polarizador evidencia a
grande dificuldade estética do
caso.
O processo de comunicação da
cor é realizado pela transmissão de
informação acerca das características ópticas do dente alvo para o técnico de prótese dentária, o qual normalmente não tem contato com o
paciente. Assim, é fundamental enviar imagens de alta qualidade do
dente com escalas de cor. De uma
maneira geral, é importante passarmos as seguintes informações ao laboratório de prótese:
– Cor básica do dente: a cor básica do dente está relacionada ao
acerto da paleta da escala de cor
utilizada pelo profissional (Figura 9);
– Área de translucidez:a evidenciação da área de translucidez
ocorre quando fotografamos o
dente alvo com um fundo preto.
Uma sugestão para esse passo é
a utilização do Flexipalette (Figura 10a).
Se possível, é também importante evidenciar essa região utilizando uma escala de cor específica para as áreas de translucidez (Figura 10b);
– Pigmentos para dentina: o uso
de escala de cor de modificadores auxilia o técnico à determinar quais pigmentos e os respectivos graus de saturação devem
ser utilizados (Figura 11);
– Opalescência: as escalas de modificadores também possuem
paletas específicas para a determinação da opalescência que
deve ser aplicada à massa cerâmica de esmalte (Figura 12).
Após o envio das imagens, o técnico enviou um coping de E-max
para fazer um teste do bloqueio do
fundo escuro gerado pelo núcleo
metálico fundido. Para esse teste,
foi utilizado uma pasta simuladora
do cimento (Try-in na cor opaque)
com e sem filtro polarizador (Figuras 13a e 13b). O resultado mostrou
que o coping associado ao cimento
conseguiu bloquear o fundo escuro
do substrato metálico.
Após aprovação do coping, a cerâmica foi enviada para ajuste funcional e estético e a coroa foi cimentada com o cimento referente ao
Try-in testado (Variolink II opaque)
(Figura 14). O resultado obtido atingiu as expectativas da paciente. AD
10 | 11 | 12 | NOV | 2016 | PORTO | PORTUGAL
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