RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA Nome do Projeto: Rastreamento de Lesão Intra-Epitelial de Baixo Grau em Mulheres Residentes no Bairro São Martinho, Tubarão, Santa Catarina Protocolo: Nome do(a) Proponente ou Orientador(a): Adriana dos Reis Nome do(a) Bolsista: Fernanda Martins Brunel Alves Campus/Unidade: Campus de Tubarão Data do Relatório: 10 de agosto de 2008 Tipo do Projeto: ( ) PUIC Disciplina ( ) PUIC Continuado ( X ) PUIC Individual 1. Introdução Acredita-se que a infecção viral mais freqüentemente transmitida por via sexual seja o papilomavírus humano (HPV). A importância que assume o estudo deste vírus vem de sua nítida correlação com processos malignos e lesões precursoras em cérvix uterino. O câncer cervical constitui-se um dos mais graves problemas de saúde pública nos países em desenvolvimento.1 Segundo estimativas do Ministério da Saúde, para o ano 2001, o câncer de colo uterino ocupa terceiro lugar em incidência e mortalidade entre as neoplasias do Brasil.2 Dentre todas as localizações, este tipo de neoplasia é a que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, sendo este próximo a 100%, quando diagnosticado precocemente.2 Embora o Brasil tenha sido um dos primeiros países do mundo a introduzir o exame papanicolaou3, a doença continua a ser um grave problema de saúde pública. Isto porque apenas 30% das mulheres submetemse ao exame pelo menos três vezes na vida, o que resulta em diagnóstico já em fase avançada em 70% dos casos.3 Estima-se que, no Brasil, o câncer de colo de útero seja o segundo mais freqüente na população feminina.4 A lesão intra-epitelial de baixo grau (LIEBG) é uma alteração displásica leve nas células do cérvix uterino. Tais lesões são freqüentes na população e podem ser precursoras de um câncer cervical devido a sua forte associação com o vírus do HPV. Com isso, o diagnóstico precoce e o tratamento das alterações celulares precursoras do tumor, tentem a diminuir a incidência e a mortalidade desta doença.4,5 O exame Papanicolaou, é utilizado em diversos países para rastreamento e detecção precoce do câncer de colo uterino.2 A detecção de alteração nas células uterinas, feitas por esse exame, associado a outros métodos de rastreamento como a colpocitologia, por exemplo, são bons instrumentos para a identificação precoce dessas displasias.4,5 No entanto, os altos índices de falso-negativos (50%) do citopatológico e a ausência de um método de rastreamento, diagnóstico e terapêutico, que possua 100% de sucesso faz com que muitas mulheres mesmo com detecção precoce de alteração celular desenvolvam câncer do colo uterino1. Apesar disto, o maior risco para desenvolver este tipo de tumor é a não realização de citopatológicos rotineiramente.2,5,6 O acesso e a disponibilidade de exames de rastreamento e também a tipagem do DNA do HPV, que é o maior responsável pelos casos de cânceres cervicais, são os principais métodos para detecção e acompanhamento do processo displásico.1,2 ,6 Um grande número de pacientes terão regressão espontânea dessa alteração cervical, sem necessidade de terapêutica, no entanto, diversas mulheres com esse diagnóstico desenvolverão lesões de risco para câncer, exigindo um tratamento mais dispendioso e invasivo, além de se submeterem a um acompanhamento mais cuidadoso.1 Já que a incidência e mortalidade do câncer cervical têm diminuído, em parte pelo diagnóstico precoce, e pelo tratamento das LIEBG.1 Faz-se necessário delinear esse estudo para conhecermos a prevalência deste tipo de lesão na população e, com isso, orientar medidas de prevenção precocemente para as pacientes, além de estimular e difundir a necessidade do rastreamento da doença. 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Avaliação do conhecimento do Programa de prevenção do câncer de colo e rastreamento das neoplasias intra-epiteliais. 2.2 Objetivos Específicos - Orientar e estimular o rastreamento precoce do HPV. - Difundir a importância do exame citopatológico para a prevenção de câncer de uterino. 3. Material e Métodos O estudo foi do tipo transversal, realizado no prazo de um ano (agosto/07 a julho/08), no bairro São Martinho da cidade de Tubarão - Santa Catarina. A amostra inclui todas as mulheres moradoras no bairro São Martinho da cidade de Tubarão submetidas ao exame ginecológico e citopatológico realizado por um profissional habilitado nas três reuniões explicativas e assistênciais realizadas no bairro dentro do período do estudo, mediante consentimento livre e esclarecido. Foram excluídas da amostra todas as mulheres que não participaram das reuniões explicativas e que não concordaram em participar do estudo. A coleta das informações foi feita através de um protocolo (Anexo 1), pela acadêmica proponente do estudo e por funcionários do posto de saúde do bairro e voluntários devidamente treinados e orientados. As variáveis analisadas foram: idade da paciente, nível de conhecimento sobre HPV, periodicidade de realização de exame preventivo, conhecimento a respeito de qual é o objetivo de realização do exame citopatológico e resultados de exames preventivos prévios. As variáveis que envolvem a citopatologia, foram analisadas por profissional devidamente habilitado, orientador do projeto, sem custo adicional. Este projeto de pesquisa teve como base seguir as normas do Comitê de Ética e Pesquisa da UNISUL, mediante sua avaliação e aprovação, sendo importante ressaltar que está de acordo com os princípios éticos de justiça, autonomia, beneficência, não maleficência e equidade. Os dados coletados por meio do protocolo (Anexo 1), foram apresentados pelo Epidata 3.0 e o cruzamento dos dados foi feito no programa Epinfo. 4. Resultados No período do estudo foram coletados dados de 150 mulheres. Com relação à escolaridade 64% das mulheres tinham o ensino fundamental incompleto, 10,6% tinham até o primeiro grau completo, 18% o ensino médio completo, 2 mulheres o ensino superior incompleto e apenas 1 mulher possuía o ensino superior completo. A idade variou de 18 a 72 anos. Com relação aos exames realizados anteriormente, das mulheres que já haviam realizado o exame, todas as referiram o mesmo resultado, sendo este “Papanicolau grau II”. Os dados relativos aos exames de colpocitologia oncótica realizados no momento da pesquisa revelaram o mesmo resultado para 100% das entrevistadas, mostrando alterações celulares reativas e negativo para neoplasia. Referindo-se ao conhecimento das mulheres sobre o vírus HPV 48% responderam que HPV é uma doença sexualmente transmissível, 20,7% correlacionaram HPV à câncer, enquanto 28% não souberam responder. Com relação à utilidade do exame preventivo 48,7% das entrevistadas tem o exame como uma maneira de prevenir vários tipos de efermidades do nosso organismo, sem especificar o tipo, enquanto 48% afirmaram que o exame serve para prevenção do câncer de colo uterino. Referente a freqüência da realização do exame, 78% das mulheres realizam o exame anualmente. Não houve correlação entre o nível de escolaridade e maior conhecimento sobre a comorbidade. 5. Conclusão Após a realização deste estudo observamos que uma pequena maioria das mulheres do bairro São Marinho da cidade de Tubarão consideram o HPV uma doença sexualmente transmissível. A consciência de que o exame deve ser realizado anualmente também apareceu em grande número das entrevistadas desse bairro. A respeito dos resultados obtidos nos exames, tanto os exames prévios quanto os realizados no momento da entrevista, mostraram resultados semelhantes, sendo negativo para neoplasia e não aparecendo nenhuma lesão precursora. Este resultado reflete a conscientização presente nas entrevistadas, já que, de acordo com a entrevista, a grande maioria realiza o exame anualmente, como é preconizado pelo Ministério da saúde. Apesar de grande parte das mulheres terem o conhecimento da necessidade do exame anual, a maioria não sabe o objetivo específico de realizar a colpocitologia oncótica, isto é, não tem o conhecimento sobre o que realmente é o “papiloma vírus” e o que este pode causar. Pelo presente estudo podemos concluir que as mulheres estão conscientes do seu papel na prevenção do câncer de colo uterino, devendo grande parte desse conhecimento as campanhas do ministéiro da saúde e ao trabalho realizado pelos profissionais da área. Entretanto é preciso orientar a população, não somente a feminina, sobre o verdadeiro significado de HPV e seus malefícios. 6. Referências 1. Noronha W, Mello W, Villa L, Brito A, Macedo R, Bisi F., Mota R., Sassamoto K., Monteiro T., Linhares A. Papilomavírus Humano associado a lesões de cérvix uterina. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 32 (3): 235-240, mai-jun , 1999. 2. Leal EAS, Junior OSL, Guimarães MHG et al. Lesões precursoras do câncer de colo em mulheres adolescentes e adultos jovens do município de Rio Branco – Acre. Rev. Brás. GO. 25(2) 81-86, 2003. 3. Instituto Nacional de programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Viva Mulher. Prevenção e Detecção. Disponível em: http//:www.inca.org.br. Acesso em 29/04/2007. 4. Ferreira LMB. Pesquisa de DNA-HPV pela técnica de biologia molecular em mulheres com citologia cérvico-vaginal com diagnóstico de células escamosas atípicas de caráter indeterminado. Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. 5. Freitas F, Costa SHM, Ramos JGL, Magalhães JA. Assistência a Mulher - Rotinas em Obstetrícia. 5ª ed. 2006. p. 25-41. 6. Pinto PA, Túlio S, Cruz OR. Co-fatores do HPV na oncogenese cervical. Rev. Asso. Méd. Brás. 48(1): 73-78, jan-mar, 2002. Humanizada 7. Anexo Anexo 1 Questionário: 1. Nome da paciente: 2. Idade: 3. Nível de escolaridade? 4. O que é HPV? ( ) DST? ( ) Câncer? ( ) Algo normal do nosso organismo? ( ) Outra? Qual? 5. Para serve o exame preventivo?Por que deve ser feito por todas as mulheres? 6. Você já fez o exame preventivo antes? 7. Se sim,Quantas vezes e Quais os resultados prévios?