SIM_MARIA JOSE CAMARGO_764_68950

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MARIA JOSÉ CAMARGO
INTERVENÇÃO NO ACOMPANHAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE, NA ESF
PARAÍSO CACERENSE, RIO VERDE DE MT/MS
Rio Verde de MT – MS
2011
MARIA JOSÉ CAMARGO
INTERVENÇÃO NO ACOMPANHAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE, NA ESF
PARAÍSO CACERENSE, RIO VERDE DE MT/MS
Projeto
de
Intervenção,
apresentado
à
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
como requisito para conclusão do curso de
Pós Graduação à nível de especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família.
Orientadora: Profª. Enfermeira Ana Martha de
Almeida Ponce.
Rio Verde de MT- MS
2011
Agradecimentos
Em especial agradeço a meus familiares, a equipe do ESF Paraíso
Cacerense e a Prof. Evaldo, cuja dedicação, empenho e participação
foram fundamentais para a realização deste. A tutora Ana Marta sou
grata pela presença sempre marcante, norteando rumos. As colegas
pelo apoio e incentivo, principalmente a Cristiane, pelas observações
sempre pertinentes. E, finalmente, com muito carinho, agradeço e
dedico esse trabalho aos usuários do ESF Paraíso.
1
Intervenção no acompanhamento da hipertensão arterial e obesidade, na ESF Paraíso
Cacerense, Rio Verde de MT/MS
Resumo
O presente projeto de intervenção baseou-se no impacto e significado que a hipertensão
arterial vem acrescentando aos índices de morbimortalidade nacionais, com igual reflexo na
área considerada, onde figura como principal causa de procura por atendimento
ambulatorial, hospitalizações e óbitos, na população acima de quarenta anos. Constou de
intensificação dos cuidados pela equipe da ESF, que procurou avaliar regularmente níveis
pressóricos e demais aspectos relacionados a terapêutica da hipertensão arterial, buscando
reduzir agravos, em conjunto com o incentivo a realização de dieta e atividades físicas
orientadas por educador físico do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF).
Os resultados foram satisfatórios no que se refere a freqüência ao acompanhamento pela
equipe (inicial, 39%; final, 90%) e redução dos níveis pressóricos(inicial, 35% com pressão
dentro da normalidade; final, 88%).Quanto aos índices que demonstraram os benefícios da
atividade física, embora com resultados positivos para os freqüentes, com redução de peso
total do grupo considerado, IMC médio, relação cintura e quadril e em especial do
percentual de gordura(11,18%, na segunda reavaliação), que mais impacto traz para a
prevenção dos agravos cardiovasculares, denotou as barreiras originadas nos aspectos
culturais para transformação de praticas, bem como na falta de infra estrutura para a prática
de exercícios físicos, o que pode ser observado na baixa permanência no grupo
acompanhado.
Palavras-chave: Hipertensão arterial; intervenção; atividade física.
2
Sumário
Resumo ....................................................................................................................................... 2
I - Introdução .............................................................................................................................. 4
II - Justificativas........................................................................................................................... 6
III – Objetivos .............................................................................................................................. 8
GERAL: .................................................................................................................................... 8
ESPECÍFICOS: ........................................................................................................................... 8
IV - Metodologia ......................................................................................................................... 9
V – Discussão de Resultados: ................................................................................................... 12
VI – Considerações Finais: ........................................................................................................ 19
VII - Referencias Bibliográficas ................................................................................................ 20
Indice de Tabelas
Tabela 1 – Demonstrativo do número e percentual de usuários portadores de Hipertensão
Arterial, cadastrados no Sistema de Informação da Atenção Básica, acompanhados pelos ACS
e equipe de saúde, que apresentaram níveis pressóricos normais, na ESF Paraíso Cacerense,
Rio Verde de MT/MS, de fev. a julho de 2011. ........................... Error! Bookmark not defined.
Tabela 2 – Resultados da avaliação inicial e primeira reavaliação dos índices de peso total,
IMC médio, relação cintura e quadril e percentual de gordura dos hipertensos cadastrados
no SIAB, que praticaram atividade física, fevereiro a maio de 2011, ESF Paraíso Cacerense,
Rio Verde de MT/MS. .................................................................. Error! Bookmark not defined.
Tabela 3 – Resultados da primeira e segunda reavaliação dos índices de peso total, IMC
médio, relação cintura e quadril e percentual de gordura dos hipertensos cadastrados no
SIAB, que praticaram atividade física, maio e julho de 2011, ESF Paraíso Cacerense, Rio Verde
de MT/MS. ................................................................................... Error! Bookmark not defined.
3
I - Introdução
A busca pela saúde e qualidade de vida atualmente tem propiciado discussões e
gerado reflexões sobre hábitos e mudanças de posturas frente a costumes adquiridos.
Fatores de risco como o sedentarismo, a alimentação inadequada e o tabagismo,
diretamente relacionados ao estilo de vida, são responsáveis pelo desenvolvimento de
alguns tipos de doenças crônicas, mostrando-se, nessa relação causal, mais decisivo que a
combinação de fatores genéticos e ambientais (COSTA, 2008).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado não só o aumento da prevalência da
hipertensão com a idade, mas também a sua ocorrência em associação a outros fatores de
risco, com estilo de vida e com fatores metabólicos, todos independentemente associados
ao aumento de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares. A alta prevalência e
aglomeração de fatores de risco para essas doenças cardiovasculares entre hipertensos
reforçam a necessidade não só de melhorar o diagnóstico e tratamento da hipertensão, mas
também de abordar de forma integral o perfil de risco dos pacientes.
A identificação dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares,
através de estudos de base populacional, e estratégias de controle efetivas, combinadas à
educação comunitária e ao monitoramento prioritário dos indivíduos de alto risco,
contribuíram para uma queda substancial na mortalidade em quase todos os países
desenvolvidos (BRASIL, 2003).
Já como conseqüência do estilo de vida, desponta entre os problemas de saúde
pública no Brasil, o excesso de peso e a obesidade (BRASIL, 2007), problemas que se
encontram associados, direta ou indiretamente, a uma ampla variedade de doenças
coletivamente responsáveis por uma percentagem significativa da mortalidade anual neste
país. Dentre essa variedade, a hipertensão arterial e o Diabetes figuram como causa básica
de doenças cardiovasculares, resultando nas altas taxas de mortalidade entre adultos
Considerando a relevância dessa situação e a necessidade de propiciar a
população adstrita ao ESF Paraíso Cacerense, em Rio Verde de MT/MS, um melhor nível de
saúde, com a redução de doenças e agravos passíveis de prevenção, enquanto equipe,
4
iniciou a discussão: que situações poderiam ser eleitas como prioridade para realizar uma
intervenção? Para tal, consideramos a situação problema descrita a seguir e nossas
limitações, como abrir em larga escala a realização de exames de glicemia, já que não
dispomos de recursos materiais suficientes para que os efetue em toda população
cadastrada.
5
II - Justificativas
Após a análise de qual situação, seria potencialmente agravante a saúde da
população assistida pela equipe da ESF Paraíso Cacerense, chegou-se a conclusão, quer seja
pela freqüência enquanto numero de casos, ou pelos agravos derivados destes, resultando
em internações, seqüelas graves e óbitos, a Hipertensão Arterial seria priorizada, pois
contamos atualmente com 216 pessoas cadastradas como Hipertensas*(significando um
percentual de 12% da população total da área).
Considerando que possa estar ocorrendo ainda sub notificação de casos, já que
não temos realizado busca ativa na população quer seja sistematicamente nas rotinas da
equipe ou em campanhas para esse fim, observamos que os óbitos notificados nos últimos
cinco anos na área, embora não numerosos (20 óbitos) estão principalmente
correlacionados a doenças cardiovasculares (11 óbitos).
Dentre a problemática discutida pela equipe chegou-se aos seguintes resultados:
Os usuários cadastrados no Programa de Hipertensão e Diabetes, em grande
maioria, realizam apenas tratamento medicamentoso, e não estão sendo acompanhados
sistematicamente de forma que possamos afirmar quanto à regularidade. Encontra-se
sedimentado por vários estudos que a pratica regular de atividade física, assim como a dieta
balanceada, impedem ou retardam o aparecimento da Hipertensão Arterial (H.A.), como
podem contribuir de forma significativa para a redução dos níveis de pressão arterial( P.A.),
nos hipertensos(BRASIL, 2002).
Desta forma, consideramos o tratamento exclusivamente medicamentoso como
um problema em potencial, já que pode não ser o suficiente para o controle dos níveis
pressóricos, e ainda, porque não combatem, em separado, as intercorrências que podem vir
como conseqüência de maus hábitos alimentares, como a utilização de gorduras
insaturadas, excesso de alimentos enlatados e/ou com conservantes.
Ainda, dentre os usuários devidamente cadastrados e acompanhados pelos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS), não vem ocorrendo o acompanhamento sistemático
6
pela equipe, de 100% dos indivíduos para que se torne possível detectar possíveis falhas
terapêuticas, através da realização de exames laboratoriais periódicos, assim como avaliação
cardíaca, fato esse observado ao ser realizado uma revisão e recadastramento do HIPERDIA.
Segundo Fuchs (2006), a elevação da pressão arterial pode ser considerada
potencialmente de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares e renais, e, esses
pacientes devem ser acompanhados mensalmente, pelo menos, até que a pressão arterial
volte ao normal e se ajuste aos esquemas terapêuticos. Refere ainda à importância de que
nos retornos das consultas seja avaliada a adesão do paciente ao tratamento, de
preferência, não apenas pelo profissional médico, pois destaca que a hipertensão arterial,
pelos múltiplos fatores que a envolvem exige cuidados e envolvimento de uma equipe
multidisciplinar, assim como pondera ser essencial também envolver-se os familiares que
não só ajudarão no reforço diário para a transformação de hábitos, como auxiliarão a
detectar possíveis falhas na adesão a terapêutica recomendada.
Desta forma, com tais informações e após reunião da equipe onde foram
debatidos os problemas aqui expostos, considerou-se de fundamental importância que se
procurasse intervir nessas situações, quer seja através do acompanhamento rigoroso, caso a
caso, dos níveis pressóricos com acompanhamento e revisão terapêutica, avaliação do Índice
de Massa Corpórea (IMC), percentual de gordura (PG%), relação cintura/quadril (CQ) e
possíveis dislipidemias, a fim de detectar possíveis situações de risco e prevenir
complicações , assim como, para que se possa estabelecer um programa, onde ocorrerá a
avaliação do grau de obesidade, em conjunto com o Educador Físico do Núcleo de Apoio a
Saúde da Família (NASF), com o propósito de incentivarmos e proporcionarmos a prática de
atividades físicas direcionadas, modificações na dieta, e propondo apoio terapêutico para o
que se fizer necessário.
7
III – Objetivos
GERAL:
- Promover o acompanhamento sistemático dos hipertensos cadastrados no Sistema
de Informação da Atenção Básica, da ESF Paraíso Cacerense.
ESPECÍFICOS:
- Manter dentro dos parâmetros de normalidade, conforme normas do Ministério da
Saúde, os níveis pressóricos dos pacientes cadastrados no Programa de Hipertensão
Arterial, do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB);
- Incentivar a prática de atividade física, pelos pacientes cadastrados em especial
pelos obesos;
- Reduzir os níveis de IMC, da relação Cintura/Quadril e percentual de gordura a
médio e longo prazo;
- Incentivar a mudança de hábitos alimentares, para uma dieta mais equilibrada e
saudável;
- Estimular a adesão dos pacientes ao controle sistemático da P.A. e
acompanhamento do tratamento.
8
IV - Metodologia
Para o acompanhamento de hipertensos pela equipe da ESF, quanto a adesão ao
tratamento e controle dos níveis pressóricos foram utilizados como fonte de informações a
ficha “H” do Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB), utilizado pelos agentes
comunitários de saúde (ACS) para registro de dados durante as visitas domiciliares e
inclusive foram orientados a acrescentarem, embora não seja parte integrante do registro
convencional a aferição de pressão arterial do mês, registrada no “Cartão do Hipertenso”,
registro este efetuado na Unidade de Saúde ou durante as visitas da equipe.
Os dados levantados foram acompanhados e discutidos em reuniões mensais
com a equipe de saúde, para apreciação de resultados como: a adesão dos usuários ao
tratamento medicamentoso, o acompanhamento do tratamento pelos profissionais da
equipe, encaminhamentos a exames complementares e especialidades médicas (Cardiologia
e Urologia), revisão da terapêutica medicamentosa, orientações sobre dieta, exercícios
físicos, hábitos saudáveis como redução do consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.
Conforme o que era discutido pela equipe, estratégias foram sento traçadas por
microárea e individualmente para estimular a adesão ao acompanhamento mensal e a
manutenção dos níveis pressóricos dentro dos padrões de normalidade.
O período considerado para esse estudo foi de seis meses, ou seja, de fevereiro
a julho de 2011, estimando que durante esse intervalo de tempo fosse possível avaliar a
possibilidade de atingir os objetivos traçados.
Os atendimentos da equipe na unidade de saúde foram executados com a
participação integrada dos dois técnicos de enfermagem, do enfermeiro e do médico,
constando de aferição de pressão arterial (PA), com esfignomanômetro aneróide, modelo
adulto e para avaliação dos níveis pressóricos, utilizamos parâmetros do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2006). Constaram além da aferição de PA, de entrevistas, orientações sobre dieta,
exercícios físicos, recondução ou manutenção da terapêutica medicamentosa e conforme o
caso agendamentos de retornos mensais ou quinzenais, conforme a necessidade de
avaliação da eficácia das alterações na terapêutica.
9
Paralelo e integrado ao trabalho executado pela equipe da ESF, o educador físico
do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) realizou visitas domiciliares acompanhado por
agentes comunitários em uma amostragem aleatória de 80 domicílios, elegendo como
prioritárias três microáreas que possuem maior número de pessoas idosas e hipertensos, a
fim de convidá-los a participar do projeto de atividade física e orientar a sobre a importância
do exercício físico para redução da Hipertensão Arterial (HÁ) e obesidade. Nessas visitas
aferia a pressão arterial e agendava atendimentos na unidade de saúde para avaliação de
medidas antropométricas. Foram realizadas em três dias da semana, ou seja, as segundas
quartas e sextas, durante dois meses, no período vespertino. Seus atendimentos nesses três
dias tiveram o tempo dividido com três horas para as visitas domiciliares, uma hora para
avaliação de IMC, CQ e percentual de gordura, na unidade de saúde e duas horas para o
acompanhamento da atividade física, á partir do mês de março de 2011, pois no mês de
fevereiro o tempo integral foi dedicado as visitas, avaliações e participação nas reuniões
mensais do grupo de hipertensos para divulgação do projeto e orientações a população.
Durante o período de seis meses foram feitas duas reavaliações, a primeira no
mês de maio e a final no mês de julho, para que se pudesse avaliar a adesão, a freqüência, a
participação, bem como a redução individual e coletiva dos níveis mensurados no inicio do
projeto.
Para avaliação corporal foi utilizados o índice de massa corporal (IMC), que
divide o peso pelo quadrado da estatura, determinando se o indivíduo está com o peso
normal, sobrepeso e obesidade em três níveis de gravidade, conforme escala aprovada pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), a relação cintura/quadril, que
está relacionado ao
aumento do risco de doenças de infarto do miocárdio, derrame e morte prematura,
encontrando forte associação entre essas variáveis. Contrariando os conceitos, o mais alto
risco de infarto do miocárdio ou morte prematura foi encontrando em homens com alta
proporção da circunferência cintura- quadril e baixo índice de massa corporal, sugerindo que
homens magros com gordura concentrado no abdômen são aqueles com mais risco de
desenvolver doenças cardiovasculares.
A principal limitação desse método, para avaliação da distribuição da gordura
corporal, é a falta de normas ou padrões para classificação dos resultados obtidos. Até
10
então, sugere-se que valores próximos a um seriam denominados perfeito cilindro, sendo
que este perfil morfológico estaria associado ao baixo risco para desenvolvimento de
doenças cardiovasculares e metabólicas. Também foi utilizado o percentual de gordura, que
possui como índice desejável de 15% para homens e de 23% para mulheres, demonstrando
importantes aspectos como, saúde, desempenho atlético e estético. Através desse método é
possível diagnosticar se o paciente está obeso. Existem dois modelos para aferição de
gordura: de laboratório e de campo. Para essa avaliação, por motivos de redução de custo,
facilidade de execução e confiabilidade se optou pelo de campo, utilizando um compasso de
dobras cutâneas, modelo “Sanny” (FILHO, 2003). Essa medida determina a quantidade de
gordura corporal através da espessura de determinados locais do corpo. As medidas foram
efetuadas no lado direito dos usuários examinados, seguindo o “Protocolo de Guedes”
(FILHO, 2003 ).
Foram utilizadas também para avaliação física uma balança antropométrica,
modelo adulto, fita métrica e fichas de registro individual.
As atividades físicas
desenvolvidas foram adequadas ao perfil etário, corporal e ao histórico desportivo dos
usuários e executadas individualmente no período de uma hora diária, três vezes na semana,
como descrito anteriormente, e constaram de alongamento, exercício localizado e
caminhada ou corrida.
11
V – Discussão de Resultados:
Embora inicialmente houvesse o propósito de acompanhar a totalidade dos
pacientes cadastrados no Siab, no final do período foi possível acompanhar apenas 90% nos
atendimentos mensais da equipe considerando que esta tem horários e dias definidos para
realização de visitas e atendimentos e nem sempre encontrou-se as pessoas a domicilio,
quer seja porque encontravam-se ausentes da cidade ou mesmo por não estarem em casa
assim como existiram casos que foram agendados, sem que houvesse comparecimento a
unidade de saúde.
Os dados demonstrados na tabela abaixo foram levantados de janeiro a julho,
sendo apresentados e discutidos em reuniões mensais, ocorridas por volta do dia dezenove
de cada mês, ou seja, quando ocorre a atualização do Siab e é efetuado o condensado dos
resultados obtidos no trabalho da equipe no mês vigente, e estratégias são traçadas para
melhorar o trabalho.
Tabela 1 – Demonstrativo do número e percentual de usuários portadores de
Hipertensão Arterial, cadastrados no Sistema de Informação da Atenção Básica,
acompanhados pelos ACS e equipe de saúde, que apresentaram níveis pressóricos normais,
no ESF Paraíso Cacerense, Rio Verde de MT/MS, de fev. a julho de 2011.
Meses
Hipertensos
Cadastrados
Siab
Acompanhados
Fevereiro
Março
Nº
Nº
%
no
2
Abril
%
1
Nº
2
Maio
Junho
Julho
%
Nº
%
Nº
%
Nº
%
1
2
1
2
1
2
1
2
216
100
214
100
218
100
226
100
230
100
260
100
216
100
214
100
218
100
226
100
230
100
260
100
84
39
99
46
138
63
172
76
184
80
233
90
ACS
Acompanhados
p/ equipe
Com PA normal
76
35
85
40
134
61
160
71
178
77
228
88
12
1
Conforme observado o número inicial de hipertensos cadastrados no Siab era
de 216, aumentando em julho para 260. Atribuímos o numero crescente de cadastros a
busca ativa não intencional, mas conseqüentemente realizada durante as visitas domiciliares
do educador físico e da enfermagem, pois ao aferir a pressão de familiares e “vizinhos” dos
hipertensos cadastrados, acabamos por detectar casos que posteriormente encaminhados
ao atendimento médico para avaliação, acabaram por diagnosticar Hipertensão Arterial.
Também as palestras e reuniões abordando sistematicamente o assunto, assim como o
trabalho integrado da equipe que passou a valorizar com ênfase o assunto, ajudaram a
sensibilizar pessoas resistentes ao tratamento e a descoberta de casos novos, além dos que
são esperados pelas mudanças de residência, ou seja, fluxo normal de migração interna.
Quanto ao acompanhamento pelos ACS, pode ser observado que em todos os
meses foi de 100%, pois estes utilizam estratégias como efetuar a visita no local de trabalho
do usuário ou em horários alternativos, fora do horário comercial á fim de atingir o máximo
de alcance em suas visitas domiciliares. Quanto ao acompanhamento pela equipe,
inicialmente a cobertura foi de 39% alcançando 90% no mês de julho. Atribuímos esse
crescente nível de acompanhamento a sensibilização dos usuários quanto a importância da
aferição e controle do tratamento, no mínimo mensal, como também pelo empenho da
equipe que mudou a rotina da unidade de saúde para atendimentos agendados, procurando
oferecer atendimento mais personalizado e qualificado aos grupos programáticos, além da
realização de busca ativa de “faltosos” mensalmente conferida pelos ACS e a equipe de
enfermagem. Essa busca ativa consistiu desde o convite e agendamento por parte do agente
de saúde até a visita do enfermeiro ou técnico para aferição da PA e orientações sobre a
importância do acompanhamento mensal, conforme a necessidade de cada caso. Ocorreu
também o empenho de toda a equipe que trabalha na Unidade Básica do ESF para que esses
níveis fossem crescentes, até atingir-se o esperado.
No acompanhamento mensal procurou-se verificar se os níveis pressóricos
encontravam-se dentro do padrão esperado, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006).
Caso constatado alterações os usuários foram encaminhados a consulta médica para revisão
e readaptação da terapêutica medicamentosa, como também buscado o apoio de familiares
13
e cuidadores para a manutenção das doses prescritas e como para incentivar o tratamento
correto. Para os que apresentaram dificuldade de leitura e interpretação foram adaptados
esquemas em caixinhas com símbolos visuais que facilitassem a localização do horário da
ingestão dos medicamentos. Os casos mais severos (25 usuários), que não puderam ser
resolvidos através do atendimento da Unidade de Saúde do ESF, foram encaminhados a
Cardiologia inicialmente e se necessário, a Urologia, conforme avaliação do Cardiologista em
comum acordo com o médico da equipe. Além destes, foram encaminhados como rotina
preconizada no protocolo ministerial, para avaliação por cardiologista, 60 hipertensos,
conforme critérios clínicos para priorização, como apresentar agravos secundários
decorrentes da hipertensão arterial, idade acima de 59 anos ou nunca terem sido
submetidos à consulta por essa especialidade. Esse numero foi regulado, conforme a
disponibilidade de vagas, já que outros casos necessitavam também desse tipo de
atendimento e o número de consultas por ESF, embora ampliado recentemente no
município ainda tem que ser distribuído com critérios, devido o numero de vagas superar a
demanda. Também durante os atendimentos mensais pelos técnicos de enfermagem,
enfermeiro ou médico a orientação sobre adaptações na dieta, hábitos como uso de bebidas
alcoólicas e tabaco e incentivo a realização de atividades físicas, foram sendo reforçadas.
Assim, o percentual de pacientes apresentando níveis pressóricos dentro da normalidade
evoluiu de 35% ao iniciarmos a intensificação de cuidados para 88% no final de seis meses.
Dos casos mais graves (25), encaminhados ao cardiologista, quinze foram resolvidos com
mudança da terapêutica medicamentosa, seis estão em fase de adaptação, sem que tenha
surtido efeito, seja por fatores emocionais ou culturais que impedem o tratamento correto,
dois foram encaminhados para cirurgia cardíaca, um para cirurgia e tratamento com
Urologista e um para Endocrinologia e Vascular para correção de complicações do Diabetes
associado à hipertensão. Foi observado que grande parte dos usuários consumia a
medicação de forma irregular, não valorizando doses e horários, fazendo uso da medicação
apenas quando “percebiam que a pressão estava alterada”, de forma subjetiva. Outros não
entendiam a receita médica e/ou confundiam medicamentos, horários e doses.
Com as
orientações e controles sistemáticos individualizados foi possível observar mudanças de
comportamentos e resultados aquém do esperado para tão curto espaço de tempo, o que
veio a mostrar a necessidade de intensificar e melhorar a qualidade do atendimento
14
prestado, com atenção individualizada a cada situação procurando envolver familiares,
equipe, especialmente os ACS, tornando possível reverter o baixo número de usuários
acompanhados assim como o resultado desses tratamentos. Mesmo os usuários, devido à
atenção e o empenho da equipe mostraram-se mais motivados a colaborar com o
tratamento, valorizando mais o “cuidar de sua saúde”.
Apesar do êxito nesses resultados, o mesmo não ocorreu com a iniciativa de
acrescentar a atividade física regular, corretamente orientada, aos hábitos de vida dos
integrantes do programa de hipertensão.
Dos 216 cadastrados (Siab de fevereiro/2011), cento e quatorze (114, 53%)
procuraram a avaliação com educador físico e iniciaram
atividades; destes, vinte e
quatro(24/21,05 %) permaneceram até a primeira avaliação em maio
e apenas dez
(10/8,77%)participaram da segunda avaliação em julho de 2011, embora novas pessoas vem
procurando e aderindo as atividades do grupo, nesse meio tempo. Pode ser observado que
a dificuldade está na manutenção da iniciativa, fatores que discutiremos a seguir, após
comentarmos os resultados das avaliações dos índices físicos.
Em uma análise global para caracterizar o nível de obesidade da população
acompanhada, pudemos determinar que na avaliação inicial quanto ao IMC, a relação C/Q e
o percentual de gordura, pudemos observar que dentre os usuários cadastrados que
compareceram a avaliação (114 usuários), a predominância foi de pessoas situadas na faixa
de sobrepeso ( 36%, 41 usuários) e Obesidade grau I ( 23%, 26 usuários). Já na avaliação que
analisa a distribuição corporal do tecido adiposo, conhecida como relação cintura e quadril,
88.52% (101 usuários) apresentaram má distribuição do tecido adiposo e apenas 11.48% (13
usuários), com índices normais. Quanto ao percentual de gordura corporal, os resultados
demonstraram que 8.19% (9 usuários) apresentaram nível normal, 42.52% (48 usuários)
nível tolerável e 51.72%( 59 usuários) estavam obesos.
Apesar de discordantes em alguns aspectos e coincidentes em outros,
podemos afirmar que em observância as três avaliações, o grupo analisado caracterizou
predominância a obesidade, fator mórbido codjuvante de agravos cardiovasculares, o que
vem reiterar a necessidade da transformação de hábitos de vida como alimentação e
atividade física nessa população.
15
Embora os participantes da avaliação de julho/2011, tenham estado como
parte integrante do grupo da avaliação inicial (fevereiro/2011) e da primeira reavaliação
(maio/2011), devido à significativa redução de participantes, que acaba por acarretar
impacto na avaliação global, que foi a modalidade optada para esse estudo,
demonstraremos em tabelas os dados das três avaliações de forma isolada para que se
possa concluir no todo, sem trazer prejuízo devido a essa redução. Desta forma, o segundo
grupo terá duas avaliações, a primeira como integrantes de vinte e quatro participantes e
depois isoladamente, do grupo dos dez que permaneceram até o mês de julho.
Tabela 2 – Resultados da avaliação inicial e primeira reavaliação dos índices de
peso total, IMC médio, relação cintura e quadril e percentual de gordura dos hipertensos
cadastrados no Siab, que praticaram atividade física, fevereiro a maio de 2011, ESF Paraíso
Cacerense, Rio Verde de MT/MS.
Avaliações/Medidas
Inicial
1ª Reavaliação
Redução
Peso total (Kg)
77.679
74.990
3.36 %
IMC (média)
28.25
29.25
+ 1%
Relação C/Q (cm)
20.18
19.89
1.44 %
% de gordura
710.3
659.9
7.5%
Tabela 3 – Resultados da primeira e segunda reavaliação dos índices de peso
total, IMC médio, relação cintura e quadril e percentual de gordura dos hipertensos
cadastrados no Siab, que praticaram atividade física, maio e julho de 2011, ESF Paraíso
Cacerense, Rio Verde de MT/MS.
Avaliações/Medidas
1ª Reavaliação
2ª Reavaliação
Redução
Peso total (Kg)
80.525
80.205
0.40%
IMC (média)
31.56
31.42
0.43%
Relação C/Q (cm)
8.66
8.8
+ 1.6%
% de gordura
327.6
291
11.18%
16
Como pode ser observado nas tabelas 2 e 3, o peso total teve significativa
redução de 3.36% nos primeiros três meses, reduzindo para 0.40% no ultimo trimestre.
Atribui-se redução significativa do número de participantes do grupo, como comentado
anteriormente, que acaba por trazer impacto no global, assim como por fatores como que a
pratica constante e ritmada de atividade física produz desenvolvimento e fortalecimento da
massa muscular, causando por vezes ganho de peso, o aumento de IMC e o relativo
aumento de relação de cintura quadril dependendo do sexo, biótipo e exercícios localizados
(ROBERG, 2002), o que não quer significar resultado negativo no que se refere a ganhos para
a saúde, pois se o percentual de gordura estiver sendo reduzido significa que o exercício está
trazendo eficácia para um dos principais fatores causadores ou desencadeadores de agravos
cardiovasculares (BRASIL, 2006).
Desta forma, embora no primeiro momento o IMC tenha aumentado (Tab. 1),
no segundo foi reduzido (Tab. 2), ocorrendo o inverso com a relação cintura e quadril que
em maio/2011 reduziu 1.44% e em julho de 2011, aumentou 1.6%.
Já quanto ao percentual de gordura, os resultados foram mais positivos com
uma redução de 7.5% na primeira reavaliação, ou seja, de 710.3% foi para 659.9%, o que em
gordura representa 55.421 Kg a menos, com uma média de redução de 2.309 Kg por pessoa.
Na segunda reavaliação a redução foi de 11.18%, o que em gordura representa de 234.949
Kg para 208.681 Kg, com média de redução individual de 2.626 Kg.
Para que o exercício físico tenha efetividade, necessita de intensidade, ritmo e
constância (PITANGA, 2002), assim não podemos deixar de considerar que além do reduzido
tempo em que se deu esse estudo (seis meses), para que os resultados tivessem maior
impacto seria necessária a realização de atividade por um período maior pois o processo
metabólico vai gradualmente ajustando-se a mudança de hábitos. Também quanto à
freqüência, foi realizado na quantidade mínima recomendada, ou seja, de três vezes na
semana,
o que reduz o resultado, ainda mais se levar em conta que nem todos os
participantes foram constantes quanto a esta regularidade, fator esse que não foi
considerado para analise deste estudo. Assim embora positivos para o objetivo de reduzir
potenciais agravos aos hipertensos, como conseqüência do sedentarismo e da obesidade, os
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resultados deixam a desejar quanto ao envolvimento da população na ação proposta, com o
reduzido numero dos que permaneceram além do baixo percentual de procura.
Dentre as dificuldades encontradas para motivar a prática esportiva, cumprenos citar a falta de materiais adequados para realização de atividades físicas como
colchonetes, pesos, etc. Também o local onde se executou o projeto, com limitações, por
tratar-se de uma praça ou via pública, a primeira com calçadas soltas e obstáculos que
colocam em risco a quedas e acidentes e o segundo por não ter interrupção do transito de
veículos causando vigilância constante dos participantes, além de estarem localizadas fora
da área do ESF, embora nas proximidades.
Consideramos também que se houvesse o envolvimento das demais
instituições públicas que trabalham com idosos, quer seja com incentivos, investimentos ou
com a participação conjunta procurando integrar as secretarias responsáveis pelo
desenvolvimento humano como a Secretaria de Educação e de Assistência Social, seria
possível obter melhores resultados, no tocante a estímulos a participação da população.
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VI – Considerações Finais:
Esse projeto de intervenção trouxe resultados norteadores a continuidade das
ações do ESF no que se refere a promoção a saúde dos usuários cadastrados no programa de
Hipertensão Arterial (Siab) e por que não transpor para a população com faixa etária acima
de trinta e nove anos, pois a partir daí existe um risco em potencial para essa patologia.
Concluímos que a intensificação dos cuidados da equipe, com o envolvimento de
familiares e da comunidade podem trazer significativos resultados no acompanhamento e na
redução dos níveis pressóricos, conforme o desejado para a prevenção de agravos derivados
da hipertensão.
Como foi demonstrada, a população em questão apresentou predominância de
obesidade, fator importante a ser considerado no planejamento de atividades a serem
desenvolvidas com esse grupo e um dado
agravante pela
condição de somar-se a
Hipertensão Arterial.
Também inferimos que a realização de atividade física é uma prática a ser mais
valorizada e a ser melhor trabalhada quer seja em veiculação pela mídia ou em projetos
envolvendo instituições de promoção a vida saudável, governamentais ou não, para que se
possa ao longo do tempo romper as barreiras culturais presentes não apenas na população
assistida, mas também nos profissionais envolvidos tanto na área da saúde como em setores
a fins, conseguindo resultados impactantes na redução de doenças, agravos e óbitos
derivados de forma essencial do estilo de vida.
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VII - Referencias Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto para o Desenvolvimento da Saúde. Universidade de
São Paulo. Manual de Condutas Médicas. Brasília, 2002, p.20 a 22; 276 a 282.
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Básica. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares e renais. Brasília, 2006. (Caderno
de Atenção Básica).
_____. Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. 1ª Ed.; Brasília-DF,
2007.
____. Ministério da Saúde. Pesquisa mostra aumento da Obesidade no Brasil. In:
Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. 1ª Ed.; Brasília-DF, 2007. Encontrado em
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COSTA, S.M.; BARBOSA, A.A.A.; BRITO, E.W.G. Caminhada, saúde e vida: fortalecendo as
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Paulo-SP: PHORTE, 2002.
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