Disciplina: Ética Profissional

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA-TEXTO01PROFRA. ANA BORDINI
ÉTICA
Quando estudamos os juízos científicos, estamos trabalhando com afirmações
acerca da realidade empírica, capazes de ser objetivas e testadas em
laboratório, e podendo ser reproduzidas por várias pessoas e verificadas
exaustivamente na experiência. Chamamos essas afirmações de juízos sobre a
realidade.
A Ética e a Moral referem-se a juízos de valor, que são dados subjetivamente
pelo ser humano individual em cada uma das experiências de vida do seu
cotidiano.
Quando falamos: "Que casa bonita!" Ou: "Você não devia ter feito isso, está
errado!" Ou, ainda: "Você é muito legal!", não estamos descrevendo os
acontecimentos ou fazendo juízos sobre a realidade objetiva. Não podemos
colocar tais afirmações no laboratório, reproduzir a experiência para que tudo
seja empiricamente verificável. Isso porque estamos tratando não mais de
juízos sobre a realidade empírica, mas de juízos de valor.
Aqui, não estamos mais no âmbito das Ciências rigorosamente construídas.
Estamos no pântano da individualidade. Juízos de valor são "convenções"
singulares, particulares ou culturais. Podem ser éticos ou estéticos.
Aquilo que é convencionado como belo faz parte do ramo da Filosofia chamado
Estética. O que é encarado como certo ou bom pertence à Ética. Ao estudo de
todos esses valores chamamos Axiologia, ou Teoria dos Valores.
Ética e Moral são reflexões sobre os juízos de valor do certo e do errado, do
bem e do mal, do bom e do mau.
Valores éticos são referências importantes para nós, nossos guias para as ações
corretas, nossos parâmetros do que devemos fazer ou não fazer.
Ética ou Filosofia Moral é a parte da Filosofia que se ocupa da reflexão a
respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral.
Moral é o conjunto de regras de conduta do ser humano admitidas em
determinada época e em determinada cultura.
Portanto, Ética é uma reflexão racional, antidogmática, aberta às investigações
em todas as direções, sobre as ações morais. E Moral é um mandamento pronto
de uma ação num grupo social. É uma regra informal, ou seja, não escrita,
sobre a qual a ação deve ser realizada.
Obs.: Juízos sobre a realidade
Quando pensamos em vários seres que coexistem conosco, notamos suas
qualidades – o gato é manso; o moço é alto; a escola tem um jardim; etc. Os
adjetivos comuns, que descrevem a realidade do seres, não são valores.
Juízos de valor
Exemplos de juízos de valor:
(1) A boca de um africano ou de um índio brasileiro, com aqueles
pedaços de madeira que alargam os lábios, são lindos nas suas tribos de
origem. Em outros locais, no entanto, são objetos de repulsa!
(2) Em alguns países da África, há a chamada circuncisão feminina, na
qual os clitóris de meninas de dez anos são extirpados à faca, sem
anestesia ou higiene e suas vaginas costuradas. Isso é considerado o
supra-sumo da sabedoria humana!Vale dizer que eles consideram que
estão certos. Aqui esses costumes levariam os pais para a cadeia!
Portanto, o belo e o certo são convenções que variam de sociedade para
sociedade, de cultura para cultura.
Ética
É um termo que deriva do grego "éthos" que significa "a morada do homem", "a
casa do homem", é o recesso seguro que o acolhe. Posteriormente, por meio de
modificações semânticas, ethos passou a ter o sentido de "caráter", "modo de
vida habitual".
Exemplos de Aplicação da Ética:

Se eu pretendo discutir os prós e contras sobre um tema, esse é um
debate “ético”.

Se eu faço uma mesa-redonda para discussão sobre em que condições o
aborto voluntário é aceitável ou se nunca o é, é um debate “ético”.

Se alguém chega a um local e afirma categoricamente que o aborto nunca
deve ser feito, esse é um mandamento “moral”.
Moral
A palavra tem origem no latim "mos", "moris", que possui significado muito
semelhante ao de "costume" ou "modo de se comportar regulado pelo uso".
Reflita e responda:
O que aconteceria se um grupo social não tivesse nenhuma regra interna de
convivência?
Por que há necessidade de estabelecer regras dentro de uma sociedade?
MORAL
Considerando moral o conjunto de regras de conduta do ser humano admitidas
em determinada época e em determinada cultura, podemos afirmar:
O ato moral exige a consciência crítica que estabelece exigências e prescrições
que reconhecemos como válidas para orientar nossa ação.
Imoral é o comportamento que transgride algumas normas morais. O indivíduo
imoral é aquele que normalmente em sua vida age moralmente, mas transgride,
ou desobedece, alguma regra moral em determinadas ocasiões.
Postura
não-moral
é
uma
avaliação
que
fazemos
suspendendo,
momentaneamente, nossos juízos ou julgamentos de valor moral. Isso ocorre,
por exemplo, quando avaliamos uma obra de arte.
Na maioria das vezes, ninguém vai condenar um quadro de um gênio da
pintura porque ele pintou algo que fere alguma regra moral daquela sociedade.
Porém, a Igreja Católica fez exatamente isso quando mandou pintar uma roupa
em cima dos nus dos afrescos da Capela Sistina, produzidos no século XV pelo
genial Michelangelo Buonarroti e que foram recentemente restaurados.
Também constatamos a necessidade de suspender o julgamento moral em
função
das
especificidades
de
várias
profissões.
Há
necessidade
de
temporariamente não julgarmos o outro, talvez não condená-lo moralmente em
profissões como médico, bombeiro, advogado, psicólogo, etc.
A pessoa amoral é aquela que não se interessa, e não se guia, por regra
nenhuma. Ela age sempre sem qualquer referência a valores externos de
conduta. É o chamado "homem sem princípios". É difícil acreditar, mas existem
pessoas assim. Na Psiquiatria clássica, são consideradas portadoras de um
transtorno de personalidade denominado psicopatia.
Não se devem confundir regras morais – regras verbais, não escritas – com leis,
que são regras formais, escritas e fazem parte da legislação.
No segundo caso, os comportamentos são legais, legalizados, desde que não
firam ou desobedeçam à legislação. Quando uma pessoa infringe uma lei, ela
está apresentando um comportamento “ilegal” ou “fora da lei”.
A ação ilegal é sempre numa primeira instância imoral, portanto, a ilegalidade é
mais grave do que a imoralidade. A punição para uma ação “ilegal” vai desde
uma simples multa até a prisão, podendo chegar à pena de morte em países
onde esse tipo de penalidade consta da Constituição.
.......... A ética em Aristóteles:
Sócrates tomou como própria a sentença do templo de Delfos: "Conhece-te a ti
mesmo". Desde então, a Filosofia não tem se ocupado somente da Cosmologia
e Metafísica.
Grandes filósofos se preocuparam com o "conhecer-se a si mesmo", pois
consideravam uma tarefa mais difícil e traiçoeira do que conhecer o mundo.
Por quê? Porque temos muitas dificuldades em nos debruçarmos sobre nós
mesmos e pesquisarmos como somos realmente.
Existem vários fatores internos, psicológicos, que podem estar presentes em
cada um de nós e que funcionam como uma barreira contrária ao
autoconhecimento.
A partir de Sócrates, a Filosofia girou em torno do campo da Ética e da reflexão
Moral. E Aristóteles é visto por muitos como o fundador da Ética, pois foi ele
quem começou a sistematizar as definições éticas, a partir da noção do grego
aretê = virtude ou excelência.
Para Aristóteles, a virtude não é dada totalmente de modo genético (herança
transmitida corporalmente pelos pais) nem cai do céu magicamente; não é um
sentimento nem uma capacidade inata.
Nascemos com uma capacidade para adquirir a virtude, que deve ser
desenvolvida pela prática, pelo "costume", ou seja, pela educação, pelo hábito.
Por isso, para Aristóteles, a virtude é uma disposição adquirida de fazer o bem.
Aristóteles tem uma Teoria da Virtude como Justo Valor
Ele não pretende eliminar o erro da ação humana, mas fazer com que o erro
seja o fundamento de uma ação cada vez mais acertada, mais virtuosa. Por
isso, fala em "virtude adquirida".
A ética pode ser prejudicada por alguns fatores como:
Coação
Quando há uma pressão, ou mesmo violência externa, de outra pessoa nos
obrigando a fazer algo que não queremos.
IgnorânciaQuando não se tem a menor idéia das conseqüências do que se está
fazendo. É não ter conhecimento das implicações da ação.
Critérios de moralidade
O filósofo suíço Jean Jacques Rousseau concebia o homem como naturalmente
bom, considerando a consciência moral algo inato. O que estragaria esses seres
maravilhosos seria a vida em sociedade, que os tornaria egoístas e perversos.
Mas Kant insurgiu-se contra a concepção de Rousseau. Para ele, não existe
bondade natural; por natureza somos agressivos, ávidos de prazeres e com
uma boa dose de crueldade. Por isso, devemos fundar uma moralidade não nos
sentimentos, que são absolutamente parciais e tendenciosos, mas na razão.
Kant foi o primeiro pensador a postular a razão como o único fundamento
capaz de criar um critério de moralidade universal, servindo para qualquer
cultura. De todas as nossas possibilidades, a racionalidade é aquela apta a ser
imparcial.
Em seu livro Crítica da Razão Prática, em que fundamenta a ética na
racionalidade, Kant escreve:
"Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre novas e
crescentes, quanto mais freqüentemente e com maior assiduidade delas se
ocupa a reflexão: O céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim".
É Kant também quem diz: "O homem é um animal capaz de ser racional”. Isto é,
se o homem tornar-se racional, a racionalidade o levará a uma boa vontade.
A seqüência desejo = vontade = razão = Imperativo Categórico = ação ética
instaura uma vida capaz de ser racional. Se o desejo é diferente da vontade,
para Kant, o homem deve guiar-se pela vontade. Se nesse caso, não se guia
pela vontade, há um sofrimento moral: a culpa moral.
Segundo Kant, a resolução do conflito desejo = vontade só será eticamente
resolvido se a razão autônoma triunfar, ou seja, se o Imperativo Categórico
controlar o desejo.
Uma das questões que Kant coloca é: O que devemos fazer?, contrapondo
“dever” a “poder”. É claro que podemos fazer muita coisa. Mas será que
devemos satisfazer todos os nossos desejos desenfreadamente? Que critérios
devemos usar para decidir qual ação realizar?
Esse será o ponto de partida do debate das teorias éticas e morais de Kant.
Autonomia
Em grego, auto = próprio e nomos = lei. Vale dizer, a regra determinada pelo
próprio eu, sem negar a influência externa e as regras culturais.
Por exemplo, uma pessoa recebe uma ordem dos seus pais, para fazer a
Faculdade de Medicina, porque é a tradição da família. Depois de muito
deliberar, ela resolve não fazê-la, pois não tem a mínima vocação para isso. Se
ela obedecesse seria heterônoma, mas, como foi autodeterminada, é autônoma.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778)
Nascido em Genebra, na Suíça, mudou-se para a França em 1742, onde
escreveu suas grandes obras filosóficas políticas, que o transformaram num
dos mais famosos inspiradores dos ideais presentes na Revolução Francesa. Em
suas obras, defende a idéia da volta à natureza, a excelência natural do
homem, bem como a necessidade do contrato social – um de seus clássicos, Do
Contrato Social – para garantir os direitos da coletividade.
Capaz de ser racional
Quando afirma que o homem é capaz de ser racional, em vez de afirmar que o
homem é racional, Kant quer dizer que a razão não é o ofício de todos os
homens, só porque nasceram homo sapiens. Somos capazes de nos tornarmos
racionais. Mas precisamos nos esforçar para isso, precisamos buscar a razão.
Isso soa estranho para a maioria das pessoas hoje em dia. É que a cultura atual
vive o império do desejo, da satisfação imediata do desejo. E Kant prega
exatamente o contrário.
Conflito desejo = vontade
Desejo é um querer emocional, sem racionalidade. Uma emoção que se impõe,
impulsivamente, com toda força interna e exige uma realização imediata. Uma
emoção forte ligada à paixão, e, portanto, não resulta de escolha racional.
Se escolhermos algo a partir do desejo, será uma opção irracional. Seguir um
desejo sempre que ele se manifesta pode resultar na negação das regras
morais, pois o desejo não cumpre regras.
Já vontade é um querer racional. Consiste na atuação da razão numa escolha,
numa decisão. Quando temos um desejo e ele vai contra o que acreditamos ser
bom para nós, bloqueamos racionalmente a manifestação desse desejo. Esse é
o conceito de controle, é o autodomínio, fundamentado na razão. É uma força
de vontade de dentro de nós para fora.
Chamamos de repressão a força externa à pessoa que coage a sua ação,
modificando-a ou inibindo-a. Essa força exterior pode ser a sociedade,
empresa, autoridade, pessoas próximas, família, etc.
APÓS A LEITURA DO TEXTO, RESPONDA
Como
você avalia a importância da Ética na vida do Arquiteto e como essa
postura poderá ajudar a sociedade?
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