Alexandra Akemi Tanaka de Matos Pesquisa de Mercado para Inserção de Novos Produtos: Um estudo aplicado no varejo alimentício. Faculdades Rio-Grandenses Porto Alegre 2010 Pesquisa de Mercado para Inserção de Novos Produtos: Um estudo aplicado no varejo alimentício Resumo Este artigo versa sobre a pesquisa desenvolvida para a Ker Alimentos, empresa fabricante de salgados, que atua como fornecedora para lanchonetes direcionadas ao segmento C e D, a qual deseja atender também ao varejo alimentício dedicado às classes A e B. Com base na literatura estudada foi sugerida uma Pesquisa Qualitativa Exploratória Descritiva visando conhecer o comportamento do consumidor organizacional e também do consumidor final do segmento A e B, na cidade de Porto Alegre. A pesquisa descreveu o cliente como bem informado, que valoriza uma alimentação saudável, optando por produtos menos calóricos. Aprecia também a experiência do sabor, exigindo variedade e qualidade acima, até, do preço. Essas demandas exigem dos fornecedores que desejam atender a esse segmento do varejo especial atenção em relação à qualidade dos salgados, tanto quanto ao sabor como à aparência, bem como à pontualidade e flexibilidade na entrega dos pedidos. Essas questões são informações relevantes a serem consideradas para o desenvolvimento de uma nova linha de produtos a ser lançada para o público A/B. Palavras-Chave: Marketing, Comportamento do Consumidor, Alimentação Rápida. Abstract This article focuses on the research developed for Ker Foods, manufacturer of salt, which acts as a supplier for cafeterias directed the segment C and D, which also want to meet the food retailer dedicated to classes A and B. Based on literature study has suggested an exploratory descriptive qualitative research aiming at understanding the organizational behavior, and also the consumer behavior of segment A and B in Porto Alegre. As results of the study identified the preferences and information relevant to the development of a new line of products to be launched to the public A/B. The research described the client as well informed, that values a healthy diet by choosing lowercalorie products. Also appreciates the experience of flavor, demanding variety and quality up, even the price. These demands require suppliers who wish to serve this segment of retail special attention with respect to the quality of snacks, both for flavor and appearance, as well as the timeliness and flexibility in the delivery of applications. These questions are relevant information for consideration in the development of a new line of products to be launched to the public A/B. Keywords: Marketing, Costumer Behavior, Fast Food. 1. Introdução Há muitas décadas percebeu-se a demanda por refeições rápidas, demanda esta que ainda é crescente, pois cada vez mais pessoas têm buscado otimizar seu tempo com soluções que tornem a vida mais prática tais como, encontrar alimentos para o consumo imediato. Inserido neste cenário o mercado de alimentação em Porto Alegre tem mostradose bastante promissor devido a sua capacidade de absorver novas empresas. O número de bares, lancherias e cafeterias na cidade aumentaram, em contrapartida, a necessidade de diversificação e a redução do espaço destes estabelecimentos dificultam a produção de todos os itens oferecidos no cardápio. A solução para estas empresas tem sido a terceirização. Em face disso foi criada a Ker Alimentos voltada para o segmento de lanches, que atua fornecendo salgados prontos e congelados para revenda no segmento C/D. Com vistas ao crescimento da Empresa, observou-se como oportunidade atender também ao público A/B. No entanto seria necessária a elaboração de uma linha de salgados diferenciada: para um público mais exigente. Para tanto foi desenvolvida uma pesquisa exploratória qualitativa junto a cafeterias e bares que atendem a esse públicoalvo para identificar as necessidades e preferências tanto dos varejistas, quanto de seus clientes. Isto é, conhecer o comportamento organizacional e do consumidor final de classe A/B, a fim de buscar informações estratégicas para criar uma nova linha de salgados para atender da melhor forma possível a esse mercado. 2. Fundamentação Teórica A essência do marketing é o desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam voluntariamente de transações destinadas a trazer benefícios a ambos (CHURCHILL, 2003). “Podemos definir o marketing como o processo social e gerencial através do quais indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam, criando e trocando produtos e valores uns com os outros.” (KOTLER, 1998) O Composto de Marketing ou Marketing Mix inclui produto, preço, praça e promoção alinhada ao mercado-alvo como caminho para obter melhores resultados. Kotler (1995) define produto como qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado para atenção, aquisição, uso ou consumo, e que possa satisfazer a um desejo ou necessidade. Produto e tudo o que uma pessoa recebe, seja favorável ou desfavorável, em uma relação de troca. Já o preço é o que é dado em troca para adquirir um produto ou serviço. De maneira típica preço é o dinheiro trocado pelo produto ou serviço (LAMB JR. ET AL, 2004, p. 559). Conforme Kotler (2000) o preço e o elemento do mix de marketing que produz receita. De acordo com Churchill (2003) a distribuição de bens e serviços envolve levar os produtos até os clientes, de forma eficiente e eficaz. Os produtos devem estar disponíveis para os clientes no momento e no lugar onde eles querem comprá-los, de modo a criar uma troca que ofereça valor. Lamb Jr., et al (2004) acrescentam que atacadistas varejistas auxiliam os fabricantes na distribuição de produtos aos usuários finais. Enquanto a promoção visa fornecer as informações que consumidores e compradores organizacionais precisam saber antes da aquisição de um produto, tais como: o que e o produto, como ele proporciona valor e onde pode ser encontrado. Outro conceito importante na fundamentação deste estudo é o comportamento do consumidor. Conhecer como os consumidores tomam decisões de compra e como utilizam e descartam mercadorias e serviços adquiridos. O estudo do comportamento do consumidor também inclui a analise dos fatores que influenciam as decisões de compra e o uso do produto. (LAMB JR. ET AL, 2004). O comportamento do consumidor vem se tornando cada vez mais importante, pois ele possibilita às empresas compreender e identificar os desejos e as necessidades do consumidor quando busca algum produto ou serviço. Dessa forma, as organizações podem tomar decisões que possibilitem ações mais focadas naquilo que o consumidor realmente está procurando, para assim conseguirem se estabilizar e obter lucro em seu ramo de atuação. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) este conceito inclui as ações diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos de decisão que precedem e seguem estas ações. Estão relacionadas ao estudo do comportamento do consumidor questões como a cultura, sexo, idade, classe social, grupos de referência, estilo de vida, percepção, motivações, crenças e atitudes entre outros fatores que influenciam no processo de decisão de compra. O processo de decisão do consumidor do consumidor individual ou final é um conjunto de etapas seguindo do reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra. Kotler (1998) afirma que o reconhecimento da necessidade, coincidente com o inicio do processo de compra, ocorre quando o consumidor percebe a diferença entre seu estado atual e um estado desejado. Ele sabe que há um problema a ser resolvido, que pode ser pequeno ou grande, simples ou complexo. Para Lamb Jr, Hair e Mc Daniel (2004) o reconhecimento da necessidade acontece no momento em que o consumidor enfrenta um desequilíbrio entre a condição real e a desejada. Schiffman e Kanuk (2000) ressaltam que o processo de busca de informações pode ser tanto interno, recuperando o conhecimento na memória, ou talvez, nas tendências genéticas; quanto externa, coletando informações entre os pares, familiares e no mercado. O que determina a extensão e a profundidade da busca são as variáveis como personalidade, classe social renda, tamanho da compra, experiências passadas, percepção da marca e satisfação dos consumidores. A avaliação de alternativas é o processo através do qual o consumidor analisa os benefícios considerados importantes em relação aos custos de transação, nesta etapa o indivíduo busca identificar a compra que lhe trará mais valor. (CHURCHILL, 2003). No momento em que é concluída a busca de informações e é selecionado um conjunto de produtos alternativos, o consumidor está pronto para tomar uma decisão. Através do uso das informações armazenadas na memória do consumidor obtidas de fontes externas, é desenvolvido um conjunto de critérios que o ajudarão a avaliar e comparar as alternativas. (LAMB JR. ET AL, 2004). “Depois de considerar as opções possíveis, os consumidores podem fazer uma compra. Essa etapa de decisão da compra inclui decidir fazer ou não a compra e, no primeiro caso, o que, onde, quando comprar e como pagar.” (CHURCHILL, 2003, p. 150). Sheth, Mittal e Newman (2001), subdividem este processo em três etapas. A primeira etapa ocorre quando o cliente identifica a sua escolha. A etapa seguinte consiste na formação da intenção de compra, que os autores explicam como “fazer uma anotação mental, colocar o item na lista de ‘coisas a fazer’”. E por último ocorre a implementação da compra, que envolve as tarefas de busca do vendedor, o pagamento pelo produto ou serviço, transferência de direito ou título, ganhar posse do produto ou compromisso de serviço do vendedor. Após a aquisição de um produto, ocorre uma avaliação formal ou informal do resultado da compra, onde os consumidores consideram se ficaram satisfeitos com a experiência da compra e com o bem ou serviço que adquiriram. Para os profissionais de marketing essa fase é decisiva, pois, se um consumidor tiver repetidamente experiências favoráveis com determinada marca, poderá desenvolver lealdade a ela. (CHURCHILL, 2003). Conforme Schiffman e Kanuk (2000), o grau de análise pós-compra depende da importância da decisão pelo produto e da utilização do produto. Conforme Kotler (2000), empresas são responsáveis por produzir bens e serviços que por sua vez serão utilizados por outras organizações. Desta forma o comportamento de compra organizacional é diferente do consumidor individual. Para Sheth, Mittal e Newman (2001) uma aquisição de insumos é de grande importância, pois também deve ser considerada uma função estratégica. Quando o bem ou serviço não supre a necessidade da empresa de modo satisfatório, isto acarreta, em muitos casos, em prejuízo financeiro e de tempo. Segundo Churchill e Peter (2003) uma característica do mercado organizacional é apresentar um número menor de compradores em relação ao mercado doméstico. Em contrapartida, realizam pedidos com valores bem mais elevados em relação a esses consumidores. O estreito relacionamento entre fornecedores e clientes empresa tem entre as características peculiares: alto grau de responsabilidade das decisões, a existência de uma especialização de papéis, a formalização no processo de compra, capacidades internas da empresa compradora, assim como a complexidade de suas exigências. Churchill e Peter (2003) concluem que as decisões de compra são tomadas por indivíduos que, geralmente, respondem a alguma outra pessoa (chefe ou acionista). Por precisarem justificar que esta escolha trará o melhor resultado para a empresa em comparação a outros fornecedores, as decisões devem ser tomadas de forma altamente racional. Sheth, Mittal e Newman (2001) acrescentam que, com o objetivo de manter ou incrementar o valor obtido por meio das aquisições, muitas organizações, avaliam suas compras através de auditorias internas e externas. As empresas podem estudar a viabilidade econômica de produzir determinado item internamente em vez de comprá-lo de um terceiro. Mesmo a empresa optando por adquiri-lo de um terceiro, a capacidade interna para produzir algo pode ser utilizada de forma a obter vantagens na negociação com o fornecedor desse item. (SETH, et al, 2001) Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), a complexidade envolvida em um processo de compra aumenta à medida que há um grande número de dimensões de desempenho e características do produto ou serviço a serem avaliadas. A complexidade das exigências dos clientes durante o processo de compra pode ser justificada por diversas variáveis. O processo de tomada de decisão para compras envolve um grande número de indivíduos: técnicos, gerência, entre outros. Assim sendo, os fornecedores precisam fazer inúmeros contatos para manter um relacionamento consistente e superar a concorrência. (KOTLER, 2000) Os compradores organizacionais tomam suas decisões considerando diversos critérios, entre os quais podemos destacar: critérios econômicos, de qualidade e de serviços. O preço é um critério importante para a decisão de compra para as organizações que operam para obter lucro, Churchill e Peter (2003). No entanto, algumas organizações comparam os custos de compra em relação aos benefícios auferidos, estabelecendo assim uma análise de valor do bem a ser adquirido. À medida que os benefícios proporcionados forem capazes de gerar melhorias de produtividade e ampliação de lucros, a organização estará disposta a pagar um pouco mais pelo bem. As empresas adquirem produtos e serviços para o uso de seus funcionários e clientes que ofereçam valor agregado superior ao oferecido por seus concorrentes, ou seja, produtos que apresentem um desempenho melhor a custos totais mais baixos. (SETH et al, 2001). Segundo Churchill e Peter (2003) para que a satisfação dos critérios de qualidade seja realizada é necessário que o fornecedor tenha o conhecimento do que os seus clientes estão procurando em seu produto. A partir de então, garantir-lhes de que, as soluções que os clientes buscam sejam entregues no nível de qualidade desejável e que não haverá defeitos. Os autores também destacam que se caso o bem apresentar problemas, a organização deve ser capaz de solucioná-lo o mais rápido possível para que não prejudique o relacionamento. Muitas organizações estabelecem um procedimento no qual possam avaliar diversas medidas de desempenho de seus potenciais fornecedores, formalizando assim, os processos para sua decisão de compras. Os procedimentos adotados são o preenchimento de um formulário no qual são considerados pontualidade de entregas; qualidade do produto; preço; condição de pagamento; uso de tecnologia de ponta e atribuído um determinado peso a cada uma delas. (CHURCHILL e PETER, 2003). Robinson Faris & Wind (apud Kotler, 2000, p.225) apresentaram o processo de compra organizacional através de oito estágios que denominaram fases de compra. Os oito estágios estão presentes para a situação de compra de nova tarefa e serão detalhados a seguir. Considerando recompra modificada ou simples, alguns estágios podem ser suprimidos. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2005), o reconhecimento de uma necessidade surge a partir da diferença entre a situação atual e o estado desejado e ultrapassa certo nível ou limiar. Os autores também consideram que essa necessidade deve ser importante o suficiente e estar dentro dos meios do consumidor para que seja ativada alguma ação. Descrição da Necessidade Geral Após o reconhecimento do problema, Kotler (2000) afirma que os compradores devem definir os atributos gerais do bem a ser adquirido assim como sua quantidade. Para essa etapa, Sheth, Mittal e Newman (2001) afirmam que a organização deve definir as especificações técnicas do produto a ser adquirido. Após a definição da especificidade do produto, os compradores avaliam os fornecedores existentes no mercado através de listas, catálogos, feiras, recomendações, consultas pela internet. Com base nessas informações, os compradores identificam os fornecedores com boa reputação no mercado e selecionam os que consideram qualificados para prosseguir o processo. (KOTLER, 2000) Conforme Sheth, Mittal e Newman (2001), depois de definidos os fornecedores, a empresa compradora solicitará cotações de preço a fornecedores que considere apropriado. As propostas formais, além de apresentar uma descrição detalhada a respeito do produto, devem ser consideradas também como documentos de marketing e não somente um documento técnico. Devem ser apresentados os recursos e as capacidades da empresa para que se transmita confiança e tenha destaque frente a outros concorrentes. (KOTLER, 2000), Segundo Kotler (2000), as organizações especificam os atributos esperados dos fornecedores assim como sua importância relativa para a decisão. Tais atributos geralmente envolvem preço, qualidade, assistência técnica entre outros e variam de acordo com a situação de compra. Conhecimento dos atributos é fundamental para que os profissionais de marketing conduzam melhor seus esforços para a venda. Sheth, Mittal e Newman (2001) acrescentam que as organizações também procuram negociar no sentido de redimir variações técnicas entre uma proposta e outra dos fornecedores em questão. Após ter selecionado os fornecedores, o comprador especificará a forma final do pedido detalhando informações técnicas, quantidades requeridas, prazo de entrega, política de devolução, termos de garantia, etc. (KOTLER, 2000) Conforme Sheth, Mittal e Newman (2001), após a realização da compra, a empresa se certifica de que o contrato de compra está sendo cumprido conforme estabelecido e que usuários e compradores satisfizeram suas necessidades. A organização compradora prossegue com um contínuo monitoramento de desempenho do fornecedor selecionado com o intuito de alterar o que for necessário, prosseguir com o relacionamento ou encerrá-lo. (KOTLER, 2000) Atualmente, os clientes individuais e organizacionais estão cada vez mais exigentes. Para conquistá-los e mantê-los é fundamental o conhecimento de sua percepção de valor para manter as ofertas devidamente alinhadas. Conforme Kotler (2000), o valor total para o cliente é o conjunto de benefícios que os clientes esperam de um determinado produto ou serviço. O custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os consumidores esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço, valor entregue ao cliente é a diferença entre o valor total para o cliente e o custo total para o cliente. (KOTLER, 2000). Rossi e Slongo (1998) sustentam a idéia de que a satisfação é cumulativa. A satisfação reflete a experiência total de consumo com um produto ou serviço. Dessa forma a satisfação estará intimamente ligada ao consumo pós compra também. Para Kotler (2000) a satisfação é função de desempenho e expectativas percebidos. Se o desempenho está longe das expectativas o resultado será a insatisfação. Se o desempenho atende às expectativas o resultado será a satisfação. Se o desempenho supera as expectativas o resultado será um cliente muito satisfeito ou até mesmo encantado. 3. Metodologia Este artigo apresenta um estudo para a Empresa Ker Alimentos. Foi realizada uma pesquisa Qualitativa Exploratória Descritiva buscando identificar as necessidades de um determinado segmento de mercado. O levantamento de dados teve como instrumento um roteiro de perguntas abertas aplicado através de entrevistas individuais. Conforme Malhotra (2006) a pesquisa de marketing visa identificar, coletar, analisar e disseminar informações de forma sistemática e objetiva e seu uso tem como objetivo a melhorar a tomada de decisões relacionadas à identificação e solução de problemas. “É a investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de dados com o objetivo de descobrir ou descrever fatos e de verificar e existência de relações presumidas ente fatos referentes ao marketing de bens serviços e idéias.” MATTAR (2001, p. 15) Malhotra (2006) classifica uma pesquisa em duas etapas: exploratória e conclusiva. Segundo o autor, a pesquisa exploratória tem como principal objetivo o fornecimento de critérios sobre a situação-problema enfrentada pelo pesquisador e sua compreensão. Alguns objetivos que justificam a utilização da pesquisa exploratória: auxiliar a desenvolver a formulação mais precisa do problema da pesquisa; familiarizar e elevar o conhecimento e a compreensão do problema de pesquisa; esclarecer conceitos; auxiliar no estabelecimento do projeto final de pesquisa e, por fim, estabelecer prioridades para futuras pesquisas. Segundo Silva (2001) a pesquisa exploratória é de natureza claramente aplicada, pois os conhecimentos gerados dirigem-se para a aplicação prática, ou seja, a solução do problema, através de pesquisa bibliográfica e documental, e entrevistas não estruturadas com funcionários da empresa e com o mercado. Segundo Roesch (1996, p. 145), o método exploratório ou qualitativo é uma pequena amostra, mas com grande envolvimento dos participantes, o pesquisador a partir de suas experiências busca entender a forma com que o entrevistado interpreta as situações experimentadas. Slongo e Rossi (1998) complementam afirmando que nesse método de entrevista as pessoas entrevistadas sentem-se mais confortáveis, pois as entrevistas são feitas individualmente. De acordo com Malhotra (2006) a pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema, enquanto a quantitativa quantifica os dados e aplica alguma análise estatística. Apenas informações qualitativas são insuficientes para oferecer as respostas que podem ser proporcionadas por uma pesquisa quantitativa. No entanto, os dados qualitativos proporcionam uma série de informações e insights importantes a respeito do tema pesquisado. Segundo Churchill (1987) a pesquisa descritiva objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la. Nesse sentido, apesar de estar interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretálos, não tem a obrigação de explicá-los, embora sirva de base para tal explicação. De acordo com Malhotra (2001), a pesquisa descritiva da como certo que o pesquisador possui conhecimento prévio a respeito da situação-problema, devendo saber exatamente o que pretende com o estudo: quem ou o que deseja medir, quando e onde o fará, como o fará e por que devera fazê-lo. A pesquisa descritiva dispõe a descrever características, ou funções do mercado. Esse tipo de levantamento é marcado por uma formação previa de hipóteses especificas: um estudo pré-planejado e estruturado, enunciado claro do problema, bem como por necessidades detalhadas de informações. 3.1. Público Alvo Segundo Las Casas (2005) a escolha do público alvo é o resultado da segmentação de mercado, é ele quem determinará freqüentemente o composto de marketing. As empresas entrevistadas foram escolhidas por julgamento, conveniência e disponibilidade. Foram selecionadas empresas voltadas para o público A e B de Porto Alegre, consideradas como clientes potenciais para a Ker Alimentos que atuam no varejo alimentício para o público A/B. Os nomes dos entrevistados não serão divulgados a pedido da Ker Alimentos para não comprometer os objetivos estratégicos da empresa. 3.2. Método de Coleta de Dados da Pesquisa Qualitativa Foram realizadas entrevistas individuais seguindo um roteiro semi-estruturado com perguntas abertas. O objetivo deste tipo de entrevista é deixar o entrevistado à vontade, permitindo ao entrevistado expor a sua opinião sobre o assunto com a mínima influência possível do entrevistador. As entrevistas foram realizadas seguindo o roteiro a seguir: Solicitar ao entrevistado para citar os atributos mais apreciados pelos clientes que compram salgados. Falar a respeito das reclamações mais freqüentes. Solicitar ao entrevistado para citar os sabores mais vendidos. Quais os tipos de salgados oferecidos. Entre os salgados não oferecidos, pedir para explicar porque o produto não é oferecido. Se a empresa produz os salgados ou compra de terceiros. Compra-se pronto ou semi-pronto. Verificar com o entrevistado se o cliente tem interesse em saber onde é produzido o salgado e se isto influencia na hora de escolher o produto. Solicitar ao entrevistado para enumerar os atributos importantes na hora de escolher um fornecedor. 4. Preço médio do salgado para o consumidor final. Resultados Esta seção tem como objetivo fazer a apresentação e análise dos resultados alcançados ao longo da aplicação da pesquisa. As entrevistas foram realizadas no período entre os dias 16 a 30 de setembro de 2009, e tiveram como objetivo identificar os atributos valorizados tanto pelo consumidor organizacional, como também pelo consumidor final pertencente às classes A e B na compra de salgados para lanche. Os entrevistados em questão são empresários deste segmento que além de falarem de suas preferências como comerciantes, também estão traduzindo a realidade de seu público consumidor. Foram entrevistados oito estabelecimentos, considerando que se trata de uma pesquisa qualitativa, com entrevistados selecionados por critério de julgamento e conveniência, tal número foi considerado adequado. Em um primeiro momento, foi solicitado que os entrevistados de um modo geral listassem quais os atributos mais apreciados pelos clientes na hora de comprar salgados. No que se refere à percepção da qualidade do produto verificaram-se as características mais apreciadas pelo consumidor final, tais como, características da massa, sabor, tamanho e aparência. Dentre as características da massa foi mencionada a preferência pela massa podre, por ser uma massa firme, mas que ao ser mastigada desmancha-se facilmente. Em relação ao tamanho, a preferência é pelos salgados pequenos, pesando em média 80 gramas. Entre os clientes que consomem o produto no horário da noite a preferência é por salgados maiores, pois estes substituem o jantar pelo lanche. A aparência do salgado, bem como a sua disposição no balcão, exercem grande influência na escolha pelo produto. Foi constatado que o cliente classe A/B não tem o costume de comunicar ao estabelecimento sua insatisfação em relação ao produto, porém esta insatisfação é percebida quando o cliente deixa o salgado no prato. Devido à falta de tempo e a uma rotina cada vez mais sobrecarregada, o consumidor não tem interesse em perder tempo com este tipo de discussão, apenas deixa de consumir. As reclamações que eventualmente ocorrem referem-se ao ponto do assado, clientes que consomem o mesmo tipo de salgado diariamente também comentam quando há diferenças no sabor do recheio, cuja possível causa seja uma falta de padronização do processo produtivo. Os sabores mais vendidos são frango com catupiri, frango com palmito, carne, carne com cheddar, calabresa com queijo, palmito, presunto e queijo. Entre os salgados oferecidos estão os elaborados com massas assadas, fazendo parte do mix de produtos dessas empresas as massas tradicionais como a massa podre, a massa de guaraná e as massas folhadas. Além das massas tradicionais também são oferecidos os salgados light, os salgados com recheio vegetariano e os salgados preparados com massa integral. Os salgados da linha light e integral são bastante apreciados pelos consumidores de classe mais elevada e os estabelecimentos que não os oferecem revelaram a necessidade de contratar fornecedores para este tipo de produto. Na linha light é oferecido o dog light e o strudel light, na linha integral os recheios mais vendidos são os de frango, frango com palmito e palmito. Na linha vegetariana foram encontrados salgados com os recheios de espinafre com ricota e quiche de legumes, ricota com brócolis, quatro queijos e mussarela de búfala com tomates secos. Os entrevistados, empresários do setor, afirmaram que não oferecem salgados fritos e não têm interesse em vender este produto por várias razões. Muitos dos estabelecimentos estão localizados em shoppings centers de Porto Alegre, em quiosques e não em lojas, razão pela qual o produto não pode ser preparado no local. Devido ao odor da fritura incomodar os outros lojistas e clientes dos shoppings, estes estabelecimentos teriam que arcar com toda uma estrutura de coifas e exaustores. Este tipo de investimento não é do interesse destas empresas por ser caro e por comprometer muito a estética tanto do estabelecimento como também a estética do shopping no qual estão inseridas. A conservação do produto também foi mencionada como motivo para as empresas não oferecerem frituras, pois já que não podem ser preparadas na hora, a empresa poderia adquiri-las prontas. Porém o produto perde a qualidade quando armazenado durante muito tempo na estufa e quando é aquecido no forno de microondas fica muito aquém da qualidade de um produto preparado recentemente. Os fatores citados nos parágrafos anteriores dizem respeito ao consumidor organizacional que se preocupa basicamente com aspectos operacionais. Outra razão deste produto não ser oferecido é por não haver interesse por parte dos clientes. O cliente atendido por estas empresas faz parte de um público que está cada vez mais informado a respeito das descobertas da medicina e dos efeitos nocivos que uma alimentação inadequada pode trazer no longo prazo. As pessoas, mesmo tendo cada vez menos tempo, buscam sempre que possível manter uma alimentação saudável, e na corrida do dia-a-dia, quanto mais saudáveis forem os lanches rápidos, mais prática e saudável torna-se a vida dos indivíduos. Ao estarmos inseridos em um mundo cada vez mais preocupado com a estética e com a saúde, este comportamento influencia fortemente na escolha dos lanches. Salgados assados são comprovadamente muito menos calóricos que os salgados fritos, por isso a preferência pelos alimentos assados em detrimento aos que passam pelo processo de fritura. Os entrevistados responderam que compram os salgados em vez de produzi-los. A razão como já foi comentado anteriormente é que as empresas não possuem espaço para confeccionar os salgados. Os fornecedores entregam o salgado pronto ou congelado para assar. Foram levantadas as vantagens de se comprar o salgado congelado, a primeira delas é que a operação de assar não provoca o odor desagradável causado pela fritura, pelo contrário o aroma dos salgados assando atrai os clientes. A estrutura e o investimento são viáveis bastante acessíveis e ocupam pouco espaço, pois para assar os salgados é necessário apenas possuir um forno elétrico. Os salgados podem ser assados em pequenas quantidades conforme são vendidos, isto ajuda a preservar as características dos salgados e permite a empresa oferecer aos clientes produtos sempre frescos sem correr o risco de haver desperdícios. Embora os clientes não tenham o hábito de exigir uma marca específica de salgados, os entrevistados afirmaram que divulgam e sinalizam através de displays e etiquetas a marca quando esta é reconhecida no mercado, pois acreditam que este tipo de comunicação influencia fortemente a decisão de compra. O pão de queijo foi citado como exemplo deste comportamento: ao saberem que este é fornecido por determinada empresa os consumidores acabam optando por adquiri-lo. Produtos light recebem o mesmo tratamento, incluindo na sinalização os valores calóricos de cada item. O reconhecimento da marca também é importante na hora de decidir por um fornecedor, é preferível trabalhar com empresas reconhecidas que já estão a bastante tempo no mercado. Saber que os concorrentes também compram deste fornecedor pesa na hora de fazer o primeiro pedido. Há uma preferência em trabalhar com empresas maiores, pois há garantia de maior padronização do produto e é mais fácil para estes fornecedores oferecerem melhores preços por que possuem uma grande carteira de clientes e podem negociar melhores preços com seus fornecedores e repassar esta vantagem aos seus clientes. Ao solicitarmos os atributos importantes na escolha de um fornecedor, os entrevistados apontaram a aparência, qualidade do produto, embalagem adequada, pontualidade da entrega, flexibilidade no recebimento dos pedidos, rapidez, marca e preço. No atributo aparência os salgados devem estar inteiros, não podem estar rachados, quebramos ou amassados, se estiverem nestas condições sequer serão recebidos pelas empresas. É muito importante que o produto chegue ao estabelecimento acondicionado em embalagens que garantam a conservação do produto, no caso dos congelados, estes deverão ser entregues em caixas térmicas, que podem ser retornáveis, minimizando assim os custos dos fornecedores, já que este tipo de embalagem é bastante caro. Ao escolher uma embalagem o fornecedor tem o dever de primar por manter a conservação do produto, pois além de ser uma exigência do cliente, também é uma exigência legal requerida pela Secretaria Municipal da Saúde, e tanto o fornecedor quanto o cliente poderão ser multados caso não a cumpram. Os compradores destas empresas valorizam a flexibilidade do fornecedor na hora de fazer os pedidos. Neste mercado é muito difícil prever com exatidão a demanda, um estoque previsto para durar um dia pode acabar em poucas horas deixando-os sem ter o que oferecer. Em razão disso as empresas que revendem salgados necessitam ter a facilidade de poder fazer o pedido a qualquer hora do dia. Associada à disponibilidade do fornecedor em receber estes pedidos de urgência está também à rapidez em entregálos: a segurança de que o produto estará no balcão no local e hora combinados. Pois quanto mais tempo o estabelecimento permanecer sem produto, maiores as chances de seus clientes ficarem insatisfeitos e buscarem outro local para consumir. Para manter a qualidade dos produtos muitas empresas fazem pedidos diários, por esse motivo a pontualidade da entrega é outro atributo importante na escolha de um fornecedor. Preço também foi um atributo mencionado nas entrevistas, O preço médio do salgado cobrado por estas empresas é de quatro reais. Considerando-se a preferência por salgados menores, o tamanho padrão para este nicho de mercado equivale à metade do tamanho padrão exigido pelo público da classe C, porém o preço de venda para o revendedor é o mesmo o que reverte em uma margem de lucro muito maior para o fabricante. 5. Conclusão Este trabalho foi desenvolvido tendo como objetivo desenvolver uma nova linha de salgados para atender a classe A/B na empresa Ker Alimentos Ltda. Verificou-se a possibilidade de atender esse novo segmento de mercado onde o produto possuiria um maior valor agregado. A empresa até então atende somente o segmento popular, conhece bem este cliente e por este mesmo motivo não pretende deixar de atendê-lo, porém foi constatado que é possível atender aos segmentos A e B desde que a empresa conheça as preferências deste perfil de cliente, incluindo uma nova linha para atendêlos. Com o objetivo de conhecer melhor as necessidades deste mercado foi elaborada uma pesquisa Exploratória Descritiva Qualitativa onde houve conversas com compradores e proprietários de empresas que a Ker Alimentos espera atender em um futuro próximo. Nestas entrevistas foi possível descobrir informações extremamente importantes a respeito do comportamento tanto do consumidor organizacional como também tomar conhecimento do comportamento de compra do consumidor final. Através da pesquisa foi possível constatar que o cliente final tem no consumo de salgados uma oportunidade de refeição rápida compatível com a rotina sobrecarregada, maximizando o tempo disponível. Este cliente é bem informado e valoriza uma alimentação saudável, optando por produtos menos calóricos. Aprecia também a experiência do sabor, exigindo variedade e qualidade acima, até, do preço. Essas demandas exigem dos fornecedores especial atenção em relação à qualidade dos salgados, tanto quanto ao sabor como à aparência, bem como à pontualidade e flexibilidade na entrega dos pedidos. As informações adquiridas através deste processo foram muito apreciadas pela Ker, alguns pontos os sócios não tinham conhecimento e em outros haviam apenas suposições tidas com base em impressões que os proprietários possuíam deste nicho de mercado e que com a aplicação das entrevistas foram confirmadas. A empresa pretende fazer uso das informações obtidas no desenvolvimento de um projeto piloto, onde será desenvolvida uma linha de quiches e tortas salgadas contendo massa integral oferecendo os recheios já consagrados pelo mercado, como também lançando recheios diferenciados, visando melhorar seu desempenho e buscando tornar-se uma empresa reconhecida no ramo da alimentação. A partir destes resultados a empresa terá subsídios necessários para o desenvolvimento de sua estratégia que é a de tornar-se referencia na fabricação e distribuição de salgados na região da grande Porto Alegre. Este plano poderá contemplar ações que irão muito além do desenvolvimento da linha de produtos light e integrais almejada pela empresa, poderá envolver também ações como a contratação da consultoria de uma nutricionista para auxiliar no desenvolvimento de novas receitas e de produtos exclusivos; treinamento constante da equipe de produção com o oferecimento de cursos de aperfeiçoamento; desenvolvimento de uma nova equipe de vendas que esteja habilitada e capacitada para comunicar-se com o público a ser atingido; continuar na busca constante por novos segmentos e nichos de mercado. Enfim, muitas poderão ser as ações e as possibilidades da Ker Alimentos Ltda. firmar-se no mercado. A pesquisa mostrou-se válida como o passo inicial para uma série de decisões importantes para definir o rumo que deverá ser tomado, cabe agora a empresa fazer uso das respostas alcançadas e dar continuidade ao trabalho. 6. 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