quemodectoma aórtico em canino – relato de caso

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QUEMODECTOMA AÓRTICO EM CANINO – RELATO DE CASO
ZIMPEL,Aline Veiga1; AGUIAR, Paulo Felipe1; ROSSATO, Cristina Krauspenhar2
Palavras-Chave: Tumor. Base do coração. Canino.
Introdução
O tumor do arco aórtico, também citado na literatura veterinária como tumor da base
do coração, quemodectoma ou paraganglioma, se origina de quimiorreceptores situados na
adventícia da aorta (MEUTEN, 2002).
Embora incomuns, os quemodectomas podem acometer cães e raramente gatos e
bovinos. Cães idosos e de raças braquiocefálicas, como boxer, bulldog e Boston terrier
apresentam maior incidência (MEUTEN, 2002). Apesar dos paragangliomas constituírem
tumores biologicamente extracardíacos, a típica localização na base cardíaca e os
consequentes transtornos cardiovasculares ocasionados, os caracterizam como neoplasias da
base do coração (TILLSON et al., 1994).
Os sinais clínicos são, na maioria das vezes, relacionados a insuficiência cardíaca
congestiva. A apresentação aguda é rara, mas quando ocorre se reflete em um quadro de
colapso cardíaco (MORRISON, 1998). Macroscopicamente, tumores de arco aórtico formam
grandes massas, de consistência firme e coloração esbranquiçada que cercam e comprimem
grandes vasos e átrios, especialmente a veia cava e átrio direito, causando obstrução mecânica
e insuficiência cardíaca (JONES et al., 1996; CAPEN,1998). Os quemodectomas podem ser
benignos (adenomas) ou malignos (carcinomas). Pequenos adenomas podem estar aderidos à
adventícia da artéria tronco pulmonar e da aorta ascendente ou incrustados no tecido adiposo,
entre estes vasos. Os carcinomas comumente infiltram-se pela parede da artéria tronco
pulmonar, formando projeções para o lúmen arterial ou invadem a parede atrial até o lúmen
da mesma. Embora as infiltrações decélulas tumorais para os vasos sanguíneos
possamacontecer, metástases para os pulmões e fígado são raras em cães com carcinoma do
arco aórtico (CAPEN, 1998; MEUTEN, 2002).
1
Acadêmicos Medicina Veterinária, Centro Ciências Saúde, Universidade de Cruz Alta
²Professora e Patologista do Curso de Medicina Veterinária, UNICRUZ. E-mail:
[email protected]
O objetivo deste trabalho foi apresentar as características clinico-patológicas de um
canino com quemodectoma aórtico.
Metodologia
Um canino, macho, da raça Rottweiler, de oito anos de idade, magro, foi atendido no
Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta com história clínica de apatia, se
alimentava pouco e com emagrecimento progressivo. O animal morreu e foi encaminhado
para necropsia, na qual foram coletados fragmentos do fígado, baço, rim, coração e massa
tumoral mediastínica, e fixados em formalina neutra a 10% e encaminhados para o laboratório
de Histotécnica da Universidade de Cruz Alta.
Resultados e discussões
O quemodectoma aórtico tem maior incidência em cães, principalmente as raças
braquicefálicas (MEUTEN, 2002), diferente da raça acometida nesse caso. Os sintomas
clínicos e diagnósticos diferenciais estão relacionados a qualquer alteração clínica ou
observados através de exames complementares referentes à insuficiência cardíaca,
frequentemente à direita, pode ser consequência de uma neoplasia do arco aórtico (CAPEN,
1998; CHIQUITO et al.,1998; MORRISON, 1998).
Segundo Vleet e Ferrans (1990) e Moura et al. (2006), os tumores da base do coração
são de tecidos extracardíacos, podendo acarretar obstrução vascular e insuficiência cardíaca.
Macroscopicamente observou-se o coração aumentado de tamanho, com presença de
uma massa irregular, endurecida no átrio esquerdo e direito (Figura 1 e 2), que levavam a uma
estenose aórtica (por compressão) e das veias pulmonares. Também havia uma grande massa
na região do mediastino, de consistência endurecida. Assim como Jones et al. (1996) e Capen
(1998) relatam que macroscopicamente tumores de arco aórtico formam grandes massas de
consistência firme e coloração esbranquiçada que cercam e comprimem grandes vasos e
átrios, especialmente na veia cava e átrio direito, causando obstrução mecânica e insuficiência
cardíaca, no entanto, nesse relato não houve sinais clínicos da insuficiência cardíaca, como
tosse, dispnéia, vômitos, diarréia, fraqueza, distensão abdominal, letargia ou cianose
(MORRISON, 1998; BEMENT et al., 2005; MOURA et al., 2006). No baço haviam vários
nódulos arredondados avermelhados e amarelo-esbranquiçados. O fígado apresentava-se
aumentado de tamanho, com acentuação no padrão lobular.
Figura 1 – Massa branca e
firme na base do coração.
Figura 1 – Superfície de
corte: Massa branca e firme
na base do coração.
Microscopicamente, na massa do mediastino e miocárdio haviam lóbulos divididos
por trabéculas proeminentes de tecido conjuntivo originados da cápsula fibrosa que circunda a
massa tumoral. As células tumorais eram arredondadas e poliédricas com citoplasma
eosinofílico, finamente granular. Os achados microscópicos concordaram com o que foi
relatado por Torres et al. (2008) e Capen (1991), que afirma afirma que o citoplasma destas
células geralmente se apresenta ligeiramente eosinofílico. Os núcleos apresentavam
pleomorfismo e anisiocariose acentuados, cromatina com grumos grosseiros e nucléolos
proeminentes, circundando finos septos de colágeno e pequenos capilares. Células gigantes
mononucleadas e fendas de colesterol também foram encontradas. No miocárdio havia
invasão tumoral vascular formando êmbolos. No baço e no fígado havia invasão metastática
desprovida de cápsula e septos, nestes locais o tumor era localmente infiltrativo e
histologicamente semelhante às massas cardíaca e mediastínica. Segundo CAPEN (1998) e
MEUTEN (2002), embora as infiltrações de células tumorais para os vasos sanguíneos
possam acontecer, metástases para os pulmões e fígado são raras em cães com carcinoma do
arco aórtico.
Conclusão
Os achados macro e microscópicos estão de acordo com os descritos para
quemodectoma aórtico. Lembrando que estes tumores não são funcionais e prejudicam o
coração devido à pressão no átrio, veia cava ou ambos, em função de seu tamanho. O paciente
pode ser assintomático, sendo o tumor encontrado em exames radiográficos de rotina ou como
achados de necropsia.
Referências
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Tumors
in
Dogs
and
Cats.
Disponível
em:
http://www.vet.uga.edu/VPP/clerk/bement/index.php.
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