REVISTA INTERDISCIPLINAR A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, órgão oficial de divulgação da Faculdade NOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ for NOVAFAPI School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology. La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, órgano oficial de divulgación de la Facultad NOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la producción científica de las diferentes áreas del saber que sea de interés de las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN Diretora/Head/Directora Cristina Maria Miranda de Sousa Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico Maria Eliete Batista Moura [email protected] Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Membros/Members/Miembros Ana Maria Ribeiro dos Santos Claudete Ferreira de Souza Monteiro Fabrício Ibiapina Tapety CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL Ana Maria Escoval Silva Universidade Nova de Lisboa - Portugal Antônia Oliveira Silva UFPB Adriana Castelo Branco de Siqueira UFPI Carlos Alberto Monteiro Falcão Faculdade NOVAFAPI Eucário Leite Monteiro Alves Faculdade NOVAFAPI Gerardo Vasconcelos Mesquita Faculdade NOVAFAPI/UFPI Gillian Santana de Carvalho Mendes Faculdade NOVAFAPI Luis Fernando Rangel Tura UFRJ Maria do Carmo de Carvalho Martins Faculdade NOVAFAPI/UFPI Maria do Socorro Costa Feitosa Alves UFRN José Nazareno Pearce de Oliveira Brito Faculdade NOVAFAPI Norma Sueli Marques da Costa Alberto Faculdade NOVAFAPI Paulo Henrique da Costa Pinheiro Faculdade NOVAFAPI Roberto A. Medronho UFRJ Telma Maria Evangelista de Araújo Faculdade NOVAFAPI/UFPI Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses Faculdade NOVAFAPI Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario: Secretária/Secretary/Secretaria: Capa/Cover/Capa: Editoração/Lay-out/Diagramación: Tiragem/Number of Issues/Tiraja: Projeto/Project/Projecto: Francisco Renato Sampaio da Silva Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira Primeira Imagem - www.pimagem.com.br Primeira Imagem - www.pimagem.com.br 500 exemplares Faculdade NOVAFAPI Revisão dos Resumos/Abstract Review/Revisión de Resumen Inglês/English/Inglês: Espanhol/Spanish/Español: Harold Marwell de Oliveira Ellyda Fernanda de Sousa Oliveira R454 Revista Interdisciplinar [publicação da] Faculdade NOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação v.4, n. 1, 2011. Teresina: Faculdade NOVAFAPI, 2011 Trimestral ISSN 1983-9413 Saúde Ciências Humanas Tecnologia CDD 613.06 Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Revista Interdisciplinar NOVAFAPI • Teresina-PI ISSN 1983-9413 v. 4, n. 1, 2011. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A produção do conhecimento na área de História da Enfermagem........................................................................ 5 La producción del conocimiento en el área de Historia de la Enfermería The knowledge production in the area of nursing history Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de porto alegre................................................... 9 Nursing staff and the companion in the childbirth at a public hospital in Porto Alegre Equipo de enfermería y el acompañante en el parto en un hospital público de Porto Alegre Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa, Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha, Sandra Marina Gonçalves Bezerra Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem..........................................................................................................................................................................................14 Prevalence of pressure ulcers in bedridden registered at the Family Health Strategy: a nursing study La prevalencia de úlceras por presión en cama registrados en la Estrategia de Salud de la Familia: un estudio de enfermería Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa, Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha, Sandra Marina Gonçalves Bezerra Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica.......................................19 Prevalence of anxiety disorder and depression in patients candidates for bariatric surgery Prevalencia de trastorno de ansiedad y depresión en pacientes candidatos a cirugía bariátrica Marina Stela de Sousa Monteiro, Gustavo de Sousa Santos Transtorno bipolar de humor: percepção familiar......................................................................................................................................................25 Bipolar disorder: family perception El transtorno bipolar: la percepción de la familia Jéssica de Carvalho Cardoso, Thamires Albuquerque de Carvalho, Márcia Astrês Fernandes Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí..............................................................30 The process of establishment and development of a private higher institution of education in Piauí Proceso de implantación y desarrollo de una instituición de enseñaza universitaria privada en Piauí Francisco Antônio Alencar, Dênio Mágno 3 SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí.............................................................................................................................................37 History and memory of tuberculosis in Teresina-Piauí Historia y memoria de la tuberculosis en Teresina-Piauí Adrielly Caroline Oliveira, Daniel Coelho Farias, Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose........................................................................................................45 Brazilian scientific production analysis about tuberculosis mortality Análisis de la producción científica brasileña sobre mortalidad por tuberculosis Ilana Maria Lobão Corrêa Feitosa, Lucíola Galvão Gondim Corrêa Feitosa A dor torácica na sala de emergência: uma revisão da literatura..............................................................................................................................50 Thoracic pain in emergency room: a review of literature Dolor torácico en sala de emergencia: una revisión de la literatura Ana Maria Chaves Ferreira, Maria Zélia Araújo Madeira NORMAS PARA PUBLICAÇÃO...............................................................................................................................................................57 PUBLISHING NORMS.............................................................................................................................................................................60 NORMAS PARA PUBLICACIÓN.............................................................................................................................................................63 FICHA DE ASSINATURA.........................................................................................................................................................................66 4 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A produção do conhecimento na área de História da Enfermagem Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Enfermeira.Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade NOVAFAPI. A partir da década de 1980 os estudos sobre a Enfermagem e sua inserção no processo histórico se iniciaram no Brasil numa perspectiva critica, desvendando posturas assumidas pela profissão ao longo dos anos. Esse conhecimento histórico construído tem crescido e se revelado como uma maneira de percepção e análise da profissão ao longo do tempo. A incursão da Enfermagem nessa área foi possível em decorrência da ampliação dos estudos históricos no contexto geral, a partir do paradigma da “Historia Nova”, que estendeu a História para além de seus antigos limites, e passou a dar ênfase a toda atividade humana no processo de constituição da história, destacando a memória dos indivíduos como uma das fontes para construção do saber histórico. A preservação da memória da Enfermagem está intrinsecamente relacionada ao trabalho de documentação, pois nas fontes documentais encontra-se a presença do passado. Elas são importantes porque permitem que os acontecimentos não se percam, tornando possível à realização dos estudos históricos. Na enfermagem é preciso valorizar o trabalho de documentação para a preservação da memória da profissão, pois ainda é comum o descarte de documentos sem que os seus significados sejam identificados e registrados. A inexistência de documentos dificulta por demais o trabalho dos pesquisadores que na maioria das vezes ao desenvolverem seus estudos tem que concomitantemente realizarem o trabalho de organização das fontes documentais. A produção do conhecimento sobre história da enfermagem vem crescendo e atualmente se desenvolve nos núcleos de pesquisas, nos programas de pós-graduação, nos cursos de bacharelado e cada vez mais se fortalece com publicações em livros e revistas indexadas, configurando-se como uma área de conhecimento na enfermagem. Assim, paulatinamente a Enfermagem descortina o seu passado e mostra, por exemplo, às lutas das enfermeiras pioneiras para viabilizarem seus projetos políticos, a profissão na interface do contexto social em que atua e as forças sociais que nos diferentes contextos históricos possibilitaram a enfermagem avançar ou recuar, tornar-se ou não, sujeito das transformações da profissão. Esses estudos são importantes, porque ajudam a elaborar novas sínteses sobre a profissão, na perspectiva dos membros dessa categoria, de forma crítica, consciente e, portanto como sujeitos da própria história. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.5, Jan-Fev-Mar. 2011. 5 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL La producción del conocimiento en el área de Historia de la Enfermería Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Enfermeira. Doutora Enfermería. Profesor Programa de Posgrado Máster Enfermería, Universidad Federal de Piauí (UFPI). Coordinador de Investigación y Estudios de Posgrado de Facultad NOVAFAPI. 6 A partir de la década de 1980 los estudios sobre la Enfermería y su inserción en el proceso histórico se iniciaron en Brasil bajo una perspectiva crítica, señalando posturas asumidas por la profesión a lo largo de los años. Ese conocimiento histórico construído ha crecido y se ha revelado como una manera de percepción y análisis de la profesión a lo largo del tiempo. La incursión de la Enfermería en esa área fue posible gracias a ampliación de los estudios históricos en el contexto general a partir del paradigma de la “Historia Nueva”, que extendió la Historia más allá de sus antiguos límites y empezó a poner énfasis a toda actividad humana en el proceso de constituición de la historia, destacando la memoria de los indivíduos como una de las fuentes para la construcciónde lo saber histórico. La preservación de la memoria de la Enfermería está de manera intrínseca relacionada al trabajo de documentación , pues en las fuentes documentales se encuentran la presencia del pasado. Ellas son importantes porque permiten que los sucesos no se pierdan, posibilitando la realización de los estudios históricos. En la Enfermería es necesario valorizar el trabajo de documentación para la preservación de la memoria de la profesión, pues todavía es común desechar documentos sin que sus significados sean identificados y registrados. La inexistencia de documentos torna demasiado difícil el trabajo de los investigadores que la mayoria de las veces para desarrolar sus estudios tienen que llevar a cabo al mismo tiempo el trabajo de organización de las fuentes documentales. La producción del conocimiento sobre la historia de la enfermería sigue creciendo y actualmente se desarrolla en los centros de investigación, en los programas de posgrado, en las licenciaturas y cada vez más se fortalece con publicaciones en libros y revistas indexadas, configurándose como un área de conocimiento en la Enfermería. Así, poco a poco la Enfermería revela su pasado y muestra, por ejemplo, las luchas de la enfermeras pioneras para viabilizaren sus proyectos políticos , la profesión en la interfaz del contexto social en que actua y las fuerzas que los diferentes contextos históricos posibilitaron a la enfermería avanzar o regresar, tornarse o no, objeto de las transformaciones de la profesion. Esos estudios son importantes, porque ayudan a elaborar nuevas síntesis sobre la profesión, en la perspectiva de los miembros de esa categoría, de modo crítico, consciente y, por lo tanto como sujetos de la propria historia. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.7 Jan-Fev-Mar. 2011. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL The knowledge production in the area of nursing history Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Enfermeira.Doutora Nursing. professor Program Graduate Master Nursing, Federal University of Piauí (UFPI). Coordinator of Research and Graduate Studies of Faculty NOVAFAPI. From the decade of 1980 the studies about Nursing and its insertion in the historical process began in Brazil in a critical perspective, revealing assumed postures by profession through the years. This historical knowledge built has grown and revealed itself as a way of perception and profession analysis through the time. The Nursing incursion in this area was possible in consequence of historical studies enlarging in the general context, from the paradigm “New History”, that extended History farther on their antique limits, and started to give emphasis to all human activity in the history’s construction process, demarking the individual’s memory as a spring to the construction of historical knowing. The preservation of the Nursing memory is intrinsically related to the documentation work, whereas in the springs is found the presence of the past. They are important because they permit that the events don’t get lost, become possible to the realization of the historical studies. In Nursing it is needed to value the documentation work to the memory preservation of the profession, so it is still common the document discarding without its meaning be identified and registered. The inexistence of documents that difficult too much the work of the researchers that most of time at developing their studies has to realize the organization work of the documental springs. The production of knowledge about the Nursing history is growing and currently develops itself in the research nuclei , in the programs of post-graduation, in Bachelor courses and every time strengths with publications of books and indexed magazines, configuring as an area of Nursing knowledge. Thus, sluggishly Nursing uncovers its past and show, for instance, the fight Pioneer nurses to make feasible its political projects, the profession in the interface of social context in which acts and the social strengths that in the different historical contexts made possible the Nursing advance or goes back, become or not, subject of the profession transformations. These studies are important, because they help to elaborate new synthesis about the profession, in the member’s perspective of this de category, of critical form, aware and, therefore subject of the history itself. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.8, Jan-Fev-Mar. 2011. 7 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto Alegre Nursing staff and the companion in the childbirth at a public hospital in Porto Alegre Equipo de enfermería y el acompañante en el parto en un hospital público de Porto Alegre Lilia Silva Paz Enfermeira de Saúde Pública da Rede Municipal de Saúde de Porto Alegre-RS-Brasil, Aluna de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica da UNISINOS, São Leopoldo-RS-Brasil. E-mail:liliajgt@ hotmail.com Lísia Maria Fensterseifer Professora Orientadora, Doutora, Docente do Curso de Enfermagem Obstétrica da UNISINOS, São Leopoldo-RS-Brasil. E-mail:[email protected] RESUMO Os objetivos do presente estudo são identificar como ocorre na prática a participação do acompanhante durante o parto; analisar as vivências relatadas pela equipe de enfermagem sobre a participação do acompanhante no parto; e caracterizar os sujeitos da pesquisa segundo idade, sexo,categoria profissional, formação profissional e tempo de serviço. É um estudo exploratório com abordagem qualitativa, realizado em um hospital público de Porto Alegre-RS com a participação de 18 profissionais de enfermagem, utilizando-se para coletas de dados entrevistas semi-estruturadas, analisadas pelo método de análise de conteúdo. Emergiram as categorias: equipe de enfermagem vivenciando a participação do acompanhante durante o trabalho de parto e parto; acompanhante participando do processo do parto, e a subcategoria: preparo do acompanhante e da parturiente; legislação e ações da equipe obstétrica; estrutura e organização do centro obstétrico. Percebe-se o esforço da equipe de enfermagem para superar medo, ansiedade e despreparo em relação à presença do acompanhante, havendo muito para ser feito, como o envolvimento dos profissionais médicos e da instituição de saúde. Descritores: Humanização do parto. Acompanhantes de pacientes. Conhecimentos, atitudes e prática em saúde. Equipe de Enfermagem. ABSTRACT The objectives of this study are Identify how occurs the participation of the companion in childbirth; analise the experiences related by the nursing staff about the participation of the companion in the childbirth; and caracterizing the subjects of the research second age, sex, professional category, professional formation and time doing the job . It is a exploratory study with qualitative approach, realized at in a public hospital in Porto Alegre - RS with the participation of 18 professionals of nursing using for data collections, semi structured interview, analyzed by the method of analysis of content. Emerged the categories: nursing staff, experiencing the companion participation during the childbirth; companion participating of the child birth, and the subcategory : preparation of the companion and the parturient; laws and action of the obstetric staff ; structure and organization of the obstetric center. Perceives the efforts of the nursing staff to overcome its fears, anxiety and unpreparedness related to the companion presence, having a lot to the done, like the involvement of the medics and the health institutions. Descriptors: Humanizing delivery. Patient’s companion. Health knowledge, attitudes, practice. Nursing team. RESUMEN Submissão: 18/08/2010 Aprovação: 20/10/2010 Los objetivos de este estudio son identificar como ocurre en la práctica, la participación del acompañante durante el parto; analizar las vivencias relatadas por el equipo de enfermería sobre la participación del acompañante en el parto, y caracterizar los sujetos de la investigación según idad, sexo, categoría profesional, formación profesional y tiempo de servicio. Es un estudio exploratorio con abordaje cualitativo, realizado en un hospital público de Porto Alegre-RS contando con la Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011. 9 Paz, L. S. ; Fensterseifer, L. M. participación de 18 profesionales de enfermería. Utilizó, para la recolección de datos, entrevistas semi-estructuradas, analisadas por el método de análisis de contenido. Las categorías que emergieran fueran: equipo de enfermería, vivenciando la participación del acompañante durante el trabajo de parto y parto, acompañante participando del proceso del parto, y la subcategoría: preparo del acompañante y de la parturiente, legislación y acciones del equipo obstétrico, estructura y organización del centro obstétrico. Percibiese por el esfuerzo del equipo de enfermería para superar el miedo, la ansiedad y des preparo en relación a la presencia del acompañante, teniendo mucho a sé hacer, como el involucramiento de los profesionales médicos y de la institución de salud. Descriptores: Humanización del parto. Acompañante de pacientes. Conocimiento, Actitudes y prácticas en salud. Equipo de enfermería. 1 INTRODUÇÃO A presença de um acompanhante no trabalho de parto e no parto é incentivado pelas políticas públicas de saúde, observada na Lei nº 11.108, de 07 de abril de 2005, que garante as parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 2005). O cumprimento desta Lei exige uma reorganização dos serviços e dos profissionais de saúde, pois a presença do acompanhante de escolha da parturiente é uma intervenção comportamental que mobiliza a opinião dos profissionais de saúde e do acompanhante (BRÜGGEMANN et al, 2005). O acompanhamento à parturiente proporciona experiências positivas no processo do nascimento. Conforme Célia (1998), a presença do pai, ou a presença de um acompanhante terapeuta no parto, possibilita que a parturiente divida sua responsabilidade, suas angustias, inseguranças e medos. Os medos e angústias da parturiente devem sempre ser considerados pela equipe de enfermagem que assiste esta mulher. O atendimento de enfermagem diminui a probabilidade de avaliações negativas da experiência do parto, de sentimentos de tensão durante o trabalho de parto e de considerá-lo pior do que o esperado (RICCI, 2008). Os profissionais de saúde têm um papel importante no processo do nascimento, devem colocar seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do bebê, reconhecendo momentos críticos em que suas intervenções são necessárias para assegurar a saúde de ambos (BRASIL, 2003). Os dados de vários países em desenvolvimento indicam que a mortalidade materna é mais baixa em países onde existe uma alta proporção de partos atendidos por pessoal qualificado. No Brasil, os profissionais legalmente habilitados para realizar o parto são o médico, a enfermeira, a enfermeira obstétrica e a obstetriz (parteira profissional). À enfermeira, não especializada em enfermagem obstétrica, cabe realizar o parto sem distócia, sem episiotomia e episiorrafia (DOTTO; MAMEDE, 2008). Em estudos que analisaram resultados obstétricos mostraram que, quando as enfermeiras realizam a assistência ao parto, ocorrem menos intervenções, e os resultados finais são melhores do que os produzidos pela assistência médica convencional (DOTTO; MAMEDE, 2008). O trabalho da enfermeira apareceu subordinado ao médico, evidenciando-se uma divisão técnica e social do trabalho de assistência ao parto, de cujas decisões a enfermeira não participa, ou seja, o trabalho da enfermeira entra como instrumento do trabalho do médico. Essa subordi10 nação deve-se ao fato de tais enfermeiras não especializadas em obstetrícia tenderem a olhar a parturiente como o médico, sob o enfoque da doença (SODRÉ; LACERDA, 2007). A enfermeira obstetra é um profissional apropriado para o acompanhamento da gestação e parto normal de baixo risco. Estudos realizados na Inglaterra e Estados Unidos demonstraram que os partos assistidos pelas enfermeiras obstetras apresentam menores índices de cesarianas, de uso de fórceps, de indução do parto, controle eletrônico do foco e menor freqüência do uso de medicamentos (CASTRO; CLAPIS, 2005). Muitas vezes a própria enfermeira tem medo de ousar, sentindo-se insegura na sua atuação temendo julgamento dos outros, e que para conquistarem autonomia, as enfermeiras precisam se colocar como protagonistas do processo, acreditando nas suas capacidades de humanizar a assistência ao parto (CASTRO; CLAPIS,2005). Este estudo enfoca a realidade da assistência de enfermagem à parturiente, contribuindo para o processo de humanização das práticas obstétricas nos hospitais públicos. Sendo assim, os objetivos desta pesquisa foram: identificar como ocorre na prática a participação do acompanhante durante o parto; analisar as vivências relatadas pela equipe de enfermagem sobre a participação do acompanhante no parto e caracterizar os sujeitos da pesquisa segundo idade, sexo, categoria profissional, formação profissional e tempo de serviço na área obstétrica. 2 MÉTODO Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa, realizado em um hospital público materno-infantil de Porto Alegre - RS. Os sujeitos da pesquisa foram 18 profissionais de enfermagem que prestavam assistência durante o trabalho de parto e parto, sendo quatro enfermeiras, nove auxiliares de enfermagem e cinco técnicas de enfermagem. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas, sendo utilizadas para análise as etapas de análise de conteúdo orientada por Gomes (2010). Assim, a análise do material coletado ocorreu em três etapas. Na pré-análise houve transcrição das gravações, releitura do material e organização dos depoimentos. A exploração do material deu-se pelo reconhecimento, identificação e agrupamento das unidades temáticas. Desse processo surgiram as seguintes categorias de análise: a equipe de enfermagem vivenciando a participação do acompanhante durante o trabalho de parto e parto; o acompanhante participando do processo do parto, sendo que nesta categoria uma subcategoria que foi o preparo da acompanhante e da parturiente; legislação e ações da equipe obstétrica; estrutura e organização do centro obstétrico. Por fim o tratamento dos dados obtidos e a interpretação ocorreram com a articulação dos temas,dos objetivos, questões e pressupostos do estudo. A pesquisa obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do referido hospital conforme protocolo nº 33/10. Os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As recomendações da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foram observadas durante toda a pesquisa. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os sujeitos deste estudo foram 18 profissionais de enfermagem, que prestam atendimento no centro obstétrico estudado. Todas particiRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011. Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto Alegre pantes foram do sexo feminino, com idade média de 46 anos. Quanto à categoria profissional, quatro são enfermeiras obstétricas, cinco técnicas de enfermagem e nove auxiliares de enfermagem. O tempo de experiência profissional na área obstétrica variou entre quatro a 25 anos. É importante ressaltar que, na rotina desta instituição os profissionais de enfermagem que trabalham na assistência ao trabalho de parto e parto não realizam partos, mesmo tendo enfermeiras obstétricas no seu quadro de profissionais. 3.1 A Equipe de Enfermagem Vivenciando a Participação do Acompanhante Durante o Trabalho de Parto e Parto. Para que haja humanização na assistência ao parto, é preciso que a equipe seja preparada para esta nova relação com a clientela, numa desconstrução de sua postura autoritária (CARVALHO,2003). A postura autoritária mostrou-se presente na fala de uma das enfermeiras, quando se referiu à equipe dizendo que eles sentiam-se ameaçados pela presença do acompanhante: A dificuldade era em lidar com a equipe de trabalho, com auxiliares de enfermagem, com médicos que me pareciam sentirem-se ameaçados pela presença daquela pessoa estranha no território que é só nosso, criando até coisas que não existiam pra dificultar a presença do familiar, isto me deixava bem triste, tinham dias que eu saia daqui bem chateada (E-06). A postura receosa manifestada por parte de alguns profissionais na inserção do acompanhante no processo do nascimento, pode ser justificada por não ter havido um preparo específico para a equipe acerca da presença do mesmo. Segundo Soares et al (2010)a presença do acompanhante pode gerar medo e ansiedade relacionados à incerteza e preocupações relativas à observação de como a parturiente está sendo assistida. Não saber lidar com uma situação nova no cotidiano do trabalho pode gerar os sentimentos de medo e ansiedade que Soares et al (2010) apontam, veremos isto nos seguintes relatos das enfermeiras. No início foi uma coisa um pouco razoável, porque a gente não sabia lidar com o familiar, não sabia o que a gente tinha que fazer. Então passamos por tudo isso e tiramos o nosso perfil, e agora tudo se encaixa tranquilamente (E-12). Eu acho o que nos tornou receoso assim, vamos dizer com medo, é que a gente não sabia qual era a reação, parecia que era um monte de GNUS entrando centro obstétrico a dentro,...antes o paciente era muito nosso.Então era uma coisa mais fria, eu acho que na hora da chegada, na hora da partida, tu tem que estar com as pessoas que tu conhece (E-12.) No estudo realizado, no centro obstétrico de uma maternidade em Campinas-SP foi constatado que, a superação das expectativas negativas dos profissionais de saúde, em relação ao acompanhante, ocorreu após a percepção de que não houve alteração da assistência e da rotina hospitalar, pois não houve limitação, restrição ou alteração na conduta dos profissionais envolvidos na assistência ao parto (BRÜGGEMANN ET AL, 2005). A Resistência inicial da equipe de enfermagem para aceitação do novo modelo de assistência transpareceu nos dizeres da enfermeira e da técnica de enfermagem. Com relação a nós equipe não estava acostumado a ter alguém assim do lado. Claro que no início foi um pouco difícil, teve um pouco de resistência, mas depois acabamos aceitando. Até porque, quando precisa fazer algum procedimento que a gente não se sente a vontade com eles ao lado, se pede que eles aguardem na salinha de espera, e eles aguardam, eu particularmente não gosto de puncionar com familiar junto...no mais, não me incomodo do familiar junto (E-09). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011. A participação deles não atrapalhou em nenhum momento. Por mais que tivessem abraçado, contaminado o campo, batido na mesa, desmaiado, de eu olhar e (perguntar) tu não é o familiar da moça que estava no parto normal?(resposta do acompanhante) é que eu nunca vi uma cesárea. Por mais que tenha acontecido tudo isso, de qualquer maneira agora a gente ri.Então acabou nos construindo melhor (E-12). Os profissionais de saúde reconhecem que o apoio dos acompanhantes gera sentimentos positivos na paciente (BRÜGGEMANN et al, 2005). A valorização da participação do acompanhante é reconhecida pela equipe podendo-se observá-la nas manifestações das profissionais de enfermagem. É fundamental para segurança e tranqüilidade da paciente, para evolução do trabalho de parto, é sensacional a presença do acompanhante. (E-07). Eu acho importante, acho que é um avanço que a gente esta tendo (E-09). Acho importante o acompanhante, eu acho uma hora muito difícil, ainda mais quando é uma experiência nova, primeira gestação, acho importante o apoio do familiar, porque nesta hora tu ta num hospital, só pessoas estranhas na tua volta (E-08). 3.2 O Acompanhante Participando do Processo do Parto. Os profissionais de saúde estão percebendo mudanças positivas desencadeadas pela presença do acompanhante no processo do nascimento. No estudo de Brüggemann et al (2005) o acompanhante foi visto como um dos aspectos da humanização do parto, levando os profissionais de saúde a repensar o significado do nascimento. No presente estudo evidenciamos também, o que o autor acima encontrou. As técnicas de enfermagem assim falaram: Antigamente, quando eu entrei aqui, eram gritos, gritos, hoje em dia, não se vê mais paciente que berra, acho mais tranqüilo ... elas tão mais tranqüilas, bem mais confiantes, menos ansiosas, elas sabem que o trabalho de parto é demorado, o familiar também sabe...o trabalho flui mais no pré-parto, o familiar fica ali dando a mão, ajudando, estimulando, fica na cabeceira dando apoio pra ela (E-03). Para as pacientes tem sido bom, muito bom, porque elas se sentem mais seguras, por mais que tenha assistência de enfermagem: enfermeira, auxiliares, e médicos, elas querem enxergar um familiar seu, se sentem assim perdidas naquele momento.E melhorou bastante a condução do trabalho de parto... melhorou porque eles participam desde o início do trabalho de parto (E-17). Houve relatos de que algumas parturientes apresentam comportamento inadequado na presença do acompanhante, pois ficam dengosas, mimadas. A opinião dos profissionais, pode refletir a expectativa de um comportamento passivo da parturiente, conveniente à equipe de saúde e à instituição, como referiu também Brüggemann et al (2005) em seu estudo. Em outro estudo, é colocado que o acompanhante deve ser preparado para poder acompanhar com tranqüilidade o processo do parto, e não ser um instrumento de controle de comportamentos (CARVALHO, 2003). A mesma situação, relatada pelos autores, aflorou na presente pesquisa, identificada nas colocações das profissionais de enfermagem. Algumas pacientes ficam até um pouco dengosas ou mais queixosas quando tem um familiar (E-11). Tem outras que continuam em cima da cama, tem umas que machucam o acompanhante com mordidas, arranhões...(E-12). Também algumas pacientes que ficam mais manhosas, quando o familiar ta junto, elas solicitam mais, se queixam mais, geralmente quando é o marido de repente, ela ta querendo que o marido valorize tudo aquilo que ela ta passando (E18). 11 Paz, L. S. ; Fensterseifer, L. M. Nas urgências, os profissionais podem perceber o acompanhante como um parceiro, apesar da tensão sentida pela sua presença. No estudo de Brüggemann et al( 2005), os profissionais referiram que em situações de urgência, a presença do acompanhante gera ansiedade,mas isto não interferiu na forma de como a assistência foi prestada, pois o profissional concentrou sua atenção na parturiente. Disse uma técnica de enfermagem: Quando há uma complicação...foi uma cesárea, o bebê não nasceu bem, quando a gente viu o familiar tava ali em volta, naquela angústia, e a equipe toda envolvida com o bebê e não viu(ele)...ele foi uma pessoa bem coerente, graças a Deus, ele viu que a gente estava na correria, todo mundo envolvido em recuperar o bebê, então ele ficou ali parado...e a equipe médica também tensa...mas depois tudo ficou bem, o bebê ficou bem, e ele agradeceu, e entendeu tudo o que aconteceu...é um pouco difícil na hora da correria, mas a gente se acostuma...(E-09). quando a paciente é maior, eles não deixam, a não ser que incomodem muito, que faça bafo lá na frente, aí eles até deixam, mas não são todas as pessoas, não sei como é que vai ser agora com a lei (E-16). Depois de muitos anos trabalhando na obstetrícia, eu achei ótimo que isso seja lei, porque nosso país é muito grande, muitas diversidades, muitas culturas, eu acho que precisa de uma lei mesmo pra obrigar (E-07). Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), os profissionais de saúde desempenham um importante papel no processo do nascimento, tendo a oportunidade de colocar seu conhecimento a serviço do binômio mãe-bebê. Podem minimizar a dor, ficar ao lado, dar conforto, esclarecer, ajudar no trabalho de parto e parto. A equipe de enfermagem faz este preparo, como observamos nas expressões das técnicas de enfermagem. “Desde o início tento prepará-las para a dor...tu sabes que a tendência até o bebê nascer é que vai doer, a gente tenta explicar pra elas (E-01)...tu ta ali, dá conforto... tu dá a mão, tudo o que elas querem, elas querem esta em contato, tendo alivio (E-03). 3.2.1 Preparo do Acompanhante e da parturiente. As entrevistadas do presente estudo revelaram que as parturientes e seus acompanhantes, não estão sendo preparados adequadamente no pré-natal, pois muitos vivenciam medo, angustia, falta de esclarecimento sobre o trabalho de parto e parto. Um estudo realizado numa maternidade em Fortaleza, também relata que os acompanhantes não estão sendo orientados e preparados previamente para desempenhar o seu papel na sala de parto, pela falta de compreensão do trabalho de parto e a importância do suporte emocional(SOARES et al,2010). Foi dito por uma técnica de enfermagem: Eu vejo que eles estão muito despreparados, não existe uma preocupação no pré-natal...os familiares não participam do pré-natal, então eles não sabem muito bem o que é um trabalho de parto, então tudo assusta eles. Se está perdendo liquido assusta, se sai sangue assusta mais , tem que explicar que trabalho de parto é assim mesmo, que as dores não vão diminuir...aí, eu questiono o que ensinam no pré-natal (E-16). A equipe de enfermagem tem um papel importante na preparação e no apoio ao acompanhante e à parturiente para que tenham uma vivência mais humanizada no trabalho de parto e parto. No estudo de Soares et al (2010), a equipe de enfermagem não reconhece como sua, a responsabilidade pela orientação e treinamento do acompanhante, embora o faça na prática. A respeito disso, a enfermeira falou: Ele atrapalha em algumas circunstâncias, quando ele não sabe, e não foi instruído sobre qual é o papel dele, isto também é papel da enfermeira que recebeu o acompanhante, tem tempo pra disponibilizar, orientar sobre qual a importância dele ali, o que ele pode, e o que ele não pode, isto acontece tranqüilo, às vezes acontece tumulto porque não é esclarecido (E-07). 3.3 Legislação e Ações da Equipe Obstétrica. A medicina foi transformada pela sociedade capitalista numa estratégia de controle social, e o saber médico transformou a arte de curar em poder de curar (CASTRO; CLAPIS, 2003). E, Sodré; Lacerda (2007) diz ainda que, a enfermeira apresenta seu trabalho subordinado ao médico, sendo caracterizado como instrumento de trabalho do médico. Em alguns depoimentos das participantes deste estudo, percebe-se que a enfermagem ainda não tem autonomia para realizar práticas de humanização no processo do parto, devido a hegemonia médica, ou pela não adequação da maternidade às necessidades das parturientes. “A única enfermeira que usa essa coisa de humanização, parto humanizado, é a enfermeira da manhã, eu não sei se é por causa da lei. Essa a gente diz, se tiver gato até cachorro ela deixa passar junto, independente se for menor, ela deixa passar todo mundo” (E-16). 3.4 Estrutura e Organização do Centro Obstétrico. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), os hospitais apresentam algumas resistências em modificar suas “rotinas” em obstetrícia e poucos são os que têm um mínimo de condições e instalações, por exemplo, para receber um acompanhante da gestante do SUS em trabalho de parto ou garantir sua privacidade. O ambiente físico do centro obstétrico pode ou não contribuir ou facilitar a presença do acompanhante. A fala da enfermeira mostra este aspecto: No hospital, o nosso problema é a área física...precisa passar por reforma, mas como é um hospital público, isto é mais complicado,...porque a gente precisa dar área física pra ele (acompanhante), que não tem conforto, eles não tem espaço prá botar uma cadeira do lado do leito, ele fica em pé, a gente não tem banheiro, o banheiro é no térreo (o centro obstétrico é no 10º andar) (E-07). De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), é importante que os profissionais de saúde transformem sua prática na direção de uma relação mais humanizada e segura, onde o parto possa ser resgatado como o momento do nascimento, respeitando todos os seus significados e devolvendo à mulher o seu direito de ser mãe com humanidade e segurança. Em algumas entrevistas, percebe-se que entre as profissionais de enfermagem não existe um conhecimento uniforme sobre a Lei do Acompanhante, provocando ações contraditórias a uma prática humanizada no processo do nascimento. As falas assim o demonstram: Estudo semelhante ao nosso, realizado com pais em uma maternidade pública do Rio de Janeiro coloca que, em situações de lotação dos leitos disponíveis, a falta de privacidade impedia a presença dos pais que retornavam à sala de espera, e que depois de muitas horas de espera, desistiam e se retiravam (CARVALHO, 2003). As entrevistas possibilitaram que a equipe de enfermagem abordasse a falta de privacidade das parturientes, pois mesmo tendo os leitos separados por cortinas, quando o pré-parto encontrava-se lotado, os companheiros eram impedidos de permanecer ao lado delas. E não são todos que tem esse direito ao acompanhante, não sei agora com a função da lei como é que vai ficar?A princípio aqui é só quando são menores, É, tem pacientes que querem a presença do familiar, mas quando esta muito cheio com vários pacientes, o tamanho não é suficiente, o quarto é muito peque- 12 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011. Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto Alegre ninho, uma coisinha de nada, tem as cortinas que separam, mas é muito apertadinho.(E-04).Conforme a demanda do serviço esta lotado, esta muita correria, a gente pede pros familiares realmente saírem, porque a gente se perde (E-12). Alguns profissionais referiram-se sobre a importância de ter uma estrutura física e organização adequada do centro obstétrico para a realização de uma assistência humanizada, mas evidenciaram que as mudanças mais importantes devem envolver os profissionais de saúde. Para o acompanhante se sentir acolhido, ele se sentir melhor aceito, respeitado...vendo que existe uma área restrita, que ele pode ficar mais a vontade, que existe uma roupa diferenciada,...a presença dele foi preparada...no entanto a reforma mais importante, fundamental, é a reforma de nós pessoas que trabalhamos neste lugar...então é uma reforma muito mais difícil do que a reforma física, que também é gritante, a reforma de nós trabalhadores do centro obstétrico ( E-06). O acompanhante que esta disposto a assistir o parto, ele não enxerga nada disto, ele não quer saber se não tem banheiro, se tem cadeira.Ele quer ta ali com o familiar dele, e na verdade é isto que importa pra ela é a presença, e pra eles é isto que eles querem é ta junto ( E-07). Percebe-se com os depoimentos, que a equipe de enfermagem muito tem contribuído para a humanização da assistência neste centro obstétrico, estimulando à presença do acompanhante durante o trabalho de parto e parto, mas a enfermeira obstétrica pode e deve ampliar sua prática profissional, como a realização de partos normais. Mas para isso, os profissionais médicos e a instituição também devem compreender que a enfermeira obstétrica é uma profissional especializada, integrante da equipe de saúde, que muito tem a contribuir no processo do nascimento. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Participaram do estudo, 18 profissionais integrantes da equipe de enfermagem do centro obstétrico, enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem, todas com experiência na área obstétrica. Os seus depoimentos demonstraram que o centro obstétrico está se adequando a nova legislação. Evidenciaram também que não houve um preparo inicial da equipe de saúde à presença do acompanhante no centro obstétrico, manifestada pela angústia, medo, resistência, e desconhecimento sobre a Lei do Acompanhante. Mostraram haver atitudes contraditórias às práticas humanizadas ao parto e trabalho de parto, como por exemplo: permitir somente o acompanhante nos turnos diurnos e no caso da parturiente ser menor de 18 anos. As profissionais de enfermagem demonstraram que estão mais sensibilizadas com as propostas de humanização da assistência ao nascimento, mas ainda encontram barreiras as suas práticas devido à falta de autonomia da enfermeira, a hegemonia médica e a não adequação da instituição ao novo modelo de assistência preconizada pelas políticas públicas de saúde. A ambigüidade institucional ficou clara em algumas entrevistas, pois aderiu a política de humanização ao parto e trabalho de parto, mas não realizou as mudanças necessárias na estrutura física e organizacional, para assegurar uma assistência humanizada no nascimento. A falta de protocolos assistenciais que garantam uma prática obstétrica humanizada baseada em evidências científicas, onde a enfermeira obstetra possa realizar partos normais é um outro aspecto que envolve a instituição, e que precisa ser observado. A presença do acompanhante no processo do nascimento é uma prática que favorece a humanização da assistência, provocando mudanças positivas: na parturiente, como segurança, conforto e vínculo com o seu meio familiar; na equipe, por estimular a reflexão da sua prática obstétrica e na instituição por favorecer a revisão de seu modo de gestão da assistência de saúde. Assim sendo, espera-se que este estudo contribua para o repensar das práticas da assistência de enfermagem obstétrica, onde a parturiente e seu acompanhante sejam protagonistas no processo do nascimento. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. p. 199. DOTTO, L. M. G.; MAMEDE. M. V. Atenção qualificada ao parto: a equipe de enfermagem em Rio Branco, Acre, Brasil. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 2, p.331-8, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2005/ Lei/L11108.htm>. Acesso em: 08/07/2010. GOMES, R. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M.C.S. et al. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. Cap. 4. p.79-108. BRÜGGEMANN, O.M.; OSIS, M.J.D.; PARPINELLI, M.A. Apoio nascimento: percepção de profissionais e acompanhantes escolhidos pela mulher no parto. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n.1, p.1-9, fev. 2007. MINAYO, M.C.S. et al. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. p.108. CARVALHO, M. L. M. Participação dos pais no nascimento em maternidade pública: dificuldades institucionais e motivações dos casais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, (Sup. 2), p.389-398, 2003. RICCI, S.S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.712. CASTRO,J.C.;CLAPIS, M.J. Parto humanizado na percepção das enfermeiras obstétricas envolvidas com a assistência ao parto. Rev.Latino-Am Enfermagem, Ribeirão Preto,v.13, n.6, p.960-7, 2005. SOARES, R. et. al; A Parturient´s companion and their relationship with the nursing team: a qualitative study. Online Brazilian Journal of Nursing. North America, 9 jun. 2010. Available at: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/2867. Date accessed: 15 Apr. 2011. CELIA, S. Saúde mental da criança. In: VANZIN, A.S; NERY, M.E.S. Atenção integral à saúde da criança:um enfoque epidemiológico. Porto Alegre: RM&L, 1998. Cap. 8, p.103-114. SODRE, T. M.; LACERDA, R. A. O processo de trabalho na assistência ao parto em Londrina - PR. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 1, p.82-89.2007. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011. 13 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem Prevalence of pressure ulcers in bedridden registered at the Family Health Strategy: a nursing study La prevalencia de úlceras por presión en cama registrados en la Estrategia de Salud de la Familia: un estudio de enfermería Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa Graduanda em enfermagem pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí. Teresina (PI), Brasil. Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha Graduanda em enfermagem pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí. Teresina (PI), Brasil. Sandra Marina Gonçalves Bezerra Mestre em enfermagem, Professora da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí. Teresina (PI), Brasil. Diretora Geral da Unidade Integrada de Saúde do Parque Piauí. Teresina (PI), Brasil. Rua regeneração, 290 Apt. 1001 ed. Mondrian Ilhotas Teresina-Pi 64001690. email: sandrabezerra@ novafapi.com RESUMO Estudo descrito com abordagem quantitativa, com o objetivo de estimar a prevalência de úlceras por pressão (UPP) e investigar as características sócio-demográficas, clínicas e o risco para desenvolvimento de lesão em pacientes acamados sob assistência domiciliária na Estratégia Saúde da Família de Teresina. Foram avaliados 30 pacientes, com idades entre 18 a 108 anos; 80% idosos, 76,7% sexo feminino, 70% cor parda, 86,7% analfabetos, 44,90% hipertensão e 20,41% diabetes. 50% dos pacientes acamados por doenças degenerativas, 59,99% apresentavam risco para UPP. A prevalência de UPP foi de 13,33% e 40% destas em estágio I, sendo que as regiões anatômicas de maior ocorrência foram: sacro coccígea (70%), maléolo e trocânter, ambos com 25%. Considerando a maioria de idosos e com baixas condições sócio-econômicas, a prevalência de UPP foi menor que a encontrada nos estudos realizados em domicílio, embora a maioria apresentasse risco elevado para desenvolvimento de UPP. Descritores: Úlceras por pressão. Assistência domiciliar. Enfermagem. ABSTRACT Study described a quantitative approach, aimed to estimate the prevalence of pressure ulcers (UPP) and to investigate the sociodemographic, clinical and risk for injury in bedridden patients under home care at the Family Health Strategy in Teresina. We evaluated 30 patients, aged between 18 to 108 years, 80% elderly, 76.7% female, 70% mixed ethnicity, 86.7% were illiterate, 44.90% 20.41% hypertension and diabetes. 50% of patients bedridden due to degenerative diseases, 59.99% were at risk for UPP. The prevalence of UPP was 13.33% and 40% of stage I, and the anatomical regions of highest incidence were: coccygeal sacral (70%), malleolus, and trochanter, both with 25%. Whereas the majority of elderly and low socio economic UPP prevalence was lower than that found in studies at home, although most present high risk for development of UPP. Descriptors: Pressure ulcers. Home care. Nursing. RESUMEN Submissão: 12/08/2010 Aprovação: 29/11/2010 14 Estudio descriptivo con abordaje cuantitativo, se objetivó estimar la prevalencia de úlceras por presión (UPP) e investigar las características sociodemográficas, clínicas y el riesgo para desarrollo de lesión en pacientes en cama bajo asistencia domiciliar en la estrategia salud de la familia de Teresina. Fueron evaluados 30 pacientes, con edades entre 18 a 108 años; 80% ancianos; 76,7% sexo femenino; 70% color pardo, 86,7% analfabetos, 44,90% hipertensión y 20,41% diabetes. 50% de los pacientes en cama por enfermedades degenerativas, 59,99% presentaban riesgo para UPP. La prevalencia de UPP fue de 13,33% y 40% de estas en estagio I, siendo que las regiones anatómicas de mayor ocurrencia fueron: sacro coccígea (70%), maléolo y trocánter, ambos con 25%. Considerando la mayoría de ancianos y con condiciones socioeconómicas baja la prevalencia de UPP fue mayor que la encontrada en los estudios realizados en domicilio, a pesar de la mayoría presentaren riesgo para desarrollo de UPP. Descriptores: Úlceras por presión. Cuidado en el hogar. Enfermería Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011. Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem 1 INTRODUÇÃO No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), foi instituído em 1988 ao qual cabe identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes da saúde; formular políticas de saúde destinadas a promover ações e serviços de saúde; bem como assistir as pessoas por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. No entanto, os valores que regem a assistência à saúde têm sido modificados e o SUS busca alternativas para incrementar a qualidade desta assistência de acordo com as novas demandas de saúde. Tendo em vista a assistência integral à saúde da população, elaborou-se o Programa de Saúde da Família (PSF) que, atualmente, tem sido denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma vez que não possui caráter programático, e sim, características estratégicas de mudança do padrão de atenção à saúde da população (BRASIL, 2006). De acordo com Brasil (2003), as práticas da ESF visam ter como foco do trabalho a família, assim como possuir ações de caráter preventivo sobre a demanda. Dessa forma, constitui uma prática menos reducionista sobre a saúde, avançando para além da simples intervenção médica que busca a integração com a comunidade, numa atuação interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família. Nesse contexto, a ESF, entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante à implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, visa a ampliação da cobertura a partir dos domicílios; objetiva a aproximação e estabelecimento de vínculos entre os profissionais de saúde e a comunidade com os demais níveis de atenção e uma atuação de forma resolutiva aos problemas de saúde (BRASIL, 2010). Desse modo, Brasil (2006) afirma que a implantação da ESF vem sendo disponibilizada uma equipe multiprofissional para dar suporte em orientações e na intervenção do cuidar intradomiciliar aos pacientes cadastrados no programa, realizando visita aos acamados no domicílio. Em Teresina, a ESF tem uma cobertura de mais de 90% e os enfermeiros têm um papel de suma importância tanto na assistência de enfermagem, como nas diversas ações desempenhadas pelo programa e, uma delas, é a responsabilidade da organização do serviço como um todo e das ações realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que são elos da comunidade com a equipe (TERESINA, 2010). Segundo ANVISA (2006), a assistência domiciliar à saúde é uma categoria da atenção domiciliar à saúde que pode ser também denominada atendimento ou cuidado domiciliar e baseia-se na plena interação do profissional com o paciente, sua família é o cuidador, quando este existe. Ela constitui um conjunto de atividades de caráter ambulatorial, programadas e continuadas, desenvolvidas em domicílio, e pode ser instrumentalizada pela visita ou internação domiciliar. A visita domiciliar é uma categoria da atenção domiciliar à saúde que prioriza o diagnóstico da realidade do indivíduo e as ações educativas, sendo um instrumento de intervenção, fundamental na saúde da família e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ou atenção domiciliar à saúde, sendo programada e utilizada com o intuito de subsidiar intervenções ou o planejamento de ações (TAKAHASHI; OLIVEIRA, 2001. p.43-6). Bezerra (2010) ressalta que o paciente acamado no domicílio ou com restrição de mobilidade no domicílio é susceptível a apresentar Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011. problemas complexos e muitas vezes têm seu estado de saúde agravado com a presença de UPP em que podem vivenciar dor, sofrimento, comprometimento sistêmico, quase sempre associado à infecção, secreções com odor fétido, alteração da imagem corporal, podendo ocorrer uma baixa autoestima, desmotivação e insegurança; sobrecarga emocional e física dos cuidadores. Além disso, observa-se que o custo financeiro se torna elevado no tratamento desses pacientes e, quando mal conduzidos ou tratados, têm uma mortalidade elevada. A mobilidade física diminuída, o déficit de sensibilidade, as repercussões geniturinárias e gastrointestinais e as alterações circulatórias presentes no lesado medular tornam-no vulnerável a uma série de complicações graves, que limitam ainda mais o seu processo reabilitatório e sua reinserção social. Entre as complicações mais freqüentemente encontradas nesses indivíduos está a úlcera por pressão (UPP) e a incontinência urinária e fecal (COSTA; OLIVEIRA, 2010). A National Pressure Ulcer Advisiory Panel (NPUAP), órgão norte-americano, responsável por emitir diretrizes e orientar políticas públicas, educacionais e de pesquisa nesta área, relacionadas à prevenção, tratamento das UPP, define-as como áreas de necrose tecidual que se desenvolvem quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo. O desenvolvimento da UPP é um fenômeno complexo que envolve vários fatores associados, sendo que a imobilidade por tempo prolongado é o mais importante fator de risco para pacientes acamados. É importante lembrar que a UPP pode também ocorrer em períodos considerados curtos, dependendo do paciente, o intervalo de duas horas, ou até menos, pode ser tempo suficiente para o desenvolvimento da lesão (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). Diante de tudo, ressalta-se que, para o enfermeiro, é importante na elaboração de protocolos para atendimento de pacientes com UPP, para que possa planejar a assistência de enfermagem e realizar orientações aos familiares ou pessoas que cuidam dos acamados/cadeirantes em domicílio, visando diminuir custos diretos e indiretos, melhorando a qualidade de vida destes indivíduos. Bezerra (2010) afirma ainda que, no acompanhamento do paciente acamado em domicílio, o enfermeiro ESF deverá realizar as orientações necessárias para o cuidado preventivo de lesões; acompanhar com avaliações periódicas os acamados com risco para UPP; manter registros de suas ações e capacitar os profissionais de nível médio de enfermagem devido ao contato freqüente com o paciente, ajudando nas orientações e cuidados preventivos. Vários são os pesquisadores que elaboram escalas de predição de riscos para desenvolvimento da UPP, colaborando na prevenção da úlcera dando subsídios aos enfermeiros para indicar qual paciente que corre riscos de desenvolvê-la. A escala de Braden é uma das mais usadas. É um instrumento utilizado para a avaliação das condições gerais do paciente, auxiliando na seleção de ações preventivas e curativas para as úlceras por pressão. Foi desenvolvida por Barbara Braden and Nancy Bergstrom em 1987, e validada no Brasil por Paranhos e Santos (1999). Embasados nesses fatos, pode-se perceber a importância de se ampliar o conhecimento nessa área, a fim de subsidiar novas reflexões dos profissionais de saúde no sentido de proporem ou definirem novas estratégias assistenciais dentro das políticas de saúde, favorecendo um planejamento do cuidar e ampliação de resultados positivos à saúde dos pacientes acamados e acometidos com úlceras por pressão. Consi15 Pessoa, E. F. R.; Carvalho Rocha, J. G. S. C.; Bezerra, S. M. G. derando essa problemática definiu-se como objeto desse estudo a prevalência de úlceras por pressão em pacientes acamados no domicílio. O estudo tem como objetivo estimar a prevalência de UPP e investigar as características sócio-demográficas, clínicas e o risco para desenvolvimento de úlcera por pressão em pacientes acamados sob assistência domiciliária na Estratégia Saúde da Família de Teresina. 2METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, seccional, com abordagem quantitativa, realizado em uma área de ESF, localizada na região sul de Teresina, onde estão lotadas duas equipes de ESF consideradas, segundo dados da Coordenadoria Regional de Saúde Sul, como a área de maior número de acamados cadastrado por equipe (KLEIN, BLOCK, 2009) A população do estudo foi constituída por 30 pacientes acamados, cadastrados na ESF na qual foram incluídos todos os pacientes com idade igual ou superior a 18 anos e que consentiram em participar da pesquisa. Todos os participantes ou responsáveis pelos mesmos tiveram esclarecimentos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi realizada pelas próprias pesquisadoras, através de contato prévio com enfermeiros dos turnos da manhã e tarde para levantamento dos acamados e realização de visitas domiciliárias para coleta de dados, acompanhadas pelo agente comunitário de saúde da área, para facilitar o acesso aos domicílios e contato com as famílias. Os esclarecimentos sobre a pesquisa foram feitos em linguagem fácil, reforçando a questão do sigilo e a não interferência no seu tratamento clínico no serviço. Para aqueles que concordaram, foi realizada a entrevista. Os dados foram coletados, utilizando um instrumento estruturado, constituído de cinco partes divididas em dados demográficos, dados clínicos, avaliação de risco da UPP utilizando a escala de Braden, avaliação da UPP e cuidados com a UPP. Posteriormente, foi realizada a inspeção da pele do paciente e a mensuração da UPP com observação das características da lesão. Foram considerados os estágios da UPP de I a IV e as escaras como lesões não avaliadas. Para identificação da prevalência da UPP foram incluídos todos os pacientes com UPP no momento da inspeção da pele. A análise dos dados foi realizada após a codificação de um banco de dados no programa Statistic Package for Social Sciences (SPSS), versão 16.0, onde foram realizadas tabelas com estatística simples e percentual para posterior análise e discussão da tabelas Foram respeitadas as normas da Comissão nacional da Ética em Pesquisa (CONEP), contidas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e a pesquisa só foi iniciada após autorização pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina – PI. E aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade NOVAFAPI, sob nº de CAAE nº. 0354.0.043.000-10. 3 RESULTADOS Participaram da pesquisa 32 pacientes cadastrados como acamados na equipe de ESF com idade maior o igual a 18 anos. Destes, dois não foram encontrados porque não estavam em suas residências no momento da visita, assim, 30 pacientes compuseram a amostra do estudo. 16 Para a ESF, são considerados acamados todos os pacientes com dificuldade de locomoção e os com imobilidade prolongada, necessitando de visita da equipe de saúde para avaliação, encaminhamentos a especialistas, prescrição, orientações quanto à alimentação, uso de medicamentos, higiene corporal, prevenção de agravos e controle da doença. Os dados foram apresentados em quatro tabelas de acordo com os objetivos do estudo. Tabela 1 – Distribuição do perfil sócio-demográfico dos pacientes acamados em domicílio, cadastrados na ESF. Teresina-PI, 2010 (n=30). Sexo Variáveis Masculino Feminino N 7 23 % 23,3 76,7 Faixa Etária Entre 18 e 39 anos Entre 40 e 59 anos Entre 60 e 79 anos 80 anos ou mais 3 3 13 11 10,0 10,0 43,3 36,7 Escolaridade Não Alfabetizado Ensino Fundamental Ensino Médio 26 2 2 86,7 6,7 6,7 Situação Conjugal Solteiro Casado/União Estável Viúvo 8 10 12 26,7 33,3 40,0 Naturalidade Teresina Interior do Piauí Outros estados 620,0 20 66,7 4 13,3 Cor da Pele Pardo Branco Negro 21 5 4 70,0 16,7 13,3 N° de Pessoas na Família 1 a 3 pessoas 4 a 6 pessoas 7 a 10 pessoas 14 14 2 46,7 46,7 6,7 Renda Individual 1 salário mínimo 2 salários mínimos 3 a 4 salários mínimos 26 3 1 86,7 10,0 3,3 Renda Per Capita 1 salário mínimo 2 salários mínimos 3 salários mínimos 5 18 7 16,7 60,0 23,3 Moradia Própria Mora com amigos 29 1 96,7 3,3 Dos 30 pacientes, participaram do estudo 6 (20%) adultos e 24 (80%) idosos. A idade variou de 18 a 108 anos. A maioria dos pacientes (70%) era de cor parda. Quanto ao sexo, 23 (76,7%) eram mulheres, 12 (40%) eram viúvos e 29 (96,7%) residiam em moradia própria. Quanto ao nível de escolaridade, houve predominância de não-alfabetizado (86,7%). 26 (86,7%) recebiam um salário mínimo, correspondente à aposentaria ou auxílio doença. No que se refere à renda familiar, 18 (60%) pacientes recebiam 2 salários mínimos. Em relação ao número de pessoas por família, 14 (46,7%) moravam de 1 a 3 pessoas e 14 (46,7%) moravam de 4 a 6 pessoas, 20 (66,7%) eram procedentes do interior do Piauí. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011. Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem Tabela 2 – Distribuição dos pacientes acamados em domicílio, cadastrados na ESF segundo as condições clínicas associadas, Teresina-PI, 2010 ( n=30). Respostas N Condições Clínicas Diabetes Associadas Hipertensão Obesidade Outros Total % 10 22 6 11 49 Percentual das Respostas 20,41 44,90 12,24 22,45 100,00 41,67 91,67 25,00 45,83 204,17 Em termos de perfil clínico relacionado às doenças associadas ao motivo de estar acamado, 22 (44,90%) apresentavam hipertensão arterial sistêmica, seguidos de 10 (20,41%) diabéticos, 6(12,24%) obesos. Na variável, outros destacaram os distúrbios degenerativos como osteoporose, Doença de Alzheimer e reumatismo. Tabela 3 – Distribuição dos pacientes acamados em domicílio, cadastrados na ESF segundo o motivo de estar acamado, Teresina-PI, 2010 ( n=30). Osteoporose Acidente Vascular Encefálico – AVE Paralisia Cerebral Deficiência Visual Idade Avançada Acidente Automobilístico Mal de Alzheimer Amputação Outros Total N% 620,0 5 16,7 4 13,3 3 10,0 3 10,0 2 6,7 2 6,7 2 6,7 310,0 30100,0 A tabela 3 mostra que a osteoporose foi a principal causa de estarem acamados 6 (20%), seguida de AVE 5 (16,7) , paralisia cerebral 4 (13,3%), deficiência visual 3 (10%), idade avançada 3 (10%), Acidentes automobilísticos 2 (6,7%), mal de Alzheimer 2 (6,7%) e amputação ocasionada por pé diabético 2 (6,7%). E outros foram considerados a distância até a unidade de saúde e depressão. Tabela 4 – Distribuição dos pacientes acamados quanto ao escore da escala de Braden e a prevalência de úlcera por pressão Escores da Escala Sem Risco de Braden Em Risco Risco Moderado Alto Risco Total 4 Persença de UPP Sim Não N % N % 0 0,00 12 40,00 N 12 % 40,00 0 0,00 1 3,33 3 10,00 13,33 10 4 4 30 33,33 13,33 13,33 100,00 10 3 1 26 33,33 10,00 3,33 86,67 Total A prevalência de pacientes com UPP foi de 13,33%, considerando que, dos 30 pacientes, 4 apresentavam úlceras por pressão. O menor escore encontrado pela escala de Braden foi 10 e o máximo, 22. Os resultados evidenciaram que, à medida que aumentam os escores obtidos na avaliação pela escala de Braden, menor número de pessoas tem UPP. Dos 4 pacientes com risco elevado, 3 (10%) tiveram UPP, sendo 2 idosos e um adulto (59 anos). Dos 4 pacientes em risco moderado, 1 (3,33%) teve UPP. A localização anatômica de maior frequência foi na região sacro coccigea (75%), seguida da região do maléolo esquerdo (25%) e trocânter esquerdo (25%). Quanto à classificação das UPP, o maior percentual encontrado foi no estágio I (40%). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011. 4 DISCUSSÃO Na amostra em estudo, o predomínio foi de pacientes do sexo feminino, estimativa já esperada, pois segundo IBGE (2000), na população brasileira, as mulheres têm maior sobrevida que os homens (50,8%), fato atribuído ao aumento da taxa de mortalidade dos homens, bem como ao aumento da expectativa de vida das mulheres ao nascer. A idade dos pacientes participantes do estudo variou de 18 a 108 anos. Constatou-se que a maior frequência (%) está na faixa que engloba 60 a 79 anos, representando o total de 43,3% da população. Percentuais também esperados, levando-se em conta dados do IBGE (2006) que afirmam, por conta das transformações demográficas ocorridas nos últimos anos, uma tendência do envelhecimento da população brasileira, em que o número de pessoas de 60 anos ou mais aumentou em mais de cinco milhões entre 1995 e 2005, sendo que esta população pode chegar em 34,3 milhões em 2050. Observou-se a predominância no nível de escolaridade não-analfabetizado, que corresponde a 86,7%, seguidos de 6,7% que cursaram o ensino fundamental incompleto e 6,7% que cursaram o ensino médio completo. Fatos que não correspondem à situação brasileira atual, pois IBGE (2006) mostra uma queda no índice de analfabetismo em nosso país nos últimos dez anos (1992 a 2002). Em 1992, o número de analfabetos correspondia a 16,4% da população. Esse índice caiu para 10,9% em 2002. A alta taxa de analfabetismo, observada na pesquisa pode ser explicada em decorrência da idade avançada da maioria dos entrevistados — fato relevante — visto que havia menos oportunidades em relação aos estudos. Quanto ao estado civil, observa-se que 40% eram viúvos, 33,3% eram casados/união estável, seguido de 26,7% de solteiros. Em relação à naturalidade, somente 20% dos pacientes nasceram no município de Teresina e 80% migraram de outros municípios, sendo 66,7% do interior do Piauí e 13,3% de outros estados. Considerando-se a cor da pele, 70% da população era da cor parda; 16,7% era branca e 13,3% era negra. Os resultados não correspondem ao perfil nacional da população, visto que os brancos compõem cerca de 49,9%; da mesma forma, os negros 6,3% e pardos 43,2% da população nacional. Quanto à renda familiar, destaca-se que 18 pacientes (60%) recebiam 2 salários mínimos, 7 (23,3%) possuíam renda de 3 salários mínimos e 5 (16,7%) recebiam 1 salário mínimo. Um resultado importante foi a identificação da existência de uma renda familiar de suporte aos pacientes para o cuidado domiciliário. De acordo com Chayamiti; Caliri (2010) um relacionamento linear entre o aumento da idade dos pacientes e o da ocorrência de UPP tem sido encontrado em vários estudos. Além da prevalência das condições crônicas, que levam à diminuição da capacidade funcional nos idosos, a própria fisiologia do envelhecimento contribui para elevar o risco. O envelhecimento também afeta todos os estágios da cicatrização, independentemente das comodidades que, por si mesmas, também interferem no processo de reparação tecidual (SOUZA; SANTOS, 2006). Considerando as características de cada paciente que apresentou a UPP, tais como idade, morbidade referida e escore da Escala de Braden, é possível compreender que esses fatores agiram sinergisticamente para o desenvolvimento da lesão, e que as medidas que poderiam diminuir o impacto do excesso de pressão, como a redução do tempo em uma mesma posição, como a dorsal ou sentado, não foram utilizadas com frequência. A articulação entre os níveis de atenção à saúde é fundamental para esta população, com vistas a possibilitar o atendimento integral e contínuo. É importante também a construção de redes de apoio entre a 17 Pessoa, E. F. R.; Carvalho Rocha, J. G. S. C.; Bezerra, S. M. G. família, comunidade, serviços, tudo para facilitar a resolução dos problemas identificados. 5CONCLUSÃO Através deste estudo, podemos observar, nos resultados, que os pacientes acamados são, em sua maioria, idosos, com predomínio da faixa etária de 60 a 79 anos, apresentando-se vulneráveis para o desenvolvimento de úlcera; no entanto, notou-se uma baixa prevalência (13,33%) de UPP nos acamados em questão, ao contrario do que se esperava no início da pesquisa e ainda comprometidos por diversas morbidades, entre elas, em sua maioria, a hipertensão, com necessidade de cuidados dos cuidadores. Diante dos resultados encontrados, identificou-se uma notória atuação das equipes de saúde, visto que a prevalência de UPP encontra-se abaixo da média nacional, porém havendo ainda uma pequena necessidade de intervenção educativa junto a esta população. Espera-se com esta pesquisa contribuir para o aperfeiçoamento da atuação e uma maior reflexão dos profissionais da área da saúde, especialmente o enfermeiro, que lida diretamente com o cuidado e tem a responsabilidade de buscar atualizações e aplicar medidas preventivas, reduzindo assim os casos de UPP e também dos gestores para que possam desenvolver políticas públicas para atender com qualidade a essa clientela, oferecendo condições de trabalho à equipe multiprofissional que atende o usuário em domicílio. REFERÊNCIAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 11, de 26 de janeiro de 2006. Brasil: ANVISA; 2006 BEZERRA, S. M. G. Prevalência de úlcera por pressão e cuidados dispensados em acamados no domicilio. (Mestrado em enfermagem) Universidade Federal do Piauí, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de Atenção Básica (DAB). 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Levantamento de pacientes acamados da Coordenadoria Regional Sul. 2010. 18 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011. PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica Prevalence of anxiety disorder and depression in patients candidates for bariatric surgery Prevalencia de trastorno de ansiedad y depresión en pacientes candidatos a cirugía bariátrica Marina Stela de Sousa Monteiro Aluna do 12º período do Curso de Medicina da Faculdade Integral Diferencial – FACID. e-mail: [email protected] Gustavo de Sousa Santos Médico Cirurgião. Prof° do Curso de Medicina da Faculdade Integral Diferencial – FACID. e-mail: [email protected] RESUMO Trata-se de um estudo de natureza descritiva e seccional, realizado em Teresina (PI), com o objetivo de conhecer a prevalência de transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão) em pacientes obesos mórbidos candidatos a cirurgia bariátrica. O local da pesquisa foi no consultório de um médico especialista em uma clínica particular da cidade. O levantamento dos dados foi através de questionário aplicado a 26 pacientes que procuraram este tipo de cirurgia. Buscou-se caracterizar a população de estudo e analisar a prevalência de transtornos psiquiátricos e determinar a prevalência de transtorno depressivo e ansiedade nesta população. Os resultados mostraram que a maioria dos pacientes é do sexo feminino (65,4%), com idade entre 22 a 30 anos (34,6%), procedentes de Teresina (73,1%) e casadas (50%). Com relação à escolaridade grande parte é de nível superior (61,5%) e com renda mensal de 01 a 10 salários mínimos (69,2%). A prevalência de obesos mórbidos com transtorno psiquiátrico foi de 34,6%, sendo que destes todos apresentaram depressão. O índice de indivíduos com ansiedade foi de apenas 7,7%. Conclui-se que há uma alta prevalência de transtorno depressivo nessa população e índices mais baixos de ansiedade. Descritores: Cirurgia bariátrica. Depressão. Ansiedade. Obesidade mórbida. ABSTRACT This is a descriptive and sectional study carried out in Teresina, PI, in order to assess the prevalence of psychiatric disorders (anxiety and depression) in morbidly obese candidates for bariatric surgery. The research data were collected in the office of a specialist physician at a private clinic in the city. A questionnaire was administered to 26 patients seeking this type of surgery. The study sought to characterize the study population, analyze the prevalence of psychiatric disorders and to determine the prevalence of depressive disorder and anxiety in this population. The results showed that most patients were female (65.4%), between 22 and 30 years of age (34.6%), from Teresina (73.1%) and married (50%). In regards to education, the majority has a college education (61.5%) and has an income from 01 to 10 minimum salaries (69.2%). The prevalence of morbidly obese patients with psychiatric disorder was 34.6%, all of whom had depression. The rate of individuals with anxiety was only 7.7%. It is possible to conclude that there is a high prevalence of depressive disorders in this population and lower rates of anxiety. Descriptors: Bariatric surgery. Depression. Anxiety. Morbid obesity. RESUMEN Submissão: 16/11/2010 Aprovação: 15/12/2010 Se trata de un estudio de naturaleza descriptiva y seccional, realizado en Teresina (PI), con el objetivo de conocer la prevalencia de trastornos psiquiátricos (ansiedad y depresión) en pacientes obesos mórbidos candidatos a cirugía bariátrica. El local de la investigación fue el consultorio de un médico especialista en una clínica particular de la ciudad. El levantamiento de los datos fue a través de cuestionario aplicado a 26 pacientes que buscaron este tipo de cirugía. Se procuró caracterizar la población de estudio y analizar la prevalencia de trastornos psiquiátricos y determinar la prevalencia de trastorno depresivo y ansiedad en esta población. Los resultados mostraron que la mayoría de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011. 19 Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S. los pacientes es del sexo femenino (el 65,4%), con edad entre 22 y 30 anos (el 34,6%), procedentes de Teresina (el 73,1%) y casadas (el 50%). Con relación a la escolaridad, gran parte tiene nivel superior (61,5%) y una renta mensual de 01 a 10 salarios mínimos (el 69,2%). La prevalencia de obesos mórbidos con trastorno psiquiátrico fue del 34,6%, siendo que de estos, todos presentaron depresión. El índice de individuos con ansiedad fue solamente del 7,7%. Se concluye que hay una alta prevalencia de trastorno depresivo en esa población e índices más bajos de ansiedad. Descriptores: Cirugía bariátrica. Depresión. Ansiedad. Obesidad mórbida. 1 INTRODUÇÃO O excesso de peso corporal e sua incidência crescente têm sido observados nos últimos anos por parte do setor da saúde devido às graves complicações presentes em um expressivo número de indivíduos. Quando o Ìndice de Massa Corporal (IMC) se encontra acima de 30 kg/m2 fala-se em obesidade. O IMC é calculado dividindo-se o peso corporal, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros quadrados (CORDÁS; LOPES FILHO; SEGAL, 2004). Na avaliação dos indivíduos com elevado sobrepeso, deve-se observar a sua gravidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) chama atenção para as seguintes definições: obesidade grau I quando o IMC se encontra entre 30 e 34,9 kg/m2, obesidade grau II quando entre 35 e 39,9 kg/m2 e obesidade grau III (ou mórbida) quando ultrapassa 40 kg/m2 (CORDÁS; LOPES FILHO; SEGAL, 2004). A obesidade vem tendo destaque e é apresentada como fenômeno de epidemia mundial em vários estudos uma vez que afeta 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo. Os Estados Unidos da América contam com dois terços da sua população com sobrepeso e metade é obesa, já no Brasil os dados são um pouco menos significativos, mas estima-se que haja 15% de obesos. Deste total, entre 1% e 2% da população adulta apresenta obesidade grau III (GELONEZE; PAREJA, 2010). Uma importante opção de tratamento para indivíduos com obesidade mórbida é o cirúrgico. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº. 1.766/05 as indicações são as seguintes: • Pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 kg/ m2; ou • Pacientes com IMC maior que 35 kg/m2 e co-morbidades (doenças causadas ou agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz), que ameacem a vida, tais como diabetes, apnéia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronariana, osteo-artrites e outras. • Idade: maiores de 18 anos. Idosos e jovens entre 16 e 18 anos podem ser operados, mas exigem precauções especiais e o custo/benefício deve ser muito bem analisado. • Obesidade estável há pelo menos cinco anos. • Pelo menos dois anos de tratamento clínico prévio, não eficaz. • Ausência de uso de drogas ilícitas ou alcoolismo. • Ausência de quadros psiquiátricos ou demenciais graves ou moderados. • Compreensão, por parte do paciente e de seus familiares, dos riscos e mudanças de hábitos inerentes a uma cirurgia de grande porte e da necessidade de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar por toda a vida do paciente. Entretanto deve-se dar também real importância às doenças que 20 são associadas à obesidade, pois conforme Segal e Fandino (2010, p. 68) “ a obesidade compartilha com os transtornos psiquiátricos de pesado preconceito tanto entre a população leiga quanto entre os profissionais de Saúde”. Já para Cordas, Lopes Filho e Segal (2004) as complicações psiquiátricas são pouco conhecidas, mas se estima que a incidência de depressão está em torno de 15%, merecendo inclusive melhor avaliação metodológica para indicação desse dado. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra que o número de brasileiros obesos aumentou nos últimos anos. Em 2006 eram 11,4% e em 2009 este número pulou para 13% da população adulta. O número de mulheres com essa morbidade ultrapassa os homens, sendo 13,6% contra 12,46% (BRASIL, 2009). Os dados do Ministério da Saúde mostram que das 27 cidades pesquisadas, Porto Alegre é a que apresenta maior número de adultos com excesso de peso (49%), liderando também quando o assunto é a obesidade instalada (IMC> 30 kg/m2 ) e Teresina é a cidade com o menor número de pessoas acima do peso ( 36,6% ), porém a cidade com o menor número de obesos é São Luís com 9,5%. Quanto a idade o estudo revela que a maior incidência de obesidade ocorre na faixa etária de 45 a 54 anos, sendo 3 vezes maior que pessoas entre 18 e 24 anos (BRASIL, 2009) O tratamento deve ser considerado como um trabalho a longo prazo, com várias etapas e programado de acordo com cada caso. A redução do consumo calórico é um dos mais eficientes e efetivos meios para perder peso, alguns pacientes conseguem mudar seus hábitos alimentares e de atividades por si mesmos, após receber as informações adequadas, porém outros precisam de intervenções que os ajudem, necessitando em algumas circunstâncias de farmacoterapia ou cirurgia (CECIL, 2005). O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com obesidade excessiva e graves complicações médicas, que poderiam melhorar com uma perda de peso rápida e eficaz. Pacientes com IMC entre 35 e 40 e portadores de complicações ameaçadoras a vida podem ser candidatos à cirurgia, porém pacientes com IMC > 40 e várias complicações são candidatos típicos, assumindo - se que todas tentativas médicas de emagrecimento tenham falhado. Contra – indicações para a cirurgia incluem abuso constante de substâncias, falta de comprometimento com tratamento anterior e certos transtornos psiquiátricos (esquizofrenia, personalidade boderline, depressão incontrolável) (CECIL, 2005). De acordo com o anexo da Resolução 1.942/2010 do Conselho Federal de Medicina, disponível no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica são aceitos 3 tipos de procedimentos: 1) restritivos (balão intragástrico, gastroplastia vertical bandada ou cirurgia de mason, banda gástrica ajustável e gastrectomia vertical); 2) cirurgias disabsortivas; 3) cirurgias mistas (com maior componente restritivo ou com maior componente disabsortivo). Choban e cols. (2002) concluíram que a intervenção cirúrgica apesar de ser invasiva é mais eficaz para a perda de peso, alcançando mais de 50% de redução do excesso de peso ou 30% a 40% do peso inicial. Os pacientes candidatos à cirurgia bariátrica devem fazer uma avaliação psicológica no pré-operatório, que não deve restringir-se a um rastreamento de transtornos mentais atuais e pré-existente. No pós-operatório este paciente também deve ser avaliado e acompanhado, em intervalos regulares, para a avaliação do seu funcionamento psicológico posterior (FANDINO et al. 2004). Esta avaliação deve ser fundamentalmente clínica e utilizando testes psicológicos e entrevistas psiquiátricas estruturadas, o tratamento prévio do transtorno psiquiátrico é de fundamental importância para o sucesso da cirurgia (PETRIBU et al, 2006). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011. Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica Considera-se que nenhum transtorno psiquiátrico seja uma contra-indicação formal primária para a realização da operação. No entanto, recomenda-se que qualquer condição psiquiátrica associada deve ser adequadamente tratada no paciente candidato à cirurgia. Deve ser ressaltada também a necessidade de um maior cuidado em relação a pacientes portadores de transtornos por abuso ou dependência de substâncias, principalmente o álcool (SEGAL;FANDINO, 2010). O transtorno de ansiedade generalizada (F41.1) é caracterizado por ter como aspecto essencial o sentimento de ansiedade não restrita e fortemente predominante em quaisquer circunstâncias ambientais em particular. Possui sintomas dominantes altamente variáveis com queixas de sentimentos contínuos tais como: nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça leve, palpitações, tonturas e desconforto epigástrico. A ansiedade possui curso variável com tendência a ser crônica e flutuante (CID-10, 1993). No episódio depressivo típico seja ele leve, moderado e grave, o paciente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida que leva a uma fatigabilidade aumentada com diminuição da atividade. São sintomas também comuns: concentração e atenção reduzida, auto-estima e autoconfiança reduzidas, idéias de culpa e inutilidade, visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias ou atos autolesivos ou suicídio, sono perturbado e sono diminuído. Diferenciar os episódios depressivos em leve, moderado ou grave baseia-se num julgamento clínico que envolve o número, tipo e gravidade dos sintomas (CID-10, 1993). Em pacientes gravemente obesos (grau III) encontramos um aumento na psicopatologia, os diagnósticos mais frequentes são transtornos do humor e transtornos alimentares (APPOLINARIO, 1998). A história anterior de um episódio depressivo parece não influenciar a perda de peso no pós-operatório, entretanto a ocorrência de novos episódios depressivos após a cirurgia necessitam de suporte e tratamento especializado (FANDINO et al, 2004). Halmi et al (1980) encontraram uma prevalência aumentada de transtorno depressivo nesta população, variando entre 29% a 51%. Quatro estudos de seguimento a longo prazo de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica reportaram várias condições psiquiátricas como causas de morte no período pós-operatório, sendo o suicídio a principal ocorrência (FANDINO et al, 2004). De acordo com um estudo feito sobre a distribuição dos principais transtornos psiquiátrico utilizando o M.I.N.I , houve uma prevalência aumentada de transtorno de ansiedade generalizada, depressão no passado, transtorno do pânico e agorafobia (PETRIBU et al, 2006). Em estudo feito por Oliveira e Yoshida (2009) foram separados 65 pacientes divididos em dois grupos, sendo o grupo I pacientes candidatos que se submeterão à cirurgia bariátrica e no grupo 2 pacientes no pós operatório dessa cirurgia. Em ambos os grupos os sintomas encontrados de depressão predominaram em níveis mínimos ou leves, no entanto o grupo 2 teve escore médio no BDI (Inventário de Depressão de Beck) (CUNHA, 2001) significativamente inferior ao grupo 1. Os pacientes que estavam no pré – operatório apresentaram depressão considerada mínima, 40,62% depressão leve, 25% depressão moderada e nenhum participante com depressão grave, já no Grupo 2, 81,81% apresentaram depressão considerada mínima, 15,15% leve, 3,03% moderada e nenhuma grave. Com isso constata-se que a incidência de depressão nos obesos que ainda não foram submetidos a cirurgia prevalece. No que diz respeito a ansiedade este estudo demonstrou nível leve no grupo 1 e mínimo 2, sendo semelhante aos resultados encontrados no estudo de Capitão Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011. e Telo (2002) feito com mulheres obesas e tendo como resultado níveis baixos de ansiedade. Assim, diante da problemática da obesidade mórbida, das co-morbidades psiquiátricas freqüentemente associadas este estudo objetiva analisar a prevalência de transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão) em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo e seccional, pois segundo Klein e Block (2006), os estudos seccionais se caracterizam pela entrada dos participantes em uma única oportunidade. A população fonte foi composta pelos candidatos a cirurgia bariátrica avaliados por um professor cirurgião da área, em consultório particular. Considerando uma média de 8 pacientes atendidos/mês que buscam este tipo de cirurgia, a seleção da população foi por amostragem acidental compondo o estudo todos os pacientes atendidos no período de agosto a outubro de 2010, perfazendo uma amostra total de 26 pacientes. O estudo foi desenvolvido na cidade de Teresina (PI) e os participantes foram contactados durante a realização da consulta médica para cirurgia bariátrica. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário baseado no DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais- 4ª edição) publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA). Todos os participantes foram informados dos objetivos do estudo e convidados a participarem e ao aceitarem assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, dando pleno consentimento de sua participação como sendo voluntária e livre, conforme prevê a Resolução 196/96. Ainda em obediência aos preceitos éticos de pesquisa, o projeto foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FACID (Protocolo 101/10). Após a coleta, Os dados foram digitados no programa Excel 2010 e analisados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. 3 RESULTADOS A população estudada foi composta por 26 pacientes, sendo que 65,4% (17) pertenciam ao sexo feminino e 34,6% (09) ao sexo masculino, como mostra a Tabela 1. Tabela 1: Características sócio-demograficas dos pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. N=26 n% Faixa etária 16 a 21 anos 04 15,4 22 a 30 anos 09 34,6 31 a 40 anos 05 19,2 41 a 62 anos 08 30,8 Total 26100 Sexo Masculino 09 34,6 Feminino 17 65,4 Total 26100 Faixa de renda Sem renda 06 23,1 01 a 03 salários 09 34,6 04 a 10 salários 09 34,6 11 a 30 salários 02 7,7 Total 26100 21 Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S. Estado civil Solteiro 11 42,3 Casado 13 50,0 Separado 02 7,7 Total 26100 Escolaridade Fundamental 02 7,7 Médio 0830,8 Superior 16 61,5 Total 26100 Ocupação Estudante 0623,1 Professor 04 15,4 Farmacêutico 02 7,7 Médico 013,8 Odontólogo 013,8 Outras 12 46,2 Total 26100 Procedência Capital 19 73,1 Interior 05 19,2 Outro estado 02 7,7 Total 26100 Religião Católico 20 76,9 Evangélico 05 19,2 Outro 02 7,7 Total 26100 Quanto a escolaridade 7,7% (02) apresentaram ensino fundamental completo; 30,8% (08) ensino médio completo ou cursando este e 61,5% (16) ensino superior completo ou cursando. 50% (13) eram casados, 42,3% (11) solteiros e 7,7% (02) separados. Quanto à profissão exercida, a população era composta predominantemente por estudantes 23,1% (06), professores 15,4% (04), farmacêuticos 7,7% (02), médico 3,8% (01), odontólogo 3,8% (01) e outras profissões 46,2% (12) como por exemplos: engenheiro, dona de casa, motorista, analista de sistemas, entre outros mostrados na Tabela 1. Em relação a condição econômica, 34,6% (09) dos pacientes ganhavam entre 01 a 03 salários mínimos, 34,6% (09) entre 04 a 10 salários, 23,1% (06) sem renda e apenas 7,7% (02) com renda igual ou superior a 30 salários mínimos. Quanto a variável faixa etária, a maioria estudada encontrava-se na faixa dos 22 a 30 anos, 34, 6% (09); 30,8% (08) entre 41 e 62 anos; 19,2% (05) de 31 a 40 anos e 15,4% (04) de 16 à 21 anos. Outra variável estudada a procedência mostrou grande maioria de pessoas procedentes da capital, resultando num total de 73,1% (19), 19,2% (05) vindas do interior e 7,7% (02) de outros estados. E de acordo com a religião a grande maioria foi composta por praticantes da religião católica 76,9% (20), 19,2% (02) evangélicos e 7,7% (02) de outras religiões. Dos 26 pacientes pesquisados, 34,6% (09) apresentaram transtorno de depressão e/ou ansiedade e 65,4% (17) não apresentaram nenhum transtorno, como mostra o Gráfico 1. Gráfico 01: Prevalência de transtorno de depressão e/ou ansiedade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. 22 A prevalência de pacientes com quadro sugestivos de depressão obtida através da aplicação do questionário baseado no DSM-IV foi de 34,6% (09), como mostra o gráfico 02. Gráfico 2: Prevalência de transtorno de depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica A prevalência de pessoas estudadas com quadro característico de ansiedade de acordo com o questionário baseado no DSM-IV foram de 7,6% (02), como mostra o Gráfico 3. Gráfico 3: Prevalência de transtorno de ansiedade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica. 4 DISCUSSÃO A amostra estudada foi composta predominantemente por mulheres (65,4%). Esse dado pode ser analisado devido uma maior preocupação com a estética corporal, o excesso de peso e suas comorbidades por parte das mulheres, além da obesidade ser mais prevalente neste grupo. Para Bagatin, Porcu e Rossi (2005) esse fato também pode ser analisado pelo modelo de beleza que vem sendo imposto pela sociedade e atinge sobremaneira as mulheres. No que se refere à idade, a maioria dos sujeitos pesquisados encontravam-se na faixa etária de 22 a 62 anos (73,4%). Essa é uma idade em que os indivíduos encontram-se em plena produtividade e cuja aparência física e problemas decorrentes do excesso de peso passam a serem mais preocupantes. Estes dados corroboram com estudo desenvolvido por Porto et al(2002), na Bahia, no qual traçou o perfil dos obesos de grau III e encontrou a idade média dos pacientes de 37±10 anos com pessoas na faixa etária dos 13 aos 69 anos. No tocante a renda mensal, 69,2% dos sujeitos apresentaram renda entre 1 a 10 salários mínimos; 7,7% com renda entre 11 a 30 salários mínimos e 23,1% não apresentaram renda mensal. Este resultado mostra que pessoas com obesidade mórbida que buscam cirurgia bariátrica encontram-se inseridas no mercado de trabalho, com renda própria mensal compatível com classe média. Ao analisar o dado estado civil chama atenção serem a maioria de pessoas casadas (50%). Bagatin, Porcu e Rossi (2005) estudaram 50 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e desses 60% eram casados. A procura de pessoas casadas por este tipo de cirurgia se deve ao fato da união estável proporcionar uma maior segurança afetiva e financeira para Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011. Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica o indivíduo e um maior incômodo com o seu excesso de peso, além do apoio encontrado no parceiro para a realização da cirurgia como uma última tentativa no tratamento definitivo da obesidade. Os sujeitos deste estudo que procuraram avaliação médica e manifestaram o desejo e têm a indicação de realizar uma cirurgia bariátrica, são pessoas esclarecidas e com nível de escolaridade elevada. Os dados mostram que 61,5% da amostra encontra-se no nível de formação superior (completo, incompleto ou cursando). Quanto às profissões citadas, essas se mostraram bastante heterogêneas e se destacam professores, farmacêuticos, médicos e odontologos. Este dado remete a analise de que embora sejam pessoas esclarecidas ainda não conseguiram pelos métodos convencionais a redução de peso ou da dificuldade de modificação do hábito alimentar. Os resultam mostram que a maioria é da capital Teresina (73,1%). Este dado diz respeito a um maior conhecimento e entendimento sobre esse tipo de tratamento. Quanto à religião, embora a mostra apresente 76,9% como católicos, este fato, segundo a literatura, não altera a busca por esta cirurgia. Quanto à presença de transtorno de depressão e/ou ansiedade 34,6% dos pesquisados apresentam um desses dois transtornos. Este dado também é compatível com a literatura que mostra uma grande incidência de psicopatologia em pessoas com obesidade grau III (APPOLINARIO, 1998). Em estudos feitos com amostras comunitárias, os obesos em geral não apresentam um índice de psicopatologia maior que a população em geral (WADDEN; STUNKARD, 1993). Porém entre os obesos que procuram por um tratamento vários estudos encontraram índices elevados de transtorno depressivo e índices mais modestos de ansiedade e outros transtornos (DOBROW; KAMENETZ; DEVLIN, 2002). A prevalência de depressão nos obesos que possuem indicação para a cirurgia bariátrica foi de 34,6% e somente para o transtorno de ansiedade o dado levantado foi de 7,7%. O estudo também mostra que os sujeitos que apresentaram ansiedade também apresentaram depressão. Esse índice elevado de pessoas obesas com transtorno depressivo pode dever-se a um aumento cada vez maior da pressão social por um corpo esbelto, tornando-os, muitas vezes, a serem alvos de preconceitos e discriminação nos locais de trabalho e nos seus relacionamentos de uma maneira geral (PETRIBU et al, 2006). Halmi e colaboradores (1980) encontraram uma prevalência aumentada de transtorno depressivo na sua pesquisa, variando entre 29% a 51%. Para Cordas, Lopes Filho e Segal (2004) as complicações psiquiátricas são pouco conhecidas, mas se estima que a incidência de depressão Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011. encontra-e em torno de 15% e a possibilidade de suicídio presente em 27,28% dos casos de obesidade mórbida. Com isso observa-se que a prevalência de depressão em pacientes que são obeso grau III e ainda não realizaram a cirurgia bariátrica é elevada e o transtorno de ansiedade um pouco menos prevalente o que está de acordo com um estudo realizado por Oliveira e Yoshida (2009) feito com 65 pacientes separados em dois grupos: grupo I – pacientes que ainda não realizaram a cirurgia e grupo 2 – pacientes no pós – operatório desta. Capitão e Telo (2002) encontraram resultados semelhantes em um estudo feito com mulheres obesas e tendo como resultado níveis baixos de ansiedade. Por ser a ansiedade e a depressão os transtornos psiquiátricos que mais se associam com a obesidade mórbida, os resultados deste estudo confirmam dados da literatura quanto à presença sugestiva de depressão e ansiedade na amostra pesquisada. 5 CONCLUSÃO Os resultados apresentados neste estudo, realizado com pacientes obesos grau III (mórbidos) candidatos a cirurgia bariátrica, quanto à caracterização da amostra e a prevalência de transtorno de depressão e ansiedade, nos permite concluir que: • A população de estudo, em sua maioria, é constituída por mulheres, casadas, profissionais liberais, com renda mensal variando de 1 a 10 salários mínimos, com instrução superior, de religião católica e procedente da capital (Teresina); • O estudo possibilitou determinar que a taxa de pacientes acometidos por transtornos do tipo depressão e/ou ansiedade foi de 34,6 %, sendo que destes todos apresentaram transtorno depressivo e 7,7% ansiedade generalizada; • Analisando-se a prevalência de depressão e ansiedade nestes pacientes, conclui-se que há uma alta incidência de depressão e um baixo índice de ansiedade. • Os sujeitos acometidos por ansiedade também apresentaram depressão. Diante das conclusões sugere-se que medidas preventivas para depressão e ansiedade a pessoas com obesidade mórbida sejam mais eficazes e para aquelas que buscam a cirurgia bariátrica sugere-se acompanhamento psiquiátrico e psicológico no sentido de redução do nível dessas patologias e melhoria da qualidade vida, antes, durante e após a realização da cirurgia. 23 Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S. REFERÊNCIAS APPOLINARIO, JC. Obesidade e psicopatologia. In: HALPERN A et al. Obesidade, São Paulo: Lemos Editorial;1998. p.217-27. BAGATIN, M.C; PORCU, M; ROSSI, R.M. Prevalência de Transtorno Depressivo e Ansiedade em pacientes obesos mórbidos submetidos à Cirurgia Bariátrica. Trabalho premiado no Congresso de Psiquatria, 2005. BRASIL, 13% dos brasileiros adultos são obesos. disponível em < http:// portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/reportagensEspeciais/default. cfm?pg=dspDetalhes&id_area=124&CO_NOTICIA=10078> acesso em 02 de março de 2010. GELONEZE, B.; PAREJA, J.C.OS. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Transtorno bipolar de humor: percepção familiar Bipolar disorder: family perception El transtorno bipolar: la percepción de la familia Jéssica de Carvalho Cardoso Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI. Rua João Cabral 1838. Bairro Pirajá. Teresina PI. Thamires Albuquerque de Carvalho Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI. Rua Visconde da Parnaíba, 3377. Bairro Horto.Teresina PI. Márcia Astrês Fernandes Enfermeira.Mestre em Enfermagem pela UFRJ. Doutoranda em Enfermagem pela USP.Docente da Universidade Federal do Piauí e da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do PiauíNOVAFAPI. Rua Orquídea, 1100. Bairro Jóquei Clube. Teresina PI. [email protected]. RESUMO Trata-se de um estudo descritivo norteado na abordagem qualitativa, que objetivou identificar e analisar a percepção do familiar frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor. Os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores do transtorno que se encontrava em tratamento em um hospital psiquiátrico de Teresina-PI. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e analisados posteriormente, originando duas categorias relacionadas à percepção do familiar, em que se pode concluir que há desinformação em relação à doença e ao tratamento. Portanto, faz-se necessário que os serviços de saúde mental ofereçam maiores esclarecimentos acerca da doença e da terapêutica para os familiares, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente e para a família. Descritores: Transtorno bipolar. Relações familiares. Saúde mental. ABSTRACT This is about a descriptive study guided at the qualitative approach that aimed indentify and analyze the perception of the relative in front of the diagnosis of bipolar mood (BM).The subjects, relatives of patients who have the bipolar mood and where in treatment at psychiatric hospitals of Teresina-PI. The data were collected with half-structured interviews and analyzed later, resulting in two categories related to the perception of the relative, in which one can conclude that there is a misinformation about the disease and treatment. So, the mental health services need offer better understanding about the disease to the relatives, to ensure a better quality of life to the patient and its family. Descriptors: Bipolar disorder. Family relations. Mental health. RESUMEN Se trata de um estudio descriptivo norteado en el abordaje cualitativo que objetivó indentificar y analizar la percepción de lo familiar frente al diagnóstico de Transtorno Bipolar de Humor (TBH). Teniendo como sujetos, los familiares portadores del transtorno que se encontraban en tratamiento en un hospital de Teresina-PI. Los datos fueron colectados por medio de entrevistas semi-estructuradas y analizados posteriormente originando dos categorías referentes a la percepción de lo familiar, donde se puede concluir que no hay información en relación a la enfermedad y el tratamiento. Por lo tanto, es necessario que los servicios de salud mental ofrezcan mayores aclaraciones acerca de la enfermedad y de la terapêutica para los familiares, a fin de garantizar una mejor calidad de vida para el paciente y para la família. Descriptores: Transtorno bipolar. Relaciones familiares. Salud mental. Submissão: 16/11/2010 Aprovação: 15/12/2010 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011. 25 Cardoso, J. C.; Carvalho, T. A.; Fernandes, M. A. 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos mais remotos, os transtornos mentais fazem parte da história da humanidade, sendo vistos como algo demoníaco, de bruxaria ou dos deuses. Nas sociedades pré-capitalistas os loucos eram bem tolerados, quando calmos ficavam a vagar pelas ruas e mercados das cidades, sobrevivendo da caridade pública e de pequenos serviços. Já os loucos de famílias mais abastadas ficavam em casa sobre os cuidados da família. Nessa época, as formas de tratamento eram muito rudimentares com alto grau de brutalidade (SOARES, 2005). Nesse contexto o Transtorno Bipolar de Humor (TBH) é um transtorno psiquiátrico que se caracteriza, entre outros, por mudanças consideráveis do humor entre euforia (mania) e depressão, podendo interferir na vida do paciente ocasionando prejuízos funcionais expressivos, dificuldades para o autocuidado, comportamentos inadequados e problemas de relacionamento interpessoal (MIASSO, MONTRSHI, GIACCHERO, 2009). Almeida (2002) afirma que o TBH é um tipo de enfermidade em que existe uma alteração do humor, da energia (ânimo) e do jeito de sentir, pensar e se comportar. Acontecem como crises únicas ou cíclicas, oscilando ao longo da vida. Na depressão a pessoa sente tristeza exagerada e desânimo e na mania um aumento da energia e euforia anormal. A maioria dos pacientes sofre apenas de depressão e alguns também têm manias. O termo mania não significa “mania de fazer alguma coisa” ou algum tique é simplesmente o nome que o médico dá para a fase de euforia da doença maníaco-depressiva. Às vezes surgem sintomas depressivos e maníacos simultaneamente, os chamados estados mistos. Os sintomas de euforia e depressão podem variar de um paciente a outro e no mesmo paciente ao longo do tempo, muitas vezes confundindo a ele e seus familiares. As características clínicas do TBH conduzem muitas vezes os familiares a direcionarem, inicialmente, a outras causas como estresse e problemas espirituais (SOARES, 2005). Apesar da importante prevalência e gravidade do TBH, sua relação com a religiosidade ou espiritualidade ainda é pouco conhecida. Os estudos obtidos apontam maior ocorrência de relatos de conversão religiosa e experiências de salvação entre pacientes bipolares do que entre pacientes com outros transtornos mentais, além de maior freqüência de delírios de conteúdo místico na vigência de mania (STROPPA, MOREIRA-ALMEIDA, 2009). Nota-se que o TBH é uma doença crônica que afeta cerca de 1% da população e representa uma das principais causas de incapacitação no mundo. Nos últimos 10 anos, tem-se demonstrado que o TBH é um transtorno heterogêneo, com uma ampla variação de sintomatologia e curso. Apesar dos avanços dos métodos de pesquisa em psiquiatria biológica e do atual conhecimento sobre os mecanismos de ação dos estabilizadores de humor, a fisiopatologia do TBH está ainda distante de ser completamente entendida (KAPCZINSKI, FREY, ZANNATTO, 2004). A família pode ser definida como uma organização da sociedade que vem sofrendo mudanças ao longo da história e possui várias funções numa mesma época e lugar. Mesmo apresentando algumas desavenças a família é única em seu predominante desenvolvimento da sociabilidade, 26 da afetividade e do bem-estar físico dos seus seres, principalmente durante a infância e a adolescência (NAVARINI, HIRDES, 2008). Quando um familiar apresenta sintomas de TBH, a família experimenta vários sentimentos em relação ao doente e à doença. Surgem, em geral, conflitos familiares, problemas financeiros, isolamento e falta de suporte (SOUZA, 2008). Desta forma, a família deve adaptar-se com vistas a manter um equilíbrio que propicie uma melhor qualidade de vida tanto para o doente quanto para os familiares. A falta de adaptação pode contribuir negativamente para a evolução da doença e aquelas famílias que experimentam dificuldades de adaptação para incorporar o gerenciamento da doença no seu cotidiano, permanece como um foco desagradável na vida familiar (SOUZA, 2008). Nesse sentido discutir essa temática é de extrema relevância, pois partimos do entendimento de que os portadores de transtornos mentais que não são acompanhados e envolvidos com seus familiares têm dificuldades no seu cotidiano, no âmbito social, sentindo-se solitário, com maior possibilidade de desenvolver crises tendo como conseqüência internações em hospitais psiquiátricos. A partir dessas considerações, este estudo teve como objetivo compreender a percepção da família frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar de Humor. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo construído na abordagem qualitativa. Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva caracteriza-se por observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipular variáveis. Para o autor esse tipo de pesquisa procura descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros fenômenos, sua natureza e características e tem como objetivo principal das características de dadas populações ou fenômenos. Gil (2002) acrescenta ainda, que esse tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores. O cenário da pesquisa foi um Hospital Público Psiquiátrico de Teresina-PI, o Hospital Areolino de Abreu (HAA), localizado à Rua José Soares Ferry, número 2420, bairro Primavera, zona norte da cidade, no Estado de Piauí/Brasil. Os sujeitos do estudo foram um grupo de 12 indivíduos, familiares de pessoas portadoras de TBH que estavam em tratamento no referido hospital durante o mês de outubro de 2010. O campo foi escolhido por ser uma instituição psiquiátrica pública estadual, considerada como o serviço de referência no Estado na área de saúde mental, além de ser uma instituição conhecida pelos pesquisadores que a utilizaram como campo de estágio nas disciplinas Enfermagem em Saúde Mental, Psicologia Aplicada a Enfermagem e Enfermagem Psiquiátrica. O HAA é um hospital de ensino e conta com 160 leitos destinados a internação integral pelo SUS, 30 leitos de semi-internação (Hospital-Dia) e 12 apartamentos reservados a atendimentos particulares e conveniados. São realizados mensalmente de 3 a 4 mil atendimentos ambulatoriais, cerca de 400 atendimentos de urgência e emergência e 200 internações integrais. O ambulatório do HAA conta com uma equipe multiprofissional Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011. Transtorno bipolar de humor: percepção familiar (psiquiatria, psicologia, odontologia, terapia ocupacional, serviço social e enfermagem) com atendimento ao usuário através da marcação de consultas no horário de 06:30 às 17:00 horas. Possui laboratório próprio com atendimento diário das 07:00 às 17:00 horas que oferece serviços de análises clínicas e de eletroencefalograma computadorizado. O serviço de internação e urgência conta com equipe plantonista composta por psiquiatra, enfermeira e assistente social que avaliam a necessidade de internação ou encaminham o paciente a tratamento ambulatorial. Em caso de internação, o paciente é encaminhado para a unidade de internação e será avaliado diariamente por uma equipe multiprofissional. O serviço de semi-internação (Hospital-Dia) funciona em regime ambulatorial e de semi-internação, atendendo de segunda a sexta-feira no horário de 07:00 às 17:00 horas, com uma equipe multiprofissional em psiquiatria, assistência social, psicologia, terapia ocupacional e enfermagem. O Hospital-Dia destina-se a pessoas com faixa etária a partir de 18 anos de idade de ambos os sexos, com permanência de no máximo 45 dias. Os sujeitos do estudo foram um grupo de 12 indivíduos, familiares de pessoas portadoras de TBH que estavam em tratamento no referido hospital durante o mês de outubro de 2010. Após a etapa de busca de diagnóstico em prontuário, um familiar de cada paciente foi convidado a participar do estudo, e como critério de escolha do sujeito, utilizou-se: possuir idade superior a dezoito anos, ser familiar de usuário cujo diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor estivesse confirmado pelo especialista e que se encontrasse em tratamento no hospital. Quanto aos critérios de exclusão, estes se configuraram por todos aqueles casos em que o diagnóstico de TBH ainda não estivesse confirmado, ou seja, ainda tivesse como hipótese diagnóstica. Após seu aceite os mesmos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, respeitando-se a Resolução 196/96. A produção dos dados foi realizada por meio da técnica da entrevista semi-estruturada que é definida como uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica que proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária. (MARCONI, LAKATOS, 2006). Os depoimentos foram gravados em MP4 e posteriormente transcritos na íntegra. A análise dos dados foi feita a partir das transcrições das entrevistas, até o momento em que foi observada a saturação dos dados, seguida da organização e classificação dos relatos, para tal fim, foi utilizado o método de categorias. O projeto foi submetido para avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, obtendo autorização para desenvolvimento, sob o processo CAAE número 2746.0.000.043-10. Vale ressaltar que o trabalho foi elaborado de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, garantindo assim, o direito dos sujeitos da pesquisa de se ausentarem caso desejassem. 3 Dos 12 depoentes entrevistados, quatro tinham entre 20 a 40 anos, seis de 41 a 60 anos e dois acima de 60 anos. Destes, oito eram do sexo feminino e quatro do sexo masculino. Estes foram enumerados aleatoriamente para uma melhor identificação. Através da análise das entrevistas realizadas realizou-se a categorização dos dados, sendo construídas duas categorias: Percepção familiar frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor e Transtorno Bipolar do Humor e as interferências no relacionamento familiar e social do paciente. 3.1 Percepção familiar frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor A seguinte categoria relata a compreensão da família acerca do Transtorno Bipolar do Humor, mostrando que alguns depoentes desconhecem as características da doença, demonstrando pouco ou quase nenhum conhecimento em relação à patologia de seu parente. Eu sei que ela é esquizofrênica. E assim, eu li muito sobre esquizofrenia, e eu sei que no caso dela, ela tem dois tipos de comportamento, o depressivo, não é? E geralmente também o agressivo, porque ela tem comportamento de humor (Depoente 1). Não sei de nada (Depoente 11). Sei pouca coisa. Ela fica muito eufórica, chora muito e diz que não vai mais ficar boa (Depoente 10). Outros, porém, manifestaram algum conhecimento: O que eu sei é que às vezes ela fica muito agressiva, outra hora ela já está triste, depressiva. Acho que é mais ou menos isso (Depoente 9). Eu sei. Ela tem transtorno de humor, às vezes ela está triste, às vezes alegre (Depoente 12). O conhecimento da família com relação ao TBH é de grande importância, pois pode contribuir para o diagnóstico e tratamento apropriado como também colaborar melhor na administração correta da medicação (TEIXEIRA, 1997). Diante disso observa-se a necessidade do conhecimento e compreensão dos familiares com relação à doença para evitar interpretações errôneas diante das atitudes e sintomas apresentados pelo paciente. Alguns depoentes quando questionados a respeito da doença relataram desconhecer que se tratava de uma doença mental, e outros o confundiam com algum outro tipo de transtorno mental. Assim eu não considero que isso seja uma doença. Apesar de já existir outro caso na família, que pode ser hereditário. Mas eu acho que isso é da própria vivência que ela teve. Porque teve muitos filhos, muita dificuldade, o marido sempre bebeu, praticamente passaram fome mesmo, e uma situação dessas é de deixar qualquer pessoa transtornada (Depoente 8). Eu acho que ele tem uma depressão, ele tem fases agressivas, fases que ele tá chorando e ele tem medo de me perder, de eu falecer... Que não vai ter quem cuide dele porque ele é doente (Depoente 4). Acho que é depressão porque ele não esquece nada que acontece. Não deve ter problema na cabeça (Depoente 3). RESULTADOS E DISCUSSÃO Buscou-se por meio deste estudo compreender a percepção da família frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor, através de relatos fornecidos por familiares de portadores de TBH que se encontrava em tratamento em um hospital público psiquiátrico. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011. Os relatos evidenciaram que há muita falta de informação e de divulgações de informações acerca do transtorno mental para os familiares. Ao questionarmos como a compreensão do familiar pode interferir no tratamento e diagnóstico do portador de TBH, a maioria dos depoentes reconheceu o conhecimento como um fator contribuinte para evolução 27 Cardoso, J. C.; Carvalho, T. A.; Fernandes, M. A. do paciente. Sim. Porque a gente sabe como agir com ela quando está em crise, o horário certo das medicações (Depoente 9). Ajuda. Porque a gente já sabe, então a gente deixa ele brigar, deixa ele falar. Não damos tanta importância para as coisas que ele fala, coisas que ele faz (Depoente 6). paciente. Foi observado que na maioria das entrevistas os familiares afirmaram que o comportamento do paciente prejudicou os vínculos de amizade e de proximidade do paciente tanto com a família quanto com as outras pessoas de seu convívio. Mudou tudo. Quando começou a ter as crises mudou tudo. Não tem como conviver com a família, ela tem raiva de todo mundo da casa... É assim, está cada vez mais difícil em casa, na família e com os vizinhos (Depoente 5). Sim. De dois em dois meses a gente está aqui, não deixo faltar remédio, não deixo a consulta atrasar, e às vezes ela dá alguma crise porque dá mesmo (Depoente 2). Com a gente interferiu muito o nível de estresse que causa, pois quando ela está em crise a gente fica estressado e às vezes a gente também se irrita com ela. Mas é impossível você viver com um paciente assim e não ficar estressado... Quando ela ficou assim, o pessoal simplesmente se afastou, não telefonava, não faziam nada até porque eu acho que teve até certo preconceito com relação a isso ai, eu não sei (Depoente 1). Sabe-se que a participação da família na assistência ao doente mental é de grande importância para obtenção de uma melhor qualidade de vida do doente e da família (SPADINI, SOUZA, 2006). Ele me desconheceu, e eu não confio mais. Ele não se dá bem com os vizinhos e nem com a irmã (Depoente 4) . 3.2 O Transtorno Bipolar do Humor e as interferências no relacionamento familiar e social do paciente. Quando ela morava com o pai dela, era jogada ninguém ligava não, prendiam num quarto lá e não ligava, ela só vivia dopada, dormia direto (Depoente 2). Considerando que o Transtorno Bipolar do Humor pode afetar o dia-a-dia da família do portador da doença, observou-se que alguns familiares reconheceram sentir dificuldade no convívio com o paciente. Quando ele está bem, ele até tem um diálogo, mas quando ele não está bem, não tem diálogo, nem mesmo dentro de casa. Ele mesmo se isola. Fica lá fora, não come nada, não se alimenta. e depois que ele começou com esse problema, ele não trabalhou mais (Depoente 6). Horrível, horrível! Pra mim, para os filhos. A gente não tem sossego em nada (Depoente 6). É ruim. Tem que tentar entender, um dia ela está de bem, outro dia está de outro jeito. (Depoente 7). Eu tenho tido algumas dificuldades... Eu procuro ajudar e entender para facilitar (Depoente 10). Quando ela está em crise assim, todo mundo adoece. (Depoente 3) . Muito difícil, porque lá é cidade pequena, então todo mundo já sabe que quando ela esta em crise ela sai e fica querendo bater nos vizinhos, nas crianças (Depoente 5). Diante dos relatos foi identificada a dificuldade dos familiares na convivência com o portador de doença mental, sendo que na maioria das vezes isso acontece por conta da falta de conhecimento acerca da patologia ou dos sintomas apresentados (LIPPI, PINTO, SILVA, 2008). As dificuldades resultantes do árduo convívio da família com o portador de transtorno mental estão ligadas a vários fatores, como: o meio familiar, a relação do doente com a família, desconhecimento da patologia pelos familiares, a rejeição, a falta de preparo da família no acolhimento da pessoa egressa de uma internação psiquiátrica e o comprometimento do convívio social do paciente, entre outros (MOLL, SANTOS, VENTURA, 2009). A existência do sofrimento mental no meio familiar causa alterações no dia-a-dia, hábitos e costumes da família. O choque causado pelo diagnóstico, a necessidade de se acostumar com a situação, o estigma social, a subordinação e as implicações da cronicidade do quadro clínico podem ocasionar sobrecarga, desavenças, sentimentos de descrença, descontrole e medo, tendo em vista que a família experimenta uma situação desgastante ( BORBA, SCHWARTZ, KANTORSKI, 2008). O convívio com o portador de doença mental gera situações de tensão na vida familiar sendo esta resultante tanto das crises e não-crises recorrentes quanto pela constante incerteza da ocorrência da próxima crise (MAIA, MEIRELES, 2010). Algumas narrativas denotaram padrões de relações difíceis e complexas no que diz respeito ao relacionamento afetivo familiar e social do 28 Os resultados possibilitaram identificar uma sobrecarga familiar principalmente nos momentos de crise do paciente. Constataram-se nas entrevistas, que as mudanças no comportamento apresentado por um portador de transtorno mental, constituem-se em um fato de difícil compreensão para os familiares e para a sociedade, gerando muitas vezes preconceito e/ou medo por parte destes. Diante do exposto não se deve separar o transtorno do contexto familiar, pois a família é um elemento indispensável e deve ser compreendida como uma aliada da equipe de saúde, participando na promoção do conforto, para o paciente ganhar confiança e assim acreditar no tratamento (SOARES, 2005). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste estudo oportunizou identificar a percepção dos familiares de portadores de Transtorno Bipolar do Humor acerca da doença e pode-se observar que a maioria dos familiares não possuía conhecimento sobre a doença, ocasionando um sentimento de medo e desconfiança com relação ao comportamento do portador de TBH, fato que dificultava o relacionamento familiar bem como o tratamento do paciente. Uma das principais dificuldades encontradas no desenvolvimento deste estudo foi a etapa da coleta de dados, tendo sido uma fase complicada, em virtude de que raramente os familiares compareciam para visitar os pacientes que se encontravam nas Unidades de Internação Integral. E em relação à realização das entrevistas no Ambulatório e no Hospital Dia, a situação era semelhante, muitos pacientes dirigiam-se ao atendimento sem nenhum acompanhante ou responsável, o que ocasionou também a dificuldade na coleta de dados nos referidos setores. Considerando a família como uma parceira fundamental para um melhor tratamento e uma melhor qualidade de vida do portador de Transtorno Bipolar do Humor, sugere-se que os profissionais dos serviços de saúde mental ofereçam maiores esclarecimentos sobre a patologia para Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011. Transtorno bipolar de humor: percepção familiar os portadores e seus familiares, através de palestras, atendimentos individualizados ou em grupo, fornecendo as orientações relativas à patologia, a forma de agir diante das crises , bem como sobre todos os aspectos que envolvem a assistência ao indivíduo que apresenta o diagnóstico , dirimindo as dúvidas existentes. Importa ressaltar também, que se faz necessário que os profissionais de saúde ofereçam constante suporte emocional para todos os membros da família, com vistas a minimizar as angústias e tensões resultantes da vivência com o parente portador do transtorno , contribuindo, assim, para a melhoria de uma convivência mais harmoniosa e saudável no ambiente familiar . A orientação, a informação e o suporte a serem dados às famílias devem constar como parte integrante do projeto terapêutico individu- alizado prescrito para o paciente pela equipe interdisciplinar , sendo imprescindível para o sucesso do tratamento e controle efetivo da sintomatologia . De forma que, deve ser desenvolvido de forma eficiente pela equipe multiprofissional. A pesquisa foi relevante pelo fato de ter evidenciado as dificuldades encontradas pelos familiares no convívio com um portador de Transtorno Bipolar do Humor. Diante disto, esperamos que essas informações sirvam de estímulo e ponto de partida para que os profissionais de saúde e os serviços de saúde mental colaborem cada vez mais com esses familiares , através de uma atenção especial , apoio , acolhimento e prestação de informações. Acredita-se que este seja um caminho a ser seguido para se obter êxito na assistência prestada ao portador de Transtorno Bipolar do Humor, elevando a qualidade de vida do mesmo e de seus familiares. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. S. R. Transtorno afetivo bipolar: percurso da infância, adolescência e idade adulta. Disponível em: <http://www.profala.com/artpsico101.htm>. Acesso em: 20 mar. 2010. BORBA, L.O; SCHWARTZ, E; KANTORSKI, L.P. A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paul Enferm, São Paulo, v. 21, n.4, p.588-594, jul.2008. MOLL, F.M; SANTOS, T.A.P.P; VENTURA, C.A.A. Sentimentos e percepções de familiares e de pessoas com transtorno bipolar acompanhadas em um centro de atenção psicossocial. Cienc Cuid Saude , Maringa,v. 8, n. 3, p. 477-483, jul/set. 2009. NAVARINI, V; HIRDES, A. A família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos. Texto Contexto Enferm, Florianopolis, v. 17, n.4, p. 680-688, out/dez. 2008. GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. KAPCZINSKI , F; FREY, B.F; ZANNATTO, V. Fisiopatologia do transtorno afetivo bipolar: o que mudou nos últimos 10 anos? Revista brasileira de psiquiatria, v. 26, Supl. III, p. 17-21, 2004. LIPPI, P.C.M; PINTO, C.J.M; SILVA, V.A. Doença mental: dificuldades enfrentadas pela família e o familiar-cuidador. Revista Acadêmica Digital do Grupo POLIS Educacional, v. 04, n. 05, 2008. MAIA, M.A.B; MEIRELES, P.C.J. Reforma Psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental. Monografia (Graduação em Enfermagem)Faculdade NOVAFAPI, Teresina (PI);2010. MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2006. SPADINI, L.S; SOUZA, M.C.B.M. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. Rev Esc Enferm USP, São Paulo v.40, n.1, p. 123-127, mar.2006. SOARES, F.M. O portador de transtorno mental e a cidadania: um estudo no âmbito do serviço social no Hospital Areolino de Abreu. [monografia]. Teresina (PI): FAR; 2005. SOUZA, A.S. O impacto do transtorno bipolar afetivo na família. Dissertação (Mestrado)- Escola de Enfermagem da USP, Ribeirão Preto; 2008. STROPPA, A; MOREIRA-ALMEIDA, A. Religiosidade e espiritualidade no transtorno bipolar do humor. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 36, n. 05, p.190-196,fev. 2009. TEIXEIRA, M.B et al. Manual de Enfermagem Psiquiátrica. São Paulo: Atheneu, 1997. MIASSO, A.I; MONTRSCHI, M; GIACCHERO, K.G. Transtorno afetivo bipolar: adesão ao medicamento e satisfação com o tratamento e orientações da equipe de saúde de um núcleo de saúde mental. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.17, n.4, p. 548-556, jul/ago. 2009. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011. 29 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí The process of establishment and development of a private higher institution of education in Piauí Proceso de implantación y desarrollo de una instituición de enseñaza universitaria privada en Piauí Francisco Antônio Alencar Aluno do MBA Administração Acadêmica & Universitária: Gestão de Gestores de IES Dênio Mágno Professor da Fundação Cultural Pedro Leopoldo & Carta Consulta RESUMO O estudo tem como objetivos descrever o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI e analisar o desenvolvimento da instituição no contexto do ensino superior privado no Piauí. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, desenvolvida na Faculdade NOVAFAPI, localizada em Teresina – Piauí, através de entrevista semi-estruturada com mantenedor diretor, coordenadores, professores, colaboradores e alunos. Os resultados foram apresentados em três categorias, a saber: as estratégias utilizadas para implantação da Faculdade; o processo de implantação da infraestrutura, pessoal e o seu desenvolvimento, no período de 2001 a 2009. A implantação da Faculdade se deu numa época em que o número de instituições de ensino superior privadas no Estado era reduzido e nenhuma atuava no setor de saúde, fato esse que se constituiu no grande diferencial da NOVAFAPI. Descritores: Educação. Educação superior. Ensino privado. Vantagem competitiva. ABSTRACT The following study aims to describe the process of an establishment and development of a college named NOVAFAPI as well as to analyze the development of the institution in the context of the private higher education in the state of Piauí. The research is based on a qualitative approach, developed in the college (NOVAFAPI), located in Teresina – the capital of the state mentioned above – taking into consideration a semi-structured interview involving a principal, coordinators, teachers, staff and students. The results were presented in three categories: the strategies used to set down the college; the process of its implantation related to its infra-structure and staff and the development of the institution, during the period of 2001 up to 2009. The establishment of the college happened at a time when the number of private institutions of education, in the state, was not enough, and none of them were involved with the health and its issues, a fact that has become the major difference of NOVAFAPI Descriptors: Education. Higher education. Private education. Competitive advantage. RESUMEN Submissão: 19/01/2010 Aprovação: 17/06/2010 30 El estudio tiene como objetivos describir el proceso de implantación y desarrollo de la Facultad NOVAFAPI y analizar el desarrollo de la institución en el contexto de enseñanza universitaria privada en Piauí. Se trata de una investigación de abordaje cualitativa, desarrollada en la Facultad NOVAFAPI, ubicada en Teresina – Piauí, a través de entrevista semiestructurada con mantenedor director, coordinadores, profesores, colaboradores y alumnos. Los resultados fueron presentados en tres categorías, son ellas: las estrategias utilizadas para implantación de la Facultad; el proceso de implantación de la infraestructura y personal, y su desarrollo, en el período de 2001 a 2009. La implantación de la Facultad ocurrió en una época en que el número de instituciones de enseñanza universitaria privadas en el Estado era reducido y ninguna actuaba en el sector de salud, ese hecho se constituyó en el gran diferencial de NOVAFAPI. Descriptores: Educación. Enseñanza universitaria. Enseñanza privada. Ventaja competitiva. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Brasil apresentou grandes transformações na década de 90, especialmente com a implantação de uma política de privatização, trazendo a modernização a setores econômicos importantes como a siderurgia, as telecomunicações e o setor bancário, tendo acontecido ainda nessa mesma década um boom no setor educacional privado, com a criação de novas Faculdades, Centros Universitários e Universidades que vieram suprir uma demanda reprimida por vagas no ensino superior, às quais o Estado não dispunha de condições de atender. A política educacional no Brasil, historicamente, vem restringindo o público e estimulando a iniciativa privada na educação superior. Existem muitas instituições de educação superior, faculdades, escolas e institutos, para as quais se vinculam ao segmento privado (SOUSA, 2009). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/96) fundamenta a educação superior através do desenvolvimento de competências e habilidades, definidos em Projetos Pedagógicos inovadores, numa perspectiva de mudança para a formação profissional. Isso tem resultado na necessidade de uma reestruturação dos cursos de graduação com mudanças no contexto acadêmico, direcionando a construção de Diretrizes Curriculares para cada Curso de Graduação (BRASIL, 1996). A necessidade de expansão da educação superior no Brasil aparece nos artigos 44 e 45 da LDB n. 9.394/96, os quais abrem a possibilidade da existência de outros tipos de instituições que possam vir a oferecer novas modalidades na educação superior. Com efeito, essa Lei é um marco da reestruturação da educação superior na década de 1990, pois traduziu uma nova forma de ação e de relacionamento entre Estado e as Instituições de Ensino Superior - IES (OLIVEIRA; DOURADO, 2005). Dessa forma, no Brasil, a expansão do setor privado, teve sua ascensão no início dos anos 1990 e no Piauí a partir do ano 2000, atingindo 36 Instituições de Ensino Superior – IES – até 2008. Nesse contexto, foi criada a Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, com características diferenciadas, visando principalmente a área de saúde, quanto à qualificação dos docentes e colaboradores, infraestrutura própria, de modo a cumprir suas finalidades educativas e sociais segundo previsto no Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI). Diante do exposto, definiu-se como objeto de estudo o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI. A pesquisa tem como objetivo: descrever o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI e analisar o desenvolvimento da instituição no contexto do ensino superior privado no Piauí. 2 MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa. Segundo Gil (1991), a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como: roteiro de entrevista, questionário e observação sistemática, assumindo, de forma geral, a forma de levantamento. Na pesquisa qualitativa é importante a compreensão do fenômeno sob a ótica dos sujeitos que o experimentam, fazendo ligação com o contexto social pertencente, tanto do pesquisado quanto do pesquisador, pois a preocupação central do método qualitativo não é o fenômeno em si, mas o que ele significa para os sujeitos (LEOPARDI, 2002). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade NOVAFAPI, localizada em Teresina – Piauí, com 12 sujeitos que participaram do processo de implantação da IES, entre eles, mantenedor, diretor, coordenadores, professores, colaboradores e alunos que vivenciaram o início das suas atividades, como alunos das primeiras turmas dos cursos de e Odontologia e Enfermagem. De acordo com Chizzotti (1999), os sujeitos ou pessoas fontes de informações, devem ser aqueles que conhecem bem o problema em estudo, e que, como testemunho oral, com suas percepções e análises, podem esclarecer aspectos desconhecidos e identificar fatos que não foram explorados do problema. Para a produção dos dados foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada contendo questões relacionadas com o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI. Os sujeitos da pesquisa foram entrevistados no expediente de trabalho em local reservado para evitar constrangimento e exposição desnecessária, o que poderia influenciar na veracidade das informações fornecidas pelos mesmos. Os depoimentos foram coletados, com auxílio do gravador de voz, previamente autorizado pelo entrevistado por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme recomenda a Resolução no. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que trata das pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996). O conteúdo das falas transcritas foi agrupado por similaridade em categorias, de acordo com os pressupostos metodológicos necessários para a realização da Análise de Conteúdo que consiste em um conjunto de técnicas que ”visa obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas mensagens”` (BARDIN, 2004). 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados obtidos permitiram a análise de questões relacionadas com o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI. Os dados produzidos são apresentados em três categorias analíticas: 1. Estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade NOVAFAPI; 2. Processo de implantação da NOVAFAPI quanto à infraestrutura e pessoal; 3. Desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI, no período de 2001 a 2010, no contexto do ensino superior privado no Piauí 3.1 Estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade NOVAFAPI A Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI foi instituída e constitui-se em um estabelecimento particular de ensino superior, localizada em Teresina, Estado do Piauí, credenciada pela Portaria Ministerial nº 1592/2000 e autorizada a oferecer ensino de nível superior nas áreas de saúde, ciências humanas e tecnológicas. Em 2000, o Piauí contava com uma população de 2.840.969 habitantes e passava por um acentuado processo de urbanização, demandando criatividade e agilidade de seus dirigentes e da iniciativa privada. Um ponto primordial é a qualificação do trabalhador e do empresariado, para 31 Alencar, F. A. ; Mágno, D. essa nova fase. O Censo revelou crescimento de cerca de 5% da população urbana, de 1996 a 2000, enquanto a população total cresceu 1,54%, no mesmo período (IBGE, Censo 2000). À época, o Estado contava com 223 municípios e seu foco de desenvolvimento era voltado para a produção agrícola dos cerrados, para a industrialização, turismo e para a melhoria da qualidade dos serviços. O potencial produtivo do Estado foi bastante significativo, com grande extensão de terras agricultáveis e manancial hídrico, com água de superfície e subsolo. Além disso, a posição geográfica entre o Norte e o Nordeste favorecia ao Piauí uma situação estratégica com relação ao comércio e à prestação de serviços. O setor mais importante para a economia do Estado era o de serviços, que contribuiu com 52,66% para a formação do Produto Interno Bruto (PIB), evidenciando a vocação do Estado para este setor. (CENSO IBGE 2000). A capital do Estado do Piauí, Teresina, está situada na região Norte do Piauí, contava com 714.318 mil habitantes (IBGE, Censo 2000), 25% da população do Estado e constituía-se no município com maior índice de urbanização, com 94,72% de sua população residindo na cidade, abrigava mais de um terço da população do Estado e possuía a metade do potencial de consumo do Piauí. É importante ressaltar que a região integrada de desenvolvimento da grande Teresina, criada pelo Decreto Federal n. 4.367, de 09 de setembro de 2002, engloba 13 municípios, sendo 12 do Estado, e mais a cidade de Timon – MA, formando assim uma conurbação, onde as duas cidades juntas têm 924.000 habitantes. (CENSO IBGE/2010). Teresina vinha apresentando acelerado crescimento populacional, no Censo de 2000, a taxa de crescimento foi 2,22%, superando a do Estado. Em decorrência, principalmente de sua localização, a capital do Piauí vinha se consolidando como centro de convergência no setor de prestação de serviços, sobretudo nas áreas de educação e saúde, atraindo contingentes populacionais de todo o Estado e das regiões Oeste do Ceará e Leste do Maranhão, e de Estados da região Norte, principalmente Pará, Tocantins, Amapá e Roraima. A cidade possuía o quarto lugar em crescimento populacional entre as capitais nordestinas, abaixo de São Luís, Salvador e Maceió, três capitais litorâneas que vinham apostando muito no incentivo às empresas de fora e de forte atração turística, de lazer e cultural. Salvador possuía um setor industrial consolidado, com indústrias de primeira, segunda e terceira geração; a vizinha cidade de São Luís vinha recebendo importante apoio federal há quase duas décadas. O crescimento populacional de Teresina se justificava pela vocação da cidade para a prestação de serviços, sobretudo em saúde e educação. As duas áreas vinham se consolidando como polos de referências da capital piauiense, localizada no Meio Norte do Brasil. Para o desenvolvimento do potencial existente em Teresina, cuja localização lhe assegurou um diferencial foram necessários investimentos públicos e privados, principalmente nas ações de capacitação de recursos humanos, buscando elevar o nível de escolaridade dos empreendedores e trabalhadores, possibilitando qualidade à mão de obra, aumento da produtividade, conquista de novos mercados e treinamento de empreendedores e trabalhadores para lidar com novas tecnologias de procedimentos, materiais e equipamentos. No setor de educação, como em outros setores, o processo de modernização provocava grandes impactos. Alguns postos de trabalho eram eliminados devido à adoção de novas tecnologias, como informatização 32 ou mesmo a reestruturação organizacional. De maneira geral, os postos de trabalhos eliminados foram aqueles que requeriam baixo nível de escolaridade geral e algum nível de qualificação específica. Os novos postos, por sua vez, exigiam mais qualificação do trabalhador. As estratégias utilizadas para a implantação da NOVAFAPI partiram de observações relacionadas à carência de profissionais da área da saúde, pelo fato de Teresina ser reconhecida como um polo de saúde, com atendimento de média e alta complexidade à população de todo o Piauí e Estados vizinhos. Transcrevemos abaixo, depoimentos selecionados dos sujeitos do estudo sobre as estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade: ... Iniciar com cursos da área de saúde, enfermagem e odontologia, que tinham uma demanda reprimida não absorvida pelo setor público. Contratar pessoal qualificado, de reconhecimento na sociedade como bons profissionais, escolher como local de instalação uma área na zona leste, com boas avenidas e com possibilidade de expansão física. (DEP. 1). ... No meu ponto de vista, a NOVAFAPI usou como estratégia o padrão de qualidade devido aos profissionais capacitados que desde o início participaram da implantação do projeto e implantação. (DEP. 5). ... Observação do mercado de trabalho e da necessidade de desenvolvimento da educação e saúde (DEP. 6). A estratégia utilizada para implantação foi iniciar com dois cursos da área da saúde - enfermagem e odontologia, após levantamento da necessidade de enfermeiros e dentistas no mercado de trabalho, com sala de aula, laboratórios, sala de professores, secretaria e especialmente pessoal qualificado e motivado para implantar uma instituição de ensino superior com todos os requisitos necessários para ser destaque na educação superior do Piauí (DEP. 9). Houve uma pesquisa de mercado buscando elencar as prioridades para implantação, com a definição de: cursos a oferecer, público alvo, local de instalação da IES e responsabilidade social (DEP. 13). As estratégias para a implantação da NOVAFAPI foram selecionadas a partir de discussões com os vários setores educacionais e levantamento das prioridades locais, tanto do mercado de trabalho quanto do desenvolvimento socioeducacional do Estado do Piauí (DEP. 12). Pelos depoimentos, percebe-se que as estratégias utilizadas para a implantação da NOVAFAPI, foram: iniciar o trabalho com dois cursos da área da saúde necessários ao mercado de trabalho da época; construir uma Instituição de ensino superior – IES, em instalações próprias, concentrada num único endereço e com possibilidade de crescer conforme o surgimento de novos cursos, mesmo sendo instalada por um período de um ano em um prédio cedido e selecionar coordenadores, professores e colaboradores com visão ampla da educação superior com vistas ao desenvolvimento da instituição, no que se refere à implementação dos projetos pedagógicos com base nas Diretrizes Curriculares. O fato de a NOVAFAPI ser instalada em Teresina, em 2001, veio contribuir para a expansão e o desenvolvimento da Educação Superior no Piauí, com 100 alunos matriculados, 50, no curso de Odontologia e 50, no curso de Enfermagem. No Brasil, a transformação da educação superior de um sistema elitista para um outro com o fito de envolver a maior parte da sociedade começou a se construir na década de 1960. Mesmo assim, o sistema brasileiro continuava a ser elitizado, pois dados estatísticos de 1908, constam que havia 6.735 estudantes matriculados em instituições de educação superior. Em 1960, esse total já era de 93.202 alunos, em pouco mais de cinco décadas. Em 1980, ou seja, vinte anos depois, somavam 1.377.286 matrículas na educação superior. Em 2000, conforme dados do INEP, esse número quase dobra, atingindo 2.622.073 alunos matriculados. Na estatística de 2005, constam 4.453.156 estudantes de ensino superior, se caracteRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí rizando um aumento de 661 vezes maior, no período de 100 anos. Mesmo assim, o Brasil ainda se coloca numa posição frágil se comparado com outros países desenvolvidos, pois ao final do século XX possuía pouco mais de 6% da população adulta com educação superior, diferente do Canadá, que, com cerca de 40%, apresentava percentual superior ao dos Estados Unidos, Japão e de tantos outros países (NUNES, 2007). Vários fatores foram determinantes para mudanças nas políticas inclusivas e nas ações afirmativas que ampliaram a educação no país. Dentre esses é citado a questão da globalização, a emergência da sociedade do conhecimento e da informação, o maior acesso as escolas de nível fundamental e médio, a expansão tecnológica, o surgimento de organizações sociais, a revolução social, econômica e política e os baixos recursos foram determinantes desta realidade e também de uma expansão no setor privado da educação superior (NEVES; RAIZER; FACHINETTO, 2007). Nesse sentido, o País que tem obrigações internacionais e deve cumprir metas de melhoria na qualidade e principalmente na quantidade de adultos na educação superior, pois tem apenas 11,5% dos jovens entre 17 e 24 anos no ensino superior. Na última década foram propostas soluções referentes à ampliação do acesso e maior equidade através da diversificação do sistema com a criação de novos tipos de IES, novos tipos e modalidades de cursos, bem como propostas de acesso como o PROUNI - Programa Universidade para Todos - e a política de cotas. A análise dos dados sobre educação no cenário atual revelam: a ampliação do acesso, bem como a implantação de políticas de inclusão que se deram, especialmente, pelo sistema privado de educação superior (NEVES; RAIZER; FACHINETTO, 2007). No Piauí, essa ampliação não difere do que ocorreu no Brasil. Segundo os dados do INEP (2006) em 1991 existiam três Instituições de Ensino Superior no Estado, em 1996, existiam seis e no período de 1996 a 2004 já eram 26 IES. Segundo Bicho e Baptista, (2006), as etapas de aplicação da análise estratégica em projetos de investimento passam pelos seguintes passos: definição da missão e objetivos da empresa; análise externa; análise interna; análise SWOT; estratégia de negócio e implementação. Conforme os depoimentos dos sujeitos da pesquisa e a descrição do diagnóstico situacional do Estado do Piauí, suas tendências na economia e a vocação da cidade de Teresina para a prestação de serviços, especialmente nas áreas da saúde e educação, percebe-se que passos foram seguidos como estratégias para a implantação da Faculdade, essenciais ao seu desenvolvimento. 3.2 Processo de implantação da NOVAFAPI quanto à infraestrutura e pessoal Para a implantação da Faculdade, a mantenedora da IES visitou outras instituições de ensino privadas bem sucedidas do Brasil, especialmente do nordeste, para conhecer as instalações como laboratórios, clínicas e organização administrativa. Posteriormente apresentou às primeiras coordenadoras escolhidas, informações (orais e escritas) de como eram essas instituições e qual seria a sua pretensão na implantação da NOVAFAPI. Dessa forma, paulatinamente, foi-se definindo toda a estrutura, em diversas reuniões incluindo a participação do arquiteto e engenheiro responsáveis pelo planejamento e execução da estrutura da NOVAFAPI. O processo de implantação da IES deu-se de forma a que toda a estruturação do espaço geral, laboratórios e clínicas foram definidos em conjunto, envolvendo todos os que faziam parte do empreendimento, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. iniciado em instalações cedidas, mas já com planejamento para ser transferido para instalações próprias e adequadas às necessidades dos cursos, conforme as falas que seguem: Os projetos dos laboratórios do ciclo básico, foram elaborados em parceria com a coordenadora do curso de enfermagem e também foram recebidas sugestões de professores das disciplinas básicas sobre os tipos de mobiliário, equipamentos e materiais a serem adquiridos para os laboratórios. Foi um processo de implantação coletivo. A contratação do corpo docente e dos técnicos de laboratório eram da escolha das coordenadoras dos cursos de enfermagem e odontologia. No ano de 2001 a Faculdade funcionou em um prédio cedido e a partir de 2002 passou a funcionar em prédio próprio (DEP. 1). Apesar de nova, esta foi, certamente, a primeira Instituição de Ensino Superior do Piauí que planejou, ao abrir suas portas, oferecer inicialmente cursos da área de saúde. Isto foi feito para atender a evidente demanda de nossa juventude e para iniciar sua caminhada em consonância com uma clara vocação de Teresina que é reconhecida na região, no que se refere aos serviços de saúde disponibilizados pela cidade (DEP.8) No início, a Faculdade funcionava em um local cedido, na estrada da Cacimba Velha, chamada de Velhafapi.. No final do primeiro ano de funcionamento houve a mudança para o primeiro dos atuais prédios. (DEP. 4). A Faculdade NOVAFAPI iniciou, efetivamente, suas atividades acadêmicas no dia 12 de fevereiro de 2001, com a realização da aula inaugural, proferida pelo então diretor da instituição, Prof. Manoel Paulo Nunes, sob o título “As duas faces da cultura brasileira”. E assim aconteceu efetivamente a implantação dos dois primeiros cursos da instituição, ambos pioneiros na área do ensino superior privado, no Estado: Odontologia e Enfermagem. Esses cursos foram autorizados pelas Portarias Ministeriais nºs 1.592/2000 e 1.593/2000, respectivamente Quando passei a colaborar com a NOVAFAPI, no início de seu funcionamento, em instalações cedidas pela Associação Comercial Piauiense, já havia a instituição vencido a etapa inicial de instalação de seus cursos, os de Enfermagem e Odontologia. Como diretor daquela instituição, pelo período de um ano, atendendo a convite de sua atual diretora e proprietária, Dra. Cristina Miranda, assumi o exercício da função em 12 de fevereiro de 2001. Acompanhei ainda, nessa fase inicial, o processo de montagem do curso de direito, hoje um dos melhores do Estado (DEP. 10). A participação do Prof. Manoel Paulo Nunes, na sua implantação, como seu primeiro diretor, foi um claro sinal do compromisso da instituição em oferecer à sociedade um ensino de superior qualidade, ao lado de ter iniciado as suas atividades acadêmicas tendo como colaboradores grandes educadores do Estado. O referido professor, na condição de presidente da Fundação de Ensino Superior do Piauí, coordenou e acompanhou toda a tramitação, junto ao antigo Conselho Federal de Educação, do processo de criação da Universidade Federal do Piauí, maior conquista educacional do nosso Estado. Segundo o Prof. Paulo Nunes, Foi assim essa experiência como a de quem acompanha uma criança, desde os seus primeiros passos, para admirá-la em sua fase de maturidade e plena eficiência como agora. Não houve entre nós uma experiência mais rica, em termos de eficiência e formação de quadros os mais qualificados para a sociedade piauiense, graças ao preparo para a função docente e formação profissional, de seu corpo docente, um dos melhores do Estado. Partindo dessas considerações, pode-se compreender porque, atualmente, a NOVAFAPI funciona em instalações próprias e adequadas para uma Instituição de Ensino Superior. Sua estrutura organizacional permite ainda a abertura de novos cursos que possam atender prontamente às solicitações do mercado de trabalho, bem como aos reclamos sociais da comunidade. Isso poderá contribuir para que a Escola possa gradativamente transformar-se em um instrumento de interação com a comunidade a que serve. 33 Alencar, F. A. ; Mágno, D. Para Silva (2008), a construção de uma IES privada depende não somente das forças do mercado, mas também da política como instrumento facilitador de um empreendimento privado. A reforma universitária de 1968 produziu mudanças importantes no ensino superior no Brasil, por um lado contribuiu para modernizar as universidades federais e estaduais que passaram a incorporar as modificações acadêmicas propostas pela Reforma, articulando melhor o ensino e a pesquisa, abolindo as cátedras vitalícias, introduzindo o regime departamental, a institucionalização da carreira acadêmica, a iniciação científica e a pós-graduação. Por outro lado, produziu efeitos inovadores no ensino superior, abrindo condições para o surgimento de um ensino privado, dentro de outro sistema, estruturado nos moldes de empresas voltadas para o atendimento de demandas do mercado educacional (MARTINS, 2009). 3.3 Desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI, no período de 2001 a 2009 no contexto do ensino superior privado no Piauí A Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI está instalada num terreno de 33.374 m2, totalmente urbanizado, e conta com três prédios e um auditório. No primeiro, com uma área construída de 8.346 m2, funcionam: A direção geral, laboratórios clínicos, laboratórios de informática, um auditório com 340 lugares, 19 salas de aula, cantinas, refeitório, área de convivência e lojas. No segundo, está instalado o Centro Integrado de Saúde – CIS, numa área construída de 5.981 m2, onde funcionam as clínicas de: Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Enfermagem, consultórios médicos e laboratório de análise clínicas. No terceiro, com uma área construída de 8.485 m2, funciona a biblioteca com cervo aberto de 8.188 títulos e 41.283 volumes, além de periódicos, DVDs e vídeos, 32 salas de aula, CPD, sala dos professores e coordenações de cursos. O auditório, denominado IPÊ, com 500 lugares, tem uma área construída de 1.462 m2. A IES possui infraestrutura básica e adequada para seu funcionamento, espaços necessários à operacionalização dos seus cursos e conta com planejamento para ampliações futuras, dispondo para isso de uma área total de 180.000 m2 (18 hectares), toda ela interligada, garantindo aos seus alunos, professores, corpo técnico-administrativos e à comunidade um único local de atividades. As áreas da Faculdade são amplas, contando com estacionamento, praça de alimentação e espaços que favorecem a convivência no contexto da Instituição, na medida em que proporcionam um ambiente agradável e acolhedor. Credenciada pelo Ministério da Educação (ME), (Portaria Ministerial nº 1592/2000), oferece ensino de graduação, modalidade presencial na área de saúde, ciências humanas e tecnológicas. Atualmente conta com oito cursos de graduação reconhecidos: Enfermagem, Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Direito, Biomedicina e Educação Física, e sete autorizados: Medicina, Administração, Design de Moda, Design de Interiores, Engenharia Civil, Gastronomia e Radiologia. O Curso de Administração é conveniado com a Fundação Getúlio Vargas, através do seu programa de certificação de qualidade. A Faculdade tem atualmente 4.766 alunos matriculados na graduação e 934 na pós-graduação. Através da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG, a NOVAFAPI vem desenvolvendo o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, 34 já contando com dez turmas concluídas dos Cursos de Especialização em: Saúde da Família, Saúde Pública, Formação Pedagógica em Educação Superior na área da Saúde, Prevenção e Controle das Infecções Hospitalares, Fisioterapia Músculo Esquelético, Audiologia e Linguagem. Atualmente estão sendo ministrados sete cursos: Saúde Mental, Saúde da Família, Reabilitação Cardíaca e Prescrição de Exercícios Físicos para Grupos Especiais, Ortodontia, Gestão de projetos e obras da construção civil, Urgência e Emergência, Terapia Intensiva. A Faculdade NOVAFAPI mantém convênio com a Fundação Getúlio Vargas, desde agosto de 2007, para desenvolvimento de cursos MBA na área de Administração e Saúde, já tendo concluído uma turma de Marketing e duas turmas de Gestão Empresarial. Atualmente estão em desenvolvimento mais duas turmas de Gestão Empresarial e uma de Executivo em Saúde e estão sendo formadas turmas de Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, Gestão Estratégica de Vendas, Gestão de Varejo, Gerenciamento de Projetos e Marketing. Para o desenvolvimento dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação, a NOVAFAPI mantém convênio com diversas instituições. A NOVAFAPI possui plano de capacitação docente que busca promover e melhorar a qualidade das funções de ensino, pesquisa, extensão e gerência da Faculdade NOVAFAPI, por meio de cursos de pós-graduação, de treinamento e de atualização profissional, oportunizando aos professores, pessoal técnico e de apoio administrativo condições de aprofundamento e/ou aperfeiçoamento de seus conhecimentos científicos, tecnológicos e profissionais. São oferecidos aos professores, dentre outros, incentivos como: bolsas de estudos para programas de pós-doutorados, doutorado, mestrado, especialização ou aperfeiçoamento; auxílio financeiro e operacional para participação em congressos, seminários, simpósios e eventos similares científicos, educacionais e culturais; cursos de treinamento e atualização profissional; e divulgação e/ou publicação de teses, dissertações, monografias ou outros trabalhos acadêmicos ou profissionais de seu pessoal docente. Dessa forma, percebe-se que a Faculdade NOVAFAPI possui um ritmo efetivo de crescimento positivo com a criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, resultando em bons índices nas avaliações pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, tendo influências de um processo de implantação fortalecido. Os depoimentos seguintes demonstram que os sujeitos do estudo percebem o desenvolvimento da NOVAFAPI no contexto do ensino superior privado no Piauí, como positivo e como um grande empreendimento educacional: A Instituição NOVAFAPI, de 2001 a 2010 teve um crescimento enorme, consolidando-se como a melhor instituição privada do Piauí, pois ao tempo que foi crescendo estruturalmente, novos cursos foram incluídos com quadro docente de qualidade (DEP. 3). A NOVAFAPI vem crescendo com seus cursos sendo reconhecidos com boas notas pelos avaliadores do MEC tanto pelo seu projeto pedagógico como pela sua estrutura física e corpo docente. A sociedade piauiense vem reconhecendo-a como uma das melhores instituições de ensino superior privado no Piauí e da região. E principalmente pelo elevado número de alunos que procuram ingressar na NOVAFAPI, seja através de vestibular, Enem, Prouni ou transferências (DEP. 1) A NOVAFAPI, atualmente, é uma instituição privada com dez anos no mercado, solidificada e com alto padrão de qualidade... Desde o início vejo satisfação dos funcionários e coordenadores, é uma instituição que sempre procura escutar opiniões e foi crescendo com os nossos erros e acertos... (DEP. 5) O crescimento é notório, não só na infraestrutura como na qualidade dos profissionais e o no leque de oportunidades que oferece aos professores. Prepara o aluno em diferentes áreas do saber – ensino – pesquisa - extensão, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí isso tudo pode ser notado a cada dia nos resultados dos concursos e pós-graduação por aí a fora. Cada vez mais egressos da instituição se encontram em posição de destaque (DEP. 7). Tem a melhor estrutura física, o melhor corpo docente do Estado e uma excelente estrutura curricular dos cursos de graduação (DEP. 2). Dourado (2002) relata que a educação superior no Brasil se reestrutura rompendo com o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, através do processo de expansão do ensino superior com predominância das IES privadas, com a criação de novos cursos, redirecionando a estrutura e os projetos acadêmicos, de acordo com as exigências do mercado, tornando real a privatização do ensino superior. Sousa, (2009), no seu estudo sobre a qualidade na educação superior, na relação do público com o privado, revelou que as IES privadas estão seguindo uma tendência nacional, fazendo seus projetos de acordo com o mercado, mas com pouca clareza conceitual e metodológica, no que se refere ao padrão de qualidade a ser perseguido. O que não é o caso da NOVAFAPI, pois essa desenvolve projetos pedagógicos de cursos de acordo com as necessidades do mercado do Piauí, porém tem como missão “formar cidadãos éticos, tecnicamente competentes e politicamente responsáveis, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população e para o desenvolvimento sustentável do Estado do Piauí e sua região”. Esse compromisso ainda se expressa em propostas que visam à progressiva integração da NOVAFAPI com a comunidade e ampliação da oferta de cursos, através da realização de programas e projetos de ensino, pesquisa e extensão, que ofereçam oportunidades de desenvolvimento socioeconômico, artístico, cultural, científico e tecnológico ao Estado do Piauí e sua região. Nessa perspectiva, a NOVAFAPI se propõe a fortalecer o compromisso de apoio ao desenvolvimento e socialização do saber. Para tornar sua missão factível, a NOVAFAPI cumpre o seu papel de participação na formação de profissionais competentes, comprometidos com as demandas sociais e capazes de, através de uma inserção comunitária, contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Ao definir seus princípios e objetivos, a NOVAFAPI se articula no cenário de transformações ocasionadas pela emergência de um novo momento histórico, caracterizado por uma evolução rápida e contínua da sociedade moderna, especialmente no que se refere ao desenvolvimento das tecnologias, das novas exigências de qualificação profissional, dos novos padrões de organização da educação e, em especial, da exigência do compromisso social das Instituições com a formação de quadros profissionais qualificados para atuarem em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Gonçalves (2008), fazendo uma análise da expansão do ensino superior privado no Brasil dos anos de 1990, frisa que a popularização do ensino superior, contribuiu positivamente para melhorar o conhecimento na sociedade, mas questiona como isso vem sendo feito pelas IES privadas, se há formação de profissionais de qualidade inferior à formação pública, resultando em uma redução da média de renda desses profissionais. Com base na exposição de motivos referente ao Anteprojeto de Lei da Educação Superior, o Brasil, até 2011 precisava democratizar e qualificar suas instituições de ensino pela necessidade de duplicar o número de estudantes nas instituições de ensino superior. Para isso, o desafio foi imenso e exigiu a construção de políticas públicas. A proposta de Lei de Reforma da Educação Superior teve como um dos seus objetivos criar condições para a expansão com qualidade. Dessa forma, a proposta de Lei de ReforRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011. ma apresentada cumpre uma tarefa importante para o Brasil e para os jovens de todas as origens sociais que desejam ingressar no ensino superior de forma mais democrática (BRASIL, 2005). Dessa forma, considera-se que a Faculdade foi implantada numa época em que o número de instituições de ensino privadas no Estado era reduzido, com uma estrutura física e organizacional de qualidade, quadro de docentes com titulação adequada para o desenvolvimento do ensino de acordo com as Diretrizes Curriculares e colaboradores experientes e capacitados. A instituição desenvolveu o ensino, pesquisa e extensão de forma indissociável, resultando no aumento considerável dos cursos de graduação, pós-graduação lato sensu e um mestrado em saúde da família, autorizado pelo Ministério da Educação, que se encontra em fase de implantação. Tudo isto no prazo de apenas 10 anos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS No estudo procurou-se a partir da descrição do processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade, analisar o desenvolvimento da instituição no contexto do ensino superior privado no Piauí. A Faculdade NOVAFAPI foi implantada em 2001, com os cursos de graduação em Odontologia e Enfermagem, numa época em que as instituições de ensino superior privadas no Estado só ofereciam cursos na área de humanas. Para o seu primeiro ano de funcionamento foi instalada em um prédio cedido, com bom sistema acadêmico já implantado e projetos pedagógicos de acordo com as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais. Em 2002, a IES passou a funcionar já no primeiro prédio das suas instalações próprias, construídas para atender aos cursos existentes e a demanda futura por novos cursos. Atualmente a IES conta com 15 cursos, 11 de graduação e 4 de tecnólogos. Oito cursos reconhecido e sete, autorizados. Através da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG, vem desenvolvendo o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, já com 27 turmas de especialização concluídas e sete em andamento. A Instituição conta atualmente com 4.766 alunos matriculados na graduação, 934 na pós-graduação, tendo formado 2.845 bacharéis, nas áreas de Odontologia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Direito, Nutrição, Biomedicina, Medicina e Educação Física, e 97 tecnólogos em Design de Moda. Os resultados do estudo indicaram que a análise dos conteúdos formados a partir das entrevistas com os sujeitos da pesquisa, apontou que a faculdade foi instalada em condições de se desenvolver, tendo como grande diferencial das demais IES do Estado, a preocupação em atender aos requisitos do MEC, necessários para o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão, com o objetivo de formar bons profissionais, com competências e habilidades gerais e específicas no o exercício das suas profissões. Na implantação de seu projeto Institucional, a NOVAFAPI pautou-se em princípios que se constituem em referencias para a consecução de um projeto focado no fortalecimento de relações de respeito às diferenças e no compromisso Institucional de democratização e acessibilidade ao saber, elementos decisivos no processo de construção da cidadania. Assim, na perspectiva de atender às exigências de qualificação e de contribuir para suprir carências de profissionais de nível superior capazes de colaborar com o desenvolvimento da sociedade em seus aspectos socioeconômico, artístico, cultural, científico e tecnológico é que se considera a NOVAFAPI uma IES possuidora de excelente padrão de qualidade, cumprindo satisfatoriamente sua missão institucional. 35 Alencar, F. A. ; Mágno, D. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Paris: Edições 70, 2004. 141p. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1991. BICHO, L.; BAPTISTA, S. 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E-mail: danielcoelhosjp@ hotmail.com Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes Doutora em Enfermagem pela UFRJ, professora do Curso de Graduação em Enfermagem e do Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí RESUMO O estudo tem como objeto a história dos serviços de tuberculose criados em Teresina. Objetivou descrever a história dos serviços de Tuberculose criados em Teresina no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose e analisar a atuação da enfermagem nesses serviços. Trata-se de um estudo de natureza histórico-social com abordagem qualitativa. As fontes primárias de dados foram sete entrevistas realizadas com personagens que trabalharam nos serviços de tuberculose no Piauí. Utilizaram-se ainda fontes secundárias. Os resultados foram subdivididos em duas categorias: Os serviços de tuberculose criados em Teresina e a atuação da enfermagem nos serviços de Tuberculose. Os resultados permitiram entender a estreita vinculação entre as ações do controle da tuberculose que eram desenvolvidas localmente, com o que determinava as autoridades sanitárias nacionais, principalmente no que se refere às ações de controle efetuadas no sanatório e dispensário aqui instituídos e o processo de evolução da atuação do serviço de enfermagem no tratamento ao tuberculoso. Descritores: Tuberculose. Hospital. História da enfermagem. ABSTRACT The studied has as its object, the history of tuberculosis services created in Teresina in the context of the National Tuberculosis Campaign. Aimed to describe the history of tuberculosis services in Teresina, created in this context and analyze the performance of the nursing in these services. This is a study of historical and social nature with a qualitative approach. The primary sources of data were seven interviews realized with people who worked in tuberculosis services in Piauí. Secondary sources were also used. The results were subdivided in two categories: The tuberculosis services created in Teresina and the nursing in the Tuberculosis Pavilion. The results allowed understanding the close ties between the actions of tuberculosis control that were developed locally, with what determined national health authorities, especially with regard to control actions performed in the sanatorium and dispensary established here and the evolution process of nursing service performance in treatment of tuberculous. Descriptors: Tuberculosis. Hospital. History of nursing. RESUMEN Submissão: 12/01/2010 Aprovação: 21/06/2010 El estudio tiene como objeto, la historia de los servicios de la tuberculosis creados en Teresina en el contexto de la Campaña Nacional contra la Tuberculosis. Tuvo como objetivo describir la historia de los servicios de la tuberculosis en Teresina creados en este contexto, y analizar el desempeño de la enfermería en estos servicios. Se trata de un estudio de carácter histórico y social con un enfoque cualitativo. Las principales fuentes de datos fueron siete entrevistas realizadas con personas que trabajaban en los servicios de la tuberculosis en Piauí. También se utilizó fuentes secundarias. Los resultados se dividieron en dos categorías: Los servicios de la tuberculosis creados en Teresina y la enfermería en el Pabellón de la Tuberculosis. Los resultados permitieron comprender la estrecha relación entre las acciones de control de la tuberculosis que se desarrollan a nivel local, con lo que determina las autoridades sanitarias nacionales, principalmente con respecto al control de las acciones Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. 37 Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T. realizadas en el sanatorio y el dispensario establecido aquí y el proceso de evolución de lo desempeño de servicios de enfermería en el tratamiento de la tuberculosis. Descriptores: Tuberculosis. Historia de la Enfermería. Hospital. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS No Brasil, a tuberculose teve uma importância histórica, na área da saúde, principalmente no século vinte, tendo em vista a dimensão epidemiológica da doença no território nacional, como também pela produção de conhecimento sobre a mesma na comunidade científica e impacto social causado pelas políticas de controle, assim como as representações produzidas socialmente (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010). As concepções sobre a tuberculose por muito tempo permaneceram como uma doença que vem do “outro”, do comportamento amoral, do ar impuro, de aglomerações não higiênicas, do crescimento acelerado e desestruturado e mesmo com a evolução do tratamento da cura da doença, parte dessas concepções ainda se mantém (GONÇALVES, 2000). Dessa forma, as ações de combate a tuberculose começaram no Brasil no campo da filantropia, com solidariedade de médicos e intelectuais sensibilizados com o problema da tuberculose e seu avanço no Brasil (ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000). Destacou-se como instituição filantrópica a Liga Brasileira contra a Tuberculose, fundada no Rio de Janeiro em 1900, a qual criou dois dispensários e desenvolveu um trabalho de propaganda sobre o problema da tuberculose e os meios para minimizá-lo (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010). No campo da ação governamental em saúde, até o inicio da década de 1920, foi dirigida ao combate de doenças como a varíola, a peste e a febre amarela, que ameaçavam as políticas de incentivo à migração e ao desenvolvimento agrário. Nesse contexto, foi com a proposta de Oswaldo Cruz, então Diretor Geral de Saúde Pública, em 1907, que ocorreu a primeira tentativa de envolver o Poder Público na luta contra a tuberculose, pois sugeriu a implantação de medidas profiláticas no Regulamento Sanitário e a instituição de sanatórios e hospitais, embora sua proposta não tenha se efetivado (HIIJAR, et. al. 2007). Todavia, foi a Reforma Carlos Chagas, em 1920, que deu origem ao Departamento Nacional de Saúde Pública e introduziu maior intervenção do Estado no combate à tuberculose, criando a Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose. A criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930 estendeu a intervenção do Estado no combate à tuberculose, no entanto a convivência com as iniciativas filantrópicas permaneceu (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010). O Governo Federal teve participação intensificada na atenção ao tratamento da tuberculose com a criação do Serviço Nacional de Tuberculose, em 1941, e da Campanha Nacional contra a Tuberculose, em 1946 desempenhando um papel único, devido à particularidade de sua constituição administrativa e financeira, que lhe permitia uma maior flexibilidade, assumindo, como proposta, o aumento da estrutura hospitalar e sanatorial em todo o País (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010). No Piauí, a inauguração do Hospital Getúlio Vargas, em 1941, em consonância com o movimento de expansão da rede hospitalar no Brasil, tornou-se não só um marco na área da saúde, como também na formação profissional da área. (NUNES, BORGES, SANTOS, 2008). Nesse hospital, 38 funcionaram as primeiras enfermarias destinadas ao tratamento dos portadores de tuberculose. A partir de 1949, com a participação da Divisão Nacional de Tuberculose, tiveram início efetivamente às ações contra a tuberculose no Estado do Piauí, como a construção do Pavilhão de Tuberculose. O serviço era mantido pelo Ministério da Educação e Saúde, com recursos da antiga Divisão Nacional de Tuberculose, e contribuiu efetivamente para o tratamento e controle da tuberculose no Estado. No que diz respeito a enfermagem, naquela época não existiam escolas que formassem profissionais no Estado. Assim, o serviço de enfermagem do Pavilhão de Tuberculose foi desenvolvido por pessoas com baixa escolarização treinadas para exercerem as funções do cuidado aos doentes. Somente no final da década de 1950 é que começaram a chegar ao Piauí as primeiras enfermeiras formadas em outros estados do País, que tiveram um papel significativo na implementação de medidas profiláticas como no tratamento da doença. Diante do exposto, esse estudo tem como objeto a configuração dos serviços de tuberculose criados em Teresina, no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose. O recorte de tempo do estudo compreende o período de 1949 a 1976, compreendendo respectivamente a inauguração do Pavilhão de Tuberculose e criação da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária, quando o enfoque no tratamento da tuberculose passou para outro contexto. Foram traçados os seguintes objetivos para o estudo: descrever as circunstancia da criação e desenvolvimento dos serviços de tuberculose em Teresina, no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose e analisar a atuação da enfermagem nesses serviços de tuberculose. 2 MÉTODO Trata-se de um estudo qualitativo com abordagem sócio-histórica. Os estudos dessa natureza permitem compreender o movimento de contradições da realidade e problematizar as relações entre o passado e o presente (PADILHA, BORENSTEIN). A produção de dados do estudo foi baseada na história oral, que constitui-se na percepção do passado como algo que tem continuidade no presente, e cujo processo histórico não está concluído, entretanto proporciona sentimentos à vida social dos depoentes e leitores, levando-os a compreender o seguimento histórico e a se identificar como parte dele (MEIHY, HOLANDA). A história oral consiste em um recurso contemporâneo utilizado para elaboração de documentos, arquivamento e estudos referentes à vida social de pessoas (FERREIRA, AMADO, 2002). Incide em uma história do tempo presente e é reconhecida como história viva. Os dados desse estudo provêm de fontes primárias e secundárias. As fontes primárias orais foram os depoimentos de sete sujeitos da pesquisa, dentre eles médicos, enfermeiras, funcionários e outros profissionais que vivenciaram os processos de prevenção, tratamento e cura da tuberculose à época do recorte do estudo. Cada entrevistado indicou outras pessoas que vivenciaram o processo da Campanha de Tuberculose em Teresina, as quais se tornaram sujeitos do estudo. Os depoimentos dos sujeitos foram indicados no texto pela letra inicial da profissão, como M para os médicos, E para as enfermeiras e F para outros funcionários. O tipo de instrumento foi a entrevista semi-estruturadas, cujos sujeitos ficaram à vontade para responder às perguntas, sem haver, no entanto, por parte dos entrevistadores, nenhuma rigidez na sua implemenRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí tação. Outras questões foram acrescidas durante as entrevistas, à medida que os próprios entrevistados informaram sobre determinados assuntos. As entrevistas foram gravadas utilizando-se de equipamentos eletrônicos para posterior transcrição. As fontes secundárias foram constituídas por livros e artigos, referentes à história da tuberculose no Brasil e no Piauí, pertinentes ao contexto histórico, político e social da época, que contribuíram nas argumentações e contra-argumentações das informações recebidas dos entrevistados. A análise dos dados produzidos foi realizada a partir da organização dos documentos e da transcrição das entrevistas, que depois de lidos, analisados e categorizados, foram interpretados à luz dos autores que deram sustentação ao estudo. O estudo cumpriu as determinações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os entrevistados foram orientados quanto ao tipo de pesquisa, o direito de participar ou não e de poder desistir em qualquer tempo do estudo, como também quanto a garantia do anonimato. Considerando que nem todos concordaram em utilizar o próprio nome no estudo e respeitando a garantia do anonimato os sujeitos foram denominados com abreviaturas de acordo com a função que exerciam. Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI com protocolo de número 0158.0.043.000-10. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de coleta e analise permitiu sistematizar os depoimentos dos sujeitos em duas categorias: os serviços de tuberculose criados em Teresina (1949 -1976) e a atuação da enfermagem nesses serviços de tuberculose. Os sujeitos do estudo por ocasião das entrevistas rememoraram suas vivencias do passado, relatando aspectos importantes da memoria dos serviços de Tuberculose no Piauí, o que permitiu desenvolver essa versão histórica. 3.1 Os serviços de tuberculose criados em Teresina (1949 1976) O agravamento do quadro de tuberculose, como principal causa de mortalidade no Brasil, tornou-se um dos mais sérios problemas de saúde pública do País, desencadeando, por parte do Estado Brasileiro, uma série de medidas sanitárias, para controle dessa enfermidade. Dentre essas medidas, foi criado, em 1941, o Serviço Nacional de Tuberculose (SNT), órgão responsável pela política de combate a essa enfermidade no território nacional e posteriormente, o Decreto-Lei n.º 9.387, de 20 de junho de 1946, instituiu a Campanha Nacional Contra a Tuberculose (CNCT), sob a orientação e a fiscalização do Serviço Nacional de Tuberculose e do Departamento Nacional de Saúde, ambos ligados ao Ministério de Educação e Saúde Pública (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) . Dessa forma, o Serviço Nacional de Tuberculose elaborou o Plano de Ação da Campanha, fundamentado na atuação objetiva em todo território nacional e priorização das regiões ou localidades com maior incidência da tuberculose, com desenvolvimento de medidas de profilaxia e assistência, ensino, pesquisa, educação e ação social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A função que a Campanha Nacional contra a Tuberculose exerceu no controle da doença, foi peculiar, tendo em vista a particularidade de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. sua constituição administrativa e financeira. Assim a campanha assumiu como proposta, a expansão da estrutura hospitalar e sanatorial em todo o País, trazendo a idéia da padronização do atendimento, a normatização das ações de saúde e a formação de recursos humanos, envolvendo pessoal de nível médio e superior (FERNANDES, ALMEIDA, 2010). A partir da avaliação do Governo Federal de que a Campanha Nacional deveria ser descentralizada, tendo focos regionais de maior incidência da doença, começaram a criar estabelecimentos hospitalares chamados Pavilhões para tratamento de tuberculose nas áreas mais incidentes. 3.1.1 O Pavilhão de tuberculose Nesse contexto, o Estado do Piauí fez parte do plano da Campanha Nacional de Tuberculose, tendo como principal resultado a criação de serviços para tratamento e controle da doença. Dentre esses serviços, foi instituído primeiro o Pavilhão de Tuberculose e, posteriormente o Dispensário de Tuberculose, na capital do Estado, para internação dos pacientes portadores de formas graves da doença e para controle dos doentes respectivamente. O Pavilhão foi inaugurado em 1949, assumindo um papel importante no tratamento da doença no Estado, passando a funcionar com 94 leitos. Os serviços de tuberculose foram coordenados no Piauí pelo médico Lucídio Portela, que se formou em medicina na cidade do Rio de Janeiro, tendo realizado o curso de pneumologia e tisiologia, conforme depoimento: Eu me formei em medicina no Rio de Janeiro e fiz o curso de pneumologia e o curso de tisiologia. Então fui convidado para dirigir um hospital que ia ser criado no Piauí, porque não tinha leitos para tuberculosos e a tuberculose era uma doença altamente contagiosa e precisava-se abrigar o pessoal contagiante para evitar o contato familiar. Eu vim para dirigir o hospital e fui eu que coloquei as primeiras camas; elas foram arrumadas por mim. Eu vim sozinho, depois foi que recrutamos o pessoal auxiliar (M1). O Pavilhão de Tuberculose foi o primeiro hospital público do Piauí destinado ao atendimento de tuberculosos. A sua institucionalização ocorreu dentro da proposta da Campanha Nacional Contra a Tuberculose, cujo objetivo principal era o isolamento dos doentes em hospitais (sanatórios), mantidos longe do convívio social e familiar, visando, com isso, diminuir a disseminação da doença. Vale ressaltar que o Pavilhão foi construído como anexo do Hospital Getúlio Vargas (HGV), um hospital moderno inaugurado em 1941, no contexto da reorganização sanitária do Estado, tudo provocado pelas mudanças desencadeadas no País, com o advento do Estado Novo. A área de construção do Pavilhão foi escolhida próxima ao HGV, certamente pela sua localização, que embora fosse situada no perímetro urbano, mantinha-se isolada do centro da cidade, evitando poeira e outros transtornos desagradáveis para doentes que careciam de repouso. Outro aspecto considerado foi a facilidade de serviços do HGV, como a sua cozinha, que atendeu ao Pavilhão, dada a sua proximidade. Apesar de o prédio, à época, ser considerado um anexo, ele tinha uma estrutura própria de atendimento isolada do HGV. Todavia, por mais de uma década, o seu funcionamento dependeu dos serviços da cozinha do HGV, como recordam os depoentes. A cozinha era no HGV e, todo dia, havia reclamação por parte dos pacientes de que a comida não dava e não tinha como controlar. Então começamos a cozinhar no próprio Pavilhão com um fogãozinho doméstico. Quando foi um dia o Dr. Lucídio entrou e perguntou que história era aquela que nós estávamos fazendo comida lá. Eu respondi os motivos e ele foi ao Rio de Janeiro com o projeto e ganhou o recurso e nós montamos a cozinha (E1). 39 Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T. A alimentação era precária. Eles colocavam os restos pra nós. Aí nós resolvemos fazer uma cozinha e uma lavanderia também. A roupa antes era lavada no hospital, mas eu resolvi: “Vamos comprar o material”. Comprei uma lavanderia e colocamos a lavanderia para funcionar (M1). Dessa forma, conseguiram, aos poucos, montar a estrutura de apoio no próprio prédio do Pavilhão, que foi ficando independente desse serviço do Hospital Getulio Vargas, considerando que o Pavilhão era mantido com recursos da antiga Campanha Nacional de Tuberculose. Conforme informações dos depoentes, o Pavilhão apresentava uma estrutura bem organizada, tendo uma coordenação local da campanha, que era realizada pelo médico Lucídio Portela Nunes, que exercia o papel de diretor do Hospital e do Dispensário. Outro destaque da equipe foi a enfermeira Maria Vieira de Moraes, que era da equipe do Ministério e veio trabalhar no Piauí. Outros profissionais também compunham essa equipe de trabalho: médicos, enfermeiras, assistente social, bioquímicos e as visitadoras sanitárias. A administração dos serviços do Pavilhão era rigorosa, e os serviços prestados eram de qualidade. “O Dr. Lucídio era rigoroso com o serviço; ele era muito bom, mas todos tinham que cumprir as obrigações, era tudo na íntegra e todos admiravam o modo como era o Pavilhão” (F1). Convém mencionar que a organização do Pavilhão seguia rigorosamente as recomendações da Campanha Nacional contra Tuberculose, que era basicamente igual no País, pois a coordenação, era em âmbito nacional, de forma verticalizada, sendo que o Ministério da Saúde conduzia o processo conforme analisam as depoentes. “Era uma coisa muito verticalizada: o Ministério da Saúde conduzia, o Estado não tinha uma certa liberdade, era seguido o que o Ministério mandava.”. (E2). “Nesse tempo a campanha era vinda do Rio de Janeiro, tudo era determinado pelo Rio de Janeiro” (F1). O problema da tuberculose no Estado era gravíssimo, considerando que, até o final da década de 1940, não existia a cura da doença nem esses serviços de apoio. Nesse sentido, a internação dos primeiros pacientes foi um problema gravíssimo; pois, não existindo a cura, o tratamento se resumia ao repouso e à internação, tendo mais o objetivo de isolar do que curar os doentes. O relato abaixo retrata a ocasião da chegada dos primeiros pacientes. Na primeira semana, em que o hospital foi instalado todos os tuberculosos que sabiam se internaram, independente de qualquer gravidade e desses morreram 38. Eu fiquei alarmado e quase desisti e pensava: “Eu não vim aqui pra enterrar gente, o que diabo é que eu vim fazer aqui?” Mas insisti e essa luta demorou alguns anos; muita gente veio do interior atrás de cura; mas, na realidade, não sabiam que a cura era pouco provável. O paciente ficava em repouso no hospital, às vezes se curavam uma porcentagem de mais ou menos 5%. Em cada 100 casos de tuberculose, morriam 95 e se recuperavam 5, com o repouso que lhes davam no hospital (M1). Posteriormente, o trabalho no Pavilhão foi obtendo avanços relativos à cura dos doentes, principalmente quando as primeiras drogas eficazes contra a tuberculose foram surgindo no mercado e deram um novo alento tanto para os doentes como para os profissionais que os tratavam. Assim, o final da década de 1940 foi uma fase historicamente frutífera para o combate à doença; pois, naquele período, a quimioterapia antibiótica começou a alterar o quadro da enfermidade. Com a cura possível, a tuberculose passou de uma doença mortal a uma moléstia passível de cura, pelo avanço científico. Uma possibilidade real de cura se apresentou em 1944, com a descoberta da estreptomicina, que exibia um importante efeito terapêutico (GONÇALVES). A estreptomicina foi o primeiro remédio que apareceu para tuberculose. Começamos a usar e curar os doentes, sobretudo os casos iniciais, e todos eles se curavam desde que tomasse pontualmente o remédio. Depois apareceram outros remédios, em segundo lugar o PAS. Eram uns comprimidos grandes, 40 que tomavam 10 comprimidos por dia, junto com a estreptomicina, aumentando a taxa de recuperação e cura também. Depois apareceu o terceiro remédio, a hidrazida, e esse foi a salvação. A partir daí, inverteu-se o problema ao invés de morrer 95 e recuperar 5, passou a ser o contrário recuperavam-se 95 e morriam cinco (M1). Em 1946, quando a CNCT foi instituída, dois agentes quimioterápicos anti-TB eram utilizados a estreptomicina (S) e o ácido para-amino-salicílico (PAS), descoberto em 1946. O início da prática da quimioterapia se fazia só com a estreptomicina que era importada e distribuída pelo poder público. Os animadores resultados iniciais logo se mostraram decepcionantes com as altas taxas de resistência bacteriana. Mas, a combinação da estreptomicina e PAS aumentavam a eficácia do tratamento ao produzir um aumento da taxa de conversão bacteriológica e diminuir o aparecimento da resistência. Assim foi estabelecido o primeiro esquema terapêutico prontamente adotado no Brasil (HIIJAR, et. al. 2007). Dessa forma, a mortalidade caiu sensivelmente por força da quimioterapia. Porém, algum tempo depois, começou a perder sua velocidade de queda. Essa condição e outras decorrentes do avanço tecnológico, levaram o Governo Federal a lançar uma ofensiva conclamando governadores, prefeitos, outras autoridades, profissionais, para dar apoio ao programa da CNCT, em 1961. A ofensiva era voltada para a ação dispensarial, visando à padronização dos métodos e sua expansão para o interior e o entrosamento efetivo dispensário-hospital, assim como a retomada da construção de hospitais e o aproveitamento de leitos dos hospitais gerais, dentre outros. Essa preocupação do governo, em Teresina, de acordo com as entrevistas faz-se como forma de apoio a Campanha assumindo o incentivo financeiro e fornecimento de medicações para o tratamento dos tuberculosos, como demonstra o relato do depoente: O governo realmente dava o remédio. Nunca faltava medicação no Piauí. O apoio do governo foi muito grande naquela época, depois as coisas mudaram. A campanha entusiasmou muito a classe médica especializada, e os casos diminuíram muito; mas, quando isso aconteceu, começaram a relaxar. O que fizeram? Extinguiu-se a campanha, coisa que deveria existir até hoje (M1). Com os anos, os avanços científicos, como as novas medicações e a descoberta do fator sócio-econômico como determinante da TB, que vieram questionar afirmativas até então aceitas, como o “fator clima”, na cura da tuberculose, e a hereditariedade na etiologia da doença. Aquele momento se caracterizou pela intensa discussão entre os tisiólogos, na medida em que esses avanços promoviam mudanças significativas no entendimento e nas representações sobre a doença (FERNANDES, ALMEIDA, 2010). Assim, com o tempo de funcionamento do Pavilhão e do Dispensário, de forma cíclica, todos os casos diagnosticados de tuberculose eram encaminhados para internação e tratamento, sendo acompanhados e cuidados diariamente. Nos anos de 1970, intensificou-se a ação do Estado no controle da doença até alcançar sua completa monopolização na década seguinte. Foi criada, em 1970, a Divisão Nacional de Tuberculose, em substituição ao Serviço Nacional de Tuberculose. Essa década teve, como marco fundamental para a tuberculose, o início da implementação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, contido no II Plano Nacional de Desenvolvimento (FERNANDES, ALMEIDA, 2010). Com isso, intensificou-se o tratamento ambulatorial, reduzindo as internações desnecessárias que consumiam os recursos disponíveis. O controle da distribuição das drogas passou a ser estatal, devido a uma política de racionalização (HIIJAR, GERHARDT, TEIXEIRA, 2007). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí A consolidação do uso dos antibióticos como terapêutica eficaz para o tratamento da tuberculose, ao lado das medidas profiláticas e da simplificação do diagnóstico, levou a uma mudança no perfil epidemiológico da doença com uma queda acentuada no índice de mortalidade. Essa alteração contribuiu para o estabelecimento de uma nova relação entre as pneumopatias, dando corpo à pneumologia. Nesse sentido, em 1976, a Divisão Nacional de Tuberculose transformou-se em Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária, passando a se ocupar não só da tuberculose, como também de outras pneumopatias consideradas de interesse da Saúde Pública (FERNANDES, ALMEIDA, 2010). E assim, dado a esses avanços no Estado do Piauí, também não havia mais sentido manter o Pavilhão em funcionamento. “Todos os casos de tuberculose passaram a ser tratados em ambulatório porque o contágio desapareceu com a instalação do esquema tríplice de tratamento. Então, o Ministério da Saúde resolveu fechar o hospital” (M1). 3.1.2 O dispensário de tuberculose Após a implantação do processo de internação dos casos graves de tuberculose, no Estado do Piauí foi criado, em 1958, o Dispensário de Tuberculose. Isso se deveu em virtude das mudanças ocorridas nos planos de ação contra a Tuberculose no Brasil, que, ao longo dos anos, passou por diversas mudanças, dados os avanços dos estudos que iam sendo produzidos, principalmente nos aspectos inerentes ao tratamento dos pacientes. Nessa nova fase, as discussões se pautavam na necessidade de investir na internação hospitalar de curta permanência, sendo utilizada a classificação por prognóstico dos pacientes e com duração média de três a seis meses, voltados para educação sanitária dos internos, medicação assistida e controle dos comunicantes e egressos. Esse modelo de internação objetivou conter o fenômeno da resistência bacteriana e otimizar os leitos hospitalares, reduzindo assim os gastos com a internação (MONTENEGRO et. al ) . O dispensário era uma unidade de saúde que desenvolvia ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da TB, possibilitando a utilização e a difusão de novas técnicas terapêuticas. Nesse sentido, ocorreu um esforço na expansão da rede de dispensários com o início da execução do plano de implantação de pelo menos um sanatório em cada estado do Brasil. Houve também a inclusão das ações de controle da TB nos serviços assistenciais dos institutos e caixas de aposentadoria e pensões (HIIJAR, et. al. 2007). O tratamento realizado no Pavilhão de Tuberculose sempre foi pautado na ideia da internação somente dos pacientes com complicações, sendo os outros pacientes tratados a nível ambulatorial, com as orientações sobre como deveria ser a alimentação, medicação e as possíveis reações. Com a criação do Dispensário de Tuberculose, as ações contra a tuberculose foram ampliadas, pois o dispensário visava dar continuidade aos casos daqueles pacientes que se internavam e, no ambulatório, eram monitorizados até concluir o tratamento. Ainda acompanhavam os comunicantes e faziam a visita domiciliar. O dispensário foi localizado no centro da cidade em prédio próximo a Secretaria Estadual de Saúde. “O dispensário de tuberculose foi criado na Secretaria de Saúde e visava fazer o tratamento, no ambulatório, dos casos que começavam no hospital e iam para o ambulatório para terminar o tratamento” (E1). Dessa maneira, o objetivo do dispensário era fazer o tratamento no ambulatório e monitorar o doente até a sua cura. Para coordenar e Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. desenvolver esse trabalho, a instituição dispunha de uma equipe de profissionais preparados, como médicos, assistentes sociais, enfermeiros sanitaristas, atendentes e auxiliares de enfermagem e visitadoras sanitárias. O depoimento a seguir relembra esse momento. Fazia-se o seguinte: identificado o tuberculoso, elas iam às casas dos pacientes, ensinar como é que se evitava e tratava a tuberculose no ambiente familiar. Então eles faziam isso na própria casa do paciente e também o acompanhavam na falta ao tratamento. Elas iam atrás do doente e levavam para o dispensário. Nós chegamos a ter mil e poucos doentes no dispensário de tuberculose e a recuperação era altíssima (M1). Após a implantação dessa primeira fase, de acordo com os relatos, a intensificação da visita domiciliar teve maior atuação na década de 1970, quando se realizou o mapeamento da cidade em áreas delimitadas para realização das visitas. Nós encaminhávamos os doentes para o Pavilhão quando era o caso de internação. A equipe da coordenação da campanha de tuberculose mapeou Teresina e havia os bairros que se fazia visita domiciliar. Nós tínhamos o visitador sanitário tanto a nível central, na Secretaria de Saúde, quanto no dispensário de tuberculose, então todos os casos novos recebiam uma visita e lá era vista toda a condição que o paciente vivenciava e dava toda a orientação de contato se a pessoa tinha tomado vacina e se não, era encaminhado pra tomar (E2). Além da visita domiciliar, o Dispensário prestava serviços à população, fazendo Abreugrafia. Em 1936, houve o surgimento de uma tecnologia que se tornou primordial para o diagnóstico da doença. Manoel de Abreu apresentou a abreugrafia, que se generalizou nos consultórios pelo baixo custo, rapidez e praticidade. Passou a ser comum um cadastro torácico, que veio determinar, mais tarde, a requisição de tal exame para controle nas admissões em instituições e empresas. Portanto, ser ‘tuberculoso’ implicava muito mais do que estar debilitado organicamente; as alterações no cotidiano não eram apenas temporárias ((HIIJAR, et. al. 2007). O depoente seguinte lembra a importância da realização do exame: Em todo lugar tinham focos de tuberculose. Então, se você ia se matricular em um colégio, numa faculdade, num concurso, tudo tinha que levar a abreugrafia; quando era uma coisa assim bem importante, não era nem a abreugrafia, era a teleradiografia, que era maior (F2). Nos anos 1960 e 70, uma obrigação sanitária relacionada à tuberculose acompanhou diversos passos da vida civil. De posse do registro fotográfico da imagem radiológica dos pulmões, o interessado comprava um selo médico em bancas de jornal, juntava o certificado de vacinação contra a varíola e levava toda essa documentação para apreciação do médico que emitiria o atestado de saúde. Esse certificado foi requisito associado principalmente às obrigações trabalhistas, na admissão e controle periódico de saúde dos trabalhadores, sendo inclusive requisito para o ingresso em algumas escolas (ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000). O serviço de abreugrafia funcionava no dispensário de 7 as 13 horas, onde se fazia toda a ficha de cadastro e, após o resultado, indicava-se uma avaliação médica para um possível tratamento ou apenas a liberação dos exames. Tinha que fazer a ficha completa, depois fazia a abreugrafia, no outro dia, recebia o resultado. Quem não tinha tomado a BCG a gente oferecia. E quem dava suspeito na abreugrafia, a gente passava pra outra sala, pedindo outros exames, aquela teleradiografia, e levava diretamente ao médico, porque eram as pessoas suspeitas (F2). O mérito do procedimento residia na simplificação e redução de custos da radiografia convencional, o que permitiria sua aplicação em larga escala. A técnica consistia na obtenção de uma fotografia em miniatura da imagem que aparece na radioscopia do tórax, motivo pelo qual seu criador a denominou de roentgenfotografia ou fluorografia. Apesar dos 41 Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T. termos propostos, o I Congresso Nacional de Tuberculose, realizado no Rio de Janeiro em 1939, tornaria oficial o nome de “abreugrafia”, conceito posteriormente ratificado pela União Internacional contra a Tuberculose (ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000). Assim, o trabalho desenvolvido no Dispensário de Tuberculose em Teresina foi fundamental para o controle da doença, como rememora um depoente. Após a saída das primeiras enfermeiras verificou-se, por meio dos relatos, a presença de uma enfermeira religiosa, que atuava na administração do Pavilhão e no treinamento de funcionárias para exercer as atividades de enfermagem, as quais foram denominadas posteriormente de atendentes. A religiosa, Irmã Teresa, era Vicentina advinda da Escola Maria Antoinette Blanchot, primeira escola piauiense de ensino auxiliar de enfermagem. O dispensário foi fundamental. Nós fazíamos também o seguinte: o nosso trabalho era um trabalho interno. Nós fazíamos o cadastro por exame de abreugrafia. Nós fazíamos uma média de 200 abreugrafias, por dia, em familiares. De forma que eu era quem fazia as abreugrafias e dava o resultado de duzentas e poucas abreugrafias por dia. Era um trabalho muito interessante (M1). Nós éramos atendentes sob a supervisão da irmã Teresa, que era a enfermeira chefe; ela era religiosa, mas era formada. O curso teve uma grande importância porque a gente começou do nada e foi aprendendo essa parte ética, parte profissional da mão na massa como se diz, e tudo aquilo a gente aprendeu com doutor Lucídio e com a enfermeira irmã Teresa. Todo dia de manhã ela explicava tudo; todos os dias, antes de reunir pra chamada, pra saber quem tinha faltado e quem tinha chegado na hora ela dava muita orientação pra gente. A irmã Teresa quando a gente partia dali pras enfermarias, a gente ia saber o que ia fazer com o doente, ia tratar bem, ia tratar com carinho, ia ter toda aquela ética (F3). No final, as ações desenvolvidas nos Dispensários foram absorvidas pela Divisão de Pneumologia Sanitária da Secretaria Estadual da Saúde, quando as ações da Campanha Nacional de Tuberculose foram encerradas. 3.2 Atuação da Enfermagem nos serviços de tuberculose Em 1949, quando as ações de combate a tuberculose no Piauí foram implantadas não existiam escolas para formar pessoal de enfermagem em nível superior e médio, portanto inúmeras eram as dificuldades de encontrar profissionais com formação específica em enfermagem. Nesse sentido, a permanência de enfermeiras da região sudeste recrutadas para trabalhar no Hospital Getúlio Vargas, na década de 1940, foi frustrada, pois elas não “encontravam condições de trabalho compatíveis com a sua formação, principalmente no tocante aos ganhos salariais” (NOGUEIRA, 1996 ). Assim, quando o Pavilhão de Tuberculose iniciou suas atividades, além do Diretor Lucídio Portela Nunes, vieram duas enfermeiras para organizar o serviço de enfermagem no hospital, dentre as quais foram mencionados nas entrevistas os nomes de Maria Alice Almeida e Maria Pires Leão. Os relatos também indicam que as mesmas não permaneceram por muito tempo, pois os salários eram baixos e havia atrasos nos pagamentos salariais. Dessa forma, o problema da fixação das enfermeiras no Estado ocorreu também nos primeiros anos de funcionamento do Pavilhão, como no Hospital Getúlio Vargas. Na segunda metade da década de 1950 é que começa o movimento de chegada das enfermeiras para o Piauí. Na CNCT, a adoção de princípios de divisão funcional do trabalho levou à inclusão das profissionais femininas na equipe de saúde, como enfermeiras, assistentes sociais e nutricionistas, então chamadas de paramédicas, e à utilização de grande contingente de pessoal auxiliar, treinado em serviço, o que determinou a atribuição às enfermeiras de um papel fundamental na organização dos sanatórios (BARREIRA, 1996). O planejamento do serviço de enfermagem de cada sanatório era realizado em conjunto com o planejamento geral do hospital, no Rio de Janeiro, pelo pessoal da sede do SNT, em equipe multiprofissional, com base em dados demográficos e epidemiológicos (BARREIRA, 1996). Em todo o Brasil, as principais ações desenvolvidas pela enfermagem no apoio ao tratamento da tuberculose, consistiam principalmente em orientar o doente e a sua família sobre o perigo do contágio da doença, prestar noções básicas de higiene, sobre a importância do tratamento e da administração dos medicamentos, além da orientação nutricional. Também desenvolvemos e ministramos cursos de orientação social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 42 Essa enfermeira religiosa teve um papel importante não só na formação das atendentes e auxiliares de enfermagem, como também no tratamento dos doentes internados no Pavilhão. Devido ao longo período de internação dos pacientes no pavilhão e ao grande número de portadores da enfermidade que eram analfabetos, foi criada uma escolinha de alfabetização dentro do próprio hospital e muitos deles saíram alfabetizados. Após o treinamento realizado pela religiosa, muitas dessas atendentes fizeram o curso auxiliar de enfermagem, em 1958, quando foi criada a primeira Escola Auxiliar de enfermagem Irmã Maria Antoinette Blanchot (NUNES, BORGES, SANTOS). O pavilhão já tinha o seu funcionamento, tinha a enfermeira Vangi e as atendentes que nós as transformamos em auxiliares de enfermagem. Eram vinte e duas atendentes que foram transformadas em auxiliares de enfermagem. E como existia a escola de enfermagem Maria Antoinette Blanchot, ali o curso era de um ano e oito meses; a gente dispensava integralmente dois atendentes, a cada ano, e assim nós fechamos o quadro (E1). A contribuição do Serviço de Enfermagem na construção da missão social do Pavilhão de Tuberculose é facilmente percebida em todos os depoimentos. Foram Identificadas algumas enfermeiras como as pioneiras do Serviço de Enfermagem do Pavilhão de Tuberculose, como Irmã Teresa, Maria do Espírito Santo, conhecida como Vangi, e principalmente Maria Vieira Moraes. Esta, desde a década de 1960 realizou um importante trabalho na Campanha, sendo mencionada em várias entrevistas. Um dos depoentes descreve sua relevância: “A Maria Vieira foi quem estruturou boa parte do serviço de tuberculose no Piauí. Tiveram várias outras enfermeiras, porém a Maria foi a visão maior. É tanto que ela era conhecida como a “Maria da tuberculose” (F4). Ao final da década de 1960, na CNCT a enfermagem passou a guiar suas ações para a organização de serviços em âmbito nacional e projeção profissional, mediante não só atividades de planejamento em equipe multiprofissional, assim como supervisão local, educação continuada das enfermeiras, como também assessoria técnica aos órgãos de direção da campanha, entre outros (BARREIRA, 1996). Dessa maneira, podemos perceber que a função do enfermeiro, nos pavilhões de TB, era bastante extensa. Elas coordenavam praticamente todos os setores existentes no hospital, como cozinha, lavanderia, rouparia e a própria enfermagem. No Pavilhão de TB, em Teresina, era o enfermeiro que realizava todas as orientações acerca do tratamento e os cuidados que o paciente deveria tomar; também realizava entrega dos medicamentos, encaminhava para baciloscopia e atuava como enfermeira sanitarista. Por meio dos depoimentos pôde-se inferir que a enfermagem era Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí bastante empenhada no que se refere ao bem estar mental dos pacientes, proporcionando a estes, momentos de descontração. A enfermagem era altamente comprometida com o seu trabalho, com o seu paciente, com o tratamento, com a cura e com a parte educativa. Todo mundo era envolvido com aquilo. Nós tínhamos uma boa relação com os pacientes, com os familiares. Nós fazíamos festas comemorativas, almoços, para que eles se sentissem mais livres, já que estavam em um lugar segregado. Nós deixávamos o ambiente mais leve (E2). Os relatos mostram que a família tinha maior confiabilidade na enfermagem e qualquer dúvida ou problemas que tivessem com o tratamento procuravam a enfermagem visto que a mesma fazia a ponte entre o paciente e o médico. Essa confiança e credibilidade era reconhecida não somente por parte da família e dos pacientes. A colaboração desses profissionais logo foi reconhecida pelo Doutor Lucídio Portela, que, em seu relato, fala do apoio que encontrou na categoria, que colaborou em diversos setores, principalmente administração. “A enfermagem não fazia só o trabalho sanitário, a enfermagem fazia o trabalho administrativo do hospital. As enfermeiras eram sub-diretoras do hospital, que se manteve com um bom padrão, tendo 95-96% de cura dos casos que se tratavam (M1). A Campanha Nacional Contra a Tuberculose configurou-se como fator importantíssimo no que se refere ao incremento do quantitativo de enfermeiras, devido ao apoio prestado às escolas de enfermagem, facilitando assim o recrutamento de candidatas mediante a concessão de bolsas e contratação de parcela considerável das enfermeiras diplomadas a cada ano (BARREIRA, 1996). A contribuição do serviço de enfermagem na construção da missão social dos serviços de tuberculose no Piauí foi facilmente percebida em todas as entrevistas realizadas. As lembranças são de luta intensa, de compromisso com a saúde daqueles que estavam sobre suas responsabilidades e de luta também para qualificar profissionais de enfermagem para esses serviços. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao recuperar a memória das ações desenvolvidas no Estado do Piauí por ocasião da Campanha Nacional Contra Tuberculose contribuímos para a preservação de parte da história dessas instituições, a partir do preenchimento de algumas lacunas existentes na história da saúde e de enfermagem nesses espaços específicos. Nesse sentido compreendemos que os objetivos desse estudo foram atendidos. Os resultados obtidos nos permitiram entender a estreita vinculação entre as ações do controle da tuberculose que eram desenvol- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. vidas localmente, com o que determinavam as autoridades sanitárias nacionais, principalmente no que se refere às ações de controle efetuadas no sanatório e dispensário aqui instituídos. O Pavilhão e o Dispensário de tuberculose desempenharam a função de ser o principal pólo de assistência médica e de enfermagem aos portadores de tuberculose naquele período, em Teresina. O Pavilhão funcionou de 1949 a 1979, exatos trinta anos de serviços prestados à comunidade da época, de maneira séria e comprometida. Funcionou em meio a dificuldades financeiras e, apesar da árdua luta do trabalho, foram descritas relações de muito respeito entre os profissionais no âmbito intra-hospitalar, como nos demais serviços. Através da história da Tuberculose tivemos a oportunidade de conhecer parte da historia da enfermagem no Estado. Observamos que em 1949 vieram duas enfermeiras Maria Pires Leão e Maria Alice Almeida para organizar o serviço do Pavilhão, em Teresina. Embora a presença delas tenha sido rápida, porque aqui não permaneceram é importante registrar a passagem dessas profissionais. Dentre as enfermeiras que trabalharam no pavilhão foi lembrado o nome da Irmã Teresa, religiosa que deu uma grande contribuição ao serviço. Além dos treinamentos ao cuidar daquelas pessoas, desenvolviam-se também atividades, como arte, pinturas e dramatizações. Assim, embora os pacientes vivessem segregados, a condição oferecida pelo hospital os tornava mais dignos e humanos do que viver externamente em meio aos olhares temerosos das pessoas que viviam a sua volta. No final da década de 1950 outras enfermeiras vieram somar esse trabalho como Maria Vieira Moraes, que contribuiu para o engrandecimento da enfermagem, proporcionando maior credibilidade e confiabilidade a categoria através do brilhantes trabalhos prestados aos pacientes desses serviços. Dada a especificidade do trabalho de enfermagem no Pavilhão, as candidatas a esse trabalho recebiam treinamento, que era ministrado pelas enfermeiras e pelo diretor. Posteriormente, quando iniciou a escola de auxiliar de enfermagem, todas elas foram profissionalizadas. Ao concluir o estudo entendemos que buscar esse passado histórico que permanecia silenciado, se mostrou da maior importância para a compreensão de aspectos da memória e historia dos serviços de tuberculose e da área da saúde no Estado do Piauí, como também da história da enfermagem na realidade local. Descrevemos aspetos simples, que encontravam perdidos nas lembranças dos sujeitos que vivenciaram esse processo, tentando registrar ações de um passado, não tão distante, que merece atenção e reflexão. 43 Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T. REFERÊNCIAS FERNANDES, T. M.D; ALMEIDA ABDS; NASCIMENTO, D.R. Memória da tuberculose: acervo de depoimentos. MEIHY, J.C.S.B.; HOLANDA, F. História Oral: como fazer como pensar. São Paulo: Editora Contexto, 2007. p. 176 GONÇALVES, H. A Tuberculose ao longo dos tempos. Hist. cienc. saude-Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 305-327, out, 2000. FERREIRA, M.D.M.; AMADO, J. organizadoras. Uso e abuso da história oral. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. ANTUNES, J.L.F.; WALDMAN, E.A.; MORAES, M. A tuberculose através do século: ícones canônicos e signos do combate à enfermidade. Ciênc. saúde coletiva. Rio de Janeiro, v.5, n. 2, p. 367-379, Nov, 2000. BRASIL, Ministério da Saúde. 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Out./dez. 2005. BARREIRA, I.A. A enfermeira Ananéri no ‘país do futuro’: a aventura na luta contra a tuberculose [tese]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1992. 44 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011. REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose Brazilian scientific production analysis about tuberculosis mortality Análisis de la producción científica brasileña sobre mortalidad por tuberculosis Ilana Maria Lobão Corrêa Feitosa Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Saúde da Família na Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI. Teresina, Piauí. Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 - Bairro do Uruguai. E-mail: [email protected] Lucíola Galvão Gondim Corrêa Feitosa Enfermeira. Mestre em Políticas Públicas/UFPI. Docente da Faculdade Integral Diferencial – FACID. Consultora SOET/Paraná. Teresina, Piauí. Rua Rio Poty, 2281 – Horto Florestal. E-mail: luciolagalvao@hotmail. com RESUMO A tuberculose é uma doença infectocontagiosa considerada grave problema de saúde pública, principalmente nos países menos desenvolvidos, como o Brasil. Apesar de ser prevenível e possuir terapia medicamentosa eficaz, a mortalidade por tuberculose ainda é significativa. Portanto, o presente estudo objetivou analisar a produção científica brasileira no SciELO no período de 2002 a 2009 referente à mortalidade por tuberculose. Trata-se de uma revisão bibliográfica através da qual se levantaram os seguintes dados: ano de publicação, periódico, período dos dados utilizados nas pesquisas, unidade federativa, abordagem metodológica e objetivos. Conclui-se que as pesquisas com enfoque específico na mortalidade por tuberculose se mostraram relevantes, apesar de numericamente inexpressivas se comparadas a outras sobre a doença. Porém, em todos os anos do período analisado houve publicações sobre o tema, as quais englobaram dados de 1980 a 2004. A maioria dos estudos foram epidemiológicos descritivos de dados secundários e, de modo geral, buscaram avaliar o perfil dos óbitos por tuberculose no Brasil em relação a diversas variáveis, tais como sexo, faixa etária e comorbidades. Descritores: Tuberculose. Mortalidade. Epidemiologia. ABSTRACT Tuberculosis is infect-contagious disease considered a serious public health problem, especially in sub-developed countries, like Brazil. Although it can be preventable and there are efficient medicines for it, mortality from tuberculosis is high. Therefore, this paper analyses the Brazilian scientific production in SciELO from 2002 to 2009 about tuberculosis mortality. It’s a bibliographic revision which raised the dates: year of publication, periodic, period of data used in researches, federal unit, methodological approaches, and the objective of researches. Lastly, the researches focused in tuberculosis mortality have been very important, despite of being numerically low compared to the other ones about the disease. However, in all these years of analyses, there were publications about the theme, with included data from 1980 to 2004. The majority of the studies were epidemiologic described from secondary data. They were generally evaluating the mortality profiles from tuberculosis in Brazil based on sex, age and comorbidities. Descriptors: Tuberculosis. Mortality. Epidemiology. RESUMEN Submissão: 29/10/2010 Aprovação: 30/11/2010 La tuberculosis es una enfermedad infecto-contagiosa considerada grave problema de salud pública, principalmente en los países menos desarrollados, como el Brasil. A pesar de ser prevenible y poseer terapia medicamentosa eficaz, la mortalidad por tuberculosis es todavía significativa. Por tanto, el presente estudio tiene como objetivo analizar la producción científica brasileña publicado en el sitio SciELO de Internet en el período de 2002 a 2009 referente a la mortalidad por tuberculosis. Se trata de una revisión bibliográfica a través de la cual se recogieron los siguientes datos: Año de publicación, periódico, período de los datos utilizados en las investigaciones, unidad federativa, metodologías usadas y objetivo de las investigaciones. Se concluye que las investigaciones realizadas Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011. 45 Feitosa, I. M. L. C. ; Feitosa, L. G. G. C. con enfoque específico en la mortalidad por tuberculosis se mostraron relevantes, a pesar de numéricamente inexpresivas si comparadas con otras sobre la misma enfermedad. Sin embargo, en todos los años del período analizado, hubo publicaciones sobre el tema, las cuales englobaron datos de 1980 a 2004. La mayoría de los estudios fueron epidemiológicos descriptivos de datos secundarios y, de modo general, buscaron evaluar el perfil de los óbitos por tuberculosis en Brasil con relación a diversas variables, tales como sexo, faja etária y comorbilidades. Descriptores: Tuberculosis. Mortalidad. Epidemiología. 1 INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, que se propaga pelo ar por meio de gotículas contendo os bacilos de Koch expelidos por um doente por via respiratória. Quando inalados por pessoas sadias, provocam a infecção e o risco de desenvolver a doença (BRASIL, 2002). A TB se constitui grave problema de saúde pública mundial, principalmente nos países menos desenvolvidos. Para Façanha (2006), ela vem mantendo seu caráter endêmico no Brasil, mesmo no período em que era considerada sob controle nos países industrializados. Segundo Ruffino-Neto (2002), no Brasil a TB não é um problema de saúde pública emergente ou reemergente, é um problema presente e duradouro há longo tempo. Calcula-se que a TB tenha levado a óbito 100 milhões de pessoas nos últimos 100 anos, “sendo considerada a segunda causa de morte em termos mundiais depois do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)”. No Brasil, estima-se que haja 120 mil casos novos e 6 mil óbitos por ano (MUNIZ et al, p.530, 2006). A mortalidade por TB, conforme Oliveira, Marín-León e Cardoso (2004) é atribuída a muitos fatores, dentre eles, à quimioterapia irregular ou inadequada, diagnóstico tardio, resistência às drogas e co-infecção com HIV. A OMS recomenda que as estatísticas sobre mortalidade sejam apresentadas por meio da causa básica de morte, porém, a necessidade de informação mais abrangente sobre os eventos letais determinou o estudo da mortalidade com base em todas as causas de morte registradas na declaração de óbito. Assim, além da causa básica de morte são acrescidas as complicações da doença e outros eventos contribuintes sem relação com o processo que levou diretamente à morte (SANTO, 2006). As estatísticas de mortalidade são úteis na avaliação das condições de saúde da população. Segundo Pereira (2008), a mortalidade é o indicador mais usado para se fazer inferências sobre as condições dos grupos que a constituem, possibilitando a identificação da população mais afetada e dos problemas mais prioritários, sensibilizando as autoridades e prestando-se à avaliação de intervenções saneadoras. Dessa forma, os profissionais de saúde são motivados à pesquisa sobre mortalidade. Portanto, definiu-se como objetivo de pesquisa analisar a produção científica brasileira no SciELO no período de 2002 a 2009 referente à mortalidade por tuberculose. 2 METODOLOGIA A presente pesquisa realizou um levantamento bibliográfico de estudos brasileiros relacionados aos óbitos por tuberculose. Noronha e Fernandes (2008) afirmam que a avaliação da produção científica é uma prática indispensável à ciência, pois através dela se identificam os assuntos 46 frequentemente estudados, os tipos de estudos realizados, dentre outros aspectos relevantes, servindo como embasamento para pesquisas futuras. Essa avaliação pode considerar diversos aspectos, como a autoria, tipo de estudo, temática, discurso, metodologia, procedimento de análise de dados e enfoques teóricos. Podem ser utilizadas como fontes de pesquisa resumos de congresso, bases de dados virtuais, periódicos impressos, dissertações e teses. Ressalta-se que as bases de dados são fontes importantes de disponibilização de artigos completos, favorecendo ampla divulgação dos estudos científicos (BARROSO, 2010). Assim, a Scientific Eletronic Library Online – SciELO é uma biblioteca eletrônica constantemente atualizada que dispõe de uma ampla coleção de periódicos científicos criteriosamente selecionados e propicia o acesso aos textos completos dos artigos, constituindo, assim, importante fonte de pesquisa na área de ciências da saúde, dentre outras. É válido ressaltar que apenas são agregados na SciELO Brasil os números retrospectivos até o ano de 1997 (SciELO Brasil). Utilizaram-se os termos tuberculose, óbito(s) e mortalidade, que orientaram a pesquisa no banco de dados (indexado no world wide web: SciELO). A pesquisa foi direcionada ao campo “Todos os Índices”, abrangendo, assim, maior gama de resultados. Após a condução da busca inicial, realizou-se a leitura dos resumos escolhidos no período de 2002 a 2009 e posterior descarte de fontes irrelevantes antes da impressão. As fontes relevantes foram arquivadas e após nova leitura foi produzida uma síntese e crítica de cada fonte essencial à nossa discussão. Analisaram-se dezoito artigos referentes à mortalidade por tuberculose no Brasil, nos quais se levantaram os seguintes dados: ano de publicação, periódico, período dos dados utilizados nas pesquisas, unidade federativa, abordagens metodológicas utilizadas e objetivos das pesquisas. O tratamento final dos dados foi realizado por meio da análise das frequências percentuais. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os estudos e pesquisas referentes especificamente à mortalidade por tuberculose mostrou-se em uma pequena produção científica, se comparados a outros aspectos relativos à tuberculose investigados nesse mesmo espaço de tempo. Assim, a primeira dimensão de análise refere-se ao ano de publicação dos artigos. Em todos os anos do referido período houve publicações sobre o tema, totalizando dezoito produções científicas. Em 2002 foi publicado apenas um artigo (5,5%). No ano seguinte, em 2003, foram publicados dois artigos (11,1%), sendo essa a mesma produção de cada um dos três anos subsequentes. Já em 2007 houve a publicação de cinco artigos (27,8%), correspondendo ao ano de maior produção sobre o tema. Em 2008 a produção totalizou três artigos (16,7%) e, em 2009, essa foi de apenas um artigo (5,5%) Tabela 1. Tabela 1. Distribuição das Publicações por Ano Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total f 1 2 2 2 2 5 3 1 18 % 5,5 11,1 11,1 11,1 11,1 27,8 16,7 5,5 100 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011. Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose A tendência de permanência dessa doença justifica as constantes investigações sobre o tema. No Brasil, de acordo com Bierrenbach et al (2007), houve redução do número de casos e da mortalidade para todas as formas de TB em todas as regiões, considerando-se somente esta doença como causa básica. Porém, como já era esperada, a tendência dessa redução não foi constante de 1980 a 2004, o que os autores sugerem ser devido à influência da epidemia de AIDS. A segunda dimensão de análise refere-se aos periódicos de indexação. Os dezoito artigos foram publicados em seis periódicos diferentes. Em ordem crescente de publicação, encontram-se as seguintes frequências de artigos em um mesmo periódico: com uma publicação, dois periódicos; com três publicações, dois periódicos; com quatro publicações, um periódico; com seis publicações, um periódico. Tabela 2. Tabela 2. Distribuição das Publicações por Periódicos Indexados Periódicos Ciência e Saúde Coletiva Revista Latino-Americana de Enfermagem Cadernos de Saúde Pública Revista Brasileira de Epidemiologia Revista de Saúde Pública Jornal Brasileiro de Pneumologia Total f 1 1 3 3 4 6 18 % 5,5 5,5 16,7 16,7 22,2 33,3 100 A terceira dimensão de análise compreende o período dos dados utilizados nas pesquisas. Os estudos realizados incluem dados de 1980 a 2004, portanto, o recorte temporal nas pesquisas recentes sobre mortalidade por TB é de vinte e quatro anos. Por longo tempo, segundo Pereira (2008), a inexistência de um sistema nacional de estatísticas vitais no País dificultou o aprofundamento de estudos sobre o tema. A importância das informações sobre a mortalidade levou as próprias secretarias estaduais de saúde, de planejamento e entidades similares a se ocuparem da coleta, tabulação e divulgação dos dados relativos aos óbitos. Assim, o Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, principal instrumento utilizado nas pesquisas para a obtenção dos dados, foi desenvolvido e implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde em 1975, envolvendo alguns estados que já coletavam essas informações. Assim, a partir da estipulação pelo Ministério da Saúde de um modelo único de declaração de óbito (DO) e dos avanços na Classificação Internacional de Doenças e Estatísticas de Mortalidade, a coleta dessas informações passou a ser mais criteriosa, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas sistemáticas (BRASIL, 2001). O quarto aspecto analisado engloba a distribuição geográfica das pesquisas. Em ordem crescente de publicação, encontram-se as seguintes produções por unidade federativa: com uma produção cada, Bahia, Distrito Federal e Espírito Santo; com duas produções cada, Ceará e Rio de Janeiro; com três produções, Pernambuco; com oito produções, São Paulo. Tabela 3. Tabela 3. Distribuição dos estudos por unidade federativa, Unidade Federativa Bahia Distrito Federal Espírito Santo Ceará Rio de Janeiro Pernambuco São Paulo Total f 1 1 1 2 2 3 8 18 % 5,5 5,5 5,5 11,1 11,1 16,7 44,4 100 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011. O Rio de Janeiro, embora seja o Estado com as maiores taxas de mortalidade por tuberculose, não foi o maior produtor de pesquisas científicas sobre o tema no SciELO. Segundo Selig et al (2004), nenhum estudo sistemático sobre os óbitos por tuberculose foi conduzido no estado. Os autores afirmam ainda que, no Rio de Janeiro, a elevada porcentagem da população vivendo na zona urbana – a mais alta do país, e as deficiências do sistema de saúde são prováveis justificativas para o elevado número de casos em relação ao total do Brasil. O quinto aspecto refere-se às abordagens metodológicas utilizadas pelos pesquisadores. Sobre os delineamentos empregados pode-se constatar a preponderância dos estudos epidemiológicos descritivos de dados secundários com um total de treze artigos (72,2%) desenvolvidos a partir de investigações com esta abordagem. Das demais, três foram estudos epidemiológicos de coorte (16,7%) e dois do tipo ecológico (11,1%). Tendo em vista a redução da morbimortalidade por tuberculose, Pelaquin, Silva e Ribeiro (2007, p. 312) afirmam que “as linhas prioritárias de pesquisa nacional recomendadas pelas diretrizes para TB, na epidemiologia, são a vigilância em óbitos e estudos sobre tendência de notificação de TB (casos novos e óbitos)”. Muitos critérios são empregados para classificar os métodos utilizados na epidemiologia, dentre os quais, conforme Pereira (2008), o modo de exposição das pessoas ao fator em foco, o que pode ser constatado nos estudos observacionais e experimentais. Segundo Costa e Barreto (2003), os estudos epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos. Os estudos experimentais, por sua vez, fogem ao propósito deste trabalho e não serão comentados. Essas autoras afirmam que no estudo descritivo o observador descreve as características de uma determinada amostra, determinando a incidência ou a prevalência de doenças ou condições relacionadas à saúde segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos (por exemplo, sexo, idade e escolaridade), podendo fazer uso de dados secundários ou primários. O estudo analítico testa hipóteses elaboradas geralmente durante estudos descritivos. Nele há um grupo de referência, o que permite estabelecer comparações. Assim, propõe-se a verificar a existência de associação entre uma exposição e o desenvolvimento de uma doença ou condição relacionada à saúde, sendo os seus principais delineamentos os seguintes: a) ecológico; b) seccional; c) caso-controle; e d) coorte (COSTA; BARRETO, 2003). No estudo ecológico, presente entre as pesquisas revisadas, o princípio é o de que, nas populações onde a exposição é mais frequente, a incidência das doenças ou a mortalidade serão maiores, sendo a incidência e a mortalidade as medidas mais usadas para quantificar a ocorrência de doenças. Nele a utilização de dados secundários é mais comum. Outro delineamento de estudo analítico revisado foi o de coorte, em que um grupo de pessoas com algo em comum (exposição a um agente, por exemplo) é acompanhado por um período de tempo para acompanhar-se um desfecho qualquer – coorte prospectiva. Pode, ainda, colher informações do passado, sendo o desfecho medido de determinado momento em diante – coorte retrospectiva (MENEZES, 2001). O Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM tem como documento padrão a Declaração de Óbito (DO), que é composta por nove blocos, com um total de sessenta e duas variáveis. Assim, quanto maior o número de informações de boa qualidade preenchidas, melhor será o conhecimento da história natural das doenças e maiores as possibilidades de prevenção dessas mortes (BRASIL, 2001). 47 Feitosa, I. M. L. C. ; Feitosa, L. G. G. C. Nesse sentido, Façanha (2006) aponta como limitações dos estudos de dados secundários a deficiência no registro da tuberculose como uma das causas do óbito bem como na coleta e preenchimento das declarações de óbitos no Sistema de Informação em Mortalidade – SIM, podendo sugerir tendências que não correspondem à realidade. Porém, Santo, Pinheiro e Jordani (2003) ressaltam que as vantagens desse tipo de estudo superam as suas limitações, além disso, se observa nos últimos anos uma melhora nesse quadro, devido a um melhor conhecimento por parte dos profissionais sobre a importância estatística e legal da Declaração de Óbito para a saúde pública. A sexta dimensão de análise destaca os objetivos visados pelas pesquisas. De um modo geral, os estudos descritivos de dados secundários buscaram avaliar o perfil dos óbitos por tuberculose no Brasil e sua tendência em relação a diversas variáveis, tais como sexo, faixa etária e comorbidades. Também foi objeto de pesquisa a mortalidade por tuberculose como causa básica ou fator associado ao óbito, sobretudo na co-infecção HIV/TB. Outra importante finalidade foi a utilização do estudo dos óbitos por TB como instrumento de avaliação do programa de controle de tuberculose, inclusive da qualidade das notificações. O estudo de coorte retrospectivo objetivou a identificação de fatores associados ao óbito por tuberculose, tais como co-infecção por HIV/AIDS e abandono do tratamento, já os dois estudos de coorte prospectivos buscaram identificar fatores de risco para o óbito por tuberculose, bem como para outros desfechos numa coorte de pacientes recém-diagnosticada. Em um dos estudos do tipo ecológico o interesse foi realizar comparação da mortalidade por TB com indicadores sociais, por exemplo, índice de pobreza e densidade demográfica; o outro objetivou descrever a distribuição espacial da mortalidade por TB. Na tabela 4 são apresentados os estudos de acordo com os objetivos predominantes e o delineamento de pesquisa empregado. Tabela 4. Descrição dos tipos de estudos e objetivos. Objetivos/ Delineamento Estudo Estudo Estudo Descritivo de Coorte Ecológico f % f % f % f 6 33,3 1 5,6 1 5,5 8 Analisar o perfil dos óbitos por TB segundo variáveis Estudar a mortalidade por TB Segundo causas múltiplas de morte Analisar indicadores de morbi- Mortalidade por TB Avaliar o programa de controle da TB Identificar fatores de risco para o óbito por TB Estudar a mortalidade por TB em comparação com indicadores sociais Total Total % 44,4 3 16,7 0 0 00 3 16,7 2 11,1 0 0 0 0 2 11,1 2 11,1 0 0 0 0 0 0 2 11,1 0 0 2 2 11,1 11,1 1 5,5 1 5,5 0 0 0 0 13 72,2 3 16,7 2 11,1 18 100 Segundo Rieder (2001), três fatores principais determinam as características da mortalidade, sendo eles as diferenças na mortalidade por grupos etários, as diferenças na mortalidade por coorte e as diferenças em períodos particulares. Nesse sentido, as mortes podem ser melhor caracterizadas segundo a forma da tuberculose, a idade, o local, o sexo etc. De acordo com Vicentin, Santo e Carvalho (2002), a busca da relação entre aspectos da vida social e a morbimortalidade também é frequentemente explorada pelos estudos epidemiológicos. Assim, o estudo da associação entre indicadores sociais no desenvolvimento de doenças como a tuberculose é bastante apropriado, podendo revelar os efeitos 48 desses componentes para o desenvolvimento do processo de morbidade e seu desfecho mais grave, o óbito. A associação entre TB e infecção pelo HIV também é amplamente estudada e, de acordo com Muniz et al (2006, p.530), ela “afeta a mortalidade de duas formas: a TB traz uma importante letalidade para as pessoas infectadas pelo HIV, e o HIV atua como causa indireta do aumento da incidência da TB”, haja vista a baixa imunidade que essa síndrome confere ao seu portador. Porém, alguns estudos mostram que o risco de adoecimento por tuberculose em indivíduos com sorologia positiva para o HIV diminuiu consideravelmente, e a taxa de ocorrência de casos de tuberculose em pacientes atendidos em serviços especializados em DST/AIDS no Brasil, apresentou uma ampla redução quando comparada aos índices encontrados antes do advento da terapia antirretroviral combinada (BRASIL, 2002). Nesse sentido, o enfoque no programa de controle da tuberculose também se faz importante, pois, não só a eficiência do diagnóstico, mas a qualidade do tratamento da tuberculose também afeta o resultado final. Oliveira, Marín-León e Cardoso (2004) destacam ainda que a cada ano muitos pacientes com TB não são identificados até o óbito, representando falhas no sistema de atenção que dificultam o manejo da doença de maneira oportuna. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS As pesquisas com enfoque específico na mortalidade por tuberculose se mostraram relevantes e, apesar de numericamente inexpressivas em comparação com publicações que tiveram outros objetos de investigação no tocante à tuberculose, em todos os anos do período analisado foram verificadas produções científicas brasileiras no SciELO acerca dessa temática. Observou-se que essa produção foi discretamente crescente até 2007, sofrendo posterior redução nos dois anos seguintes. Entretanto, acredita-se que o declínio observado não seja significativo e nem sugira uma tendência para um futuro próximo, uma vez que a tuberculose continua sendo um grande problema de saúde pública e a redução da mortalidade por essa doença mantém-se como uma preocupação coletiva. Os estudos englobaram dados de 1980 a 2004, fato que entra em acordo com a recente criação do sistema nacional de estatísticas vitais no país, sobretudo do Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, principal fonte de dados utilizada pelos pesquisadores e implantado no Brasil em 1975. Um achado curioso refere-se à produção científica do Rio de Janeiro, estado que conhecidamente possui as maiores taxas de mortalidade por tuberculose no país. No período analisado, verificou-se que este não fora o maior detentor de pesquisas sobre a mortalidade por tuberculose no SciELO, contribuindo com apenas duas publicações de um total de dezoito sobre o tema. Acerca das abordagens metodológicas empregadas, observou-se que a maioria das pesquisas relativas à mortalidade por tuberculose foram estudos epidemiológicos descritivos de dados secundários, que apesar de possuírem limitações conhecidas, tais como o registro deficiente dos instrumentos de coleta de dados, são muito vantajosos, permitindo a descrição das condições de saúde de uma amostra populacional segundo variáveis consideradas importantes. Nesse sentido, também se verificou que os principais objetivos dos estudos analisados envolveram a avaliação do perfil dos óbitos por tuberRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011. Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose culose no Brasil considerando-se determinantes demográficos, socioeconômicos e de saúde. A busca da relação entre tais variáveis é bastante explorada, pois, revela os efeitos desses componentes para o desenvolvimento do processo de morbimortalidade. Os estudos sobre mortalidade por tuberculose contribuem significativamente para a descrição das condições de saúde da população, para a investigação epidemiológica e mesmo para a avaliação de ações diversas, como aquelas voltadas ao controle da doença. Grande parte do conhecimento que se tem atualmente sobre a saúde de populações provém de estatísticas vitais, sendo as informações sobre mortalidade as mais utilizadas. Assim, embora haja deficiências que limitem a utilização desses dados, os estudos dessa natureza revelam-se necessários e vantajosos. REFERÊNCIAS BARROSO, S. M. Avaliação psicológica: análise das publicações disponíveis na SciELO e BVS-Psi. Revista de Psicologia, v. 22, n. 1, p. 141-154, Jan/Abr, 2010. iso> Acesso em: 30 mai. 2010. BIERRENBACH, A. L. et al. Tendência da mortalidade por tuberculose no Brasil, 1980 a 2004. Rev Saúde Pública, v. 41 (Supl. 1), p. 15-23, 2007. OLIVEIRA, H. B.; MARÍN-LEÓN, L.; CARDOSO, J. C. 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Maria Zélia Araújo Madeira Enfermeira, Mestre em Educação, docente da Universidade Federal do Piauí. O estudo teve como objetivo levantar a produção científica referente à assistência sistematizada a pacientes acometidos por dor torácica na sala de emergência. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica feita através da busca eletrônica nos Bancos de dados do Scientific Eletronic Librany Online e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde, abrangendo publicações nacionais do ano de 1998 a 2010, utilizou-se livro que aborda assunto que auxiliam no desempenho do estudo. Os descritores utilizados na busca eletrônica foram: angina instável, dor no peito, síndrome coronariana aguda e serviço hospitalar de emergência. Nos modelos de atendimentos implementados na maioria das unidades de dor torácica, mencionados nos artigos avaliados, utilizou-se, além da avaliação clínica e eletrocardiográfica, métodos que permitem tanto uma melhor capacidade de diagnosticar quanto de estratificar riscos, adotando condutas rápidas e eficientes. Conclui-se que um modelo sistematizado de atendimento, utilizando um fluxograma ou algoritmo, é crucial para a adequada seleção dos pacientes com dor torácica, não só diminuindo a chance de o paciente ser liberado inadequadamente, evitando, também, internações desnecessárias e redução no índice de mortalidade por estas doenças. Descritores: Angina instável. Dor no peito. Síndrome coronariana aguda. Serviço hospitalar de emergência. ABSTRACT The study aimed to raise the scientific production related to systematic care to the patients suffering from chest pain in Emergency Room. This is a search made through a literature seek in electronic databases SCIELO (Scientific Electronic Library Online) and LILACS (Latin American and Caribbean Health Sciences) national publications from the year 1998 to 2010, It was used a book that refer to issues that help the performance of the study. The elements used to draw it in the electronic search were unstable angina, chest pain, acute coronary syndrome and hospital emergency service. In the standard to outline care implemented in most units of chest pain. Besides, as mentioned in articles examined it was used the clinical and electrocardiography evaluation methods that allow both a better ability to diagnose and stratify the risk of adopting behaviors quickly and effectively. It has been concluded that a systematic model of care using a flowchart or algorithm was crucial for the proper selection of patients with chest pain not only decreasing the chances of a patient becoming inappropriately released, avoiding also unnecessary admissions and reduction in the index Mortality from these kind of diseases. Descriptors: Unstable angina. Chest pain. Acute coronary syndrome. Hospital emergency service. RESUMEN Submissão: 29/10/2010 Aprovação: 30/11/2010 50 El estudio tuvo como objetivo levantar la producción científica referente a la asistencia sistematizada a pacientes acometidos por dolor torácica en sala de emergencia. Se trata de una pesquisa bibliográfica hecha a través de la búsqueda electrónica en los Bancos de datos del SCIELO(Scientific Eletronic Librany Online) y LILACS(Literatura Latino-Americana y del Caribe en Ciencias de Salud) Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. A dor torácica na sala de emergência: uma revisão da literatura abrangiendo publicaciones nacionales del año de 1998 a 2010, se utilizó libro que aborda asunto que auxilian en el desempeño del estudio. Los descriptores utilizados en la búsqueda electrónica fueron: angina instable, dolor en el pecho, síndrome coronariana aguda y servicio hospitalar de emergencia. En los modelos de atendimientos implementado en la mayoría de las unidades de dolor torácica, mencionados en los artículos evaluados, se utilizó, además de la evaluación clínica y eletrocardiográfica, métodos que permiten tanto una mejor capacidad de diagnosticar como de estratificar riesgos, adoptando condutas rápidas y eficientes. Se concluye que un modelo sistematizado de atendimiento, utilizando un fluxograma o algoritmo, es crucial para la adecuada selección de los pacientes con dolor torácica, no sólo disminuyendo la oportunidad del paciente ser liberado inadecuadamente, evitando,también, internaciones desnecesarias y reducción en el índice de mortalidad por estas enfermedades. Descriptores: Angina instable. Dolor en el pecho. Síndrome coronariana aguda. Servicio hospitalar de emergencia. 1 INTRODUÇÃO Anualmente, milhares de indivíduos procuram serviços de emergência por dor torácica, com o potencial de risco de estarem desenvolvendo uma síndrome coronária aguda (SCA). Entretanto, somente em um terço desses casos o diagnóstico é confirmado. A identificação ágil e o pronto atendimento ao paciente com dor torácica são hoje parte integral das atividades rotineiras dos serviços de emergência (SOUZA, 2002). As doenças cardiovasculares no Brasil estão entre as principais causas de mortalidade e no ano de 2006 foram registrados 302.817 óbitos por doenças do aparelho circulatório. Nesse ano, as taxa de mortalidade para as doenças isquêmicas do coração foi de 90.644, e as doenças cerebrovasculares representaram 96.569óbitos (DATASUS/MINISTÉRIO DA SAÙDE). Estima-se que nos Estados Unidos ocorram anualmente cerca de 3 a 6 milhões de atendimento emergenciais por dor no peito, o que corresponderia a cerca de 5 a 10% do total de atendimento (LAURENTI; BUCHALLA, 2000). De acordo com Bassan, et al. (2000), o número de atendimentos anuais por dor torácica nos EUA, na proporção populacional, em comparação com o Brasil na mesma prevalência da doença coronariana, aponta-se uma estimativa em torno de 4 milhões de atendimentos anuais por dor torácica em nosso país. Como diversos estudos indicam que 5 a 15% dos pacientes atendidos com dor torácica nas salas de emergência norte-americanas têm infarto agudo do miocárdio, o quantitativo de infartos esperados no Brasil seria de aproximadamente 400 mil por ano, um número quase 10 vezes maior do que o esperado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo esse autor, somente 10 a 15% dos pacientes que chegam às salas de emergências com dor no peito apresentam infarto agudo do miocárdio, e menos de 1% apresenta embolia pulmonar ou dissecção aórtica, porém mais de 50% são hospitalizados para investigação diagnóstica que objetiva afastar o infarto agudo do miocárdio. Além disso, estima-se que cerca de 5% dos pacientes com dor torácica e infarto agudo do miocárdio são liberados erroneamente para casa sem ter o diagnóstico confirmado na sala de emergência. É possível observar que existe uma importância social e econômica relacionada à dor torácica. A social, por esta dor atingir milhares de pessoas em todo o mundo e possuir uma alta taxa de mortalidade. Econômica, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. pois a realização de um atendimento rápido e eficaz em pacientes com dor torácica nas unidades de dor torácica pode diminuir os custos de internamento do paciente (BASSAN, et al., 2002). Apesar de existirem inúmeras doenças que causam dor torácica, aquelas originadas do aparelho cardiovascular são as que trazem maiores preocupações ao médico e ao próprio paciente. Isto é explicado pelo maior risco de mortalidade e de necessidade de hospitalização (BASSAN, et al., 2000). A abordagem inicial ao paciente é sempre dirigida a confirmar ou afastar o diagnóstico de Síndrome Coronariana Aguda (SCA). Nesse sentido, é importante identificar outras causas potencialmente fatais, como dissecção de aorta, pericardite, embolia pulmonar, bem como reconhecer indivíduos em maior risco para complicações cardiovasculares relacionadas à isquemia.Por isso, estratégias para uma identificação rápida e correta de pacientes em alto risco de desenvolver complicações são fundamentais na avaliação do paciente com dor torácica (NASI, et. al, 2005). Para reduzir admissões desnecessárias, estratégias para manter o cuidado adequado dos pacientes de maior risco e para otimizar a relação custo-benefício têm sido desenvolvidas e aplicadas no manejo do paciente com dor torácica, tais como, a sistematização de conduta médica, seja ela diagnóstica ou terapêutica, construídas sobre conhecimentos e evidências sólidas e atuais, e constituindo-se em um dos grandes avanços da medicina atual (NASI, et al., 2005). Os pacientes que se apresentam nas unidades de emergências com dor torácica, devem ter uma abordagem adequada, pois isso contribui de forma significativa na redução da mortalidade e dos custos hospitalares relacionados a estes atendimentos (PESARO, et al., 2007). Portanto, é necessário que a instituição e a equipe de médicos e enfermeiros estejam treinadas e equipadas com uma ferramenta que os auxilie no manejo de pacientes acometidos por dor torácica. O enfermeiro que atua nesse setor necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, tomar decisões rápidas e concretas; deve reconhecer situações que oferecem riscos aos pacientes, familiaridade com SCA; manejo com medicações; viabilizar a execução de exames. Desta maneira, a utilização de protocolos é fundamental na otimização do atendimento. Estudos mostram que a partir do controle dos fatores de riscos cardiovasculares, aliados a um diagnóstico precoce e preciso e à intervenção na saúde desses pacientes acometidos por esses problemas, será possível uma melhoria na qualidade de vida e aumento da sobrevida dessas pessoas. Diante deste contexto, o presente estudo é relevante no sentido de aprimorar o conhecimento sobre pacientes acometidos por dor torácica (condição clínica prevalente nos serviços de emergência), proporcionando uma melhor discussão do assunto abordado. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo levantar a produção cientifica referente à assistência sistematizada a pacientes acometidos por dor torácica na sala de emergência. 2 METODOLOGIA O estudo consiste numa pesquisa bibliográfica exploratória, com recorte temporal de onze (11) anos, no período de 1998 a 2010, objetivou revisar na literatura cientifica temas relacionados à assistência sistematizados a dor torácica no serviço de emergência. Conforme Medeiros (2000), a pesquisa bibliográfica constitui-se em fonte secundária, tendo como obje51 Ferreira, A. M. C. ; Madeira , M. Z. A. tivo adquirir informações sobre um assunto de relevante interesse. Para a elaboração, fez-se uma busca eletrônica nos bancos do SCIELO e LILACS, abrangendo quinze (15) publicações nacionais no período de 1998 a 2010. Utilizou-se também um livro que aborda o manejo com pacientes acometidos por dor torácica; diretrizes e protocolos criados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Os descritores utilizados na busca eletrônica foram: angina instável, dor no peito, síndrome coronariana aguda e serviço hospitalar de emergência. Após escolhidas as fontes de referências, organizaram-se os dados e, posteriormente, analisou-se o conteúdo bibliográfico, esclarecendo os objetivos formulados para uma interpretação e análise das fontes pesquisadas, finalizando com a redação do trabalho. 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A seguir, apresentam-se os resultados da análise dos artigos selecionados que utilizam diretrizes e protocolos na abordagem inicial dos pacientes com dor torácica em sala de emergência, demonstrando a efetividade dessa assistência sistematizada. Os dados foram organizados da seguinte forma: Abordagem inicial e diagnóstico diferencial, métodos de diagnósticos, Tratamento clínico, Papel da unidade de dor torácica e Modelos de diagnóstico. 3.1 Abordagem inicial e diagnóstico diferencial Os estudos de Bassan, et al. (2000), demonstraram a efetividade de um abordagem sistematizada. Dos 1003 pacientes estudados que deram entrada com queixa principal de dor torácica, classificados imediatamente com as características da dor, foram observados 225(22%) pacientes com dor torácica tipo A; 287 (29%) tipo B (provavelmente anginosa); 268(27%) tipo C (provavelmente não-anginosa) e tipo D (definitivamente não-anginosa) em 223(23%). Em relação ao diagnóstico dos pacientes acima investigados, 16% tiveram o diagnóstico final de infarto agudo do miocárdio; 22% de angina instável; 32% de ausência de insuficiência coronariana aguda e 29% tiveram o diagnóstico indeterminado; 22% foram liberados imediatamente para a casa pela presença de dor torácica considerada definitivamente não anginosa e eletrocardiograma normal/inespecífico; 12% foram transferidos para a unidade coronariana por apresentarem supradesnível de ST ou bloqueio de ramo esquerdo associado à dor de infarto. Conforme os dados apresentados, conclui-se que a caracterização da dor através da história clínica do paciente continua sendo um dos pontos mais importantes na avaliação, pois permite a elaboração de possíveis hipóteses de diagnósticos diferenciais de etiologia não – cardíaca, diminuindo as internações desnecessárias e reduzindo os custos hospitalares. De acordo com Nasi, et.al, (2005), a avaliação inicial do paciente com dor torácica deve responder a duas perguntas-chaves: (1) qual a probabilidade de os sinais e sintomas serem devidos a uma SCA por doença aterosclerótica coronariana? E (2) quais as chances para o desenvolvimento de eventos cardíacos adversos, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, sintomas recorrentes de isquemia ou arritmias graves? Por meio da história clínica, do eletrocardiograma e dos marcadores séricos de isquemia é possível responder a essas questões com boa precisão e agilidade. No estudo de caso de Martin, et al.(2004), relata-se que um paciente de 54 anos, portador de hipertensão arterial sem tratamento foi 52 admitida no serviço de emergência com dor precordial e retroesternal e apresentou quadro de emergência hipertensiva com lesão de órgão-alvo. Inicialmente, tratada como infarto agudo do miocárdio, na evolução foi diagnosticada dissecção de aorta tipo A, abordada cirurgicamente com boa evolução no pós-operatório e controle adequado da pressão arterial nas primeiras 24 horas. Com isso, reforçamos a importância do diagnóstico diferencial de dor torácica na emergência hospitalar, visando tratamento correto e controle adequado da hipertensão arterial ao longo do tempo, no sentido de evitar as complicações hipertensivas. Sabe-se que é imprescindível a implantação de protocolos para o manejo de pacientes com dor torácica, pois permite agilizar diagnóstico diferencial, direcionado a melhor conduta terapêutica, evitando medidas desnecessárias e redução na mortalidade por esses agravos. De acordo com o estudo de Duarte; Pimentel Filho; Stein (2007), dos 1.564 pacientes que apresentaram dor torácica, 52 foram selecionados, 69% internaram (via 1), sendo 55% com diagnóstico de infarto, 39% de angina e 5% com dor não-anginosa. Dos pacientes internados, 48,71% confirmaram o diagnóstico de IAM sem supra ST, 25,64% de angina pectoris e 17,94% não confirmaram o diagnóstico de doença coronariana, 17% dos pacientes realizaram teste ergométrico (via 2) e 13,5% tiveram alta (via 3). Por sua vez, naqueles pacientes que realizaram teste ergométrico, 7 apresentavam o diagnóstico de angina e 2 de dor não-anginosa. Todos os testes foram negativos para isquemia e os pacientes foram liberados da emergência. Dos pacientes encaminhados para a (via 3) tinham diagnóstico de angina e 3 de dor não-anginosa. É importante destacar que 43% dos pacientes diagnosticados como não-anginosos retornaram à emergência por dor torácica, sendo que 14% desses pacientes reinternaram. Após a análise do estudo, constatou-se uma baixa freqüência nos atendimentos oriundos de dor não-anginosa, porém uma elevada incidência de infarto e angina instável, reforçando a necessidade de atendimento sistematizado através de protocolos de avaliação rápida e segura aos pacientes que chegam à emergência com dor torácica. 3.2 Método de diagnóstico Segundo Souza, et al.(2002), com a anamnese, exame físico e eletrocardiograma pode-se classificar o paciente como alto, médio ou baixo risco para eventos cardíacos e diagnosticar outras causas da dor. Os pacientes com dor torácica de origem cardíaca são admitidos na sala de observação em leito monitorizado, realizam eletrocardiogramas de 12 derivações e dosagens de marcadores de lesão miocárdica (CPK, CPK-MB massa, troponina T e I) observados por um período de 6-9h. Após esse período de observação, pacientes classificados como de baixo risco que não tiverem aumento de marcadores cardíacos, alteração eletrocardiográfica ou piora clínica (dor persistente, desenvolvimento de insuficiência cardíaca ou arritmias) e que não tiverem evidência clínica de outra causa para a dor que não cardíaca (ex: dissecção aórtica, pneumonia, tromboembolismo pulmonar) são submetidos a um teste provocativo de isquemia miocárdica para complementar a estratificação de risco. A dosagem seriada dos marcadores de necrose na estratificação de risco da SCA tem um papel importantíssimo não só no diagnóstico, como também para o prognóstico da SCA. Destaca-se o trabalho de Henriques et al. (2006), que fez um revisão bibliográfica dos biomarcadores de necrose miocárdia CK,CK-MB massa(doseamento pela massa), TroponinasT e mioglonina, disponíveis atualmente na prática clínica hospitalar e que asRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose sociados a critérios clínicos eletrocardiográficos,desempenham um papel ímpar no diagnóstico das SCA. Segundo a I Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2002), CK-MB e/ou troponinas são marcadores bioquímicos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica nesses pacientes. Embora a elevação de apenas um dos marcadores seja suficiente par o diagnóstico de IAM, pelo menos dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo:um marcador precoce(com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após o início da dor torácica,como é o caso da mioglobina ou da CK-MB) e um marcador definitivo tardio com alta sensibilidade e especificidade global, a ser medido após 6h, como é o caso da da CK-MB ou troponinas. É imprescindível os marcadores de necrose na avaliação dos pacientes com dor torácica, enfatizando a utilização de um marcador precoce detectável dentro das seis primeiras horas a partir do inicio dos sintomas e um tardio ou definitivo. Ainda com relação aos marcadores de necrose o estudo de Cavalcanti, et al. (1998), relata que o diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio baseado somente em critérios clínicos e eletrocardiográficos pode ser difícil no momento em que o paciente é admitido à sala de emergência. Apenas 41% a 56% dos pacientes com IAM que chegam à emergência apresentam supradesnivelamento do segmento ST, sendo possível diagnóstico, como bloqueio de ramo esquerdo, inversão de onda T, infra-desnivelamento de segmento ST ou mesmo eletrocardiograma (ECG) normal. A confirmação ou exclusão de infarto nesse grupo de pacientes e a medida das enzimas miocárdicas no soro, associados a critérios clínicos eletrográficos,desempenham um papel ímpar no diagnóstico das SCA. O eletrocardiograma (ECG) é um exame crucial na avaliação inicial dos pacientes com dor torácica. Segundo dados de Bassan, et al. (2002), a realização de ECG está indicada em todos os pacientes com vigência de dor e/ou que apresentem sintomas sugestivos de angina. É o teste inicial importante, pois é de fácil obtenção e baixo custo. O papel do eletrocardiograma de admissão no diagnóstico final dos pacientes com dor torácica pode ser avaliado neste estudo. Assim, dos 106 pacientes com supradesvivel de ST no primeiro ECG, 81(76%) tiveram IAM, 15(14%) angina instável, 6 (6%) ausência de insuficiência coronariana aguda e 4(4%) diagnóstico indeterminado. Por outro lado, dos 165 pacientes com IAM, 81(49%) tiveram supradesnivel de ST no primeiro ECG, 45(27%) infradesnível de ST ou inversão de T, 9(5%) bloqueio de ramo esquerdo e 30(18%) ECG normal/indeterminado. Assim, a sensibilidade do supradesnível de St no ECG de Admissão para o infarto foi de 49%,a especificidade de 96%, o valor preditivo positivo de 79% e o valor preditivo negativo de 86% (BASSAN, et al., 2000). No relato de caso de Appel-da-Silva, et al. (2010), uma paciente foi atendida em serviço de emergência cardiológica com queixa de dor torácica aguda e cujos exames de investigação revelaram o diagnóstico de Síndrome de Wellens, que consiste em uma variante da angina instável, que quando não reconhecida pode evoluir para infarto agudo do miocárdio em parede anterior e óbito . Nesse relato de caso, embora a paciente apresentasse dor torácica típica de angina, a primeira investigação com ECG e enzimas cardíacas foi negativa para cardiopatia isquêmica, o que entre médicos menos experientes poderia ter resultados em alta da emergência sem o diagnóstico de SCA. Os pacientes com quadro clínico e exames sugestivos da síndrome devem ser encaminhados para estudo angiográfico com brevidade, para confirmação diagnóstica e intervenção. Reforçando a necessidade de Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. protocolos de avaliação da dor e a importância de realização do ECG e precocemente em até 10 minutos. De acordo com Pesaro, et al. (2007), embora a experiência do médico seja relevante, diante disso, enfatiza uso de ferramenta de fácil aplicação na prática diária, para orientar a abordagem de pacientes com dor torácica nos serviços de emergência. 3.3 O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. Estes testes são usados com finalidade diagnóstica para identificar os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob estresse (BASSAN, et al., 2002). Macaciel, et al. (2000) apresentou dados provenientes de pacientes atendidos no Brasil, em formato semelhante aos estudos internacionais. Foram avaliados 515 pacientes com dor torácica, dos quais 106 foram submetidos ao teste ergométrico. A acurácia para diagnóstico de angina instável mostrou sensibilidade de 73%, especificidade de 93%, valor preditivo positivo de 61% e negativo de 95%, confirmando o diagnóstico para excluir pacientes com síndrome coronariana aguda em nosso meio. De acordo com o trabalho de Souza, et al. (2002), o teste ergométrico é seguro e efetivo para pacientes de baixo risco. Pelo elevado valor preditivo negativo relatado, o teste ergométrico permite identificar pacientes que podem ser liberados da emergência sem outros procedimentos adicionais com probabilidade muito baixa de eventos cardíacos tardios, diminuindo, portanto, o desconforto para o paciente e os gastos desnecessários. O teste ergométrico vem sendo recomendado como um dos testes diagnósticos não invasivos é seguro para exclusão de doença coronariana, e estabelece o prognóstico do paciente onde diagnóstico de infarto agudo do miocárdio e angina instável já foram afastados na abordagem inicial. 3.4 Tratamento clínico O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e compreende: 1) Contenção ou controle da isquemia miocárdica; 2) Recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico (BASSAN, et al., 2002). O estudo de Santos, et al. (2005), apresentou uma descrição de pacientes com SCA,avaliando tratamento médico e mortalidade hospitalar. Dos 503 (58,3%) pacientes do sexo masculino, com média de idade de 62 anos. O diagnóstico na alta hospitalar foi de infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST (SST) em 78 (9,1%), IAM sem SST em 238 (27,7%), angina instável (AI) em 516 (60%), manifestação atípica da SCA (síncope ou dispnéia) em dois (0,2%) e dor torácica não cardíaca em 26 (3%). Foram medicados com betabloqueador em 87,9%, AAS em 95,9%, anti-trombínico em 89,9%, nitroglicerina endovenosa (EV) em 86,2%, inibidor do receptor de glicoproteína (IGP) IIb/IIIa em 6,4%(GP IIb/IIIa-proteínas do grupo da integrinas encontradas em plaquetas), clopidogrel em 35,9%, inibidor da enzima conversora da angiotensina (IECA) em 77,9% e estatina em 70,9%. A cinecoronariografia foi realizada em 72 pacientes (92,3%) com IAM com SST e em 452 (59,8%) com SCA sem SST. Indicação de cirurgia de RM ocorreu em 12,9% e intervenção coronariana 53 Ferreira, A. M. C. ; Madeira , M. Z. A. percutânea em 26,6%. A mortalidade hospitalar foi de 4,8%, não havendo diferença significativa entre proporção de óbitos em pacientes com IAM com SST em comparação SCA sem SST. Com base nos registros desse estudo, pode-se inferir que na avaliação das condutas terapêuticas realizadas geralmente na unidade coronariana de acordo com a I Diretriz de dor torácica na sala de emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2002), é freqüente o uso do ácido acetilsalicílico e betabloqueadores em todas as modalidades da SCA (IAM, angina instável). Um número significante de pacientes foi submetido a nitratos endovenoso e anti-trombínico. A indicação de intervenção coronariana percutânea ocorreu mais em pacientes que apresentou IAM com SST e a cirurgia de revascularização do miocárdio foi realizada em um pequeno número de pacientes, sendo mais indicada em pacientes com IAM sem SST. O estudo de coorte contemporâneo de Santos; Pellanda; Castro (2005), objetivou avaliar o diagnóstico de dor torácica em mulheres atendidas em um serviço de emergência em relação à evolução clínica, descrevendo sua influência sobre o manejo terapêutico, quando comparadas aos homens. Comparando 67 pacientes entre 50 e 65 anos (35 mulheres e 32 homens) atendidos de forma consecutiva por dor torácica na sala de emergência e acompanhados por 120 dias. Não houve diferença significativa relacionada ao sexo aos exames realizados para o diagnóstico da dor torácica: entretanto, proporcionalmente, as mulheres receberam menos medicações cardiológicas e mais tranqüilizantes. Ao término do atendimento na sala de emergência, as mulheres foram significativamente menos hospitalizadas. Na evolução clínica posterior, não houve diferença entre os dois sexos quanto à ocorrência de IAM, angina instável, angina estável, isquemia cerebral, cirurgia de revascularização miocárdica, angioplastia, hospitalização e morte. O que sinaliza para a atenção ao sintoma da dor torácica independente do sexo. O presente estudo mostrou que as mulheres atendidas por dor torácica na sala de emergência foram investigadas de forma semelhante aos homens, porém a hospitalização foi significativamente menor entre as mulheres. Em relação ao manejo terapêutico, evidenciaram-se diferenças relacionadas ao sexo. A dor na mulher foi subnotificada, recebeu menos medicações cardiológicas, sendo assim atribuída a causas psicológicas. Portanto, a avaliação de pacientes com dor torácica independente do sexo exige um diagnóstico preciso, no sentido de evitar erros, principalmente na detecção das síndromes coronarianas agudas e possibilitar um tratamento seguro em tempo adequado. O emprego de protocolos sistematizado é instrumento imprescindível para o atendimento desses pacientes. 3.5 Papel da unidade de dor torácica O estudo de Lima, et al. (2001), sobre o impacto das unidades de dor torácica em relação às síndromes coronarianas agudas, destaca os dados do registro multicêntricos em oitos unidades de dor torácica de hospitais norte-americanos que foram comparados com estudos prévios sobre avaliação de dor torácica sem a utilização dos Centros de observação de dor torácica. No total, 23.407 pacientes tinham queixa de dor torácica. Nessas unidades, os pacientes, em sua maioria (76%), tiveram alta sem ser admitidos no hospital. Cerca de 7% dos pacientes admitidos na unidade de dor torácica apresentaram diagnóstico de IAM. Quando comparados com os estudos prévios, observa-se que o maior número de pacientes foi classificado como “rule-out MI” (Regra Fora para Infarto do Miocárdio), ou seja, foram admitidos para exclusão do diagnóstico de infarto agudo do 54 miocárdio por meio de um período crítico de observação nas Unidades de dor Torácica. Também ocorreu menor “perda” de infarto do miocárdio evidenciada nos estudos anteriores. Calcula-se, por esse trabalho, que houve redução real de custos superiores a US$2.800.000,00 entre os hospitais participantes. Após a análise do estudo, evidenciou-se a importância das Unidades de Dor torácica na qualidade do atendimento ao paciente com dor no peito. Destacando-se, um diagnóstico preciso com rapidez, tratamento adequado, redução de custo e otimização dos leitos da unidade coronariana. 3.6 Modelos de diagnóstico Uma forma eficiente na assistência dos pacientes com dor torácica na sala de emergência é a utilização de modelos probabilísticos de doença, de algoritmos diagnósticos e de árvore de decisão clínica. Nesse trabalho, abordaremos os principais modelos diagnósticos citados nos estudos de Bassan, et al. (2002), preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e que podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição. Modelo Hearter do Centro Médico da Universidade de Cincinnati, Modelo Sistematizado de Atendimento de pacientes com dor torácica da clínica Mayuo, Modelo da Faculdade de Medicina da Virgínia, Algoritmo de Goldman e, em nosso meio,o modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco. Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégia trazem um grande benefício para a prática médica emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem Unidades de Dor Torácica. O estudo apresentado por Pesaro, et al. (2007), aborda sobre uma ferramenta prática e segura que pode ser utilizada para fazer o diagnóstico correto e estratificação de pacientes com dor precordial na sala de emergência: primeiro, caracterizar a tipo de dor; segundo, estabelece a probabilidade do quadro apresentado pelo paciente ser uma SCA e o terceiro se há necessidade de inclusão no protocolo diagnóstico da Unidade de Dor Torácica. Desse modo, objetiva-se, ao final dos três passos chegar a uma das duas possibilidades: paciente não apresenta SCA e será encaminhado para o seguimento ambulatorial ou para médico de outra especialidade;paciente apresenta SCA e deve ser tratado imediatamente. De acordo com o estudo de coorte prospectivo de Ferreira (2005) onde foram analisados 283 pacientes consecutivos com dor torácica aguda que procuraram o atendimento no serviço de emergência, foi aplicado o algoritmo de Goldman para o cálculo das probabilidades de IAM. A sensibilidade do algoritmo foi de 82%, especificidade de 57%, com valor preditivo positivo (VPP) de 21% e valor preditivo negativo de 96%, utilizando como ponto de corte uma probabilidade de Iam superior a 7%. Para o diagnóstico de SIA, o escore teve sensibilidade de 57% especificidade de 60%, VPP57% e VPN 60%. Se compararmos ao grupo classificado como doença cardíaca estável e outros diagnósticos, os pacientes que apresentaram Goldman>7% tinham uma chance 6 vezes maior de ter IAM. Os achados deste estudo mostraram que o algoritmo de Goldman, se utilizado como ferramenta auxiliar na estratificação de pacientes com SCA, tem boa sensibilidade, porém especificidade baixa para o diagnóstico de IAM. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose 4 CONCLUSÃO A dor torácica representa um desafio para os profissionais da sala de emergência, responsáveis para diagnosticar e tratar pacientes com Síndrome Coronariana Aguda. Muitos desses pacientes são liberados, devido uma avaliação inadequada, acarretando um aumento no índice de mortalidade relacionado a essas doenças. No entanto, se a instituição e o profissional de saúde estiverem capacitados e equipados com uma ferramenta que os auxiliem em um diagnóstico rápido e preciso esta realidade poderá ser modificada. O enfermeiro, como membro da equipe que assiste o paciente acometido por dor torácica, deve ter conhecimento da etiologia da dor (cardíaca ou não-cardíaca), avaliar o risco a que o paciente está sujeito (estratificação de risco-Triagem inicial),para que o atendimento seja rápido e seguro,diminuindo as complicações e garantindo a sobrevivência do paciente. Diante disso, enfatiza-se a importância de uma abordagem sistematizada. O enfermeiro deve conhecer protocolos, algoritmos adotados pelos serviços de emergência no atendimento a paciente com dor no peito, atuando com agilidade, técnica e dinamismo oferecendo uma assistência de qualidade. Após a leitura dos artigos selecionados, foram feitas as seguintes inferências: • Um modelo sistematizado de atendimento, utilizando um fluxograma ou algoritmo é importante para a adequada seleção dos pacien- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011. tes com dor torácica em subgrupos de maior e menor probabilidade de doenças; • A avaliação do tipo de dor é um dado importante para se estabelecer um diagnóstico; • Apesar do eletrocardiograma ser um exame pouco sensível para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio, este deve ser indicado em todos os pacientes com vigência de dor torácica; • A dosagem seriada dos marcadores de necrose miocárdica dever ser mensurada em todos os pacientes com suspeita clínica de Síndrome Coronária Aguda; • Uma vez afastado o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio ou angina instável de alto risco, o paciente pode ser submetido a uma prova de esforço 6 a 48 h após a chegada ao hospital, permitindo uma alta hospitalar precoce e com segurança; • Pacientes que são submetidos à investigação sistematizada da causa da sua dor torácica saem do hospital com um diagnóstico estabelecido (ou pelo menos, afastado), evitando os problemas decorrentes da não determinação da causa da mesma (melhoria da qualidade assistencial). Portanto, avaliação de pacientes acometido por dor torácica no serviço de emergência exige a adoção de protocolos sistematizados para evitar erros de detecção da síndrome coronariana aguda, sendo relevante na redução de morbidade e mortalidade e nos custos hospitalares a esses atendimentos. 55 REFERÊNCIAS APPEL-DA-SILVA, Marcelo Campos, et al. Sondrome de Wellens. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 94, n.4, p. 116, abr, 2010. BASSAN, R., et al. Dor Torácica na Sala de Emergência. A Importância de uma abordagem Sistematizada. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. n.1, p. 13-21, janeiro, 2000. BASSAN, R., et al. A Sociedade Brasileira de Cardiologia: I Diretriz de Dor Torácica na Sala de Emergência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 79, Ssuplemento II, p. 01-22, ago. 2002. CAVALCANTI, A. B., et al. Diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio. Valor da Dosagem de Mioglobina Sérica Comparada com a Creatinofosfoquinase e sua Fração MB. 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Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo, margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, perfazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos, tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução, metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais. Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimentos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão limita-se a 15 páginas. Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas. Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos, limitando-se a 2 páginas. Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas. Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício identificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual, endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores como responsável pela correspondência. O aceite para publicação está condicionado à transferência dos direitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo). Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa. Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus autores. Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996. FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as orientações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicálas junto às citações. Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impressas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS Word. Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de 15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o eletrônico do pesquisador proponente. Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões. Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e descritores nos respectivos idiomas. Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração 57 em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias, desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética, iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por artigo. Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado entre parênteses e sem grifo. Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta. Ex.: Exemplos: Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na vida de Madame Antoine tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor por um travessão de seis toques após o “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congressos, simpósios, jornadas, etc. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos “No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37) BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Ex: Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção) “Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto possível” (CONRAD, 1988, p.77) CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Artigo de publicações periódicas As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex: LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de revista, boletim, etc. A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora, a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em pedaços (FOX, 2002, p.125) LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS Livros como um todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. Capítulo de livro a. 58 Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no todo. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artigo de Jornal ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Legislações - Constituição BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Leis e decretos BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984. Documentos em Meio Eletrônico Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim) SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/ frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http:// www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008. TERMO DE RESPONSABILIDADE Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais. Primeiro autor: _______________________________________________________________________________________ Título do manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo: • Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo; • Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico; Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar. Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ ENVIO DE MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte endereço: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 59 INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION ARTICLE CATEGORIES The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews, case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology. Original articles: contributions destined to reveal results of new research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that the number of bibliographic references be twenty at most. The structure is conventional and is made up of an introduction, methodology, results, discussion and final conclusions. Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is limited to fifteen pages. Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research containing new and relevant subjects, they should follow the same norms as the original articles and are limited to five pages. The Student Page: dedicated to publishing articles developed by undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those demanded by the original articles, limited to five pages. All manuscripts will be turned in with an information sheet which will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors will take responsibility for any needed correspondence. Once the article is accepted for publication, it is with the condition that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment). The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The authors will receive a written explanation for the refusal. 60 All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are the sole responsibility of its authors. In research involving persons, the authors should clearly state whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the National Health Council of October 10, 1996. THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and indicate them together with the quotes. THE MANUSCRIPTS Three copies of the manuscript should be printed, and one put on CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR. The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages (Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six maximum, their university status, position(s), the name of the institution the work should be attributed to, city, state, complete address, including the e-mail of the researcher responsible for the group. The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most important aspects of the study should be emphasized. Underneath the abstract should be three to five keywords related to the theme. The three abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles and keywords in their respective languages. The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use only one set of numerations for the whole text. The same should be done for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the same rules as mentioned for charts. The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article. São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93. Congresses, symposiums, etc. Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked. Quotes in the text: Examples In the quotes where the last name of the author, or the responsible institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters.. According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life. “In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37) CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999. Work presented in congresses, symposiums, etc SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertations, Theses and Academic papers. BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5 Periodical Publications considered as one. Direct quotes of up to three lines in the text, should be between double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for quotes within quotes. Ex: “He maintained himself to the starboard of living in the past, as far away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77) Direct quotes from the text with more than three lines, should have a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the margin is all that must be done. Ex: CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Publication of a periodical article LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Parts of a magazine, bulletin, etc. Include volume, number, and special editions, without a specific title,.: The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder, which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125) REFERENCE LISTS - EXAMPLES VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Articles from Journals ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Entire Books Legislations – Constitution SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. The Chapter of a Book a. The author of the chapter not being the author of the book ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34. b. The book having only one author – substitute the name of the author with an underline of six spaces after the word IN: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Laws and Decrees BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984. Documents in the Electronic Medium. Articles in periodicals (magazines, journals) 61 SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http:// www.sus.inf.br/frame-artig.html” www.sus.inf.br/frameartig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm. Accesso em 19. mar. 2008. TERMS OF RELEASE Each author should read and sign the documents (1) Declaration of Responsibility and) Transference of Copyright First author: _________________________________________________________________________________________ Title of the manuscript: _________________________________________________________________________________ All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below. • I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work public. • I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or electronic Signature of the author(s) Date: ___________________________________________________________________________ TRANSFER OF COPYRIGHT: I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary. Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address: Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 62 REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN CATEGORIAS DE ARTICULOS La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones, relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo, margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución, metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales. Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su extensión se limita a 15 páginas. Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas. Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos años, limitandose a 2 páginas. Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5 páginas. Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual, dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los autores como responsable por la correspondencia. La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo). Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores receberán parecer sobre los motivos de la recusa. Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores. En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996. FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e indicarlas junto a las citaciones. Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word. Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente. Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática. Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas. Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración 63 en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por artículo. Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre parentesis y sin grifo. Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis cajaalta. Ex.: Ejemplos: Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en la vida de Madame Antoine “En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37) tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del autor por una raya de seis toques después del “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congresos, simposios, jornadas, etc. CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55. Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media. 1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília. Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar citación en el interior de la citación. Ex: Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la colección) “Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77) CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965-. Semestral Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples, con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex: Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora, la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125). Listagen de las Referências - Ejemplos Articulos de publicaciones periódicas LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de la revista, boletín, etc. Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artículo de Periodico Libros como todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros Técnicos y Científicos, 2005. 384p. ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16. Legislaciones - Constitución Capítulo de libro BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 a. 64 Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Leyes y decretos BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe so- bre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984. Documentos en Meio Eletrónico Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín) SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frameartig.html. Aceso en: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm. Aceso en: 19 mar. 2008. Termo de Responsabilidad Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales. Primer autor: ________________________________________________________________________________________ Título del manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo: • Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido; • Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico; Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________ Transferencia de Derechos Autorales Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista Interdisciplinar. Asinatura do(s) autor(es) Fecha: __________________________________________________________________________ Envio de manuscritos Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente dirección: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 65 REVISTA INTERDISCIPLINAR FORMULÁRIO DE ASSINATURA Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito bancário. NOME: _____________________________________________________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________________________________________________ BAIRRO: ____________________________________________________________________________________________ CEP: _______________ CIDADE: ____________________________________________________________ UF:__________ PROFISSÃO: _________________________________________________________________________________________ FONE: ______________________________________________FAX:____________________________________________ E-MAIL: ____________________________________________________________________________________________ TIPO DE ASSINATURA DESEJADA Tipo de Assinatura (anual) Valor Profissional R$ 100,00 Estudante R$ 50,00 Institucional R$ 200,00 NÚMERO AVULSO ________________________________________________________________R$ 35,00 Número avulso desejado – Volume ____________________________________ Número _____________________________ INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de: Faculdade NOVAFAPI Banco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – Piauí ENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740 66 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.3, n.1, p.X-Y, Jan-Fev-Mar. 2010.