REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA EM INSTALAÇÕES

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18º Concurso Falcão Bauer
REDUÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA EM INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
1. Introdução – Água, um recurso natural “finito”
Depois de utilizar a água de forma indiscriminada durante anos e anos, a
humanidade chegou à conclusão que este recurso natural, se não for consumido de
forma racional, um dia acabará.
A partir da conscientização global da necessidade de uso racional dos recursos
naturais e da proteção contra a degradação ambiental, os países - através de
iniciativas governamentais e não governamentais e privadas - têm promovido
programas e ações visando combater o desperdício, e incentivando padrões
tecnológicos de produção de baixo impacto sobre o meio ambiente.
Com o objetivo de demonstrar seu engajamento na luta contra o desperdício, o
Ministério do Meio Ambiente do Brasil lançou, em 1999, a Agenda Ambiental na
Administração Pública – A3P .
A A3P consiste em “uma estratégia de construção de uma nova cultura institucional
para inserção de critérios socioambientais na administração pública”.
A
administração pública, por ser grande consumidora e usuária de recursos naturais,
tem papel estratégico na promoção e indicação de novos padrões de produção e de
consumo e deve ser exemplo na redução de impactos socioambientais negativos.
A partir da criação da Agenda, o setor público passou a ser “incentivado” a buscar
soluções tecnológicas que minimizassem o desperdício. O trabalho apresentado a
seguir é uma demonstração do Setor Público fazendo a sua parte.
2. Memorial Descritivo – Obra de reforma dos banheiros coletivos e privativos
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do edifício sede do ÓRGÃO PÚBLICO (estudo de caso)
2.1. Esclarecimento
A fim de se evitar a identificação do trabalho aqui apresentado, o nome do órgão
público proprietário do edifício, bem como o seu endereço serão omitidos do corpo
do documento. Estas informações e outras necessárias à comprovação do conteúdo
aqui apresentado estão anexadas neste documento, conforme orientação do Anexo
II – Regulamento para apresentação de trabalhos do concurso.
2.2. O Objeto dos Serviços
Por se tratar de um edifício com mais de 30 anos de construção, a obra consistiu na
reforma (demolição e reconstrução) dos banheiros coletivos e privativos do prédio
incluindo obras civis, instalações elétricas, hidráulicas e outros serviços correlatos.
Escopo dos serviços:
. segregação dos esgotos primários e secundários do edifício;
. fornecimento e instalação de sistema de esgoto sanitário a vácuo; e
. fornecimento e instalação de mictórios a seco.
A obra foi iniciada em fevereiro de 2010 e concluída em maio de 2011. Toda obra foi
executada com o prédio ocupado (fluxo aproximado de 5.000 usuários/dia) e por
este motivo foi dividida em quatro fases. Cada fase contemplou cerca de 25% dos
banheiros do edifício (aproximadamente 14 banheiros coletivos e mais 22 privativos,
com 84 vasos sanitários e 39 mictórios a seco). Também na primeira fase da obra foi
fornecida e instalada a central sanitária de vácuo.
Em agosto de 2010 foi inaugurada a primeira fase da obra com a liberação do
primeiro conjunto de banheiros reformado e a entrada em funcionamento da central
sanitária de vácuo. Iniciou-se, então, a segunda fase com a interdição e reforma de
outros 25% dos banheiros do edifício, seguida da terceira fase e por último da quarta
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fase, concluída em maio de 2011.
No total, foram fornecidos e instalados 1 (uma) central sanitária de vácuo, 334
(trezentos e trinta e quatro) conjuntos de vasos sanitários para esgoto a vácuo e 156
(cento e cinquenta e seis) mictórios a seco, além da execução da obra civil de
reforma dos banheiros e de áreas adjacentes.
Os serviços de segregação dos esgotos primários e secundários do prédio também
foram executados e o edifício encontra-se hoje preparado para o reuso de águas
servidas (esgoto secundário), bastando a instalação de uma central de tratamento
de água. O fornecimento e a instalação de central de tratamento de água não
faziam parte do escopo do contrato.
Foto 1: Central Vácuo – Vista frontal; conjunto
01 de bombas; total 02 conjuntos (principal /
reserva)
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Foto 2: Central Vácuo – 02 conjuntos de bombas;
capacidade da central para até 450 sanitários; área da
casa de máquinas = 12 m²
Foto 3: Central Vácuo – Vista conjunto 02
de bombas
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Foto 4: Vista banheiro masculino – tipo - reformado
Foto 5: Vaso sanitário a vácuo
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Foto 6: Conjunto de mictórios a seco
Foto 6: Mictório a seco
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2.3. Critério 1 – Inovação
Apesar das primeiras soluções de sanitários a vácuo terem sido concebidas nos
anos 50, durante muitos anos sua aplicação foi restrita a alguns setores industriais,
entre eles a indústria naval. Em meados dos anos 80, com o avanço da tecnologia, a
robustez
e
confiabilidade
dos
sistemas
de
esgoto
a
vácuo
cresceram
significativamente e sua utilização se intensificou de maneira notável no segmento
da construção civil, principalmente por seu apelo ecológico de redução de consumo
de água e de volume de esgoto primário proveniente dos vasos sanitários.
No Brasil, as instalações de soluções de esgoto a vácuo são recentes, tendo iniciado
por volta do ano 2000.
A solução dos mictórios a seco também é bastante inovadora. Sua aplicação é mais
recente que a dos sanitários a vácuo e significativamente mais eficiente por resultar
em 100% de economia de água. A solução instalada no edifício sede do Órgão
Público utiliza selo de bloqueio de odores com óleo vegetal biodegradável, que
minimiza a propagação de micróbios e elimina, portanto, o uso de tabletes
odorizadores e de descartáveis plásticos.
2.4. Critério 2 – Modernização do Processo Construtivo
A introdução de soluções inovadoras e tecnológicas nos processos construtivos das
obras civis tem contribuído significativamente para sua modernização. No caso dos
sistemas de esgoto a vácuo e mictórios a seco, pode-se citar:
Flexibilidade na execução das instalações hidráulicas, pois possibilita a
instalação de sanitários em áreas desprovidas de rede de água e esgoto, sem
grandes intervenções. Não existe necessidade de declive, como no esgoto
gravitacional, podendo, inclusive, sair com a tubulação para cima;
Por funcionar em depressão (vácuo), a linha de esgoto, se rompida, não
provoca vazamentos como ocorre com os sistemas tradicionais gravitacionais;
Tubulações de diâmetros menores minimizando interferências com outros
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sistemas e facilitando sua instalação. Os diâmetros menores nas tubulações
de esgoto a vácuo são possíveis porque a central de vácuo faz o trabalho de
deslocamento dos dejetos através da sucção, necessitando de pouca
quantidade de água. Já os sistemas tradicionais, os gravitacionais,
necessitam de desnível e de água como meio físico para transportar os
dejetos. E um maior volume de água exige maior tubulação hidráulica;
Eliminação de estações de recalqueamento de esgoto, uma vez que o
trabalho é feito através da central de vácuo;
Diminuição de estações de tratamento de esgoto, pois o volume de esgoto a
ser tratado é menor;
Nos subsolos, o caminhamento hidráulico dos sistemas de esgoto pode ser
feito pelo teto por longas distâncias sem necessidade de escavações e sem a
preocupação com redução do pé direito, pois não exige declividade de
tubulação como nos sistemas convencionais (gravitacionais);
O sistema de mictórios a seco elimina a necessidade de dispositivos, como
sensores de presença, válvulas de descarga e outros, reduzindo manutenção.
2.5. Critério 3 – Aumento do Desempenho da Construção
Não há dúvidas quanto ao aumento de desempenho da construção com a opção de
utilização de sistemas de esgoto a vácuo e mictórios a seco em instalações
sanitárias. Ganha-se em desempenho com economia de água e segregação de
esgoto, possibilitando o tratamento do secundário para reaproveitamento no
primário.
Certamente o maior ganho de desempenho está na economia de água obtida com o
sistema e na redução de “custo” que esta economia proporciona para a
administração do edifício (conta de água). A tabela abaixo apresenta os valores da
conta de água do edifício público em fevereiro de 2010 - início das obras - e nos
últimos 6 meses, janeiro a junho de 2011 - na medida em que as etapas foram
sendo finalizadas e os banheiros liberados para uso (obs.: todos os números
informados abaixo encontram-se devidamente comprovados através das faturas da
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concessionária de água encaminhadas em separado à coordenação técnica do
concurso Falcão Bauer).
Mês de
Referência
Fev 2010
6.943 m³
Consumo médio
últimos 12 meses
6.374 m³
Jan 2011
8.369 m³
5.646 m³
R$ 114.443,39
Fev 2011
5.400 m³
5.856 m³
R$ 71.659,60
Mar 2011
4.437 m³
5.684 m³
R$ 62.913,20
Abr 2011
2.754 m³
5.491 m³
R$ 41.618,13
Mai 2011
2.925 m³
5.217 m³
R$ 41.595,80
Jun 2011
1.985 m³
4.930 m³
R$ 28.929,01
Consumo do mês
Valor da conta
R$ 88.403,62
Verifica-se uma redução do consumo mensal entre fevereiro de 2010 e junho de
2011 de 71,4%, gerando uma economia mensal de R$ 59.474,61 (cinquenta e nove
mil, quatrocentos e setenta e quatro reais e sessenta e um centavos) na verba de
custeio do órgão.
Considerando o consumo médio de fevereiro de 2010, 6374 m³, com o consumo
medido em junho de 2011, 1985 m³, a redução é da ordem de 68%.
Se for analisado o consumo médio dos últimos 12 meses, a redução em junho de
2011 é de 22,6% (vinte e dois vírgula seis por cento). O consumo médio, por
considerar a média aritmética das últimas 12 leituras de consumo, tende a caminhar
de forma lenta para os valores de consumo mensal alcançados nos últimos meses.
2.6. Critério 4.1 – Redução Custos Homem Hora / m²
Em razão da modernização do processo construtivo dos sistemas de esgoto a vácuo
e mictórios a seco, a simplificação dos serviços necessários a sua instalação gera
redução do custo homem hora / m².
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Fatores que contribuíram para a redução dos custos de homem hora / m² da obra
em questão:
Redução do número de interferências com as demais instalações existentes
em razão da flexibilidade de caminhamento das tubulações sanitárias do
sistema de esgoto a vácuo;
Como as instalações de esgoto a vácuo utilizam tubulações com diâmetros
menores quando comparadas com as instalações de esgoto tradicionais, o
rendimento do serviço aumenta reduzindo o seu tempo de execução;
Os mictórios a seco utilizam zero de água. Sendo assim, todos os serviços de
instalação de pontos de alimentação de água para descargas dos mictórios
foram suprimidos, bem como a instalação de registros, válvulas de descarga,
sensores de presença etc., reduzindo em 100% o custo de homem hora / m²
para estes serviços.
2.7. Critério 4.2 – Redução de Custo Material
O sistema de mictórios a seco traz o grande benefício de tornar desnecessário
instalar rede de alimentação de água ou dispositivos de descargas. Sem dúvida
alguma, trata-se da maior contribuição na redução de custos de materiais observada
na obra do edifício público.
Quanto ao sistema de esgoto a vácuo, houve economia de material por dispensar a
necessidade de caixas de passagem e de estações elevatórias nos subsolos do
edifício e por utilizar tubulações de esgoto de diâmetros menores.
2.8. Critério 5 – Redução do Desperdício
Inquestionavelmente, esta é a maior contribuição dos sistemas de esgoto a vácuo e
mictórios a seco: o conceito da economia de água potável, bem finito, hoje
imperativo à população mundial, que busca a sustentabilidade e a preservação do
meio ambiente.
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A obra de reforma dos banheiros coletivos e privativos do edifício público, mediante
a instalação de sistema de esgoto a vácuo e mictórios a seco, reduziu o consumo de
água, ou melhor, o desperdício de água em cerca de 70%.
2.9. Critério 6 – Reutilização de Materiais
O reuso da água consumida pelo edifício público também foi levado em
consideração quando da execução das obras de reforma dos banheiros coletivos e
privativos do edifício. As instalações sanitárias dos esgotos primários (sanitários e
mictórios) e secundários (lavatórios) do edifício foram segregadas (separadas),
estando o edifício preparado para reutilização do esgoto secundário, bastando a
instalação de uma central de tratamento de esgoto.
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