Endocrinologia 1 Semiologia - GESEP TIREOIDEOPATIAS Dr. Carlos Borges Objetivos consideradas as formas mais leves de disfunção, com sinais e sintomas clínicos sutis, abaixo do limite da detecção pela avaliação clínica, em que o TSH é anormal mas o T4 livre ainda se encontra em nível normal. Doença franca refere-se ao hipo ou hipertireoidismo com sinais e sintomas clássicos, TSH anormal com T4 livre anormal. A doença de tireóide é freqüente? 1. Identificar as causas e alterações clínicas (sintomas e sinais) das disfunções tireoideanas 2. Identificar suas princiapis alterações laboratoriais 3. Reconhecer suas complicações extremas 4. Enfocar hipotireoidismo e hipertireoidismo As disfunções da glândula tireóide mais comuns são hipotireoidismo, hipertireoidismo e nódulo de tireóide. Tais disfunções ocorrem pelo impedimento da síntese dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tetraiodotironina), em função da escassez ou do excesso de iodo, matéria prima necessária para a sua produção, ocasionando quadros de hipotireoidismo ou de hipertireoidismo, doenças auto-imunes isoladas ou associadas a outras patologias. Os nódulos tireoidianos são entendidos como qualquer alteração ao exame físico da glândula tireóide, desde cistos até as doenças auto imunes. O que é o eixo hipotalâmico-hipofisáriotireóide? O TRH (hormônio liberador da tireotrofina) é feito no hipotálamo e estimula os tireotróficos hipofisários a liberar o TSH, tireotrofina (hormônio estimulante da tireóide), que age em nível da glândula para liberar os dois hormônios, T3 e T4. Estes, circulam no sangue ligados a proteínas (globulinas). O eixo é regulado como um sistema de feedback negativo. Na prática, são dosados o TSH e o T4 livre (não ligado à proteína) e que representa de maneira bastante precisa o verdadeiro estado tireometabólico do paciente por não sofrer interferências das proteínas transportadoras (seja na concentração ou afinidade das mesmas) O que é doença da tireóide subclínica e franca ? Os extremos são o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. Como doença subclínica são É relativamente comum. Afeta mais as mulheres e a doença subclínica é mais comum que a doença franca. Como avaliar um paciente com hipertireoidismo? É diagnosticado pela história, exame físico e por testes da função da tireóide: TSH baixo ou indetectável, T4 livre alto ou normal Níveis normais de T4 livre com TSH baixo ou indetectável sugerem doença subclínica. Exceção: doença hipofisária com níveis baixos ou normais de T4 livre em casos de TSH suprimido. TRab (anticorpo anti receptor do TSH) está elevado na doença de Graves e os anticorpos anti-tireoglobulina e anti-tireoglobulina estão presentes. Como se apresentam os pacientes com hipertireoidismo? Hipertireoidismo Sintomas nervosismo,irritabilidade calor exagerado aumento da sudorese perda de peso fadiga fácil taquicardia Sinais taquicardia bócio difuso pele quente tremores finos de extremidades retração palpebral exoftalmo Endocrinologia fraqueza muscular insônia aumento do apetite aumento das evacuações instabilidade emocional queda do rendimento Semiologia - GESEP aumento da pressão sistólica fibrilação atrial mixedema pré tibial queda de cabelos Von Graefe (Lagoftalmia) Qual o diagnóstico diferencial do hipertireoidismo? O hipertireoidismo resulta da exposição excessiva dos tecidos ao hormônio da tireóide. O excesso provém da hiperfunção da glândula (doença de Graves, nódulo de funcionamento autônomo), da inflamação e destruição total ou parte da glândula com liberação resultante do hormônio armazenado (tireoidite), ou de uma fonte exógena fora da tireóide. O que é a crise tireotóxica? É uma exacerbação grave, com risco de vida, do hipertireoidismo (tireotoxicose). É o extremo da severidade do hipertireoidismo, e está associado a uma taxa elevada de mortalidade. É diagnosticado pela história, exame físico e por testes de função da tireóide: TSH elevado,T4 livre baixo ou normal. Níveis normais de T4 livre com um TSH elevado sugerem hipotireoidismo subclínico. Não há necessidade de se dosar o T4 livre para o diagnóstico. O exame mais sensível é o TSH e, na doença subclínica, este é o único hormônio alterado. Anticorpos anti tireóide (anti-peroxidase e antitireoglobulina) são positivos na causa mais comum de hipotireoidismo primário, a tireoidite auto imune (ou de Hashimoto). Podem ocorrer hipercolesterolemia (pela diminuição da conversão do colesterol em ácidos biliares) e anemia (pela redução da síntese de hemoglobina e deficiência de ferro pelo aumento da perda menstrual) Qual é a apresentação clínica do hipotireoidismo? Como se apresenta a tireotoxicose? Com sinais e sintomas graves de hipertireoidismo, que podem incluir também taquicardia grave e arritmias, insuficiência cardíaca, febre, distúrbios gastrintestinais (hepatite,icterícia) e alterações do estado mental. Que exames de imagem podem ser úteis? - Ecografia: a glândula tireóide apresenta-se com volume aumentado e ecogenicidade do parênquima diminuída (hipoecóica = menos brilhante e mais escuro). Quanto mais hipoecóico, maior o grau de descompensação. A ecografia também é útil para o cálculo do volume ou peso da glândula. Como está a cintilografia da tireóide? A captação de iodo radioativo (I-131) vai estar aumentada e a cintilografia poderá mostrar uma glândula de tamanho aumentado e difusamente hipercaptante. Como avaliar um paciente com hipotireoidismo? Hipotireoidismo Sintomas pele seca intolerância ao frio rouquidão queda de cabelo ganho de peso sonolência obstipação fraqueza parestesias depressão hipermenorragia Sinais pele fria, seca e descamativa movimentos lentos edema periorbitário cabelos secos e quebradiços unhas fracas e quebradiças bradicardia reflexos diminuídos Endocrinologia O que causa o hipotireoidismo? É uma síndrome clínica causada pelas respostas celulares a uma deficiência de hormônio da tireóide. Com base no mecanismo, tem 4 categorias: - Primário: devido a um processo patológico intrínseco à glândula,com produção defeituosa do hormônio ou à destruição da glândula > tireoidite de Hashimoto, outras tireoidites (subaguda, pós parto, por drogas), ablação da tireóide (radiação,iodo radioativo,cirurgia, neoplasia), defeitos da biossíntese do hormônio, deficiência de iodo, agenesia. Semiologia - GESEP Qual o cuidado a ser tomado com as pacientes grávidas? No primeiro trimestre todo o hormônio tireoidiano necessário para o desenvolvimento neurológico fetal provém da mãe. Durante a gravidez as necessidades de hormônio aumentam em 30 a 40%. O hipotireoidismo materno não tratado no primeiro trimestre pode levar a futuro déficit neurológico da criança. Quais os fatores de risco para neoplasia maligna em um nódulo de tireóide? - Secundário: é devido a uma deficiência de TSH pela hipófise. Conhecida como hipotireoidismo central (como causas temos tumores de hipófise ou lesão da mesma, p.ex., radiação, cirurgia). - Terciário: a deficiência de TRH do hipotálamo (hipotireoidismo central). - Resistência periférica: causa rara genética de hipotireoidismo em que os pacientes têm resistência tecidual generalizada ao hormônio da tireóide. Que exames de imagem podem ser úteis? - Ecografia: mostra variação do volume glandular e redução difusa da ecogenicidade no parênquima, o que é característico de doença auto imune, além de ser indicador seguro de tireoidopatia. A presença de nódulos que não representam mais do que áreas de tecido inflamatório, áreas hipoecóicas inflamatórias, que não precisam ser puncionadas. Se puncionadas, o exame citológico mostrará um infiltrado linfocitário e o diagnóstico citológico confirmará tireoidite de Hashimoto. - Cintilografia: é um exame cada vez menos solicitado, pois os exames laboratoriais e ecográficos, com facilidade fazem o diagnóstico. A captação do contraste cintilográfico estará diminuído com a glândula se mostrando de tamanho variável, difusamente hipocaptante e heterogênea. Nódulo de tireóide - história familiar - extremos de idade (<20 anos ou >60 anos) - crescimento rápido de nódulo pré existente - nódulo grande,doloroso e firme - sintomas invasivos e compressivos - linfadenopatia - fixação do nódulo a estruturas adjacentes - paresia de corda vocal Pontos Chave - o iodo derivado da alimentação é matéria prima para a produção dos hormônios tireoidianos Endocrinologia - o iodo tem múltiplos efeitos inibitórios na função da tireóide - a causa mais comum de tireotoxicose é doença de Graves - o extremo de severidade do hipotireoidismo é o coma mixedematoso - os nódulos são achados de exame físico e de ecografia e qualquer nódulo >1-1,5 cm deve ser avaliado, mesmo em eutireoideos - a punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é o método mais adequado para avaliar um nódulo de tireóide, evitando-se a cintilografia de tireóide em muitos pacientes Punção por agulha fina (PAAF) - se por ventura for solicitado uma cintilografia, os nódulos ditos “frios”,ou seja, que não concentram iodo à cintilografia, são passíveis de serem malignos (5-10%) e a PAAF estará indicada. - por outro lado, os nódulos ditos “quentes” (hiperfuncionantes) têm risco muito baixo para malignidade e não são tipicamente biopsiados. 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