Psicologia Estereótipos Conjunto de crenças que se atribuem a membros de grupos simplesmente pelo facto de pertencerem a esse grupo. Aprendidos no decurso da socialização, correspondem a um processo de categorização social, tendo por função simplificar a interpretação que fazemos do real. Os estereótipos, que existem em todas as sociedades, têm uma função de simplificação que permite a adoção de quadros de interpretação do mundo social em que se está integrado. Quando nos comportamos de acordo com os estereótipos, obtemos a aceitação social, porque agimos de acordo com o que está estabelecido. Os estereótipos têm uma: função social cognitiva porque, ao categorizar a realidade social, transmitem dados que promovem a nossa adaptação; função socioafetiva, porque dão um sentimento de identidade social ao grupo que os partilha. Reforçam o sentimento do “nós” por oposição aos outros. Preconceitos Os preconceitos são atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais. Os preconceitos têm uma função essencialmente socioafetiva, dado que manifestam um desejo de coesão e de proteção de um grupo social. O preconceito tem três componentes: componente cognitiva (corresponde a um estereótipo geralmente negativo que se formula face a um grupo social), componente afetiva (refere-se aos sentimentos que se experimentam relativamente ao objeto do preconceito) e componente comportamental (refere-se à orientação do comportamento face á pessoa ou grupo). O preconceito pode refletir-se num comportamento mais ativo concretizando atos de descriminação. Discriminação A descriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito. Não se pode confundir discriminação com preconceito, enquanto este é uma atitude, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta: racial, sexista, religioso, étnico,… Conflito O conflito é uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. O conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes. Existem meios a que se recorrem para ultrapassar as situações de conflito: 1. Conflito e Cooperação- é necessária a cooperação, isto é, a ação conjunta que implique a colaboração dos envolvidos para se atingir um objetivo comum. O contato que envolva a cooperação, entreajuda e a interdependência tem muito mais possibilidades de sucesso na superação de conflitos. 2. Conflito e medição- a mediação é uma forma de resolver um conflito recorrendo a outra pessoa- o mediador- que não está envolvido no conflito. Recorre-se a um mediado quando os adversários já não conseguem comunicar serenamente mas pretendem resolver a hostilidade em que vivem. 3. Conflito e negociação- a negociação é uma forma de resolução de conflitos em que as partes intervenientes, voluntariamente, procuram construir um acordo no sentido de impedir o desenvolvimento da hostilidade para as fases mais agudas. Modelos Ecológicos Os diferentes sistemas que constituem os contextos de vida dos seres humanos são: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Microssistema: são os contextos mais próximos dos indivíduos. Deles fazem parte os contextos onde as pessoas mantêm relações diretas e face a face de forma continuada. Ex: Família, grupo de amigos, grupo desportivo, a escola, etc. Mesossistema: os mesossistemas designam as interações e os processos que acontecem entre dois ou mais contextos do microssistema. Há ambientes que apesar de não serem ambientes onde participamos diretamente, influenciam e interagem com os contextos onde vivemos. Exosistema: o exossistema é também, tal como o mesossitema, um sistema de ligação entre contextos. Neste caso, a pessoa em desenvolvimento participa diretamente apenas num deles. Macrossistema: constitui um sistema alargado dos contextos de uma pessoa, as suas alterações/mudanças afetam todos os outros sistemas. O macrociste ma constitui o sistema mais alargado em termos dos contextos de vida de qualquer individuo. Dele fazem parte os padrões socioculturais, as instituições politicas e sociais, os valores e significados partilhados, as crenças, os costumes e os estilos de vida,… Cronossistema: O cronossistema permite incorporar no contexto de vida uma dimensão temporal. Esta dimensão inclui mudanças, as mudanças ao nível do cronossistema podem ser centradas no ambiente ou na pessoa em desenvolvimento. A mente A mente passa a ser encarada como um sistema que integra os processos cognitivos e também os processos emocionais e conativos. Há três processos mentais: Processos Cognitivos – Cognição: estão relacionados com o saber, com o conhecimento, reportando-se á criação, transformação e utilização da informação do meio interno e exterior. Processos Emotivos-Emoção: estão relacionados com o sentir, são estados vividos pelo sujeito caracterizados pela subjetividade. Correspondem às vivências de prazer e desprazer e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objetos e ideias. Processos Conativos- Conação: estão relacionados com o fazer, expressam-se em ações, comportamentos. Correspondem á dimensão intencional da vida psíquica. Processos Cognitivos 1) De entre os processos cognitivos estão: a) a perceção; b) a memória; c) a aprendizagem. A Perceção A perceção é um processo cognitivo através do qual contatamos com o mundo através dos órgãos dos sentidos, que se caracteriza pelo fato de exigir a presença do objeto, da realidade a conhecer. Os estímulos recebidos pelos órgãos recetores são transformados em impulsos nervosos, que são conduzidos ao sistema nervoso central e processados pelo cérebro. A forma rápida como apreendes o que te rodeia pode levar-te a considerar a perceção como um mecanismo automático e simples apreensão do real. O que não é verdade, a perceção não é uma cópia da realidade, é apenas uma construção da nossa mente, o cérebro constrói uma representação mental. A motivação, a expetativa, a atenção, os estados emocionais, as experiências anteriores são fatores que afetam o modo como percecionamos o mundo, o que prova o caráter subjetivo da perceção. Por outro lado, os valores sociais e as experiências socioculturais influenciam o modo como se perceciona o mundo. A Memória É o suporte de todos os processos de aprendizagem. A memória é o fundamento dos comportamentos, conhecimentos e das emoções humanas. A memória é conjunto dos processos e estruturas que codificam, armazenam e recuperam informações sensoriais/experiências. A memória é a capacidade do cérebro reter e recordar a informação. A memória: 1. codifica a informação sensorial; armazena a informação; recupera e utiliza a informação no processo de interpretação e ação sobre o meio. Codificação: É a primeira operação da memória que prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. 2. Armazenamento: Cada um dos elementos que constituem a memória de um acontecimento está registado em várias áreas cerebrais, registando diferentes códigos, contribuindo cada um deles para formar a recordação que evocas. 3. Recuperação: Nesta etapa, recupera-se a informação: lembramo-nos, recordamos, evocamos uma informação. Tipos de Memória Memória a curto prazo A memória a curto prazo é uma memória que retém a informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passada para a memória a longo prazo. Nela distinguem-se duas componentes: a memória imediata e a memória de trabalho. A memória imediata (momentânea) analisa a informação e decide se devemos guardar ou não, o material recebido ficará retido durante uma fração de tempo. A memória de trabalho mantem a informação enquanto ela nos é útil. Memória a longo prazo A memória a longo prazo é um tipo de memória que é alimentada pelos materiais da memória a curto prazo que são codificados em símbolos. A memória a longo prazo retém os materiais durante horas, meses ou toda a vida. Distinguem-se dois tipos de memória a longo prazo que dependem de estruturas cerebrais: a memória não declarativa e a memória declarativa. A memória não declarativa é uma memória automática. Há comportamentos que dependem desta memória: andar de bicicleta, como apertar as sapatilhas, lavar os dentes, pentear o cabelo. São comportamentos do dia a dia que com o exercício, o hábito, a repetição tornam esta atividade automática e reflexa. A memória declarativa implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se a acontecimentos, fatos, pessoas. Dentro dela distinguem-se dois subsistemas: A memória episódica envolve recordações, como os rostos dos teus familiares, amigos e ídolos, as tuas músicas preferidas, fatos e experiências pessoais. Reporta-se a lembranças da tua vida pessoal, é portanto uma memória pessoal que manifesta uma relação íntima entre quem recorda e o que se recorda. A memória semântica refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo, por exemple as leis da química, os fatos históricos, as fórmulas da matemática, a gramática. Não há localização de tempo. O Esquecimento É a incapacidade de recordar, de recuperar dados, informações, experiências que foram memorizados. Esquecimento regressivo: ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e recordar conhecimentos, fatos e nomes aprendidos recentemente. Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode ser devido á degenerescência dos tecidos cerebrais. Esquecimento Motivado: esquecemos o que, inconscientemente, nos convém esquecer. Os conteúdos traumatizantes, penosos, as recordações angustiantes seriam esquecidos para evitar a angústia e a ansiedade, assegurando, assim, o equilíbrio psicológico. É através do recalcamento que os conteúdos do inconsciente seriam impedidos de aceder ao ego, á consciência. Esses conteúdos esquecidos não podem ser recuperados através de um ato de vontade. Interferência das aprendizagens: as novas memórias interferem com as memórias mais antigas. Mais do que desaparecer, o que acontece é o material que não conseguimos recordar é ter sofrido modificações, geralmente por efeito de transferências de aprendizagens e experiências posteriores. Muitas vezes pensa-se que se esqueceu determinado conteúdo quando, o que se passa, é que sofreu tantas transformações que não o reconhecemos.