Legenda: Alimentar o bebê conforme as recomendações dos profissionais de saúde é o passo correto para que ele cresça forte e bem nutrido Alimentação saudável começa no berço Sistema Único de Saúde oferece orientação para os pais de crianças menores de dois anos. Eles podem recorrer ao serviço e saber qual tipo de alimento é correto nessa idade O leite materno é o único alimento que a criança deve consumir nos seis primeiros meses de vida? Quando os pais podem começar a oferecer aos bebês frutas, legumes, carnes e outros alimentos? E o que fazer quanto a balas, doces e outras guloseimas? Essas comidas prejudicam o desenvolvimento da criança? Para tirar essas e outras dúvidas, o Ministério da Saúde coloca à disposição em seu site o manual 10 Passos da Alimentação Saudável para Crianças Menores de 2 anos e o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos, uma referência para pais e profissionais que lidam com o tema. Um dos objetivos do programa Brasil Saudável, desenvolvido pelo ministério, é a promoção de uma alimentação balanceada para todas as faixas etárias. De acordo com a nutricionista e assessora da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Carvalho, sem orientação as famílias introduzem outros alimentos muito cedo, deixando de lado o leite materno. A atitude pode comprometer a saúde da criança e gerar desnutrição e deficiência de minerais e vitaminas nos primeiros anos de vida. “Os manuais preenchem essa lacuna. Servem de consulta para profissionais de saúde indicarem qual a alimentação mais adequada na fase de transição entre o aleitamento materno e a alimentação familiar”, afirma. O período dos seis meses aos dois anos de idade é essencialmente marcado pelo crescimento acelerado, ganho de peso e estatura. Associado a esse crescimento, a criança começa a dar os primeiros passos, balbuciar palavras e ter impressões sobre o mundo. “É inquestionável a importância da alimentação nessa fase. Condutas erradas podem causar prejuízos imediatos à saúde, como a desnutrição e até a mortalidade infantil”, alerta a diretora do Departamento de Nutrição da Organização Mundial da Saúde (OMS), Denise Coitinho. A nutricionista Maria de Fátima Carvalho alerta também para o comprometimento da imunidade da criança e distúrbios como diarréias e doenças respiratórias. Os problemas da alimentação nessa etapa da vida trazem, ainda, outras conseqüências. Dificuldade no aprendizado, obesidade e hipertensão são alguns agravos que, segundo os especialistas, podem estar associados à má nutrição ou à desnutrição na fase intra-uterina e na primeira infância. Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, cerca de 97% das crianças começam a vida alimentando-se com leite materno. Mas a conduta que deveria ser mantida pelos pais até os dois anos de idade acaba cedo demais. Frutas e papinhas – Pensando nisso, o livreto, com pouco mais de 40 páginas, vem acompanhado de receitas e dicas para pais preocupados com a alimentação infantil. O primeiro passo traz indicações claras para manter o leite materno como alimento exclusivo até os seis meses de idade. “O leite é o único alimento indicado para essa faixa etária”, diz a assessora do Ministério da Saúde. Com a quantidade certa de gorduras, vitaminas, proteínas e carboidratos, o leite mantém o bebê nutrido e bem alimentado. A oferta de água e chás também é dispensada nessa fase. “O leite materno contém tudo de que o bebê necessita até o sexto mês de vida, inclusive água”, diz Maria de Fátima. Segundo os médicos, o bebê amamentado conforme o recomendado terá menos chance de desenvolver doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. O guia mostra também posições adequadas para amamentar e como a mãe pode saber se o bebê está sugando o leite de forma correta. O passo seguinte é um dos mais relevantes. Envolve o período de introdução de novos alimentos, que deve ser feito em conjunto com o leite materno. “Nessa fase, as necessidades nutricionais da criança não são mais atendidas somente com leite materno. Ela já está com maturidade fisiológica para receber outros tipos de alimentos”, explica a pediatra Ana Goretti Maranhão. O bebê Paulo Paiva passa pela fase de transição alimentar. Com sete meses, ele começa a conhecer o sabor adocicado de frutas como banana, maçã, pêssego e ameixa. “O Paulo adora comer frutinhas amassadas com a colher. Damos nos intervalos entre a sopa, que geralmente acontece três vezes ao dia”, conta a mãe do bebê, a psicóloga Ana Reis. A terceira recomendação do guia ensina os pais a darem frutas e papas, além de purês feitos com cereais, feijões, legumes ou tubérculos, três vezes ao dia, se a criança ainda receber leite materno. Cinco vezes, nos casos de bebês que não são mais amamentados. Já na primeira colherada, Paulo abre um sorriso. “Às vezes temos que chamar a atenção dele com algum brinquedinho, mas, em geral, ele come bem, sem precisar ficar brincando”, conta a madrinha da criança, Maria Inês da Costa, responsável pela alimentação do bebê enquanto a mãe trabalha. Sem guloseimas - A situação do pequeno Paulo não pode ser comparada com a rotina alimentar da maioria das crianças brasileiras. “Muitos pais ainda enfrentam problemas para inserir frutas, legumes e verduras na alimentação da criança, achando que ela se recusa a ingerir alguns alimentos”, afirma Maria de Fátima Carvalho. Segundo a nutricionista, os pais devem insistir, pois até os dois anos de idade a criança não tem parâmetro para saber do que gosta ou não. “Ela está aprendendo o sabor dos alimentos. Quando faz cara feia ou cospe a papinha é porque ainda não está acostumada à deglutição”, ressalta. Uma sugestão é tentar oferecer várias vezes os alimentos, em ocasiões e formas diferentes. “Se depois da oitava tentativa com o mesmo alimento a criança rejeitar, é porque ela realmente não gostou”, argumenta. E para a nutricionista, “castigo, nem pensar”. O melhor é insistir. Só assim o bebê cresce saudável e com o paladar diversificado. O Ministério da Saúde adverte também os pais sobre os riscos de dar algumas guloseimas às crianças. O sabor adocicado é facilmente aceito pelo bebê, que vai preferir refrigerante no lugar do suco e alimentos doces a comidas com outros sabores. “Recomendamos que, nessa fase, os pais ofereçam somente alimentos naturais, como frutas e sucos, e evitem refrigerantes, chocolates, balas, biscoitos e similares”, afirma a nutricionista. Produtos como esses contribuem para problemas de saúde que vão do surgimento de cáries à obesidade infantil. Como buscar orientação Os pais que precisam esclarecer dúvidas sobre a alimentação das crianças têm a opção de recorrer a uma unidade da rede básica de saúde. O serviço é gratuito e os profissionais podem ajudá-los com orientações importantes para essa fase da vida da criança. “O Ministério da Saúde produziu essa cartilha para apoiar os profissionais de saúde no atendimento à população”, explica a assessora da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Carvalho. Foram distribuídas 200 mil cartilhas em centros, postos de saúde, creches, escolas e faculdades credenciadas pelo Ministério da Educação. Os interessados podem também consultar o livreto pelo site do ministério. O endereço é: www.saude.gov.br /alimentação ou tirar dúvidas pelo disque-saúde. O telefone é: 0800-61 1997.