A Pedagogia de Paulo Freire como Saber Necessário à Prática da

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A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE COMO SABER NECESSÁRIO À PRÁTICA
DA SUSTENTABILIDADE
Francilda Alcântara Mendes.1
Cícero Marcelo Bezerra dos Santos 2
RESUMO
O conceito de sustentabilidade está intrinsecamente associado aos ideais de
solidariedade, respeito e afetividade. Nesse contexto, a exclusão social, concentração
de renda, violência, miséria humana e depredação da natureza, típicos da nossa
sociedade capitalista, afastam-nos cada vez mais do ideal sustentável. É inaceitável, no
entanto acomodarmo-nos com esta realidade de miséria humana e degradação
ambiental ao invés, de adotarmos uma posição transformadora e libertadora diante da
assombrosa destruição que nos cerca. Para Freire a educação pode formar seres mais
éticos. E, este seria o verdadeiro sentido de educar: formar seres humanos capazes de
contribuir para o bem-estar, felicidade e desenvolvimento de todos. Por isso, é possível
afirmar que a pedagogia de Paulo Freire é um saber indispensável para todos que
pretendem a construção de uma sociedade sustentável, pois a mesma necessita de uma
mudança de paradigma que ofereça um novo modelo de desenvolvimento econômico
pautado na valorização dos saberes locais, participação democrática, respeito aos
semelhantes, afetividade e harmonia na relação do homem com a natureza, aspectos
que, sem dúvida, representam a utopia/esperança da pedagogia freiriana.
Palavras – Chave: Sustentabilidade, Educação, Paulo Freire.
1
UFC - Universidade Federal do Ceará; Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável,
[email protected] ;
2
UFC - Universidade Federal do Ceará; Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável,
[email protected];
INTRODUÇÃO
A pedagogia de Paulo Freire, reconhecidamente fundada na ética e no respeito à
dignidade da autonomia do educando, é um instrumento coerente e possível de prática
pedagógica capaz de provocar mudanças sociais.
Tais mudanças são essenciais para a construção de uma sociedade sustentável
onde o estímulo a substituição da competitividade e individualismo pela solidariedade e
respeito ao próximo e ao meio ambiente constitui condição sine qua non para a
harmonia e bem estar social.
Neste sentido, a sustentabilidade, vista como um modelo econômico, social,
político, cultural e ambiental equilibrado capaz de satisfazer as necessidades das
gerações atuais sem retirar a possibilidade das gerações futuras também satisfazerem
suas necessidades (SACHS, 2008) preconiza uma educação nos moldes freirianos de
prática educativa progressista, curiosa e crítica que por ser insatisfeita e indócil é capaz
de formar pessoas solidárias com valores éticos e, construtoras dos saberes insertos na
ação social.
A sociedade sustentável, considerada muitas vezes utópica, deve ser
compreendida pelos educadores no sentido freiriano de uma utopia/esperança que deve
servir de inspiração para a superação das contradições que negam cada vez mais a
vocação ontológica do homem para “ser mais”.
A pedagogia de Paulo Freire estimula a produção do conhecimento em um
ambiente favorável a amorosidade e isto não implica que o professor deve abrir mão de
sua competência técnico-científica, mas sim que irá empregá-la em relação de parceria
com seus alunos para a construção de novos saberes ou mesmo para permitir que
saberes já adquiridos ganhem novo sentido conforme a realidade local em que estão
inseridos.
De que adianta conhecer os nomes dos gases que provocam o efeito estufa, por
exemplo, se este problema ambiental não for discutido em suas causas? Se os alunos
não são estimulados a discutir as possíveis soluções para este problema? Neste tipo de
prática pedagógica em que o aluno é um mero depósito do conhecimento transferido
pelo professor a ausência da reflexão crítica contribui para a continuidade das causas de
degradação humana e do discurso fatalista da globalização.
A construção da sociedade sustentável exige mudanças de hábito e atitudes de
solidariedade que precisam ser estimuladas. A ação pedagógica impermeável a
mudanças reforça o individualismo e estimula a competitividade, ou seja, como esperar
que alguém que passe por esse tipo de educação bancária tenha sensibilidade o
suficiente para perceber que é no exercício do respeito ao próximo e pelo meio em que
se vive, onde se concentra o cerne da sociedade sustentável?
Mudança de hábito a qual requer instantaneamente a presença da sensibilidade,
da solidariedade humana, do respeito às idéias contrárias e práticas divergentes. Até os
bancos, instituições financeiras sólidas ou de dominação das práticas comerciais e
capitalistas alteram suas formas, antes eram elitista, só atendiam os abastados, hoje
querem mais do que nunca a presença dos pobres, não olvidemos os créditos
concedidos aos micro e pequenos, inclusive a economia informal, com fazem linhas de
financiamentos aos grupos de amigos, vizinhos, ás cooperativas e associações que
empreendem atividades negociais. Então porque a pratica educacional não deve ser
repensada, revista e reestruturada.
Por isso, neste trabalho a prática pedagógica freiriana é defendida como
necessário à sociedade sustentável, pois a mesma é capaz de oferecer o substrato
essencial para a formação de seres humanos mais éticos e capazes de assumir o
caminho contrário as práticas de desumanização da sociedade capitalista.
Assim, a partir da pesquisa bibliográfica da obra de Paulo Freire, com ênfase na
releitura da Pedagogia da Autonomia (2011) e das rodas de conversa realizadas durante
a disciplina Educação para Sustentabilidade do Mestrado em Desenvolvimento
Regional Sustentável da Universidade Federal do Ceará, atualmente Universidade
Federal do Cariri – criada ou desmembrada no dia 05 de junho de 2013, estimulou a
produção do presente trabalho.
As rodas de conversa constituíram uma prática constante ao longo de toda a
disciplina ministrada de Educação para Sustentabilidade, já que se trata de uma
metodologia muito empregada nos processos de leitura e intervenção comunitária
permitindo um método de participação coletiva de debates sobre uma temática, que no
caso da disciplina em comento figurou a pedagogia freiriana, especialmente a exposta
na obra Pedagogia da Autonomia.
Através da criação desse espaço de diálogo, foi possível que nós alunos nos
expressássemos e, sobretudo, escutássemos os outros e a nós mesmos. Numa
verdadeira espécie de estímulos e permutas de saberes, compreensões e diálogos.
Esta metodologia motivou e motiva a construção da autonomia dos sujeitos por
meio da problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação e
implica num conjunto de trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de
conhecimentos.
O emprego da pesquisa exploratória com a abordagem qualitativa visou a
familiarização com o fenômeno investigado para uma maior compreensão do mesmo,
por isso a leitura e reflexão de publicações periódicas diversas, tais como jornais e
revistas, cujos temas estavam muito próximos aos desenvolvidos neste estudo também
foram feitas para a confecção deste trabalho.
Tais documentos, apesar de não configurarem bibliografia científica para o
desenvolvimento da problemática em questão foram importantes para o fortalecimento
de certos conceitos, confrontos de autores e uma visão mais aprofundada do tema.
Desta forma, a partir da metodologia adotada tem o presente trabalho o objetivo
de demonstrar como a proposta de educação reflexiva e dialógica proposta por Paulo
Freire torna-se meio capaz de romper com o ideário neoliberal e criar subsídios para a
construção de uma sociedade sustentável.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL E DA
PEDAGOGIA FREIRIANA
A promoção da sustentabilidade implica antes de tudo em uma tarefa de
valorização da perspectiva biocêntrica da vida.
Na visão biocêntrica todos os seres vivos e recursos naturais do planeta são
compreendidos como partes constituintes de um delicado sistema equilibrado que
resulta num organismo vivo que é o planeta terra.
Para o perfeito funcionamento do planeta cada participante deste sistema é
importante e depende do outro, uma simbiose, um consortismo. A vida é o valor
fundamental e que permite a existência humana mas não deve ser isolada de outros
seres e outros organismos que favorecem a esta flâmula.
Nesta perspectiva, cuidar da natureza e respeitar o planeta é cuidar e respeitar a
si mesmo. Apenas com a valorização da vida e organização da sociedade em torno de
valores éticos, respeito e solidariedade é possível a manutenção da continuidade da
humanidade coexistindo com seres e recursos indispensáveis a uma vida plena. A crise
ecológica e humana em que nos encontramos se deve a uma percepção equivocada do
ser humano e da natureza. O princípio que orientou a construção desta sociedade tão
depredadora do ambiente natural é o antropocentrismo. Na visão antropocêntrica, o ser
humano se vê no topo evolutivo da organização da vida. Nesta perspectiva, todos os
outros seres vivos são inferiores, os recursos naturais devem estar a serviço da
humanidade, que não deve respeito a eles. Sendo assim, o ser humano não se sente
parte da totalidade vivente e sim o proprietário da vida em suas manifestações e
recursos. É uma visão hierárquica que tem conseqüências recursivas dentro do próprio
ambiente humano. Por exemplo, grupos étnicos e religiosos que se sentem superiores a
outros, sente-se a vontade para explorar, escravizar e matar outros seres humanos
(TORO, 2002).
A construção da sociedade sustentável deve buscar qualidade ao invés de
quantidade através da redução do uso de matérias-primas e o respeito à existência
humana e diversidade biológica o que corrobora e efetiva o desenvolvimento do
cidadão e de toda a sociedade.
Segundo Mahbub ul Haq (2001), somente após muitas décadas de
desenvolvimento, a humanidade está redescobrindo o óbvio: os seres humanos são
ambos os meios e os fins do desenvolvimento econômico. Reconhece-se que o objetivo
real do desenvolvimento é aumentar as opções das pessoas. Renda é somente uma
daquelas opções, extremamente importante, mas não é o somatório total da vida
humana. Saúde, educação, ambiente e liberdade, são escolhas humanas que podem ser
tão importantes quanto à renda. Também, define um paradigma do desenvolvimento
humano, enumerando quatro elementos: equidade – igualdade de oportunidade para
todas as pessoas na sociedade; o caráter sustentável – as oportunidades deverão
permanecer de uma geração para outra; produtividade e empoderamento – de pessoas
de modo que elas possam participar e beneficiar-se do processo de desenvolvimento.
Pelo exposto, a sustentabilidade deve acima de tudo proporcionar a plenitude do
desenvolvimento do homem não apenas em seu aspecto social, mas também individual.
O uso racional dos recursos naturais só é possível a partir desta compreensão na
qual “despir as vestes da arrogância, que têm levado o homem a supor que é um ser
superior aos demais seres e mesmo aos outros homens, é o primeiro passo para
entender que os limites que a natureza e a própria condição humana impõem precisam
ser respeitados (...). Este é o cerne da ética do encontro que permite a descoberta do
caminho sustentável, com liberdade, solidariedade e responsabilidade para o homem
continuar vivendo na Terra, não apenas produzindo e acumulando riquezas, mas
sentindo e acumulando harmonia e bem-estar”. (CHACON, 2007, p. 66).
A educação freireana deve ocupar papel de destaque na promoção da
sustentabilidade em toda a sociedade, tendo em vista que valoriza a afetividade no
processo vivo de construção de uma educação engajada, politizada, ética e, portanto,
crítica.
Freire (2011, p.42) apregoa que “a solidariedade social e política de que
precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos
ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância.
Nesse sentido, a educação para a sustentabilidade não faz do educando um
depósito de conhecimentos como um mero objeto do processo educativo, mas um ser
pensante que constrói junto com o professor o conhecimento necessário para evitar o
discurso fatalista, neoliberal e pragmático tipicamente capitalista.
Sustentabilidade não tem a ver apenas com a Biologia, a Economia e a
Ecologia, ela tem a ver com a relação que mantemos conosco mesmo, com os outros e
com a natureza (GADOTTI, 2006). Acrescenta ainda, este autor, que Educação ajuda
no Desenvolvimento Sustentável ao mencionar que educar proporciona o pensar
globalmente, os sentimentos, a identidade pessoal e a consciência planetária.
Para Freire “minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a
de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas
sujeito também da história”. (FREIRE, 2011).
A educação neste sentido é uma responsabilidade ética, histórica, política e
social que serve para cumprir a vocação ontológica de intervir no mundo para ser mais.
No entanto, diante de uma sociedade que brutalmente exclui e cada vez mais
mensura a importância do ser humano de acordo com a sua capacidade de acumular
riquezas como o homem pode ser mais? Como pode ser capaz de reconhecer que é um
ser histórico, social e cultural responsável pela construção social da realidade em que se
insere?
Que medidas devem ser adotadas para que a sociedade possa ser transformada e
pautada nos valores da paz, solidariedade e justiça social como pressupõe a
sustentabilidade?
Aprioristicamente, para os mais céticos tal mudança é impossível e a única
resposta para todas as mazelas da sociedade capitalista encontra-se discurso fatalista de
que nada poderá ser feito.
Para Paulo Freire, no entanto, (2011) “A ideologia fatalista, imobilizante, que
anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de pós-modernidade,
insiste em convencer-nos de que nada podemos contra a realidade social que, de
histórica e cultural, passa a ser ou a virar “quase natural”. Frases como “a realidade é
assim mesmo, que podemos fazer?”ou “o desemprego no mundo é uma fatalidade do
fim do século” expressam bem o fatalismo desta ideologia e sua indiscutível vontade
imobilizadora”. (FREIRE, 2011, pg. 21)
Ao rechaçar esta ideologia, Freire (2011) defende que a educação deve estar
pautada numa pedagogia ética de respeito aos outros e na autonomia do educando. Uma
educação capaz de formar sujeitos históricos, transformadores e éticos que se negam a
reproduzir o individualismo capitalista.
“Definitivamente
ensinar
não
é
transferir
conhecimento,
mas
criar
possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 2011). Assim, a
educação deve promover a construção de uma sociedade menos desigual e injusta. Esta
educação não pode concentrar-se na mera repetição de fórmulas do ensino bancário,
mas sim na inteligibilidade e dialogicidade.
Para Chacon (2007) a sustentabilidade só é possível através da superação da
visão utilitarista e simplista que comandou o progresso da civilização moderna, e da
adoção de uma visão ampliada que permita uma mudança essencial de atitude: o
homem se vendo como parte de uma espécie, dialogando, com mútua responsabilidade
por cada um e por todos e pelo lugar que habita, com respeito à alteridade e à
vulnerabilidade de cada ser.
A superação da visão simplista e utilitarista a que a autora se refere torna-se
possível a partir da compreensão de Paulo Freire de que ensinar não é transferir
conhecimento de forma que não estimule a criatividade, a capacidade e imaginação dos
alunos, pois nesta forma de educação há apenas a reprodução de verdades simplistas e
muitas vezes fatalistas e incongruentes, substratos para manutenção da ordem
capitalista excludente e esmagadora.
Diante destas reflexões infere-se que o modelo de educação defendido por
Freire é capaz de contribuir para a promoção e desenvolvimento da sociedade
sustentável, pois: a) contribui efetivamente na passagem da transitividade ingênua à
transitividade crítica; b) prepara as pessoas para a responsabilidade social e política,
para o desenvolvimento e para a democracia; possibilita o enfrentamento do
‘desenraizamento’ gerado pelas consequências da civilização industrial com suas
tendências massificadoras e desumanizadoras; c) prepara as pessoas para enfrentar a
problemática desse tempo, e nela se inserir conscientemente; e) leva a uma constante
mudança de atitude e criação de disposições democráticas que substituam os hábitos de
passividade por hábitos de participação e ingerência; f) colabora com o educando na
organização reflexiva do pensamento para superar a captação mágica ou ingênua de sua
realidade; g) prepara para a intervenção teórico-prática com uma teoria que “implica
numa inserção na realidade, num contato analítico com o existente, para comprová-lo,
para vivê-lo praticamente” (FREIRE, 1976).
Vejamos a seguir algumas considerações acerca dos principais aspectos
elencados acima.
1.1
A TRANSITIVIDADE CRÍTICA COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO DA
SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
Formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de
destrezas (...). Daí a crítica permanentemente presente em mim à malvadeza neolibreal,
ao cinismo de sua ideologia fatalista e sua recusa inflexível ao sonho e à utopia.
(FREIRE, 2011)
Neste trecho da obra freiriana resta patente a crítica do autor a educação
desprovida de espírito crítico e criativo capaz de despertar nos educandos o desejo de
mudança e a utopia/esperança de que a sociedade pode ser transformada para a extinção
das mazelas que tornam o ser humano um objeto e empobrece todas as suas relações.
“O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente,
reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.”
(FREIRE, 2011)
A educação não pode estar desconectada da realidade e nem desprovida do
exercício da dialogicidade que permite o comprometimento com a vida, que se
historiciza no seu contexto.
Quando não há verdadeiro diálogo, não há encontro, amorosidade e respeito. É
possível resumir isso expondo que:
“O diálogo é este encontro dos homens,
imediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se
esgotando, portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão
por que não é possível o diálogo entre os que
querem a pronúncia do mundo e os que não querem;
entre os que negam aos demais o direito de dizer a
palavra e os que se acham negados deste direito”
(Freire, 2005, p. 91).
Na dialogicidade estão sempre presentes as dimensões da reflexão e da crítica.
Ao se expor a palavra ao mundo se mostra que humanamente se existe, sente-se, agi-se
e modifica-se o mundo dado.
O não exercício do diálogo e da crítica produz o homem destemporalizado a que
Freire se refere em sua obra.
A destemporalização resulta em acomodação, que é uma oposição ao processo
de mudança necessário para a promoção da sociedade sustentável. “O homem que não
se acomoda diante das prescrições que são impostas de cima para baixo passa pouco a
pouco a dominar a realidade e humaniza-se. Vai acrescentando a ela algo de que ele
mesmo é o fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos”. (FREIRE, Paulo.
Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.)
Diante disso, resta clara que a proposta freiriana de uma educação crítica,
reflexiva e contextualizada é um saber necessário para a construção da sociedade
sustentável que para efetivamente existir depende de mudanças de postura tanto
individuais como coletivas ( redução da produção de lixo, consumo consciente, redução
do uso de recursos naturais não renováveis, etc.) que só poderão acontecer a partir de
sujeitos históricos e transformadores, capazes de se assumirem como sujeitos éticos.
Este é também o caminho para “preparar as pessoas para a responsabilidade
social e política, para o desenvolvimento e para a democracia; possibilitando o
enfrentamento do ‘desenraizamento’ gerado pelas consequências da civilização
industrial com suas tendências massificadoras e desumanizadoras. (FREIRE, Paulo.
Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.)
1.2
A INTERVENÇÃO TEÓRICO – PRÁTICA COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO
DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
“O intelectual memorizador, que lê horas a fio,
domesticando-se ao texto, temeroso de arriscar-se,
fala de suas leituras quase como se estivesse
recitando-as de memória – não percebe, quando
realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e
o que vem ocorrendo no seu país, na sua cidade, no
seu bairro.” (FREIRE, Paulo. Educação como
prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e
Terra, 1976.)
“Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino
dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação
moral do educando. Educar é substancialmente
formar. (...) Pensar certo, demanda profundidade e
não superficialidade na compreensão dos fatos”.
(FREIRE, Paulo. Educação como prática da
Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra,
1976.)
Estas afirmações de Freire implicam no fato de que o mero acúmulo de
conhecimentos que não geram nenhuma prática não pode contribuir para a formação do
discente e para as transformações sociais necessárias para que possa haver maior
harmonia e bem-estar social.
O conhecimento que não gera crítica, reflexão e ação torna-se, portanto, vazio.
Torna a prática pedagógica pobre e incapaz de formar cidadãos comprometidos com a
prática de mudanças pautadas no afeto, respeito e dialogicidade, preceitos básicos da
sociedade sustentável.
Urge, portanto uma mudança de paradigma que seja capaz de frear a lógica
capitalista que vem legitimando padrões não aceitáveis de comportamento em todos os
níveis da sociedade, o que faz com que a própria sociedade pague a alta conta dessas
atitudes.
A violência, desigualdade social, corrupção, desvalorização das culturas locais,
perda de identidade e miséria são apenas algumas das conseqüências da sociedade
capitalista que a todo instante ameaça a sustentabilidade da vida.
Além disso, a forte crise ambiental que ameaça o planeta e a vida reforça a
evidência de que o sistema capitalista é o grande vilão responsável por este processo.
É necessário pensar em alternativas que levem a superação do historicamente
construído até agora em detrimento de uma nova concepção de sociedade menos
ameaçadora, isto, no entanto, só será possível através de uma formação educativa capaz
de formar seres socialmente comprometidos e disponíveis com a mudança da realidade
em que se insere, ou seja, pessoas formadas dentro do contexto defendido pela
pedagogia de Paulo Freire.
A crise de sustentabilidade que afeta o planeta vai muito além das questões
ambientais, e encontra no atual modelo civilizatório capitalista a raiz das mazelas
disseminadas por todo o mundo.
A mudança só será possível por meio de ações individuais e coletivas com um
combate ao sistema vigente, a partir de um processo de transformação social capaz de
assegurar um modelo de vida sustentável.
Um processo de transformação social que tenha em seu cerne a justiça e a
preocupação com a qualidade de vida para todos os seres humanos necessariamente se
faz com o envolvimento de muitos segmentos da sociedade, entre eles a escola e o
professor como instrumentos de promoção dos valores capazes de promover a
sociedade sustentável.
1.3
A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO DA
SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
O modelo de desenvolvimento econômico adotado pela humanidade desde a
revolução industrial vem colocando em risco a manutenção da humanidade.
A desigualdade social é gritante e apesar de nunca antes na história humana
tantos terem vivido com tanta fartura, com tanta longevidade, com tanto conforto e com
tantas opções para consumo. É verdade também que nunca antes tantos estiveram em
situação de miséria e exclusão do mínimo existencial, do básico para o sustento
humano.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) dos mais de 6 bilhões de seres humanos que habitam o planeta na atualidade
mais de 4 bilhões de pessoas vivem hoje com menos de 1 dólar por dia.
“A humanidade mergulha hoje cada vez mais
profundamente em uma crise sem precedentes, que
envolve aspectos sociais, ambientais, culturais e
econômicos. Na segunda metade do século XX, o
homem alcançou patamares nunca antes imaginados
de evolução científica e tecnológica e, ao mesmo
tempo, produziu níveis nunca antes registrados de
miséria e de degradação ambiental” (BUARQUE,
1994)
“No atual modelo de desenvolvimento globalizado o
homem é apenas mais um elemento, assim como
também é a natureza, que deve ser preservado, úteis
que são para a definição e reprodução de um modelo
de exploração que se sustenta há séculos, desde que
o homem passou a se julgar acima da natureza,
desde que achou que a dominava e ela estava a seu
dispor. Nessa lógica, ele inclui também a
dominância de seus semelhantes, achando-se
também acima deles e, assim, perdendo aos poucos a
noção do que é ser humano”. (CHACON, Suely. O
Sertanejo e o Caminho das Águas: políticas
públicas, modernidade e sustentabilidade no semiárido. Fortaleza, Banco do Nordeste, 2007, pg. 108).
A busca incessante pelo lucro, a valorização do ter ao invés do ser, a
insensibilidade e espírito de concorrência nas relações humanas geraram não apenas a
degradação do meio ambiente, mas a perda de qualidade para a vida humana.
As reflexões e preocupações dos cientistas, ambientalistas e autoridades
políticas com esses problemas, primeiros sintomas de um planeta adoecido, acabaram
por gerar uma busca pela solução dessas questões.
A resposta encontrada pelos estudiosos para tantas mazelas encontra-se no
termo desenvolvimento sustentável.
O conceito formalmente, foi lançado pela primeira vez no ano de 1987 pela
World Commission on Environment and Developmente ( BRUTLAND, 987)
traduzindo-se na busca de um crescimento econômico eficiente e racional, por meio de
ações que supririam as necessidades da humanidade no presente, sem retirar das
gerações futuras o direito de também terem as suas necessidades supridas.
A sustentabilidade social visa uma sociedade mais justa, que diminua as
diferenças entre ricos e pobres, redistribuindo renda e bens; a sustentabilidade
econômica deve promover uma distribuição mais harmônica dos recursos, permitindo o
acesso de todos aos frutos do rendimento econômico da sociedade. A sustentabilidade
ambiental concentra-se na preservação do meio ambiente e a sustentabilidade cultural
visa promover o desenvolvimento local, especialmente pela valorização dos saberes
locais.
A pedagogia de Paulo Freire traduz-se numa constante busca por todos esses
objetivos, pois a prática educativa freiriana é acima de tudo uma prática humana e
absolutamente ética.
O reconhecimento em Freire da afetividade e dialogicidade como fundamentais
para o desenvolvimento humano permitem o enraizamento da dimensão metafísica do
homem.
Neste sentido para Freire todo homem tem uma vocação ontológica para o “ser
mais” e sua natureza social e histórica deve contribuir com o mundo e com os outros.
Na pedagogia da autonomia (2011) Freire elenca que ensinar exige respeito aos
saberes dos educandos e esta idéia está intrinsecamente ligada à dimensão cultural da
sustentabilidade que apregoa a valorização dos saberes locais, o respeito à identidade
local e aos saberes populares.
Sobre isso Freire afirma:
“Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor
ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só
respeitar os saberes com que os educandos,
sobretudo os das classes populares, chegam a ela –
saberes socialmente construídos na prática
comunitária -, mas também, discutir com os alunos a
razão de ser de alguns desses saberes em relação
com o ensino dos conteúdos” (FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011,
pg. 31)
“Por que não discutir com os alunos a realidade
concreta a que se deva associar a disciplina cujo
conteúdo se ensina? (...) Por que não estabelecer
uma “intimidade” entre os saberes curriculares
fundamentais aos alunos e a experiência social que
eles têm como indivíduos? Por que não discutir as
implicações políticas ideológicas de um tal descaso
dos dominantes pelas áreas pobres da cidade?
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo, Ed. Paz e
Terra, 2011, pg. 32)
A questão da identidade cultural, de que fazem parte a dimensão individual e a
classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa
progressista, é problema que não pode ser desprezado (FREIRE, 2011, pg. 42)
A cultura é uma dimensão extremamente importante da sustentabilidade, pois
através dela resta evidente como são encarados os recursos naturais pela população, e,
principalmente como são construídas as relações com os outros.
A sustentabilidade exige o reconhecimento e a valorização de culturas materiais
e simbólicas a nível local e regional, além da participação democrática das populações
na definição das estratégias de desenvolvimento dos seus contextos sociais e
territoriais.
Diante disso, há uma grande sintonia entre os valores da sustentabilidade
cultural e da pedagogia freiriana tendo em vista que ambas partem do princípio de que
sem a valorização dos saberes localmente construídos com base nas tradições e sem a
participação democrática das populações nas decisões locais que lhe afetam
diretamente é impossível a construção da solidariedade política e social necessária para
a efetivação da sociedade sustentável.
A educação somente terá o condão de promover as transformações sociais
fundantes de um mundo mais justo se a pedagogia adotada for capaz de enxergar no
conhecimento do aluno a base para produção de novos saberes.
Neste processo educativo a valorização dos saberes locais e o estímulo a
participação democrática estimulam a formação de pessoas voltadas para um ideal de
sustentabilidade, o que reforça a pedagogia freiriana como um saber necessário para a
construção de uma sociedade sustentável.
No que diz respeito à dimensão social da sustentabilidade tem-se que esta é em
primeiro lugar baseada no respeito pelo ser humano, pois se o homem não é capaz de
respeitar o seu semelhante que dirá a natureza.
A melhoria da qualidade de vida do social implica em redução das
desigualdades sociais, respeito às diferenças e construção de relações de afeto.
A substituição do afeto pelo egoísmo e espírito de competição nas relações
humanas vem tendo como conseqüência a exacerbação do consumo que vem
destruindo as fontes naturais de energia, além disso, o individualismo faz com que o
homem se sinta a cada dia mais sozinho e isolado, o que resulta em baixa qualidade de
vida humana.
A grande disparidade entre ricos e pobres também se alastra a cada dia numa
sociedade em que não se olha para o outro e na qual são legitimadas diversas estruturas
de exploração e rejeição de semelhantes. Nas favelas, nos guetos, nos bairros pobres
essa situação é cada dia mais evidente e produz a violência, corrupção e medo.
A sustentabilidade social exige que se veja o outro para que nós mesmos
possamos nos ver.
“Nesse encontro, que não se dá apenas entre os
homens, mas também entre este e os demais seres,
ocorre a descoberta do outro e de si mesmo pelo
olhar do outro, uma vez que o eu é vulnerável à
alteridade do outro. Essa vulnerabilidade não
ameaça o ser, mas lhe permite viver a experiência
amorosa do encontro, da descoberta da real condição
da vida na terra, libertando-o da condição imposta
pelo império do ter, firmado por elementos
desvirtuados da política, economia e da tecnologia”.
(CHACON, 2007, pg. 66)
Paulo Freire reflete que é na relação com o outro que se desenvolvem as
relações de afeto e respeito capazes de permitir ao homem que se reconheça como ser
histórico e cultural capaz de transformar a realidade social em que se insere.Assumir-se
como ser social histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador,
realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito
porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a
exclusão dos outros. É a “outroredade” do “não eu”, ou do tu , que me faz assumir a
radicalidade do meu eu. (FREIRE, 2011)
A prática pedagógica que promove este encontro com o outro e
conseqüentemente com o meio em que se encontra serve como substrato para a
formação de seres mais comprometidos com a superação do individualismo e das
diferenças sociais que impedem a promoção da sustentabilidade social, por isso, a
pedagogia freiriana é condição sine qua non para a formação de pessoas
comprometidas com uma sociedade mais justa e menos excludente.
As dimensões ambiental, econômica e política da sustentabilidade seguem a
mesma lógica, ou seja, para que se tornem reais é necessário o reconhecimento de que
as mudanças necessárias são possíveis.
A redução do consumo, o aumento no uso de tecnologias limpas, diminuição da
poluição, limitação dos recursos não renováveis são atitudes promotoras da
sustentabilidade ambiental que devem ser encaradas como possíveis para que possam
ser postas em prática.
Sobre isso Freire ensina que:
“O mundo não é. O mundo está sendo. Como
subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na
objetividade com que dialeticamente me relaciono,
meu papel no mundo não é só o de quem constata o
que ocorre, mas também o de quem intervém como
sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da
história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da
história, da cultura, da política, constato não apenas
para me adaptar, mas para mudar”. (FREIRE, 2011,
pg. 76)
Não é possível, portanto, para a pedagogia da autonomia freiriana a acomodação
diante dos problemas que afligem a sociedade, pois estes problemas não foram postos,
mas sim criados a partir de comportamentos e escolhas que resultaram em maus
resultados e que, por isso devem ser modificados. A inércia é demonstração da
compreensão da grandeza do ser.
Não é possível aceitar argumentos fatalistas e deterministas que dão a impressão
que se fundamentam na falta de escolha e de que só há a única maneira, ou seja, a
forma posta, para se viver marcado pela opressão e miséria.
“A mudança do mundo implica a dialetização entre a
denúncia da situação desumanizante e o anúncio de
sua superação, no fundo, o nosso sonho. É a partir
desse saber fundamental – mudar é difícil mas é
possível – que vamos programar nossa ação político
– pedagógica” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011, pg. 77)
Diante do exposto, resta clara que a proposta de educação freiriana é
libertadora, pautada na utopia/esperança, na valorização do homem e de seu papel
como ser histórico, político e cultural responsável pela sociedade em que vive.
Construtor dos sonhos e realizador destes mesmos.
Este modelo pedagógico está em profunda simbiose com os valores exigidos
pela sociedade para seja considerada sustentável, tendo em vista que a mesma necessita
de seres mais éticos e comprometidos, capazes de perceber o outro, respeitar o meio em
que vivem e estarem dispostos a prática das mudanças necessárias para que haja mais
qualidade de vida ao invés de acúmulo de bens.
Na sociedade sustentável, assim como na pedagogia freiriana a solidariedade
está em oposição ao egoísmo, a igualdade está em oposição à exclusão e há a esperança
de que é possível construir um mundo melhor, o que nos permite afirmar que a
pedagogia freiriana é um saber indispensável para a construção da sociedade
sustentável, assim como que a sociedade sustentável representa concretamente a utopia
freiriana da melhoria da qualidade de vida humana através do afeto, respeito e
dialogicidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sustentabilidade deve ser abordada sob os seus vários aspectos: econômico,
social, cultural, político, etc., para que seja possível um novo paradigma ou modelo de
desenvolvimento contrário ao crescimento autofágico adotado pela humanidade desde a
Revolução Industrial. Na verdade acelerado e acentuado com este marco histórico.
O atual modelo econômico precisa ser revisto de forma que se quebrem
paradigmas tanto de cunho individual como coletivo para que a sociedade busque um
crescimento
sustentável
baseado
na
solidariedade,
na
racionalidade
e
no
empoderamento através da participação popular.
É necessária a busca de uma visão voltada para a realidade, calcada no
equilíbrio entre o progresso econômico e a qualidade de vida para todos. É de vital
importância a conscientização da sobrevivência planetária harmônica pautada na
estimulação das condições ecológicas de sobrevivência.
A pedagogia de Freire não treina pessoas, mas sim forma cidadãos pautados na
ética e na crítica, o que possibilita o exercício da educação ético-crítica-política que
tem por objetivo formar cidadãos de caráter progressista capazes de lutar contra a
ordem econômica, social política e cultural injustas, e produzir a mudança de
consciência necessária para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o respeito ao
meio ambiente.
Enquanto o conhecimento estiver desconectado da realidade e os alunos forem
encarados como um mero depósito de conhecimentos a tarefa da promoção da
sociedade sustentável será difícil de ser alcançada tendo em vista que neste modelo de
educação não há o exercício da crítica e da reflexão, condição esta responsável pela
manutenção do status quo de miséria, exclusão e degradação ambiental.
As reflexões de Paulo Freire estimulam a cidadania, a autonomia e a
apropriação crítica do conhecimento que pode ser convertido em atitudes sustentáveis
em todas as suas dimensões.
O estímulo a afetividade e ao respeito, assim como a formação moral previstas
em toda a obra freiriana vão ao encontro do ideal sustentável do respeito pelo
semelhante e pelo meio em que se insere.
A vocação ontológica para ser mais defendida por Freire serve como alicerce
também para que o homem busque mais harmonia, bem-estar, igualdade e
solidariedade, princípios básicos para a construção da sociedade sustentável.
Na verdade, o pensamento revolucionário de Paulo Freire desperta o
reconhecimento de que a realidade não é algo posto ou divinamente concebido ou
inalteradamente determinada. Através de Freire resta claro que a realidade em que se
vive é fruto de uma construção histórica, política e cultural e que, portanto, pode ser
reconstruída e transformada. Não há espaço para o conformismo preguiçoso que anima
o discurso neoliberal na obra Freiriana.
Este estímulo à mudança, ao reconhecimento à incompletude do ser humano
que deve buscar sempre o melhor para si e para a sociedade é sem dúvida uma
ideologia eficaz para que a sociedade sustentável seja não apenas possível, mas sim
uma realidade concreta para todos aqueles que buscam a sua construção, motivo pelo
qual este trabalho defende a pedagogia de Paulo Freire como saber necessário para a
construção da sociedade sustentável.
REFERÊNCIAS
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M.(Org). Para pensar o desenvolvimento sustentável. 2 ed. São Paulo: Brasiliense,
1994.
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FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e
Terra, 1976.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
43ºed. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011.
GADOTTI, M. Paulo Freire e a Boniteza do Sonho de Ensinar e Aprender com
Sentido. In: Scocuglia, A. Paulo Freire na História da Educação do Tempo
Presente. P.211, 2006.
HAQ, Mahbub ul. O paradigma do desenvolvimento humano sustentável. < www.
undp.org.br > acessada em 31/07/2011.
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento includente, sustentável e sustentado. 1ª Edição. Rio
de Janeiro. Ed. Garamond, 2008.
TORO, Ronaldo. Biodanza. Editora Olavobrás, 2002.
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