A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE COMO SABER NECESSÁRIO À PRÁTICA DA SUSTENTABILIDADE Francilda Alcântara Mendes.1 Cícero Marcelo Bezerra dos Santos 2 RESUMO O conceito de sustentabilidade está intrinsecamente associado aos ideais de solidariedade, respeito e afetividade. Nesse contexto, a exclusão social, concentração de renda, violência, miséria humana e depredação da natureza, típicos da nossa sociedade capitalista, afastam-nos cada vez mais do ideal sustentável. É inaceitável, no entanto acomodarmo-nos com esta realidade de miséria humana e degradação ambiental ao invés, de adotarmos uma posição transformadora e libertadora diante da assombrosa destruição que nos cerca. Para Freire a educação pode formar seres mais éticos. E, este seria o verdadeiro sentido de educar: formar seres humanos capazes de contribuir para o bem-estar, felicidade e desenvolvimento de todos. Por isso, é possível afirmar que a pedagogia de Paulo Freire é um saber indispensável para todos que pretendem a construção de uma sociedade sustentável, pois a mesma necessita de uma mudança de paradigma que ofereça um novo modelo de desenvolvimento econômico pautado na valorização dos saberes locais, participação democrática, respeito aos semelhantes, afetividade e harmonia na relação do homem com a natureza, aspectos que, sem dúvida, representam a utopia/esperança da pedagogia freiriana. Palavras – Chave: Sustentabilidade, Educação, Paulo Freire. 1 UFC - Universidade Federal do Ceará; Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável, [email protected] ; 2 UFC - Universidade Federal do Ceará; Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável, [email protected]; INTRODUÇÃO A pedagogia de Paulo Freire, reconhecidamente fundada na ética e no respeito à dignidade da autonomia do educando, é um instrumento coerente e possível de prática pedagógica capaz de provocar mudanças sociais. Tais mudanças são essenciais para a construção de uma sociedade sustentável onde o estímulo a substituição da competitividade e individualismo pela solidariedade e respeito ao próximo e ao meio ambiente constitui condição sine qua non para a harmonia e bem estar social. Neste sentido, a sustentabilidade, vista como um modelo econômico, social, político, cultural e ambiental equilibrado capaz de satisfazer as necessidades das gerações atuais sem retirar a possibilidade das gerações futuras também satisfazerem suas necessidades (SACHS, 2008) preconiza uma educação nos moldes freirianos de prática educativa progressista, curiosa e crítica que por ser insatisfeita e indócil é capaz de formar pessoas solidárias com valores éticos e, construtoras dos saberes insertos na ação social. A sociedade sustentável, considerada muitas vezes utópica, deve ser compreendida pelos educadores no sentido freiriano de uma utopia/esperança que deve servir de inspiração para a superação das contradições que negam cada vez mais a vocação ontológica do homem para “ser mais”. A pedagogia de Paulo Freire estimula a produção do conhecimento em um ambiente favorável a amorosidade e isto não implica que o professor deve abrir mão de sua competência técnico-científica, mas sim que irá empregá-la em relação de parceria com seus alunos para a construção de novos saberes ou mesmo para permitir que saberes já adquiridos ganhem novo sentido conforme a realidade local em que estão inseridos. De que adianta conhecer os nomes dos gases que provocam o efeito estufa, por exemplo, se este problema ambiental não for discutido em suas causas? Se os alunos não são estimulados a discutir as possíveis soluções para este problema? Neste tipo de prática pedagógica em que o aluno é um mero depósito do conhecimento transferido pelo professor a ausência da reflexão crítica contribui para a continuidade das causas de degradação humana e do discurso fatalista da globalização. A construção da sociedade sustentável exige mudanças de hábito e atitudes de solidariedade que precisam ser estimuladas. A ação pedagógica impermeável a mudanças reforça o individualismo e estimula a competitividade, ou seja, como esperar que alguém que passe por esse tipo de educação bancária tenha sensibilidade o suficiente para perceber que é no exercício do respeito ao próximo e pelo meio em que se vive, onde se concentra o cerne da sociedade sustentável? Mudança de hábito a qual requer instantaneamente a presença da sensibilidade, da solidariedade humana, do respeito às idéias contrárias e práticas divergentes. Até os bancos, instituições financeiras sólidas ou de dominação das práticas comerciais e capitalistas alteram suas formas, antes eram elitista, só atendiam os abastados, hoje querem mais do que nunca a presença dos pobres, não olvidemos os créditos concedidos aos micro e pequenos, inclusive a economia informal, com fazem linhas de financiamentos aos grupos de amigos, vizinhos, ás cooperativas e associações que empreendem atividades negociais. Então porque a pratica educacional não deve ser repensada, revista e reestruturada. Por isso, neste trabalho a prática pedagógica freiriana é defendida como necessário à sociedade sustentável, pois a mesma é capaz de oferecer o substrato essencial para a formação de seres humanos mais éticos e capazes de assumir o caminho contrário as práticas de desumanização da sociedade capitalista. Assim, a partir da pesquisa bibliográfica da obra de Paulo Freire, com ênfase na releitura da Pedagogia da Autonomia (2011) e das rodas de conversa realizadas durante a disciplina Educação para Sustentabilidade do Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável da Universidade Federal do Ceará, atualmente Universidade Federal do Cariri – criada ou desmembrada no dia 05 de junho de 2013, estimulou a produção do presente trabalho. As rodas de conversa constituíram uma prática constante ao longo de toda a disciplina ministrada de Educação para Sustentabilidade, já que se trata de uma metodologia muito empregada nos processos de leitura e intervenção comunitária permitindo um método de participação coletiva de debates sobre uma temática, que no caso da disciplina em comento figurou a pedagogia freiriana, especialmente a exposta na obra Pedagogia da Autonomia. Através da criação desse espaço de diálogo, foi possível que nós alunos nos expressássemos e, sobretudo, escutássemos os outros e a nós mesmos. Numa verdadeira espécie de estímulos e permutas de saberes, compreensões e diálogos. Esta metodologia motivou e motiva a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação e implica num conjunto de trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de conhecimentos. O emprego da pesquisa exploratória com a abordagem qualitativa visou a familiarização com o fenômeno investigado para uma maior compreensão do mesmo, por isso a leitura e reflexão de publicações periódicas diversas, tais como jornais e revistas, cujos temas estavam muito próximos aos desenvolvidos neste estudo também foram feitas para a confecção deste trabalho. Tais documentos, apesar de não configurarem bibliografia científica para o desenvolvimento da problemática em questão foram importantes para o fortalecimento de certos conceitos, confrontos de autores e uma visão mais aprofundada do tema. Desta forma, a partir da metodologia adotada tem o presente trabalho o objetivo de demonstrar como a proposta de educação reflexiva e dialógica proposta por Paulo Freire torna-se meio capaz de romper com o ideário neoliberal e criar subsídios para a construção de uma sociedade sustentável. 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL E DA PEDAGOGIA FREIRIANA A promoção da sustentabilidade implica antes de tudo em uma tarefa de valorização da perspectiva biocêntrica da vida. Na visão biocêntrica todos os seres vivos e recursos naturais do planeta são compreendidos como partes constituintes de um delicado sistema equilibrado que resulta num organismo vivo que é o planeta terra. Para o perfeito funcionamento do planeta cada participante deste sistema é importante e depende do outro, uma simbiose, um consortismo. A vida é o valor fundamental e que permite a existência humana mas não deve ser isolada de outros seres e outros organismos que favorecem a esta flâmula. Nesta perspectiva, cuidar da natureza e respeitar o planeta é cuidar e respeitar a si mesmo. Apenas com a valorização da vida e organização da sociedade em torno de valores éticos, respeito e solidariedade é possível a manutenção da continuidade da humanidade coexistindo com seres e recursos indispensáveis a uma vida plena. A crise ecológica e humana em que nos encontramos se deve a uma percepção equivocada do ser humano e da natureza. O princípio que orientou a construção desta sociedade tão depredadora do ambiente natural é o antropocentrismo. Na visão antropocêntrica, o ser humano se vê no topo evolutivo da organização da vida. Nesta perspectiva, todos os outros seres vivos são inferiores, os recursos naturais devem estar a serviço da humanidade, que não deve respeito a eles. Sendo assim, o ser humano não se sente parte da totalidade vivente e sim o proprietário da vida em suas manifestações e recursos. É uma visão hierárquica que tem conseqüências recursivas dentro do próprio ambiente humano. Por exemplo, grupos étnicos e religiosos que se sentem superiores a outros, sente-se a vontade para explorar, escravizar e matar outros seres humanos (TORO, 2002). A construção da sociedade sustentável deve buscar qualidade ao invés de quantidade através da redução do uso de matérias-primas e o respeito à existência humana e diversidade biológica o que corrobora e efetiva o desenvolvimento do cidadão e de toda a sociedade. Segundo Mahbub ul Haq (2001), somente após muitas décadas de desenvolvimento, a humanidade está redescobrindo o óbvio: os seres humanos são ambos os meios e os fins do desenvolvimento econômico. Reconhece-se que o objetivo real do desenvolvimento é aumentar as opções das pessoas. Renda é somente uma daquelas opções, extremamente importante, mas não é o somatório total da vida humana. Saúde, educação, ambiente e liberdade, são escolhas humanas que podem ser tão importantes quanto à renda. Também, define um paradigma do desenvolvimento humano, enumerando quatro elementos: equidade – igualdade de oportunidade para todas as pessoas na sociedade; o caráter sustentável – as oportunidades deverão permanecer de uma geração para outra; produtividade e empoderamento – de pessoas de modo que elas possam participar e beneficiar-se do processo de desenvolvimento. Pelo exposto, a sustentabilidade deve acima de tudo proporcionar a plenitude do desenvolvimento do homem não apenas em seu aspecto social, mas também individual. O uso racional dos recursos naturais só é possível a partir desta compreensão na qual “despir as vestes da arrogância, que têm levado o homem a supor que é um ser superior aos demais seres e mesmo aos outros homens, é o primeiro passo para entender que os limites que a natureza e a própria condição humana impõem precisam ser respeitados (...). Este é o cerne da ética do encontro que permite a descoberta do caminho sustentável, com liberdade, solidariedade e responsabilidade para o homem continuar vivendo na Terra, não apenas produzindo e acumulando riquezas, mas sentindo e acumulando harmonia e bem-estar”. (CHACON, 2007, p. 66). A educação freireana deve ocupar papel de destaque na promoção da sustentabilidade em toda a sociedade, tendo em vista que valoriza a afetividade no processo vivo de construção de uma educação engajada, politizada, ética e, portanto, crítica. Freire (2011, p.42) apregoa que “a solidariedade social e política de que precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância. Nesse sentido, a educação para a sustentabilidade não faz do educando um depósito de conhecimentos como um mero objeto do processo educativo, mas um ser pensante que constrói junto com o professor o conhecimento necessário para evitar o discurso fatalista, neoliberal e pragmático tipicamente capitalista. Sustentabilidade não tem a ver apenas com a Biologia, a Economia e a Ecologia, ela tem a ver com a relação que mantemos conosco mesmo, com os outros e com a natureza (GADOTTI, 2006). Acrescenta ainda, este autor, que Educação ajuda no Desenvolvimento Sustentável ao mencionar que educar proporciona o pensar globalmente, os sentimentos, a identidade pessoal e a consciência planetária. Para Freire “minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história”. (FREIRE, 2011). A educação neste sentido é uma responsabilidade ética, histórica, política e social que serve para cumprir a vocação ontológica de intervir no mundo para ser mais. No entanto, diante de uma sociedade que brutalmente exclui e cada vez mais mensura a importância do ser humano de acordo com a sua capacidade de acumular riquezas como o homem pode ser mais? Como pode ser capaz de reconhecer que é um ser histórico, social e cultural responsável pela construção social da realidade em que se insere? Que medidas devem ser adotadas para que a sociedade possa ser transformada e pautada nos valores da paz, solidariedade e justiça social como pressupõe a sustentabilidade? Aprioristicamente, para os mais céticos tal mudança é impossível e a única resposta para todas as mazelas da sociedade capitalista encontra-se discurso fatalista de que nada poderá ser feito. Para Paulo Freire, no entanto, (2011) “A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de pós-modernidade, insiste em convencer-nos de que nada podemos contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser ou a virar “quase natural”. Frases como “a realidade é assim mesmo, que podemos fazer?”ou “o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressam bem o fatalismo desta ideologia e sua indiscutível vontade imobilizadora”. (FREIRE, 2011, pg. 21) Ao rechaçar esta ideologia, Freire (2011) defende que a educação deve estar pautada numa pedagogia ética de respeito aos outros e na autonomia do educando. Uma educação capaz de formar sujeitos históricos, transformadores e éticos que se negam a reproduzir o individualismo capitalista. “Definitivamente ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 2011). Assim, a educação deve promover a construção de uma sociedade menos desigual e injusta. Esta educação não pode concentrar-se na mera repetição de fórmulas do ensino bancário, mas sim na inteligibilidade e dialogicidade. Para Chacon (2007) a sustentabilidade só é possível através da superação da visão utilitarista e simplista que comandou o progresso da civilização moderna, e da adoção de uma visão ampliada que permita uma mudança essencial de atitude: o homem se vendo como parte de uma espécie, dialogando, com mútua responsabilidade por cada um e por todos e pelo lugar que habita, com respeito à alteridade e à vulnerabilidade de cada ser. A superação da visão simplista e utilitarista a que a autora se refere torna-se possível a partir da compreensão de Paulo Freire de que ensinar não é transferir conhecimento de forma que não estimule a criatividade, a capacidade e imaginação dos alunos, pois nesta forma de educação há apenas a reprodução de verdades simplistas e muitas vezes fatalistas e incongruentes, substratos para manutenção da ordem capitalista excludente e esmagadora. Diante destas reflexões infere-se que o modelo de educação defendido por Freire é capaz de contribuir para a promoção e desenvolvimento da sociedade sustentável, pois: a) contribui efetivamente na passagem da transitividade ingênua à transitividade crítica; b) prepara as pessoas para a responsabilidade social e política, para o desenvolvimento e para a democracia; possibilita o enfrentamento do ‘desenraizamento’ gerado pelas consequências da civilização industrial com suas tendências massificadoras e desumanizadoras; c) prepara as pessoas para enfrentar a problemática desse tempo, e nela se inserir conscientemente; e) leva a uma constante mudança de atitude e criação de disposições democráticas que substituam os hábitos de passividade por hábitos de participação e ingerência; f) colabora com o educando na organização reflexiva do pensamento para superar a captação mágica ou ingênua de sua realidade; g) prepara para a intervenção teórico-prática com uma teoria que “implica numa inserção na realidade, num contato analítico com o existente, para comprová-lo, para vivê-lo praticamente” (FREIRE, 1976). Vejamos a seguir algumas considerações acerca dos principais aspectos elencados acima. 1.1 A TRANSITIVIDADE CRÍTICA COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas (...). Daí a crítica permanentemente presente em mim à malvadeza neolibreal, ao cinismo de sua ideologia fatalista e sua recusa inflexível ao sonho e à utopia. (FREIRE, 2011) Neste trecho da obra freiriana resta patente a crítica do autor a educação desprovida de espírito crítico e criativo capaz de despertar nos educandos o desejo de mudança e a utopia/esperança de que a sociedade pode ser transformada para a extinção das mazelas que tornam o ser humano um objeto e empobrece todas as suas relações. “O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.” (FREIRE, 2011) A educação não pode estar desconectada da realidade e nem desprovida do exercício da dialogicidade que permite o comprometimento com a vida, que se historiciza no seu contexto. Quando não há verdadeiro diálogo, não há encontro, amorosidade e respeito. É possível resumir isso expondo que: “O diálogo é este encontro dos homens, imediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo entre os que querem a pronúncia do mundo e os que não querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste direito” (Freire, 2005, p. 91). Na dialogicidade estão sempre presentes as dimensões da reflexão e da crítica. Ao se expor a palavra ao mundo se mostra que humanamente se existe, sente-se, agi-se e modifica-se o mundo dado. O não exercício do diálogo e da crítica produz o homem destemporalizado a que Freire se refere em sua obra. A destemporalização resulta em acomodação, que é uma oposição ao processo de mudança necessário para a promoção da sociedade sustentável. “O homem que não se acomoda diante das prescrições que são impostas de cima para baixo passa pouco a pouco a dominar a realidade e humaniza-se. Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é o fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos”. (FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.) Diante disso, resta clara que a proposta freiriana de uma educação crítica, reflexiva e contextualizada é um saber necessário para a construção da sociedade sustentável que para efetivamente existir depende de mudanças de postura tanto individuais como coletivas ( redução da produção de lixo, consumo consciente, redução do uso de recursos naturais não renováveis, etc.) que só poderão acontecer a partir de sujeitos históricos e transformadores, capazes de se assumirem como sujeitos éticos. Este é também o caminho para “preparar as pessoas para a responsabilidade social e política, para o desenvolvimento e para a democracia; possibilitando o enfrentamento do ‘desenraizamento’ gerado pelas consequências da civilização industrial com suas tendências massificadoras e desumanizadoras. (FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.) 1.2 A INTERVENÇÃO TEÓRICO – PRÁTICA COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL “O intelectual memorizador, que lê horas a fio, domesticando-se ao texto, temeroso de arriscar-se, fala de suas leituras quase como se estivesse recitando-as de memória – não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no seu país, na sua cidade, no seu bairro.” (FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.) “Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substancialmente formar. (...) Pensar certo, demanda profundidade e não superficialidade na compreensão dos fatos”. (FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1976.) Estas afirmações de Freire implicam no fato de que o mero acúmulo de conhecimentos que não geram nenhuma prática não pode contribuir para a formação do discente e para as transformações sociais necessárias para que possa haver maior harmonia e bem-estar social. O conhecimento que não gera crítica, reflexão e ação torna-se, portanto, vazio. Torna a prática pedagógica pobre e incapaz de formar cidadãos comprometidos com a prática de mudanças pautadas no afeto, respeito e dialogicidade, preceitos básicos da sociedade sustentável. Urge, portanto uma mudança de paradigma que seja capaz de frear a lógica capitalista que vem legitimando padrões não aceitáveis de comportamento em todos os níveis da sociedade, o que faz com que a própria sociedade pague a alta conta dessas atitudes. A violência, desigualdade social, corrupção, desvalorização das culturas locais, perda de identidade e miséria são apenas algumas das conseqüências da sociedade capitalista que a todo instante ameaça a sustentabilidade da vida. Além disso, a forte crise ambiental que ameaça o planeta e a vida reforça a evidência de que o sistema capitalista é o grande vilão responsável por este processo. É necessário pensar em alternativas que levem a superação do historicamente construído até agora em detrimento de uma nova concepção de sociedade menos ameaçadora, isto, no entanto, só será possível através de uma formação educativa capaz de formar seres socialmente comprometidos e disponíveis com a mudança da realidade em que se insere, ou seja, pessoas formadas dentro do contexto defendido pela pedagogia de Paulo Freire. A crise de sustentabilidade que afeta o planeta vai muito além das questões ambientais, e encontra no atual modelo civilizatório capitalista a raiz das mazelas disseminadas por todo o mundo. A mudança só será possível por meio de ações individuais e coletivas com um combate ao sistema vigente, a partir de um processo de transformação social capaz de assegurar um modelo de vida sustentável. Um processo de transformação social que tenha em seu cerne a justiça e a preocupação com a qualidade de vida para todos os seres humanos necessariamente se faz com o envolvimento de muitos segmentos da sociedade, entre eles a escola e o professor como instrumentos de promoção dos valores capazes de promover a sociedade sustentável. 1.3 A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE COMO MEIO PARA A PROMOÇÃO DA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL O modelo de desenvolvimento econômico adotado pela humanidade desde a revolução industrial vem colocando em risco a manutenção da humanidade. A desigualdade social é gritante e apesar de nunca antes na história humana tantos terem vivido com tanta fartura, com tanta longevidade, com tanto conforto e com tantas opções para consumo. É verdade também que nunca antes tantos estiveram em situação de miséria e exclusão do mínimo existencial, do básico para o sustento humano. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) dos mais de 6 bilhões de seres humanos que habitam o planeta na atualidade mais de 4 bilhões de pessoas vivem hoje com menos de 1 dólar por dia. “A humanidade mergulha hoje cada vez mais profundamente em uma crise sem precedentes, que envolve aspectos sociais, ambientais, culturais e econômicos. Na segunda metade do século XX, o homem alcançou patamares nunca antes imaginados de evolução científica e tecnológica e, ao mesmo tempo, produziu níveis nunca antes registrados de miséria e de degradação ambiental” (BUARQUE, 1994) “No atual modelo de desenvolvimento globalizado o homem é apenas mais um elemento, assim como também é a natureza, que deve ser preservado, úteis que são para a definição e reprodução de um modelo de exploração que se sustenta há séculos, desde que o homem passou a se julgar acima da natureza, desde que achou que a dominava e ela estava a seu dispor. Nessa lógica, ele inclui também a dominância de seus semelhantes, achando-se também acima deles e, assim, perdendo aos poucos a noção do que é ser humano”. (CHACON, Suely. O Sertanejo e o Caminho das Águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no semiárido. Fortaleza, Banco do Nordeste, 2007, pg. 108). A busca incessante pelo lucro, a valorização do ter ao invés do ser, a insensibilidade e espírito de concorrência nas relações humanas geraram não apenas a degradação do meio ambiente, mas a perda de qualidade para a vida humana. As reflexões e preocupações dos cientistas, ambientalistas e autoridades políticas com esses problemas, primeiros sintomas de um planeta adoecido, acabaram por gerar uma busca pela solução dessas questões. A resposta encontrada pelos estudiosos para tantas mazelas encontra-se no termo desenvolvimento sustentável. O conceito formalmente, foi lançado pela primeira vez no ano de 1987 pela World Commission on Environment and Developmente ( BRUTLAND, 987) traduzindo-se na busca de um crescimento econômico eficiente e racional, por meio de ações que supririam as necessidades da humanidade no presente, sem retirar das gerações futuras o direito de também terem as suas necessidades supridas. A sustentabilidade social visa uma sociedade mais justa, que diminua as diferenças entre ricos e pobres, redistribuindo renda e bens; a sustentabilidade econômica deve promover uma distribuição mais harmônica dos recursos, permitindo o acesso de todos aos frutos do rendimento econômico da sociedade. A sustentabilidade ambiental concentra-se na preservação do meio ambiente e a sustentabilidade cultural visa promover o desenvolvimento local, especialmente pela valorização dos saberes locais. A pedagogia de Paulo Freire traduz-se numa constante busca por todos esses objetivos, pois a prática educativa freiriana é acima de tudo uma prática humana e absolutamente ética. O reconhecimento em Freire da afetividade e dialogicidade como fundamentais para o desenvolvimento humano permitem o enraizamento da dimensão metafísica do homem. Neste sentido para Freire todo homem tem uma vocação ontológica para o “ser mais” e sua natureza social e histórica deve contribuir com o mundo e com os outros. Na pedagogia da autonomia (2011) Freire elenca que ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e esta idéia está intrinsecamente ligada à dimensão cultural da sustentabilidade que apregoa a valorização dos saberes locais, o respeito à identidade local e aos saberes populares. Sobre isso Freire afirma: “Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária -, mas também, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011, pg. 31) “Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina? (...) Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? (FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011, pg. 32) A questão da identidade cultural, de que fazem parte a dimensão individual e a classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser desprezado (FREIRE, 2011, pg. 42) A cultura é uma dimensão extremamente importante da sustentabilidade, pois através dela resta evidente como são encarados os recursos naturais pela população, e, principalmente como são construídas as relações com os outros. A sustentabilidade exige o reconhecimento e a valorização de culturas materiais e simbólicas a nível local e regional, além da participação democrática das populações na definição das estratégias de desenvolvimento dos seus contextos sociais e territoriais. Diante disso, há uma grande sintonia entre os valores da sustentabilidade cultural e da pedagogia freiriana tendo em vista que ambas partem do princípio de que sem a valorização dos saberes localmente construídos com base nas tradições e sem a participação democrática das populações nas decisões locais que lhe afetam diretamente é impossível a construção da solidariedade política e social necessária para a efetivação da sociedade sustentável. A educação somente terá o condão de promover as transformações sociais fundantes de um mundo mais justo se a pedagogia adotada for capaz de enxergar no conhecimento do aluno a base para produção de novos saberes. Neste processo educativo a valorização dos saberes locais e o estímulo a participação democrática estimulam a formação de pessoas voltadas para um ideal de sustentabilidade, o que reforça a pedagogia freiriana como um saber necessário para a construção de uma sociedade sustentável. No que diz respeito à dimensão social da sustentabilidade tem-se que esta é em primeiro lugar baseada no respeito pelo ser humano, pois se o homem não é capaz de respeitar o seu semelhante que dirá a natureza. A melhoria da qualidade de vida do social implica em redução das desigualdades sociais, respeito às diferenças e construção de relações de afeto. A substituição do afeto pelo egoísmo e espírito de competição nas relações humanas vem tendo como conseqüência a exacerbação do consumo que vem destruindo as fontes naturais de energia, além disso, o individualismo faz com que o homem se sinta a cada dia mais sozinho e isolado, o que resulta em baixa qualidade de vida humana. A grande disparidade entre ricos e pobres também se alastra a cada dia numa sociedade em que não se olha para o outro e na qual são legitimadas diversas estruturas de exploração e rejeição de semelhantes. Nas favelas, nos guetos, nos bairros pobres essa situação é cada dia mais evidente e produz a violência, corrupção e medo. A sustentabilidade social exige que se veja o outro para que nós mesmos possamos nos ver. “Nesse encontro, que não se dá apenas entre os homens, mas também entre este e os demais seres, ocorre a descoberta do outro e de si mesmo pelo olhar do outro, uma vez que o eu é vulnerável à alteridade do outro. Essa vulnerabilidade não ameaça o ser, mas lhe permite viver a experiência amorosa do encontro, da descoberta da real condição da vida na terra, libertando-o da condição imposta pelo império do ter, firmado por elementos desvirtuados da política, economia e da tecnologia”. (CHACON, 2007, pg. 66) Paulo Freire reflete que é na relação com o outro que se desenvolvem as relações de afeto e respeito capazes de permitir ao homem que se reconheça como ser histórico e cultural capaz de transformar a realidade social em que se insere.Assumir-se como ser social histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a “outroredade” do “não eu”, ou do tu , que me faz assumir a radicalidade do meu eu. (FREIRE, 2011) A prática pedagógica que promove este encontro com o outro e conseqüentemente com o meio em que se encontra serve como substrato para a formação de seres mais comprometidos com a superação do individualismo e das diferenças sociais que impedem a promoção da sustentabilidade social, por isso, a pedagogia freiriana é condição sine qua non para a formação de pessoas comprometidas com uma sociedade mais justa e menos excludente. As dimensões ambiental, econômica e política da sustentabilidade seguem a mesma lógica, ou seja, para que se tornem reais é necessário o reconhecimento de que as mudanças necessárias são possíveis. A redução do consumo, o aumento no uso de tecnologias limpas, diminuição da poluição, limitação dos recursos não renováveis são atitudes promotoras da sustentabilidade ambiental que devem ser encaradas como possíveis para que possam ser postas em prática. Sobre isso Freire ensina que: “O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não apenas para me adaptar, mas para mudar”. (FREIRE, 2011, pg. 76) Não é possível, portanto, para a pedagogia da autonomia freiriana a acomodação diante dos problemas que afligem a sociedade, pois estes problemas não foram postos, mas sim criados a partir de comportamentos e escolhas que resultaram em maus resultados e que, por isso devem ser modificados. A inércia é demonstração da compreensão da grandeza do ser. Não é possível aceitar argumentos fatalistas e deterministas que dão a impressão que se fundamentam na falta de escolha e de que só há a única maneira, ou seja, a forma posta, para se viver marcado pela opressão e miséria. “A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso sonho. É a partir desse saber fundamental – mudar é difícil mas é possível – que vamos programar nossa ação político – pedagógica” (FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2011, pg. 77) Diante do exposto, resta clara que a proposta de educação freiriana é libertadora, pautada na utopia/esperança, na valorização do homem e de seu papel como ser histórico, político e cultural responsável pela sociedade em que vive. Construtor dos sonhos e realizador destes mesmos. Este modelo pedagógico está em profunda simbiose com os valores exigidos pela sociedade para seja considerada sustentável, tendo em vista que a mesma necessita de seres mais éticos e comprometidos, capazes de perceber o outro, respeitar o meio em que vivem e estarem dispostos a prática das mudanças necessárias para que haja mais qualidade de vida ao invés de acúmulo de bens. Na sociedade sustentável, assim como na pedagogia freiriana a solidariedade está em oposição ao egoísmo, a igualdade está em oposição à exclusão e há a esperança de que é possível construir um mundo melhor, o que nos permite afirmar que a pedagogia freiriana é um saber indispensável para a construção da sociedade sustentável, assim como que a sociedade sustentável representa concretamente a utopia freiriana da melhoria da qualidade de vida humana através do afeto, respeito e dialogicidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A sustentabilidade deve ser abordada sob os seus vários aspectos: econômico, social, cultural, político, etc., para que seja possível um novo paradigma ou modelo de desenvolvimento contrário ao crescimento autofágico adotado pela humanidade desde a Revolução Industrial. Na verdade acelerado e acentuado com este marco histórico. O atual modelo econômico precisa ser revisto de forma que se quebrem paradigmas tanto de cunho individual como coletivo para que a sociedade busque um crescimento sustentável baseado na solidariedade, na racionalidade e no empoderamento através da participação popular. É necessária a busca de uma visão voltada para a realidade, calcada no equilíbrio entre o progresso econômico e a qualidade de vida para todos. É de vital importância a conscientização da sobrevivência planetária harmônica pautada na estimulação das condições ecológicas de sobrevivência. A pedagogia de Freire não treina pessoas, mas sim forma cidadãos pautados na ética e na crítica, o que possibilita o exercício da educação ético-crítica-política que tem por objetivo formar cidadãos de caráter progressista capazes de lutar contra a ordem econômica, social política e cultural injustas, e produzir a mudança de consciência necessária para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o respeito ao meio ambiente. Enquanto o conhecimento estiver desconectado da realidade e os alunos forem encarados como um mero depósito de conhecimentos a tarefa da promoção da sociedade sustentável será difícil de ser alcançada tendo em vista que neste modelo de educação não há o exercício da crítica e da reflexão, condição esta responsável pela manutenção do status quo de miséria, exclusão e degradação ambiental. As reflexões de Paulo Freire estimulam a cidadania, a autonomia e a apropriação crítica do conhecimento que pode ser convertido em atitudes sustentáveis em todas as suas dimensões. O estímulo a afetividade e ao respeito, assim como a formação moral previstas em toda a obra freiriana vão ao encontro do ideal sustentável do respeito pelo semelhante e pelo meio em que se insere. A vocação ontológica para ser mais defendida por Freire serve como alicerce também para que o homem busque mais harmonia, bem-estar, igualdade e solidariedade, princípios básicos para a construção da sociedade sustentável. Na verdade, o pensamento revolucionário de Paulo Freire desperta o reconhecimento de que a realidade não é algo posto ou divinamente concebido ou inalteradamente determinada. Através de Freire resta claro que a realidade em que se vive é fruto de uma construção histórica, política e cultural e que, portanto, pode ser reconstruída e transformada. Não há espaço para o conformismo preguiçoso que anima o discurso neoliberal na obra Freiriana. Este estímulo à mudança, ao reconhecimento à incompletude do ser humano que deve buscar sempre o melhor para si e para a sociedade é sem dúvida uma ideologia eficaz para que a sociedade sustentável seja não apenas possível, mas sim uma realidade concreta para todos aqueles que buscam a sua construção, motivo pelo qual este trabalho defende a pedagogia de Paulo Freire como saber necessário para a construção da sociedade sustentável. REFERÊNCIAS BUARQUE, Cristóvão. O pensamento em mumdo Terceiro Mundo. In: BURSZTYN, M.(Org). Para pensar o desenvolvimento sustentável. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. BRUNTLAND, G.H. Our common future. London: Oxfor University Press, 1987. CHACON, Suely. O Sertanejo e o Caminho das Águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no semi-árido. Fortaleza, Banco do Nordeste, 2007, pg. 66. FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 6ªed. 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