Contestação à Questão 54 (Tipo de Prova 1)

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CONSTESTAÇÃO À QUESTÃO 54 (TIPO DE PROVA I) SOCIOLOGIA
Nós, da equipe de sociologia do colégio Nacional, vimos, por meio desta, solicitar revisão da prova e mudança no
gabarito da questão 54 de “B” para “A” amparados nos seguintes argumentos:
A Antropologia, que é por excelência a ciência do homem e da cultura, é dotada de inúmeras categorias analíticas
que permitem o entendimento das diferenças culturais entre os diferentes grupos, dentre as quais faz parte o etnocentrismo.
Como toda categoria analítica, o etnocentrismo possui certos princípios que o fundamenta, os quais, neste caso,
estão calcados na idéia de que um determinado grupo, frente a outro, apresenta uma percepção das diferenças culturais do
“outro” centrada no “eu” - o que remete a uma postura discriminatória e preconceituosa.
O conceito de relativismo cultural, outra categoria analítica da antropologia, ao contrário do etnocentrismo, é um
princípio que permite ao observador ter uma visão mais adequada das culturas, cujos padrões e valores são tidos como
próprios e convenientes aos seus integrantes, ou seja, as diferenças culturais só fazem sentido se analisadas dentro do
próprio sistema cultural do grupo estudado - o que resulta numa interpretação inversa daquela encontrada no etnocentrismo.
Considerando a extrema diversidade cultural da humanidade, pode-se compreender cada grupo humano, seus valores
definidos, suas exclusivas normas de conduta e suas próprias reações psicológicas aos fenômenos do cotidiano; e
também suas convenções relativas ao bem e mal, ao moral e imoral, ao belo e feio, ao certo e errado, ao justo e injusto etc.
Assim, a relatividade cultural ensina que uma cultura deve ser compreendida e avaliada dentro dos seus próprios moldes
e padrões, mesmo que estes pareçam estranhos e exóticos.
Essa postura é veementemente associada à antropologia moderna, pois em período anterior a esse marco, a
antropologia esteve focada numa visão etnocêntrica, como se percebe nas idéias apoiadas no darwinismo social e que
foram amplamente utilizadas para explicar as diferenças culturais no século XIX e, acima de tudo, justificar muitas ações
colonizadoras.
Com certeza, a postura relativista assegura ao antropólogo atitudes mais justas e humanas, o que, muitas vezes,
contraria os interesses da cultura dominante. Porém, entendemos que na questão em destaque sobre o etnocentrismo, o
item “a” (“é categoria central da antropologia, pois revela que as culturas devem ser relativizadas”) é INCORRETO,
pois, no caso, a questão pede que seja avaliado o etnocentrismo, e não uma postura mais correta a partir da constatação
de que ele geraria rejeição, estranhamento perturbador etc. Assim, o etnocentrismo, enquanto categoria analítica, remete
a uma idéia de discriminação e não de relatividade. Admitir o item “a” como correto seria o mesmo que tomar o etnocentrismo
como moralmente inadequado, o que de fato o é. Contudo, esta constatação já é expressão de uma postura crítica, e a
questão não pede que seja analisado o etnocentrismo criticamente.
Portanto, entendemos que a resposta correta para essa questão está contemplada no item “B”, e que o item A,
nessa situação, está carregado de juízo de valor, frente à forma como o ENUNCIADO FOI COLOCADO (cobrando,
pontualmente, o conceito de etnocentrismo e não uma visão crítica sobre o mesmo).
Manifestamos o nosso repúdio com relação a atitudes etnocêntricas. Porém, não é o repúdio a tal fato que o
exercício pede para avaliarmos, mas sim, apenas, o fenômeno em si.
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Ari Martins
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Leandra Güerin
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Leonardo Abrahão Rezende
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