Vivências Oportunizadas pelo PIBID Pedagogia Inhumas aos Bolsistas, Supervisora, Coordenadora e Crianças da Educação Infantil Anyelle Vasconcelos Rezende Montagnini¹ (IC), Danielly Leal de Souza¹ (IC), Lânica Moreira Borges¹ (IC), Mayara Borges de Souza¹ (IC), Miranilson Mário da Cruz¹ (IC), Talita Serravali Lanzoni¹ (IC), Giscely Samarah Ferreira de Resende² (PQ), Silvana Custódio Pinheiro Melo³* (PQ). ¹ UEG – Câmpus Inhumas ² SME/ Inhumas ³ UEG – Câmpus Inhumas. E-mail: [email protected] Resumo: O presente artigo tem por objetivo discorrer sobre o sentido e o significado das ações desenvolvidas, no primeiro semestre de 2016, no Pibid Pedagogia Inhumas. Se baseia em BOURDIEU nos seus conceitos de hábitus acadêmico/professoral, capital cultural, identidade profissional e múltiplas linguagem, com amparo de ANGÊLO (2013) e BARBOSA (2008) dentre outros. Traz o processo de observação e elaboração de projeto de intervenção e o relato das práticas vivenciadas através destes para a contribuição na formação acadêmica dos alunos bolsistas e das crianças da Educação Infantil participantes desta iniciativa neste dado momento. Reflete sobre o desenvolvimento das atividades levantando seus pontos positivos e negativos com a certeza da concretização da práxis docente. Palavras-chave: Educação Infantil. Práxis. Habitus. Identidade Profissional Docente. Introdução O subprojeto Pedagogia tem como finalidade proporcionar aos acadêmicos em formação inicial vivências voltadas à práxis (reflexão-ação-reflexão), pois as mesmas irão contribuir significativamente na constituição do habitus acadêmico/professoral e os conhecimentos adquiridos durante a atuação no Pibid prevalecerão na identidade profissional docente para suas futuras práticas pedagógicas. A intencionalidade que norteia as atividades do subprojeto vem a apreender as especificidades do fazer pedagógico na Educação Infantil. As teorias utilizadas para ampliar as práticas dos bolsistas na Educação Infantil partiram das premissas dos momentos de estudos teóricos de Bourdieu, Setton (2002), Ângelo (2013), Barbosa (2008), Faria (2007) e os conceitos evidenciados foram habitus, capital cultural e múltiplas linguagens. Nessa perspectiva, o presente artigo pretende apresentar os projetos desenvolvidos na escola campo e as contribuições dessas ações para a constituição do habitus dos acadêmicos e das crianças. A pesquisa ação está sendo desenvolvida na Escola Municipal Dentinho de Leite, na cidade de Inhumas – Goiás, com as 24 crianças do 2° Período C no turno matutino. As primeiras ações pedagógicas foram desenvolvidas semanalmente no primeiro semestre, entre os seis bolsistas de iniciação à docência, professora supervisora e professora coordenadora. Vale ressaltar que novas ações já estão sendo estruturadas para o segundo semestre de 2016. Material e Métodos Segundo Oliveira (2012, p.36) “Sua entrada no ambiente coletivo de educação pode propiciar um conjunto de interações diversificadas e complementares em relação ao ambiente familiar, que lhe possibilitem aprendizagens amplas e diversas.” Desta forma, para melhor interação com as crianças o grupo de seis bolsistas foi dividido em duplas e cada uma delas atuava num dia especifico da semana. Inicialmente as duplas focaram na observação e para tanto foi necessário um olhar sensível e pedagógico voltado para as crianças, observando as pistas disponibilizadas no cotidiano da instituição. A partir das observações percebeu-se que as crianças são muito inteligentes e agitadas. A maioria delas apresentaram dificuldade de concentração, de seguir as regras e combinados e de se socializar com os outros colegas no envolvimento das atividades propostas pela professora. Barbosa e Horn (2008) afirmam que Os projetos abrem para a possibilidade de aprender os diferentes conhecimentos construídos na história da humanidade de modo relacional e não-linear, propiciando às crianças aprender através de múltiplas linguagens, ao mesmo tempo em que lhes proporcionam a reconstrução do que já foi aprendido. (p.35) Nesse sentido, surgiu a ideia de cada dupla dos bolsistas elaborarem projetos pautados nas múltiplas linguagens para que atendessem positivamente as particularidades de cada criança, tendo a intencionalidade de contribuir para as futuras práticas da professora supervisora. De acordo com Friedmann (2012), as brincadeiras proporcionam o desenvolvimento amplo das crianças e o brincar estimula a aprendizagem, a criatividade, a imaginação, a socialização, a coordenação motora e outras diversas habilidades importantes para o desenvolvimento delas. Assim, foram desenvolvidos semanalmente três projetos com atividades lúdicas de acordo com a faixa etária das crianças. São eles: 1. Projeto “Jogos e Brincadeiras” O projeto foi elaborado e desenvolvido pelas acadêmicas bolsistas Danielly e Talita e visou trabalhar com as crianças de uma forma lúdica, com a interação de todos, estimulando o desenvolvimento físico e mental, a criatividade e o raciocínio das crianças. As atividades propostas e realizadas durante o desenvolvimento deste projeto foram: - Jogo da memória dos numerais de 0 a 6; - Jogo loto leitura bingo; - Brincadeiras: corre cutia e três marinheiros. As atividades foram propostas de acordo que identificavam as necessidades individuais de cada aluno, assim estabeleceram uma estratégia que supria todas as carências apresentadas em sala. O jogo da memoria dos numerais de 0 á 6 e o jogo loto leitura bingo foram escolhidos de acordo com o plano de aula da professora, nesta semana as crianças estudaram até o numeral seis, e formaram palavras de duas silabas. Nas outras semanas optaram pelas brincadeiras corre cutia e três marinheiros por ser trabalhadas em grandes grupos, onde poderiam socializar, brincar e desenvolver as capacidades físicas e mentais. 2. Projeto “Fábulas são Fabulosas” O projeto “Fábulas são Fabulosas” foi elaborado e desenvolvido pelo acadêmicos bolsistas Lânica e Miranilson e teve como a questão problema a utilização da fábula na Educação Infantil de forma a promover o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças com os princípios da Pedagogia da Infância. Contando com a relevância das fábulas, foram desenvolvidas intervenções que proporcionaram as crianças momentos de reflexão da moral da história contada. A cada vivência do projeto era contada uma fábula e realizadas algumas dinâmicas. A cada dia procuraram desenvolver brincadeiras que envolvessem mais as crianças e que facilitassem a percepção delas de que a moral estava sendo colocada em prática, viabilizada pelas brincadeiras. Na primeira vivência foi contada a fábula: “A barriga e os membros”. Em seguida, propuseram a dinâmica do corpo humano focando na moral da história e conversaram com eles sobre os cuidados com o corpo. Finalizando cantaram algumas canções infantis. No segundo dia, contaram a fábula: “A abelha e Júpiter”, as dinâmicas realizadas foram a do pirulito e do bambolê. Dando sequência, foi a vez da fábula: “O Príncipe e as Formigas”, neste dia desenvolveram as brincadeiras: rabo de porco e estourar balões. Encerrando o desenvolvimento do projeto foi contada a fábula: “Os Quatro Bois e o Leão". As dinâmicas foram: o grupo e a bola, e proteção ao amigo. 3. Projeto “Música e Artes” O projeto foi elaborado e desenvolvido pelas acadêmicas bolsistas Anyelle e Mayara. A música é um tema de grande relevância para se trabalhar na Educação Infantil, pois ela está presente na vida das crianças antes mesmo do processo de alfabetização. Através da música é possível trabalhar em vários aspectos do desenvolvimento infantil como a socialização, coordenação motora, oralidade, entre outros. Gohn e Stavracas, (2010, p. 86) afirmam que: “A música é uma arte presente em todas as culturas como linguagem simbólica, com inúmeras representações, que permite à criança expressar suas emoções e sentimentos, contribuindo para a sua formação integral. Sendo uma forma de comunicação e de expressão, torna-se importante elemento na construção do saber, necessária na Educação Infantil e na formação do educador”. De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 49) a linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. Com isso torna-se possível afirmar que a utilização da música na educação infantil se faz necessária e não deve ser aplicada apenas como forma de preenchimento de lacunas durante a aula. Assim, a música deve ser empregada como recurso capaz de contribuir para o desenvolvimento da criança tanto físico, cognitivo, social e até mesmo afetivo. No primeiro dia de desenvolvimento do projeto elas cantaram e assistiram ao vídeo da música “Pomar” (Palavra Cantada). Na outra semana brincaram com os nomes das frutas presentes na música. Depois as crianças ilustraram a música para a confecção de um livro. Dando sequência, apresentaram as frutas concretas com uma salada de frutas, a qual as crianças amaram e comeram tudo. Encerrando foram realizadas atividades com músicas de quadrilha e brincadeiras com intuito de promover a socialização entre as crianças. Resultados e Discussão É relevante considerarmos que o educador tem papel fundamental na constituição dos valores das crianças e as atividades desenvolvidas influenciam positivamente na aprendizagem delas. Desta forma, somos peças fundamentais no processo de instrução das crianças. E para efetivar a aprendizagem dos “pequenos”, a intencionalidade do educador é primordial. A intencionalidade implica perguntas como: quem e por que se educa, para que objetivos se educa, quais os meios adequados de se educar. A intencionalidade é, portanto, a dimensão ética e normativa da prática educativa, pela qual todos os tipos de educadores envolvem-se moralmente no trabalho que realiza. (LIBÂNEO, 2000, p.56) O caminho encontrado para viabilizar nossas intenções foi o trabalho por projeto. Considerando que: Todas as ações são organizadas de maneira conjunta e cooperativa, envolvendo o (a) professor (a) e as crianças, na perspectiva de responder a alguma questão ou necessidade que tenha sido suscitada pela sua curiosidade, pelo desejo de fazer ou de resolver algum problema da realidade física e social. (FARIA, 2007, p. 102). Assim, podemos considerar que todos os projetos focaram no desenvolvimento amplo e nas necessidades das crianças. A reação das crianças em relação às atividades propostas nos projetos foi ótima, participaram e se interagiram muito bem. Notamos que todas as crianças participaram de forma satisfatória, entusiasmadas e partilhando com os colegas todas as descobertas. No projeto “Jogos e Brincadeiras” brincaram com entusiasmo dos jogos e brincadeiras e mesmo que tivessem alguma duvida se dedicaram e se esforçaram. Foi notado que ao trabalharem em duplas ou em pequenos grupos as crianças apresentam melhor comportamento, concentração, socialização e fizeram silêncio para escutar. Já nas atividades trabalhadas em grandes grupos apresentaram dificuldades em escutar e se comportar. No projeto “Fabulas são Fabulosas” elas compreenderam a moral das fábulas e apreenderam atitudes para colocá-las em prática, sendo esta a principal intencionalidade. Existem alguns pontos que precisam ser revistos, mas, sabemos que os erros servirão de base para reflexão e possíveis acertos nas próximas intervenções. No projeto “Música e Artes” elas se envolveram com a música, cantaram, assistiram ao vídeo com atenção, responderam às perguntas, ilustraram a música com grande interesse para confecção do livro, e participaram com empolgação da etapa relacionada a apresentação das frutas concretas. Sendo assim, a proposta atendeu a todos, pois todos estavam com interesse de aprender a música e realizar as atividades solicitadas. Considerações Finais Planejar e adequar seu planejamento faz parte da rotina do educador. Nem sempre alcançaremos o resultado esperado, mas isso não significa que devemos desistir. As crianças também agem diferente em dias diferentes, portanto devemos respeitar a subjetividade de cada uma assim como suas preferências. Depois dos momentos de observação, notou-se a necessidade dos bolsistas acadêmicos contribuírem de forma positiva na rotina da sala da escola campo. Os mesmos foram divididos em duplas, elaboraram projetos e executaram os juntamente com a professora supervisora. Toda semana nos momentos de estudo com a professora coordenadora, as duplas e a professora supervisora fizeram uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas, o envolvimento das crianças, o que deu certo, o porquê não deu certo e o que poderia ser feito para melhorar. Essa reflexão da práxis contribui positivamente para a formação da identidade profissional docente de cada bolsista e na formação continuada das professoras supervisora e coordenadora. Agradecimentos Agradecemos a cada criança da escola campo, que com sua singularidade e simplicidade, nos ensinam a dizer não ao comodismo e a necessidade de sempre buscarmos o melhor para atender as suas necessidades. Referências BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. v. 3. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf> Acesso em: 17 maio 2016. FARIA, Vitória Líbia Barreto; DIAS, Fátima Regina Teixeira Salles. Currículo na Educação Infantil: diálogo com os demais elementos da proposta pedagógica. São Paulo: Scipione, 2007. FRIEDMANN, Adriana. O Brincar na Educação Infantil: observação, adequação e inclusão / Adriana Friedmann. – 1.ed.- São Paulo: Moderna, 2012. – (Cotidiano escolar: ação docente) GOHN, Maria da Glória; STAVRACAS, Isa. O Papel da Música na Educação Infantil. EccoS Revista Científica, vol. 12, núm. 2, julio-diciembre, 2010, p. 85-103. Universidade Nove de Julho. São Paulo, Brasil. Disponível em:<http://www.redalyc.org/pdf/715/71518580013.pdf> Acesso: 17 maio 2016. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: Novas Exigências Educacionais e Profissão Docente. 4 ed. – São Paulo : Cortez, 2000. – (Coleção Questões da Nossa época; v.6). OLIVEIRA, Zilma de Oliveira; MARANHÃO, Damaris; ABBUD, Ieda (et. al.). Um campo de disputa. In:______. O Trabalho do Professor na Educação Infantil. São Paulo: Biruta, 2012.