Fasciola hepatica, um helminto parasito em expansão no Brasil

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Estudo retrospectivo da população atendida em um Serviço de
Atenção à Saúde Auditiva na Alta Complexidade no ano de
2010: achados audiológicos e caracterização da adaptação do
Aparelho de Amplificação Sonora Individual.
Retrospective study of the population served at the Service of
Health Care Hearing in High Complexity in the year 2010:
audiologic findings and characterization of the adaptation of
hearing individual sonorous.
Trabalho apresentado ao Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, requisito
para obtenção de Título de Bacharel em Fonoaudiologia.
CARMO, Carolina de Freitas do, SOGARI, Karla Cristina Colagrande
RESUMO
O presente estudo objetivou identificar o perfil audiológico e as características de
adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora Individual da população atendida em
um Serviço de Atenção a Saúde Auditiva na Alta Complexidade da cidade de Belo
Horizonte (MG). Tratou-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de abordagem
quantitativa realizado a partir de dados secundários obtidos da base de dados digital do
Serviço. Foram levantados dados dos registros de pacientes atendidos no período de
março a dezembro de 2010. As variáveis para o estudo foram: gênero, idade, tipo e grau
da perda auditiva, adaptação monoaural ou binaural, tipo e classe de tecnologia do
Aparelho de Amplificação Sonora Individual. Resultados: Dos 601 indivíduos
atendidos, 56,4% eram do gênero feminino. A faixa etária predominante, 54,1% foi de
indivíduos com idade igual ou superior a 61 anos. O tipo de perda auditiva prevalente
foi a neurossensorial 91,1%. Quanto ao grau da perda auditiva, o predominante foi o
moderado 56,2% na orelha direita e 72% na esquerda. O tipo de adaptação mais
realizada foi a binaural 84%. Quanto ao tipo de aparelho, observou-se prevalência 73%
do retroauricular. A classe tecnológica mais indicada, segundo a Portaria MS/GM n º
587 foi a do tipo B. Conclusão: O estudo possibilitou identificar o perfil audiológico e
as características de adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora Individual da
população atendida no Serviço.

Fonoaudióloga, Mestre em Ciências da Saúde - Saúde da Criança e do Adolescente; Docente do Curso
de Graduação em Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Belo Horizonte,
Minas Gerais.
e-mail para correspondência: [email protected]

Acadêmica do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
Belo Horizonte, MG, v.02, n.03, ago/set de 2012
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Palavras-chave: Audição; Linguagem; Perda auditiva; Auxiliares de audição;
Presbiacusia
ABSTRACT
This study aimed to identify the audiological profile and adaptation characteristics of
hearing aids Individual population seen at the Health Care Services Hearing on the
high complexity of the city of Belo Horizonte (MG). This was a descriptive,
retrospective study, carried out a quantitative approach based on secondary data
obtained from a digital database of Service. The data were collected from records of
patients treated between March-December 2010. The variables for the study were:
gender, age, type and degree of hearing loss, monaural or binaural adaptation, type
and class of technology hearing aids individual. Results: Of the 601 patients seen,
56.4% were female. The age distribution, was 54.1% of persons aged less than 61
years. The prevalent type of hearing loss was sensorineural 91.1%. The degree of
hearing loss, the predominant was 56.2% in the moderate right ear and 72%% on the
left. The type of adaptation was the most performed binaural 84%. Regarding the type
of device, there was 73% prevalence of the retroauricular. The class most suitable
technology, according to Decree MS / GM No. 587 was type B. Conclusion: The study
identified the audiological profile and adaptation characteristics of hearing aids Single
of the population served the Service.
Keywords: Hearing; Language, Hearing loss; Hearing Aids; Presbycusis
INTRODUÇÃO:
A linguagem constitui o principal instrumento de comunicação para a aprendizagem e
interação social do ser humano (BALEN et al.. 2009). Um dos meios em que a
linguagem se manifesta é através da oralidade, sendo a audição, um pré-requisito para a
aquisição e o desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva (MONTEIRO et al..
2009).
O déficit auditivo, independente do tipo e grau pode, em longo prazo, gerar na
população infantil alterações irreversíveis nos aspectos cognitivos e linguísticos
dificultando o processo de desenvolvimento da fala e da linguagem refletindo,
posteriormente, em alterações nas habilidades de leitura escrita, pobre desempenho
escolar e ainda problemas comportamentais (LIMA et. al. 2004).
Na população adulta ou idosa, ocasiona uma diminuição na compreensão da fala,
restringe a participação do indivíduo em situações de vida diária, o que leva à limitações
no convívio social, desvantagens econômicas, dificuldades de manter-se informado
através dos meios de comunicação e de usufruí-los como lazer, levando ao isolamento e
quadros de depressão (ZANDAVALLI , CHRISTMANN, GARCEZ, 2009).
Belo Horizonte, MG, v.02, n.03, ago/set de 2012
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Vários fatores levam à deficiência auditiva na infância, dentre eles destacam-se: fatores
hereditários, infecciosos, malformações, fatores pré, peri e pós natais, prematuridade
(AMADO, ALMEIDA, BERNI, 2009). Na idade adulta ou idosa, pode ser decorrente
de fatores ambientais como exposição a ruídos intensos, traumáticos, presbiacusia,
agentes ototóxicos ou a combinação destes fatores (ARAKAWA et. al. 2010).
Caracterizada por déficit parcial ou total da acuidade auditiva, a perda auditiva (PA)
classifica-se segundo: (1) o local do sistema auditivo que apresenta disfunção, (2) o
acometimento uni ou bilateral, e (3) a intensidade ou grau de acometimento (VIEIRA,
MACEDO, GONÇALVES, 2007).
De acordo com a localização topográfica, a PA será denominada condutiva ou de
condução quando houver afecção no canal auditivo externo ou na orelha média
(ISAAC, MANFREDI 2005; CAMPOS, RUSSO, ALMEIDA, 2003).
A PA será neurossensorial ou sensorioneural quando decorrente de lesão nas células
ciliadas do órgão coclear de Corti e/ou nervo vestíbulococlear (VIII par) (ISAAC,
MANFREDI, 2005). Quando a lesão apresentar-se concomitantemente na cóclea e/ou
VIII par e na orelha média e/ou externa, classifica-se em mista (ISAAC, MANFREDI
2005; CAMPOS, RUSSO, ALMEIDA, 2003).
Quanto ao grau da PA, a classificação é geralmente expressa pela média dos limiares
tonais de via aérea em 500, 1000 e 2000 Hertz. Em crianças, considera-se: audição
normal de 0 a 15 dBNA (Decibels Nível de Audição); discreto de 16 a 25 dBNA; leve
de 26 a 40 dBNA; moderado de 41 a 70 dBNA; severo de 71 a 90 dBNA e profundo,
acima de 90 dBNA (ISAAC, MANFREDI 2005; CAMPOS, RUSSO, ALMEIDA,
2003).
Em adultos, considera-se: audição normal de 0 a 25 dBNA; leve de 21 a 40 dBNA;
moderado de 41 a 70 dBNA; severo de 71 a 90 dBNA e profundo, acima de 91 dBNA
(ISAAC, MANFREDI, 2005; CAMPOS, RUSSO, ALMEIDA, 2003).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2003), 42 milhões de pessoas com
idade superior a três anos são portadores de deficiência auditiva, ocupando o terceiro
lugar entre as deficiências do país. Este número vem crescendo principalmente em
decorrência do aumento da população mundial e da expectativa de vida, sendo
considerado um grave problema de saúde pública (ROSA, DANTE, RIBAS, 2006).
Uma das formas de se minimizar os efeitos negativos dessa deficiência na linguagem e
interação com outros indivíduos é o uso do Aparelho de Amplificação Sonora
Individual (AASI) (PERRELA, BARREIRO, 2005).
O Ministério da Saúde (2004), com o intuito de potencializar o cuidado com a
população portadora de deficiência auditiva, instituiu em 28 de setembro de 2004 a
Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva através das Portarias GM nº 2073 e SAS
nº 587. De acordo com esta política, estão previstas medidas de intervenção através de
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ações integrais de promoção de saúde, proteção específica, tratamento (seleção e
adaptação de próteses auditivas quando houver indicação) o acompanhamento periódico
para monitoramento audiológico, terapia fonoaudiológica, além de assistência social e
psicológica.
Dessa forma, é garantido a universalidade do acesso, a equidade, a integralidade e o
controle social da saúde auditiva. O fornecimento dos AASI’s, também é garantido pela
política SAS nº 587 incluindo os tipos retroauricular (BTE), mini retroauricular (Mini
BTE), intracanal (ITC) e microcanal (MIC). Estes dispositivos eletrônicos recebem a
categorização A B e C, determinada de acordo com o modelo e tecnologia da
amplificação de que se dispõem, visando melhor qualidade e reduzido custo para o
Sistema Único de Saúde (SUS).
A partir daí, o SUS, sistema responsável pelas ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, implantou as Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva
compostas pelas ações na Atenção Básica, Serviços de Atenção à Saúde Auditiva
(SASA) na Média e Alta Complexidade.
As ações na Atenção Básica, de acordo com o Ministério da Saúde (2004),
compreendem ações de promoção à saúde auditiva, prevenção e identificação precoce
de comprometimentos auditivos, assim como ações informativas, educativas, orientação
familiar e encaminhamentos quando necessário para os Serviços de Atenção à
Saúde Auditiva na Média e Alta Complexidade.
As instituições credenciadas como Média Complexidade devem oferecer avaliação
otorrinolaringológica (avaliação clínica e solicitação de exames); avaliação
fonoaudiológica de linguagem e audiológica (audiometria tonal limiar, logoaudiometria,
imitanciometria); triagem e monitoramento da audição de neonatos, pré-escolares e
escolares; diagnóstico, tratamento e reabilitação de perda auditiva em crianças a partir
de três anos de idade, jovens, adultos e idosos sem afecções associadas.
O SASA na Alta Complexidade realiza atenção diagnóstica e terapêutica especializada à
pessoas com risco ou suspeita para PA, constituindo-se como referência para o
diagnóstico, tratamento e reabilitação da deficiência auditiva em recém-nascidos,
crianças, jovens, adultos e idosos com PA. Deverá realizar diagnóstico em crianças até
três anos de idade; em pacientes portadores de afecções associadas (neurológicas,
psicológicas, síndromes genéticas, cegueira, visão subnormal) e com PA unilaterais; ou
que apresentam dificuldade na realização da avaliação audiológica em Serviço de menor
complexidade (Ministério da Saúde, 2004). Executar, quando necessário, exames
complementares de emissões otoacústicas evocadas transitórias (EOAET) e por produto
de distorção (EOAPD), potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) de
curta, média e de longa latência; avaliação otorrinolaringológica; neurológica,
pediátrica; fonoaudiológica de linguagem; avaliação e terapia psicológica; atendimento
em Serviço Social; orientações à família e à escola.
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A equipe do SASA é constituída por vários profissionais da área de saúde como:
Fonoaudiólogos, Otorrinolaringologistas, Enfermeiros, Psicólogo, Assistente Social e
Neuropediatra.
A partir das informações expostas, torna-se relevante identificar o perfil audiológico e
as características de adaptação do AASI da população atendida pelo Serviço, para
conhecimento dos usuários que utilizam a rede SUS pelos profissionais que prestam o
serviço, para os profissionais da área de saúde auditiva em geral e pelo próprio governo,
para acompanhamento do fluxo interno.
MATERIAL E MÉTODOS:
Trata-se de um estudo descritivo do tipo retrospectivo, dos pacientes atendidos e
reabilitados em um Serviço de Atenção a Saúde Auditiva na Alta Complexidade da
cidade de Belo Horizonte (MG) no período de março a dezembro de 2010. As
informações foram colhidas da base de dados digital armazenadas no NOAH System 3,
desenvolvido pela HIMSA (Hearing Instrument Manufacturers Software Association).
Esse sistema, específico e unificado para indústrias de cuidados auditivos e
profissionais audiologistas, dispõe de funções como: realizar mensurações audiológicas,
executar tarefas de regulagens do AASI de diferentes distribuidores além de registrar
informações diárias relacionadas às sessões do cliente por meio do uso de um
computador.
A coleta de dados iniciou no mês de maio de 2011 e foi concluída em junho do mesmo
ano. Foram recolhidos dados dos registros das adaptações realizadas, sendo
posteriormente, transcritos, conferidos e submetidos à análise estatística.
Para registro dos dados utilizou-se uma planilha elaborada especificamente para o
estudo, desenvolvida na plataforma Microsoft Access ® 2003.
Para a análise estatística, foi montado um banco de dados no software SPSS 18 e
posteriormente criou-se tabelas para medidas de tendência central (média, mediana), de
distribuição de frequencia e porcentagem dos achados entre as variáveis observadas. Na
análise cruzada das variáveis categóricas utilizou-se o teste não paramétrico QuiQuadrado e para comparação da mediana da idade entre os gêneros o teste MannWhitney, sendo considerado como significativos a obtenção de um valor de p<0,05. Os
resultados serão apresentados de forma descritiva.
As variáveis utilizadas para o estudo foram: gênero, idade, tipo e grau da PA, adaptação
monoaural ou binaural, tipo e classe de tecnologia do AASI selecionado no SASA.
As informações referentes ao gênero, idade, tipo e classe de tecnologia do dispositivo
foram registradas segundo os indivíduos, enquanto que os resultados da avaliação
audiológica (tipo e grau da PA) foram anotados de acordo com as orelhas examinadas,
orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE).
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Para análise da população por faixa etária, considerou-se inicialmente a proposta das
Portarias SAS/MS n° 587 e SAS/MS n° 589 do Ministério da Saúde, que distinguem
três faixas etárias para planejamento da intervenção em Saúde Auditiva: crianças
menores (zero a três anos), crianças maiores (três a 15 anos) e adultos (maiores de 15
anos). Porém, para não ocorrer duplicação dos dados durante a análise estatística, fez-se
necessário a alteração das faixas etárias considerando para o estudo: crianças menores
(zero a três anos), crianças maiores (quatro a 15 anos), adultos (16 a 60 anos). Neste
estudo acrescentamos a população idosa com idade igual ou superior a 61 anos, por ser
a população mais frequente no Serviço.
Para a classificação do tipo da PA utilizou-se definições propostas por Silman e
Silvermann (1999). Quanto ao grau da PA, baseadas na média das frequências de 500,
1000 e 2000 Hz obedeceu-se os critérios propostos por Northern Downs e Davis
Silvermann (1970) (DOMINGOS, 2010), referências padronizadas no Serviço e
mensuradas pelo programa NOAH a partir dos resultados apresentados no exame
audiológico realizado na ocasião. Na ausência de PA classificou-se a audição como
normal.
Como critério de inclusão considerou-se apenas os registros de adaptações por
condução aérea de AASI’s com processamento de sinal digitalmente programável, no
período citado, preenchidos de forma completa. Foram excluídos do estudo: registros de
testes do software, registros incompletos ou duplicados, sem acesso e de adaptações de
AASI’s com processamento de sinal analógico.
Antecedendo à entrada no SASA, solicitou-se a permissão dos responsáveis para a
execução do estudo. Os mesmos foram devidamente esclarecidos quanto aos
procedimentos realizados, bem como sobre o caráter científico da pesquisa,
possibilitando, desta forma, a divulgação dos resultados.
Devido ao caráter documental da pesquisa, não foi necessário o termo de consentimento
livre e esclarecido, documento no qual o sujeito da pesquisa e/ou seu representante legal
autoriza sua participação voluntária na pesquisa após explicação completa sobre a
natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o
incômodo que esta possa acarretar (Resolução, 196/96, II.11).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 840 registros encontrados, apenas 601 atenderam aos critérios de elegibilidade
definidos para o estudo. Os indivíduos considerados candidatos ao uso do AASI no ano
de 2010 foram 339 (56,4%) do gênero feminino e 262 (43,6%) do gênero masculino.
Dos 339 indivíduos do gênero feminino, a média de idade foi de 58,15 anos (±) 22,86
desvio padrão (dp). Do gênero masculino, a média de idade dos 262 indivíduos foi de
55,35 anos (±) 24,75 dp. O teste Mann-Whitney não revelou diferenças estatisticamente
significantes entre a mediana das idades (p= 0,256). Conclui-se que a mediana das
idades de cada gênero são estatisticamente iguais, a um nível de significância de 5%.
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Em relação à faixa etária, 15 eram crianças com idade menor ou igual a 3 anos (2,5%),
42 (7%) de 4 a 15 anos, 219 (36,4%) de 16 a 60 anos e 325 (54,1%) com idade igual ou
superior a 61 anos. A idade dos indivíduos variou entre 1 e 101 anos, sendo a média de
idade 56,98 anos.
Quanto ao tipo de PA, na orelha direita, 70% (421) apresentaram perda auditiva
neurossensorial, 19,1% (115) PA mista, 10% (60) audição normal e 0,8% (5)
apresentaram limiares auditivos normais de acordo com a classificação proposta, porém
observou-se presença de curva audiométrica descendente para as frequências altas
O grau de PA predominante, na orelha direita, foi o moderado 56,2% (338), seguido do
leve 14,5% (87), severo 13% (78), 10% (60) audição normal, 5,5% (33) profundo e em
0,8%(5) observou-se limiares auditivos normais com presença de curva audiométrica
descendente para as frequências altas.
Quanto ao tipo de PA, na orelha esquerda, 72% (433) eram neurossensorial, 20,8%
(125) mista 6,2% (37) audição normal e 1,0% (6) apresentaram limiares auditivos
normais com presença de curva audiométrica descendente para as frequências altas.
O grau de PA predominante, na orelha esquerda, foi o moderado 57,9% (348), seguido
do severo 14,6% (88), leve 13,8% (83), 6,3% (38) profundo, 6,2% (37) audição normal
e em 1,2% (7) observou-se limiares auditivos normais com presença de curva
audiométrica descendente para as frequências altas. Os valores do teste do QuiQuadrado para o cruzamento das variáveis tipo e grau da PA na orelha direita e na
orelha esquerda revelaram associação estatisticamente significante (p<0,000).
Com relação ao tipo de adaptação mais realizada 84% (505) foram binaural e 16% (96)
monoaural. A análise estatística revelou associação estatisticamente significante entre as
variáveis, faixa etária e tipo de adaptação realizada (p= 0,005). Sendo assim, pode-se
observar que estas variáveis não são independentes.
Das 505 adaptações binaurais, (15) ocorreram em crianças com idade menor ou igual a
3 anos, (38) de 4 a 15 anos, (170) de 16 a 60 anos e (282) com idade maior ou igual a
61 anos. Das 96 adaptações monoaurais, (4) foram realizadas em crianças de 4 a 15
anos, (49) de 16 a 60anos e (43) em indivíduos com idade igual ou superior a 61 anos.
Quanto ao tipo de aparelho selecionado, observou-se maior prevalência 73% (441) do
BTE, 15% (90) do ITC, 6,5% (39) do Mini BTE e 5,2% (31) do MIC. O valor do teste
do Qui-Quadrado revelou que não há associação estatisticamente significante entre as
variáveis, faixa etária e tipo de AASI (p= 0,083).
No que se refere à classe de tecnologia dos AASI’s dispensados segundo a Portaria nº
587, 256 (42,6%) foram da Tecnologia B, 178 (29,6%) Tecnologia A e 167 (27,8%) da
Tecnologia C.
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Ao analisarmos as classes de tecnologias dispensadas nas diferentes faixas etárias
observamos que dos 256 AASI’s de tecnologia B, 2 foram selecionadas para crianças
com idade menor ou igual a 3 anos, 10 para crianças de 4 a 15 anos, 106 para adultos de
16 a 60 anos e 138 para indivíduos idosos com idade igual ou superior a 61 anos.
Dos 178 AASI’s de tecnologia A, 2 foram selecionadas para crianças com idade menor
ou igual a 3 anos, 5 para crianças de 4 a 15 anos, 26 para adultos de 16 a 60 anos e 145
para indivíduos idosos com idade igual ou superior a 61 anos.
Dos 167 AASI’s com tecnologia tipo C, 11 foram selecionados para crianças com idade
menor ou igual a 3 anos, 27 para crianças de 4 a 15 anos, 87 para adultos de 16 a 60
anos e 42 para indivíduos idosos com idade igual ou superior a 61 anos. O valor do teste
do Qui-Quadrado revelou que existe associação estatisticamente significante entre as
variáveis faixa etária e classe de tecnologia do AASI (p=0,000).
Observou-se nos resultados, a prevalência de PA no gênero feminino com faixa etária
igual ou superior a 61 anos havendo concordância com outros estudos encontrados
(MATTOS, VERAS, 2007; ROSALINO, 2005; DIMATOS et al.. 2011). Tais achados
podem ser explicados pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), onde se constatou um número maior de mulheres na faixa etária idosa. Isto se
deve às diferentes exposições a fatores de risco e mortalidade além da elevação da
expectativa média de vida, como é relatado por outros autores (SILVA et al.. 2007;
MARQUES, KOZLOWSKI, MARQUES, 2004; MENESES et al.. 2010).
Outros fatores considerados são os aspectos do envelhecimento biológico ou a
influência do processo presbiacúsico, caracterizado por um decréscimo fisiológico da
audição com a idade, uso de medicamentos e alterações metabólicas como descrito na
literatura (ROSALINO, 2005; SILVA et al.. 2007; RUSCHEL, CARVALHO,
GUARINELLO, 2007). A PA aumenta de forma progressiva e proporcional ao aumento
da faixa etária (MENESES et al.. 2010; GRECO, RUSSO, 2006; RUSCHEL,
CARVALHO, GUARINELLO, 2007).
Autores comentam ainda existir maior preocupação pelas mulheres em buscar
orientação médica e reabilitação em relação aos homens. Geralmente, nestes, há uma
subestimação da dificuldade auditiva, segundo Uchida e colaboradores (2003).
Porém, nossos achados não concordam com outros estudos que apontam maior
frequência de PA para o sexo masculino (ROSALINO, 2005; MENESES et al.. 2010;
SOUSA, RUSSO, 2009).
Os resultados referentes ao tipo de PA apontaram predominância da neurossensorial
corroborando achados na literatura estudada (ESTEVÃO, 2008). Tanaka e
colaboradores (2002) enfatizaram ser o perfil de PA neurossensorial uma das
características da presbiacusia, termo referente à PA no idoso. Esta ocorre de forma
lenta e progressiva, podendo tornar-se socialmente incômoda por volta da quarta e
quinta década de vida. Geralmente é bilateral e acomete inicialmente as frequências
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altas como descrito por outros autores (PERRELA, BARREIRO, 2005; VERAS,
MATTOS, 2007; PICOLINI et. al, 2010).
O uso do AASI beneficia os indivíduos portadores de deficiência auditiva
neurossensorial, pois permite a estimulação da audição residual; proporciona melhor
audibilidade de fala; facilita a educação, o desenvolvimento psicossocial e intelectual;
amplifica os sons do ambiente e de alerta, além de aliviar ou minimizar a sensação de
incômodo causada pelo zumbido, sintoma muitas vezes comum nesta população
(PINTO, SANCHEZ, TOMITA, 2010; CAPORALI, SILVA, 2004).
No que se refere ao grau da PA, houve prevalência do grau moderado. Estes resultados
foram semelhantes aos já citados em pesquisas anteriores (CAPORALI, SILVA, 2004;
TEIXEIRA et. al, 2004) e revelam a existência de uma relação direta com a faixa etária
mais frequente. Indivíduos idosos apresentam degeneração no sistema auditivo que
levam à diminuição da percepção e elevação de limiares, dificuldades na localização do
som e compreensão da fala, ocasionados pela PA.
Com relação à adaptação, o tipo mais realizado foi binaural. Tal dado encontra-se de
acordo com o estudo realizado (MOURA, IORIO, AZEVEDO, 2004) em que
demonstrou que, a adaptação binaural deve ser a primeira opção na indicação no
processo de adaptação considerando os benefícios oferecidos para os aspectos da
aprendizagem, pistas de localização e seleção da fonte sonora, reconhecimento de fala
diante de sons competitivos (MAGNI et. al, 2005; DANIELI et. al, 2011).
Conforme exposto, o presente estudo apresentou um maior número de usuários de
AASI’s do tipo BTE, seguido pelos ITC, Mini BTE e MIC. Tal dado corrobora com os
achados de outros autores (ZANDAVALLI, CHRISTMANN, GARCEZ, 2009), pois
aqueles modelos permitem importantes níveis de amplificação devido ao tamanho,
potência e facilidade de manuseio (MOURA, IORIO, AZEVEDO, 2004). Os modelos
ITC, Mini BTE e MIC, estão diretamente relacionados à busca por uma melhor estética,
pois são aparelhos menos visíveis, segundo Morettin (2008). É importante comentar que
o critério utilizado para seleção do AASI varia de acordo com o grau da PA; a
necessidade individual do usuário; idade em que ocorreu a PA; o padrão de linguagem
oral; o nível intelectual; a associação de alterações físicas e/ou mentais; o grau de
motivação e aceitação do uso de AASI’s por parte do usuário; apoio familiar; condição
financeira dentre outros, já citados na pesquisa de Zandavalli e colaboradores (2003).
Quanto à classe tecnológica dos aparelhos selecionados houve uma maior prevalência
da tecnologia B. Segundo a portaria nº 587, o percentual de prescrição e fornecimento
pelos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva das diferentes classes de tecnologia de
AASI, é de: 50% do tipo A, 35% do tipo B e 15% do tipo C. No ano de 2010, as
empresas fornecedoras dos AASI’s do tipo A não disponibilizaram quantidade
suficiente de marcas e modelos adequados às especificações exigidas pela portaria.
Diante disso, houve a necessidade da solicitação de aparelhos auditivos do tipo B pela
equipe do Serviço, afim de não prejudicar a qualidade da adaptação auditiva dos
usuários.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo possibilitou identificar o perfil audiológico e as características de adaptação do
AASI da população atendida no Serviço de Saúde Auditiva na alta Complexidade e
verificar que estes se encontram compatíveis com as características relatadas pela
literatura.
Evidenciou-se a prevalência de sujeitos idosos, do gênero feminino, com faixa etária
igual ou superior a 61 anos. A PA mais frequente foi a neurosenssorial de grau
moderado. A adaptação mais utilizada foi a binaural e a classe tecnológica do AASI
mais indicada foi a classe B, segundo a Portaria MS/GM n º 587.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação e Administração do Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Alta
Complexidade na cidade de Belo Horizonte (MG) pela oportunidade concedida para a
realização da pesquisa. À professora Carolina de Freitas do Carmo, minha orientadora,
pelo apoio e disponibilidade. À Professora Vanessa Ferreira Mariz e Fonoaudióloga
Letícia Macedo Penna pela contribuição e incentivo durante a realização do trabalho.
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