APOSTILA CERTIFICAÇÃO RPPS 1 MÓDULO I – GESTÃO DO PASSIVO PREVIDENCIÁRIO 1. CONCEITOS PREVIDENCIÁRIOS FUNDAMENTAIS .................................................. 3 1.1. Receitas e Despesas Previdenciárias.................................................................. 3 1.2. Certificado de Regularidade Previdenciária ....................................................... 6 1.3. Avaliação Atuarial ............................................................................................... 12 2. REGIME DE REPARTIÇÃO E DE CAPITALIZAÇÃO ................................................. 14 2.1 Constituição de Fundos Previdenciários ........................................................... 14 2.2. O Risco do Regime de Repartição Simples ...................................................... 15 2.3. Desafios e Vantagens do Regime de Capitalização ......................................... 17 2.4. Estratégias para a Capitalização do Novo Regime .......................................... 18 2.5. A Importância do Equilíbrio Financeiro e Atuarial do Sistema ....................... 19 3. BENEFÍCIO DEFINIDO E CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA.............................................. 20 4. ATIVO, PASSIVO E RESULTADO PREVIDENCIÁRIO .............................................. 23 5. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS E BENEFÍCIOS A CONCEDER................................... 28 6. PLANO DE CUSTEIO ................................................................................................. 31 7. INTERPRETAÇÃO DO CÁLCULO ATUARIAL ........................................................... 33 7.1. Resultado Atuarial ............................................................................................... 33 7.2. Projeção Atuarial ................................................................................................. 34 7.3. Premissas Atuariais ............................................................................................ 36 7.3.1. Taxa de Juros (Meta Atuarial) ......................................................................... 37 7.3.2. Tábuas Biométricas ......................................................................................... 38 7.3.3. Crescimento Salarial ....................................................................................... 39 7.3.4. Fator de Capacidade ....................................................................................... 39 7.3.5. Composição Familiar ....................................................................................... 39 7.3.6. Novos Entrantes e Rotatividade ...................................................................... 40 7.4. Variações do Resultado Atuarial ....................................................................... 41 8. GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO – ASSET LIABILITY MANAGEMENT (ALM) 9. ADMINISTRAÇÃO DO CADASTRO ........................................................................... 47 2 1. CONCEITOS PREVIDENCIÁRIOS FUNDAMENTAIS 1.1. Receitas e Despesas Previdenciárias Os entes da federação (municípios, estados, DF e união) possuem competência para tratar da seguridade social, sendo dividida em: assistência, previdência e saúde. A previdência social deve sempre ser gerenciada à parte da assistência e saúde devido às suas peculiaridades. O aspecto financeiro diferenciador mais importante é quanto ao comportamento das despesas ao longo do tempo, pois se sabe que essas despesas apresentam crescimento rápido, refletindo o aumento do volume de benefícios previdenciários em relação às receitas de contribuições previdenciárias. Esse fato é normalmente evidenciado pela divulgação de um indicador que corresponde à relação entre o número de beneficiários (aposentados e pensionistas) e o de contribuintes, valor este que tende a crescer no médio prazo e a se estabilizar no longo prazo em um número maior que um, significando que o regime possui mais beneficiários do que contribuintes ativos. A previdência tem como objetivo proteger o servidor da perda permanente da capacidade laborativa por ocasião de morte, invalidez ou idade avançada, além da perda temporária da capacidade em função de doença, acidente, maternidade e reclusão. Sendo assim, os benefícios previdenciários se dividem em benefícios de prestação continuada e auxílios, respectivamente. Os benefícios de prestação continuada são: aposentadoria por invalidez, aposentadoria programada (por idade ou tempo de contribuição) e pensão. Já os auxílios são: auxílio-doença, auxílio-reclusão, saláriofamília e salário-maternidade. As despesas previdenciárias de um regime próprio devem corresponder somente àquelas previstas pela Constituição Federal e legislação em geral. O regime próprio deverá no mínimo conceder os benefícios de aposentadoria e pensão. No máximo, além 3 dos benefícios de aposentadoria e pensão, poderá oferecer aos segurados e dependentes o auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário-família e salário-maternidade. Os benefícios de salário-família e auxílio-reclusão só serão devidos aos dependentes dos segurados de baixa renda, com remuneração, provento ou pensão brutos inferiores ao limite determinado e corrigido anualmente pelo Ministério da Previdência social. Uma despesa adicional, que não é usufruída diretamente pelos segurados do regime é a despesa com a taxa de administração, que corresponde ao valor máximo de 2% do valor total das remunerações, proventos e pensões dos segurados vinculados ao regime próprio de previdência, relativamente ao exercício financeiro anterior. Cada regime pode, portanto, estipular um percentual diferente, de acordo com a necessidade que surge em relação às despesas de caráter administrativo envolvendo remuneração de pessoal, materiais de expediente, energia, água e esgoto, comunicações, vigilância, locações, manutenção, limpeza e conservação dos bens móveis e imóveis, consultoria, assessoria técnica, honorários, entre outros. Desde que haja aprovação dos conselheiros, o regime próprio pode constituir reservas com eventuais sobras do custeio administrativo, cujos recursos somente serão utilizados para os fins destinados pela taxa de administração, sendo que o montante não poderá ultrapassar a totalidade das efetivas despesas administrativas do exercício anterior. De acordo com a legislação geral (federal), para as despesas previdenciárias serem custeadas suficientemente, devem obrigatoriamente haver no mínimo as receitas de contribuição do servidor e de contribuição do ente (patronal). A contribuição do servidor deve ser de no mínimo 11% e a contribuição do ente no mínimo uma vez e no máximo duas vezes a contribuição do servidor. Em se tratando de um regime capitalizado, ou seja, aquele no qual existe um fundo previdenciário, haverá também uma receita patrimonial de juros que será fundamental para a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial no longo prazo. Para auxiliar o gerenciamento eficiente das aplicações financeiras do fundo previdenciário e os juros correspondentes surge a necessidade da existência da certificação do gestor responsável pelos investimentos dos regimes 4 próprios. A legislação local pode prever ainda outras fontes de receita, como royalties do petróleo, que são uma compensação financeira devida ao ente, incidente sobre a produção mensal das empresas concessionárias de petróleo e gás natural. O ente pode então, desde que previsto em lei, deslocar parte ou toda essa receita para o fundo previdenciário. Assim como para os royalties do petróleo, pode o ente legalmente atribuir outros créditos para o fundo, de acordo com a necessidade do regime. Um aspecto importante que diferencia os regime próprios dos outros regimes previdenciários brasileiros (entidades abertas e fechadas de previdência complementar) é a existência da Compensação Previdenciária. Essa compensação surge na medida em que um servidor público, ao se aposentar, pode averbar tempo de contribuição anterior aportado ao regime geral (INSS). Sendo assim, mediante o processo administrativo formalizado, este servidor irá provocar uma receita de compensação previdenciária para o regime instituidor do benefício programado (regime próprio), sendo repassada mensalmente pelo regime de origem (INSS). Analogamente, na situação contrária, a qual o servidor se desliga de um regime próprio e passa a contribuir para o INSS, quando posteriormente se aposenta, será gerada uma despesa de compensação previdenciária para o regime de origem (regime próprio) que irá arcar com a parte que lhe cabe em relação ao pagamento mensal do benefício concedido pelo regime instituidor (INSS). Trata-se na prática de uma espécie de rateio proporcional das despesas com relação aos benefícios programados. Atualmente só existe regulamentação quanto à compensação entre os regimes próprios e o regime geral. A compensação previdenciária de um regime próprio para outro regime próprio ainda será implantada, dependendo de regulamentação federal. 5 1.2. Certificado de Regularidade Previdenciária O Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) é o documento emitido pela União através da Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS), com validade de 90 dias, e que atesta a regularidade do ente público, envolvendo aspectos do ente e do regime próprio de previdência social dos servidores. Para tal, deve o ente possuir legislação que respeite as normas gerais, bem como serem elaborados e enviados o Demonstrativo Previdenciário, o Demonstrativo de Investimentos e Disponibilidade Financeira (Demonstrativo Financeiro), o Demonstrativo de Resultado da Avaliação Atuarial (DRAA), o Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS, os Demonstrativos Contábeis e o Demonstrativo da Política de Investimentos. O CRP será exigido do ente público nas situações elencadas a seguir que envolvem transações financeiras com o governo federal, exceto quanto às transferências voluntárias relativas às ações de educação, saúde e assistência social. - Realização de transferências voluntárias de recursos pela União; - Celebração de acordos, contratos, convênios ou ajustes com órgãos ou entidades da Administração Direta e Indireta da União; - Concessão de empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da Administração Direta e Indireta da União; - Liberação de recursos de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras federais; - Pagamento dos valores devidos pelo Regime Geral em razão da compensação previdenciária. 6 O Demonstrativo Previdenciário será elaborado com base nas informações contábeis do regime próprio e do ente, incluindo valores mensais de contribuição previdenciária, compensação previdenciária, receita patrimonial de aplicação de recursos, despesas com aposentadorias e pensões, despesas administrativas, remuneração dos servidores ativos, e saldo financeiro do fundo previdenciário. O Demonstrativo de Investimentos e Disponibilidade Financeira (Demonstrativo Financeiro) será elaborado com base nas negociações em mercado financeiro referentes ao fundo previdenciário, incluído informações sobre: preço/quantidade e valor da operação, emissor, data da emissão, data e valor de resgate, indexador, taxa de juros, agente custodiante, contraparte, nível de risco e agência de risco. O Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS é um documento de comprovação do repasse do ente e recolhimento ao regime próprio das contribuições a seu cargo, dos valores retidos dos segurados, dos aportes de recursos e débitos de parcelamento, correspondentes às alíquotas fixadas em lei, devidamente confirmado (assinado) pelo dirigente da unidade gestora do regime próprio e pelo representante do ente (chefe do executivo). O DRAA é elaborado anualmente e deve ser enviado até 31 de março após o encerramento do exercício financeiro, tendo como base os valores das projeções e resultados apurados na avaliação atuarial. O Demonstrativo da Política de Investimentos também é anual e deve ser encaminhado até 31 de dezembro, referindo-se à política do exercício seguinte. Os Demonstrativos Contábeis são elaborados semestralmente e devem ser enviados até 30 de setembro (encerramento do 1º semestre) e 31 de março (encerramento do exercício anterior). 7 Os Demonstrativos Previdenciários, de Investimentos e Disponibilidade Financeira e o Comprovante de Repasse e Recolhimento devem ser enviados eletronicamente até o último dia do mês seguinte ao encerramento de cada bimestre do ano civil. Ademais, as normas previdenciárias locais e o ente devem respeitar os seguintes critérios, elencados e explicados resumidamente a seguir: - Unidade gestora e regime próprio únicos: existência de apenas um regime próprio de previdência social e uma unidade gestora do respectivo regime dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entendendo-se como unidade gestora aquela com a finalidade de gerenciamento e operacionalização do respectivo regime; - Participação dos segurados, ativos e inativos, nos colegiados: os regimes próprios deverão contar com a participação de representantes dos segurados nos conselhos e instâncias de decisão em que os seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação; - Cobertura exclusiva a servidores efetivos: cobertura exclusiva a servidores públicos titulares de cargos efetivos e a militares, isto é, todos os que prestaram concurso e seus dependentes, não podendo amparar aqueles servidores que ocupam, exclusivamente, os cargos em comissão, também chamados de cargos de confiança, e os servidores temporários. Nesta última categoria excluída, estão aqueles que exercem os mandatos eletivos e, ainda, os contratados por tempo determinado em razão de excepcional interesse público; - Caráter contributivo: esse critério determina a necessidade de previsão expressa, em lei, das alíquotas de contribuição dos entes federativos e de seus segurados, bem como o repasse integral das respectivas contribuições ao órgão ou entidade gestora do regime próprio de previdência social; 8 - Observância dos limites legais das alíquotas de contribuição: a alíquota dos servidores não poderá ser inferior daquela cobrada dos servidores titulares de cargo efetivo da União. Além disso, a alíquota do ente não poderá ser inferior a do seu servidor ou superior ao dobro, salvo em caso de necessidade de cobertura de eventuais insuficiências financeiras do respectivo regime próprio decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários; - Base de incidência das alíquotas de contribuição: A contribuição dos servidores ativos incidirá sobre a totalidade da base para a contribuição, enquanto que a contribuição sobre os proventos dos inativos e sobre as pensões incidirá somente sobre a parcela que ultrapassar o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS ou que ultrapassar o dobro desse limite quando o beneficiário for portador de doença incapacitante, nas mesmas alíquotas aplicadas às remunerações dos servidores ativos. - Utilização de recursos previdenciários: utilização dos recursos vinculados ao regime próprio de previdência social apenas para o pagamento de benefícios previdenciários, com exceção às despesas administrativas. Os recursos não podem ser utilizados para conceder assistência à saúde e auxílio financeiro de qualquer espécie; - Conta distinta para os recursos previdenciários: a conta bancária do regime próprio de previdência social deve ser distinta da conta tesouro do ente federativo, possibilitando a comprovação da utilização adequada dos recursos previdenciários; - Aplicações financeiras de acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN): os recursos do regime próprio devem ser aplicados conforme as regras fixadas pelo CMN, sendo vedada a concessão de empréstimos ou assistência financeira de qualquer espécie à administração direta ou indireta, bem como aos servidores e dependentes; - Equilíbrio financeiro e equilíbrio atuarial: com base na avaliação atuarial e no DRAA, deve ser garantido o equilíbrio financeiro e atuarial do regime, observadas as alíquotas de contribuição de equilíbrio necessárias para a cobertura do plano, bem como, se 9 necessário, o plano de amortização e a segregação de massas para o equacionamento do déficit atuarial; - Não existência de convênio ou consórcio para pagamento de benefícios: o pagamento de benefícios não pode ser feito por meio de convênios, consórcios ou outra forma de associação entre estados, entre estados e municípios e entre municípios, ou seja, os benefícios devem ser concedidos diretamente pelo regime próprio que o instituiu; - Concessão de benefícios não distintos do RGPS: Os benefícios concedidos pelo ente e regime próprio não podem ser distintos daqueles concedidos pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS: aposentadoria por invalidez, aposentadoria programada, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade, pensão e auxílio-reclusão; - Regras de concessão, cálculo e reajustamento de benefícios: a previsão de requisitos e critérios de concessão de benefícios, bem como a definição de dependente (cônjuge, companheiro(a), filho(a), pais e irmãos) não podem ser diferentes daqueles previstos na Constituição Federal e utilizados pelo RGPS; - Não-inclusão de parcelas remuneratórias temporárias nos benefícios: para o cálculo do valor dos benefícios, bem como sua percepção, não é permitida a inclusão de parcelas remuneratórias temporárias, como aquelas pagas em decorrência de função de confiança, de cargo em comissão ou do local de trabalho, bem como do abono de permanência; - Demonstrações contábeis: deverão ser elaborados o balanço orçamentário, o balanço financeiro, a demonstração das variações patrimoniais, o balanço patrimonial e as notas explicativas; - Escrituração de acordo com o plano de contas definido por norma específica do MPS: a escrituração será feita de forma autônoma em relação às contas do ente público, identificando e consolidando demonstrativos financeiros e orçamentários das receitas e 10 despesas previdenciárias que expressem com clareza a situação do patrimônio do respectivo regime e as variações ocorridas no exercício; - Registro individualizado: devem ser disponibilizados aos segurados extratos anuais dos registros individualizados das contribuições do segurado e do ente federativo, incluindo matrícula, remuneração, valores mensais e acumulados da contribuição do servidor e do ente; - Acesso dos segurados às informações do regime: garantia de pleno acesso dos segurados às informações relativas à gestão do regime próprio de previdência social, permitindo livre acesso às unidades gestoras ou fundos previdenciários, podendo inspecionar livros, notas técnicas e documentos, e estando sujeito o infrator às penas previstas pela lei por qualquer dificuldade oposta à consecução desse objetivo; - Encaminhamento de documentos: envio periódico à Secretaria de Previdência Social dos seguintes documentos: legislação completa referente ao regime de previdência social; avaliação atuarial inicial do regime próprio; Demonstrativo de Resultado da Avaliação Atuarial – DRAA; Demonstrativo das Receitas e Despesas do Regime Próprio; Demonstrativo Financeiro do Regime Próprio; e Comprovante do Repasse das contribuições a cargo do ente da federação e dos valores descontados dos segurados e dos pensionistas; - Atendimento de solicitação do MPS: as solicitações de documentos ou informações em auditoria indireta pelo Ministério da Previdência Social ou pelo Auditor Fiscal em auditoria direta devem ser atendidas do prazo estipulado. Incumbe ao Ministério da Previdência Social a fiscalização dos regimes próprios de previdência. O CRP terá a sua emissão suspensa ou cancelada quando da verificação pela Secretaria de Previdência Social (SPS) de infração dos critérios e exigências previstos, mediante Processo Administrativo Previdenciário que assegure o contraditório e a ampla defesa. 11 Assim, pode ser instaurado processo administrativo de duas formas: quando da elaboração da notificação de auditoria fiscal por parte do auditor fiscal, no caso de auditoria ordinária in loco; ou quando da emissão de parecer pelo Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público, no caso de constatação de irregularidades mediante expedição de Notificação de Irregularidade através da análise dos demonstrativos e demais documentos exigidos para fins de emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária. 1.3. Avaliação Atuarial O objetivo da avaliação atuarial é apurar e quantificar o preceito constitucional do equilíbrio financeiro e atuarial através da elaboração de projeções e conseqüente determinação do superávit/déficit técnico do plano. Para isso, toda a legislação geral (federal) e local, do ente, é considerada. Sua elaboração deve ser feita com periodicidade mínima anual, sendo que os resultados dela servirão de base para o preenchimento do DRAA que deve ser enviado até 31 de março de cada exercício financeiro. É importante destacar que o parecer atuarial deve ser assinado por profissional atuário devidamente registrado no Instituto Brasileiro de Atuária (IBA). Uma avaliação atuarial deve possuir pelo menos os seguintes itens: - Fundamentação legal: apontamento da legislação geral e local que embasou os cálculos; - Plano de benefícios: descrição das coberturas existentes e das condições gerais de concessão dos benefícios do plano previdenciário; - Plano de custeio: definição das fontes de recursos do regime, as receitas previdenciárias e créditos atribuídos ao plano; 12 - Estatísticas: estatísticas por sexo, idade, tempo de contribuição, remuneração de atividade e proventos de inatividade, da massa de servidores ativos e inativos e, se disponível, estatísticas por sexo e idade dos dependentes beneficiários com direito à pensão por morte; - Fundo previdenciário: comparativo dos últimos três anos entre a taxa de juros atuarial (meta atuarial) e a rentabilidade dos fundos; - Premissas atuariais: regimes de financiamento dos diversos benefícios oferecidos, hipóteses atuariais e formulações básicas utilizadas, segregadas por tipo de benefício; - Resultado atuarial: descrição e valor das provisões matemáticas suficientes para garantir o pagamento dos benefícios estipulados no plano previdenciário, bem como ocasionais mudanças de premissas atuariais ou métodos, justificando tal procedimento; - Plano de custeio de equilíbrio atuarial: definição das alíquotas e formas de obtenção do equilíbrio atuarial; - Projeção atuarial: fluxo anual projetado de receitas e despesas do fundo para um período mínimo de 75 anos; - Parecer sobre o banco de dados: qualidade do cadastro fornecido pela entidade, que serviu de base para a realização da avaliação atuarial; - Parecer atuarial: parecer conclusivo do atuário responsável pela avaliação atuarial contendo as causas do superávit/déficit técnico atuarial. Em se tratando de déficit atuarial, as possíveis soluções para o equacionamento, e de superávit, a sua destinação; - Análise comparativa: comparação entre os resultados das três últimas avaliações 13 anuais, indicando a margem de erro das suposições formuladas em relação ao observado; - Nota técnica atuarial: definição matemática de como foram elaborados os cálculos e projeções atuariais. As próximas seções apresentarão os conhecimentos mínimos que servem de base para o entendimento e interpretação da avaliação atuarial de um regime próprio de previdência social, além de sua utilização como instrumento gerencial de tomada de decisões estratégicas. 2. REGIME DE REPARTIÇÃO E DE CAPITALIZAÇÃO 2.1 Constituição de Fundos Previdenciários Na vigência da atual Constituição, o regime de previdência social sofreu duas grandes alterações estruturais. A primeira reforma veio com a Emenda Constitucional 20/98, trazendo o conceito de equilíbrio atuarial e o caráter contributivo ao se mudar o critério de tempo de serviço para tempo de contribuição. A segunda foi consolidada em duas partes, com as Emendas Constitucionais 41/03 e 47/05, inovando no conceito de solidariedade que viria a justificar a contribuição previdenciária de inativos e pensionistas, além de impor regras de concessão de benefício ainda mais rígidas. Os regimes próprios de previdência social possuem, desde a Emenda Constitucional 20/98, a faculdade de constituírem fundos integrados, mas desde que sejam estruturados de forma a preservar o equilíbrio financeiro e atuarial previsto na própria Lei Maior. Esta mudança foi um marco histórico na previdência pública e procurou trazer segurança ao sistema, amparado ainda pela rígida Lei de Responsabilidade Fiscal. Na Ciência Atuarial, essa constituição de fundo representa a prudente transição do 14 regime financeiro de repartição simples para o regime financeiro capitalizado. A faculdade de se constituir um fundo deve ser vista como uma obrigação para o bom administrador, visto que um sistema previdenciário custeado pelo regime de repartição certamente entrará em colapso a médio prazo. 2.2. O Risco do Regime de Repartição Simples Imagina-se, então, um regime cujos benefícios previdenciários são custeados sob o regime de repartição e que, conseqüentemente, se utiliza da receita previdenciária do atual exercício financeiro para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados e pensionistas. Certamente, as despesas previdenciárias, mesmo inicialmente insignificantes em volume financeiro, aumentarão num ritmo bem mais rápido que o das contribuições. Inevitavelmente haverá uma preocupação constante com a relação entre o número de servidores ativos e o de aposentadorias e pensões. A lógica é bastante simples: caso exista a contribuição do servidor na alíquota de 11% e a do ente na de 22%, é necessário que pelo menos 3 servidores ativos “se juntem” para que cada um dos seus 33% consiga pagar integralmente um benefício apenas, seja este uma aposentadoria ou pensão. Essa realidade se ameniza um pouco no caso da instituição da contribuição de inativos e pensionistas, prevista pela Emenda Constitucional 41/03, mas se agrava ao ser projetado o crescimento salarial real do servidor ao longo de sua carreira, mesmo na posterior ausência de integralidade e paridade. Na existência desse hipotético sistema, verifica-se intuitivamente que a “meta financeira” de 3 ativos para cada beneficiário é facilmente atingida nos primeiros anos do sistema, pois existe um lapso temporal considerável até que o servidor adquira o direito à aposentadoria. No gráfico apresentado, pode-se observar a evolução das despesas com aposentadorias e pensões frente à folha salarial tomada como base da contribuição previdenciária. Nota-se que o percentual cresce até que o grupo atinja a maturidade, ou seja, quando o número de ativos, inativos e pensionistas permanece em uma proporção praticamente estável. Também se pode observar que durante a segunda década de vida 15 do sistema as despesas já ultrapassam 50%, quando a partir de então, as contribuições previdenciárias de 33% não são suficientes para o devido custeio. Essa evolução é absolutamente natural e também previsível em qualquer sistema previdenciário, seja público ou privado. No regime de repartição simples é certo que as contribuições do servidor e do ente não serão suficientes para custear os benefícios de aposentadoria e pensão. Evolução do Percentual da Relação: Despesas Previdenciárias / Folha Base de Contribuição 225% 200% 175% 150% 125% 100% 75% 50% 25% 0% 0 5 10 15 20 25 30 35 Anos decorridos Quando as contribuições previdenciárias são insuficientes, surgem os déficits financeiros que obviamente deverão possuir alguma origem para cobri-los. Na tabela exposta, observam-se os números do regime próprio da União e os dos regimes próprios estaduais consolidados. O déficit financeiro é denominado necessidade de financiamento. Nota-se que se o regime próprio estiver estruturado no regime de repartição simples, o tesouro do ente será responsável por arcar com esse custo, pois é subsidiariamente responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras do regime próprio decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários, de acordo com a legislação federal. Necessidade de financiamento dos regimes próprios da união e estados (consolidados), considerando a contribuição patronal em dobro (duas vezes a contribuição do servidor). 16 UNIÃO (R$ bilhões) Contribuições do Servidor e Patronal Despesas com Aposentadorias e Pensões Necessidade de Financiamento 2001 7,0 28,1 21,1 2002 9,4 31,7 22,2 2003 9,2 36,2 27,1 2004 10,8 39,8 29,0 2005 13,8 42,4 28,6 ESTADOS (R$ bilhões) Contribuição do Servidor Contribuição Patronal Despesas com Aposentadorias e Pensões Necessidade de Financiamento 2001 11,0 11,0 24,6 13,7 2002 12,6 12,6 30,4 17,9 2003 4,5 12,6 31,2 19,0 2004 6,0 18,0 34,2 17,7 2005 6,6 7,6 37,1 22,9 Fonte: Ministério da Previdência Social http://www.mpas.gov.br/pg_secundarias/previdencia_servidor_04_01.asp Mas então, o que fazer se o futuro certamente revelará uma impiedosa realidade onde as contribuições do servidor e do ente não serão suficientes para cobrir as despesas previdenciárias? Como agir para não se chegar à situação na qual sejam necessários aportes por parte do tesouro para cobrir a certeza de futuros déficits financeiros? Existe outra fonte para financiar o sistema, além das contribuições previdenciárias, que caracterizam um regime de capitalização. 2.3. Desafios e Vantagens do Regime de Capitalização A solução do problema apresentado é constituir, o quanto antes, um fundo capitalizado, e de preferência enquanto o volume de contribuições supera o de pagamento de benefícios. Os juros ganhos pelo fundo são a fonte alternativa de financiamento, e se demonstrarão no médio e longo prazos ainda mais importantes que a fonte de contribuições. Mas o que acontece quando um regime possuidor dessa boa visão gerencial decide migrar do regime de repartição (orçamentário), sem constituição de fundo, para o regime de capitalização? A princípio, o sistema sofreria encargos em dobro, visto que teria que 17 arcar com os custos de pagamento dos atuais benefícios somados aos custos de constituição do próprio fundo. De fato, esse duplo encargo inevitavelmente terá que ser enfrentado, pagando-se literalmente pela ineficiência gerencial das administrações anteriores. A proposta, porém, não é despejar toda a responsabilidade na administração atual, e sim, amortizá-la ao longo das futuras administrações a partir da mudança. Para contornar este problema aparentemente insolúvel, é possível se definir um planejamento, desde que previsto em lei local, que preveja a transição gradual de um regime para o outro, sem grandes impactos sobre o orçamento do ente. O sistema capitalizado não será então mais dependente daquela relação número de contribuintes por número de beneficiários e não apresentará déficits financeiros crescentes incontroláveis por parte do tesouro municipal. Revela-se uma realidade bem mais segura, onde as contribuições são niveladas a um percentual fixo, possibilitando o poder público administrar melhor o erário e destinar no médio e longo prazos maior parcela de recursos para o bem-estar da população. 2.4. Estratégias para a Capitalização do Novo Regime Basicamente, existem duas estratégias básicas de transição para o regime capitalizado, diferindo-se na definição da forma na qual se divide a parte sob responsabilidade do regime de repartição, financiado pelo tesouro, frente ao novo regime capitalizado, sob responsabilidade do fundo previdenciário. Em ambas as estratégias, se acumulam os superávits de cada exercício financeiro no fundo previdenciário que renderá juros e correção monetária. Adicionalmente, principalmente se o sistema já não demonstra mais superávits financeiros, pode ou deve ser efetuado um aporte inicial de constituição do fundo, custeado pelo ente. Esse aporte também estará previsto em lei, mas não precisa necessariamente ser um ativo financeiro de alta liquidez ou um imóvel. O aporte de direitos pode ser uma boa opção, desde que haja baixo risco de crédito e regularidade no fluxo de caixa, como em créditos a receber de divida ativa ou royalties. 18 Como o regime proposto é de transição de repartição para capitalização, inicialmente o fundo não arcará com a responsabilidade do pagamento de todas as aposentadorias e pensões, tendo folga inicial para crescer sob o efeito do fenômeno dos juros compostos. É justamente na forma de divisão da responsabilidade de pagamento dos benefícios atuais e futuros que podem ser definidas duas das principais estratégias. A primeira estabelece uma idade de corte para os contribuintes em atividade: os servidores ativos atuais e futuros. Aqueles servidores com idade inferior ao corte serão financiados pelo fundo, sob o regime de capitalização. Exemplificando, os servidores a serem assegurados pelo regime capitalizado poderiam corresponder aos atuais e futuros ativos com idade inferior a 45 anos, deduzidos 5 anos caso seja do sexo feminino e mais 5 anos caso professor(a), na data de vigência da lei local. A segunda estratégia estabelece o corte na ocasião da data de aquisição do direito ao benefício. Os benefícios de aposentadoria arcados pelo regime capitalizado poderão ser os que forem sendo adquiridos a partir de uma determinada data, coincidindo com a de vigência da lei ou sendo postergada por alguns anos. As pensões seguem a mesma lógica e serão financiadas pelo novo regime quando concedidas a partir de uma determinada data, não necessariamente igual à de corte para aposentadoria, podendo também ser postergada por alguns anos. 2.5. A Importância do Equilíbrio Financeiro e Atuarial do Sistema Seja qual for a modalidade de transição escolhida, é certo que cabe ampla discussão a respeito de qual estratégia se adapta melhor a realidade do instituto levando a uma implementação operacional mais eficiente. Torna-se, então, essencial a elaboração prévia de diversos cenários de avaliação atuarial, a fim de se projetarem os fluxos de caixa futuros do regime capitalizado e do regime de repartição. Com uma dessas medidas estratégicas implementadas, a responsabilidade do tesouro frente ao regime de repartição é majorada inicialmente, mas com o passar do tempo, e 19 imediatamente, ela decresce até que dentro de poucas décadas se extingue, reduzindose apenas ao compromisso da contribuição previdenciária do ente. Os gestores do instituto, em conjunto com o chefe do executivo e o poder legislativo, optarão pela melhor forma de implementação do regime capitalizado, porém deve ser tarefa de responsabilidade do atuário a definição dos critérios de corte que irão delimitar os compromissos dos dois regimes, preservando então o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. Ainda assim, nos exercícios financeiros subseqüentes torna-se relevante o acompanhamento dos resultados futuros a fim de serem controladas as realizações frente às projeções elaboradas nas reavaliações atuariais. O novo desafio apresentado pelo sistema capitalizado é de o regime possuir um corpo técnico qualificado que garanta a eficiente gestão dos recursos financeiros do fundo, administrando os riscos financeiros e atuariais em conjunto, conforme será abordado posteriormente no item de Gerenciamento de Ativo e Passivo (ALM). 3. BENEFÍCIO DEFINIDO E CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA Existem diferentes formas de se calcular o valor do benefício em um plano previdenciário que caracterizam as modalidades de benefício definido e de contribuição definida. Na modalidade de contribuição definida, o benefício é calculado em função de todas as contribuições individuais do segurado que integram um fundo que montará um valor futuro, acumulando-se juros. A esse valor acumulado no futuro, aplica-se um cálculo atuarial que levará em consideração: taxa de juros atuarial, idade e sexo do segurado (expectativa de sobrevida do segurado), taxas de administração e idade e sexo dos dependentes. A alta expectativa de sobrevida e as taxas de administração contribuem para a diminuição relativa do valor do benefício. Já a taxa de juros contribui para o aumento do valor do benefício. Assim, o valor do benefício será tão maior quanto à boa eficiência dos gestores do fundo 20 previdenciário. Sob o ponto de vista do gestor, essa é a modalidade que oferece menor risco, visto que se o fundo não oferecer rentabilidade satisfatória, esse mau desempenho simplesmente será repassado para o segurado, ocasionando uma redução no valor do benefício esperado. Já sob o ponto de vista do segurado, a característica principal dessa modalidade é que o segurado não pode saber de antemão quanto receberá a título de benefício previdenciário. É mais vantajosa aos segurados que contribuem por períodos maiores, ou seja, aqueles que aderem cedo (contribuem por mais tempo e acumulam um fundo maior) e que se aposentam tarde no plano (possuem menor expectativa de sobrevida na data da concessão do benefício programado). Nenhum regime próprio utiliza ainda essa modalidade, visto que a Constituição Federal obriga que a forma de cálculo dos benefícios seja feita na forma por ela definida, envolvendo um cálculo financeiro que leva em consideração o tempo e idade mínimos de contribuição, média dos salários-de-contribuição e conceitos de integralidade e paridade. Porém, quando do surgimento do regime de previdência complementar dos servidores públicos, este será obrigatoriamente regido sob a modalidade de contribuição definida, envolvendo então cálculos atuariais para a obtenção do valor do benefício. Essa modalidade atualmente só é utilizada nos regimes de previdência complementar aberta (seguradoras) e fechada (fundos de pensão). Já a modalidade de benefício definido é aquela em que o valor do benefício independe da boa ou má gestão dos recursos do fundo previdenciário. Existem na prática duas submodalidades: o benefício definido legalmente o benefício definido atuarialmente. Na modalidade de benefício definido atuarialmente, o cálculo é semelhante ao de contribuição definida, mas existe a garantia de uma rentabilidade atuarial fixa do fundo previdenciário, como 3% ao ano. O gestor arcará então com um maior risco de gestão do fundo, visto que terá que obter rentabilidade maior que a garantida em contrato para não haver desequilíbrio atuarial e insolvência do plano. Pelo lado do segurado, este é o plano que mais vai ao encontro dos anseios previdenciários dos indivíduos, visto que ele 21 sabe assim que entra no plano, com razoável precisão, o valor de seu benefício futuro e pode programar melhor o seu padrão de vida. A modalidade de benefício definido atuarialmente também só é utilizada nos regimes de previdência complementar aberta (seguradoras) e fechada (fundos de pensão). Por fim, a modalidade de benefício definido legalmente é aquela utilizada atualmente pelos regimes próprios. O valor do benefício depende das regras constitucionais vigentes no futuro, à época da aquisição do direito ao benefício, pois de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, durante a fase de contribuição em atividade o servidor possui somente uma expectativa de direito, o que na prática significa que mudanças de regras podem ocorrer durante a vida laboral do mesmo e irão impactar a forma de concessão dos benefícios previdenciários. Essa modalidade difere das modalidades de contribuição definida e benefício definido atuarialmente, que possuem regras definidas no momento de entrada do empregado ao regime, fixando-as contratualmente no regulamento e nota técnica atuarial. Como na modalidade de benefício definido legalmente o valor do benefício não depende do fundo acumulado, não existe a possibilidade de resgate (transferência dos recursos para o segurado) ou portabilidade (transferência dos recursos para outro regime). No entanto, existe a compensação previdenciária, tratando dos casos em que o segurado contribuiu para mais de um regime previdenciário. Sendo assim, de acordo com o resumo abaixo é possível comparar as modalidades estruturais de cálculo do benefício previdenciário e suas principais características. Contribuição Definida (atuarialmente) - valor do benefício calculado atuarialmente, de acordo com o regulamento e nota técnica atuarial; - regras definidas na adesão ao sistema; - rentabilidade do fundo afeta o valor do benefício; - oferece direito a resgate e portabilidade; - fundo gera herança, em caso de óbito do segurado. 22 Benefício Definido Atuarialmente - valor do benefício calculado atuarialmente, de acordo com o regulamento e nota técnica atuarial; - regras definidas na adesão ao sistema; - rentabilidade do fundo é fixa (até 6% a.a. reais) para fins de cálculo do valor do benefício; - oferece direito a resgate e portabilidade; - fundo não gera herança, em caso de óbito do segurado. Benefício Definido Legalmente - valor do benefício definido pela Constituição e leis; - regras definidas somente quando da aquisição do direito ao benefício; - rentabilidade do fundo não afeta o valor do benefício; - não oferece direito a resgate ou portabilidade; - fundo não gera herança, em caso de óbito do segurado. Com base nessas definições, existem os planos de contribuição definida, benefício definido e de contribuição variável. Os planos de contribuição definida só possuem benefícios calculados na forma de contribuição definida e, analogamente, os planos de benefício definido só possuem benefícios calculados na forma de benefício definido. Já os planos de contribuição variável possuem benefícios de contribuição definida (geralmente os benefícios programados) e de benefício definido (geralmente os benefícios não-programados, aleatórios). 4. ATIVO, PASSIVO E RESULTADO PREVIDENCIÁRIO O fundo previdenciário pode também ser denominado saldo patrimonial, ativo líquido, ativo previdenciário, investimentos ou simplesmente ativo(s). Ele representa todos os ativos financeiros, de renda fixa ou renda variável, públicos ou privados, de 23 baixa ou alta liquidez, incluindo imóveis e créditos a receber que foram adquiridos com o resultado dos acumulados superávits financeiros do passado ou aportes adicionais. Na prática, é qualquer ativo contábil, representante de bens e direitos, desde que adquiridos com as contribuições previdenciárias ou qualquer outra fonte de receita vinculada para o fim previdenciário e destinada ao pagamento futuro dos benefícios. Em linguagem simples, é a sobra de recursos que foi acumulada no passado e prudentemente guardada e investida no mercado financeiro. Esse ativo líquido servirá para manter o plano solvente no futuro, quando as despesas previdenciárias superarem as receitas previdenciárias, servindo então para cobrir os déficits financeiros futuros. Num regime sob equilíbrio atuarial, o ativo líquido deverá corresponder ao mesmo valor monetário das provisões matemáticas, que são contas pertencentes ao passivo exigível a longo prazo, pois representam uma dívida do plano do regime próprio em relação aos segurados. As provisões matemáticas são definidas como sendo os benefícios previdenciários futuros menos as contribuições previdenciárias futuras, correspondendo então às obrigações líquidas do plano em relação aos segurados. Conseqüentemente, o ativo líquido menos as provisões matemáticas corresponde ao resultado atuarial do plano. Se o resultado atuarial for positivo, há superávit atuarial, representando que há excesso de valores no fundo previdenciário. Se o resultado atuarial for negativo há déficit atuarial indicando insuficiência no ativo líquido do plano. O déficit atuarial é por vezes chamado de passivo atuarial, no sentido que representa um passivo (dívida) do plano em relação ao regime próprio. A nomenclatura de passivo atuarial como sinônimo de déficit atuarial, apesar de não estar incorreta, deve ser evitada, pois as contas a serem registradas são aquelas do plano de contas do regime próprio, representando, por conseguinte, o ponto de vista do mesmo, e não o ponto de vista do plano. É importante também se destacar que um plano desequilibrado atuarialmente não necessariamente apresenta déficit atuarial, podendo indicar também um desequilibro da 24 ordem superavitária. O desequilíbrio, portanto, representa não só a insuficiência de ativo líquido, mas também o seu excesso, conforme os exemplos 1 e 2 apresentados posteriormente. Em tese, um plano que possui superávit atuarial poderá ter suas contribuições previdenciárias reduzidas ou benefícios previdenciários aumentados, com o objetivo de se restabelecer o equilíbrio. Porém, na prática os regimes próprios só podem reduzir as contribuições previdenciárias, visto que os benefícios são definidos legalmente pela Constituição Federal. Analogamente, um plano que possui déficit atuarial poderá ter suas contribuições previdenciárias majoradas ou benefícios previdenciários postergados ou diminuídos. Na prática dos regimes próprios, o poder legislativo local pode aumentar a contribuição previdenciária do servidor e do ente e, por parte do legislador federal, o poder constituinte derivado poderá postergar ou diminuir os benefícios previdenciários. Existem também diversas formas de o ente amortizar o déficit atuarial, devendo obrigatoriamente realizá-la em no máximo 35 anos, de acordo com a legislação federal. Caso nenhuma medida seja tomada para eliminar o desequilíbrio atuarial deficitário, a projeção atuarial indicará que no médio ou longo prazo o fundo previdenciário terá seu patrimônio zerado, atingindo-se a insolvência. A partir desta situação, o ente será responsável por cobrir a parte antes custeada pelo fundo, pois possui responsabilidade subsidiária em relação ao pagamento de benefícios previdenciários. Esse fato certamente acaba por prejudicar as administrações futuras, visto que terão que ser deslocado, para pagamentos previdenciários, recursos que poderiam estar sendo utilizados na área de saúde, educação, segurança, etc. De fato, a fonte de receita gerada pelo fundo previdenciário é relevante para o equilíbrio do plano, e observa-se que planos não capitalizados acabam por onerar as finanças públicas do ente e comprometendo a boa gestão do poder executivo. Sendo assim, pode-se elaborar um balanço atuarial evidenciando os valores do 25 ativo líquido, provisões matemáticas e, conseqüentemente, do resultado atuarial. Dois exemplos podem ser visualizados a seguir. Exemplo 1: Balanço Atuarial de regime deficitário: Ativo Líquido: 159.767.312,13 Ativo Total: 159.767.312,13 Provisões Matemáticas Previdenciárias 213.468.164,46 Déficit Atuarial (53.700.852,33) Passivo Total: 159.767.312,13 Exemplo 2: Balanço Atuarial de regime superavitário: Ativo Líquido: 648.462.415,94 Ativo Total 648.462.415,94 Provisões Matemáticas Previdenciárias 572.581.353,25 Superávit Atuarial 75.881.062,69 Passivo Total 648.462.415,94 Essas contas estão contidas no balanço patrimonial do regime próprio, pois é a pessoa jurídica responsável pela gestão do fluo de receitas e despesas. O valor do resultado atuarial é recalculado mês a mês, de modo que o ativo total seja equivalente ao passivo total do regime próprio. O ideal é que as provisões matemáticas sejam recalculadas mensalmente, de modo que o resultado atuarial reflita exatamente a evolução dos valores. Porém, na prática usual, como a legislação exige que a periodicidade mínima da avaliação atuarial seja anual, os regimes próprios só atualizam os valores das provisões anualmente, enquanto que o ativo líquido é atualizado mensalmente, ocasionando um descasamento na periodicidade de registro. Algumas considerações adicionais devem ser observadas. Ao compararmos a 26 evolução do fundo previdenciário, o seu comportamento crescente não implica a solvência do sistema. Não é porque o fundo previdenciário cresceu de um ano para o outro em uma taxa acima da meta atuarial que o plano está equilibrado. Esse fenômeno de crescimento na maioria das vezes traduz simplesmente a maturidade do plano que ainda não foi atingida. Para avaliar a capacidade de solvência, o número a ser observado é o resultado atuarial que é o valor do fundo previdenciário subtraído das provisões matemáticas previdenciárias. Para os planos em que existe a segregação entre as massas sob responsabilidade do tesouro (regime de repartição) e sob responsabilidade do fundo previdenciário (regime de capitalização), as provisões matemáticas são calculadas em função dos benefícios sob o regime de capitalização, dentro da responsabilidade do fundo previdenciário. Um estudo adicional pode ser feito para a mensuração do impacto atuarial que o tesouro sofre arcando com os benefícios em repartição, mas a avaliação atuarial, a princípio, mensura somente o equilíbrio do plano capitalizado. Outra observação adicional e de grande importância deve ser feita. Caso o fundo previdenciário se torne insolvente, ou seja, caso seus valores sejam inteiramente consumidos, os benefícios previdenciários serão custeados pelo ente, pois ele possui responsabilidade subsidiaria ao fundo em relação aos benefícios previdenciários. Mas essa regra vale apenas para os planos sob benefício definido legalmente. Quanto aos futuros planos de previdência complementar do servidor, sob a modalidade de contribuição definida, essa responsabilidade subsidiária não existirá, a exemplo do que ocorre com as patrocinadoras em relação às entidades abertas e fechadas de previdência complementar. 27 5. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS E BENEFÍCIOS A CONCEDER Os benefícios a serem pagos no futuro pelo plano podem ser divididos em duas categorias, surgindo os conceitos de benefícios concedidos e benefícios a conceder. Os conceitos são simples e se referem ao fato de se caracterizar se o benefício já teve ou não seu pagamento iniciado. Como uma avaliação atuarial projeta os valores de benefício para o futuro, é certo que nessa projeção constarão os benefícios daqueles que já vinham recebendo (benefícios concedidos) e também os benefícios daqueles segurados que atualmente se encontram em atividade mas que provocarão recebimento de valores no futuro (benefícios a conceder). Essa divisão é de grande valia sob o ponto de vista interpretativo, visto que os planos em fase inicial de implantação terão valores de benefícios a conceder muito superiores aos valores de benefícios concedidos, devido ao fato que inicialmente há poucos aposentados e pensionistas no plano. Já em planos maduros, as despesas com aposentadorias e pensões evoluem num ritmo alto e praticamente constante, o que implicará que as provisões matemáticas de benefícios concedidos serão superiores às de benefícios a conceder. Sendo assim, podem-se exemplificar a seguir dois balanços de regimes próprios, sendo o primeiro de um plano recentemente criado (não maduro) e o segundo de um plano perto de atingir a maturidade. As contas exibidas correspondem somente às de aspecto atuarial, cujos valores foram obtidos da avaliação atuarial. Não cabe aqui expor o plano de contas completo do balanço patrimonial do regime próprio, visto que englobaria centenas de contas. 28 Exemplo 3: Contas do Balanço Previdenciário de um plano criado recentemente 2.2.2.5.0.00.00 2.2.2.5.1.00.00 2.2.2.5.1.01.00 2.2.2.5.1.02.00 2.2.2.5.1.03.00 2.2.2.5.1.03.01 2.2.2.5.1.03.02 2.2.2.5.1.00.00 2.2.2.5.2.00.00 2.2.2.5.2.01.00 2.2.2.5.2.02.00 2.2.2.5.2.03.00 2.2.2.5.2.03.01 2.2.2.5.2.03.02 2.2.2.5.2.04.00 2.2.2.5.2.05.00 2.2.2.5.2.06.00 2.2.2.5.2.07.00 2.2.2.5.2.07.01 2.2.2.5.2.07.02 2.2.2.5.2.08.00 2.2.2.5.3.00.00 2.2.2.5.3.01.00 2.2.2.5.3.02.00 2.2.2.5.9.00.00 2.2.2.5.9.01.00 2.2.2.5.9.02.00 2.2.2.5.9.03.00 2.2.2.5.9.04.00 2.2.2.5.9.05.00 Provisões Matemáticas Previdenciárias Provisões para Benefícios Concedidos Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano Contribuições do Ente Contribuições dos Servidores Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas Provisões para Benefícios a Conceder Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Atual Contribuições do Ente para Geração Atual Contribuições dos Servidores para Geração Atual Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas para Geração Atual Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Futura Contribuições do Ente para Geração Futura Contribuições dos Servidores para Geração Futura Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas para Geração Futura Provisões Amortizadas Serviço Passado Déficit Equacionado Provisões Atuariais para Ajustes do Plano Provisão Atuarial para Riscos não Expirados Provisão Atuarial para Oscilação de Riscos Provisão Atuarial para Benefícios a Regularizar Provisão Atuarial para Contingências de Benefícios Outras Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 24.708.494,76 9.277.847,55 9.370.215,65 -53.289,29 -39.078,81 0,00 -39.078,81 0,00 21.284.381,55 31.239.375,61 -5.743.265,80 -4.211.728,26 -4.211.728,26 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -5.853.734,34 -3.366.482,11 -2.487.252,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Exemplo 4: Contas do Balanço Previdenciário de um plano maduro 29 2.2.2.5.0.00.00 2.2.2.5.1.00.00 2.2.2.5.1.01.00 2.2.2.5.1.02.00 2.2.2.5.1.03.00 2.2.2.5.1.03.01 2.2.2.5.1.03.02 2.2.2.5.1.00.00 2.2.2.5.2.00.00 2.2.2.5.2.01.00 2.2.2.5.2.02.00 2.2.2.5.2.03.00 2.2.2.5.2.03.01 2.2.2.5.2.03.02 2.2.2.5.2.04.00 2.2.2.5.2.05.00 2.2.2.5.2.06.00 2.2.2.5.2.07.00 2.2.2.5.2.07.01 2.2.2.5.2.07.02 2.2.2.5.2.08.00 2.2.2.5.3.00.00 2.2.2.5.3.01.00 2.2.2.5.3.02.00 2.2.2.5.9.00.00 2.2.2.5.9.01.00 2.2.2.5.9.02.00 2.2.2.5.9.03.00 2.2.2.5.9.04.00 2.2.2.5.9.05.00 Provisões Matemáticas Previdenciárias Provisões para Benefícios Concedidos Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano Contribuições do Ente Contribuições dos Servidores Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas Provisões para Benefícios a Conceder Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Atual Contribuições do Ente para Geração Atual Contribuições dos Servidores para Geração Atual Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas para Geração Atual Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Futura Contribuições do Ente para Geração Futura Contribuições dos Servidores para Geração Futura Ativos Inativos Contribuições dos Pensionistas para Geração Futura Provisões Amortizadas Serviço Passado Déficit Equacionado Provisões Atuariais para Ajustes do Plano Provisão Atuarial para Riscos não Expirados Provisão Atuarial para Oscilação de Riscos Provisão Atuarial para Benefícios a Regularizar Provisão Atuarial para Contingências de Benefícios Outras Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 233.088.719,55 172.410.818,57 174.632.684,90 -1.481.250,22 -657.465,77 0,00 -657.465,77 -83.159,34 77.412.391,54 135.505.842,46 -38.728.967,28 -19.364.483,64 -19.364.483,64 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -16.734.490,56 -8.862.926,55 -7.871.564,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 As provisões matemáticas correspondem às despesas previdenciárias futuras menos as contribuições previdenciárias. O balanço patrimonial do plano exposto no exemplo 3 demonstra que as provisões para benefícios concedidos correspondem a menos da metade das provisões para benefícios a conceder. Assim, fica claro que se trata de um plano com pouco tempo de vida. Já quanto ao exemplo 4, as provisões para benefícios concedidos correspondem a mais do dobro das provisões para benefícios a conceder, evidenciando a existência de um plano mais maduro. Nota-se também que ambos os planos estão deficitários, conforme os valores negativos de Déficit Equacionado apresentados nas contas 2.2.2.5.3.02. O plano do exemplo 4 possui maior déficit em valores absolutos, porém menor valor de proporção comparado à soma das provisões matemáticas, indicando que possui melhor situação de solvência que o plano do exemplo 3. 30 6. PLANO DE CUSTEIO O primeiro ponto que se deve destacar é que existem dois planos de custeio: o plano de custeio definido em lei pelo ente e os planos de custeio calculados e definidos a cada elaboração da avaliação atuarial. O plano de custeio legal é normalmente definido em uma alíquota fixa de contribuição do servidor e uma de contribuição do ente, sendo que, de acordo com a legislação federal, a do servidor deve ser de no mínimo 11% e a do ente de no mínimo uma e no máximo duas vezes àquela definida como a alíquota do servidor. Conseqüentemente, o custeio legal total mínimo para os regimes próprios é de 22%, correspondendo a 11% do servidor mais 11% do ente. Apesar de menos usual, o legislador pode também definir alíquotas de contribuição variável em função da remuneração do servidor, a exemplo do que é praticado pelo regime geral (INSS). Por possuir maior capacidade econômica e gerar despesas previdenciárias em valores relativos maiores, a prática é de se estabelecer alíquotas progressivas em função da remuneração. O plano de custeio definido pela avaliação atuarial é aquele estabelecido para se atingir o equilíbrio atuarial do plano. O plano de custeio que está sendo posto em prática, o plano de custeio legal, geralmente não possui equilíbrio atuarial, podendo levar à insolvência futura do fundo previdenciário. Esse desequilíbrio geralmente é conseqüência da não acumulação suficiente de fundo previdenciário no passado, principalmente antes do marco regulatório legislativo dos regimes próprios que se deu somente em 1998. Feitas essas observações, tem-se que um dos produtos gerados pela avaliação atuarial é justamente a criação de um plano de custeio que restabeleça o equilíbrio do plano. O atuário pode construir esse plano de custeio denominado plano de custeio atuarial, ou plano de equilíbrio, com base em diferentes métodos de capitalização. Os métodos de capitalização diferem pela velocidade em que o desequilíbrio será saneado e a forma de segregação de responsabilidades, entre o servidor e o ente. Os métodos de 31 capitalização permitidos para os regimes próprios mais utilizados são: repartição de capitais de cobertura, crédito unitário projetado, prêmio nivelado individual, idade de entrada normal e agregado. A explicação detalhada de como cada método funciona demanda conhecimentos avançados da ciência atuarial, mas alguns aspectos são importantes e devem ser destacados. Primeiramente, cabe ressaltar que o método que mais se assemelha com o aplicado pelas leis vigentes é o método agregado, onde se supõe que uma alíquota nivelada em função da remuneração será cobrada sobre os ingressos remuneratórios sob incidência de contribuição previdenciária, a exemplo de um regime próprio que adota as alíquotas de 11% do servidor e de 22% do ente. Segundo os outros métodos, além do agregado, caso o cálculo atuarial preveja um grupo fechado de ativos (onde não se considera o fluxo futuro de entradas e saídas voluntárias dos servidores no regime), observa-se que a alíquota de custeio de equilíbrio atuarial tende a aumentar a cada reavaliação atuarial. Quanto menor é a velocidade de financiamento, maior é o aumento dessa alíquota com o passar do tempo, para um grupo fechado. O método de repartição de capitais de cobertura é aquele com a menor velocidade de financiamento, e sua utilização só é permitida para financiar os benefícios de risco, ou seja, aqueles não programáveis, como a pensão por morte de servidor ativo e a aposentadoria por invalidez. Já os outros métodos possuem maior velocidade de capitalização e podem ser utilizados para financiar quaisquer benefícios. Em resumo, para a análise de um grupo fechado, a utilização de métodos com velocidade menor de capitalização irá gerar alíquotas totais (servidor mais ente) menores inicialmente. No entanto, conforme a maturidade do plano é atingida as alíquotas se tornarão maiores. Ao se utilizarem métodos de capitalização com menor velocidade, observa-se na prática uma subestimação do déficit atuarial para as situações em que a maturidade do plano não foi atingida, numa análise de grupo fechado. Para este tipo de análise, caso a legislação de custeio preveja contribuições niveladas, o método mais prudente a ser utilizado é o agregado de capitalização. 32 Já se o cálculo considera um grupo aberto (onde se considera o fluxo futuro de entradas e saídas voluntárias dos servidores no regime), não há grandes diferenças entre o método de capitalização adotado, dependendo as alíquotas levemente do grau de estacionariedade projetada, ou seja, do comportamento crescente ou decrescente da população de ativos. 7. INTERPRETAÇÃO DO CÁLCULO ATUARIAL 7.1. Resultado Atuarial Existem basicamente dois produtos derivados da avaliação atuarial: o resultado atuarial e a projeção atuarial. Conforme abordado anteriormente nas seções 4 e 5, o resultado atuarial é composto do valor do ativo líquido subtraído das provisões matemáticas. Já as provisões matemáticas representam o valor presente das despesas previdenciárias futuras menos as receitas de contribuição do plano. O valor do resultado atuarial pode ser um superávit (positivo) ou déficit (negativo). Esse resultado, dependendo de sua magnitude, pode representar um superávit (déficit) conjuntural ou estrutural. Se o resultado se situa próximo de zero, esse resultado é conjuntural e não compromete na prática a solvência do plano, refletindo apenas flutuações normais do resultado devido a variações reversíveis das condições macroeconômicas ou demográficas da população. Já se o resultado possui grande magnitude, representa um superávit ou déficit estrutural, sendo necessária a revisão do plano de custeio ou do plano de benefícios. Esse julgamento é feito pelo atuário responsável técnico e envolve certamente a comparação do resultado da avaliação atuarial atual com os resultados anteriores, analisando sua tendência ao longo do 33 tempo. É importante frisar que o termo “rombo” não é uma terminologia correta, sendo freqüentemente utilizada pela mídia, ora significando déficit atuarial, ora o déficit financeiro. Com relação ao regime geral, o termo geralmente é utilizado como sinônimo de déficit financeiro do exercício, já que o déficit atuarial nem ao menos é divulgado publicamente. Já com relação aos regimes próprios, o termo “rombo” geralmente é utilizado como conceito de déficit atuarial, provocando comparações equivocadas entre o regime geral e os regimes próprios. Além de não haver definição técnica para a palavra “rombo”, sua utilização é por muitas vezes também colocada com a conotação de desvio ilícito de recursos, o que obviamente deve ser apurado antes de ser afirmado. 7.2. Projeção Atuarial A projeção atuarial demonstra a evolução do ativo líquido, sendo somado ano a ano das receitas e diminuído das despesas. Num plano em déficit atuarial, a projeção atuarial apresentará valores negativos de ativo líquido no futuro, refletindo a insuficiência de recursos acumulados até então. Já em um plano sob equilíbrio ou superávit, a projeção do ativo líquido não levará a valores negativos. Nota-se que no exemplo 5 as despesas previdenciárias apresentam valores decrescentes no longo prazo, diferente do comportamento esperado no futuro para qualquer regime próprio. Esse fenômeno é reflexo de um estudo atuarial realizado com base na premissa de existência de uma população fechada, sem previsão de futuros entrantes (novos concursados) ou desligamentos (exonerações). Assim, a tendência é que essa população seja extinta aos poucos a medida que ocorrem os falecimentos. Já no exemplo 6, foi elaborada uma projeção atuarial utilizando premissas de novos entrantes e de desligamentos futuros. Em decorrência, as despesas crescem com o tempo, visto que se trata de um plano recentemente criado, ainda não tendo atingido a 34 maturidade. Exemplo 5: Projeção Atuarial de um plano deficitário (somente os primeiros 35 anos) 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037 2038 2039 2040 2041 2042 Receitas Despesas Ativo Líquido 44.456.491,38 44.432.984,89 44.329.546,16 44.121.679,67 43.910.851,19 43.641.478,68 43.227.617,14 42.908.073,06 42.780.432,77 42.595.897,91 42.412.365,14 41.801.347,38 40.700.381,95 39.654.501,08 38.663.673,78 37.699.322,61 36.676.627,55 35.581.738,51 34.429.723,11 33.201.813,81 31.872.994,63 30.517.713,71 29.154.832,21 27.764.767,57 26.433.823,58 25.185.940,63 24.018.537,91 22.909.523,57 21.822.793,74 20.781.231,15 19.791.586,41 18.818.195,68 17.844.901,83 16.881.774,07 15.937.299,40 34.023.905,08 35.139.000,46 36.324.097,45 37.494.465,16 38.838.858,32 40.237.711,09 41.463.166,31 42.707.284,75 44.034.023,54 45.125.284,43 46.083.298,85 47.417.672,32 48.933.123,67 49.858.877,71 50.259.611,43 50.474.754,13 50.472.703,53 50.303.166,54 49.985.034,89 49.534.209,38 48.980.047,14 48.297.274,26 47.479.042,21 46.540.028,27 45.439.063,67 44.201.315,34 42.838.268,54 41.367.887,68 39.827.153,21 38.213.080,39 36.533.950,02 34.820.174,48 33.088.603,69 31.343.812,56 29.592.548,40 94.981.960,54 104.275.944,97 112.281.393,68 118.908.608,19 123.980.601,06 127.384.368,65 129.148.819,48 129.349.607,79 128.096.017,02 125.566.630,50 121.895.696,79 116.279.371,85 108.046.630,13 97.842.253,50 86.246.315,85 73.470.884,33 59.674.808,35 44.953.380,32 29.398.068,54 13.065.672,97 (4.041.379,54) (21.820.940,09) (40.145.150,09) (58.920.410,79) (77.925.650,88) (96.941.025,59) (115.760.756,22) (134.219.120,33) (152.223.479,80) (169.655.329,04) (186.397.692,65) (202.399.671,45) (217.643.373,31) (232.105.411,80) (245.760.660,80) Exemplo 6: Projeção Atuarial de um plano superavitário (somente os primeiros 35 anos) 35 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037 2038 2039 2040 2041 2042 Receitas Despesas Ativo Líquido 21.149.316,90 22.973.551,44 23.819.818,27 25.088.208,64 26.372.454,25 27.307.368,83 28.226.480,24 28.999.679,31 29.706.259,22 30.470.661,15 31.269.631,83 32.109.182,34 32.963.934,34 33.755.985,25 34.502.221,36 35.166.120,72 35.749.080,95 36.275.962,94 36.675.478,06 36.959.832,71 37.230.120,95 37.461.571,72 37.650.782,70 37.811.307,98 37.960.486,13 38.083.435,80 38.187.181,87 38.290.883,13 38.362.031,40 38.437.056,49 38.472.780,13 38.465.990,09 38.429.331,39 38.359.642,98 38.271.963,99 19.916.056,77 19.977.687,15 20.428.813,98 20.790.310,73 21.190.075,56 21.582.329,06 21.967.726,11 22.355.327,72 22.735.563,13 23.116.401,17 23.516.305,36 23.900.493,06 24.282.015,49 24.630.731,34 24.952.759,52 25.274.892,46 25.594.202,59 25.914.145,49 26.246.134,75 26.582.890,95 26.930.317,05 27.284.936,59 27.652.299,93 28.030.258,75 28.419.675,75 28.828.690,69 29.258.660,16 29.711.969,18 30.198.121,74 30.713.853,44 31.280.450,80 31.893.682,75 32.559.151,68 33.284.925,22 34.072.258,64 348.479.246,37 351.475.110,65 354.866.114,94 359.164.012,85 364.346.391,54 370.071.431,31 376.330.185,43 382.974.537,03 389.945.233,11 397.299.493,09 405.052.819,56 413.261.508,84 421.943.427,69 431.068.681,59 440.618.143,44 450.509.371,71 460.664.250,06 471.026.067,52 481.455.410,83 491.832.352,58 502.132.156,49 512.308.791,62 522.307.274,39 532.088.323,62 541.629.134,00 550.883.879,11 559.812.400,82 568.391.314,77 576.555.224,43 584.278.427,48 591.470.756,80 598.043.064,14 603.913.243,85 608.987.961,61 613.187.666,96 7.3. Premissas Atuariais O resultado atuarial e as projeções são calculados a partir de duas fontes: o banco de dados, a ser abordado em item posterior, e as premissas atuariais ou também denominadas hipóteses atuariais. Além do banco de dados, que representa a fotografia atual do perfil populacional a ser analisado, os cálculos atuariais dependem fortemente 36 das premissas definidas pelo atuário. Essas premissas atuariais mensuram o comportamento futuro dos fatores internos e eternos que atingem o plano, representando as estimativas do atuário com relação aos eventos previstos. Portanto, o atuário deve estipular as premissas que reflitam o que irá ocorrer, com relação a aspectos econômicos, administrativos e demográficos no curto, médio e longo prazos. As premissas econômicas são o índice de atualização monetária e a taxa real de juros. As administrativas são a taxa de crescimento salarial e a taxa de administração. Já as demográficas são: tábuas biométricas, composição familiar, novos entrantes e rotatividade (desligamentos). O atuário deve definir as premissas atuariais sempre com consistência retrospectiva e prospectiva, ou seja, avaliando o comportamento passado e projetando-o corretamente para o futuro. Quando não há informações suficientes, o atuário deverá valer de sua experiência, procurando utilizar parâmetros iguais para regimes previdenciários semelhantes e, ainda assim, respeitar os limites impostos pelo órgão legislador. Com o passar do tempo, deve sempre comparar as premissas definidas no passado com as observadas no futuro, a fim de reajustá-las quando necessário. 7.3.1. Taxa de Juros (Meta Atuarial) Tanto na projeção quanto no resultado atuarial, considera-se que o ativo líquido rende juros que são denominados meta atuarial. Geralmente estipula-se uma meta atuarial real de 6% ao ano, ou seja, 6% acima da inflação. Assim, todos os números da avaliação pressupõem que o gestor do fundo obterá, em média, rentabilidade igual à meta atuarial. Ocorre então que se o gestor conseguir consistentemente rentabilidades acima da meta atuarial, a tendência é que o resultado atuarial melhore ano após ano, a cada reavaliação atuarial, mesmo que o plano de custeio ou o plano de benefícios permaneça inalterado. A taxa de juros (meta atuarial) é a variável mais impactante no resultado. O atuário pode definir qualquer percentual não superior a 6% ao ano acima da inflação, devendo atentar 37 para aspectos macroeconômicos e para a composição da carteira do fundo previdenciário. Ao se confirmar a tendência de queda da taxa de juros doméstica brasileira, definida pela Selic, as metas atuariais deverão prudentemente ser revistas para valores inferiores a 6% a.a. Logicamente, com a diminuição da meta atuarial, os resultados atuariais serão menores, aumentanto-se os déficits e reduzindo-se os superávits, visto que a receita patrimonial de juros prevista para o fundo previdenciário terá seu valor projetado diminuído. 7.3.2. Tábuas Biométricas Outra variável importante dentre as premissas atuariais é a escolha das tábuas biométricas. Existem basicamente 3 tipos de tábuas biométricas, geralmente segregando-se quanto ao sexo do segurado. As tábuas de sobrevivência de válidos definem a expectativa de vida de um segurado que não seja inválido, em função de sua idade e sexo. As tábuas de sobrevivência de inválidos definem a expectativa de vida dos aposentados inválidos. E as tábuas de entrada em invalidez mensuram a probabilidade de um segurado ativo se invalidar, iniciando-se o benefício de aposentadoria por invalidez. Como os benefícios de aposentadoria e pensão são pagos de forma mensal e contínua, as tábuas biométricas que prevêem maior expectativa de vida ou maior probabilidade de entrada em invalidez irão diminuir o resultado atuarial. Na ausência de informações quanto ao histórico de registro de óbito ou invalidez, o atuário definirá as tábuas biométricas de acordo com sua experiência profissional, utilizando-se da comparação com outros regimes. Porém, essa escolha é limitada a patamares mínimos e máximos definidos pelo órgão regulamentador. Se houver dados suficientes, deverá o atuário fazer testes estatísticos de aderência, a fim de estimar qual tábua reflete com mais precisão o comportamento da população de segurados. Porém, o ideal é construir tábuas biométricas com base no histórico da própria população. É verdade que, no entanto, esse trabalho envolve um estudo complexo e também dependente de um banco 38 de dados satisfatório, consistindo em um trabalho a parte, fora do escopo de uma avaliação atuarial. Trata-se de um extenso estudo demográfico. 7.3.3. Crescimento Salarial Outra variável merecedora de destaque é o crescimento salarial da população, apesar de ser menos impactante no resultado que a taxa de juros e as tábuas biométricas. A legislação define que uma taxa de crescimento real mínima de 1% ao ano deve ser fixada. Para se estimar a taxa de crescimento necessita-se acompanhar individualmente a evolução salarial, bem como o plano de cargos das categorias mais representativas, em volume financeiro, da folha salarial. Para isso, o crescimento salarial por mérito e por produtividade podem ser avaliados em separado ou conjuntamente. 7.3.4. Fator de Capacidade O fator de capacidade salarial reflete a influência da taxa de inflação de longo prazo na remuneração e benefícios futuros. Os valores recebidos sofrem depreciação mensal, visto que os fluxos financeiros são mensais, mas a correção monetária apenas se dará anualmente. O cálculo consiste em converter as remunerações ou benefícios em uma moeda constante, anulando-se o efeito mensal da inflação. Na prática, consiste em se calcular a média ponderada dos salários reais, depreciados pela inflação. Conseqüentemente, o fator de capacidade terá valor sempre ligeiramente inferior ao valor unitário. 7.3.5. Composição Familiar Existe também a definição da composição familiar, que impacta diretamente no cálculo do valor das pensões. Essa premissa pode ser definida de acordo com a realidade dos segurados, em função de um banco de dados de dependentes, caso 39 esteja disponível e possua qualidade satisfatória. Caso contrário, pode-se utilizar uma composição familiar teórica padronizada em função da idade e sexo, definida e aplicada através de uma tábua biométrica intitulada Hx. 7.3.6. Novos Entrantes e Rotatividade Por fim, temos as premissas de novos entrantes, que projetam o número e perfil dos futuros servidores concursados a aderirem ao regime próprio. A forma de modelagem dessa premissa pode se dar através de diversas maneiras, preferencialmente devendo ser observado o comportamento passado e a expectativa futura. Já a premissa de rotatividade quantifica o padrão de comportamento de desligamentos do plano, ou seja, das exonerações. Normalmente é modelada através de uma taxa percentual de desligamentos em função da idade e tempo de adesão ou, simplificadamente, uma taxa uniforme para qualquer situação. Uma avaliação atuarial pode assumir duas variantes em relação às premissas de novos entrantes e de rotatividade da população: um estudo de grupo fechado e um estudo de grupo aberto. Na avaliação considerando um grupo aberto, definem-se as premissas de novos entrantes e de rotatividade do plano, quantificando esse dinamismo de entradas e saídas voluntárias do plano. No entanto, como a avaliação atuarial consiste em um estudo do impacto financeiro projetado em longo prazo, por aproximadamente 100 anos, ocorre que se forem definidos padrões esperados de novos entrantes e de rotatividade por um período tão longo, o resultado atuarial irá refletir com maior peso esse próprio padrão futuro projetado do que as características da população atual. Exemplificando: suponha que o atuário tenha definido pela premissa de novos entrantes que a cada desligamento (exoneração), óbito ou aposentadoria, seja prevista a entrada imediata de um servidor no cargo equivalente, com a idade de 18 anos. Essa premissa, muito provavelmente não reflitirá o fenômeno ocorrido no futuro, e fará com que o 40 resultado atuarial esteja superestimado, refletindo muito mais esses futuros servidores hipotéticos do que o quadro atual de segurados do plano. Suponha agora que o atuário defina para premissa de novos entrantes que a cada mês, o numero e perfil de servidores entrantes reflitirá a média do ocorrido nos últimos 4, 8 ou 12 anos. Essa hipótese parece ser bem mais verossímil, porém também será falha caso as inovações tecnológicas façam com que cada vez mais o trabalho seja automatizado e, conseqüentemente, cada vez menos servidores sejam concursados. Dessa forma, considera-se que para estudos de longo prazo, como numa avaliação atuarial ou projeção atuarial de mais de 50 anos, a utilização de premissas de novos entrantes e, conseqüentemente, de rotatividade (grupo aberto), não é vista atualmente como boa prática atuarial, justamente por poder distorcer em muito a realidade futura, ao assumir decisões administrativas praticamente impossíveis de se prever. Sendo assim, costuma-se definir um grupo fechado para estudos de longo prazo, e o cálculo é feito considerando apenas os atuais segurados do plano. Como conseqüência, as projeções atuariais terão valores de receitas e despesas decrescentes, justamente em função de se tratar de um grupo fechado que irá se extinguir pouco a pouco com os óbitos, até fazer com que as receitas e despesas sejam zeradas no longo prazo. Já para projeções atuariais de curto e médio prazos, é desejável assumir premissas de novos entrantes e de rotatividade, pois dentro desse período é possível prever com precisão satisfatória o comportamento das entradas e saídas voluntárias dos segurados. Com isso, na projeção atuarial se obtém o comportamento estimado futuro do fundo previdenciário, o que pode auxiliar os gestores na decisão sobre qual ativo financeiro adquirir junto ao mercado de capitais. 7.4. Variações do Resultado Atuarial É importante frisar que o resultado atuarial é altamente sensível a mudanças na 41 definição das premissas atuariais. Por isso, ao comparar-se o resultado atuarial atual com o das avaliações anteriores, deve-se observar se as premissas não foram alteradas, sob a pena de o resultado ter melhorado ou piorado em função da alteração de tais premissas, e não de alterações na capacidade de solvência do plano. Todas as definições de premissas atuariais devem ser feitas prudentemente, o que não significa definir hipóteses excessivamente conservadoras. Como a alteração de qualquer uma das premissas pode causar grande alteração no resultado atuarial, se cada uma dessas premissas forem definidas de forma conservadora, o efeito multiplicativo sinergético das mesmas levará a um resultado atuarial que não comporta a realidade. Assim agindo, serão encontrados resultados deficitários, sugerindo alterações estruturais no plano de custeio ou de benefícios quando na realidade pode estar havendo equilíbrio ou até mesmo desequilíbrio de natureza superavitária. Caso se deseje avaliar o impacto da alteração das premissas atuarias no resultado do plano, deve ser feito um estudo gerencial adicional, que não é incluído nas avaliações atuariais previstas pela legislação. Uma análise de sensibilidade pode ser feita para avaliar o impacto no resultado atuarial advindo da alteração isolada de cada variável. Já numa análise de cenários, definem-se vários conjuntos (cenários) de variáveis, alterando todas as premissas simultaneamente de acordo com expectativas futuras mais otimistas ou mais conservadoras. 8. GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO - ASSET LIABILITY MANAGEMENT (ALM) Sabe-se que a missão de um regime próprio é assegurar o pagamento de aposentadorias e pensões, assim como arcar com os custos administrativos financiados pela taxa de administração. Para isso, o regime deve necessariamente possuir equilíbrio atuarial, ou seja, o ativo líquido deve ser suficiente para honrar com as provisões matemáticas. Um segundo requisito é que o plano possua liquidez, ou seja, que garanta 42 a conversibilidade dos ativos financeiros em dinheiro, a medida que surjam as necessidades de venda dos mesmos para pagamentos à vista dos benefícios previdenciários e encargos administrativos. O gerenciamento de ativos financeiros de um regime previdenciário é geralmente mais complexo que em outros ramos, devido ao fato que se deve manter o equilíbrio atuarial e ainda garantir a liquidez para os pagamentos à vista, representando uma restrição à liberdade na aplicação dos recursos do fundo previdenciário. Como exemplo de garantia de liquidez, não é suficiente o regime próprio possuir apenas ativo líquido maior que as provisões matemáticas, pois esse ativo pode corresponder em grande parte a imóveis, que não são vendidos e convertidos em dinheiro de uma hora para outra. O objetivo da gestão integrada de ativo e passivo (ALM) é minimizar a probabilidade de insolvência do fundo. Para isso é necessário saber como balancear a carteira de investimentos, ou seja, em que ativos investir, com vistas a maximizar a rentabilidade, minimizar o risco, e sob a restrição de equilíbrio atuarial e liquidez impostos pelos regimes previdenciários. Não há uma “receita de bolo” para a modelagem de ALM. Quanto mais sofisticado é o modelo, mais precisa é a avaliação e melhores são os resultados, porém o processo de implantação torna-se mais oneroso e demorado. O ALM orienta a resposta de algumas perguntas, entre elas: É possível garantir a solvência do fundo em qualquer momento? Quanto investir em cada classe de ativo (renda fixa, renda variável, imóveis)? Vale a pena estruturar uma equipe técnica para analisar a seleção individual de ativos? Quais ações devem ser compradas ou vendidas? Quanto reinvestir e qual parte dos ativos vender? Enfim, qual é a tática de investimentos a ser posta em prática? Muitas vezes elabora-se uma projeção de fluxo de caixa e intitula-se o mesmo de um estudo de ALM, o que não é verdade. Uma projeção de fluxo de receitas e despesas, ainda que sendo incorporadas medidas de risco (variância, desvio-padrão), geralmente é feita para poucos anos e não garante a solvência do plano no longo prazo. Este estudo é 43 muito utilizado para garantir-se a liquidez de um plano maduro, quando a fase de acumulação já ocorreu e é necessário freqüentemente vender ativos financeiros para pagar benefícios previdenciários. A gestão do fundo previdenciário é tema complexo, além de existir permanentemente um conflito entre agentes. O gestor do fundo, caso não receba os devidos incentivos por obter resultados acima do esperado, tenderá a aplicar somente em ativos de renda fixa, principalmente se, na visão equivocada de curto prazo, só houver punições para a má gestão. Por outro lado o ente quer que o fundo possua liquidez em excesso para o caso em que ela não possa honrar momentaneamente com suas obrigações previdenciárias. O segurado, por sua vez, possui uma visão míope do mercado financeiro e geralmente deseja que o fundo aplique somente em renda fixa ou imóveis, devido ao fator segurança que a previdência deve trazer. Com o objetivo da preservação da solvência do plano, a elaboração de estudo de ALM tem por base definir ou orientar as decisões estratégicas ótimas e imparciais, originadas de um critério matemático objetivo, baseado na teoria de finanças e atuária. Para isso, os modelos clássicos de projeções atuariais determinísticas devem ser estendidos aos modelos de simulação estocástica, incorporando a incerteza inerente ao fluxo de receitas e despesas do plano. Numa avaliação atuarial tradicional, os resultados encontrados são os valores médios de ocorrência, sem se preocupar com possíveis oscilações. Já num estudo de ALM, as premissas atuariais e os rendimentos obtidos em cada ativo financeiro são tratados como variáveis aleatórias, passíveis de flutuações em torno do valor esperado. Conseqüentemente, o resultado atuarial encontrado corresponderá a uma distribuição de probabilidade de resultados. Com relação as ativos, deverão ser estimados os retornos e matriz de covariância em função das expectativas do mercado, capturados através de informações históricas. As negociações realizadas na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) podem ser um bom indicador da expectativa do mercado, por exemplo. Caso seja permitido pela legislação, o uso de derivativos também pode ser utilizado não como instrumento especulativo, e 44 sim para trazer mais segurança ao sistema, o que é denominado de estratégia de Hedge. Como existem milhares de ativos disponíveis no mercado, alguma forma de agrupamento deve ser feita para simplificar, sem perda de informações, e viabilizar o cálculo de otimização. Existem diversos procedimentos matemáticos que podem ser utilizados para operacionalizar um ALM. Como a função objetivo é minimizar a probabilidade de insolvência, a quantificação do Surplus at Risk (Value at Risk do superávit atuarial) é necessária. Na prática consiste em maximizar o superávit atuarial mas não excessivamente ao ponto de suas variações esperadas provocarem aumento da probabilidade de insolvência, ou seja, provocarem a chance desse superávit reverterse para um déficit atuarial. Um procedimento é através da média-variância estática, onde se foca o problema em um período base, configurando a carteira estática que otimiza a relação risco-retorno em função do passivo atuarial e dos retornos esperados e covariância entre os ativos disponíveis no mercado. Esse é o método mais simplificado, onde se assume que a composição ótima de ativos não deva ser modificada, a não ser que ocorra uma mudança estrutural no mercado financeiro ou passivo atuarial. Outro procedimento, este mais elaborado, é a programação estocástica que determina a carteira ótima dinâmica, rebalanceando-a a cada período (mês, por exemplo), utilizando um algoritmo estocástico multiperiódico. Com isso, o resultado do estudo não é uma única composição ótima, e sim, composições ótimas para cada período temporal. Obviamente, qualquer que seja o procedimento adotado, a otimização deverá observar restrições matemáticas quanto aos limites máximos de aplicação impostos pela legislação do CMN. Adicionalmente, o modelo poderá também considerar limites mínimos ou máximos admitidos através de decisões político-estratégicas, definidos pelos gestores. 45 Por fim, cabe mencionar algumas distinções importantes que ocorrem no mercado financeiro brasileiro em relação aos países desenvolvidos, ensejando estudos atuariais diferenciados daqueles aplicados em outros países. Nosso mercado indubitavelmente sofre mais restrições, porém, caminha-se para uma abertura, crescimento e padronização internacional. No mercado nacional, faltam informações públicas mais transparentes sobre as operações, o que dificulta a criação de cenários futuros. Com um mercado relativamente pouco desenvolvido, o crédito oferecido no longo prazo também é escasso, além de haver altos custos de transação. Observa-se também que períodos de hiperinflação prejudicam qualquer estratégia para o longo prazo. Como conseqüência, observa-se no Brasil uma grande oferta de títulos pós-fixados e atrelados a indexadores inflacionários. Já em países desenvolvidos, não havendo risco iminente de inflação, a maioria dos títulos é pré-fixado, sendo a maior preocupação voltada para o risco de crédito (inadimplência). É fato que as freqüentes crises e mudanças de regimes econômicos afetam drasticamente a modelagem de ALM, podendo anular todos os efeitos do estudo. Com isso, um mínimo de estabilidade econômica é necessário para o desenvolvimento e eficácia desse tipo de estudo e das ações postas em prática. Assim como a estabilidade brasileira é recente, estudos de ALM também são recentes e se tornam cada vez mais presentes nos regimes previdenciários, principalmente nas entidades abertas e fechadas de previdência complementar. 46 9. ADMINISTRAÇÃO DO CADASTRO O cadastro que serve de base para os cálculos atuariais é de suma importância para a precisão dos resultados e projeções atuariais. Caso o banco de dados não possua qualidade satisfatória, os números não refletirão a capacidade de solvência do regime próprio e de nada adiantará realizar tantos cálculos de tamanha complexidade. Um bom cadastro é um pré-requisito para se realizar qualquer estudo atuarial conclusivo. A seguir é exemplificado um único registro do banco de dados de ativos, aposentados, pensionistas e de dependentes. Para a elaboração do cálculo atuarial é necessário obviamente estarem disponíveis os dados cadastrais de todos os servidores estatutários do regime próprio. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Servidores ativos (Indexador = Matrícula) Layout Exemplo --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Matrícula 7 posições 1234567 Nome 50 posições João da Silva Sexo 1 posição M Estado civil 20 posições separado CPF 11 posições 12345678900 Data de nascimento 8 posições 12/06/1950 Data de admissão municipal no 1º cargo 8 posições 27/02/1980 Data de ingresso no cargo atual 8 posições 24/11/1990 Tempo de serviço privado (dias) 5 posições 00442 Tempo de serviço outros regimes públicos (dias) 5 posições 01273 Vencimento-Contribuição em R$ 8 posições 000.900,99 Professor? (sim ou não) 1 posição N Cargo 60 posições Inspetor de alunos Lotação do servidor 50 posições Sec. de Educação --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Servidores aposentados (Indexador = Matrícula) Layout Exemplo ------------------------------------------------------------------------------------------------------- -------------------Matrícula 7 posições 9876543 Nome 50 posições Maria da Silva Sexo 1 posição F Estado civil 20 posições viúvo CPF 11 posições 98765432100 Data de nascimento 8 posições 04/10/1950 Data de admissão municipal no 1º cargo 8 posições 23/09/1970 Data de início do benefício 8 posições 16/01/2000 Tempo de serviço privado (dias) 5 posições 00000 Tempo de serviço outros regimes públicos (dias) 5 posições 00377 Valor do primeiro provento em moeda da época 8 posições 8 posições Valor do atual provento em R$ 8 posições 002.000,99 Tipo de Aposentadoria 20 posições Invalidez Integral Aposentadoria por invalidez? (sim ou não) 1 posição S Professor? (sim ou não) 1 posição S 47 Cargo 60 posições Espec. de Educação Lotação do servidor 50 posições Sec. de Educação --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Pensionistas (Indexador = Matrícula) Layout Exemplo --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Matrícula do servidor vinculado 7 posições 7654321 Data de nascimento 8 posições 30/09/1990 Data de início do benefício 8 posições 31/03/2007 Valor da quota de pensão (já rateada) 8 posições 000.231,76 Sexo 1 posição F Vínculo 20 posições Filho(a) Estado de invalidez? (sim ou não) 1 posição N --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Dependentes de aposentados (Indexador = Matrícula) Layout Exemplo --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Matrícula do servidor vinculado 7 posições 1234567 Data de nascimento 8 posições 07/03/2000 Sexo 1 posição M Vínculo 20 posições Neto(a) Estado de invalidez? (sim ou não) 1 posição S A boa qualidade do banco de dados dos servidores ativos é vital para se projetar corretamente as receitas e despesas futuras que eles irão gerar ao plano. Além das informações dos atuais segurados, é desejável haver também um banco de dados com relação aos ex-segurados, que se desligaram do plano, com o objetivo de se projetar as despesas de compensação previdenciária. A dificuldade em haver um banco de dados correto surge pois, conforme visualizado no exemplo anterior, os dados estritamente necessários para a elaboração da folha de pagamento não são suficientes para um estudo de avaliação atuarial. Em conseqüência, o regime próprio deve provocar ações de forma que os dados necessários estejam disponíveis e devidamente atualizados. Como exemplo de ação, pode ser exigido como documento necessário na ocasião da posse do servidor a apresentação da carteira de trabalho para que se inclua no sistema de dados o tempo anterior de contribuição à previdência social, evitando assim o cálculo superestimado de compensação previdenciária a receber e de benefícios a conceder, o que geralmente leva a resultados atuariais inferiores aos observados na realidade. 48 Além da manutenção do banco de dados de ativos, é indispensável que o regime próprio promova periodicamente o recadastramento dos servidores aposentados e dos pensionistas. A motivação principal é simplesmente o controle de morto-vivo, evitando que sejam pagos indevidamente benefícios previdenciários. A prática de falsificação de documentos e de falsidade ideológica pode ser coibida através da implantação de um sistema de controle de biometria na ocasião do recadastramento de aposentados e pensionistas. Apesar de atualmente não haver nenhum regime próprio que tenha investido em aparelhos que captem eletronicamente a impressão digital dos segurados, esses aparelhos possuem preços acessíveis, e observa-se que algumas operadoras privadas de saúde já os utilizam. Outro objetivo do recadastramento de aposentados e pensionistas é justamente manter atualizado o banco de dados necessário para os cálculos atuariais. O estado de saúde do beneficiário, se válido ou inválido, é relevante para as projeções, pois essa situação impacta na expectativa de sobrevida do mesmo, bem como na vitaliciedade do pagamento para o caso das pensões. A atualização da composição familiar dos servidores ativos e aposentados também é de suma importância para a premissa de composição familiar utilizada na projeção de benefícios de pensão. Em suma, os gestores do regime próprio devem atentar para a realização de recadastramentos periódicos, não só com o objetivo de reduzir o pagamento indevido de benefícios, mas para ajustar o banco de dados de forma a permitir que os cálculos atuariais sejam precisos. Os cálculos mensuram o equilíbrio financeiro e atuarial, a capacidade de solvência do plano, e têm por fim orientar as medidas gerenciais adequadas para se garantir a manutenção do pagamento de benefícios previdenciários do sistema. 49 MÓDULO I I - ECONOMIA E FINANÇAS 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA ..................................................... 52 1.1. Políticas................................................................................................. 52 1.2. Índices e Indicadores ........................................................................... 54 1.2.1. PIB - Produto Interno Bruto .............................................................. 54 1.2.2. PNB – Produto Nacional Bruto ......................................................... 55 1.2.3 - Índices de inflação........................................................................... 55 1.3 - Metas de Inflação ................................................................................ 58 1.4 COPOM ................................................................................................... 59 2. CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS ...................................................... 61 2.1. Conceitos .............................................................................................. 61 2.1.1. Fluxo de pagamento ........................................................................ 61 2.1.2. Valor Presente Líquido ..................................................................... 61 2.1.3. Taxa Interna de Retorno- TIR ........................................................... 61 2.1.4. Taxa de Desconto ............................................................................ 61 2.1.5. Custo de Oportunidade .................................................................... 62 2.1.6. Taxa Livre de Risco ......................................................................... 62 2.1.7. Retorno Histórico ............................................................................. 62 2.1.8. Retorno esperado ............................................................................ 62 2.1.9.Custos de Captação .......................................................................... 62 2.1.10. Alavancagem Financeira: .............................................................. 62 2.1.11. Yield to Maturity – YTM: ................................................................. 63 2.1.12. Cupom de Juros ............................................................................. 63 2.1.13. Zero Cupom Bond .......................................................................... 64 2.1.14. Duration ou Prazo Médio ................................................................ 64 2.1.15. Amortizações .................................................................................. 64 2.2. Taxas ..................................................................................................... 66 2.2.1. Taxa de Juros Nominal..................................................................... 66 2.2.2. Taxa de Juros Real .......................................................................... 66 50 2.2.3. Taxa de Juros Equivalente versus Taxa de Juros Proporcional ...... 66 2.3. Capitalização Simples e Composta .................................................... 66 2.4. Índices de Referência (Benchmark) ..................................................... 67 51 1. CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA 1.1. Políticas Política Econômica é o conjunto de medidas adotadas pelo governo para controle da economia, promovendo o desenvolvimento econômico, o emprego, garantindo a estabilidade de preços, o controle da inflação e a distribuição de renda e riqueza entre outras coisas. A Política econômica pode ser estrutural visando a modificação da estrutura econômica do país, de estabilização conjuntural quando visa combater a inflação e escassez de produtos ou de expansão quando tem por objetivo a manutenção ou aceleração de desenvolvimento econômico. Política Fiscal é o conjunto de ações e medidas relacionadas com as despesas e receitas dos governos federal, estadual e municipal. Nota: A dívida pública está vinculada à política fiscal. O montante da dívida depende das ações dessa política. Quando o Tesouro Nacional (emite) títulos públicos no mercado, ele aumenta e diminui quando os liquida. Política Externa é o conjunto de medidas que objetivam a manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos do país protegendo os setores em desenvolvimento e desenvolvendo relações comerciais com outras nações. Política Cambial são as medidas e ações tomadas pelo governo federal que influem no comportamento do câmbio e da taxa de câmbio. 52 Política Comercial é o conjunto de medidas que influenciam o comércio com outros países, inclusive as cotas de importação, linhas de crédito para importação e exportação, etc. Política de Rendas é o conjunto de medidas com o objetivo de distribuição de renda, garantia de renda mínima a determinados setores ou classes sociais, etc. Política Monetária é o conjunto de medidas para controlar o volume da liquidez à disposição dos agentes econômicos. O Governo faz política monetária atuando sobre o mercado financeiro de 3 formas básicas: Operações de mercado aberto (open market) Nota: Open Market é um mercado secundário de títulos públicos, privativo das instituições financeiras, no qual ocorre a troca de reservas bancárias. O Banco Central utiliza essa operação para regular a oferta e o custo primário do dinheiro. Funciona da seguinte forma: Quando o Banco Central compra títulos ele paga em moeda, o que significa uma elevação do volume de reais na economia. Quando vende, recebe em moeda o que significa uma diminuição de reais em circulação na economia. É através deste mercado que o Bacen calibra o custo do dinheiro, ajusta os meios de pagamentos ao nível adequado de liquidez, regula os movimentos voláteis de liquidez e garante recursos imediatos para fazer face aos seus resgates. Já o overnight é uma operação desenvolvida dentro do open market, na qual o aplicador compra títulos públicos no mercado secundário com a condição de revendê-los no dia seguinte (operações compromissadas), por uma taxa predeterminada pelas partes. 53 Recolhimento de compulsório Controle de liquidez através de um montante dos depósitos à vista, a prazo, poupança, etc.que os bancos obrigatoriamente recolhem ao BACEN. Quanto maior for o compulsório, menos a capacidade dos bancos de emprestar e colocar reais na economia, e vice-versa. Redesconto São empréstimos que o BACEN faz aos bancos que tenham necessidade de liquidez. Ao utilizar este procedimento o BACEN está colocando reais na economia 1.2. Índices e Indicadores São conjuntos de dados estatísticos, que dão a idéia da situação econômica de um estado, município ou país em determinado período ou data. Em geral fornecem dados sobre produção, comercialização e investimentos. Entre os indicadores econômicos mais relevantes, estão os referentes aos níveis de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento da economia. 1.2.1. PIB - Produto Interno Bruto É o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em território nacional, independente da nacionalidade dos agentes econômicos, num determinado período de tempo (por exemplo, 1 ano civil). Brasil mede o PIB pela produção. É a melhor medida do desempenho econômico de uma economia. Em termos mais precisos, PIB é igual é a renda total de todas as pessoas na economia ou a despesa total da economia na produção de bens e serviços. Algumas regras para calculo do PIB: 54 Valor dos bens intermediários não é computado no cálculo do PIB, visto que está incluído dentro do valor dos bens finais. Conceito de valor agregado: Com o objetivo de computar o valor dos bens e serviços finais, soma-se o valor adicionado em cada etapa de produção. Tome por exemplo a fabricação de um carro: em relação à montadora de veículos será considerado apenas o que ela adicionou para sua fabricação, caso contrário o aço, por exemplo, seria considerado duas vezes para efeito de PIB. Economia informal: o PIB exclui os valores das mercadorias produzidas e vendidas nesta economia. Exemplo: emprego doméstico sem carteira, comércio de drogas, etc. 1.2.2. PNB – Produto Nacional Bruto É o resultado de tudo o que foi produzido pelos agentes econômicos de um país, em qualquer parte do mundo. 1.2.3 - Índices de inflação A inflação é a taxa média de variação dos preços dos bens e serviços, por um período de tempo em uma determinada economia (ou em determinado país). A inflação acaba gerando um grande conflito em função da desigualdade da distribuição da renda e da riqueza. Alguns ganham outros perdem com ela. Geralmente, os preços dos bens e serviços não são reajustados no mesmo momento do tempo nem pela mesma taxa. Existem preços que sobem menos, existem preços que caem, existem preços que sobem mais e, assim por diante, daí o processo de queda do poder de compra de alguns e de aumento do poder de compra de outros agentes econômicos. Como numa família que tem hábitos de consumo diferentes, nas diversas regiões e cidades isso também acontece. Isso acaba gerando várias inflações diferentes, pois os preços de bens e serviços não sobem de forma igual. Por isso os órgãos responsáveis 55 pelos cálculos de inflação acabam por apurar a partir das médias de consumo das famílias e por extensão, das cidades, regiões, etc. Os índices de inflação têm a ver com o comportamento da inflação dos preços de uma cesta de bens e de serviços. O preço de referida cesta varia ao longo do tempo e nos mostra que em determinados momentos o nosso poder de compra aumenta e que em outros momentos o nosso poder de compra diminui ou permanece inalterado. Dois índices serão explicados a seguir: O IPCA, que é um índice que mede a inflação na ponta do consumidor e o IGP-M, que é um índice geral de preços, composto da variação, tanto de preços no atacado quanto na ponta do consumidor ou varejo. Tais índices são muito importantes no processo de remuneração de determinados produtos de investimento. - Inflação é a variação média de preços. - Inflação é representa um conflito pela distribuição de renda - Inflação mede na verdade a velocidade ou aceleração no comportamento de preços IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (índice oficial do Governo) O IPCA é um índice utilizado pelo Banco Central do Brasil, mais precisamente seu colegiado de diretores conhecido como COPOM - Comitê de Política Monetária, para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação, adotado a partir de junho de 1999, para o balizamento da política monetária. Público Alvo de Análise A população-objetivo do IPCA é referente às famílias com rendimento mensais de 1 a 40 salários mínimos, e é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Abrangência Geográfica As regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Brasília, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Goiânia. Variáveis investigadas 56 Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios e concessionárias de serviços públicos. Periodicidade Mensal, o período de coleta do IPCA estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência. Divulgação Aproximadamente 8 (oito) dias úteis após o término da coleta. IPC - Índice de Preços ao Consumidor Medir o movimento médio de preços mensal de determinado conjunto de bens e serviços no mercado varejista, de abrangência nacional e com pesquisa de preços realizados nos principais centros consumidores do país: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, pesquisando famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos. IGP-M - índice Geral de Preços de Mercado É o índice mais utilizado pelo mercado financeiro para a correção de contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas, como a energia elétrica, por exemplo. É calculado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. Público Alvo da Análise Indicador com ampla cobertura que, além de refletir a evolução de preços de atividades produtivas, também representa o movimento das operações de comercialização no atacado, no varejo e na construção civil. Composição É composto pela média ponderada do IPA (60%), IPC (30%) e INCC (10%). Periodicidade Do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência. Divulgação 57 Divulgado no último dia útil do mês de referência. INCC - Índice Nacional de Custo da Construção Mede o ritmo evolutivo dos preços dos materiais de construção, serviços e mão-de-obra, relativos a construção civil. Sua abrangência é nacional, com pesquisa de preços realizada em doze capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. IPA - Índice de Preços por Atacado Mede o movimento médio no atacado de preços em todas as capitais brasileiras. 1.3 - Metas de Inflação A principal característica desse regime é o compromisso do Banco Central em ter, como objetivo prioritário, a manutenção da taxa de inflação em torno de determinado nível, formalmente determinado pelo CMN - Conselho Monetário Nacional, tendo como seu índice balizador o IPCA, visto anteriormente. Como já foi dito, o Banco Central tem por objetivo manter a inflação em um patamar preestabelecido. Para tanto é necessário: a) que exista um mecanismo de transmissão que permita que a política monetária influencie a inflação; b) que o Banco Central conheça o mecanismo de transmissão e disponha ele instrumentos necessários. Particularidades do Regime de Metas de Inflação no Brasil e a função de nosso Banco Central. No Brasil, a meta para a inflação foi definida em termos da variação do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. O IPCA, como o nome indica é um 58 índice de preços ao consumidor, em oposição a outros índices, como de atacado ou gerais. A escolha de um índice ao consumidor é freqüente na maioria dos regimes de metas para a inflação e a principal justificativa para a sua escolha é o fato da inflação ao consumidor ser a mais adequada para, dada uma evolução de salários nominais, avaliar o poder aquisitivo da população. No nosso sistema, o Banco Central dispõe de autonomia operacional, isto é, ele tem liberdade para fixar a taxa SELlC e utilizar outros instrumentos ele política monetária como lhe convier para atingir a meta. A definição da meta, entretanto, não é decisão do BACEN, mas do Conselho Monetário nacional. 1.4 COPOM O COPOM foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros básica da economia. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório. Os objetivos do COPOM são: - Estabelecer diretrizes de política monetária. - Definir a meta da taxa SELlC e seu eventual viés. - Analisar o Relatório de Inflação. A taxa de juros fixada na reunião do COPOM é a meta para a taxa SELIC (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o COPOM também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao Presidente do Banco Central para alterar a meta para a taxa SELIC a qualquer momento entre as reuniões ordinárias no sentido (alta ou baixa) indicado pelo viés. 59 O COPOM é composto pelos oito membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, com direito a voto, sendo presidido pelo Presidente do Banco Central, que tem o voto de qualidade, isto é, voto de desempate. A definição das metas inflacionárias é de competência do Conselho Monetário Nacional, cabendo ao Banco Central do Brasil, por meio do COPOM, procurar cumpri-las. Ao término de uma reunião do COPOM, ao mesmo tempo em que a decisão final é divulgada à imprensa, é expedido Comunicado através do Sistema de Informações do Banco Central (SISBACEN), que informa a nova meta da Taxa SELIC e seu eventual viés. Alguns dias após cada reunião do COPOM são divulgados o documento Notas da Reunião do COPOM na página do Banco Central na Internet e aos jornalistas através da Assessoria de Imprensa. A ata da reunião avalia detidamente a decisão tomada pelo Comitê, tendo como foco a diretriz de transparência e prestação de contas à sociedade. Para reforçar o compromisso com a transparência, se a decisão do Comitê não tiver sido consensual, as opiniões alternativas dos membros da Diretoria são destacadas. No último dia de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), é publicado no Relatório de Inflação, que explicita as condições da economia que orientaram as decisões do COPOM com relação à condução da política monetária. A avaliação do Banco Central é feita ao final de cada ano. Considera -se que a meta foi atingida caso a inflação observada ao final do ano se situe dentro do intervalo de tolerância previamente estabelecido. Ou seja, apesar de o Banco Central dever conduzir a política monetária de forma a mirar na meta, não há punição prevista se a diferença entre a inflação ocorrida e a meta for inferior a dois pontos percentuais. Caso não consiga cumprir a meta, o Presidente do Banco Central deve escrever uma carta aberta justificando os motivos que levaram a isso, quais as medidas de política monetária serão tomadas e em quanto tempo se espera que a inflação retorne à meta. O COPOM se reúne a cada 44 dias. 60 2. CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS 2.1. Conceitos 2.1.1. Fluxo de pagamento O fluxo de caixa de um investimento, empréstimo ou financiamento é o nome dado ao conjunto de entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo. Somente é possível indicar qual é a melhor opção de investimento após fazer a análise do fluxo de caixa e transformar cada proposta em seu valor equivalente à vista. 2.1.2. Valor Presente Líquido – VPL É a soma das entradas e saídas, descapitalizadas, uma a uma, até o momento zero. Esse cálculo permite comparar valores diferentes, em prazos diferentes, na mesma base de tempo. 2.1.3. Taxa Interna de Retorno- TIR Valor Presente Liquido de um fluxo de caixa ou Taxa Efetiva de Rentabilidade – IRR (Internal Rate of Return): É a taxa que faz com que o VPL (Valor Presente Liquido) de um fluxo de caixa seja igual a zero. 2.1.4. Taxa de Desconto Ou Taxa Média de Atratividade é a taxa de rentabilidade mínima interessante para um investidor. Para que ela se torne atraente, os aspectos como, o risco, o prazo e o fluxo de caixa futuro devem ser avaliados. Ex: Operações (projetos) com TIR maior que a Taxa de desconto (TD) são aceitáveis. 61 Opções com TIR menor que a TD, devem ser negados. 2.1.5. Custo de Oportunidade É a taxa de juros que o investidor ganharia se aplicasse o dinheiro no melhor investimento alternativo, com riscos e prazos similares 2.1.6. Taxa Livre de Risco É a Taxa que se aplica sobre títulos de Governo. Esses títulos são considerados ativos livres de riscos, porque o resgate é assegurado pela receita da arrecadação de impostos. Importante: Essa taxa só se aplica a títulos resgatados apenas no dia vencimento. 2.1.7. Retorno Histórico É a série histórica dos retorno de um investimento, que se constitui em base de dados essencial para a avaliação do retorno futuro esperado do negócio em estudo. 2.1.8. Retorno esperado Está vinculado aos fluxos incertos de caixa do investimento, sendo determinado pela ponderação entre os valores financeiros esperados e suas respectivas probabilidades. 2.1.9.Custos de Captação São as taxas de cada fonte de capital a ser tomado. 2.1.10. Alavancagem Financeira: É o grau de utilização de recursos de terceiros. 62 Nota: Quando um investidor possui contratos em aberto no mercado de derivativos, também corresponde a alavancagem. 2.1.11. Yield to Maturity – YTM: Reflete o rendimento (Yield) efetivo dos títulos de renda fixa até seu vencimento (maturity) Nota: YTM equivale à TIR de um Bônus. Caso a YTM seja igual ou maior que a taxa de rentabilidade procurada o investimento é atraente. Caso contrário não é. 2.1.12. Cupom de Juros São os juros pagos pelos bônus, títulos de renda fixa, que os agentes econômicos são obrigados a pagar aos credores um de fluxo futuro de rendimentos, com taxas fixas (percentual do principal) ou variáveis de acordo com referenciais estabelecidos. E para esses títulos o capital e os juros (cupom) podem ser pagos integralmente, ou ao final, ou valores periódicos a serem pagos juntos ou separadamente. Títulos de Renda Fixa: As principais diferenças: No Mercado Financeiro: Prazo de resgate Maturidade do título Natureza do emitente No Mercado Monetário: Commercial papers e certificados de depósitos bancários - Títulos com resgate de curto prazo. Os títulos são emitidos com prazo de resgate inferior a um ano. Bonds (bônus) - Títulos com prazo de resgate - maturidade - superior a um ano. Os títulos são colocados no mercado nos mercados internos e externos. 63 No mercado externo esses títulos são trocados por títulos de dívidas e ou empréstimos concedidos por investidores estrangeiros. Existem três tipos de títulos negociados no mercado internacional: Títulos com juros fixos Títulos com taxas de juros redefinidas periodicamente ( floating) Títulos conversíveis em ações (equity related) 2.1.13. Zero Cupom Bond São os bonds ( bônus) com um único pagamento ao final do prazo, principal + juros. 2.1.14. Duration ou Prazo Médio É a medida de mensuração do prazo de um investimento de forma que torne indiferente ao investidor resgatá-lo em um único pagamento ou mantê-lo de acordo com o fluxo de parcelas de rendimentos intermediários. 2.1.15. Amortizações É a devolução do principal do valor de uma obrigação contraída, em parcelas ou de uma única vez. O fluxo de caixa de uma obrigação possui duas partes: A amortização ou a restituição do empréstimo e a outra de juros ou remuneração do empréstimo. A forma de retorno do fluxo de caixa dessa obrigação é negociada entre as partes. Modelos dos principais sistemas de amortizações de empréstimos, segundo clasiificação de Milton Juer. Sistema Francês de Amortização - É o mais utilizado e também conhecido como Tabela Price. Nesse sistema, um empréstimo é liquidado em prestações iguais ao 64 longo de um período de tempos iguais. Os juros incidem sobre o saldo devedor que decresce à medida em que as prestações são pagas. Na composição das prestações, a parcela de juros é cada vez menor e a parcela de capital é cada vez maior. Pela praticidade o sistema francês é muito utilizado nas vendas a crédito ( crediário) e nos empréstimos de crédito ao consumidor. Sistema Americano de Amortização - Nesse sistema pactua-se o retorno do capital de uma só vez, no fim do prazo contratado, sendo que, o devedor fica obrigado a pagar os juros no fim de cada período ao qual se refere a taxa de juros convencionada. Para garantir a liquidação da dívida nos prazos contratados, o devedor deverá constituir um fundo (sinking fund), efetuando depósitos periódicos e iguais. Sistema Alemão de Amortização – Trata-se de modalidade de amortização na qual os juros devidos são pagos antecipadamente, isto é, são pagos no ínicio de cada período de tempo, ao qual se refere a taxa de juros convencionada. Sistema de Amortizações Constantes – Também conhecido como método hamburguês, foi muito utilizado na amortização dos empréstimos habitacionais. Nesse sistema, as sucessivas cotas periódicas de amortização são constantes, durante todo o prazo do financiamento e iguais ao quociente C/n, onde C é o valor financiado e n o prazo do financiamento Sistema Misto – Os empresários são amortizados pela conjunção do Sistema Francês (SF) e do Sistema SAC em 50%, respectivamente. As amortizações, juros e prestações são obtidas a partir da média aritmética entre os valores computados pelo método de amortização constante e pelo método francês. 65 2.2. Taxas 2.2.1. Taxa de Juros Nominal É a taxa referente a um período não coincidente com o período de capitalização. Geralmente tem periodicidade anual e é muito encontrada nas operações correntes de empréstimos, financiamentos, aplicações financeiras, etc. Normalmente, vem escrita em um documento, como por exemplo, um contrato ou título de crédito. 2.2.2. Taxa de Juros Real É calculada a partir da taxa nominal de juros, descontando-se os efeitos inflacionários. O objetivo é determinar o quanto se ganhou ou perdeu, desconsiderando a inflação, neste caso medida por qualquer índice disponível (IGP-M, IPCA, etc.). 2.2.3. Taxa de Juros Equivalente versus Taxa de Juros Proporcional Taxa Equivalente. Duas taxas são equivalentes quando, considerados o mesmo prazo, expresso em períodos diferentes (unidades de tempo distintas) e o mesmo capital, produzem o mesmo montante, no regime de capitalização composto de juros. Taxa Proporcional. Duas taxas são proporcionais quando, considerados o mesmo prazo, expresso em períodos diferentes (unidades de tempo distintas) e o mesmo capital, produzem o mesmo montante, no regime de capitalização simples de juros. 2.3. Capitalização Simples e Composta No regime de capitalização simples a taxa de juros incide apenas sobre o capital inicial, portanto a taxa de juros será aplicada sempre sobre o mesmo capital pelos seus diversos períodos. Já no regime de capitalização composto a taxa incide sobre o capital inicial acrescido dos juros do período anterior, ou seja, os juros de cada período são gerados pela aplicação de sua taxa sobre a soma do capital anterior e seu respectivo juro. 66 Regime de capitalização simples: comporta-se como se fosse uma progressão aritmética (PA), crescendo os juros de forma linear ao longo do tempo. Neste critério, os juros somente incidem sobre o capital inicial da operação (aplicação ou empréstimo). Regime de capitalização composta: incorpora ao capital não somente os juros referentes a cada período, mas também os juros sobre os juros acumulados até o momento anterior. É um comportamento equivalente a uma progressão geométrica (PG) no qual os juros incidem sempre sobre o saldo apurado no início do período correspondente (e não unicamente sobre o capital inicial). 2.4. Índices de Referência (Benchmark) Trata -se de referência ou parâmetro para análise de retorno de investimentos. Poder ser uma carteira teórica passível de ser replicada, contra a qual pode-se comparar a performance de carteiras e fundos de investimento. O índice Bovespa, por exemplo, nada mais é do que o valor de uma carteira de ações escolhidas de acordo com um determinado critério. A taxa CDI também é um benchmark utilizado, por exemplo, como parâmetro de rentabilidade de fundos de renda fixa. Veremos a seguir alguns deste benchmarks. Taxa SELIC – Meta Mede a taxa média dos financiamentos diários realizados no mercado interfinanceiro com lastro em títulos públicos federais. O Comitê de Política Monetária (Copom) estabelece a meta para a taxa SELIC, tomando como base a previsão de inflação ajustada para o exercício. E tem a prerrogativa de fixar um viés de taxa de juros (de elevação ou de redução), que autoriza o presidente do BC a alterar a meta para a SELIC na direção do viés, sempre que alguma mudança significativa na conjuntura econômica for esperada. Viés 67 O COPOM define também o viés, ou seja, a flexibilidade de mudança da taxa de juros básica (SELIC), no sentido do viés, antes da próxima reunião. Na prática, isto agiliza o processo de tomada ele decisões. No caso do viés de alta, por exemplo, caso exista a necessidade de elevação emergencial de taxa SELIC antes da próxima reunião, isto pode ser feito, sem reunião extraordinária, pelo Banco Central. O inverso vale para viés de baixa. Taxa SELIC – Over Também conhecida como taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), expressa na forma anual, base 252 dias úteis, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no sistema SELIC. Taxa CDI - Depósito Interfinanceiro Taxa média ponderada das operações realizadas entre instituições financeiras pelo prazo de um dia, com lastro em emissão do CDI - Certificado ele Depósito Interfinanceiro, que é um título privado. São excluídas da média apurada eventuais operações que tenham sido realizadas entre instituições do mesmo grupo. A partir ele 01/01/1998 a taxa é divulgada em % ao ano, considerando ano base de 252 dias úteis. TBF – Taxa Básica Financeira Sua metodologia de cálculo tem como base a taxa média mensal ponderada ajustada da taxa utilizada para captação de recursos a prazo (CDB e RDB) das 30 instituições financeiras selecionadas, retirando as 2 maiores e as 2 menores. Para cada dia do mês - dia de referência, o Banco Central deve calcular - e divulgar a TBF - Taxa Básica Financeira, para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e término no dia correspondente ao dia de referência no mês seguinte. Serve de base para o cálculo da TR. Para cada TBF obtida, deve ser calculada a correspondente TR, pela aplicação de um redutor. TR – Taxa Referencial 68 É o índice de remuneração básica da caderneta de poupança e do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Taxa PTAX - Taxa Média das Taxas de Câmbio em relação ao Real A PTAX é a taxa de venda média, ponderada pelas negociações da moeda estrangeira no decorrer de um dia. Como o dólar norte -americano é a moeda estrangeira mais negociada no país, quando se fala em PTAX, o termo é logo associado à ela. A PTAX é definida através da média ponderada das negociações do dólar - no caso da moeda norte -americano - no decorrer do dia. Seu cálculo representa, portanto. a taxa média de venda, ponderada por todas operações de câmbio ocorridas em determinado dia... Utilização da Taxa PTAX Ela é utilizada para corrigir os títulos federais, contratos de swap e futuros atrelados a taxas de câmbio. Distorção causada por sua metodologia A PTAX publicada e válida para hoje, refere -se às operações do mercado de câmbio de ontem ou D-1. Ibovespa O índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis negociados na BOVESPA e também de sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968. O que é o Índice Bovespa? É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 02/01/1968, a partir de uma aplicação hipotética. Finalidade 69 A finalidade básica do Ibovespa é a de servir como indicador médio do comportamento do mercado. Para tanto, sua composição procura aproximar-se o mais possível da real configuração das negociações à Vista (lote -padrão) na BOVESPA. Representatividade do Ibovespa Em termos de liquidez As ações integrantes da carteira teórica do índice Bovespa respondem por mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro verificados no mercado à vista (lotepadrão) da BOVESPA. Em termos de Valor de Mercado As empresas emissoras das ações integrantes da carteira teórica do índice Bovespa são responsáveis, em média, por aproximadamente 70% do somatório da capitalização bursátil de todas as empresas com ações negociáveis na BOVESPA. Capitalização bursátil é o valor de mercado das empresas emissoras de ações, integrantes da carteira teórica de índices. Critérios de Inclusão de Ações no índice A carteira teórica do Ibovespa é composta pelas ações que atenderam cumulativamente aos seguintes critérios, com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira: Estar incluída em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais; apresentar participação, em termos ele volume, superior a 0,1 % do total: ter sido negociada em mais de 80% do total de pregões do período. Critérios de Exclusão de Ações no índice Uma ação selecionada para compor a carteira só deixará de participar quando não conseguir atender a pelo menos dois dos critérios de inclusão anteriormente indicados. Deve -se ressaltar que companhias que estiverem sob regime de concordata preventiva, processo falimentar, situação especial ou sujeitas a prolongado período de suspensão de negociação não integrarão o Ibovespa. 70 IBrX - índice Brasil Apresentação o IBrX - índice Brasil é um índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na BOVESPA, em termos de números de negócios e volume financeiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número de ações disponíveis negociação no mercado. Ações Elegíveis para o índice o índice IBrX será composto por 100 papéis escolhidos (em uma relação de ações classificadas em ordem crescente por liquidez, de acordo com seu índice de negociabilidade (medida nos últimos doze meses), observados os demais critérios de inclusão descritos abaixo. Critérios de Inclusão de Ações no índice Integrarão a carteira do IBrX - índice Brasil as 100 ações que atenderem cumulativamente aos critérios a seguir: a) estarem entre as 100 melhores classificadas quanto ao seu índice de negociabilidade, apurados nos doze meses anteriores à reavaliação; b) terem sido negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira. Cumpre ressaltar que companhias que estiverem sob regime de concordata preventiva, processo falimentar, situação especial, ou ainda que estiverem sujeitas a prolongado período de suspensão de negociação, não integrarão IBrX. Critérios de Exclusão Uma ação será excluída do índice, nas reavaliações periódicas, quando deixar de atender aos critérios de inclusão. Se, durante a vigência da carteira, a empresa emissora entrar em regime de concordata preventiva ou falência, as ações de sua emissão serão excluídas da carteira do índice. No caso de oferta pública que resultar em retirada de circulação de parcela significativa 71 de ações do mercado, suas ações serão excluídas da carteira. Nessas eventualidades, serão efetuados os ajustes necessários para garantir a continuidade do índice. MÓDULO III – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E INSTITUIÇÕES E INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS 72 1. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ........................................................... 74 2. AUTORIDADES MONETÁRIAS (SUBSISTEMA NORMATIVO) .................. 75 2.1. CMN – Conselho Monetário Nacional .................................................... 75 2.2. Tesouro Nacional ................................................................................... 77 2.3. BACEN – Banco Central do Brasil ......................................................... 77 2.4. CVM – Comissão de Valores Mobiliários ............................................... 79 3. SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO E INSTITUIÇÕES AUXILIARES ...... 80 3.1. Bancos ................................................................................................... 80 3.2. Bolsas de Valores .................................................................................. 82 3.3 Corretoras Distribuidoras de Valores – CTVM e DTVM .......................... 84 3.4. Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia ..................................... 86 3.5. Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB .............................................. 89 73 1. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Há Pessoas que poupam recursos(dinheiro) e naquela atitude acreditam que deixando de consumir naquele momento terão maiores benefícios no futuro. São conhecidos como poupadores. Os poupadores são agentes econômicos superavitários dispostos a transformar suas disponibilidades monetárias em ativos financeiros. Estão dispostos a emprestar o que “sobra” da sua renda em troca de juros. E há aqueles que são agentes econômicos deficitários e estão dispostos a financiar seu déficit ao custo do mercado. São aqueles que necessitando de mais recursos do que sua renda, dispõem-se a pagar juros por esses recursos. Esses são os tomadores. Cabe aos intermediários financeiros efetuar essa ligação entre os dois segmentos. Agentes Econômicos Superavitários (Doadores de Recursos) Oferta de Recursos Intermediários Financeiros Demanda de Recursos Agentes Econômicos Deficitários (Tomadores de Recursos) Então podemos dizer que o SFN – Sistema Financeiro Nacional é formado pelo conjunto de instituições dedicadas a propiciar condições favoráveis para a manutenção do fluxo de recursos entre poupadores e tomadores, no País. 74 OBJETIVO O principal objetivo do SFN é viabilizar a intermediação entre poupança e investimento, possibilitando maior eficiência ao setor produtivo. ESTRUTURA O SFN – Sistema Financeiro Nacional é dividido em 2 subsistemas: o normativo e o de intermediação e instituições auxiliares. 2. AUTORIDADES MONETÁRIAS (SUBSISTEMA NORMATIVO) 2.1. CMN – Conselho Monetário Nacional É o órgão supremo no SFN. É um órgão exclusivamente normativo e sua finalidade é fixar diretrizes para as políticas monetária, de crédito e cambiais do País. Composição: Ministro da Fazenda Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Presidente do BACEN Funções do CMN: (o CMN normatiza mas não executa) Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; Regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; 75 Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; Zelar, através de normas, pela liquidez e solvência das instituições financeiras; Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa. Atribuições Específicas: Autorizar a emissão de papel moeda; Definir metas para inflação; Controlar o volume dos meios de pagamentos da economia; Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo BACEN; Fixar diretrizes e normas da política cambial; Disciplinar o crédito em suas modalidades e formas das operações creditícias; Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros; Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras; Regulamentar as operações de redesconto de liquidez; Outorgar ao BACEN o monopólio de operações de câmbio quando o balanço de pagamento o exigir; Estabelecer normas a serem seguidas pelo BACEN nas transações com títulos públicos; Regular a constituição, funcionamento e fiscalização de todas as instituições financeiras. 76 2.2. Tesouro Nacional O Tesouro Nacional tem como missão defender o cidadão-contribuinte, de hoje e de amanhã, por meio da busca permanente do equilíbrio dinâmico entre receitas e despesas Para e tanto, da tem-se transparência como princípios as do seguintes gasto políticas público. e valores: participação efetiva da definição da política de financiamento do setor público; eficiência na administração da dívida pública, interna e externa; empenho na recuperação dos haveres do Tesouro Nacional; garantia da transparência do gasto público. À Secretaria do Tesouro Nacional, órgão específico singular do Ministério da Fazenda e órgão central dos Sistemas de Administração Financeira Federal e de Contabilidade Federal diretamente subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda, entre outras funções, compete: I - elaborar a programação financeira mensal e anual do Tesouro Nacional, gerenciar a Conta Única do Tesouro Nacional e subsidiar a formulação da política de financiamento da II despesa - zelar pelo equilíbrio financeiro pública; do Tesouro Nacional; III - administrar os haveres financeiros e mobiliários do Tesouro Nacional. 2.3. BACEN – Banco Central do Brasil 77 É o órgão executivo e fiscalizador das políticas determinadas pelo CMN, funcionando como secretaria executiva do CMN, sendo o responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional. É conhecido como “o banco dos bancos”. Objetivos: Formular e gerir as políticas monetária e cambial, compatíveis com as diretrizes do Governo Federal; Regular e supervisionar o SFN; Administrar o SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro e o meio circulante. Principais Atribuições: Emitir papel moeda nas condições e limites autorizados pelo CMN; Exercer fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário; Autorizar o funcionamento de todas as instituições financeiras; Controlar o fluxo de capitais estrangeiros garantindo o correto funcionamento do mercado de câmbio. Executar os serviços do meio circulante; Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no país; Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras dentro de um enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez; Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; 78 Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais; Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; Exercer o controle do crédito. OBS: Desde maio de 2002, o BACEN não pode mais emitir títulos, tendo que executar a política econômica através da aquisição e repasse de títulos do Tesouro Nacional. 2.4. CVM – Comissão de Valores Mobiliários Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do País. É uma autarquia do Ministério da Fazenda e atua sob a orientação do CMN. Objetivos e funções: Seu principal objetivo é o fortalecimento do mercado de ações e títulos mobiliários com algumas atribuições: Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e balcão. Proteger os titulares de valores mobiliários, evitar ou coibir modalidades de fraudes e/ou manipulação no mercado; Assegurar o acesso ao público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido Assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de valores mobiliários; 79 Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; Estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas. 3. SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO E INSTITUIÇÕES AUXILIARES Esse subsistema é constituído pelos intermediadores financeiros que recebem recursos dos poupadores repassando-os aos tomadores e por outras instituições que auxiliam o Sistema Financeiro, como as bolsas de valores e as de mercadorias e futuro. 3.1. Bancos Banco Comercial Instituições financeiras privadas ou públicas que têm como principal característica, a criação de moeda, através da captação de recursos em depósitos à vista que são repassados na forma de operação de crédito. Atuam também com a prestação de serviços onde incluem as diversas modalidades como cobrança, ordem de pagamento, pagamento de cheques, recebimentos de impostos e tarifas, serviços de câmbio, etc. São responsáveis pelo efeito multiplicador da moeda. Banco de Investimento Instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário; de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e capital de giro; de administração de recursos de terceiros. 80 Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem contas correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasse de recursos internos e externos. Administram e vendem cotas de fundos de investimentos. Seus principais serviços são: underwriting de ações e debêntures, que é o processo de lançamento de ações ou debêntures no mercado; estruturação de securitização de recebíveis, que é a transformação de valores a receber e créditos de empresas em títulos negociáveis no mercado; serviços de custódia; repasses de recursos oficiais de crédito provenientes do BNDES, etc. OBS: Os bancos de investimentos não podem manter contas correntes, captando recursos por meio de emissões de CBDs e instrumentos de captação de recursos no exterior. Bancos Múltiplos São instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e assessorias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: Comercial; De investimentos; De desenvolvimento, exclusiva para bancos públicos; De crédito imobiliário; De crédito, financiamento e investimento; Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. 81 O banco múltiplo deve ser constituído com no mínimo duas carteiras sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento. 3.2. Bolsas de Valores É uma associação civil com fins lucrativos e com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. É o centro mais importante de negociação de ações, onde se compram e se vendem as ações de companhias de capital aberto e seu principal objetivo é proporcionar liquidez aos títulos negociados , a um preço justo, de acordo com o consenso de mercado. Principais Atribuições Manter local adequado á realização de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios membros participantes e pela CVM; Estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez dos papéis no mercado; Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão; Assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títulos e valores negociados; Auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais. BOVESPA – Bolsa de valores de São Paulo A Bolsa de valores de São Paulo é uma entidade auto-reguladora que opera sob a supervisão da CVM. Na BOVESPA são regularmente negociados: 82 Ações de companhias abertas; Opções sobre ações; Direitos e recibos de subscrição; Bônus de subscrição; Cotas de fundos de investimentos fechados; Debêntures e notas promissórias. BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros A bolsa de mercadorias e futuros é uma associação privadas civil, com fins lucrativos, com o objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, deve desenvolve, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos livre e transparente que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de índices, taxas de juros, moedas, metais, commodities agropecuárias, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. Possui autonomia financeira, patrimonial e administrativa e é fiscalizada pela CVM. Os contratos de derivativos mais negociados são: Termo; Futuro; Swap 83 Opções. Mercado de Balcão É onde são fechadas operações de compra e venda de títulos, valores mobiliários, commodities e contratos de liquidação futura, diretamente entre as partes ou com a intermediação de instituições financeiras, mas fora das bolsas. Nessas operações somente os participantes conhecem os termos do contrato que podem ser completamente adequados às necessidades específicas de cada parte. Tais operações são menos sujeitas à fiscalização e regulação e, não havendo interesse dos contratantes, sem qualquer divulgação para o mercado. As particularidades de cada contrato dificultam sua negociação posterior, sendo comum os participantes manterem essas posições em suas carteiras até o vencimento. Outro problema desse mercado é a liquidez. Como as negociações ocorrem fora da bolsa, será mais difícil revender os papéis. MERCADO DE BALCÃO ORGANIZADO Diferentemente do conceito tradicional de mercado de balcão onde normalmente as partes fecham negócios, elaboram e liquidam operação por sua conta e risco, o Mercado de Balcão Organizado tem como objetivo oferecer um ambiente eletrônico para negociação de títulos e valores mobiliários e demais ativos financeiros ao mercado. 3.3 Corretoras Distribuidoras de Valores – CTVM e DTVM 84 CTVM – Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários são aquelas que atuam com exclusividade na intermediação nos pregões de bolsa de valores e mercadorias. Para atuarem junto às bolsas de valores e mercadorias, as sociedades corretoras devem possuir o seu título patrimonial, o que as torna associadas àquela bolsa. As sociedades corretoras podem tanto atuar no pregão quanto no mercado de balcão. O mercado de balcão pode ser organizado (SOMA) ou não organizado (negociações particulares). As corretoras normalmente só atuam no mercado de balcão organizado. Principais Atribuições: Promover ou participar do lançamento público de ações; Administrar e custodiar carteiras de títulos e valores mobiliários; Instituir, Administrar e organizar fundos e clubes de investimento; Intermediar, ou comprar e vender, no mercado de metais preciosos; Intermediar títulos e valores mobiliários; Operar nas bolsas por conta própria ou de terceiros; Assessorar clientes nas operações de mercado financeiro; Intermediar as operações de câmbio. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – DTVM São instituições constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por cotas de responsabilidade limitada, responsável pela intermediação das operações com títulos, valores mobiliários e commodities. 85 Na sua denominação social deve constar a expressão “Distribuidora de Títulos e Valores mobiliários”. Principais atribuições: Administrar e custodiar as carteiras de títulos e valores mobiliários; Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; Operar no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros dentro das condições exigidas pelo BACEN; Intermediar a colocação de emissões de capital no mercado. Exercer funções de agente fiduciário protegendo os interesses do investidor junto à empresa emissora, à CVM e aos demais órgãos envolvidos. 3.4. Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia Sistema pelo qual as bolsas garantem o fiel cumprimento de todos os compromissos de compra ou venda assumidos em pregão. São entidades de capital privado, formadas pelos principais bancos do país. Com estruturas adequadas ao gerenciamento de risco de todos os participantes, as clearings operam sob proteção de rigorosos mecanismos de garantia tomadas dos bancos participantes, conferindo mais segurança e confiabilidade às operações do sistema financeiro. Sistemas de Liquidação e Custódia 86 Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC Criado em 1980 pela ANDIMA em parceria com o BACEN, o SELIC é um sistema eletrônico que processa o registro, a custódia e a liquidação financeira das operações realizadas com títulos públicos federais, garantindo segurança, agilidade e transparência nos negócios. Antes as operações financeiras implicavam o manuseio e a movimentação física desses títulos, com grande risco de fraude e extravio. A partir da implementação do SELIC, títulos e cheques foram substituídos por simples registros eletrônicos, gerando ganho de eficiência, já que as operações são fechadas no mesmo dia em que ocorrem. O objetivo desse sistema é controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e venda de títulos públicos federais e manter sua custódia física e escritural. O SELIC é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro nacional, dentre eles LFT, LTN, NTN-C e NTN-D. Câmara de Custódia e Liquidação – CETIP É uma das maiores empresas de custódia e liquidação da América latina. Sem fins lucrativos, foi criada em conjunto pelas instituições financeiras e o BACEN em 1986, para garantir mais segurança e agilidade às operações financeiras. A CETIP registra, custodia e liquida títulos e valores mobiliários de renda fixa como CDBs, RDBs, DIs, Letras de câmbio, letras hipotecárias, debêntures, swaps, 87 e até títulos públicos estaduais e municipais emitidos a partir de 1992, títulos representativos de dívidas de responsabilidade do tesouro nacional, créditos secutirizados da União, da dívida agrícola, etc. Os títulos são emitidos geralmente na forma escritural, isto é, existem apenas sob a forma de registros eletrônicos. Quando emitidos em papel, os títulos são fisicamente custodiados por bancos autorizados. Companhia Brasileira de liquidação e Custódia – CBLC A CBLC possui uma estrutura moderna e eficiente de clearing (câmara de compensação) para atividades relacionadas à compensação, liquidação, custódia e controle de risco para os mercados á vista, a termo e de opções. O serviço de custódia da CBLC responde pela guarda de ações de companhias abertas, certificados de privatização, debêntures, certificados de investimentos, cotas de fundos imobiliários, etc. A CBLC é regulada e fiscalizada pelo BACEN e CVM e é responsável pela liquidação de operações de todo o mercado brasileiro de ações. Principais atribuições: Registrar, liquidar e compensar operações à vista no mercado a termo e de opções, quando de responsabilidade das sociedades corretoras; Receber depósitos e margens para garantia de operações realizadas por associados da bolsa e por cuja liquidação se responsabilize; 88 Emitir certificados, visando o resgate, desdobramento, conversão e transferência de títulos negociados ou a serem negociados pelas firmas ou corretoras; Descontar recibos referentes a títulos depositados e praticar as demais operações acessórias que visam à boa circulação e liquidação de títulos e valores mobiliários negociados. 3.5. Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB É o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e sistemas operacionais integrados usados para transferir recursos do pagador para o recebedor e, com isso, encerrar uma obrigação. A função básica é permitir a transferência de recursos, o processamento e a liquidação de pagamentos de pessoas físicas, governos e empresas. Essas transferências ocorrem através da movimentação dos saldos das contas de reservas bancárias que as instituições mantêm junto ao BACEN. Cabe ao BACEN não só regulamentar a liquidação financeira de tais contas de reserva bancária, como estabelecer as regras de controle de riscos a serem seguidas pelo SPB. Objetivo O objetivo do SPB é aumentar a segurança do mercado, oferecendo maior proteção contra possíveis rombos ou quebra em cadeia (efeito dominó) de instituições financeiras. Participantes 89 Além do BACEN, integram o SPB: Instituições financeiras; CBLC CETIP; SELIC; VISANET e REDECARD; TECBAN (tecnologia Bancária); CIP – Câmara Interbancária de Pagamentos; Diversas clearings Formas de transferências As transferências dos recursos financeiros no SPB são formalizadas através de mensagens eletrônicas transmitidas exclusivamente por intermédio da Rede do Sistema Financeiro Nacional- RSFN. Registro e Liquidação de Operações Sistema de Transferência de Recursos – STR Sistema de liquidação em tempo real, que funciona com base em ordens de transferência de crédito emitidas, exclusivamente, pelo titular da conta a ser debitada. É o veículo para a movimentação das contas de reservas bancárias das instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Bacen. 90 O STR só permite a efetivação de uma transferência de recursos, independente da origem da mensagem, se houver recurso disponível na conta de reserva bancária da instituição financeira que está sendo debitada. Câmara Interbancária de Pagamentos – CIP É uma câmara de registro, compensação e liquidação eletrônica das transferências de recursos de clientes e de instituições financeiras. Controladas pelos maiores bancos brasileiros por meio da Febraban, a CIP, que é uma clearing de pagamentos, contribui para a redução dos custos financeiros e operacionais das instituições envolvidas. Funciona com aporte de garantias no início de cada dia e liquida as operações ao final do dia por meio da compensação de seus valores líquidos (diferença entre valores recebidos e pagos). Transferência Eletrônica Disponível – TED Mecanismo de transferência de recursos que permite maior agilidade e segurança às transações interbancárias. Desde 18/02/2004 a TED substituiu o DOC para realizar as transferências interbancárias de valores iguais ou superiores a R$ 5 mil. Desde então o BACEN vem desestimulando o uso da compe para valores acima de R$ 5 mil. A TED pode ser liquidada pelo STR ou por intermédio da CIP. Movimentação de Reservas Bancárias Em relação às contas de reservas bancárias, mantidas pelas instituições financeiras junto ao BACEN, e para evitar que o BACEN tenha que assumir o risco de falta de liquidez dos bancos, eles não podem em hipótese alguma e em nenhum momento do 91 dia, terem saldo negativo nessas contas. Todas as contas de reservas bancárias são monitoradas pelo BACEN através do STR. 92 MÓDULO IV – MERCADO DE CAPITAIS 1. MERCADO PRIMÁRIO E MERCADO SECUNDÁRIO ................................. 94 2. ATIVOS DE EMISSÃO DE COMPANHIAS .................................................. 94 2.1. Ações ..................................................................................................... 94 2.1.1. Conceito ........................................................................................... 94 2.1.2. Tipos de Ações ................................................................................. 95 2.1.3. Canais de Distribuição...................................................................... 96 2.1.4. Modalidade Operacionais ................................................................. 99 2.1.5. Formas de Negociação .................................................................... 99 2.1.6. Negociação – Definições ................................................................ 100 2.1.7. Riscos Inerentes ao Produto .......................................................... 104 2.1.8. Despesas Incorridas na Negociação - Tipos .................................. 104 2.1.9. Tributação ...................................................................................... 105 2.2. Debêntures ........................................................................................... 107 2.2.1. Classificação .................................................................................. 108 2.2.2. Garantias das Debêntures.............................................................. 108 2.2.3. Prazos e Limites de Emissão ......................................................... 109 2.2.4. Riscos Inerentes ao Produto .......................................................... 109 2.3. Notas Promissórias (“Commercial Papers”) ......................................... 110 3. GOVERNANÇA CORPORATIVA ............................................................... 111 3.1. Auditoria e Demonstrações Financeiras ............................................... 114 3.2. Níveis Diferenciados de Governança Corporativa ................................ 115 4. VOLATILIDADE .......................................................................................... 118 4.1. Variância .............................................................................................. 118 4.2. Desvio-Padrão ...................................................................................... 118 93 1. MERCADO PRIMÁRIO E MERCADO SECUNDÁRIO Mercado Primário – É quando da emissão primária de um ativo (lançamento ou underwriting). Mercado Secundário – É a negociação posterior ao lançamento ou negociação no mercado primário. 2. ATIVOS DE EMISSÃO DE COMPANHIAS 2.1. Ações 2.1.1. Conceito São títulos de renda variável, nominativos e negociáveis, emitidos por empresa de capital aberto, que representam uma fração do capital social da empresa. Uma ação representa a menor parcela em que se divide o capital social de uma empresa. O detentor da ação (acionista) passa a ser co-proprietário da empresa, tornando-se sócio com direito à participação em seus resultados, proporcionalmente ao número de ações possuídas e assumindo os riscos inerentes ao negócio. Uma empresa de capital aberto tem um número mínimo de acionistas, e suas ações são negociadas publicamente no mercado de valores mobiliários, sendo necessário para tanto um registro prévio na CVM, que deverá autorizar qualquer emissão de novos papéis. Uma empresa de capital fechado, muito comum em empresas familiares, não tem um número mínimo de acionistas, e suas ações não circulam no mercado de valores 94 mobiliários. Como não é um papel em poder do público, não existe a necessidade de registro na CVM. 2.1.2. Tipos de Ações Ordinárias - São ações que dão direito a voto nas Assembléias, onde são tomadas as decisões estratégicas da empresa. Cada ação ordinária representa um voto. Os detentores de ações ordinárias somente receberão seus dividendos depois de satisfeitos os direitos dos acionistas detentores das ações preferenciais. Preferenciais - São ações que têm preferência na distribuição de lucros e no reembolso do capital, no caso de liquidação da sociedade. Os acionistas detentores deste tipo de ações normalmente recebem um percentual superior de remuneração em relação às ações ordinárias, mas não têm direito a voto. Caso a empresa, durante três anos consecutivos não distribuir dividendos por qualquer motivo, as ações preferenciais passam a ter direito de voto. É importante acrescentar que, de acordo com a Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), alterada pela Lei 10.303, de 31/10/2001, o número de ações preferenciais emitidas por uma empresa não pode ultrapassar 50% do total de ações. As ações podem ser, ainda, de duas formas: Nominativas – Neste caso, há a emissão de cautelas ou certificados que apresentam o nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação de termo, em livro próprio da empresa emitente, identificando o novo acionista. Escriturais – Não há emissão de cautelas ou movimentação física dos documentos. É como se fosse uma conta corrente. Hoje em dia, quase a totalidade das ações é do tipo escritural, controlada por meios eletrônicos, o que não significa que não haja um controle dos proprietários das ações. O Art. 34. da 95 Lei das S.A. menciona que “o estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados.” 2.1.3. Canais de Distribuição Os canais de distribuição funcionam como mediadores entre os investidores e a Bolsa de Valores. Assim, para fazer negócios no mercado acionário, os investidores se valem das Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM), Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), Agências Bancárias (Bancos Múltiplos com carteira de investimentos) e da internet. Veja como funcionam: . Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) - acessam diretamente a Bolsa de Valores, encarregando-se de executar as ordens de compra ou venda de ações. Para tanto, mantêm, no pregão, operadores habilitados ou acessam o sistema eletrônico de negociação. . Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) - têm atuação mais restrita. Precisam valer-se das corretoras para ter acesso à Bolsa de Valores. . Agências Bancárias (Bancos Múltiplos com carteira de investimentos) - também valem-se de Sociedades Corretoras para atuar junto à Bolsa. . Internet (Home Broker) - facilita decisivamente o acesso ao Mercado de Capitais. O investidor pode emitir suas ordens de compra ou venda de ações, acessando diretamente a homepage de Corretoras, Distribuidoras ou Bancos, que farão o devido encaminhamento à Bolsa de Valores. Além desses canais de distribuição, o investidor pode valer-se da compra direta na Bolsa de Valores - sempre intermediada por uma corretora - ou optar pela aquisição de cotas de fundos de ações. BOLSAS DE VALORES 96 A bolsa de valores é um local onde se negociam ações de empresas de capital aberto (públicas ou privadas) e outros instrumentos financeiros como opções e debêntures . As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados. No caso brasileiro, a BOVESPA é a principal bolsa de valores, administrando os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos registrados em cada um deles. As bolsas de valores são também os centros de negociação de valores mobiliários, que utilizam sistemas eletrônicos de negociação para efetuar compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são organizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e fiscalizadas pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes de auto-regulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de compra e venda desses valores. Após o recente processo de desmutualização das bolsas de valores no Brasil, o direito de transacionar valores mobiliários em uma bolsa foi desvinculado da propriedade de ações. Anteriormente, apenas as corretoras proprietárias de títulos patrimoniais podiam negociar em Bolsa. As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas companhias "listadas". Para ter ações em bolsas, uma companhia deve ser aberta ou pública, o que não significa que pertença ao governo, e sim que o público em geral detém suas ações. A companhia deve, ainda, atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas. 97 Os objetivos e atividades das Bolsas de Valores são, dentre outros: Manter local adequado à realização de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios membros, pela autoridade monetária e pela CVM. Criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas necessárias à pronta , segura e eficiente realização e liquidação das operações realizadas no recinto do pregão. Estabelecer sistema de negociação que assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários. Fiscalizar o cumprimento, pelos membros e pelas sociedades emissoras de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as operações de Bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis. Os principais títulos negociados nas Bolsas são aqueles que representam o capital das empresas, ou seja, as ações. A legislação autoriza a negociação de outros títulos: Debêntures (simples e conversíveis); Commercial papers; Opções de compra e venda sobre ações de companhias abertas; Quotas de fundos (fechados); Bônus de Subscrição; Recibos de carteira de ações; Certificado de Depósito de Ações (BDR). 98 2.1.4. Modalidade Operacionais A – MERCADO À VISTA – Compra e venda de lotes padronizados de ações executadas por preço estabelecido pelo mercado pregão eletrônico. A operação realizada em D0 terá a liquidação em D+3. B – MERCADO A TERMO – Uma operação de compra e venda de ações por um preço definido com liquidação para uma data futura. Geralmente o prazo de liquidação ocorre entre 30 e 180 dias a partir da data de negociação, conforme compromisso estabelecido pelas partes em contrato. C– MERCADO DE OPÇÕES – São negociados direitos sobre opções. O comprador da opção paga um prêmio e adquire o direito de comprar ou vender determinado lote de ações por um preço predeterminado, em ou até uma data definida. 2.1.5. Formas de Negociação 1. Pregão Eletrônico – Mega Bolsa Sistema de negociação eletrônico que gerencia as negociações realizadas através dos terminais remotos operados diretamente dos escritórios das corretoras que operam na Bolsa. 2. After Market Um pregão eletrônico que funciona após o fechamento do pregão com o objetivo de atender, inclusive, aos usuários do sistema home broker. 99 3. Home Broker Sistema que possibilita ao investidor encaminhar ordens de compra e venda de ações pela internet, através de corretoras credenciadas pela BOVESPA. É um sistema semelhante aos serviços de home banking oferecidos pela rede bancária. 2.1.6. Negociação – Definições A) Ganho (ou Perda) de Capital Decorrente de oscilações do preço da ação no mercado em relação ao preço pago; Renda decorrente da distribuição do lucro gerado pela empresa e outros proventos a saber: Dividendos Juros Sobre Capital Próprio – JCP Bonificação Subscrição Para a correta avaliação da lucratividade do investimento em ações é necessário conjugar o ganho / perda de capital com os proventos distribuídos pela empresa, vejamos um exemplo: Valor de compra da Ação: R$ 200,00 Valor de mercado da Ação: R$ 220,00 Valor do Dividendo Distribuído: R$ 40,00 Ganho total = Ganho de Capital + Dividendos = R$ 20,00 + 40,00 = R$ 60,00 Lucratividade: R$ R$ 60,00 / Valor Pago = R$ 60,00 / 200,00 = 30% 100 Vamos imaginar que uma empresa obteve R$ 10 milhões de lucro. Esse montante pode ser distribuído para o acionista , reinvestido na própria empresa ou as duas coisas. Caso se opte por reinvestimento na empresa é provável que o valor dessa empresa aumente e com isso o preço da ação também aumente. Então podemos dizer que ganho de capital corresponde à diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra da ação, refletindo a valorização da ação enquanto o acionista teve a posse. B) Dividendos Distribuição de dividendos representa a parte do lucro da empresa que é distribuída aos acionistas a cada exercício social. Ou seja, é a distribuição, em dinheiro, de parte do lucro e proporcional à quantidade de ações que o acionista possui. OBS: O percentual mínimo estabelecido pela Lei das S/A para a distribuição de dividendos é de 25% do lucro líquido ajustado aos acionistas preferenciais, apurado em cada exercício. As ações preferenciais recebem 10% a mais dividendos que as ordinárias, caso o estatuto social da empresa não estabeleça um dividendo mínimo ou fixo. Se apresentar prejuízo ou estiver apresentando dificuldades financeiras a companhia não será obrigada a distribuir dividendos. Porém, se tal situação perdure por 3 (três) anos consecutivos, suas ações preferenciais adquirirão direito de voto até que se restabeleça a distribuição de dividendos. 101 Os dividendos não reduzem a base de cálculo do Imposto de Renda da empresa emissora das ações. Os dividendos são pagos em dinheiro e são isentos da incidência do imposto de renda considerando que esse rendimento já foi tributado na empresa emissora. C) Juros sobre o capital próprio - JCP JCP é uma distribuição similar ao dividendo, porém ele é calculado sobre as contas do patrimônio líquido (e não sobre o lucro) e limitado à variação da TJLP. A principal diferença é que, ao contrário dos dividendos, os juros sobre capital são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da empresa emissora. Por essa razão o acionista sofre tributação do imposto de renda na fonte de 15%. D) Bonificação É a distribuição gratuita de novas ações para os atuais acionistas, emitidas em função do aumento de capital proveniente de incorporação de reservas. O acionista recebe bonificação na mesma proporção de sua participação inicial no capital da empresa. E) Subscrição / Bônus de Subscrição É um direito estendido aos acionistas para aquisição de ações da empresa, quando esta decide emitir novas ações para aumentar seu capital. O preço e prazo oferecido aos acionistas são pré-estabelecidos. 102 SOBRAS DE SUBSCRIÇÃO São direitos referentes ao não exercício de preferência em uma subscrição. BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO A compra de um bônus de subscrição garante ao acionista o direito de comprar ações desta mesma empresa dentro de um prazo estabelecido, por um preço pré determinado. No caso do acionista não efetuar a compra no período estipulado este perderá seu direito e não terá restituição do valor pago antecipadamente. F) Desdobramento ou Split Quando uma empresa quer tornar suas ações mais líquidas no mercado, substitui os papéis que já estão em circulação e emite novas ações com valor nominal menor do que o da emissão anterior, porém em quantidades maiores. Para o acionista não há alteração sobre o montante financeiro nem sua participação proporcional no capital da companhia. Nesta operação simplesmente é feita a troca de ações de valores maiores por várias ações de menor valor. EXEMPLO: Posição antes do Desdobramento = 5.000 ações a R$ 20,00 => R$ 100.000,00 Posição após o Desdobramento = 50.000 ações a R$ 2,00 => R$ 100.000,00 G) Grupamento ou Inplit É a redução da quantidade de ações em circulação, sem alteração do capital social da empresa. Em conseqüência, há uma elevação do valor unitário das ações. Ocorre pela diminuição da quantidade de ações em poder do acionista, sem alterar 103 valor do capital investido, pois o valor das ações se eleva proporcionalmente. É exatamente o contrário do desdobramento. EXEMPLO: Posição antes do Grupamento = 50.000 ações a R$ 2,00 => R$ 100.000,00 Posição após o Grupamento R$ 100.000,00 = 5.000 ações a R$ 20,00 => Desdobramento X Bonificação No desdobramento o acionista continua com o mesmo valor investido na empresa, ou seja o seu investimento foi apenas dividido em mais partes, enquanto na bonificação o acionista eleva o seu investimento na empresa. 2.1.7. Riscos Inerentes ao Produto Risco da empresa - É aquele associado às expectativas que o mercado tem com relação à empresa específica.. Risco de mercado – è aquele relacionado ao cenário social, político e econômico, setorial ou de legislação, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Risco de liquidez – Tem a ver com a facilidade ou dificuldade em se vender (transformar em dinheiro) uma determinada ação. 2.1.8. Despesas Incorridas na Negociação - Tipos Corretagem - Taxa cobrada pela intermediação das operações. Taxa de Custódia - Taxa fixa paga à instituição que guarda e administra as ações 104 possuídas pelo investidor. É cobrada por mês vencido., caso os títulos permaneçam depositados por mais de 5 dias úteis. Emolumentos - Valor pago à bolsa de valores pela realização dos negócios de compra e venda de ações em suas instalações. 2.1.9. Tributação Imposto de Renda Fato Gerador - ganho líquido auferido na venda. Base de cálculo – considera-se ganho líquido o resultado positivo auferido nas operações realizadas em cada mês, admitida a dedução dos custos e despesas incorridos, necessários à realização das operações. É admitida a compensação de perdas de meses anteriores da base de cálculo de ganhos futuros.. As perdas de day-trade só compensam com ganhos futuros em day-trade. OPERAÇÕES NORMAIS: Alíquota de 0,005% sobre o valor de alienação (venda), sendo a instituição intermediadora responsável pelo recolhimento. (recolhimento na fonte). Nas operações de day-trade a alíquota passa a ser de 1%. Alíquota de 15% sobre ganhos de capital líquido sendo, o próprio contribuinte, responsável pelo recolhimento do imposto devido, via DARF. Nas operações de day-trade a alíquota passa a ser de 20%. Considera-se day-trade, para efeitos fiscais, a operação ou conjugação de operações iniciadas e encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em que a quantidade tenha sido liquidada total ou parcialmente. Recolhimento - apurado quando da venda da ação (em períodos mensais) e pago até o 105 último dia útil do mês subseqüente. Isenção - vendas iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 ao mês, efetuadas por pessoas físicas no mercado à vista. TABELA RESUMO IR FATO GERADOR Alienação (venda) de ações à vista em bolsas. ALÍQUOTA IR NA FONTE: 0,005% IR DARF: 15% ALÍQUOTA DAY-TRADE IR NA FONTE: 1% IR DARF: 20% BASE DE CÁLCULO Valor da alienação (venda) OPERAÇÕES NORMAIS Diferença positiva (líquida) entre o valor de venda e o custo médio de aquisição do ativo vendido. BASE DE CÁLCULO Ganho de capital líquido Ganho de capital líquido OPERAÇÕES DAY-TRADE RESPONSÁVEL PELO A Instituição Intermediadora O próprio contribuinte, até o RECONHIMENTO que receber diretamente a último ordem do cliente. dia útil do mês seguinte àquele em que foi realizada a operação. COMPENSAÇÃO DE PERDAS As perdas decorrentes de operações realizadas no mercado de ações podem ser compensadas da base de cálculo de ganhos de períodos posteriores. ISENÇÃO PARA PESSOA FÍSICA Não está sujeito ao imposto de renda o ganho líquido auferido por Pessoa Física em operações no mercado à vista de ações nas bolsas de valores, cujas alienações, em cada 106 mês, sejam iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 para o conjunto de ações. TRATAMENTO DIERENCIADO PARA OPERAÇÕES DE DAY-TRADE ALÍQUOTA IR NA FONTE: 1% IR DARF: 20% BASE DE CÁLCULO Ganho de capital líquido Ganho de Capital Líquido RESPONSÁVEL RECONHIMENTO PELO A Instituição Intermediadora O próprio contribuinte, até o que receber diretamente a último ordem do cliente. dia útil do mês seguinte àquele em que foi realizada a operação. 2.2. Debêntures Debêntures são títulos emitidos por sociedades anônimas não financeiras de capital aberto com o objetivo de captar recursos a médio e longo prazos. As sociedades de arrendamento mercantil e companhias hipotecárias estão também autorizadas a emitir debêntures. Apesar de serem classificadas como títulos de renda fixa, as debêntures podem ter características de renda variável. Apesar de ocorrerem, eventualmente, lançamentos de debêntures por meio de bolsa de valores, o mais comum é sua emissão em mercado de balcão As debêntures são registradas num sistema especial - SND - Sistema Nacional de Debêntures - que faz parte da rede de terminais CETIP - Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos. As debêntures podem ser recompradas pela própria emissora, para cancelamento, manutenção em tesouraria ou recolocação no mercado. 107 2.2.1. Classificação As debêntures classificam-se em: Simples – onde o investidor recebe os juros, a correção e os prêmios nas datas estipuladas. Conversíveis - quando conferem, ao investidor a possibilidade de receber seu crédito, com correção e juros, ou transformá-lo em ações da empresa emissora. ou; Permutáveis – quando conferem ao investidor a possibilidade de ao invés receber seu crédito corrigido nas condições previamente estabelecidas, transformá-lo em ações de outra empresa que não a emissora da debênture, conforme condições de conversão (por exemplo de uma outra empresa pertencente ao acionista controlador. Classificam-se também em : Nominativas - são aquelas em cujos certificados (emitidos fisicamente) consta expressamente o nome do titular; Escriturais - também são nominativas, embora não exista a emissão física do certificado (ambiente eletrônico). 2.2.2. Garantias das Debêntures As debêntures podem ter garantia real ou flutuante, ou não possuir garantias. Neste caso a debênture pode ser quirografária ou subordinada. Garantia Real – é quando algum bem da empresa é dado em garantia pela emissora da debênture, bem este que não pode ser vendido ou onerado. Essa garantia tem preferência sobre outros credores, sendo a primeira privilegiada após o pagamento de créditos trabalhistas e fiscais. 108 Garantia Flutuante - asseguram privilégios sobre o ativo da emissora, não impedindo, entretanto, a negociação dos bens que compõem esse ativo (os credores têm preferência geral sobre os ativos da empresa); Subordinada - asseguram privilégio aos debenturistas somente em relação aos acionistas da emissora no ativo remanescente, em caso de liquidação (os credores só têm preferência sobre os acionistas); Quirografária/Sem Garantia - não oferecem ao debenturista nenhum tipo de garantia ou privilégio sobre o ativo da emissora. Ele concorre em igualdade de condições com os demais credores quirografários, em caso de liquidação (sem nenhum tipo de preferência aos credores). 2.2.3. Prazos e Limites de Emissão A emissão de debêntures deverá ter por limite máximo o patrimônio líquido da empresa, não havendo prazos legais.Para vencimento, podendo inclusive ser por prazo indeterminado (debênture perpétua). Seu resgate, porém, não deve ocorrer em prazo inferior a um ano, considerando os custos da operação de underwriting (Processo de emissão de títulos através de subscrição pública, onde a empresa emissora nomeia uma instituição financeira que será responsável pela colocação deste papel no mercado). 2.2.4. Riscos Inerentes ao Produto Dentre os riscos mais comuns que afetam o investimento em debêntures, destacam-se: Risco de Crédito – Risco de inadimplência por parte da emissora Risco de Mercado - Tem origem nas oscilações macroeconômicas. Uma alta dos juros, por exemplo, afeta todo o mercado mobiliário. Assim sendo, mesmo investindo em uma empresa sólida, uma baixa na taxa de juros do mercado pode levar a rentabilidade das debêntures também para baixo. 109 Risco de Liquidez - As debêntures possuem baixa liquidez, apesar da existência de mercado secundário. 2.2.5. Tributação IOF - Para o adquirente dos títulos, seja pessoa física ou jurídica, há incidência regressiva de IOF, no caso de resgate antes de 30 dias. IR – Imposto de Renda - A tributação do IR apresenta as mesmas regras de outros investimentos de renda fixa: As emissões anteriores a 1998 obedecem a critérios e alíquotas vigentes em cada período; A partir de 1998 até 31/12/2004, o imposto incide à base de 20% para qualquer fato gerador; A partir de 01/01/2005, utiliza-se a tabela regressiva abaixo, unificando a tributação para qualquer personalidade jurídica (Lei n.o 11.033/04). Prazo de Aplicação Até 180 dias – 22,5% de 181 até 360 dias – 20% de 361 até 720 dias – 17,5% acima de 720 dias – 15% 2.3. Notas Promissórias (“Commercial Papers”) 110 Notas Promissórias Comerciais, também conhecidas como commercial papers, são títulos de crédito de curto prazo emitidos por empresas sociedades anônimas, não financeiras, para captar recursos de capital de giro. Podem ser emitidas pelo prazo mínimo de 30 e máximo de 180 dias pelas de capital fechado; e pelas de capital aberto, pelo prazo mínimo de 30 e máximo de até 360 dias. Os Commercial papers costumam ser negociados com desconto, sendo seu valor de face pago por ocasião do resgate. Permite-se o resgate antecipado da nota promissória comercial, pelo emitente, desde que decorrido o prazo mínimo de 30 dias, contados a partir da emissão e com a permissão do titular. Constitui-se exigência básica da legislação o registro dos títulos no subsistema NOTA, que faz parte do sistema mantido pela CETIP - Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos. Esta providência permite a negociação dos mesmos no mercado secundário. Ao contrário das debêntures, o resgate ou liquidação da nota promissória comercial implica na extinção legal do título, daí a impossibilidade de que a mesma seja mantida em tesouraria. Tal fato significa que o emissor do título não pode renegociá-Io no mercado secundário de revenda, uma das desvantagens da nota promissória comercial com relação à debênture. Riscos Inerentes ao Produto As notas promissórias incorrem nos mesmos riscos que afetam as debêntures Tributação IR – Imposto de Renda - A tributação do IR apresenta as mesmas regras de outros investimentos de renda fixa 3. GOVERNANÇA CORPORATIVA 111 É o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de: Aumentar o valor da sociedade por meio de uma maior eficiência administrativa e da otimização do desempenho das atividades operacionais; Facilitar seu acesso ao capital – captação de recursos; Contribuir para sua perenidade. As empresas com boas práticas de governança corporativa adotam quatro princípios orientadores que são: transparência (disclosure); Prestação de contas (accountability); Justiça com minoritários (fairness); Cumprimento das leis (compliance). O objetivo da governança corporativa é o aumento do valor da companhia, pois as boas práticas repercutem na redução do custo de capital aumentando a viabilidade do mercado de capitais como alternativa de capitalização. A adoção das boas práticas de governança corporativa protege a empresa contra desvios de ativos por indivíduos que têm poder de influenciar ou tomar decisões em nome da companhia e podem manipular os resultados da empresa de modo a reduzir a remuneração devida aos investidores (expropiação). Ferramentas que asseguram o controle da propriedade sobre a gestão: Conselho de Administração – conselho eleito pelos acionistas da empresa que tem as atribuições de nomear, monitorar a direção executiva da empresa, definir estratégias de negócios, fiscalizar e avaliar o desempenho da gestão, além de escolher a auditoria independente. 112 Conselho Fiscal – Também nomeado pelos acionistas, tem a função de avaliar a gestão fiscal da empresa; Remuneração dos Executivos – uso de opção de ações como componente do pacote de remuneração, atrelando a remuneração dos executivos aos ganhos propiciados aos acionistas; Disclosure – Divulgação de informações ao mercado; Enforcement – mecanismos aos quais investidores minoritários podem recorrer quando seus direitos são violados; Auditoria Independente – Contratação de perito externo ao quadro da empresa com a finalidade de verificar as demonstrações financeiras e dar veracidade às informações da empresa. Assembléias – Tem por objetivo assegurar ao investidor um ambiente institucional que proteja os seus direitos contra atos que venham a prejudicar seus interesses. Devem ser realizadas em data e horário que facilitem o acesso aos acionistas. O edital deve conter descrição precisa de todos os assuntos a serem tratados. A convocação deve ser com antecedência mínima de 30 dias. Para companhias com programas de certificado de depósito de valores mobiliários no exterior (Ex: ADR – American Depositary Receipt) o prazo é de 40 dias. O estatuto da empresa deve regular, com clareza, as exigências necessárias para voto e representação de acionistas em assembléias. Mecanismos de proteção ao Acionista minoritário Decisões Relevantes – As decisões de alta relevância devem ser deliberadas pela maioria do capital social cabendo um voto por ação, independente de classe ou espécie. Ex: aprovação de laudo de avaliação de bens que serão incorporados ao capital social, alteração do objeto social, fusão, cisão ou incorporação, redução do dividendo obrigatório, transações relevantes com partes relacionadas. 113 Tag-along – Direito de um acionista se retirar de uma companhia desfazendo-se de suas ações quando um outro o faz. Permite que o acionista minoritário seja tratado de forma mais justa inclusive com o direito de vender suas ações em oferta pública. Transações entre partes relacionadas – Contratos entre partes relacionadas devem ser formalizados por escrito, detalhando-se suas características principais tais como: direitos, responsabilidades, qualidade, preços, encargos, prazos, etc. Deve ser dada transparência e discutir inclusive em assembléias certificando-se que as transações entre partes relacionadas estejam claramente refletidas nas demonstrações financeiras e tenham sido feitas por escrito e em condições de mercado. Arbitragem para questões societárias – O estatuto da empresa deve estabelecer que divergências entre acionistas e companhia ou entre acionistas controladores e acionistas minoritários sejam solucionados por arbitragem (poder concedido a pessoas escolhidas entre as partes em conflito para que decidam, com imparcialidade, sobre o litígio surgido) Proporção entre ações ordinárias e Preferenciais – As companhias abertas constituídas antes da lei nº 10.303/01 não devem elevar a proporção de ações preferenciais acima do limite de 50% (limite estabelecido para novas companhias abertas). As empresas que já tenham mais de 50% de seu capital representado por ações preferenciais não devem emitir novas ações dessa espécie. 3.1. Auditoria e Demonstrações Financeiras Auditoria Interna – Tem como função avaliar controles internos, acompanhar verificação física dos estoques e de outros bens do patrimônio, bem como obter comprovação da posição das diversas contas de direitos e obrigações 114 Auditor Independente – O parecer do auditor independente é obrigatório por lei porque, por dispositivos legais, alguém independente dos acionistas controladores deve ter aceso a todos os elementos da companhia, garantindo que os acionistas minoritários recebam as informações adequadas para acompanhar a vida da companhia. Esse profissional deve ter o registro no Conselho Regional de Contabilidade e na CVM. Comitê de Auditoria - O comitê é formado por membros do CA com experiência em finanças e, incluindo pelo menos um conselheiro que represente os minoritários. O comitê deve supervisionar o relacionamento com a auditoria independente. Recomendações dos Auditores - São documentos apresentados pelos auditores com o objetivo de melhorar a qualidade das demonstrações financeiras e das próprias rotinas da companhia. Este documento deve ser apresentado ao Conselho de Administração e ao conselho Fiscal, com o objetivo de motivar uma discussão, com a adoção de medidas propostas, se for o caso. Acesso a informações – A empresa deve disponibilizar informações a pedido de qualquer membro do conselho fiscal, sem limitações relativas a exercícios anteriores, desde que as informações tenham relação com as atuais questões em análise. 3.2. Níveis Diferenciados de Governança Corporativa Os níveis diferenciados de Governança Corporativa (níveis 1 e 2) e o Novo Mercado são segmentos especiais de listagem que foram implantados em 2000 pela BOVESPA, com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das empresas. 115 Embora tenham fundamentos e compromissos semelhantes, o segmento do Novo Mercado é o mais voltado para empresas que venham a abrir capital. Os compromissos assumidos referem-se a: Prestação de informações que facilitem o acompanhamento e a fiscalização dos atos da administração e dos controladores da companhia; Adoção de regras societárias que melhor equilibram os direitos de todos os acionistas, independente da sua condição de controlador ou investidor. Nível 1 – Exigências Manutenção em circulação de parcela mínima de ações representando 25% do capital – free float; Realização de ofertas públicas de ações por meio de mecanismos que favoreçam a pulverização de capital; Melhoria das informações prestadas trimestralmente, entre as quais exigência de consolidação e de revisão especial; Cumprimento das regras de disclosure em operações envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores; Divulgação de calendário anual de eventos corporativos; Divulgação de acordo de acionistas e programas de stock options (método de distribuição de ações pelo qual uma S/A garante a funcionários importantes a participação nos resultados da empresa). Nível 2 – Exigências Mandado unificado de 1 ano para todo o Conselho de Administração; Disponibilização de balanço anual de acordo com as normas internacionais; 116 Extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias, das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de 70% deste valor para os detentores de ações preferenciais; Direito de voto para as ações preferenciais quando se tratar de assuntos relevantes; Obrigatoriedade da realização de oferta de compra de todas as ações pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento de capital ou cancelamento do registro do nível 2; A arbitragem, com a devida adesão à Câmara de Arbitragem, para a solução de eventuais conflitos societários. Novo mercado – Exigências Manutenção em circulação de parcela mínima de ações representando 25% do capital – free float; Realização de ofertas públicas de ações por meio de mecanismos que favoreçam a pulverização de capital; Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia; Disponibilização de balanço anual de acordo com as normas internacionais; Melhoria das informações prestadas trimestralmente, entre as quais exigência de consolidação e de revisão especial; Obrigatoriedade da realização de oferta de compra de todas as ações pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento de capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado; Informar as negociações envolvendo ativos e derivativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores; Apresentar as informações de fluxo de caixa; 117 Adesão à Câmara de Arbitragem do mercado para resolução de conflitos societários. 4. VOLATILIDADE A Variância e Desvio-Padrão (volatilidade) são medidas estatísticas que refletem a variabilidade ou grau de dispersão de valores individualmente em relação à sua média. A dispersão mede quão próximos estão um dos outros os valores de um grupo. As medidas de dispersão indicam como os valores de um conjunto distribuem-se em relação à média. 4.1. Variância A variância de uma amostra é a média dos quadrados dos desvios dos valores a contar da média, calculada e dividindo a amostra pelo número de elementos menos um (utilizase a expressão n – 1 no denominador ao invés de n) S = ∑ Xi – X / (n-1) 4.2. Desvio-Padrão O desvio-padrão pode ser considerado como a raiz quadrada da variância. Também podemos dizer que a variância é o quadrado do desvio padrão. O desvio-padrão é uma medida que só pode assumir valores positivos e quanto maior for o seu valor, maior será a dispersão de dados. Está associado ao nível de incerteza sobre o comportamento futuro do mercado. 118 MÓDULO V – MERCADO FINANCEIRO 1. PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTOS .......................................................... 120 1.1. Rentabilidade ....................................................................................... 120 1.1.1. Rentabilidade Absoluta x Rentabilidade Relativa ........................... 120 1.1.2. Rentabilidade Esperada x Rentabilidade Observada ................... 121 1.2. Liquidez ................................................................................................ 122 1.3. Risco .................................................................................................... 122 1.3.1. Risco de Mercado........................................................................... 123 1.3.2. Risco de Crédito ............................................................................. 124 1.3.3. Risco de liquidez ............................................................................ 128 1.3.4. Risco Sistemático e Não Sistemático ............................................. 128 2. CONCEITOS, DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES ................................... 129 2.1. Perfil do Investidor ................................................................................ 129 2.2. Objetivo do Investidor ........................................................................... 131 2.3. Horizonte de Investimento .................................................................... 131 2.4. Risco X Retorno ................................................................................... 132 2.5. Diversificação e Redução do Risco Incorrido ....................................... 132 3. TÍTULOS DE RENDA FIXA ........................................................................ 133 3.1. Definição .............................................................................................. 133 3.2. Principais Conceitos ............................................................................. 133 3.3. Letras Hipotecárias............................................................................... 134 3.4. CDB – Certificado de Depósito Bancário.............................................. 135 3.5. Títulos Públicos .................................................................................... 137 4. NEGOCIAÇÃO, LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA ............................................ 142 5. MARCAÇÃO A MERCADO ........................................................................ 143 119 1. PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTOS Em qualquer cenário no mercado financeiro, nossos investimentos dependem da avaliação sob três aspectos: Rentabilidade; Liquidez; e Segurança (risco). 1.1. Rentabilidade Rentabilidade é o grau de rendimento proporcionado por um investimento entre um preço inicial e um preço final envolvendo um determinado tempo. Por exemplo, se numa data zero aplica-se R$ 100,00 e numa data futura obtemse R$ 120,00, o rendimento foi de R$ 20,00 no período, ou 20% 1.1.1. Rentabilidade Absoluta x Rentabilidade Relativa Rentabilidade absoluta - Avalia a rentabilidade de um investimento sem nenhuma comparação com outras rentabilidades em outros investimentos Ex. - Aplicando R$ 1.000,00 em ativo que paga uma rentabilidade de 1% durante um dado intervalo de tempo, um investidor auferiu uma rentabilidade absoluta de R$ 10,00 no período investido, sem nenhuma comparação com outra rentabilidade ou um índice. Rentabilidade Relativa - Avalia o rendimento de um investimento em relação a outro investimento ou a variação de outro índice, considerado como referencia (benchmark). No mercado costuma-se comparar a rentabilidade dos fundos de investimentos em renda fixa com a variação do CDI no mesmo período, no caso do mercado de renda variável a referência é a variação do IBOVESPA, ou do IBrX. 120 As rentabilidades médias em 2007 dos fundos de Renda Fixa ficaram em 12,26% enquanto a rentabilidade do CDI ficou em 11,49% , assim fica evidenciado que a rentabilidade relativa dos fundos de renda fixa superaram o rendimento do CDI. No caso dos fundos de ações o retorno médio foi 45,86% enquanto a variação do IBOVESPA ficou em 43,66%, ou seja, as rentabilidades media dos fundos de ações superaram seu benchmark, todavia os fundos de ações que estabeleceram como benchmark a variação do IBrX não superaram seu benchmark, pois o IbrX ficou em 47,83%. 1.1.2. Rentabilidade Esperada x Rentabilidade Observada Existem dois momentos no cálculo da rentabilidade de um investimento financeiro: Momento em que a rentabilidade é projetada antes de realizado o investimento e que representa a expectativa do investidor; Momento em que a rentabilidade é calculada depois de realizado o investimento, ou seja, a que realmente aconteceu ou está acontecendo. A rentabilidade projetada é conhecida como a rentabilidade esperada ou retorno esperado do investimento - ex ante. A rentabilidade calculada depois de efetivamente realizada o investimento é conhecido como rentabilidade observada - ex post. Caso a rentabilidade ex ante fosse sempre igual à ex post, o mundo das finanças seria muito simples. Porém, geralmente, a rentabilidade esperada é diferente da observada. Exemplo para a compreensão desses dois momentos é compararmos um investimento de renda fixa com rentabilidade prefixada a um investimento de renda fixa com rentabilidade pós-fixada. Veja as seguintes situações: Você aplica R$ 1.000,00 a uma taxa prefixada de 1,74% para 30 dias. Seu rendimento bruto, ao final dos 30 dias, será de R$ 17,40 e, neste caso, o retorno esperado e o efetivamente observado serão o mesmo. 121 Agora, você aplica os mesmos R$ 1.000,00 por 30 dias a uma rentabilidade pósfixada em 95% do CDI. No momento da aplicação, o CDI está cotado em 1,91 % a.m. e, portanto, você projeta/ espera um ganho bruto de R$ 18,15 (95% de 1,91 % = 1,81 %). Se ocorrer uma queda na taxa do CDI para 1,85 % o rendimento bruto efetivamente observado será de R$ 17,57 (95% de 1,85% = 1,75 %). Neste caso, o retorno esperado (ex ante) foi um e o observado (ex post) foi outro, devido às mudanças no cenário e nos juros, assim a rentabilidade ex-ante ficou acima da rentabilidade ex-post. 1.2. Liquidez Liquidez é a rapidez com que se consegue transformar um investimento em dinheiro. Do pequeno ao mega investidor, todos se preocupam em preservar seu capital e, para isso, escolhem onde aplicar seus recursos dentre as diversas alternativas de investimento existentes. Nesta escolha, consideram, também, a possibilidade de ter como resgatar rapidamente em uma situação de emergência. A essa possibilidade de sacar, o mercado financeiro chama de liquidez. Tomando-se como exemplo um investimento em imóveis, diríamos que se trata de um investimento de baixa liquidez, pois se demora a vender um imóvel, já uma aplicação em um fundo de investimento, por exemplo, o resgate é imediato, portanto um investimento de alta liquidez. 1.3. Risco Segurança é a certeza de retorno do dinheiro aplicado. Mas a melhor forma de se entender a segurança é analisar o seu oposto, o risco. 122 Risco é a incerteza quantificável matematicamente. Toda aplicação possui um risco de realização, ou seja, risco de que o retorno não aconteça. Correr risco é aceitar a possibilidade de perda. Assim o risco assumido é proporcional ao retorno esperado O risco por si só não é facilmente aceito pelas pessoas, mas quando associado à idéia de oportunidades de realizações e ganhos é mais tolerado. É no risco que estão as melhores oportunidades. Vimos que o risco está associado à possibilidade de ocorrer algum evento negativo capaz de proporcionar perdas inesperadas, de acordo com a natureza do evento destacamos. 1.3.1. Risco de Mercado É a incerteza quanto ao retorno de um investimento em razão das oscilações próprias do mercado financeiro. O risco de mercado está relacionado à oscilação dos preços dos ativos em seus respectivos mercados de negociação e pode ser dividido em quatro grandes áreas: . Risco no mercado de taxa de juros. - Risco no mercado de câmbio; . Risco no mercado acionário; . Risco no mercado de preços de commodities. Lembrando que Commodities são ativos negociados sob a forma de contratos em bolsas de mercadorias. Exemplo: soja, trigo, boi, dólar, índices de bolsa, etc. O risco de mercado decorre dos descasamentos de indexadores, de moedas e prazos das posições ativas e passivas. Os agentes de mercado traçam suas estratégias com base em fundamentos macroeconômicos que projetam expectativas futuras, a cada mudança de cenário há um 123 ajuste nas taxas projetadas, o que poderá acarretar ganhos ou perdas dependendo das posições assumidas, por exemplo, um investidor que com base nas expectativas de queda na taxa de juros tende a se posicionar em ativos prefixados, diante de um eventual repique inflacionário, é possível que a autoridade monetária venha promover uma alta nas taxas de juros objetivando o controle inflacionário, nesse caso oscilação na taxa de juros gera perda ao investidor posicionado em ativo prefixado Risco de Mercado externo. Os investimentos no mercado externo estão expostos às condições de cada país investidos, que podem ser: > Oscilação na taxa de cambio – a mudança de paridade entre moedas em função da oferta e demanda pela moeda estrangeira, > Mudanças no cenário macroeconômico mundial – alterações em políticas econômicas no país investido como inflação, taxa de juros recessão etc... podem ocasionar perda no país investido, por exemplo, uma alteração na taxa de juros nos Estados Unidos, provoca reações nos demais mercado, > Riscos geopolíticos específicos de cada país investido – são eventos relacionados com terrorismo, crime organizado, conflitos armados, armas de destruição em massas. > Questões legais - alteração nas questões legais ou mudanças de regulamentos nas aplicações financeiras, pois ativos financeiros negociados no exterior e custodias em clearing locais, estão sujeitos a regulamentação vigente e supervisão específica de cada país. >Regulatória e tributárias – exigências tributárias e regulatória são especificada de cada pais investido 1.3.2. Risco de Crédito 124 É a incerteza do cumprimento do contrato pela contraparte. O risco de crédito é dado pela possibilidade do não recebimento dos recursos a que se tem direito nas condições pactuadas O risco de crédito pode ser dividido em: Risco soberano ou risco político: Quando são impostas restrições ao livre fluxo de capitais, impondo controles cambiais que impossibilitam a remuneração dos investidores externos. Golpes militares, políticas econômicas, resultado de novas eleições entre outros podem trazer este tipo de restrição. Risco país: Quando o devedor é um país que não pode honrar seus compromissos, ou seja, quando não tem condições de gerar recursos para o pagamento de suas obrigações. Risco de inadimplência (risco privado): Quando a parte credora não recebe, na data combinada, um pagamento já contratado que pode ser originado pelo emissor, pela contraparte, pelo intermediário ou pela parte liquidante. Classificação de risco de crédito (ratings). As empresas em geral são avaliadas por agências especializadas. Essas agências atribuem “ratings” à qualidade do crédito das empresas. Portanto o “rating” nada mais é do que uma opinião expressa por uma agência especializada em avaliação sobre a qualidade do crédito de uma determinada empresa, se constitui numa grande ferramenta dos investidores na analise da qualidade e probabilidade de recebimento de seus investimentos . Porém, vale ressaltar que não se trata de uma verdade absoluta, podendo haver divergências entre as opiniões das várias agências avaliadoras. O “rating” é obtido a partir de dados qualitativos e quantitativos da emissora. Esses dados são extraídos das demonstrações financeiras publicadas, de informações setoriais e conjunturais. Garantias e prazos também são levados em conta na avaliação. As escalas de rating variam, mas em geral, as empresas utilizam letras e algumas vezes sinais positivos ou negativos para expressar sua avaliação. Vejamos o exemplo: 125 Qualidade do crédito Standard & Poors Moody´s Altíssima Qualidade AAA e AA Aaa e Aa Alta Qualidade A e BBB A e Baa Média Qualidade BB e B Ba e B Muito Baixa Qualidade CCC, CC, C e D Caa,Ca,C e D Tipos de Rating Existem dois tipos de rating: o soberano e o de créditos corporativos e operações estruturadas. . Rating Soberano O rating soberano é uma opinião da agência de rating sobre a capacidade de pagamento das dívidas de um país, num horizonte de longo prazo. Os aspectos de curto prazo só influenciam o rating soberano, caso impliquem em mudanças fundamentais e estruturais no longo prazo. Assim sendo, o rating soberano tende a exibir uma estabilidade muito maior do que medidas de curto prazo refletidas por oscilações no risco-país. Quando comparamos os dois tipos de avaliações, percebemos que o risco-país possui um caráter maior de curto prazo do que uma análise de rating, que procura determinar a capacidade de pagamento no longo prazo (cinco a sete anos). As empresas de analise de risco costumam atribuir ao risco pais um valor numérico, que expressa em termos percentuais o nível de prêmio ,ou seja, para cada 100 ponto 1%, assim para um pais com risco igual a 250 pontos significa que o premio pedido será 2,50% acima do rentabilidade dos títulos do tesouro americano. O risco pais mostra ao investidor o nível de risco a assumir no país investido , ou se já um pais com 200 pontos e menos arriscado que um pais com 300 pontos em sua classificação de risco-pai. Para um país com classificação de risco muito elevado haverá maior dificuldade em atrair capitais, problema que pode ser minimizado com alta das taxas de 126 juros domésticos, compensando assim o risco, quer dizer quanto maior o risco maior a rentabilidade.Assim quanto maior o risco pais mais dificuldade haverá para atrais capitais . Rating de Créditos Corporativos e Operações Estruturadas Este tipo de rating demonstra a qualidade de crédito de uma organização. Os ratings de crédito corporativos da Standard & Poor's, por exemplo, avaliam a qualidade de crédito de empresas públicas e privadas - independentemente de a empresa emitir títulos nos mercados públicos de dívida. Dentre os principais benefícios do rating de créditos corporativos, podemos citar: . Demonstração da capacidade financeira para possíveis parceiros de negócio; . Melhoria do posicionamento em transações financeiras; . Auxílio no entendimento dos pontos fortes de crédito e suas fraquezas. Os rating de crédito constituem uma opinião quanto às condições de um emissor ou de uma emissão de títulos honrar seus compromissos financeiros, tais como pagamento de juros, dividendos preferenciais e principais, no prazo esperado. São aplicáveis a uma variedade de emissores e emissões, incluindo, mas não se limitando a países, estados, municípios, operações estruturadas, instituições financeiras, empresas, títulos de dívida, ações preferenciais e empréstimos bancários. Também medem a capacidade de empresas seguradoras e garantidores de honrar suas obrigações. Agências de Rating A agência de rating não audita ou verifica se a informação é verdadeira ou exata. Os ratings podem ser mudados ou descontinuados como resultado de alterações nas informações, indisponibilidade das mesmas, ou por outras razões. Dependendo da credibilidade da agência de rating e da nota atribuída, a constatação dessa capacidade de pagamento será fator imprescindível na determinação do custo e do volume a ser captado, bem como na probabilidade de sucesso na colocação dos papéis. 127 Dentre as principais agências nacionais temos a Atlantic Rating e a Austin e dentre as internacionais, a Moody’s, a Standard & Poor’s (americanas) e a Fitchratings (inglesa). 1.3.3. Risco de liquidez Risco de liquidez é a incerteza quanto à possibilidade de transformar rapidamente um investimento em dinheiro. Baseia-se na incapacidade do emitente de um papel honrar os compromissos assumidos em função do desequilíbrio de caixa gerado pelo descasamento dos prazos de vencimento das operações ativas e passivas. Neste caso, os passivos tornam-se exigíveis antes da realização dos ativos, seja por má administração dos prazos ou por inadimplência dos devedores. Existe um segundo fator muito importante para risco de liquidez. É a possibilidade da falta de contrapartes em número suficiente para negociar a quantidade desejada de ativos financeiros ou da falta de interesse do mercado em negociá-las, afetando de forma anormal o valor das mesmas. Os ativos de longo prazo trazem implícito um grau de incerteza maior quanto à liquidez, tendo em vista que o investidor está vulnerável por um prazo maior às alterações do cenário econômico. Como forma de incentivar a preferência dos investidores pelos papéis com prazos mais dilatados, busca-se oferecer compensações pela perda de liquidez. Portanto, somente uma taxa de retomo mais atrativa despertará interesse dos investidores em assumir maior grau de risco. 1.3.4. Risco Sistemático e Não Sistemático 128 Na avaliação de risco de uma carteira de investimentos, separamos em dois grupos distintos, os riscos que não temos ingerência sobre ele, está dado, nada podemos fazer para mitigá-lo, e aquele em que podemos assumir posições contrários no intuito de minimizá-lo. Assim dissemos que o Risco Total é dado por Risco não sistemático (possível minimizá-lo, diversificável) mais o risco sistemático (não consegue minimizá-lo, não diversificável) Portanto alterações na taxa de juros, taxa de Câmbio, mudança na legislação que afete toda a economia dentre outros eventos afetam todo o mercado indistintamente constituindo assim num risco não diversificável ou risco sistemático,já alterações no preço do petróleo, por exemplo, afetam a commoditie petróleo, portanto um evento classificado como risco não sistemático, portanto diversificável 2. CONCEITOS, DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES 2.1. Perfil do Investidor Em relação as variável rentabilidade, liquidez e segurança os investidores apresentam comportamentos diferentes, uns priorizam a segurança abrindo mão da rentabilidade, outros aceitam um maior nível de risco em busca de maior rentabilidade, ou não abrem mão da segurança mesmo que isso custe alguma falta de liquidez. Desta forma procuramos traçar o perfil do investidor da seguinte forma > Conservadores – são investidores avessos ao risco, acreditam sempre que mais vale um passaro na mão do que dois voando, preferem ativos reais a investimentos com muita volatilidade, gostam de investimentos do tipo caderneta de poupança, imóveis fundos de renda fixa de curto prazo etc... 129 > Moderados – já aceitam um certo grau de risco em busca de maior rentabilidade, mas via de regra, só arriscam diante de um colchão de liquidez analisam bastante os negócios que estão para realizar. > Arrojados – estão sempre em busca de alta rentabilidade, aceitando riscos, normalmente são bem informados ou possuem assessoria especializada a tomada de decisões. São pessoas bastante dinâmicas onde oscilações de mercado são aceitáveis e fazem parte de suas rotinas. É comum encontrarmos classificações do tipo muito conservador e agressivo que são investidores totalmente avessos ao risco e aqueles que buscam ficar rico de uma hora para outra ou empobrecer de vez Assim conhecer o perfil do investidor é reunir informações quanto > grau de tolerância ao risco – o investidor precisa ter consciência qual seria sua reação numa possível perda de patrimônio, mesmo que em parte, num possível movimento inesperado de mercado, nunca esquecer que alta rentabilidade implica em maior risco > tempo de aplicação – o prazo em que os recursos aplicados podem ficar aplicados e de suma importância na avaliação de rentabilidade, dado que o dinheiro tem valor no tempo, assim aplicações de longo prazo costumam apresentar melhores rentabilidade de operações de curto prazo. > rentabilidade – é importante o investidor ter em mente o quanto espera do investimento, ou garante o resultado nominal através de uma operação prefixada onde a rentabilidade ex-ante é igual a ex-post, ou atrela seu investimento a um determinado índice, onde para o índice atrelado à rentabilidade esta dada. > valor – normalmente os investimentos exigem aplicações mínimas, e via de regra as operações mais vantajosas requer maior volume de capital, assim o volume financeiro a aplicar lhe proporciona um leque maior de investimento e um melhor poder de barganha na negociação das taxas. 130 > situação financeira e patrimonial – a posição atual da carteira do investidor é importante na definição da diversificação de seus investimentos, investidor com uma posição em ativos de alta liquidez tem oportunidade de buscar alternativa de ativos de maior risco com baixa liquidez e maior rentabilidade. > idade – como investir é adiar um consumo é importante não adiar tanto a tal ponto de não poder usufruir, claro que se o objetivo e investir para deixar de herança, um avô poderá aplicar num plano de previdência privada com resgates a partir de 25 anos de aplicação deixando o netinho como beneficiário, porem o ideal é que os investimentos sejam compatíveis com a idade e a possibilidade de ganhos com níveis de risco aceitáveis. 2.2. Objetivo do Investidor Sabemos que investir é deixar para consumir a posteriori, assim na hora de decidir por um investimento devemos ter em mente, a seguinte indagação. Qual a finalidade de estar fazendo uma poupança, pagar a faculdade de meu filho, fazer uma viagem, comprar um imóvel, etc... 2.3. Horizonte de Investimento É o espaço de tempo considerado adequado, pelo investidor, para que seus recursos permaneçam investidos. Ao se escolher o melhor investimento é importantíssimo considerar por quanto tempo os recursos podem ficar aplicados. Em linguagem de investidores, trata-se de definir o horizonte do investimento. É possível que um investimento seja feito sem que haja qualquer previsão do momento de sua utilização futura. Mas, via de regra, as pessoas aplicam seus recursos disponíveis tendo em mente um prazo para o seu resgate. Em função de seus objetivos 131 financeiros, podem precisar do dinheiro em um mês, um ano, cinco anos ou qualquer outro espaço temporal. 2.4. Risco X Retorno Risco X Retorno é a relação entre o risco que o investidor está disposto a correr e o retorno que espera obter de seu investimento. Naturalmente a busca de maiores rendimentos implica numa aceitação maior a riscos, O mercado acionário, por exemplo, apresenta bons retornos, porem com muita volatilidade, muito risco, já o rendimento de caderneta de poupança e considerado de risco baixo e apresenta rentabilidade baixa quando comparada a outros ativos. 2.5. Diversificação e Redução do Risco Incorrido Investidores são sempre orientados a minimizar o risco. Analistas e administradores de investimentos consideram a diversificação (distribuição dos recursos de uma carteira por vários investimentos selecionados) um método eficaz para somar as vantagens de cada investimento e neutralizar suas deficiências. O que se recomenda e que “não devemos colocar todos os ovos numa mesma cesta”, ao se investir no mercado acionário devemos buscar vários segmentos da economia. Os analistas de investimentos traçam estratégias de diversificação de acordo com o perfil do investidor e claro dependendo dos cenários macroeconômico do momento, atualmente uma recomendação para a industria de fundos é PERFIL TI P O S DO INVESTIDOR DI CONSERVADOR D E RENDA FIXA F U N D O S MULTIMERCADO AÇÕES 65% 25% 10% - MODERADO 30% 30% 30% 10% ARROJADO 15% 30% 35% 20% 132 A diversificação mostrada no quadro acima é uma das diversas traçadas pelos analista de mercado, o objetivo é mostrar uma distribuição entre fundos de menor risco para os de maior risco de acordo com as particularidades do investidor 3. TÍTULOS DE RENDA FIXA 3.1. Definição Os títulos de renda fixa podem ser classificados em títulos de emissão de dívida (pública ou privada) e em títulos de crédito (nota promissória, debêntures, etc), sendo que em ambos os casos, permitem aos seus emissores – instituição financeira, instituição não financeira ou governo, captar recursos de investidores. O doador (investidor) dos recursos torna-se credor do emissor, que ao lançar esses títulos, aumenta seu passivo, seja ele de curto ou de longo prazo. Quando de seu vencimento, o título é resgatado e o capital retorna ao investidor acrescido dos juros do período. Outra característica importante dos títulos de renda fixa é a existência de mercado secundário para sua grande maioria, ou seja, após sua emissão é permitido que esses títulos troquem de mãos quantas vezes forem negociados. 3.2. Principais Conceitos Data de Emissão – é a data de origem do título quando se inicia a contagem de tempo e a correção do valor nominal do título. Valor Nominal – É o valor unitário ou de face do título. Juros acruados – Coresponde ao valor pro-rata da remuneração do título, compreendido entre a data de emissão e a data atual. 133 PU – Preço Unitário – É um fator múltiplo do preço de negociação calculado em determinada data. O cálculo do PU é simplesmente o valor presente dos fluxos futuros de pagamento do título. Formas de Remuneração – Os tipos de remuneração de um título de renda fixa pode ser: Prefixado: quando o investidor sabe, no momento da compra, o montante em reais que receberá no vencimento. Pós-fixado: Quando o valor que o investidor receberá no vencimento do título estiver vinculado a algum índice (TR, IGP-M, CDI etc). Cupom - É o pagamento intermediário de juros, ou seja, os juros são pagos em períodos regulares entre o memento da compra e o vencimento. Obs.: O cupom é expresso em uma taxa prefixada a relação entre a taxa do cupom e o preço do título é inversamente proporcional. Formas de Amortização e Pagamento de Juros - Quando o período dos títulos é mais longo, os juros podem ser pagos de forma semestral, ocorrendo a amortização do principal no vencimento do título. Os indexadores mais utilizados pelo mercado são o IGP-M e o Câmbio, além da Taxa Selic. Também são emitidos títulos puros ou sem juros, colocados no mercado por meio de taxas de desconto, que pagam somente o valor nominal no vencimento. Esses títulos são chamados “zero cupom”. 3.3. Letras Hipotecárias São títulos emitidos por instituições financeiras autorizadas a conceder créditos hipotecários - como as sociedades de crédito imobiliário e os bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário - com o objetivo de captar recursos. 134 Devem apresentar data de vencimento; forma, periodicidade e local de pagamento do principal; forma, periodicidade e local de pagamento da remuneração; dos juros; e a identificação e o valor dos créditos hipotecários caucionados. As LH são emitidas com prazo que varia entre o mínimo de 6 meses e o máximo de até o vencimento dos créditos hipotecários caucionados em garantia. Os valores para aplicação são definidos pela instituição emitente. Lastro - A emissão de LH deve respeitar o limite dos créditos hipotecários dos quais as instituições sejam titulares. Os financiamentos concedidos servem de lastro e funcionam como garantia ao investidor. Riscos inerentes ao produto - Os riscos são baixos porque esta modalidade de captação é garantida pela carteira de créditos hipotecários da instituição. Além disso, os investidores em Letras Hipotecárias contam com a ,garantia adicional do FGC, que assegura o recebimento de até R$ 60.000,00 por CPF e por instituição financeira. Tributação: IR - alíquota de 0% para os ganhos obtidos pela remuneração original (pessoa física) ou tabela regressiva em função do prazo da aplicação, conforme a Lei n.o 11.033/04. IOF - alíquota de 0% sobre os rendimentos. 3.4. CDB – Certificado de Depósito Bancário O CDB e o RDB, também conhecidos por depósitos a prazo, são os mais tradicionais títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras para captação de recursos. Esses produtos permitem que o banco e o cliente saibam, com antecedência, as condições de remuneração para o prazo e valores negociados. 135 A diferença básica entre os dois títulos é que o CDB pode ser transferido por meio de endosso, sendo, portanto, negociado no mercado. Os RDBs são obrigatoriamente nominativos e intransferíveis, determinando muitas vezes variações nas taxas de juros pagas aos aplicadores. Nos contratos em que são exigidos prazos mínimos de aplicação, pode ser admitida a liquidação antecipada, a critério da instituição financeira, pela exposição formal dos motivos por parte do investidor. Neste caso, o investidor não receberá remuneração sobre o valor do título. O resgate ocorre no vencimento do contrato ou a qualquer tempo, respeitando-se os prazos mínimos de cada modalidade. No caso de resgate parcial, o investidor receberá remuneração sobre a parcela de capital resgatada. Não é permitida renovação automática nem renovação de prazo. CDB/RDB prefixado - O investidor recebe, no vencimento, a remuneração negociada, conhecida antecipadamente, e constante do contrato. Nesta modalidade, não existe exigência legal de prazo mínimo. Esta definição fica a cargo de cada instituição financeira. CDB/RDB pós-fixado -Os índices de remuneração do COB são obtidos pela variação do indexador escolhido na contratação. Atualmente, existe uma exigência legal quanto ao prazo mínimo de contratação de CDB, conforme o indexador utilizado. Riscos Inerentes ao Produto O risco de uma operação de CDB/RDB está diretamente relacionado com o risco de crédito (inadimplência) da instituição emitente. Entretanto, a aplicação é garantida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), em até R$ 60.000,00 por CPF e por instituição financeira. Tributação: 136 IR - Imposto de Renda-A partir de 01/01/2005, a tributação do IR segue a mesma regra estabelecida na Lei 11.033, de 21/12/04, isto é, calcula-se o imposto utilizando a tabela regressiva. IOF - É cobrado nos resgates realizados até o vigésimo nono dia da aplicação, incidindo sobre o valor do resgate, cessão ou transferência, e limitado a percentual dos rendimentos, conforme tabela regressiva do IOF. A alíquota é 0% após o trigésimo dia da aplicação. 3.5. Títulos Públicos Conceito e finalidade – títulos emitidos principalmente pelo governo, c/vários prazos, de acordo com o tipo do papel há um mercado secundário para sua emissão. Tem a finalidade de rolar o deficit público. A venda primária desses títulos e efetuada pelo BACEN (leilão primário) O leilão secundário é conhecido como mercado aberto ou open market e sua principal finalidade é regular a base monetária, ou seja, promover ajustes a fim de manter o volume de moeda dentro de um limite definido. São títulos de crédito emitidos pelos poderes executivos dos três níveis de administração pública (federal, estadual e municipal), com o objetivo de captar recursos para finalidades especificadas em lei. Os títulos públicos são emitidos exclusivamente sob a forma escritural e nominativa, mediante registro dos respectivos direitos creditórios e das cessões desses direitos. São negociáveis em sistema centralizado de liquidação e custódia, por intermédio do qual são também creditados os resgates do principal e dos rendimentos, ocorrendo, desta forma, a liquidação financeira, não existindo a modalidade de liquidação física. 137 Os títulos públicos são resgatados em data predeterminada, por um valor específico, atualizado ou não por indicadores de mercado, como, por exemplo, índices de preços. Por limitação legal (Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000) e considerando o crescimento desordenado da dívida interna dos Estados, que foi absorvida pela União em dezembro de 1998, não há novas emissões de títulos estaduais ou municipais. As emissões de títulos para fins de política monetária, feitas pelo Tesouro Nacional, têm sua execução a cargo do Banco Central do Brasil. O Bacen, também os emitia com a mesma finalidade. A partir daquela data, passou a realizar política monetária com títulos do Tesouro Nacional. Finalidades Os títulos da dívida pública são emitidos com o objetivo de captar recursos, para as três finalidades indicadas a seguir: Financiar o deficit orçamentário — rolagem da dívida mobiliária pública e realização de operações de crédito por antecipação de receita são exemplos desta finalidade. Realizar operações para fins específicos, definidos em lei — reestruturação da dívida externa brasileira, fazer face a operações no âmbito do Programa Nacional de Desestatização - PND e financiamento de investimentos públicos, como educação, saúde e infra-estrutura. Operacionalizara política monetária —operações de open market com o objetivo de regular a liquidez do mercado. Interações Econômicas 138 O Governo Federal é o maior captador individual de recursos do mercado. Assim sendo, é natural que as negociações de títulos públicos apresentem fortes indicadores para o restante da economia, entre eles o mais importante é a influência direta sobre as taxas de juros. É de conhecimento público a relevância da taxa média SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) para a formação do custo básico do dinheiro para o sistema financeiro e para toda a economia, pois é formada pela média diária de preços de negociação dos títulos. A emissão de títulos públicos, agregada à outras ferramentas de política monetária, é utilizada pelo Governo Federal como instrumento ímpar e tempestivo para, por exemplo, aumentar ou diminuir a base monetária, ou seja, o dinheiro em circulação na economia. Recordemos que o principal mecanismo de colocação de títulos no mercado é o open market, no qual o Bacen, como mandatário do Tesouro Nacional, realiza leilões de títulos por meio de dealers, que por sua vez repassarão estes papéis ao mercado. A moeda, como qualquer ativo, obedece aos mecanismos da lei da oferta e da procura. Dessa forma, as autoridades monetárias utilizam-se do mecanismo de emissão de títulos para controlar o processo inflacionário, retirando recursos de circulação, se o objetivo é combater a inflação, e recomprando os papéis com o objetivo de aumentar a liquidez na economia. Tesouro Direto Em janeiro de 2002, o Tesouro Nacional, com o suporte técnico e operacional da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia - CBLC, implementou o Tesouro Direto, modalidade de investimento que possibilita a aquisição de títulos públicos por pessoas físicas, exclusivamente pela lnternet. 139 A disponibilização do Tesouro Direto tem como objetivos democratizar o acesso a investimentos em títulos federais, incentivar a formação de poupança de longo prazo e fornecer informações sobre a administração e a estrutura da dívida pública federal brasileira. Anteriormente, as pessoas físicas compravam títulos públicos indiretamente, através da aquisição de cotas de fundos de investimento. Os recursos provenientes das aplicações em fundos de investimento eram utilizados pelas Instituições Financeiras para adquirir títulos públicos no mercado primário (leilões tradicionais do Tesouro Nacional) ou no mercado secundário (negociações com outros agentes). A partir da implantação do Tesouro Direto, os poupadores ganharam uma forma alternativa de aplicação dos seus recursos, com rentabilidade e segurança, sem a necessidade da intermediação financeira nas negociações. Além disso, os investidores se beneficiam de poder administrar diretamente seus próprios recursos adequando os prazos e indexadores dos títulos aos seus interesses. O limite mínimo de compra por investidor é a fração de 0,2 título (aproximadamente R$ 200,00) e o máximo de R$ 200.000,00 por mês. Não há limites quanto à manutenção de estoque de títulos públicos, ou seja, o investidor pode acumular o valor referente à aquisição do limite máximo de R$ 200.000,00 todos os meses. Nos meses de pagamento de juros e resgate desses títulos, o valor resgatado ou pago em juros é somado ao limite máximo mensal de R$ 200.000,00. Principais títulos e suas características: LFT, LTN, NTN-B, NTN-C, NTN-D e NTN-F. Atualmente podem ser emitidos os seguintes títulos públicos: LFT — Letras Financeiras do Tesouro, podendo ser emitidas em duas séries (A e B), para financiamento de curto e médio prazo, título PREFIXADO; 140 LTN — Letras do Tesouro Nacional, para financiamento de curto e médio prazos, título remunerado pela taxa SELIC; NTN — Notas do Tesouro Nacional, podendo ser emitidas em dez séries (A, B, C, D, F, H, 1, M, P, R) preferencialmente para financiamentos de médio e longo prazos. NTN-B – IPCA NTN-C – IGP-M NTN-D – Dólar NTN-F – Pré-Fixado Riscos Inerentes ao Produto Existem três tipos de risco ligados a esse tipo de produto: de crédito, de mercado e de liquidez. Risco de Crédito: resume-se à possibilidade de o governo federal não honrar os compromissos assumidos com os detentores dos papéis. A moratória interna ou externa, a alteração unilateral do prazo dos papéis (por exemplo, um título de dois anos ter seu prazo alterado para 15 anos), constituem fatores de risco. Mas os danos a que está sujeito um país que deixe, num determinado momento, de honrar seus pagamentos de títulos são extremamente graves, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, Diante desta e outras informações ligadas às questões de Estado, é consenso no mercado que o risco que envolve as operações com títulos públicos é praticamente zero. Risco de Mercado: esse tipo de risco está ligado aos preços do ativo e à sua capacidade de oscilar (volatilidade), por isso é o que mais afeta os títulos públicos. A partir de junho de 2002, tem sido possível acompanhar os efeitos de tal risco quando das fortes oscilações nas carteiras de fundos de investimento das instituições financeiras. 141 Em maio de 2004, por conta de alterações na marcação a mercado feitas pelo Governo, houve impacto direto no preço de negociação dos títulos, mais especificamente da LFT. Risco de Liquidez: referindo-se à rapidez com que podemos transformar um ativo qualquer em dinheiro, torna-se quase irrelevante quando se trata de títulos públicos, visto que a demanda é permanentemente forte por diversas instituições do mercado financeiro que os utilizam (por exemplo, para recolhimento do depósito compulsório). Tributação IR: os rendimentos produzidos por aplicação financeira de renda fixa, auferidos por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta, sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda na fonte às alíquotas previstas na Tabela Regressiva, conforme Lei 11.033/04. Na forma da legislação tributária, os rendimentos constituem a diferença positiva entre o valor da venda e o valor da compra. O recolhimento do Imposto de Renda é de responsabilidade da instituição financeira que efetuar o pagamento ou crédito dos rendimentos. IOF: os investimentos em títulos públicos estão sujeitos à cobrança de IOF quando do resgate, da cessão ou repactuação, cujo período de aplicação seja inferior a 30 dias. A alíquota é de 1% ao dia, limitado a um percentual do rendimento, de acordo com o prazo de permanência do investimento (desde 96% do rendimento auferido até alíquota zero para 30 ou mais dias). A competência para fixação das alíquotas de IOF e dos prazos respectivos é do Ministro da Fazenda. 4. NEGOCIAÇÃO, LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA 142 Os sistemas de liquidação e custódia têm como objetivo organizar a liquidação e transferência dos títulos públicos e privados negociados no mercado financeiro. Os principais sistemas são SELIC (títulos públicos) e CETIP (títulos privados). O SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia é um sistema gerido e operado pelo Banco Central do Brasil em parceria com a ANDIMA. O SELIC é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central do Brasil processando a emissão, resgate, pagamento de juros e custódia desses títulos. Todos os títulos são escriturais, isto é, emitidos exclusivamente na forma eletrônica. A CETIP é uma das maiores empresas de custódia e de liquidação financeira da América Latina e se constitui em um mercado de balcão organizado para registro e negociação de títulos e valores mobiliários de renda fixa. Embora a CETIP mantenha ênfase para títulos privados de renda fixa, ela também controla os títulos públicos emitidos pelos Estados e Municípios. SELIC (Títulos Públicos Federais) CETIP (Títulos Privados de Renda Fixa) LTN – Letra do Tesouro Nacional CDB - Certificado de Depósito Bancário LFT – Letra Financeira do Tesouro Swaps NTN-B – Nota do Tesouro Nacional Debêntures NTN-C LH – Letras Hipotecárias NTN-D NTN-F 5. MARCAÇÃO A MERCADO O conceito de mark to market ou marcação a mercado é muito importante e bastante usado , pois permite conhecer o valor real de fluxos futuros dos ativos que compõem 143 uma Carteira, ou seja, o valor que se poderia realizar no mercado caso o possuidor do direito de receber essas receitas resolvesse desfazer-se dele. A marcação a mercado possui importantes aplicações práticas. Na gestão de fundos de investimento a metodologia que usa a marcação a mercado é a mais transparente para o cálculo do valor das cotas, visto que reflete o valor do mercado da Carteira que compõe o fundo. 144 MÓDULO VI – MERCADO DE DERIVATIVOS 1. CONCEITUAÇÃO DE DERIVATIVOS ....................................................... 146 2. BM&F ......................................................................................................... 147 3. CÂMARA DE COMPENSAÇÃO (“Clearing House”) .................................. 148 4. MARKET MAKERS ................................................................................... 148 5. MERCADO A TERMO, DE FUTUROS, DE OPÇÕES E SWAP ................ 149 6. EXEMPLOS................................................................................................ 151 6.1. Opções ................................................................................................. 151 6.1.1. Opção PUT (venda) - Titular .......................................................... 151 6.1.2. Opção CALL (compra) - Titular. ..................................................... 152 6.1.3. Opção de CALL (compra) - Lançador............................................. 153 6.2. Operação a Termo ............................................................................... 155 6.3. Contrato Futuro .................................................................................... 155 6.3.1. Exemplo de contrato futuro sobre venda de boi gordo ................... 155 6.3.2. Simulação de venda de 1 contrato futuro ....................................... 156 6.4. Contrato de SWAP ............................................................................... 158 145 1. CONCEITUAÇÃO DE DERIVATIVOS A palavra derivativo é utilizada para designar um ativo derivado do preço de outro ativo, tido como um ativo de referência. Ou seja, um contrato derivativo não apresenta valor próprio, deriva-se sempre do valor de um bem básico (commodities, ações etc.). Assim, podemos conceituar derivativo como um contrato ou título cujo valor de mercado e características de negociação estão vinculados ao preço de outro contrato ou título. As características formais dos derivativos são: Objeto de Negociação – são os títulos derivados de commodities, índices ou taxas que têm como objetivo assegurar, no futuro, um ganho ou uma proteção para os ativos e são usados, ainda, para mera especulação. Quantidade – quando negociados em bolsas, as unidades de comercialização são padronizadas e cada contrato representa uma quantidade fixa do produto. Qualidade – é importante uma definição clara e de forma inequívoca dos padrões do ativo-objeto, como por exemplo: café tipo 6, bebida dura, etc., porque a qualidade do produto influencia diretamente no seu preço. Data de vencimento – são as bolsas ou os agentes que, no caso de negociações no mercado de balcão, estabelecem as datas específicas para a liquidação dos contratos, normalmente acompanhando o ciclo de comercialização de cada produto. Local de Entrega – o local onde o bem é entregue é um forte determinante do seu preço. As bolsas normalmente estabelecem pontos de entrega que ficam próximos aos centros de consumo e de produção de bens. Preços – as cotações dos ativos oscilam o tempo todo e ao sabor do mercado, sendo que as cotações de opções são estabelecidas e divulgadas pela BM&F. Padronização – um ativo deve oferecer condições de fácil padronização em relação aos produtos negociados, aos prazos de vencimento, ao tamanho do contrato (valor transacionado em cada operação unitária), ao contrato 146 propriamente dito (características, condições, normas legais, etc.), às formas de liquidação e aos mecanismos de garantia. A padronização visa dar mais liquidez aos contratos negociados em bolsa, na medida em que facilita a entrada e saída do mercado através da reversão de posições compradas e vendidas. Os derivativos são usados para fazer hedge. Se uma empresa tem dívidas a pagar em dólar pode fechar na BM&F um contrato de dólar futuro para garantir que pagará a cotação desejada quando tiver que quitar a dívida. "Dessa forma, mesmo que a moeda americana ultrapasse a cotação fixada, a empresa comprará pelo preço combinado. Neste caso, ela estará protegida, ou seja, fez um hedge", explica Gonçalves. Os derivativos, quando não são usados como hedge, são investimentos de alto risco. Vamos supor que alguém resolveu fechar um contrato futuro de café como vendedor e apostou que, se hoje vale R$ 14, vai custar R$ 12 daqui a 30 dias. Passado esse prazo, se a cotação cair apenas para R$ 13, e esse alguém não tiver o café, terá que comprar no mercado por R$ 13 para vender por R$ 12 (o valor combinado). Ou seja, vai perder dinheiro. São três as entidades que atuam no mercado de derivativos: a BM&F,a Câmara de Compensação e os Market Makers. 2. BM&F A BM&F é o mercado formalmente estabelecido para se negociar os diversos instrumentos futuros no Brasil. Como as demais bolsas de valores, a BM&F cumpre as funções básicas de: oferecer facilidades para a realização dos negócios e controle das operações; permitir a livre formação dos preços, das garantias às operações realizadas; oferecer mecanismos de custódia e liquidação dos negócios. Na BM&F são negociados os seguintes tipos de contratos: 147 3. CÂMARA DE COMPENSAÇÃO (“Clearing House”) Uma das condições para o perfeito funcionamento do mercado de derivativos é a crença de seus participantes de que os ganhos serão recebidos no prazo e nas condições estabelecidas. Isso é proporcionado mediante um sistema de compensação de ganhos e perdas, que chama a si a responsabilidade pela liquidação dos negócios e gerencia o risco das posições de todos os participantes. 4. MARKET MAKERS São instituições altamente especializadas em determinadas ações, ou em determinados ativos, que se comprometem a fazer propostas de compra e de venda do ativo aos demais participantes do mercado, em um volume mínimo previamente estabelecido. Normalmente são bancos ou corretoras que operam sempre em determinado mercado, carregando posições próprias (investindo seu próprio capital) e por isso se especializaram em determinados produtos e papéis. Agentes: De maneira geral, os agentes dos mercados derivativos são os corretores, os hedgers, os especuladores, os arbitradores e operadores de tesouraria. Corretor: É aquele que, na prática, representa o cliente e atua em seu nome na Bolsa. Hedger: É um agente que atua no mercado buscando proteção diante dos riscos de flutuações dos diversos ativos (ações, moedas, commodities etc) e das taxas de juros. Especulador: Esse participante é o responsável pela liquidez nos diversos mercados em que decide operar, adquirindo o risco do hedger, motivado pela possibilidade de ganhos financeiros. Tem uma participação importante no mercado, chamando para si todo o risco da 148 variação de preços. Pode ser pessoas físicas ou jurídicas. Arbitrador: É o participante que procura tirar vantagens financeiras quando percebe que os preços em dois ou mais mercados apresentam-se distorcidos. Serve, portanto, como elemento regulador do mercado. O arbitrador colabora para uma eficiente formação do preço futuro, condição fundamental para o funcionamento do mercado. Operadores de Tesouraria: São os responsáveis pelas operações de tesouraria. Têm a função de administrar o fluxo de caixa das instituições, buscando captar recursos a taxas baixas e aplicá-Ios a taxas altas, e, ainda, compatibilizar os prazos de captação com os de aplicação. 5. MERCADO A TERMO, DE FUTUROS, DE OPÇÕES E SWAP São quatro mercados principais: Mercado a Termo: É o mercado onde se negocia a compra e venda de um ativo para ser entregue numa data futura, a um preço previamente estabelecido. Esta negociação é feita mediante um contrato particular firmado pelas partes envolvidas onde são explicitadas as condições do acordo, entre as quais preço e data de vencimento. Por se tratar de um documento particular e não necessariamente negociado em Bolsa, não existe obrigatoriedade de que esse contrato siga os padrões impostos pelas bolsas de valores. Para dar credibilidade a esse contrato, utiliza-se a intermediação de uma instituição (bolsa de mercadorias e futuro, bolsas de valores, bancos etc.), onde será depositada uma margem de garantia, em títulos ou em espécie, de valor arbitrado entre as partes. A margem de garantia em espécie não pode ser inferior a 30% do valor da operação. As operações a termo não sofrem ajustes periódicos a valores de mercado, visto que as 149 partes liquidarão a operação pelo preço e na data previamente acordados. É bastante raro uma liquidação antecipada de contrato a termo. Mercado Futuro: Mercado futuro é uma evolução do mercado a termo. Nas operações a futuro, há um compromisso, formalizado em contrato, de comprar ou vender commodities e outros ativos financeiros em certa data futura, a um preço preestabelecido. Os contratos negociados no mercado de futuro são obrigatoriamente padronizados pela bolsa. Devem especificar quantidade, unidade de negociação {lotes-padrão}, data de vencimento e forma de cotação do ativo objeto da negociação. Mercado de Opções: o mercado de opções é uma importante alternativa do mercado de derivativos, e representa uma evolução dos mercados citados anteriormente. Funciona como um seguro de preços, protegendo os investidores. As opções podem ser de compra ou de venda de um ativo financeiro. A opção de compra também é chamada call, e a de venda put. . Contrato de opção de compra (call) . concede ao titular o direito de adquirir, no futuro, um determinado ativo por um preço previamente estabelecido. . Para o lançador, ao contrário, há uma obrigação futura de entregar os ativos negociados ao preço estipulado no contrato. . Contrato de Opção de venda (put) . Concede ao titular o direito de vender no futuro um ativo por um preço preestabelecido. . O lançador dessa opção, por seu lado, tem a obrigação de comprar no futuro, se exigido pelo titular da opção, os ativos-objeto do contrato de opção ao preço fixado. 150 Mercado de Swap: Swap é um contrato de derivativo por meio do qual as partes trocam o fluxo financeiro de uma operação sem trocar o principal. Por exemplo, a operação de swap permite transformar uma dívida pós-fixada em prefixada, um ativo de renda variável em fixo, e assim por diante. Os contratos de swap constituem os instrumentos mais eficazes para a proteção contra flutuações indesejadas de taxas ou índices. 6. EXEMPLOS 6.1. Opções 6.1.1. Opção PUT (venda) - Titular Posição Titular - Um aplicador comprou opções de venda (o aplicador procura se beneficiar da queda no preço à vista da ação-objeto e, por extensão, da valorização do prêmio da opção). Cenário: tendência favorável do mercado TITULAR : Adquirir opção de venda Ações Y Operação Compra prêmio Ação Quantidade Y 100.000 Premio unitário R$ 0,50 Custo médio da Aquisição R$ 50.000,00 Preço de exercício R$ 10,00 por ação Cenário favoreceu a saída do titular antes do exercício (Neste momento o premio unitário subiu de R$0,50 para R$0,65) Operação Ação Quantidade Venda prêmio Y 100.000 Prêmio Valor Encerramento em Opções (mesma Unitário série) R$ 0,65 R$ 65.000,00 151 Encerrando de sua posição Titular - vendendo opções de venda da mesma série Desconsiderando a corretagem e outras despesas Ganho líquido para cálculo do I.R. Venda - Compra R$ 15.000,00 Posição Titular - decidiu exercer a opção de venda, pois o preço de exercício de venda (R$ 10,00) está melhor que o preço no mercado à vista (R$ 8,00). Solicitou simultaneamente uma ordem de compra no mercado à vista das 20.000 ações Y. Cenário favoreceu exercer a opção venda Ação Y Quantidad Preço e Exercício 20.000 R$ 10,00 Valor Total do Exercício Prêmio R$ 200.000,00 R$ 1,00 Temos as seguintes operações conjugadas I e II a) Compra no mercado à vista das 20.000 ações X R$ 8,00 R$ 160.000,00 b) Exerce a opção de venda R$ 200.000,00 I) Custo total de aquisição (Valor prêmio pago +Compra à vista do ativo ) R$ 20.000,00 (prêmio) + R$ 160.000,00 (compra à vista) = ( R$ 180.000,00) II) Exercendo opções de venda e comprando no mercado à vista Desconsiderando a corretagem e outras despesas Valor contratual recebido (exercício da opção) R$ 200.000,00 Custo total de aquisição (prêmio + compra à vista) - R$ 180.000,00 Ganho Líquido R$ 20.000,00 6.1.2. Opção CALL (compra) - Titular. Posição Titular - decide encerrar (zerar) sua posição compradora antes do vencimento (antes do exercício). TITULAR : Adquirir opção de compra Ações X 152 Operação Compra prêmio Ação Qtde X 10.000 Premio unitário R$ 1,00 Custo médio da Aquisição Preço exercício R$ R$ 10.000,00 de 10,00 por ação Cenário favoreceu a saída do titular antes do exercício ( Neste momento o prêmio unitário está sendo negociado a R$ 1,20) Operação Ação Quantidade Venda prêmio X 10.000 Prêmio Valor Encerramento em Opções (mesma unitário série) R$ 1,20 R$ 12.000,00 Encerrando de sua posição Titular - vendendo opções de compra da mesma serie Desconsiderando a corretagem e outras despesas Ganho líquido para calculo do I.R. Venda - Compra R$ 2.000,00 Posição Titular - decide exercer a opção: Ordem de venda à vista das 10.000 ações X. Cenário favoreceu exercer a opção Ação Quantidade Preço Exercício X 10.000 R$ 10,00 Preço Total Exercício R$ 100.000,00 Premio R$ 1,00 Custo total de aquisição é o pagamento do premio+exercicio R$ 100.000,00 (exercício) + R$ 10.000,00 (premio) = ( R$ 110.000,00) Exercendo opções e vendendo no mercado a vista Desconsiderando a corretagem e outras despesas A venda à vista (R$ 13,00 por ação) R$ 130.000,00 Custo total de aquisição - R$ 110.000,00 Ganho Líquido R$ 20.000,00 6.1.3. Opção de CALL (compra) - Lançador 153 LANÇADOR: Vendeu opção de compra (call) Ações X da mesma serie Data Ação Quantidade Preço Premio Recebendo unitário premio unitário 10/01/xx X 10.000 R$ 1,00 R$ 10.000,00 13/01/xx X 5.000 R$ 1,10 R$ 5.500,00 TOTAL X 15.000 - R$ 15.500,00 de exercício (60 dias) R$ 10,00 por ação R$ 10,00 por ação - Cenário com tendência indefinida do mercado Favorece a saída parcial do lançador antes do exercício = 12.000 ações. Encerrar parcialmente posição. No momento o premio R$ 1,00 p/ação Opção de compra 12.000 ações X, da Prêmio = R$ 12.000,00 mesma série. (R$ 1,00 *12000) I) Encontrar o Valor médio do prêmio R$ 15.500,00 premio ÷ 15.000 ações X R$ 1,03 II) Ganho da Posição Parcialmente encerrada = 12.000 Valor prêmio recebido p/ metade encerrada (R$ 12.000 X R$ 1,03) 12.360,00 Valor prêmio pago pela quantidade encerrada (opção de compra) 12.000,00 Ganho líquido 360,00 III) Ganho Total Prêmio total R$ 15.500,00 - Valor prêmio recebido p/ parte encerrada -(R$12.360,00) Ganho total (prêmio) R$ 3.140,00 Se o lançador for “exercido”: Ação Quantidade Preço Exercício X 3.000 R$ 10,00 Preço Total Exercício R$ 30.000,00 Premio R$ 1,03 A compra à vista (R$ 11,00 por ação) -R$ 33.000,00 Custo total da venda R$ 30.000,00 154 Prejuízo Venda -R$ 3.000,00 Ganho Líquido R$ 140,00 6.2. Operação a Termo Um investidor acredita que uma ação irá subir nos próximos 30 dias e resolve comprar essa ação no mercado a termo, sendo a seguinte a situação do mercado: a) valor das açõeo no mercado a vista - R$ 10.000,00; b) taxa de juros - 2% ao mês; c) valor das ações no mercado a termo – R$ 10.200,00 d) margem exigida – 20% do preço a termo – R$ 2.040,00 e) no vencimento do contrato o preço da ação no mercado a vista é de R$ 10.500,00 Qual o ganho do comprador? OPERAÇÃO A TERMO Venda Vista a Taxa Juros Preço Mês = i Termo a Margem Remunera Preço Final Lucro/ inicial ção Liquid. Final (perda) Margem (1) (2) 10.500,00 2% (3) (4)=20%x(3) (5)=(2)x(4) (6)=(3)-(5) (7)=(1)-(6) (8)=80%x(3) 10.200,00 Rendimento Real p/Comprador 2.040,00 40,80 10.159,20 340,80 8.160,00 n VF = (1 + r) x VP 1 (10.540 - 8.160) = (1 + r) x 2.040 ----> r = 16,67% 6.3. Contrato Futuro 6.3.1. Exemplo de contrato futuro sobre venda de boi gordo 155 Um confinador pretende engordar 1000 cabeças de boi a partir de julho, para vender em outubro de 2000. No mercado futuro, em 1º/7/2000, a arroba/(@)¹ do boi para outubro de 2000 estava cotada a R$ 48,00. Naquele dia, o boi magro estava sendo negociado a R$ 480,00/cabeça. Se o confinador tiver gasto de R$ 1,40 por dia para levar este boi com 12 arrobas até 16,5 arrobas, entre julho e outubro, em 120 dias ele terá um custo de R$ 168,00 mais o custo de aquisição do boi, R$ 480,00, totalizando R$ 648,00. Dividindo-se esse valor pelas 16,5 arrobas, chega-se a um custo de R$ 9,27/arroba(@)¹. Se ele vender antecipadamente esse boi a R$ 48,00 arroba/(@)¹ na Bolsa, ele estará garantindo ganho de R$ 8,73/arroba(@)¹ (ou 22,23%) no período. Esses dados servem apenas de parâmetro para que possa fazer seus cálculos com base nos dados de seu confinamento. Para não correr o risco de preço, o confinador observa que essa cotação para outubro lhe garante um retorno adequado e vende 1 contrato para outubro de 2000. Mesmo que o preço no vencimento suba ou caia, ele terá fixado essa margem de rentabilidade no período, isso sem considerar os custos operacionais da bolsa. Os contratos são liquidados pela média dos últimos 5 dias do mês do indicador Esalq. Em 29/10/2000, a média dos últimos 5 dias de outubro da Esalq² foi de R$ 43,00/arroba(@)¹. No Mercado Futuro o confinador teve ganho de R$ 5,00/arroba(@)¹, ou seja, no contrato futuro de venda que o confinador fez, ele deixou fixado o preço em R$ 48,00/arroba(@)¹ para a data da liquidação do contrato, logo deixou de vender por R$ 43,00/arroba(@)¹ no mercado à vista , por isso ganhou R$ 5,00 por arroba/(@)¹ , logo o comprador do contrato futuro ficou com o prejuízo de R$ 5,00 por arroba comprada, deste confinador, pois deixou de comprar por R$ 43,00 no mercado a vista para comprar por R$ 48 a arroba. Neste exemplo o confinador ou criador compra o boi magro para vendê-lo na BM&F no Futuro. 6.3.2. Simulação de venda de 1 contrato futuro 156 Data: 16/07/2008 Cotação de fechamento para o contrato “Out 00”: R$ 48,00 Venda de 1 contrato: 330 arrobas/(@)¹ x R$ 48,00 = R$ 15.840,00 Depósito de margem: R$ 680,00 (Posição vendida em 1 contrato “Out 00” na cotação R$ 48,00) Simulação de ajuste diário (venda) Data: 16/07/2008 Venda de 1 contrato “Out 00” a R$ 48,00 Data: 17/07/2008 Cotação de fechamento “Out 00” a R$ 47,10 Diferença positiva: R$ 47,10 – R$ 48,00= R$ 0,90 (caiu o preço a vista o confinador obteve ganho parcial) Ajuste diário em real a receber: R$ 0,90 x 330 arroba/@ = R$ 297,00 Data: 18/07/2008 Cotação de fechamento “Out 00” a R$ 47,40 Diferença a negativa: R$ 47,40 - R$ 47,10 = R$ 0,30 (subiu e estou vendido) Ajuste diário em real a pagar: R$ 0,30 x 330 arroba/@ = R$ 99,00 Data : 29/10/2008 Cotação na data da liquidação do contrato futuro que é a media da cotação de fechamento dos últimos 5 dias do índice Esalq. Diferença positiva: R$ 43,00 – 47,40 = R$ 4,40 Ajuste diário em real a receber: R$ 4,40 x 330 arroba/@ = R$ 1.452,00 Resumo das operações Data Cotação de Cotação de fechamento fechamento Diferença Ajuste das operações Saldo acumulado 157 dia anterior 16/07/08 R$ 48,00 17/07/08 R$ 47,10 R$ 48,00 R$ 0,90 (0,90 X 330) R$ 297,00 R$ 297,00 18/07/08 R$ 47,40 R$ 47,10 -R$ 0,30 (0,30 X 330) -R$ 198,00 R$ 99,00 29/10/08 R$ 43,00 R$ 47,40 R$ 4,40 (4,40 X 330) R$ 1.650,00 R$ 1.452,00 Nesse exemplo, para que não fosse necessário calcular os ajustes diários de 18/07/2008 à 29/10/2008, consideramos que de 18/07/2008 a 24/10/2008 não existiu ajuste diário e que a média dos últimos 5 dias cotação antes da liquidação do contrato foi de R$ 43,00. 6.4. Contrato de SWAP Tomemos como exemplo duas companhias, A e B, atuante s em solo brasileiro. Suponha que A acredite na queda da taxa de juros da economia nos próximos meses; B, pelo contrário, em sua elevação. A e B, então, celebram entre si um acordo de swap, denominado Contrato a Termo de Troca de Rentabilidade , o qual é ne gociado na BM&F. O objeto de negociação de tal contrato é a diferença entre o valor inicial (estipulado pelos envolvidos no acordo) atualizado por dois parâmetros, 1 e 2, sendo que os mesmos, por definição, são estabelecidos pelos fatores de correção acum ulados referentes às variáveis 1 e 2 admitidas à negociação, sendo a variável 2 necessariamente distinta da variável 1. Estas variáveis ensejam as expectativas dos participantes e, no exemplo em questão, elas são a taxa pré -fixada (variável 1) e a taxa méd ia de depósitos 158 interfinanceiros de 1 dia, CDI (variável 2), definida e divulgada pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip). No estabelecimento do swap, deve -se definir o comprador e o vendedor do mesmo. O comprador do contrato é o investidor que compra a primeira variável e vende a segunda; analogamente, o vendedor compra a segunda variável e vende a primeira. No exemplo em questão, A compra o contrato de swap de B. Na linguagem do mercado, A está dado (aplicado) na taxa pré-fixada e tomado (captado) no CDI; sob a ótica de B, o mesmo está dado (aplicado) no CDI e tomado (captado) na taxa pré -fixada. A liquidação do swap, assumindo que a mesma ocorra na data de vencimento, se dá pela diferença entre o valor final estabelecido na data da operação (ou seja, o valor inicial corrigido pela taxa pré -fixada) e o valor inicial corrigido pelo acúmulo da variação do CDI, ocorrida entre a data base (dia útil anterior à data da primeira atualização do valor inicial do contrato), exclusive, e a data de vencimento do contrato, inclusive. Tem -se, portanto, a seguinte fórmula: VL = VF - VC, onde: (1) VL = Valor de liquidação do contrato; VF = Valor final do contrato, estabelecido na data da operação, dado pela seguinte fórmula: VF = VI x [1+(pré/100)] d u / 2 5 2 , sendo: (2) VI = Valor inicial do contrato; pré = taxa pré-fixada ao ano acordada no swap; e du = número de dias úteis da operação em questão. VC = Valor inicial do contrato co rrigido pela variação acumulada do CDI, segundo a seguinte fórmula: VC = VI x [1+(i/100)], sendo: (3) 159 i = variação acumulada do CDI para o período em questão. Assim sendo, tem -se a seguinte regra de decisão: caso o valor de liquidação do swap seja positivo (situação na qual a variação acumulada do CDI é menor do que a taxa pré -fixada para o período em questão), tal valor será creditado para o comprador e debitado do vendedor; no exemplo em questão, haveria um crédito para a comp anhia A e um débito para B. De forma análoga, sendo o valor de liquidação do swap negativo, A será debitado e B, creditado. Analisemos então uma operação hipotética de swap, conforme os dados abaixo i: Data-base da operação: 09/12/2002; Data de vencimento: 13/12/2002; Valor Inicial (VI): R$ 100.000.000,00; pré = 22.5% a.a.; du = 4 (09/12/2002, exclusive - 13/12/2002, inclusive). A seguir, a Tabela 1 disponibiliza as taxas de CDI verificadas no período em questão. Taxas de CDI. N Data CDI a.a. CDI a.d. 0.07835 0 9/12/02 21.82% % 0.07829 1 10/12/02 21.80% % 0.07816 2 11/12/02 21.76% % 0.07813 3 12/12/02 21.75% % 0.07809 4 13/12/02 21.74% % 160 Fonte: Cetip. Admitindo que não será aplicado percentual ou taxa de juros efetiva sobre a variação do CDI, a varia ção acumulada (i, vide Equação 3) é obtida através da seguinte fórmula: 4 i = (1 CDI a.d .,n ) -1, sendo: n 1 CDIa.d .,n = Taxa do CDI ao dia, na data especificada pelo valor n, dada pela Tabela 1 para n = 1,...,4. Procedendo desta forma, o btemos i = 0.3130%. Para o cálculo do valor de liquidação do swap, basta agora aplicarmos as demais fórmulas (conforme definidas anteriormente): VF = R$ 100.000.000,00 x [1+(22.5/100)] 4 / 2 5 2 = R$ 100.322.647,71; VC = R$ 100.000.000,00 x [1+(0.3130/100)] = R $ 100.313.032,14; VL = R$ 100.322.647,71 - R$ 100.313.032,14 = R$ 9.615,58. O valor positivo de liquidação do swap indica que o comprador do mesmo, ou seja, a companhia A, possui agora direito à um crédito, no montante de R$ 9.615,58, pois efetivamente a t axa pré-fixada superou a variação do CDI no período em questão. Assim sendo, o vendedor do swap, a companhia B, “perdeu a aposta” e, portanto, deverá ser debitada no valor correspondente. 161 Módulo VII - FUNDOS DE INVESTIMENTO 1. CONCEITOS .............................................................................................. 164 1.1. Cota ...................................................................................................... 164 1.2. Cotista .................................................................................................. 165 1.3. Patrimônio Líquido ............................................................................... 165 1.4. Funções e Responsabilidades ............................................................. 166 1.5. Propriedade dos Ativos ........................................................................ 166 1.6. Gestão dos Recursos ........................................................................... 167 1.7. Controles Internos (Compliance) .......................................................... 168 1.8. Obrigações e Direitos dos Condôminos ............................................... 168 1.9. Auditores Independentes...................................................................... 169 1.10. Disclaimers – Informações Relevantes .............................................. 169 1.11. Carência ............................................................................................. 170 1.12. Regras de Movimentação................................................................... 170 1.13. Política de Investimento ..................................................................... 171 1.14. Instrumentos de Divulgação – Prospecto e Regulamento .................. 171 2. TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO ................................................. 176 3. CLUBE DE INVESTIMENTO (CI) ............................................................... 177 4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO .. 178 5. PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO ............................................... 179 5.1. Fundos Ativos ....................................................................................... 179 5.2. Fundos Passivos .................................................................................. 180 5.3. Fundos Indexados ................................................................................ 180 5.4. Multi-índice: Benchmark Composto ...................................................... 180 6. RISCOS DOS FUNDOS ............................................................................. 181 6.1. Riscos da Carteira X Risco Individual................................................... 181 6.2. Risco de Mercado ................................................................................ 181 6.3. Risco de Crédito ................................................................................... 181 6.4. Risco de Liquidez ................................................................................. 181 6.5. Outros Riscos ....................................................................................... 182 162 7. ALAVANCAGEM ........................................................................................ 182 8. DESPESAS DOS FUNDOS ....................................................................... 183 9. DINÂMICA DE CÁLCULO DA RENTABILIDADE DO FUNDO ................... 183 10. CONTABILIZAÇÃO A MERCADO ........................................................... 184 11. RENTABILIDADE ESPERADA X RENTABILIDADE OBSERVADA ........ 184 12. COBRANÇA DE TAXAS .......................................................................... 184 13. TIPOS DE ESTRUTURA DOS FUNDOS ................................................. 185 14. CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO .......................... 187 15. CARTEIRA ADMINISTRADA ................................................................... 190 16. TRIBUTAÇÃO DOS FUNDOS ................................................................. 190 16.1. Imposto Sobre Operações Financeiras - IOF ..................................... 190 16.2. Imposto de Renda .............................................................................. 190 163 1. CONCEITOS Fundo é todo e qualquer recurso, independente da fonte, apartado para atender a um fim específico. A Comissão de Valores Mobiliários, através das instruções CVM 409 de 18/08/04, 411 de 26/11/04 e 413 de 30/12/04 define: Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em títulos e valores mobiliários, bem como em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais. O funcionamento do fundo depende de prévio registro na CVM. Para tanto, o administrador deve encaminhar o regulamento, os dados do registro do mesmo em cartório de títulos e documentos, o prospecto, nome do auditor independente, inscrição do fundo no CNPJ, formulário e declaração do administrador. Da denominação do fundo constará a expressão "Fundo de Investimento", acrescida da referência à classe de fundo. À denominação do fundo não poderão ser acrescidos termos ou expressões que induzam interpretação indevida quanto a seus objetivos, sua política de investimento, seu público alvo ou o eventual tratamento tributário específico a que estejam sujeitos o fundo ou seus cotistas. O fundo pode ser constituído sob a forma de condomínio aberto ou fechado que veremos ainda neste módulo 1.1. Cota É a menor fração do patrimônio do fundo. São intransferíveis e nominativas sendo seu valor atualizado diariamente, com base em avaliação do patrimônio considerando o valor de mercado dos seus ativos integrantes da carteira do fundo. O seu valor é calculado a partir da divisão do patrimônio líquido pelo número de cotas do fundo. 164 Cota de Abertura - Sistemática pela qual o valor da cota do dia é projetado com base no valor dos ativos do fundo do dia anterior. Cota de Fechamento - Sistemática pela qual o valor da cota é definido após o fechamento do mercado, tendo como base o valor efetivo dos ativos que compõem a carteira do fundo. As instituições normalmente creditam 95% do valor do resgate em D0 e fazem o ajuste final no dia seguinte, quando o valor do fechamento da cota já foi determinado. A Instrução CVM n° 409, de 18.08.04, determina que para os fundos das classes Multimercado, Cambial, Dívida Externa e Ações, deve ser utilizada cota de fechamento. Já para as classes Curto Prazo, Referenciado e Renda Fixa, é facultado o uso dos dois tipos de cotas, tanto de abertura, quanto de fechamento. Para os fundos que tiverem carteira com prazo médio superior a 365 dias (longo prazo), fica obrigatório o uso de cota de fechamento. 1.2. Cotista É o investidor que adquire cotas do fundo. Os recursos aplicados são usados para a compra de ativos que irão compor o patrimônio do fundo. Para o cálculo diário da cota, utiliza-se a seguinte fórmula: Valor da cota = patrimônio líquido do fundo.... quantidade de cotas 1.3. Patrimônio Líquido Patrimônio líquido ou simplesmente PL é o total de recursos financeiros aplicados 165 pelos investidores, acrescido dos rendimentos e deduzidas as despesas. O Patrimônio Líquido do fundo de investimento, que doravante será chamado simplesmente PL, é apurado diariamente, considerando o preço real de mercado de cada um dos papéis que compõe sua carteira. 1.4. Funções e Responsabilidades Distribuidor: é o responsável por vender as cotas dos fundos aos investidores. É o agente que tem o contato direto com o cotista. Administrador: É aquele que constitui o fundo sendo o responsável legal perante a CVM. Deve ser uma pessoa jurídica autorizada pelas CVM. O administrador é o responsável pela constituição do fundo. Sua principal atribuição é gerenciar as carteiras de ativos, buscando obter a melhor relação rentabilidade/risco. Gestor: É o responsável pelas decisões de investimento do fundo. Custodiante: É o responsável por controlar o registro das posições do fundo na Central de Custódia. 1.5. Propriedade dos Ativos Os fundos de investimento dividem-se em dois grandes grupos: renda fixa e renda variável. Renda Fixa: São fundos com aplicações em títulos de renda fixa. Os títulos de renda fixa apresentam três características básicas: Valor de face; Remuneração previamente pactuada como, por exemplo, percentuais do CDI, taxa de juros, variação cambial, índices de preços-IGP; 166 Data de vencimento. Estes títulos podem ser públicos (federais, estaduais, municipais) e privados (CDBs, debêntures, etc). Quanto à rentabilidade, os investimentos de renda fixa podem ser: . prefixados - o valor do resgate é conhecido pelo investidor no ato da contratação; . pós-fixados - o valor final é conhecido somente no vencimento. Renda Variável: São fundos com aplicações em ativos reais( Ativos reais são a posse de coisas concretas tais como ações, ouro, etc}. Sua rentabilidade é obtida pela diferença entre os preços de compra e de venda do bem. Esses preços são determinados pelo mercado, que leva em conta vários fatores, come oferta e demanda, perspectivas futuras das empresas e investimentos no setor, entre outros. 1.6. Gestão dos Recursos Os fundos devem possuir escrituração contábil própria, para evitar o conflito de interesses e assegurar a segregação entre a gestão dos recursos da instituição administradora e os e os recursos de terceiros (PL do fundo). Esta determinação legal é conhecida como Chinese Wall = Muralha da China. Nome usado no mercado financeiro internacional para se referir a essa política de segregação de atividades Cabe à instituição administradora do fundo a contabilização e o controle do ativo e passivo: O passivo representa as fontes de recursos do fundo. É constituído dos valores devidos aos cotistas. No passivo estão, incluídas ainda as taxas e demais 167 encargos a pagar. O ativo representa as aplicações financeiras do fundo em títulos e valores mobiliários. 1.7. Controles Internos (Compliance) As instituições administradoras dos fundos de investimento devem: instituir responsabilidades dentro da instituição; instituir segregação de atividades (chinese wall) para evitar conflito de interesses e obter meios de minimizar riscos e monitorar áreas; identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente a realização dos objetivos da instituição; prover canais de comunicação; realizar contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição; promover o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma a que se possa avaliar se os objetivos da instituição estão sendo. alcançados, se os limites estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos, assegurando que quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos; determinar a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em especial os mantidos em meio eletrônico. 1.8. Obrigações e Direitos dos Condôminos Obrigações - O cotista, na qualidade de condômino, caracteriza-se pela abertura de conta de depósito em seu nome. É indispensável, por ocasião do ingresso no fundo, sua adesão aos termos do regulamento respectivo, cabendo à administradora as 168 responsabilidades de definir a forma e providenciar que seja efetivada tal adesão. É a famosa assinatura no Termo de Adesão dos fundos de investimento; Direitos - As alterações nas regras básicas de um fundo de investimento, depois de constituído, devem passar pela aprovação dos cotistas em assembléia geral. O administrador do fundo é obrigado a: Até 15 dias após a realização da assembléia, informar à CVM as alterações aprovadas, enviando exemplar do regulamento, constando as alterações efetuadas e o prospecto atualizado, se for o caso. Enviar a cada cotista o resumo das decisões da assembléia geral, o que pode ser feito por meio do extrato mensal, até 30 dias contados da data da assembléia. 1.9. Auditores Independentes O auditor independente do fundo de investimento é responsável pela auditoria das contas e as transações do fundo, emitindo uma opinião independente sobre as demonstrações financeiras, em particular sobre a consistência do Patrimônio Líquido do Fundo e do valor da cota. Os fundos devem ser auditados por ocasião do encerramento do exercício social e o auditor independente deve estar registrado na CVM, observandose as normas que disciplinam o exercício desta atividade. 1.10. Disclaimers – Informações Relevantes São informações e avisos que os órgãos reguladores exigem que sejam divulgados no prospecto (documento elaborado que promove a venda do serviço de administração de recursos de terceiros). 169 A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. O fundo de investimento que trata este prospecto não conta com garantia de seu administrador, gestor da carteira, ou de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do FGC. As informações contidas neste prospecto estão em consonância com o regulamento do fundo de investimento, porém não o substitui. É recomendada a leitura cuidadosa, tanto deste prospecto, quanto do regulamento... O investimento neste fundo apresenta riscos. Ainda que o gestor de carteira mantenha sistema de gerenciamento de riscos, não há garantia de completa eliminação da possibilidade de perdas, tanto para o fundo de investimento como para o investidor. Este fundo de investimento utiliza estratégias de derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias , da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seu cotistas. 1.11. Carência Carência, no mundo das finanças, está diretamente ligada à rentabilidade e também à liquidez. Quando prevista no regulamento do fundo, significa que se o cotista resgatar antes do prazo estipulado estará abrindo mão da rentabilidade daquele período. Lembre-se: o cotista de um fundo de investimento, atualmente, possui liquidez diária, ou seja, ele pode reaver o dinheiro aplicado a qualquer tempo. O direito à rentabilidade, entretanto, vai depender de o fundo ter ou não carência. 1.12. Regras de Movimentação Os recursos ingressados nos fundos de investimento são utilizados para a compra de diversos tipos de ativos financeiros, que podem ser de renda fixa ou de renda variável. O administrador adquire, no mercado financeiro, títulos públicos ou privados, ações, ouro, 170 commodities etc. Aplicações Permite aplicações a qualquer tempo. Para a emissão das cotas, deve ser utilizado o valor apurado no fechamento do dia ou do dia seguinte ao da efetiva disponibilidade dos recursos confiados pelos investidores ao administrador, segundo o disposto no regulamento do fundo. Resgates O cotista pode solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo. O valor da cota a ser utilizado pode ser aquele apurado no fechamento do dia do pedido do resgate (D+0) ou do dia útil seguinte (D+1) ao do recebimento do pedido de resgate na sede ou dependências da instituição responsável pelo serviço, sempre em conformidade com o disposto no regulamento do fundo. O prazo máximo para o pagamento do resgate não poderá ser superior a 5 dias úteis, contados da data da conversão da cota. 1.13. Política de Investimento A política de investimento de um fundo tem por objetivo definir a linha de atuação quanto aos instrumentos financeiros que podem compor a carteira, os riscos que o fundo pode correr e o que o administrador pode ou não fazer para que os objetivos constantes do regulamento sejam alcançados. 1.14. Instrumentos de Divulgação – Prospecto e Regulamento Para divulgar as políticas de investimento, o fundo utiliza-se de dois instrumentos: o 171 prospecto e o regulamento. Prospecto: é o documento explicativo do funcionamento do fundo. Divulga todas as informações exigidas pelas normas da CVM e pelo Código de Auto regulação da Anbid. O que diz a CVM 409: . O prospecto deve conter, em linguagem clara e acessível ao público alvo do fundo, informações sobre os seguintes tópicos, assim como quaisquer outras informações consideradas relevantes: I – metas e objetivos de gestão do fundo, bem como seu público alvo; II – política de investimento e faixas de alocação de ativos, discriminando o processo de análise e seleção dos mesmos; III – relação dos prestadores de serviços do fundo; IV – especificação, de forma clara, das taxas e demais despesas do fundo; V – apresentação detalhada do administrador e do gestor, quando for o caso, com informação sobre seu registro perante a CVM, seus departamentos técnicos e demais recursos e serviços utilizados para gerir o fundo; VI – condições de compra de cotas do fundo, compreendendo limites mínimos e máximos de investimento, bem como valores mínimos para movimentação e permanência no fundo; VII – condições de resgate de cotas e, se for o caso, prazo de carência; 172 VIII – política de distribuição de resultados, se houver, compreendendo os prazos e condições de pagamento; IX – identificação dos riscos assumidos pelo fundo; X – informação sobre a política de administração dos riscos assumidos pelo fundo, inclusive no que diz respeito aos métodos utilizados para gerenciamento destes riscos; XI – informação sobre a tributação aplicável ao fundo e a seus cotistas, contemplando a política a ser adotada pelo administrador quanto ao tratamento tributário perseguido; XII – política relativa ao exercício de direito de voto do fundo, pelo administrador ou por seus representantes legalmente constituídos, em assembléias gerais das companhias nas quais o fundo detenha participação; XIII – política de divulgação de informações, inclusive as de composição de carteira, que deverá ser idêntica para todos que solicitarem; XIV – quando houver, identificação da agência classificadora de risco do fundo, bem como a classificação obtida; XV – observado o disposto no art. 75, a indicação sobre o local, ou meio, e a forma de obtenção dos resultados do fundo em exercícios anteriores, e de outras informações referentes a exercícios anteriores, tais como demonstrações contábeis, relatórios do administrador do fundo e demais documentos pertinentes que tenham sido divulgados ou elaborados por força de disposições regulamentares aplicáveis; XVI – o percentual máximo de cotas que pode ser detido por um único cotista; §1º O prospecto deve conter, de forma destacada, os dizeres: "A concessão de registro para a venda de cotas deste fundo não implica, por parte da CVM, garantia de 173 veracidade das informações prestadas ou de adequação do regulamento do fundo ou do seu prospecto à legislação vigente ou julgamento sobre a qualidade do fundo ou de seu administrador, gestor e demais prestadores de serviços.". §2º O fundo que pretender realizar operações com derivativos que possam resultar em perdas patrimoniais ou, em especial, levar à ocorrência de patrimônio líquido negativo, deverá inserir na capa de seu prospecto e em todo o material de divulgação, de forma clara, legível e em destaque, uma das seguintes advertências, conforme o caso: I – "Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas."; ou II – "Este fundo utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas, podendo inclusive acarretar perdas superiores ao capital aplicado e a conseqüente obrigação do cotista de aportar recursos adicionais para cobrir o prejuízo do fundo." §3º Caso o regulamento estabeleça data de conversão diversa da data de resgate, pagamento do resgate em data diversa do pedido de resgate ou prazo de carência para o resgate, tais fatos deverão ser incluídos com destaque na capa do prospecto e em todo o material de divulgação, de forma clara e legível. §4º Caso o administrador tenha contratado agência classificadora de risco, o prospecto deverá conter advertência de que a manutenção desse serviço não é obrigatória, podendo o mesmo ser descontinuado, a critério do administrador do fundo ou da assembléia geral de cotistas. § 5º Na descrição da política de administração de risco, o prospecto deverá conter advertência de que os métodos utilizados pelo administrador para gerenciar os riscos a 174 que o fundo se encontra sujeito não constituem garantia contra eventuais perdas patrimoniais que possam ser incorridas pelo fundo. § 6º Os fundos que se utilizarem da prerrogativa de que trata o §3º do art. 10 deverão mencionar no prospecto, como indicação dos riscos assumidos pelo fundo de que trata o inciso IX do caput deste artigo, a possibilidade de perdas decorrentes da volatilidade nos preços dos ativos que integram sua carteira. § 7º Caso a política de investimento contemple a possibilidade de alocação de mais de 30% (trinta por cento) do patrimônio líquido do fundo nos ativos discriminados no art. 98, o prospecto deverá conter destaque sobre esta possibilidade. Regulamento: Devem constar do regulamento a qualificação do administrador, do gestor e do custodiante, características do fundo (espécie, prazo, política de investimento, classe e tributação aplicável; condições para aplicação e resgate de cotas; taxa de administração, de performance, de ingresso e de saída, bem como demais despesas; público-alvo; política de divulgação de informações; política relativa ao exercício do voto; distribuição de resultado; exercício social do fundo. Qualquer alteração no regulamento depende de aprovação pela assembléia geral, especialmente convocada para esse fim, exceto se a alteração for em atendimento a determinação legal. O investidor que ingressar no fundo deve ter acesso ao regulamento e ao prospecto, devendo, também, assinar o termo de adesão, que é a declaração escrita e legal de que está aplicando em um fundo e está ciente dos riscos envolvidos nesse tipo de investimento. Devem constar do termo de adesão o local e data de adesão ao fundo; inexistência de garantia por parte da instituição administradora e do FGC; indicação dos riscos 175 relevantes nos mercados que venha a operar; assinatura,CPF ou CNPJ do cotista; recebimento do prospecto e do regulamento do fundo. 2. TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO Existem três tipos de fundos de investimentos: Fundos Abertos: São fundos que admitem, permanentemente, livre ingresso e saída de cotistas. Nesse tipo de fundo, as cotas não podem ser objeto de cessão ou transferência, salvo por decisão judicial, execução de garantias ou sucessão universal. Fundos Fechados: São fundos com quantidade limitada de cotas oferecidas aos potenciais investidores, durante um período predeterminado. . Os fundos fechados, em geral, vinculam-se a algum empreendimento como, por exemplo, privatização de empresas públicas, aquisição de ações em ofertas públicas, construção e implantação de shopping centers, hotéis, etc. Não são permitidos resgates antes que seus objetivos e metas, traçados em seu regulamento, sejam atingidos. As cotas dos fundos fechados podem ser transferidas por termo de cessão e transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário e registrado em cartório de títulos e documentos. Podem ser transferidos, também, por meio de bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado. Fundo Exclusivo É um fundo cujas cotas pertencem a um único cotista, destinado a atender especialmente clientes de grande porte, classificados como investidores qualificados ( instituições financeiras,. companhias e sociedades de capitalização,. entidades abertas e fechadas de previdência complementar, pessoas físicas ou jurídicas que possuam 176 investimentos financeiros em valor superior a R$ 300.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio, administradores de carteiras e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios). Para tanto, pode o seu regulamento admitir: . a utilização de títulos e valores mobiliários, na integralização e regaste de cotas; . dispensar a elaboração de prospecto assegurando que as informações exigidas (*) estejam contempladas no regulamento; . cobrar taxas de administração e de performance; . estabelecer prazos para conversão de cota e para pagamento dos resgates diferentes dos aplicados aos fundos abertos e do que determina a CVM409 (máximo de 5 dias úteis). (*) Informações exigidas pela legislação: Relação dos prestadores de serviço do fundo; Condições de compra de cotas do fundo, compreendendo limites mínimos e máximos de investimento, bem como valores mínimos para movimentação e permanência no fundo; Identificação dos riscos assumidos pelo fundo. 3. CLUBE DE INVESTIMENTO (CI) Clube de Investimento é um condomínio constituído por pessoas físicas com objetivo de dinamizar os investimentos em ação. Estatuto social é o documento que estabelece as regras de atuação do Clube. O clube admite um mínimo de três e um máximo de 150 participantes, exceto quando 177 integrado por funcionários de uma mesma empresa ou que estejam ligados por vínculo associativo, desde que autorizado pela CVM. Cada participante, também chamado cotista, detém cotas do Clube de Investimento. Atualmente, nenhum membro pode deter mais de 40% das cotas disponíveis. Cada cota corresponde a um voto nas assembléias gerais. A carteira do Clube de Investimento deve ser composta por no mínimo, 51 % em ações, bônus de subscrição e debêntures conversíveis em ações de companhias abertas. Os papéis devem ser adquiridos: . em bolsas de valores; . no mercado de balcão organizado por entidades autorizadas pela CVM; . diretamente das empresas ou governo durante período de distribuição pública. Os 49% restantes podem ser aplicados em outros valores mobiliários adquiridos em bolsa (mercados futuros) ou mercado de balcão organizado. Em caráter eventual e temporário, os recursos podem ser aplicados em outros títulos de renda fixa. Todas as operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários são registradas sempre em nome do clube de investimento, e devem ser custodiadas em instituição autorizada a prestar esse tipo de serviço. 4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO São três as principais características de um fundo de investimento. E veja que elas também representam vantagens para o investidor. Acessibilidade Pequenos recursos representam baixa atratividade em um mercado que movimenta 178 cifras expressivas. Os fundos, por agruparem reduzidos volumes de muitos aplicadores, acabam por permitir que pequenos investidores tenham acesso a mercados antes quase impenetráveis. Diversificação Os valores movimentados pelos fundos permitem maior diversificação dos ativos financeiros que compõem as carteiras e, com isso, oferecem a seus cotistas a oportunidade de, em conjunto, investirem em aplicações financeiras (ativos de renda fixa ou variável), com potencial redução do risco. Liquidez Essa característica possibilita saques a qualquer momento. Os resgates dos fundos podem ser feitos em qualquer data, sem perda de rendimentos, deduzidos apenas o I0F e o IR, quando devidos. A maioria dos fundos tem liquidez diária, o que oferece ao cliente uma tranqüilidade a mais na administração de eventuais necessidades de caixa. 5. PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO 5.1. Fundos Ativos Os fundos ativos buscam ter rentabilidade superior à variação do índice de referência (benchmark). Na gestão ativa, o gestor do fundo de investimento constitui uma carteira, mas não necessariamente investe em ativos que representam um índice qualquer. O gestor compra e vende esses ativos, tentando obter uma rentabilidade superior à do índice 179 estabelecido como benchmark (de referência). 5.2. Fundos Passivos Os fundos passivos buscam acompanhar um índice previamente definido, de forma que o retorno da carteira fique próximo a esse índice. Na gestão passiva de um fundo de investimento o gestor procura reproduzir o retorno e risco de algum índice de mercado. Também são conhecidos como fundos indexados. A diferença básica entre a administração ativa e a passiva de um fundo de investimento é que na administração ativa não há uma réplica da carteira do índice escolhido, sendo este retorno entendido apenas como referencial a ser atingido e, de preferência, superado pelo fundo. 5.3. Fundos Indexados Os fundos indexados são aqueles que acompanham um determinado índice de referência como o IBOVESPA, IBX ou DI. . Os principais fundos indexados de renda fixa são DI, cambial, IGP-M. Os principais fundos indexados de renda variável são Ibovespa e IBX 5.4. Multi-índice: Benchmark Composto Seu objetivo é acompanhar o mais próximo possível um mix de ativos, com o qual deve ser comparado. 180 6. RISCOS DOS FUNDOS 6.1. Riscos da Carteira X Risco Individual O risco de um fundo de investimento está diretamente ligado à composição de sua carteira, ou seja, aos ativos que formam seu patrimônio. O que vai determinar os ganhos e as perdas de um fundo de investimento é a valorização dos papéis que o gestor comprou. Mas não podemos dizer que os fundos são imunes a risco. Entre eles, os mais relacionados a fundos de investimento são os riscos de crédito, de liquidez e de mercado, que podem acarretar perda patrimonial. Vejamos a seguir os principais riscos a que os fundos de investimento estão sujeitos: 6.2. Risco de Mercado o valor dos ativos que compõem a carteira do fundo pode aumentar ou diminuir de acordo com flutuações de preços e cotações de mercado, mudanças no cenário político e econômico, alterações nas taxas de juros e, ainda, com os resultados das .empresas emitentes de valores mobiliários (ações, debêntures, notas promissórias, entre outros). 6.3. Risco de Crédito Consiste no risco de os emissores dos títulos e valores mobiliários que compõem a carteira deixarem de cumprir suas obrigações de pagar tanto o principal como os respectivos juros de suas dívidas para com o fundo. 6.4. Risco de Liquidez 181 Consiste no risco de o fundo não estar apto a efetuar pagamentos relativos a resgates de cotas quando solicitados, dentro do prazo máximo estabelecido na legislação em vigor. Este fato pode acontecer em decorrência de condições adversas de mercado, acarretando, grande volume de solicitações de resgates, ou outros fatores que demonstrem falta de liquidez dos mercados nos quais os papéis integrantes da carteira são negociados. 6.5. Outros Riscos Existem, ainda, os riscos provenientes do uso de derivativos. Os preços dos contratos de derivativos são influenciados por diversos fatores, independentemente da variação do preço do ativo objeto e oferecem um grau de risco maior. Operações com derivativos podem ocasionar perdas para o fundo e, em conseqüência, para seus cotistas. 7. ALAVANCAGEM Alavancagem é uma estratégia de utilização dos recursos para ampliar as possibilidades de lucro. No mercado financeiro, é possível comprar posições no mercado futuro (como por exemplo, os contratos padronizados de dólar, taxa de juros e de ações), onde não se faz necessário o pagamento imediato (o que se exige são ajustes diários das variações). Alavancagem é uma estratégia de investimento que utiliza esta prerrogativa para maximizar o uso dos recursos de terceiros, aumentando o potencial de retorno de aplicações financeiras, mesmo que isto signifique considerável elevação do risco (o regulamento do fundo determina qual o limite de alavancagem a ser assumido, normalmente dentro de parâmetros aceitáveis pela sua política de investimento). Se o fundo estiver alavancado em 100% significa que aplicou no mercado futuro o 182 dobro de recursos que possuía, isto é, aplicou o dobro do seu patrimônio líquido. Nesse caso, não havendo sucesso na gestão do fundo, o investidor, na pior das hipóteses, irá perder todo o patrimônio investido. Se o fundo estiver alavancado em mais de 100% e não tenha sucesso, o investidor, além de perder o patrimônio investido, ainda será chamado a fazer o aporte dos recursos complementares. Se, de um lado, a alavancagem aumenta as possibilidades de lucro, de outro, aumenta também os riscos. Quanto mais alavancado estiver o fundo, maior será sua exposição ao risco. 8. DESPESAS DOS FUNDOS Os encargos que interferem no cálculo da rentabilidade e que, por isso, dificultam a replicação do índice de referência são taxas (de administração, performance, ingresso e saída); impostos, ou contribuições federais, estaduais, municipais ou autárquicas, que recaiam sobre os bens, direitos e obrigações dos fundos; despesas com impressão, expedição e publicação de relatórios, formulários e informações periódicas, previstas no regulamento do fundo; . honorários e despesas dos auditores encarregados da revisão do balanço, das cotas do fundo, da análise de sua situação e da atuação da administradora; emolumentos e comissões pagas sobre as operações de compra e venda de títulos; honorário de advogados; taxa de custódia de valores. 9. DINÂMICA DE CÁLCULO DA RENTABILIDADE DO FUNDO A rentabilidade de um fundo é calculada a partir da oscilação dos valores dos papéis que, compõem a carteira, menos os encargos mencionados no item anterior. Conforme você viu no item sobre Marcação a Mercado, os valores desses papéis são apurados diariamente, atualizando o Patrimônio Líquido do fundo. O aumento do PL significa rentabilidade do fundo e lucro para os cotistas. A diminuição do PL, prejuízo para os investidores. 183 10. CONTABILIZAÇÃO A MERCADO A Contabilização a Mercado, mais conhecida como Marcação a Mercado, é o registro contábil dos títulos representativos do PL do fundo a preço de mercado do dia. A marcação a mercado é necessária principalmente em fundos de investimento, porque esta é a única forma de equalizar os direitos dos cotistas. 11. RENTABILIDADE ESPERADA X RENTABILIDADE OBSERVADA . O primeiro momento trata da rentabilidade projetada antes de realizado o investimento - aquela que o investidor espera que ocorra (ex ante); . O segundo calcula a rentabilidade depois de realizado o investimento - a que realmente aconteceu ou está acontecendo (ex post). Se esses dois momentos, ex ante e ex post, fossem sempre iguais, não haveria riscos. Como isso em geral não ocorre, a habilidade do gestor estará evidenciada quanto mais próximas forem estas duas taxas, assim como o fator risco do investimento escolhido. 12. COBRANÇA DE TAXAS Para gerir os fundos os administradores cobram taxas, porém, somente podem ser cobradas, aquelas previstas no regulamento do fundo. Existem, basicamente, quatro tipos de taxas: . de administração: é a remuneração cobrada pelo gestor para administrar os recursos do fundo. . de performance: é um percentual cobrado pelo gestor sempre que a rentabilidade do fundo ultrapassa o índice de referência especificado no regulamento. Existe ainda o conceito de linha d’água que ocorre nos casos em que o fundo registra, num primeiro período, variação negativa em relação ao seu benchmark, não ocorrendo, portanto, 184 cobrança da Taxa de Performance. . de saída: é uma taxa cobrada nos resgates totais ou parciais de alguns fundos. . de ingresso: é uma taxa cobrada pela entrada do investidor no fundo e se repete a cada vez que este adquirir novas cotas. 13. TIPOS DE ESTRUTURA DOS FUNDOS Atualmente, após a Instrução Normativa e, também após as alterações introduzidas pelas Instruções CVM 411 e 413, de 26.11.2004 e 30.12.2004, respectivamente, os fundos de renda fixa e de renda variável terão a mesma nomenclatura quanto à sua divisão, qual seja: . Fundos de Investimento - FI É o fundo que efetivamente negocia papéis no mercado, compondo e administrando sua carteira de investimentos, e que geralmente vende suas cotas junto a Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento - FIC, mas também pode vendê-Ias diretamente aos investidores. . Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimentos - FIC É o fundo que se caracteriza por aplicar seus recursos em cotas de FI já constituídos. É o meio mais comum de aplicação de recursos dos investidores, além de ser uma ótima opção para as instituições financeiras, pois estas reduzem custos de registro e administração de carteiras, porque se utilizam das que já estão constituídas nos FI. Além disso, de acordo com os normativos da CVM já citados, os FIC devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio investido em cotas de FI constituídos. Fundo Mútuo de Privatização - FMP 185 O Fundo Mútuo de Privatização - FMP é um fundo para aplicação exclusivamente em aquisição ou subscrição de valores mobiliários ou cotas de emissão de empresas que venham a ser desestatizadas, na forma da Lei 8.031/90. Criado pela Resolução 1.806, de 27/03/91, tem por objetivo específico atender à demanda de agentes econômicos interessados em investir em empresas incluídas no Programa Nacional de Desestatização - PND. Um exemplo desse tipo de fundo é o FMP/FGTS. Esse fundo permite a utilização de até 50% do saldo do FGTS de cada trabalhador, para a compra de ações de empresas estatais, à venda para o público em geral. Fundo de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC Foi criado com o objetivo de dar liquidez ao mercado de crédito, reduzir o risco e ampliar a oferta de recursos, além de dar às empresas uma opção de financiamento fora do sistema bancário. Possibilita aos bancos, ainda, venderem seus créditos para os fundos, abrindo espaço em sua carteira para novas operações de crédito. Fundo de Investimento Imobiliário É um fundo constituído sob a forma de condomínio fechado, com prazo de duração indeterminado, e que tem por objeto, exclusivamente, a aquisição e a gestão patrimonial de bens imóveis de natureza comercial, industrial e de serviços, destinados à locação, alienação ou arrendamento, gerando remuneração aos cotistas. Os fundos de investimento imobiliário são regulados pela Instrução CVM n° 205/94. Fundo de Investimento em índices de Mercado - Fundo de índice 186 Regulamentados pela Instrução CVM 359, de 22/01/2002, este fundo constitui-se na forma de um condomínio aberto. Seus recursos são destinados à aplicação em carteira de títulos e valores mobiliários que visem refletir as variações e rentabilidade de um índice de referência, ou seja, um índice de mercado específico reconhecido pela CVM, ao qual a política de investimento do fundo esteja associada por prazo indeterminado. O fundo deve manter, no mínimo, 95% de seu patrimônio aplicados em valores mobiliários ou outros ativos de renda variável autorizados pela CVM, na proporção em que estes integrem o índice de referência, ou em posições compradas no mercado futuro ou índice de referência de forma a refletir a variação e a rentabilidade de tal índice. Como exemplo, temos o PIBB (Papéis índice Brasil Bovespa), que replica a carteira teórica do IBrX- 50, um indicador de desempenho utilizado no mercado de ações brasileiro: sua carteira teórica é constituída pelas 50 ações mais negociadas na bolsa, de emissão de 43 companhias abertas listadas na BOVESPA, que se dedicam a atividades em 8 diferentes setores da economia. Fundo de Investimento em Participações (Fundos Private Equity) São fundos fechados que compram participações minoritárias em empresas privadas, sem cotação em bolsa de valores ou em mercado de balcão organizado. Fundo de Aposentadoria Programada Individual - FAPI O Fundo de Aposentadoria Programada Individual- FAPI é um plano de previdência privada para complementação da aposentaria da Previdência Social. 14. CLASSIFICAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO 187 A CVM classifica de forma distinta os fundos de investimento. A CVM classifica os FI/FIC em função da estrutura dos ativos financeiros ou modalidades operacionais nas quais estejam aplicados seus recursos. De acordo com essa classificação, os fundos enquadram-se em uma das seguintes categorias: . Curto Prazo - Tem como principal característica a aplicação de recursos em títulos públicos federais ou privados prefixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, ou títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo dos papéis de 375 dias e prazo médio da carteira de até 60 dias. É permitida a utilização de derivativos somente para a proteção da carteira e a realização de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais. . Referenciado – São fundos que atendam cumulativamente as seguintes condições: I. Deve ter, .no mínimo, 80% de seu patrimônio líquido representado por: títulos de emissão do tesouro nacional ou Bacen; em títulos e valores mobiliários de renda fixa cujo emissor esteja classificado na categoria baixo risco de crédito ou equivalente, classificado por agência de risco no País. II. Para esta classe, é obrigatório constar no nome do fundo o indicador de desempenho, por exemplo, o DI. Além disso, no mínimo, 95% da carteira deve ser composta por ativos financeiros que acompanhem o indicador de desempenho escolhido. III. Restrinjam a respectiva atuação nos mercados de derivativos a realização de operações com o objetivo de proteger posições detidas à vista, até o limite dessas. . Renda Fixa - Deve possuir pelo menos 80% da carteira em ativos relacionados diretamente ou sintetizados via derivativos, ao fator de risco que dá nome à classe e deverão ter como principal fator de risco de sua carteira a variação da taxa de juros 188 doméstica ou o índice de preço, juntos ou separados. . Multimercado - Deve possuir políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco, sem comprometimento de concentração em nenhum fator em especial. O regulamento poderá autorizar a aplicação em ativos financeiros no exterior no limite de 20% do seu PL, desde que contenha a informação de que o fundo está autorizado a realizar estas operações no prospecto, regulamento e demais formas de divulgação. .Dívida Externa - Deve possuir pelo menos 80% de sua carteira em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União. É permitida a aplicação de até 20% do patrimônio líquido em outros títulos de crédito transacionados no mercado internacional. - Cambial- Deve possuir um mínimo de 80% de sua carteira em ativos relacionados com o seu principal fator de risco, que é a variação de preços de moeda estrangeira ou a variação do cupom cambial ou sintetizado via derivativos também relacionados ao fator de risco do fundo. . Ações - Deve possuir, no mínimo, 67% da carteira em ações admitidas à negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado ou bônus e recibos de subscrição, certificado de depósito de ações, cotas de fundos de ações e cotas de fundos de índices de ações. O principal fator de risco da carteira é a variação dos preços das ações. OBS: Nos fundos curto prazo, referenciado, renda fixa, cambiais e multimercado , ainda que sejam FICs, que realizarem operações com ativos de responsabilidade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, em mais de 50% do PL deverão observar as seguintes regras: conter na denominação do fundo a expressão “crédito privado”; conter no prospecto, regulamento e todo o material de venda, com destaque, alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda substancial pelo não pagamento dos ativos pelos emissores responsáveis; o ingresso condicionado à assinatura de termo de ciência dos riscos inerentes à composição da carteira do fundo. 189 Fundos Previdenciários – Fundos constituídos para aplicação de recursos de entidades abertas ou fechadas de previdência privada; regimes próprios de previdência social instituídos pela União, estados, distrito federal e municípios; planos de previdência complementar. 15. CARTEIRA ADMINISTRADA Serviço sofisticado e personalizado oferecido a clientes com maior volume de recursos. Os principais clientes deste produto são os chamados institucionais (fundos de pensão e seguradoras). 16. TRIBUTAÇÃO DOS FUNDOS 16.1. Imposto Sobre Operações Financeiras - IOF Nos fundos de renda fixa, é cobrado sobre os rendimentos brutos nos resgates efetuados até o 29º dia. A alíquota é de 1 % ao dia sobre o valor do resgate, limitado ao rendimento da operação, conforme tabela regressiva, valendo o que for menor. O valor do IOF é deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Nos fundos de renda variável não há incidência do IOF. 16.2. Imposto de Renda Lei 11.033, de 21 de dezembro de 2004 De acordo com o texto da Lei, a partir de 1 ° de janeiro de 2005, as alíquotas passaram a depender do prazo de aplicação: 22,5% em aplicações com prazo de até 180 dias 20 % em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias . 190 17,5% em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias 15 % em aplicações com prazo acima de 720 dias Em relação aos rendimentos obtidos em 2005, os prazos acima serão contados a partir: . de 1 ° de julho de 2004, no caso de aplicação efetuada até a data da publicação da Lei (22.12.2004 ); . da data da aplicação, no caso de aplicação efetuada após a data da publicação da Lei (22.12.2004). Os rendimentos produzidos até 31/12/2004, continuarão a ser normalmente tributados à alíquota de 20%, utilizando o conceito de pro rata. Para os fundos de investimento e clubes de investimentos em ações, os rendimentos serão tributados exclusivamente no resgate, à alíquota de 15%. Para os resgates efetuados a partir de janeiro de 2005, esta alíquota será aplicada sobre os rendimentos produzidos a partir de janeiro de 2002, conforme contido na Instrução Normativa SRF n° 487, de 30 de dezembro de 2004. Isto significa que os investidores desse tipo de produto foram beneficiados, uma vez que pagarão menos IR sobre os rendimentos, inclusive retroagindo o prazo. Lei 11.053, de 29 de dezembro de 2004 A partir de 1 ° de janeiro de 2005, as alíquotas para os fundos de investimento cuja carteira de títulos tenha prazo médio igualou inferior a 365 dias (Curto Prazo) passaram a ser de: . 22,5 % em aplicações com prazo de até 180 dias; . 20% em aplicações com prazo acima de 180 dias. Momento da Cobrança de IR 191 Desde outubro de 2004 não há a incidência de Imposto de Renda mensal. O chamado "come-cotas", alterado pela Lei 10.892, e a cobrança de IR passaram a ser semestral, com cobrança no último dia útil dos meses de maio e novembro ou na data do resgate, o que ocorrer primeiro. Com isso, o imposto será cobrado pela menor alíquota conforme o tipo do fundo e, somente no momento do resgate o sistema aplicará a alíquota complementar, se for o caso. Nos fundos de renda variável, a cobrança se dá somente na data do resgate. Alíquota Complementar Fundos com carteira de prazo médio de até 365 dias (Curto Prazo) Nos meses de maio e novembro, será cobrada a menor alíquota, que é de 20% No momento do resgate, o sistema verificará se o investidor está sujeito à alíquota complementar: 22,5%) - 20% = 2,5% Fundos com Carteira de Prazo Médio acima de 365 dias (Longo Prazo) Nos meses de maio e novembro, será cobrada a menor alíquota, que é 15,0%. No momento do resgate, o sistema verificará se o investidor esta sujeito à alíquota complementar: 22,5% - 15% = 7,5% Compensação de Perdas no Pagamento do IR A compensação tributária entre fundos de investimento é um mecanismo que permite abater o valor do prejuízo realizado em um fundo na base de cálculo de IR de outro fundo. 192 Isso somente ocorre quando o prejuízo é realizado, ou seja, quando o investidor efetua o resgate no fundo por valor menor do que aplicou ou menor do que o saldo restante após a última cobrança de IR. Se não houver resgate, não haverá a realização do prejuízo: não pode, assim', ocorrer compensação. As perdas dos resgates parciais podem ser compensadas enquanto o cotista mantiver aplicações em fundos do mesmo administrador. Para os investidores que realizarem resgates total de suas aplicações, o direito a compensação permanece até o ano fiscal seguinte aos resgates. 193 Módulo VIII – POLÍTICA DE INVESTIMENTOS 1. ALOCAÇÃO DE RECURSOS E DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVOS .............. 195 2. OBJETIVO DA POLÍTICA DE INVESTIMENTOS ...................................... 195 3. CENARIO MACROECONÔMICO E ANÁLISE SETORIAL PARA INVESTIMENTOS ....................................................................................................................... 196 4. ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS .................................... 196 5. OBJETIVO DA GESTÃO ............................................................................ 197 6. ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS – INVESTIMENTO E DESINVESTIMENTO ..................................................................................... 199 7. CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO DE GESTORES DE RECURSOS........ 200 7.1. Metodologia para Estabelecer Limites de Gestão para os Investimentos201 7.1.1. Pré-seleção de Gestores ................................................................ 201 7.1.2 Limite Preliminar de Volume para Gestão de Fundos de Investimento201 7.1.3 Análise de Desempenho, Due Diligence e Critérios Qualitativos .... 202 7.1.4 Processo de Due Diligence ............................................................. 202 7.1.5 Análise Comparativa de Desempenho dos Gestores ...................... 202 7.1.6 Critérios Qualitativos ....................................................................... 203 7.1.7 Atualização dos Limites de Gestão ................................................. 203 8. TESTE COMPARATIVOS E DE AVALIAÇÃO ........................................... 204 9. RESOLUÇÃO 3922 .................................................................................... 204 10. MODELO MPS “POLÍTICA DE INVESTIMENTOS” ................................. 206 194 1. ALOCAÇÃO DE RECURSOS E DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVOS Uma das grandes dificuldades encontradas pelos gestores que optam por aplicar recursos no mercado financeiro está relacionada em identificar formas de reduzir o risco de sua carteira. Dentre uma série de procedimentos que deverão ser avaliados, a diversificação se apresenta como uma importante e conhecida arma. Uma carteira formada por vários ativos proporcionará ao seu gestor um bom grau de diversificação. No entanto, o tamanho de uma carteira de investimentos não deve nunca ser condicionada a regras e sim ao numero de ativos ou investimentos cujo gestor será capaz de acompanhar. Se o gestor não tiver condições de avaliar o desempenho de mais de quatro ou cinco tipos de investimentos, por exemplo, o tamanho do seu portfólio de investimento deve ser limitado. Vale mencionar também que, em uma visão de longo prazo, a principal preocupação do gestor não devera ser a quantidade de ativos que possui, mas com a qualidade destes. O objetivo deve sempre ser a manutenção de ativos que possuam os atributos necessários para garantir valorização no futuro. Importante ainda que, ao comprar com cuidado, raramente um ativo precisará ser vendido em condições desfavoráveis, ressaltando a importância de se investir em ativos de baixo risco de crédito, de empresas de qualidade, bem administradas e com potencial contínuo de crescimento. 2. OBJETIVO DA POLÍTICA DE INVESTIMENTOS A Política de Investimentos de um RPPS tem como objetivo fornecer aos gestores do Regime as diretrizes em relação às estratégias para alocação dos investimentos em um horizonte de longo prazo, sendo um documento de vital importância para o planejamento e gerenciamento dos recursos administrados pelo RPPS. 195 Ela leva em consideração as modalidades e características das obrigações do fundo previdenciário administrado pelo RPPS, objetivando o equilíbrio econômicofinanceiro entre os seus ativos e o passivo atuarial. Em decorrência de uma estratégia de alocação de recursos de longo prazo bem delineada, o RPPS deve atingir uma boa rentabilidade compatível com a meta atuarial definida ou do índice de referência. Porém, deve-se salientar que as estratégias delineadas normalmente são de longo prazo, ou seja, a eficácia das mesmas será vista, em toda a sua plenitude, ao longo dos anos. A Política de Investimentos deve estar adequada ao perfil previdenciário do RPPS e a necessidade de liquidez. Contempla o modelo de gestão adotado, a meta de rentabilidade que será perseguida, a tolerância ao risco para os diferentes segmentos de aplicação e metas para os custos administrativos decorrentes dessas decisões. 3. CENARIO MACROECONÔMICO E ANÁLISE SETORIAL PARA INVESTIMENTOS A finalidade é fazer uma abordagem sobre a economia internacional e nacional com a avaliação do cenário macroeconômico de curto, médio e longo prazo. O objetivo é discutir os reflexos na economia mundial: perspectivas e projeções cambiais, inflação, taxa de juros, créditos e riscos. Numa economia globalizada, e muito importante analisar e avaliar os aspectos econômicos em função dos reflexos que eles causam. A tomada de decisão tem que estar baseada nisto. 4. ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS A partir da perspectiva do cenário macroeconômico traçado anteriormente deve ser definida a estratégia de diversificação dos investimentos para o período, cujo objetivo é o de realizar uma alocação dos recursos garantidores dos benefícios previdenciários com vistas a obter uma rentabilidade sólida de longo prazo, baseada nos seguintes princípios de investimentos: rentabilidade, risco e liquidez dos ativos. 196 No transcorrer da Política de Investimento deve-se estabelecer benchmarks com o objetivo de deixar claro qual a expectativa mínima de rentabilidade exigida para cada tipo de ativo no longo prazo. Além disso, estabelecer as diretrizes para aplicação de recursos que contemplam tabelas com os limites mínimos, máximos e eventuais desvios de benchmark que serão tolerados, bem assim a periodicidade de avaliação do cumprimento das metas traçadas. Esses referenciais serão guias para os gestores da RPPS, tanto da parte dos executores (Diretoria, gerentes e servidores em geral) quanto dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, no sentido do acompanhamento e avaliação da evolução das carteiras de investimentos com uma perspectiva de curto, médio e longo. Não cabe, portanto, neste acompanhamento o uso das palavras “enquadramento” ou “desenquadramento”, pois os limites fixados na Política de Investimento devem estar devidamente enquadrados nos parâmetros legais exigidos para as carteiras de investimento de um Regime Próprio de Previdência Social - RPPS. 5. OBJETIVO DA GESTÃO O RPPS deve constituir um Comitê de Investimento, com decisão colegiada baseada em votação. Este comitê tem como objetivo avaliar e recomendar os investimentos Os princípios norteadores da alocação de recursos do RPPS relacionados em seguida têm como objetivo formar uma carteira que permita atingir uma relação risco /retorno / liquidez capaz de possibilitar ao RPPS a cumprir da forma mais segura seu maior objetivo: pagar os benefícios aos quais têm direito os seus participantes. Sendo assim, a prospecção de novas oportunidades de investimento, não pode prescindir da segurança, conferida por uma adequada estruturação de garantias, da liquidez ajustada à necessidade dos compromissos atuariais e da rentabilidade compatível com os riscos envolvidos em cada tipo de investimento, sob uma perspectiva 197 de longo prazo. Desta feita, listam-se abaixo os princípios que norteiam a decisão de alocação de recursos em investimentos de longo prazo no RPPS: 1) Segurança. Ingressar em investimentos cuja estrutura conte com garantias suficientes para minimizar o risco de perda de capital para o RPPS; 2) Rentabilidade. Os analistas do RPPS devem utilizar práticas e avaliações técnicas nas decisões de investimentos, parâmetros que levem em consideração o impacto dos investimentos no bem estar de seus participantes hoje e no período de usufruto dos seus benefícios, sem deixar de lado a métrica para a determinação da máxima rentabilidade, vis-a-vis o risco do investimento. 3) Resultados Esperados a. Obtenção de uma rentabilidade suficiente para superar a meta atuarial; b. Adequar o posicionamento relativo do RPPS para um cenário de juros básicos reais menores que 6%aa no longo prazo; c. Adequação da liquidez dos fluxos derivados dos ativos e passivos do RPPS. 4) Avaliação e Controle de Riscos Concentram-se basicamente em apontar as formas pelas quais o RPPS busca controlar o risco de suas alocações de recursos em renda variável e em renda fixa. 5) O RPPS, como qualquer agente que tem um passivo de longo prazo de maturação, não necessita manter 100% de seus investimentos em ativos que tenham liquidez imediata. Ainda assim, é fundamental desde o ingresso no investimento estabelecer a(s) possível(is) estratégia(s) de desinvestimento, mesmo que no longo prazo. Desta feita, é necessário buscar-se ativos que tenham um horizonte de desinvestimento compatível com o perfil intertemporal de obrigações do RPPS. 6) Risco de Crédito 198 Agências classificadoras de risco de crédito e suas respectivas notas: Agência Classificadora de Risco Rating considerado como baixo risco Austin Rating Entre AAA e BBB Fitch Rating AAA (bra) e BBB- (bra) / Entre F1(bra) e F3- (bra) LF Rating Entre AAA e BBB Lopes Filho & Associados Baixo risco para longo prazo, Baixo risco para (RiskBank) médio prazo e Baixo risco para curto prazo Moody´s Aaa.br e Baa3.br / Prime-1 e Prime-3 SR Rating brAAA e brBBB / sr AA e sr A Standard & Poor’s Entre brAAA e brBBB- / Entre brA-1 e brA-3 6. ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS – INVESTIMENTO E DESINVESTIMENTO “Na aplicação dos recursos do regime próprio de previdência social em títulos e valores mobiliários, conforme disposto nos incisos I e III do § 1º do art 21, o responsável pela gestão, além da consulta às instituições financeiras, deverá observar as informações divulgadas, diariamente, por entidades reconhecidamente idôneas pela sua transparência e elevado padrão técnico na difusão de preços e taxas dos títulos, para fins de utilização como referência em negociações no mercado financeiro, antes do efetivo fechamento da operação”. São usados vários métodos de formação de preço para as decisões de investimento e desinvestimento do RPPS. As decisões de alocação dependerão fundamentalmente do tipo de ativo, em especial do risco e da liquidez, que deverão estar compatíveis com a rentabilidade esperada. Dentre as formas de consultas a preços praticados no mercado financeiro, destacam-se: 199 Ações e posições de futuros: preços divulgados pelas bolsas de valores: Bovespa (www.bovespa.com.br); Títulos Públicos: precificados a mercado através Andima (www.andima.com.br), BM&F e Reuters Títulos Privados: precificados a mercado através Andima (www.andima.com.br), BM&F e Reuters. 7. CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO DE GESTORES DE RECURSOS Segundo disposto na Resolução do Conselho Monetário Nacional no 3922, de 26 de outubro de 2007, a escolha dos gestores de recursos deve considerar como critérios, no mínimo, a solidez patrimonial da entidade, o volume de recursos e a experiência positiva no exercício da atividade de administração de recursos de terceiros Assim, os critérios adotados para o Gestor se dividem em quantitativos e qualitativos. Tanto na análise quantitativa de renda fixa como na de renda variável adotam-se parâmetros de rentabilidade, desvio padrão e rentabilidade sobre o desvio padrão. Já a análise qualitativa adota os parâmetros de “rating”, “turn over”, “research”, patrimônio e distribuição de base de clientes. Entender e validar as fontes e sustentabilidade de um retorno de investimento pode ser considerado um forte critério de seleção, bem como da formação de profissionais de alta qualidade gerencial e operacional aliado a um estreito atendimento ao cliente. Ter grande capacidade de gerenciar riscos e entender como esses riscos s considerados em seu portfolio como um todo constitui habilidade importante de um bom 200 gestor de recursos. Dentre os critérios comumente utilizados na escolha do gestor destacam-se: 1) Fonte de retorno (especialidade do gestor) 2) Histórico de desempenho 3) Qualidade de pessoal 4) Gerenciamento de risco 5) Atendimento ao cliente 6) Reputação da empresa 7) Tempo da empresa 8) Transparência 9) Taxas e administração. 7.1. Metodologia para Estabelecer Limites de Gestão para os Investimentos 7.1.1. Pré-seleção de Gestores As empresas gestoras a serem consideradas para a concessão de limites deverão possuir um volume mínimo de recursos administrados para entrarem em qualquer processo de análise, definido pelo Comitê de Investimento. 7.1.2 Limite Preliminar de Volume para Gestão de Fundos de Investimento Nesta etapa serão considerados apenas os gestores pré-qualificados na etapa anterior. O limite preliminar máximo de gestão será, então, estabelecido, tomando-se o menor dentre os fatores, a saber: • % do volume administrado, excluindo recursos do RPPS; e, • % do patrimônio da RPPS no caso de Gestores que já administram recursos do RPPS. 201 7.1.3 Análise de Desempenho, Due Diligence e Critérios Qualitativos Os limites preliminares sugeridos na etapa 2 estarão sujeitos à redução ou aumento a partir de avaliações internas do RPPS, que representam o grau de confiança do Regime em operar com cada instituição. Os limites finais a serem estabelecidos serão baseados em uma análise quantitativa e qualitativa que aborda três etapas: 7.1.4 Processo de Due Diligence Nesta etapa procurar-se-á obter informações detalhadas sobre a empresa gestora de recursos, incluindo os aspectos técnicos, operacionais e gerenciais relevantes. 7.1.5 Análise Comparativa de Desempenho dos Gestores Ao analisar o desempenho dos gestores será necessário separá-los em dois grupos, a saber: • Gestores que já administram fundos do RPPS; e, • Gestores que não administram fundos do RPPS. Na primeira situação, será comparada a qualidade dos gestores com base na amostra de fundos do RPPS. A comparação entre gestores é realizada através de histórico de rentabilidade e risco, composição das carteiras e dos regulamentos e perfis dos fundos. No segundo caso será comparado um grande número de fundos no mercado para tentar obter um indicador da qualidade de gestão. Qualquer medida, neste caso, é apenas uma aproximação da capacidade de gestão “real” e, portanto, os resultados 202 desta análise deverão ser encarados dentro de um contexto, sem representarem um critério automático de exclusão / inclusão de gestores. No caso de novos tipos de fundos, a avaliação da qualidade de gestão e due dilligence devem procurar avaliar a capacidade/performance de gestão dos ativos que compõem o fundo a ser avaliado. 7.1.6 Critérios Qualitativos Esta última etapa da análise consolida os resultados apurados nas etapas anteriores, indicando quais gestores têm estrutura operacional, técnica e gerencial adequadas e que exibem desempenho considerado superior, segundo os parâmetros definidos pela equipe do RPPS. Com isso, podemos resumir que o RPPS utiliza como critério de avaliação dos gestores de recursos os seguintes itens: capacitação técnica dos gestores, rentabilidade histórica auferida, total de recursos administrados e mensuração de riscos incorridos, dentre outros. 7.1.7 Atualização dos Limites de Gestão O prazo de vigência dos limites propostos pela metodologia será trimestral, ou seja, a atualização dos mesmos será trimestral. Os limites poderão ser reduzidos (ou até cancelados) a qualquer momento, como decorrência de: • Desempenho insatisfatório; • Aumento da percepção do risco da empresa gestora pela equipe do RPPS; • Descumprimento do mandato concedido pelo RPPS para administração dos fundos de investimento. 203 8. TESTE COMPARATIVOS E DE AVALIAÇÃO O RPPS pode avaliar a gestão terceirizada dos Fundos de Investimento através de uma combinação de índices de avaliação de desempenho, conforme descrito abaixo: n[IC] = n[IS]*20% + n[IT]*10% + + n[IR]*70% onde: • Índice de Sharpe [IS]: medida de risco-retorno que indica o retorno esperado na carteira por unidade de risco inerente à carteira; o índice é a razão entre o valor esperado da rentabilidade relativa à taxa livre de risco e o valor esperado da volatilidade desta rentabilidade relativa à taxa livre de risco; • Índice de Treynor [IT]: medida de risco-retorno que indica o retorno esperado na carteira por unidade de risco sistemático inerente à carteira; o índice é a razão entre o valor esperado da rentabilidade relativa à taxa livre de risco e o valor esperado do "beta", i.e., medida da inclinação da curva que representa a carteira no modelo CAPM, considerando como representante do mercado determinado subconjunto de fundos de investimento; • Índice de Rentabilidade [IR]: medida de retorno que indica o valor esperado do excedente de rentabilidade diária sobre a taxa livre de risco; o índice é a média histórica diária da rentabilidade diferencial relativa à taxa livre de risco para a carteira. 9. RESOLUÇÃO 3922 Além da eficiência em relação à rentabilidade, os gestores devem ser acompanhados no sentido de verificar o cumprimento dos limites previstos pela Regulamentação dos RPPS (atualmente estipulados pela Resolução do Conselho Monetário Nacional no 3922/10. 204 205 10. MODELO MPS “POLÍTICA DE INVESTIMENTOS” 1. Regime Próprio de Previdência Social Informar o nome completo. 1.1 . CNPJ Informar o CNPJ. O RPPS deverá, para efeito de movimentação de seus recursos em moeda corrente, descritos no art. 3º da Resolução CMN nº 3922, de 26 de outubro de 2007, manter CNPJ exclusivo, distinto do CNPJ do ente federativo, de forma a permitir com precisão a segregação entre os patrimônios destes. 2. Exercício Informar o exercício a que se refere a Política de Investimentos. 3. Aprovação do órgão superior de supervisão e deliberação Citar qual o órgão superior, o instrumento pelo qual se formalizou e a data em que a política foi aprovada. 4. Ata do Conselho Administrativo Data da Ata em que conste a aprovação da Política de Investimentos pelo órgão superior de supervisão e deliberação. 5. Meta atuarial do RPPS Informar a taxa de juros adotada nas avaliações ou projeções atuariais, acrescida do indexador escolhido. 6. Divulgação da política aos participantes Informar o meio utilizado. 206 7. Alocação dos recursos Informar os limites mínimos e máximos de alocação dos recursos entre os segmentos e carteiras, de acordo com a estratégia adotada pelo RPPS, em consonância com o perfil de suas obrigações e visando a consecução e manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial. A adequação dos ativos que porventura estejam em desacordo com a Resolução CMN nº 3.922/10 (ativos em enquadramento), deve merecer destaque na Política de Investimentos. 8. Diversificação Informar o percentual de diversificação estabelecido pelo RPPS para investimentos em ativos de emissão ou coobrigação para uma mesma pessoa jurídica ou de aplicações em um mesmo fundo. 9. Cenário macroeconômico e análise setorial para investimentos Descrever sucintamente o entendimento do RPPS em relação aos cenários futuros e a forma de análise para escolha dos setores/áreas selecionados para investimento dentro desses cenários. 10. Objetivos de gestão Descrever o modelo de gestão adotado, a meta de rentabilidade que será perseguida, a tolerância de risco para os diferentes segmentos de aplicação e metas para os custos administrativos decorrentes dessas decisões. 11. Estratégia de formação de preços – investimentos e desinvestimentos Informar os critérios e metodologias adotadas nas análises que orientem as decisões de compra e venda de ativos. Caso a estratégia de formação de preços caiba a gestores externos deverá ser informado como é realizado o acompanhamento destes gestores. 12. Critérios de contratação – Administração de carteiras de renda fixa e renda variável 207 Informar os critérios utilizados para escolha e a contratação de pessoas jurídicas autorizadas ou credenciadas, nos termos da legislação em vigor, para o exercício profissional de administração de carteiras 13. Testes comparativos e de avaliação para acompanhamento dos resultados dos gestores e a diversificação da gestão externa dos ativos Informar como será avaliado o desempenho dos gestores externos de ativos, a periodicidade dessa avaliação e a diversificação dessa gestão 14. Observações Inserir comentários que julguem relevantes, não compreendidos nos itens anteriores 15. Declaração de disposição dos documentos, responsável, local e data Declarar a posse e disposição da Política de Investimentos completa e documentos correspondentes. Informar o nome do gestor responsável pelos investimentos, o local e data de preenchimento. 16. Entidade certificadora/ Validade da certificação Informar qual a entidade certificadora do gestor responsável e a data de validade da certificação. 208 209 SIMULADO FINAL INVESTIMENTOS 1) A marcação a mercado foi feita para: a) registrar o preço de aquisição do título. b) beneficiar o cotista que aplica novos recursos. c) beneficiar quem solicita resgate primeiro. d) evitar a transferência de riqueza entre cotistas. 2) Estabelece diretrizes da política monetária, define a taxa Selic e seu eventual viés: a) CVM. b) Copom. c) ANBID. d) Banco de Investimento. 3) Juros simples. a) Os juros incidem a cada vencimento de período. b) Os juros incidem no final de cada período de aplicação. c) Os juros incidem somente no final de cada período de aplicação. d) Não incorporam o capital sobre os juros a cada vencimento de período. 4) Uma das condições necessárias ao perfeito funcionamento dos mercados financeiros e de capitais é a crença de seus participantes de que seus ganhos serão recebidos e que suas operações serão liquidadas nas condições estabelecidas sendo esta função exercida tipicamente: a) pelos auditores externos e internos b) pelas Bolsas c) pelas Corretoras e Distribuidoras 210 d) pelas câmaras de compensação. 5) Local sem fins lucrativos onde são realizadas via sistema eletrônico as negociações de títulos e valores mobiliários. a) Bovespa. b) BM&F c) Selic d) CETIP 6) Um banco recebeu o pedido de seu cliente para a compra de ações. Essa operação foi realizada por: a) Corretora. b) Banco Comercial. c) Banco de Investimento. d) Distribuidora. 7) Benchmark é: a) Organismo internacional de regulamentação de investimentos b) Rentabilidade obtida por um fundo c) Ativo livre de riscos d) Índice de referência 8) É incorreto afirmar que o índice de referência é: a) É utilizado pelo mercado financeiro para que se estabeleçam comparações entre o ganho de determinado fundo de investimento e a meta de rentabilidade estabelecida, por exemplo. b) É uma garantia de rentabilidade estabelecida pelos fundos de investimentos c) É meta ou objetivo a ser alcançado por determinado investimento 211 d) Destaca-se pela sua utilidade prática na minimização de riscos e como indicador de desempenho. 9) A principal função do SFN é: a) Definir as normas que regem o mercado financeiro. b) Dar liquidez ao mercado secundário c) Dinamizar o fluxo de recursos entre poupadores e tomadores d) Dar credibilidade externa à economia do país? 10) Quais são as premissas que devem ser analisadas antes de oferecer um investimento para o cliente? a) Profissão, idade e conhecimento. b) Objetivo do investidor, profissão e idade. c) Horizonte de tempo, estado civil e objetivo do investidor. d) Aversão a risco, objetivo do investidor e horizonte de tempo. 11) Duas taxas de juros expressas em períodos diferentes (Unidades de tempo distintas), aplicadas sobre um mesmo capital, produzindo um mesmo montante, considerado o regime de capitalização composta, são conhecidas por: a) taxas equivalentes b) taxas reais c) taxas efetivas d) taxas nominais 12) Utilizado pelo Copom para o acompanhamento de metas de inflação. a) IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) calculado e divulgado pela FVG. b) IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) calculado e divulgado pelo IBGE. c) INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). d) IPA (Índice de Preços por Atacado). 212 13) Quando são necessários mais reais para comprar o dólar, verificamos: a) desvalorização do real frente ao dólar, favorecendo as exportações. b) valorização do real frente ao dólar, favorecendo as importações. c) valorização do real frente ao dólar, favorecendo as exportações. d) desvalorização do real frente ao dólar, favorecendo as importações. 14) CDI – taxa média das operações feitas no mercado: a) cambial. b) acionário. c) interfinanceiro. d) monetário. 15) O investidor tem dois títulos do mesmo emissor e mesma característica. O título A tem 180 dias, e o título B tem 360 dias. É correto afirmar que: a) o título A vai apresentar maior retorno e maior risco. b) o título B vai apresentar maior retorno e maior risco. c) o título A vai apresentar menor retorno e maior risco. d) o título B vai apresentar maior retorno e menor risco. 16) O risco caracterizado pelas flutuações de preços é o: a) risco de crédito. b) risco de liquidez. c) risco de mercado. d) risco flutuante. 17) Numa carteira bem diversificada: a) o risco de crédito é minimizado. b) o risco de crédito aumenta. c) o risco de mercado é minimizado. d) o risco de mercado é eliminado. 213 18) A empresa emitiu debêntures, mas está passando por dificuldades e está inadimplente. Este se caracteriza por ser o: a) risco de liquidez. b) risco de crédito. c) risco de mercado. d) risco diversificável. 19) O risco de mercado de um fundo de investimento pode ser medido: a) pelo patrimônio líquido do fundo. b) pela variação no valor das cotas. c) pela quantidade de cotas. d) pelo tempo de existência do fundo. 20) O conceito de risco é: a) a possibilidade de o investidor ter perda. b) algo não aplicável nos investimentos em fundos. c) a possibilidade de o investidor ganhar dinheiro. d) a possibilidade de o investidor ter um retorno diferente do esperado. 21) Um investidor trocou uma LTN por um CDB prefixado de um banco. Isso significa que ele: a) aumentou seu risco de mercado. b) diminuiu seu risco de mercado. c) aumentou seu risco de crédito. d) diminuiu seu risco de crédito. 22) A LFT apresenta rentabilidade atrelada: a) à PTAX. b) aos juros prefixados. c) ao IGP-M. 214 d) à taxa Selic-Over. 23) A NTN-D apresenta rentabilidade atrelada: a) ao dólar norte-americano. b) à taxa Selic-Over. c) ao IGP-M. d) ao IPCA. 24) A alíquota de IR que um investidor paga sobre os rendimentos em uma aplicação em CDB: a) se o período entre a aplicação e o resgate tiver decorrido 90 dias, é 15%. b) se o período entre a aplicação e o resgate tiver decorrido 300 dias, é 22,5%. c) se o período entre a aplicação e o resgate tiver decorrido 180 dias, é 22,5%. d) é sempre 15%. 25) Assinale o ativo que expõe o seu detentor mais diretamente ao risco de crédito: a) Ações. b) Cotas de fundos de investimento. c) Ouro. d) Debêntures. 26) Sobre o ganho líquido com a venda de ações, quem paga o Imposto de Renda é: a) a corretora. b) não há cobrança de IR. c) o contribuinte. d) o banco. 215 27) O investidor que teve rendimento com a venda de ações no mês terá que pagar IR: a) ele mesmo até o final do mês seguinte. b) ele mesmo, na declaração de IR que ele faz a cada ano. c) ele mesmo, sempre no final do ano. d) através da corretora, que vai recolher na fonte. 28) O investidor pessoa física que vendeu ações no mês no valor igual ou inferior a R$20.000,00: a) vai pagar IR de 15%. b) está isento da cobrança de IR. c) vai pagar IR de 22,5% a 15%, conforme prazo de permanência. d) vai pagar IR de 0,005% na fonte. 29) Uma debênture conversível em ações significa que: a) o debenturista vai receber o dinheiro que emprestou em ações da empresa. b) o debenturista investiu em ações da empresa. c) o debenturista vai receber o dinheiro que emprestou em dinheiro. d) o debenturista pode escolher se quer receber o dinheiro em ações no período determinado. 30) O princípio da Marcação a Mercado busca: a) Indicar o preço ideal. b) Sinalizar o melhor preço. c) Valorizar as cotas dos fundos de investimento. d) Refletir o preço de mercado. 31) Uma ação ordinária e uma ação preferencial caracterizam-se por, respectivamente: 216 a) dar direito de voto nas assembléias e dar preferência no recebimento de dividendos. b) dar preferência no recebimento de dividendos e dar direito de voto nas assembléias. c) ambas concedem direito de voto nas assembléias da empresa. d) em ambos os casos, a empresa tem que distribuir pelo menos 25% do seu lucro líquido. 32) O dividendo é: a) quando a empresa distribui novo lote de ações aos acionistas. b) o direito de aquisição de novo lote de ações por ocasião de aumento de capital. c) o direito de voto de um acionista. d) o lucro da empresa distribuído aos acionistas. 33) O swap caracteriza-se por ser: a) troca do indicador por outro diferente para ser feita em uma data futura. b) subscrição de indicadores para uma data futura. c) o direito de aquisição de novo lote de ações por ocasião do aumento de capital. d) o custo do investidor para adquirir ações. 34) A divisão do patrimônio líquido do fundo pelo número de cotas é: a) a quantidade de cotas. b) o valor da cota. c) a ação. d) o cotista. 35) A taxa de administração é cobrada: a) sobre o rendimento do fundo. b) sobre a variação positiva do valor da cota. c) sobre o patrimônio líquido do fundo. d) somente quando o fundo apresenta rendimento. 36) A alteração da política de investimento de um fundo deve ser feita: a) somente mediante alteração no prospecto e regulamento. 217 b) somente por meio de deliberação em assembléia geral de cotistas. c) somente mediante envio de correspondência informando os cotistas. d) sempre que o gestor desejar, sem aviso prévio para os cotistas. 37) Quais fundos relacionados abaixo podem ter cota de abertura? a) referenciado DI e multimercado. b) curto prazo, referenciado DI e renda fixa. c) ações, curto prazo e referenciado DI. d) cambial, curto prazo e referenciado DI. 38) Um fundo que pode perder mais do que o Patrimônio Líquido é um fundo: a) exclusivo. b) com swap. c) fechado. d) alavancado. 39) O fundo que se o investidor resgatar antes de 90 dias perde rentabilidade é um fundo: a) alavancado. b) exclusivo. c) com carência. d) sem carência. 40) O fundo que permite que o investidor ingresse e resgate a qualquer momento é um fundo: a) alavancado. b) fechado. c) aberto. d) exclusivo. 41) O fundo que tem um único cotista é um fundo: 218 a) alavancado. b) fechado. c) aberto. d) exclusivo. 42) Um fundo classificado como longo prazo possui come-cotas à alíquota de: a) 22,5%. b) 20%. c) 17,5%. d) 15%. 43) Quando há mais resgates do que aplicações no dia: a) o gestor vende os ativos-objeto do fundo. b) o gestor compra ativos-objeto para o fundo. c) o gestor compra e vende os ativos-objeto do fundo. d) o gesto não compra nem vende os ativos-objeto do fundo. 44) Um fundo de ações passivo que tem como benchmark o Ibovespa: a) apresenta rentabilidade que supera a variação do Ibovespa. b) apresenta rentabilidade que supera a variação do IBrX. c) apresenta rentabilidade próxima da variação do Ibovespa. d) apresenta rentabilidade próxima da variação do IBrX. 45) Um fundo de ações ativo e passivo, respectivamente: a) acompanha o benchmark e supera o benchmark. b) supera o benchmark e acompanhar o benchmark. c) ambos acompanham o benchmark. d) ambos superam o benchmark. 46) O regulamento deve ser lido pelo investidor: a) antes da aplicação para qualquer fundo de investimento. 219 b) depois da aplicação para qualquer fundo de investimento. c) antes da aplicação somente para fundos mais arriscados. d) antes da aplicação somente para fundos de ações. 47) O administrador e o gestor são respectivamente: a) o responsável legal perante os investidores e a CVM e o responsável pelas decisões de investimento. b) O responsável pelas decisões de investimento e o responsável legal perante os investidores e a CVM. c) o responsável pela distribuição dos fundos e o responsável pelas decisões de investimento. d) o responsável pelas decisões de investimento e o responsável pela distribuição dos fundos 48) O investidor resgatou do FGTS depois de 20 anos. Qual aplicação você não recomenda? a) Fundos RF e referenciado DI. b) Pequena parcela em ações e o restante em Fundos DI. c) LTN e LFT. d) Boa parte dos recursos em fundos de ações. 49) Um fundo de ações com valor de cota de D+1 e crédito em D+4, quando o investidor resgata do fundo: a) utiliza-se a cota do dia anterior e o pagamento do resgate ocorre no quarto dia útil. b) utiliza-se a cota do dia seguinte e o pagamento do resgate ocorre no quarto dia útil. c) utiliza-se a cota do dia anterior e o pagamento do resgate ocorre no quinto dia útil. d) utiliza-se a cota do dia seguinte e o pagamento do resgate ocorre no quinto dia útil. 50) Quem cuida da posição do fundo e faz a marcação a mercado? a) administrador. b) distribuidor. 220 c) gestor. d) custodiante. 51) Fundo que permite que o investidor pessoa física utilize o FGTS e que é feito para as empresas do governo federal, estadual e municipal que estão sendo privatizadas. a) exclusivo. b) FMP-FGTS. c) aberto. d) FAPI. 52) Um fundo Referenciado DI aplica no mínimo 80% de seus recursos em: a) ações, títulos públicos e títulos privados. b) ações e títulos públicos. c) títulos públicos e privados com baixo risco de crédito. d) CDB DI. 53) A política de investimento de um fundo: a) define os mercados onde o gestor pode atuar. b) define se o fundo é ativo ou passivo. c) define qual o objetivo do fundo. d) define se o fundo é aberto ou fechado. 54) Em um fundo de ações: a) a alíquota de IR sobre o rendimento é de 10%. b) o IOF não é cobrado em resgates realizados antes de 30 dias. c) não há a cobrança da CPMF sobre os recursos aplicados provenientes da conta corrente. d) o IR é cobrado semestralmente, no último dia útil dos meses de maio e novembro. 221 55) Investimento coletivo que aplica recursos em uma carteira diversificada de ações chama-se: a) fundo de investimento. b) fundo multimercado. c) clube de investimento. d) fundo exclusivo. 56) Investimentos em CDB, em caso de falência da instituição bancária: a) são garantidos para cobertura nos limites estabelecidos pela legislação vigente. b) não são garantidos para cobertura nos limites estabelecidos pela legislação vigente. c) não são garantidos pelo FGC. d) são garantidos pelo FGC somente para investidor qualificado. 57) Segregação de funções entre gestão de recursos próprios e gestão de recursos de terceiros (fundos), para evitar situação de conflito de interesses. a) Chinese Wall. b) Banco de Investimento. c) Benchmark. d) Gestão compartilhada. 58) O investidor investiu em um fundo com títulos de renda fixa. Se a taxa de juros subir: a) o fundo apresentará aumento no valor de suas cotas. b) o fundo apresentará queda no valor de suas cotas. c) o fundo não apresentará nem aumento nem queda no valor de suas cotas. d) nada vai acontecer com os títulos de renda fixa que compõem o fundo de investimento. 222 59) Uma empresa quer fazer um investimento, mas precisa de liquidez, pois em breve precisará dos recursos para cumprir com suas obrigações. O que você recomenda? a) O investimento mais rentável. b) Investimentos em ações que são para o longo prazo. c) Investimentos no curto prazo, mesmo que a rentabilidade seja menor. d) Investimentos em fundos de ações, que apresentam boa rentabilidade e liquidez diária. 60) O investidor que teve perdas em um fundo de investimento poderá compensar IR em: a) fundos do mesmo administrador e de mesma alíquota. b) fundos de qualquer administrador e alíquota. c) fundos do mesmo administrador, seja de longo prazo ou curto prazo. d) qualquer tipo de fundo do mesmo administrador. 61) O investimento em fundos permite: I) investir em ativos com valores baixos. II) diversificação. III) eliminar riscos. a) I e II apenas. b) I, II e III. c) II e III apenas. d) I e II apenas. 62) Realiza aplicações em mercados que apresentam vários fatores de risco, sem nenhuma concentração em particular: a) fundo multimercado. b) fundo de ações. c) fundo dívida externa. d) fundo de renda fixa. 223 63) A estratégia com derivativos que faz com que o gestor possa perder mais do que o patrimônio líquido do fundo chama-se: a) swap. b) especulação. c) Hedge. d) alavancagem. 64) Um fundo A prevê em seu prospecto que a sua carteira deve possuir 100% das aplicações em títulos públicos federais, com hedge para DI através dos mercados futuros e Swap e o fundo B prevê em seu regulamento que 95% de sua carteira deve estar em títulos públicos federais, com hedge para DI através dos mercados futuros e Swap, e 5% aplicados em títulos pré-fixados com risco de crédito elevado. Estes fundos são considerados pela legislação, respectivamente: a) Fundo Livre e Fundo não-Referenciado a Indicador de Desempenho. b) Fundo Referenciado a indexador de desempenho e Fundo Livre. c) Fundo Referenciado a indexador de desempenho e Fundo Referenciado a Indicador de Desempenho. d) Fundo não-Referenciado a indexador de desempenho e Fundo Referenciado a Indicador de Desempenho. 65) Quais dos ativos abaixo têm suas normas e controles definidos pela CVM? a) Debêntures, Commercial Papers, Fundos de Investimentos em Ações. b) Commercial Papers, Debêntures e Certificado de Depósito Bancário. c) Letras Hipotecárias e Fundos de Investimento Financeiro. d) CDB, RDB, LTN e NTN. 66) Quais dos itens abaixo representam valores mobiliários: a) Títulos públicos Federais, CDB e opção de compra sobre ação. b) Termo de ações, Notas Comerciais e Poupança. 224 c) Cartão de Crédito, Derivativos e Letras Hipotecárias. d) Debêntures, Notas Comerciais e Ações. 67) Duration ou Duração: a) É o prazo médio dos fluxos de pagamento de um título de renda fixa. b) É o prazo médio dos vencimentos dos títulos mais longos que compõem uma carteira de Renda Fixa. c) É o tempo necessário para vender um título de longo prazo da carteira. d) É o prazo médio dos vencimentos dos títulos mais curtos que compõem uma carteira de Renda Fixa. 68) A TBF usada para calcular a TR (taxa referencial) divulgada pelo BACEN, é medida considerando-se: a) A média das operações realizadas no interbancário, sendo desconsideradas as 2 taxas mais altas e as 2 taxas mais baixas negociadas entre estas instituições. b) A taxa média de todas as operações ativas e passivas dos 30 maiores bancos comerciais do país, sendo desconsideradas as 2 taxas mais altas e s 2 taxas mais baixas negociadas entre estas instituições. c) A taxa média de todos os títulos públicos pré-fixados, de até 60 dias, sendo desconsideradas as 2 taxas mais altas e as 2 taxas mais baixas negociadas no mercado. d) A taxa média dos CDB's pré -fixados de 30 instituições financeiras selecionadas sendo desconsideradas as 2 instituições de taxas mais altas e as 2 de taxas ma is baixas negociadas no mercado. 69) Sobre a tributação das operações de renda fixa, podemos afirmar que: a) Não há incidência de IOF no momento do resgate ou da venda do título. b) Se entre a data da compra do título e a data da venda ou resgate, tiverem decorridos mais do que 30 dias, o resultado do cálculo do IOF é zero. c) A base de cálculo do IOF é o rendimento. 225 d) Na data do resgate ou da venda do título, primeiro calcula -se o IR e depois sobre o endimento líquido de IR se calcula o IOF. 70) Um fundo possui um patrimônio líquido de R$ 15.000.000 e uma carteira de operações no valor de R$ 19.200.000. Sabendo-se que este fundo possui 1 milhão de cotas, qual é o valor da cota? a) R$ 15,00 b) R$ 19,20 c) R$ 34,20 d) R$ 4,20 71) Ao aplicar em um fundo de investimento o investidor tem direito aos seguintes serviços: a) Orientação sobre os Investimentos, apenas. b) Gestão dos Recursos, apenas. c) Administração e Custódia das Operações, apenas. d) Orientação sobre os Investimentos, Gestão dos Recursos, Administração e Custódia das Operações. 72) Assinale a alternativa correta: a) O distribuidor é o responsável por vender as cotas dos fundos aos investidores e não precisa ser uma instituição financeira. b) O Administrador é aquele que constitui o fundo, se ndo o responsável legal perante os órgãos reguladores. c) O Gestor é o responsável pelas decisões de investimento do fundo e por isso precisa ser uma instituição financeira. d) O Custodiante é o responsável por contabilizar e controlar as posições dos fundos, não tendo nenhuma responsabilidade sobre a marcação das operações a preços de mercado. 226 73) As cotas dos fundos fechados: a) Não podem ser negociadas. b) São negociadas pelo seu valor patrimonial no mercado secundário. c) Podem ser resgatadas, desde que a CVM seja avisada com antecedência. d) Não podem ser resgatadas antes da data de vencimento do fundo. 74) Um investidor procura um fundo de investimento que tenha por objetivo dar um retorno acima do DI. No entanto, este investidor não se sente confortável diante de riscos de crédito e alavancagem no mercado de derivativos. Para este investidor pode ser recomendado um fundo classificado pela Anbid como sendo: a) Renda Fixa. b) Renda Fixa Multiíndices. c) Referenciado DI. d) Multimercado, sem ações e sem alavancagem. 75) Um investidor aplica R$ 10.000,00 em um fundo de investimento em ações em janeiro de 2006. Ele realiza um resgate parcial 30 dias após e resgata o restante do seu patrimônio 2 meses depois. Pelas operações realizadas incidirá(ão) o(s) imposto(s): a) IOF e IR nas duas operações. b) IOF somente na primeira e IR nas duas. c) Somente IOF pois fundos de ações estão isentos de IR d) Somente IR nas duas operações. 76) No que se refere à taxa de administração em fundos não exclusivos, podemos dizer que: a) A Taxa de Perfomance é cobrada diariamente. b) A Taxa Fixa é apropriada diariamente. 227 c) A Taxa de Perfomance é cobrada pelo sucesso na administração e é calculada sobre o rendimento total do fundo. d) A Taxa de Saída e a Taxa de Entrada são cobradas diariamente, descontando-se da rentabilidade do fundo. 77) Assinale a alternativa correta: a) Um investidor que aplique em um fundo de ações com mais de 67% de ações somente pagará IR no momento do resgate do fundo. b) Somente os investidores dos fundos de ações com menos de 67% em ações pagam IR no resgate. c) Um investidor que aplique em um FI de renda fixa com liquidez diária, sem carência para resgate, estará sujeito ao pagamento do IR apenas no resgate. d) Um investidor que aplique em um FI de renda fixa com carência de 60 dias para resgate, pagará IR a cada 30 dias. 78) Assinale a alternativa correta: a) A alíquota de IR dos Fundos de Investimento em Títulos e Valores Mobiliários que possuem mais do que 67% de exposição ao mercado acionário é de 20% sobre o rendimento, deduzido o IOF. b) A alíquota de IR dos FAPls é de 20% sobre o rendimento, deduzido o IOF. c) A alíquota de IR dos Fundos de Renda Fixa de curto prazo é de 20% sobre o rendimento, deduzido o IOF. d) A alíquota de IR dos fundos imobiliários é de 20% sobre o rendimento, deduzido o IOF. das as alternativas estão incorretas. 79) Uma ação ordinária se caracteriza por: a) Ser mais negociada; 228 b) Conferir direito de voto ao acionista; c) Conferir preferência no recebimento de dividendos; d) Não pagar dividendos. 80) A melhor definição para ativo derivativo é de um título financeiro: a) Negociado em bolsa; b) Negociado no balcão; c) Cujo preço deriva do preço de mercado de um passivo agropecuário; d) Cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real ou financeiro. 229 GESTÃO DO PASSIVO PREVIDENCIÁRIO 1) Quanto ao plano de custeio dos regimes próprios, julgue o item correto. a) Um regime próprio possui plano com alíquota de contribuição do servidor de 11% e do ente 22%. Caso haja superávit atuarial poderá sugerir a redução da contribuição do servidor ou a do ente. b) Um regime próprio possui plano com alíquota de contribuição do servidor de 11% e do ente 22%. Caso haja déficit atuarial poderá sugerir o aumento da contribuição do servidor ou a do ente. c) As alíquotas de contribuição do servidor poderão ser diferenciadas em função da remuneração do servidor. d) A contribuição previdenciária do servidor pode ter alíquota diferenciada em função da carreira ou cargo ocupados. 2) Quanto ao plano de benefício dos regimes próprios, julgue o item correto. a) O benefício de pecúlio (seguro de vida no valor da remuneração do servidor) poderá ser criado por tratar-se na prática de uma pensão paga em valor único. b) A sobra resultante da receita de taxa de administração poderá ser revertida na criação de novos benefícios previdenciários. c) As regras de concessão de aposentadorias e pensão poderão ser diferenciadas, em razão da presença de superávit financeiro e atuarial do regime. d) O plano de benefícios é aquele onde estão previstas todas as despesas do plano do regime próprio. 3) Quanto à Avaliação Atuarial, julgue o item correto. a) A avaliação atuarial projetará somente as receitas de contribuição do servidor e patronal, mesmo que sejam previstas outras receitas pelo plano de custeio. b) Não cabe aos servidores do regime próprio ou do ente julgar incorretos os cálculos atuariais elaborados por atuário independente. c) O saldo de superávit atuarial do exercício poderá ser utilizado para criação de benefícios assistenciais à população. 230 d) As despesas com taxa de administração não serão levadas em consideração na avaliação atuarial, por não corresponderem a uma despesa previdenciária. 4) Quanto ao funcionamento dos regimes próprios, julgue o item incorreto. a) Os regimes próprios não poderão subsidiar sistemas de saúde exclusivo dos servidores mediante vinculação de parte das receitas previdenciárias, ainda que o regime possua equilíbrio atuarial. b) Um ente pode optar por não possuir um regime próprio e, em decorrência, filiar seus servidores obrigatoriamente ao Regime Geral. c) O plano de custeio e de benefícios do regime próprio depende indiretamente do Regime Geral, pelo fato de haver a compensação previdenciária. d) O ente ou o regime próprio poderão celebrar convênio com uma seguradora a fim de operacionalizar o pagamento dos benefícios de risco mediante vinculação de parte da receita de contribuição previdenciária. 5- Quanto ao Certificado de Regularidade Previdenciária, julgue o item incorreto: a) A existência de diferentes regimes para os poderes executivo, legislativo ou judiciário não impede a emissão de CRP. b) O demonstrativo previdenciário, o demonstrativo de investimentos e disponibilidade financeira e o comprovante de repasse e recolhimento são documentos de elaboração obrigatória para fins de emissão do CRP. c) O conselho de administração deverá contar com participação dos segurados, porém a composição não será necessariamente paritária. d) Um dos objetivos do CRP é preservar a solvência do regime próprio. 6) Quanto ao Certificado de Regularidade Previdenciária, julgue o item incorreto: a) Os critérios de emissão do CRP são fixados pelo Ministério da Previdência Social. b) Um regime próprio não pode estar em plena atividade se tiver o CRP vencido há mais de um ano, cabendo então a filiação obrigatória do servidor ao regime geral. c) O ente público do regime próprio possui interesse na emissão do CRP por ser o principal atingido nas relações de transferência com a União. 231 d) Aspectos contábeis, financeiros, atuariais, legais e operacionais são avaliados para fins de validade do CRP. 7) Quanto à constituição de fundos previdenciários em regimes próprios, após a vigência da EC 20/98, julgue o item incorreto: a) O comportamento crescente dos fundos previdenciários é o reflexo do equilíbrio atuarial e conseqüente solvência do sistema. b) O fundo previdenciário é constituído com o objetivo de garantir o equilíbrio no futuro, para financiamento no futuro quando as despesas previdenciárias ultrapassarem as receitas. c) O fundo previdenciário pode conter ativos de renda fixa, renda variável, imóveis ou créditos do regime próprio em relação a dívidas do ente. d) Os regimes próprios são obrigados a constituírem fundos previdenciários devido à necessidade de se preservar o equilíbrio atuarial. 8) Quanto aos regimes de capitalização e de repartição, julgue o item incorreto: a) Caso não haja um fundo previdenciário fica caracterizada a existência do regime de repartição no plano. b) Um regime de capitalização pressupõe um pacto entre gerações, onde a geração atual de contribuintes financia os benefícios previdenciários da geração que está recebendo aposentadoria e pensão. c) A alíquota de equilíbrio de um plano estruturado em repartição simples pode ser inicialmente menor que a encontrada para o regime de capitalização. d) O mecanismo do regime de capitalização é acumular os superávits financeiros em um fundo previdenciário para a utilização no futuro e manutenção da solvência do plano. 9) Quanto à segregação de massas e o equilíbrio atuarial do regime, julgue o item incorreto: a) O equilíbrio atuarial fica evidenciado através do fato das receitas de contribuição previdenciária do servidor e do ente serem suficientes para o pagamento dos benefícios previdenciários e taxa de administração. 232 b) A transição de um regime de repartição para um regime de capitalização sempre gera num primeiro momento um ônus financeiro ao ente, mas que se transformará em uma economia futura, preservando o equilíbrio atuarial do plano. c) Um regime próprio recentemente constituído pode já nascer com obrigações previdenciárias futuras de forma que seja necessário aportar valores para a o fundo previdenciário de forma a garantir o equilíbrio atuarial. d) A segregação de massas é uma forma de transição gradual do regime de repartição para o de capitalização e deve ser feita com base em um estudo atuarial. 10) Quanto às modalidades de planos oferecidas, julgue o item incorreto: a) Se um participante efetuar exatamente as mesmas contribuições para dois planos distintos, um de contribuição definida e outro de benefício definido, ele irá receber o mesmo valor de benefício. b) Os planos de benefício definido legalmente oferecem mais vantagens aos segurados que contribuem por menos tempo, em função dos valores dos benefícios não envolverem cálculos atuariais. c) A previdência complementar dos servidores públicos terá benefícios programados na modalidade de contribuição definida, ficando o ente obrigado a criar contas individuais para os participantes que poderão tirar extratos de seu fundo previdenciário, efetuar resgates ou realizar aportes adicionais. d) Um regime próprio pode oferecer planos de contribuição definida, mas desde que previsto em lei e incidente sobre as parcelas remuneratórias que excedam o teto de benefícios do regime geral. 11) Quanto às modalidades de planos oferecidas, julgue o item incorreto: a) Nos planos de benefício definido legalmente, o segurado não sabe sob quais regras seu benefício será concedido no futuro. b) O gestor pode sempre efetuar operações no mercado financeiro de modo a garantir a rentabilidade prometida pelo plano de benefício definido atuarialmente, eliminando esse tipo de risco de gestão. 233 c) O plano de benefício definido atuarialmente é o que traz a maior certeza quanto aos valores de benefício a serem recebidos. d) O plano de benefício definido legalmente é mais solidário que o plano de contribuição definida. 12) Quanto ao resultado previdenciário e sua composição, julgue o item incorreto: a) Se o ativo líquido supera as provisões matemáticas o plano está superavitário. Caso contrário, o plano está deficitário. b) As provisões matemáticas são calculadas atuarialmente, onde são projetadas as despesas do fundo previdenciário e deduzidas as receitas futuras. c) O valor das provisões matemáticas, assim como o do ativo líquido se modificam diariamente, porém, normalmente as provisões são apuradas somente a cada ano, em decorrência da elaboração da avaliação atuarial. d) O resultado atuarial do plano modifica o valor do ativo total do regime próprio, aumentando ou diminindo nos casos de superávit e déficit, respectivamente. 13) Quanto ao resultado previdenciário e sua composição, julgue o item correto: a) Se um plano possui ativo líquido da ordem de 100 milhões e provisões matemáticas de 70 milhões, o regime encontra-se equilibrado. b) O desligamento de um servidor no plano do regime próprio poderá melhorar ou piorar o resultado atuarial. c) A entrada de um novo servidor no plano do regime próprio irá aumentar o déficit atuarial, caso o resultado seja negativo até então. d) As provisões matemáticas são os ativos financeiros que pertencem ao regime próprio. 14) Quanto ao plano de custeio dos regimes próprios, julgue o item incorreto: a) O placo de custeio de um regime próprio deverá ser estabelecido por lei e preverá uma alíquota mínima de 22%, sendo que a contribuição do ente não será inferior a do servidor e nem superior ao dobro. 234 b) Caso a lei preveja uma alíquota de contribuição superior à alíquota de equilíbrio da avaliação atuarial, deverá ser proposto ao poder legislativo sua majoração, já que o plano de benefícios só pode ser alterado por lei. c) Caso a lei preveja uma alíquota de contribuição superior à alíquota de equilíbrio da avaliação atuarial, o plano estará desequilibrado. d) O plano de custeio de equilíbrio atuarial do ente leva em consideração as especificidades do regime próprio e, conseqüentemente, poderá prever uma alíquota total inferior a 22%. 15) Quanto ao resultado atuarial e à projeção atuarial, julgue o item correto: a) A projeção atuarial representa o valor presente das despesas futuras do ente e o valor presente das receitas futuras. b) O resultado atuarial demonstra a evolução do ativo líquido do plano ao longo do tempo. c) Uma avaliação atuarial gera como produtos principais o resultado atuarial e a projeção atuarial. d) A projeção atuarial e o resultado atuarial são estudos independentes, o que significa que a alteração dos valores de um não implica a alteração do outro. 16) Quanto às premissas atuariais, julgue o item incorreto: a) A taxa de juros fixada representa a meta atuarial do plano. b) A composição familiar poderá ser definida por uma tábua biométrica ou pelo banco de dados de dependentes. c) A rotatividade é a premissa que mensura os desligamentos dos servidores, ou seja, as exonerações e demissões. d) O atuário pode definir qualquer tábua biométrica que julgue ser mais adequada para o cálculo atuarial da população envolvida. 17) Quanto às premissas atuariais, julgue o item incorreto: 235 a) A taxa de juros é a variável que mais tem peso no resultado e projeção atuarial. b) A utilização de tábuas biométricas mais recentes, ou seja, que prevêem uma expectativa de vida maior, irá afetar a avaliação atuarial de modo que o resultado atuarial do plano será melhorado. c) A estimação de novos entrantes e de rotatividade indica que o cálculo é feito segundo uma população aberta. d) As tábuas biométricas adotadas possuem probabilidades que são limitadas superiormente ou inferiormente pela legislação. 18) Quanto às premissas atuariais, julgue o item incorreto: a) A definição das premissas atuariais afeta diretamente o resultado atuarial e a projeção atuarial. b) Em um plano onde há uma taxa maior de crescimento salarial, as provisões matemáticas terão valores maiores. c) As premissas atuariais da avaliação atuarial corrente devem obrigatoriamente seguir as da avaliação atuarial anterior. d) Se o gestor do fundo previdenciário não conseguir rentabilidade igual ou superior à meta atuarial, o déficit atuarial se revelará subestimado. 19) Quanto ao gerenciamento de ativos e passivos (ALM), julgue o item incorreto: a) O ALM é uma ferramenta utilizada para auxiliar a gestão do ativo (fundo previdenciário) em função do comportamento do passivo (receitas e despesas futuras). b) Um estudo de ALM é mais complexo que uma avaliação atuarial, e tem por objetivo não só mensurar, como minimizar a probabilidade de haver déficit atuarial. c) O estudo de ALM pode prever quais classes de ativos possuem alto risco de crédito de tal forma que haverá certeza de inadimplência com o regime próprio. d) A programação estocástica determina a carteira ótima para cada intervalo de tempo estipulado, indicando quais operações de compra e venda devem ser feitas no futuro. 20) Quanto à administração do cadastro que serve de base para o cálculo atuarial, julgue o item incorreto: 236 a) O atuário pode utilizar o banco de dados da avaliação atuarial anterior para a avaliação atuarial corrente. b) A disponibilização dos cadastros individuais é condição necessária para o cálculo atuarial e não caracteriza violação de informação sigilosa, desde que o atuário só divulgue resultados agregados, não individuais. c) O cadastro deve conter todos os servidores do regime próprio, incluindo os dos poderes executivo, legislativo e judiciário para o regime próprio dos civis ou os militares para o caso do regime próprio dos mesmos. d) Não há como elaborar uma avaliação atuarial somente através dos demonstrativos contábeis, sendo necessário também um banco de dados com informações cadastrais dos servidores e dependentes. 237 GABARITO SIMULADO FINAL INVESTIMENTOS 1.D 9.C 17.C 25.D 33.A 41.D 49.D 57.A 65.A 73.D 2.B 10.D 18.B 26.C 34.B 42.D 50.D 58.B 66.D 74.A 3.D 11.A 19.B 27.A 35.C 43.A 51.B 59.C 67.A 75.D 4.D 12.B 20.A 28.B 36.B 44.C 52.C 60.A 68.D 76.B 5.A 13.A 21.C 29.D 37.B 45.B 53.A 61.D 69.B 77.A 6.A 14.C 22.D 30.D 38.D 46.A 54.C 62.A 70.A 78.C 7.D 15.B 23.A 31.A 39.C 47.A 5.C 63.D 71.D 79.B 8.B 16.C 24.C 32.D 40.C 48.D 56.A 64.C 72.B 80.D GESTÃO DO PASSIVO PREVIDENCIÁRIO 1.C 11.B 2.D 12.D 3.B 13.B 4.D 14.B 5.A 15.C 6.B 16.D 7.A 17.B 8.B 18.C 9.A 19.C 10.A 20.A 238