Karl-Otto Apel Karl-Otto Apel – Professor de Filosofia Reflexões no mundo da ética. Ética de Responsabilidade Princípios éticos gerais Princípios éticos ideais Fundamentação última da ética Situações que tomam uma posição contra os princípios éticos gerais poderiam ser justificadas? “Em que medida condições históricas, que se distanciam largamente da realização de uma situação ética geral, podem justificar uma posição contra a afirmação de princípios éticos ideais.” Intersubjetividade “Sendo o homem um ser social, mesmo empiricamente, a possibilidade e a validade da formação de seus juízos e atos de vontade não podem prescindir da exigência da pressuposição lógico-transcendental de uma comunidade de comunicação, enquanto realização constitutiva da consciência individual.” Pragmática Transcendental - confere ao processo sígnico de Pierce sentido transcendental. “A relação semiótica (objeto-signo-sujeito) é ampliada com as correspondentes dimensões sintática, semântica e pragmática em torno do co-sujeito, que se comunica com o primeiro sujeito por meio de signos e, com ele, constitui a comunidade comunicacional.” Fundamentação filosófica última da ética: Posição original com respeito à fundamentação última dos princípios. Proposições que não podem ser postas em questão criticamente sem entrar em contradição consigo mesmas, nem podem ser postas sem a pressuposição de que sejam passíveis de ser dedutivamente fundamentadas. Teoria da fundamentação última repercute na ética, pois que, ao último consenso seguem-se deveres éticos. Não recorre ao princípio do Falibilismo Idealismo: A História Humana é constituída pela relação tensional entre a comunidade de comunicação real e ideal. “esforça-se sempre para contribuir para a realização a longo prazo daquelas relações que se aproximam da realização de uma comunidade ideal de comunicação, e cuidar sempre para que as condições existentes da possível realização de uma comunidade ideal de comunicação sejam conservadas.” Diferença entre discurso científico (método lógico-dedutivo) e filosófico (método reflexivo). Discurso filosófico possibilita a discussão do fundamento da fundamentação ou seja, a razão crítica com um padrão crítico – a fundamentação última (Discurso crítico). Apel indica que o discurso só pode ser crítico se for filosófico. Qualquer argumentação (não só a científica) pode-se submeter a este deveres éticos (Argumentação moral). O discurso argumentativo (pragmática formal e transcendental) é uma forma de Reflexão da comunicação de convivência social. Para Habermas existe um universalismo dos pleitos de validade vinculados ao discurso humano. “ Em toda discussão, afirma-se algo, isto é, toma-se uma posição, para si e para o outro, com pretensão de verdade, e quem não age assim é incapaz de falar racionalmente, seja com outro, seja consigo mesmo.” Apel – pragmática transcendental influenciado pela hermenêutica e pragmatismo. Habermas – naturalismo fraco influenciado pelo evolucionismo moral e pela dialética. O interesse comum entre Apel e Habermas está na filosofia. O ponto central de divergência está na diferença de estratégias de conceituação e de argumentação. Apel considera que no discurso filosófico (reflexão crítica) apela para pressupostos universais de entendimento, este discurso transcende, em princípio, os recursos de segundo plano, que são relativizáveis em face das formas de vida histórico contingentes. Para Apel o problema da teoria de Habermas decorre do emprego da racionalidade comunicativa e sua conexão com o mundo da vida e a neutralidade do princípio do discurso. Há uma perda de criticidade identificando o pensamento de Habermas com dogmatismo pré-crítico. Habermas rejeita como sendo impossível e desnecessária a exigência de uma fundamentação última, válida à priori. Ele iguala as Ciências sociais empírico-construtivas com as declarações universais. Apela para uma Ciência Reconstrutiva . Apel indica e baseia sua teoria na fundamentação última. Em cada ato de fala se explicita a estrutura de direito igual e solidariedade de uma situação ideal de fala e de uma comunidade ideal de comunicação. Para Habermas a própria figura de argumentação esboçada continha a sua suficiente fundamentação, Apel rejeita este princípio. A comunicação do mundo da vida contém os potenciais de razão que determinam as metas de longo prazo dos processos de aprendizagem e a racionalização destes por isso, para Habermas sua teoria não carece de fundamentação. Apel indica, por sua vez, que os recursos de segundo plano de entendimento do mundo da vida são questionáveis e tendenciosos, portanto, não pode ter potencial de razão nestes. Para Apel a teoria de Habermas seria a versão fraca da fundamentação transcendental pragmática dos princípios fundamentais da moralidade. A figura da argumentação não é suficiente como fundamentação normativa da teoria crítica. Fundamentação de validade “verticalmente do ápice” a partir do ponto da fundamentação última reflexiva de argumentação. Aquilo que precisa ser fundamentado não entra nem em questão, pois já estão implícitas na Fundamentação última transcendental-pragmática. Diferente da ciências empírico reconstrutivas que comprova hipóteses através de evidências externas à argumentação. O(s) agente(s) racional(is) indica(m) o princípio formal e procedimental para fundamentar as regras da formação de consenso da avaliação das conseqüências das ações. Para Apel, fundamentar o princípio formal e procedimental da ética do discurso (para expor de modo argumentativamente coercitivo) só na eticidade do mundo da vida é pouco, pois não encontram-se verdades só nestes, mas também, nos pleitos de validade morais universais. Em outras palavras precisase de uma fundamentação última transcendental pragmática que recorra não só aos recursos de segundo plano mas às pressuposições da argumentação incapazes de serem racionalmente negadas. Apel coloca que a postura metódica de se abster de valoração justamente no interesse da avaliação que não prejulga e considera todos os critérios relevantes, não será suficiente para tornar possível uma teoria crítica. Para Apel só há teoria crítica quando tem-se uma ciência crítica reconstrutiva que possibilita os pleitos de validade para julgar as boas e más ações- razões. De onde Habermas tiraria os critérios do julgamento racional das razões? Habermas responde que dos três tipos de pleitos de validade do discurso ( pleito de verdade, veracidade, correção), que são três referenciais do mundo do discurso. Habermas considera as pressuposições relativas à formação de consenso do discurso-argumentativo apenas hipóteses empiricamente comprováveis. Mas qual seria então a figura argumentativa mais apropriada para fundamentar a teoria crítica? Apel coloca que a fundamentação última transcendental-pragmática. Apel então coloca que “algum dia Habermas deverá decidir se pretende insistir na inconsistência ou restituir à filosofia a sua genuína função de fundamentação que está vinculada com a defesa de pleitos de validade a priori universais e autoreferencias.” É inadmissível a fundamentação última. Reconstrutivismo naturalista. Uma fundamentação de validade a partir de baixo. Noção de falibilidade: O discurso científico parte de axiomas portanto é falível. Os enunciados são prováveis. Fundamentação transcendental pragmática – autoreflexão do discurso argumentativo. Condições lingüístico-analítico-comprováveis da comunicação do mundo da vida – convencer os outros, um discurso do autoentendimento. Esta é a principal diferença entre as Teorias de Apel e Habermas. Apel acredita ser a única forma de evitar o historicismo. É a única forma de garantir um ponto de vista historicamente independente da razão. Habermas – emprego linguístico francamente estratégico - ação linguística de orientação para o entendimento. Apel – Emprego linguístico veladamente estratégico – ação linguística de orientação para o sucesso.