MERCÚRIO PROPRIEDADES: - Água de prata 3 formas: metálico (Hgo), íon mercuroso (Hg2+), íon mercúrico (Hg2+) Metal liquido que volatiliza a temperatura ambiente Hg metálico é lipossolúvel Compostos mercurosos, mercúricos, organomercuriais, alquilmercúricos arilmercúricos apresentam solubilidade variada e HISTÓRICO - Pré-história: utilizavam o cinábrio (sulfeto de Hg) como tinta vermelha - Antigo Egito utilizavam mercúrio metálico - 1557: Jean Fernel apresentou o Hg - 1557: calamelano: cloreto mercuroso usado como diurético (hoje é proibido usar Hg em qualquer formulação farmacêutica) - 1665: na Iuguslávia existiam minas de mercúrio (foi a primeira substância a ter leis trabalhistas) - Indústrias de chapéu de feltro Responsável por grandes acidentes químicos: * 1953 – 1956: Baia minamata começaram a aparecer crianças com deformidades, abortos, mortes. Descobriu-se que uma indústria estava lançando resíduos de metais no rio, contaminando os peixes que a população ingeria. * 1971 – 1972: Iraque teve 6000 intoxicados e 500 mortos por comerem pão feitos com sementes de trigo que foram tratadas com mercúrio (agrotóxicos) COMPOSTOS MERCURIAIS Sais e óxidos - Derivados inorgânicos * Calomelano Hg2Cl2 * Cloreto mercúrico HgCl2 * Nitrato ácido de Hg Hg(NO3)2 chapelaria * fulminato de Hg Hg(CNO)2 Organomercuriais - Derivados alquilados * dimetil mercúrio Hg(CH3)2 * dietil mercúrio Hg(C2H5)2 * cloreto de etil mercúrio C2 H5 - Hg – Cl * iode de metil mercúrio I-Hg- CH3 - Derivados arilados * hidróxido de fenil mercúrio C6H5-Hg-OH * acetato de fenil mercúrio C6H5-Hg-O-CO- CH3 - Derivados alcoxialquilados * cloreto de metoxietil mercúrio H3CO- C2H4-Hg-Cl MAIOR RISCO A SAÚDE: vapores de Hgo e alquilmercuriais de cadeia curta (aparece muito nos peixes) FONTES DE EXPOSIÇÃO AMBIENTAL - Ciclo do Mercúrio: O metal é encontrado no sedimento (lodo) sob a forma de Hg 2+ em equilíbrio com a forma de Hg2+. Na forma Hg2+ sofre a ação bacteriana sendo convertido em: mercúrio metálico, pouco volátil e que permanece no sedimento; dimetil-mercúrio, que abandonando o sedimento é convertido, sob ação dos raios UV, em metano, etano e mercúrio metálico, o qual retorna ao sedimento; metil-mercúrio, muito tóxico e que se acumula na cadeia alimentar. Esta transformaçãodo íon mercúrio em metilmercúrio se faz por intermédio de processos metabólicos que colocam obrigatoriamente em jogo a vitamina B12. As bactérias metanogênicas permitem a transferência do grupamento metil da vitamina ao mercúrio. A concentração de metil-mercúrio no sedimento é função da natureza da matéria orgânica e do pH. Sua liberação a partir do sedimento depende bastante do conteúdo de enxofre. Em presença de elevado teor de enxofre, a tendência do metilmercúrio é ficar retido no sedimento e, em caso contrário, será liberado à água na forma de cátion metil-mercúrio que será assimilado diretamente pela fauna marinha. Ainda, sob a influencia de bactérias redutoras, é convertido em mercúrio metálico e metano. No homem o mercúrio orgânico absorvido, ligado a grupamentos sulfidrilas de proteína de peixes, sofre ação do suco gástrico, liberando metil-mercúrio sob a forma de cloreto que se deposita em tecidos ricos em lipídeos, como o cérebro. CH4 Hgo C2H6 (CH3)2Hg Ar HCl Fauna marinha Água CH3Hg+ Bactérias redutoras CH3Hg+ Metanobactérias e vitamina B12 Hgo Bactérias Bactérias (CH3)2Hg Bactérias Hg++ Sedimento CH3Hg-S-Enzima No homem: CH3HgCl Luz UV Hg2++ - Alimentos contaminados (bioacumulação e biomagnificação) * Bioacumulação é o processo no qual os organismos (inclusive humanos) acumulam contaminantes mais rapidamente do que podem eliminar. Como muitos contaminantes ambientais, o mercúrio sofre bioacumulação. Se por um determinado período um organismo não ingerir mercúrio, a taxa do metal em seu organismo declinará. Entretanto, se o organismo ingerir mercúrio continuamente, sua taxa de mercúrio pode atingir níveis tóxicos * Biomagnificação é o aumento na concentração de um contaminante a cada nível da cadeia alimentar. Esse fenômeno ocorre porque a fonte de alimento para organismos de um nível superior na cadeia alimentar é progressivamente mais concentrada, aumentando assim a bioacumulação no topo da cadeia alimentar. OCUPACIONAL * Produção do cloro e soda cáustica (eletrólise) * Equipamentos elétricos e eletrônicos (baterias, interruptores, etc) * Aparelhos científicos de precisão * Indústrias elétricas * Preparação de amalgama * Mineração * Fungicidas - sementes * Industria bélica – detonante (fulminato de Hg Hg(CNO)2 * Indústria de papel – fenilmercúrio * Garimpos clandestinos VIAS DE INTRODUÇÃO - Oral - Respiratória - Cutânea TOXICOCINÉTICA - Depende do tipo do metal - Os processos de transporte são influenciados pelo estado de oxidação ABSORÇÃO - TGI: * metálico 0,01% (é insignificante) * inorgânico 2 a 15% (absorção no estômago depende da solubilidade) * orgânico 90 a 100% (ex.: metilmercúrio) - PULMÃO * metálico ou compostos mercuriais: 80% dos vapores é absorvido a nível alveolar * inorgânico: depende do diâmetro das partículas depositadas (< 1 m é absorvido) -CUTÂNEA Mais relacionada à intoxicação ocupacional. Hg metálico é moderadamente absorvido e na forma de sais não foi notificado. DISTRIBUIÇÃO - É amplamente distribuído - Hg metálico se concentra mais nas hemácias, devido a lipossolubilidade, onde é oxidado a mercúrio inorgânico - Mercúrio iônico se concentra mais no plasma que nas hemácias - Metilmercúrio tem distribuição lenta (+/- 5 dias) e é encontrado em altas concentrações no cérebro, onde passa para forma iônica e fica mais difícil de sair. Tem facilidade de transpor barreiras. Além de se encontrar nas hemácias e em proteínas plasmáticas Mercúrio se acumula importante para análise toxicológica (necropsia) Placenta não é barreira. Se mãe não abortar feto vai nascer com deformidades físicas e problemas neurológicos (pq Hg se acumula no SNC). A concentração no feto é no mínimo igual a da mãe. Principais locais de acúmulo: - Metálico rins e cérebro - Inorgânicos rins - Organomercuriais cérebro BIOTRANSFORMAÇÃO - oxidação do Hg metálico Hg divalente - redução Hg divalent metálico - metilação do Hg inorgânico - desmetilação - A oxidação dos vapores Hg metálico não ocorre rapidamente a ponto de evitar a passagem para o cérebro ou da barreira placentária e outros tecidos. - Hg metálico é oxidado a divalente, mas não todo ele. Se tudo fosse transformado a toxicidade seria menor pq não teria tanto acesso ao SNC. - Para metais a biotransformação é diferente da excreção as vezes são biotransformados e se acumulam nessa forma EXCREÇÃO - Urinaria, fecal e por glândulas sudoríparas e salivares. - Dura cerca de 6 dias, mas ficam traços por meses ou anos. - Pequena quantidade do Hg0 é excretado inalterado na urina - Hg se liga a radicais sulfidrilas SH (tem mais afinidade por este radical, mas pode se ligar a outros) de proteínas, causando alterações dos processos metabólicos e dificultando a filtração renal TOXICODINÂMICA - Possui grande afinidade pelos grupos sulfidrila, fosfato, carboxila, amino e selenohidrol. - Quando se liga a MAO causa aumento da serotonina causando alterações psíquicas e diminuição do ácido 5 hidroxindolacético. - Se liga a succinodesidrogenase e a desidrogenase isocítrica, atuando no Ciclo de Krebs, causando um aumento de ácido pirúvico com alterações do ritmo cardíaco. - Quando interfere na fosforilação oxidativa inibe síntese do ATP a nível hepático, renal e nervoso. - Ação neurotóxica mercúrio divalente penetra nas membranas celulares através de canais de sódio e cálcio causando despolarização irreversível - Ação nefrotóxica lesão glomerular causada por reação auto-imune induzida pelo mercúrio. Danos nos túbulos renais, perdendo enzimas renais. SINAIS E SINTOMAS Compostos inorgânicos e Hg0 - Intoxicação aguda * Ingestão: queimaduras (boca e garganta), náuseas, vômitos, dores abdominais, diarréias sanguinolentas, arritmias cardíacas, oligúria, hematúria, albuminúria e choque. * Inalação: bronquite, pneumonia, salivação, sabor metálico, contração abdominal, dispnéia, tosse. Morte 24h (s/tratamento). Choque / insuficiência respiratória. - Intoxicação a longo prazo * SNC: dor de cabeça, vertigem, irritabilidade, insônia, tremores, mudança de caráter e personalidade, perda de memória, apatia completa, alucinação. * Gastrointestinais: salivação, estomatite, náuseas,vômitos, diarréias. * Renal: proteinúria, hematúria, anúria. * Respiratório: renite, tosse. * Olhos: 10 Sinal clínico do Hidrargismo / ataque ao cristalino Compostos orgânicos - Intoxicação a longo prazo * METILMERCÚRIO: parestesia dedos / entorno da boca, ataxia do cerebelo e disartria, cegueira, diminuição da acuidade auditiva, irritabilidade emocional: euforia, depressão. ANÁLISE TOXICOLÓGICA - É pesquisado o Hg por espectrofotometria de absorção atômica (metodologia) EXAMES BIOQUÍMICOS - Sangue: taxa de uréia, taxa de ác. Pirúvico, atividade colinesterase no soro e nos glóbulos e atividade fosfatase alcalina - Urina: hematúria, proteinúria, de porfirinas EXAMES HEMATOLÓGICOS anemia e linfocitose