A Memória e o Turismo

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Memória e Turismo
Cristiano Silva Leão1
“Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância...
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a
outra metade não sei.”
Oswaldo Montenegro
Resumo: A memória é parte de todo e qualquer grupo social, a
idéia de preservar o passado na busca de entender o presente é
uma constante em todo o mundo, como se dá a formação da
memória a nível individual e coletivo e como essa memória pode
ser tratada como um produto turístico a ser comercializado, o
turismo apresentado como uma ferramenta de gestão desse
patrimônio cultural, a memória.
Palavras-chaves: Memória, turismo, patrimônio cultural
Introdução
Machado de Assis em Dom Casmurro nos mostra como o homem busca
relações com o passado; em um dado momento da vida de um personagem, ele
tenta reviver a adolescência construindo uma casa semelhante àquela em que
morava, numa tentativa de reencontrar na materialidade das formas e em si
mesmo, o tempo e o espaço que só existiam em sua memória.
Exclusivo dos humanos o fato de rememorar era atribuído pelos gregos
antigos à Mnemosyne, mãe das musas, filha do céu e da terra e irmã do tempo.
Só ela tinha o poder de quebrar as barreiras entre o passado e o presente e
conduzir o homem ao conhecimento de sua origem ancestral; assim o homem
garantiria sua perenidade, não sendo esquecido após a sua morte. Sua própria
sobrevivência no futuro necessitava de um referencial no passado, garantindo a
perpetuidade.
Manter os vínculos com o passado tem se tornado cada vez mais
importante para os homens, em tempos de grandes mudanças e incertezas. Hoje
quando as pessoas vivem sob constante pressão seja social ou até mesmo
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Cristiano Silva Leão é mestre em gestão do patrimônio cultural pela UCG/IGPA, especialista em gestão em
turismo pela FUNDAC/Faculdade Cambury, especialista em engenharia de segurança do trabalho pela UFG
e graduado em engenharia civil pela UCG. Atua como professor do curso de turismo da Faculdade Alfa, do
Centro Universitário Unigoiás – Anhanguera e da Faculdade Lions de Goiânia.
Cristiano Leão
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individual, gerada pela constante necessidade de obtenção do sucesso, o homem
tende a ver o passado como sendo o tempo “melhor”, onde a vida não era tão
corrida e as pressões eram menores. Assim a preservação da memória ganha
status de direito de cidadania, incluindo representações culturais de determinado
grupo social ou étnico.
Numa sociedade global, onde as comunicações viajam à velocidade da luz,
o homem precisa se referenciar; a chamada globalização leva a uma busca da
identidade, não só individual como coletiva. Pertencer a um grupo é condição
“sine qua non” para que o homem se situe e, portanto, possa interagir com o
mundo. “Na construção da identidade, podemos recorrer à psicologia social onde
se definem três elementos principais na formação da identidade do homem”
(Pollak, 1992:56). Há a unidade física, ou seja, o sentimento de ter fronteiras
físicas, no corpo da pessoa, ou fronteiras de pertencimento ao grupo, no caso de
um coletivo; há a continuidade, não só no sentido físico, dentro do tempo, como
no sentido moral e psicológico; finalmente, há o sentimento de coerência, ou seja,
de que os diferentes elementos que formam o indivíduo sejam efetivamente
unificados. Podemos assim dizer que a memória é um elemento constituinte do
sentimento tanto individual como coletivo, na medida em que ela é também um
fator extremamente importante no sentimento de continuidade e de coerência de
uma pessoa ou grupo.
A idéia desse artigo é levantar a importância da memória e de como esse
elemento pode ser usado como um atrativo turístico, não só por conta de sua
própria singularidade, mas pela necessidade que grupos têm em afirmar sua
identidade e suas tradições, mostrando-as aos forasteiros, aos turistas.
O Homem e as Lembranças
Oswaldo Montenegro é muito feliz na afirmação de que a metade de nós é
formada pela lembrança daquilo que fomos um dia, somos um amontoado de
lembranças, a essas lembranças quando organizadas, arrumadas, higienizadas e
selecionadas chamamos de memória. Somos, todos nós, resultado principalmente
de dois aspectos marcantes, daquilo que fomos e da forma que fomos criados.
Cristiano Leão
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Ainda que o ser humano adote outros padrões culturais, outra linguagem e
outras crenças, a cultura a que foi exposto quando jovem o persegue, usos e
costumes arraigados em sua memória sempre aparecem e lembram a ele sua
origem.
É muito difícil se livrar de conceitos e padrões aprendidos quando criança,
esse é um aspecto fundamental no entendimento da importância da memória na
formação da identidade do homem. “Irmãos, ainda que parecidos geneticamente,
se separados no nascimento e criados em duas culturas diferentes, se tornariam
adultos perfeitamente adaptados aos locais onde foram criados” (Laraia,
2000:17), com personalidades, usos e costumes diferentes; esses irmãos
poderiam ser reunidos depois de adultos e mesmo que fisicamente parecidos,
seriam pessoas diferentes, pois teriam memórias completamente diferentes.
A memória ganha contornos extraordinários quando é levada em
consideração sua importância na vida de qualquer pessoa, há pessoas que
chegam a extrapolar o tempo na consideração de sua memória, são muito
comuns teorias sobre a influência de vidas passadas no comportamento das
pessoas, estórias como as de pessoas que têm medo de água, pois, teriam
morrido afogadas em vidas passadas são lugar comum, isso poderia ser
considerado como uma exacerbação da memória, pois estaríamos tratando de
memórias transferidas entre a mesma “pessoa” em tempos distintos.
Um certo positivismo não me permite compreender a transferência
extemporânea da memória no sentido de acreditar em reencarnação ou coisa que
o valha, antes prefiro acreditar na magia que envolve os homens desde “priscas
eras”, acreditar que o homem valoriza a tal ponto o seu passado que tenta
compreender coisas que fogem ao seu entendimento, buscando explicações
mágicas.
A pessoa que tem medo de nadar não é somente uma pessoa cuidadosa
com pouca habilidade aquática, mais teria perdido uma de suas vidas anteriores
num acontecimento trágico, um afogamento, essa capacidade de explicar o que
não é entendido pelo ferramental disponível no momento não é de forma
nenhuma novidade entre nós, processos hoje entendidos e explicados já foram
atos de deuses vingativos ou espíritos incomodados. Vale a descrição de uma
história que busco em minha própria memória.
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Durante a construção da Ponte do Brooklin, na cidade de Nova Yorque,
EUA, terminada em 1883, enquanto a fundação da ponte era escavada no leito do
East River, vários operários eram acometidos por misteriosa doença, após alguns
dias de trabalho a maioria dos trabalhadores que estavam sob a superfície do rio
trabalhando eram acometidos de alucinações e chegavam a enlouquecer, quase
sempre os sintomas eram seguidos da morte do trabalhador, muito se especulou
sobre a origem do mal, correndo a explicação que ficou conhecida na época como
sendo uma “maldição” que se abatia sobre os operários que estavam em terreno
dominado por espíritos que não estavam gostando de serem incomodados.
Na época da construção essa explicação pareceu lógica e foi capaz de
resistir até a época atual, sendo contada na forma de curiosidade, ilustrando o
universo dos engenheiros e o que esses “bravos” profissionais já enfrentaram
para levar o desenvolvimento às cidades, percebe-se assim a manipulação da
memória no sentido de reforçar uma idéia, a idealização da profissão de
engenheiro como profissional destemido. Tendo sido a ponte inaugurada em
1883, a “maldição” da ponte foi a responsável pela morte de centenas de
operários, hoje é sabido que os trabalhadores de escavações submersas, são
obrigados a trabalhar em ambiente pressurizado, com pressões que podem
chegar a 5 atms, ou o equivalente a uma pressão cinco vezes maior que a
pressão normal na superfície da terra, portanto esses operários precisam de
maior quantidade de oxigênio, sendo que na falta deste e o fato de estarem sob
tão alta pressão, provocam exatamente os sintomas da “maldição”. Assim o que é
mágico hoje pode fazer parte da vida de nossos filhos e netos e eles entrarão em
contato com nossas memórias e irão rir de nossa ignorância, num círculo virtuoso
do progresso da ciência e do conhecimento do homem a respeito dele mesmo.
Devemos nos aperceber do fascínio exercido pelo passado, essa
fixação dos homens com suas lembranças, reais, transferidas ou não, e ainda da
tentativa de extrapolar o tempo com sua memória, lembrar de nossa própria vida
não é o suficiente, buscamos nos lembrar de vidas passadas, supostamente
vividas por nós mesmos, reforçando assim que a identidade do homem tem na
memória importante componente, ainda que essa memória seja de vidas
passadas, numa transferência inegável de lembranças de épocas distintas.
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Não é objetivo deste trabalho discutir a importância da memória na
formação da identidade, uma vez que tal tema não é polêmico no sentido de que
os homens quando buscam sua identidade normalmente recorrem ao passado na
busca de entender as situações vividas e suas reações e como se construiu o que
ele chama de personalidade, esse é o caminho proposto na maioria das terapias
psicológicas, onde com a ajuda de um profissional treinado em analisar situações
vividas, ou seja, treinado em analisar lembranças, ele entra em contato com fatos
ocorridos no passado. Durante a terapia o homem entende que ele age de
determinada forma por que assim ele aprendeu, ainda que esse aprendizado não
tenha sido consciente, assim a memória, ou as lembranças estruturadas e
organizadas, é uma dos principais formadores do comportamento do homem e
por conseguinte de sua identidade.
Nessa busca por saber quem é na verdade, o encontro com o passado é
condição sine qua non, e esse encontro nem sempre se dá sem dor, até porque
essa busca compreende mexer em coisas que deveriam ficar esquecidas, a
memória seletiva se mostra com toda a sua força, no sentido de nos mostrar o
que deve e que não deve ser lembrado, memórias envergonhadas são
resgatadas e temos que encarar a nós mesmos em situações que estávamos
certos que tinham ficado no passado, essa coisa distante e estranha.
A situação descrita acima, lugar comum na maioria das terapias
psicanalíticas, nos ilustra como o passado é determinante, como, as lembranças
e a memória, são importantes na formação de conceitos e formas de ação, ainda
do ponto de vista da individualidade o passado deve ser entendido, lembrado e
preservado, sob o risco de perdermos as referências, os paradigmas que nos
permitem viver em paz conosco, ou ainda, a consciência de quem somos nós.
“O Passado é um País Estranho”
O americano David Lowenthal (1998), foi extremamente feliz no título de
seu trabalho, essa frase expressa a complexidade do passado, o passado é
estranho por natureza, desde a estranheza aparente de roupas ou acessórios que
nós mesmos utilizávamos e depois nos perguntamos o que nos levava a agir de
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maneira tão ridícula, até mesmo as atitudes que tomamos e que nos
arrependemos minutos depois.
O fato de Lowenthal tratar o passado como país entranho encerra um
simbolismo que surpreende, afinal para se conhecer um país estranho devemos ir
até ele, devemos fazer uma visita a esse país, quanto ao nosso passado cabe
análise semelhante, para conhece-lo devemos ir até o passado, e mesmo que
estejamos dispostos a fazer essa viagem nada garante que chegaremos
realmente a conhecer esse país estranho, podemos nos perder a visitar os pontos
abertos à visitação em nosso passado, pontos selecionados por nossa guia nessa
viagem ao passado, a memória.
Sem dúvida conheceremos uma parte do passado se nos guiarmos pelos
pontos selecionados pela memória, mas com toda a certeza deixaremos de
conhecer o passado em toda a sua complexidade, pois em sua seleção, a
memória nos mostrará lugares e sensações agradáveis, ou se nos mostrar
lugares desagradáveis ele terá uma importância destacada no que a memória
quer nos fazer acreditar que é o passado.
Assim devemos deixar que a memória, com sua seletividade, nos guie até
um determinado ponto, a partir daí é preciso ir atrás daquilo que a memória não
nos mostra, daquilo que ela se envergonha, ou daquilo que encerra situações
constrangedoras. Vários autores destacam, através de experiências e pesquisas,
a seletividade da memória, “a memória de um indivíduo é seletiva, no sentido que
nem tudo é registrado” (Pollak, 1989:12), mais que isso, existem ainda fenômenos
chamados de transferência de memória, quando acontecimentos marcantes para
as pessoas podem interferir na memória destas pessoas, fazendo com que elas
transfiram sua memória a um outro tempo, em função deste acontecimento em
particular, ou ainda a projeção da memória quando situações vividas por outras
pessoas são adotadas, determinadas lembranças que na verdade não se
sustentariam numa investigação mais profunda, porém lembranças transferidas
ou projetadas passam a fazer parte da memória das pessoas e portanto ajudam
na formação de sua identidade.
Como pode ser percebido o processo de formação da memória é muito
mais complexo que se pode imaginar, por isso visitar esse estranho país, o
passado, pode ser mais complicado que parece a primeira vista, no intuito de
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percorrer o passado o homem deve saber falar a língua da memória, entender os
processos de formação das lembranças, saber escutar o que a memória diz e
também escutar aquilo que a memória não diz, analisar o silêncio é tão importante
quanto analisar os discursos, as lembranças que se ocultam, quase sempre,
detém a chave do entendimento da memória de uma pessoa.
As Artimanhas da Memória
Todas as considerações até agora traçadas, vêm de encontro a uma
análise da memória individual, o processo de formação da memória dos
indivíduos, ressaltando principalmente seu caráter seletivo, a memória se mostra
como elemento fundamental na vida dos homens, apesar da complexidade desse
processo, podemos entender o processo de formação da memória:
“Fazemos apelo aos testemunhos para fortalecer ou debilitar, mas
também para completar, o que sabemos de um evento do qual já
estamos informados de alguma forma, embora muitas circunstâncias nos
permaneçam obscuras. Ora, a primeira testemunha, à qual podemos
sempre apelar, é a nós próprios.” (Halbwachs, 1990:5)
Assim podemos facilmente perceber que na formação das memórias
estabelecemos um diálogo conosco mesmos no sentido de recordar e encaminhar
o processo, demonstrando que a memória é construída ao longo do tempo por
nós mesmos. A construção de nossa memória se serve de ferramental que vem
sendo estudado ao longo do tempo por vários autores, destacando-se o próprio
Halbwachs, que destaca o caráter coletivo da memória, ou a forma como a
memória do grupo que o homem está inserido interage com sua memória pessoal
e vice-versa, num jogo de lembranças a serem guardadas ou esquecidas, de
acordo com “o conjunto de nossas percepções atuais” (Halbwachs, 1990:12).
Nossa memória está em constante formação, uma vez que a cada dia são
acrescentados em nossa memória, mais um conjunto de acontecimentos, tais
eventos serão lembrados ou esquecidos, ou lembrados por algum tempo e logo
depois esquecidos, ficando muito claro que existe uma “lei de formação” da
memória de cada indivíduo, o maior problema é justamente que essa lei é
mutável, não é possível estabelecermos como se dá à formação da memória com
exatidão, mas os estudos acerca do assunto nos mostram que é possível
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entender como se formou a memória de uma pessoa, ou até mesmo de
determinado grupo, mas esse entendimento será sempre posterior à formação
dessa memória.
Não nos é possível, por exemplo, determinar como o acidente com o césio
1372 será lembrado especificamente por mim daqui a alguns anos, mas é
perfeitamente possível determinar que tal acontecimento deve ser gravado por
mim, pois foram momentos difíceis para a cidade de Goiânia, e mesmo que eu
tenha tomado conhecimento do acidente junto com outra pessoa participante do
meu grupo social, com valores semelhantes aos meus, mesmo que essa outra
pessoa e eu, sempre tivéssemos acesso às mesmas informações acerca do fato,
ao mesmo tempo, ainda assim no futuro podemos comparar nossas memórias
sobre esse fato e com certeza haverá diferenças, em maior ou menor grau, sobre
a memória do fato e seus desdobramentos, sendo isso perfeitamente explicável
pois, nós teríamos processos de formação dessa memória completamente
distintos.
Hoje não será possível estabelecer a maneira pela qual esse processo se
dará, mas se estudado daqui a alguns anos será perfeitamente possível entendelo em toda a sua extensão, porém é possível especular sobre esse processo, pois
os mecanismos que provavelmente serão usados estão descritos, mas a forma
como cada pessoa constrói sua memória em particular, como sua percepção atual
afeta a construção dessa memória, talvez seja essa a maior dificuldade, pois não
é fácil conhecer a percepção das pessoas, são inúmeras variáveis que se juntam
numa equação, que dificilmente pode ser resolvida.
Apesar da dificuldade em estabelecer com exatidão o processo de
formação da memória, podemos tratar aqui de processos anteriores, de situações
já estudadas e como essas memórias foram forjadas ao longo do tempo,
podemos assim tentar entender melhor esse processo de formação da memória.
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Acidente ocorrido em Goiânia, no ano de 1987 onde a cápsula de material radioativo (césio 137) de um
aparelho de raios x foi abandonada num hospital desativado, essa cápsula foi roubada e aberta num ferro
velho, quando o material radioativo vazou e provocou a contaminação de diversas pessoas inclusive mortes.
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A Memória Coletiva
O homem sempre se preocupou em lembrar, ou talvez, muito mais em ser
lembrado. Tecem-se mecanismos pelos quais organizamos nossas lembranças, o
ser humano cultiva determinadas lembranças, ás vezes são tão bem cultivadas
que chegam a frutificar, o grupo social também não é diferente, os grupos sociais
tendem a estabelecer conjunto de lembranças, construídas conscientemente ou
não, no sentido de estabelecer a memória oficial:
“A priori a memória parece ser um fenômeno individual, algo
relativamente íntimo, próprio da pessoa. Mas Maurice Halbwachs, nos
anos 20-30, já havia sublinhado que a memória deve ser entendida
também, ou sobretudo, como um fenômeno coletivo e social, ou seja,
como um fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações,
transformações, mudanças constantes” (Pollak, 1992:62)
É lícita a afirmação de que a memória é importante formadora na chamada
identidade nacional, a memória organizadíssima acaba por formar o que Pollak
chama de memória nacional, formada a partir de um processo de negociação,
onde se busca conciliar as memórias individuais e as memórias coletivas
reconstruindo-as sobre uma base comum.
Ainda que esse processo seja dinâmico e constante, não se pode negar a
existência
dele
em
nenhum
momento,
se
pegarmos
por
exemplo
o
desaparecimento dos pelourinhos nas cidades coloniais, vislumbra-se aí um fato
de seletividade extrema das memórias individuais na formação da memória
nacional, apesar da existência do pelourinho não ser contestada, a maioria deles
foram destruídos na esperança que esse costume de punir os escravos com
chibatadas fosse esquecido. A verdade é que além do conhecimento acerca do
costume de chicotear os escravos ter permanecido, fica também evidente a
tentativa de higienizar o passado, nos livrando daquilo que nos envergonha como
grupo social “respeitador dos direitos do homem”.
Essa tentativa de esconder facetas de nosso passado na formação da
memória nacional é de tal forma arraigada que se torna parte da história, as
formas que grupos que detêm o poder manipulam as memórias, acabam sempre
se manifestando, uma vez que quando o homem cria a cadeia de comando, são
criadas também as oposições, sempre que há alguém no poder, há pessoas que
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são silenciadas, às vezes em regimes de força, são silenciadas pela repressão
pura e simples, mas as memórias destes grupos, minoritários na maioria das
vezes, sempre acaba retornando à superfície e então num novo processo de
construção da memória coletiva é iniciado, agregando novas lembranças.
Qualquer grupo social, portanto têm suas memórias preservadas, em larga
medida essa preservação é resultado de uma construção, onde os operários são
dirigidos por ordens que partem do poder estabelecido no momento da
construção, ainda que, os operários teimem em sempre construir um porão, ou
sótão que ficará desconhecido até que um novo tipo de poder se estabeleça e
então as construções são “reformadas”, ganhando um novo estilo arquitetônico,
se tornando então a construção oficial, pelo menos até um novo poder se
estabelecer e aí então essa construção será reformada...
A memória coletiva tem uma forma de se estabelecer muito parecida com a
memória individual, ressaltando, que o processo passará pela negociação, já
citada, entre memórias individuais e de grupos menores dentro do grupo social
em questão. Na verdade pode se entender que a memória coletiva seria formada
a partir de memórias individuais, portanto as assertivas sobre a memória
individual não perderiam o valor numa análise da formação da memória coletiva, é
claro, ressaltadas as formas como o grupo se une, “o sentimento de
pertencimento” (Pollak, 1992:14) será elemento fundamental na formação da
memória do grupo, as memórias coletivas serão construídas a partir de pontos
das memórias individuais que reforcem esse sentimento de pertencer ao grupo,
ou como já dito, em bases que podem ser identificadas como comuns na memória
individual dos participantes desse grupo social.
A Memória Tangível
O homem na sua ligação com o passado tende a estabelecer formas
tangíveis de se lembrar, ou seja, o homem passa a atribuir a objetos e edificações
funções de memória:
“Manter os vínculos entre o passado e o presente e, desta forma,
garantir a continuidade da cultura e da identidade dos grupos era, nas
sociedades simples, função dos mais velhos. A circulação da memória
se retraiu na mesma medida do crescimento da complexidade social,
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que também a fragmentou em tantos segmentos quanto são os
presentes na sociedade. Dessa forma, a memória, que antes circulava
por meio da palavra e de gestos, passou a ser encontrada apenas nas
coisas. Aos objetos foi atribuída a função de remeter os homens ao
passado e de ensina-los sobre o que eles já não sabiam pela tradição
oral.” (grifo meu)
(Rodrigues, 1998:2)
É óbvio que Rodrigues é infeliz quando nos fala que a memória passa a ser
encontrada apenas nas coisas, pois fica claro que os depoimentos e testemunhos
são tão, ou mais importantes que as coisas no processo de formação da
memória, no entanto isso não invalida a percepção da autora quanto à
importância crescente das coisas como forma de recordar. É muito fácil perceber
que na busca pelo passado a preservação de objetos que venham desse passado
é imprescindível, sejam esses objetos moveis ou imóveis.
O componente do espaço é fundamental na memória coletiva, “Não há
memória coletiva que não se desenvolva num quadro espacial” (Halbwachs,
1990:42), assim a importância do lugar na memória das pessoas é claramente
determinada, não se pode dissociar os acontecimentos dos lugares, quando nos
lembrarmos do acidente do césio 137, nos lembraremos que ele ocorreu na
cidade de Goiânia, assim o espaço é elemento constituinte importante da
memória de um grupo.
A forma como o homem se relaciona com o espaço também adquire
importância na medida que esse espaço é pensado como parte de seu passado,
Pietrafeza de Godoi,(1998:5), vai nos remeter a história de uma comunidade
camponesa que a história se confunde com o local, sua relação com o local é tão
importante quanto suas experiências pessoais, aliás não é possível uma
separação entre as lembranças pessoais dos componentes e a memória coletiva,
tamanho é o sentimento de pertencimento desse grupo, é a grande base comum
desse sentimento de pertencimento passa pelo local onde eles vivem, e a forma
como esse local foi “retalhado” estabelecendo formas de relacionamento dos
habitantes com o espaço que ocupam, assim essas pessoas estabelecem uma
ligação profunda entre a memória e o espaço. O espaço é tão importante para
essas pessoas que fica criado “sistema do lugar”, ou seja, há procedimentos que
são válidas naquele espaço específico, as pessoas que não são nascidas lá,
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devem se adaptar ao sistema do lugar, ou seguir os procedimentos, se adequar
ao sistema do lugar.
As pessoas tendem a se ligar em espaços, lugares, estabelecer uma
relação direta entre lugares e sua memória, frases do tipo “Tenho boas
lembranças deste lugar”, na verdade talvez o lugar em si esteja exatamente como
era antes e, portanto, as lembranças não seriam a respeito do lugar, mas sim de
situações vividas naquele lugar, “utilizamos lugares específicos para ancorar
nossas lembranças” (Pollak, 1992:22), estabelecemos relações entre nossa
memória e lugares por onde já estivemos, além de ancorar nossas lembranças,
esses lugares nos remete ao passado.
Essa característica de alguns lugares específicos para nós, faz com que
sejam criados laços afetivos entre nós e esses lugares, assim, “sempre nos
emocionamos quando entramos na casa onde passamos a infância, é a
nostalgia”. (Lowenthal, 1998:87) Esse sentimento tão fácil de se sentir e tão difícil
de se explicar, que também pode ser em função de uma época ao invés de um
lugar, mas sempre se refere ao passado, a algo que já ficou para trás, e nós por
motivos diversos queremos que volte, em português existe a palavra saudade,
talvez uma forma de nostalgia, de algo que nos é saudoso, de algo que está em
outro “lugar”, um país estranho talvez.
A memória como “Produto”
Até esse ponto procurou-se estabelecer de uma maneira quase simplista
como se dão os processos da memória e como essa faculdade humana tão
interessante funciona, tentando entender melhor como os mecanismos da
memória são acionados e como o homem se relaciona com suas lembranças,
seja individualmente ou coletivamente. Mas tão importante em saber como a
memória funciona, e saber o que fazer com ela, além do óbvio uso da memória
como formadora da identidade, pode-se pensar em funções mais “mundanas”
para a memória.
Todos os grupos sociais, durante a construção de suas memórias coletivas,
colecionam
lugares
e
fatos
que
são
selecionados
para
o
jogo
memória/esquecimento; os fatos, os bens móveis, os bens imóveis e os lugares
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que ficam no lado da memória normalmente podem ter um uso, podem ser
transformados em “produtos”, na concepção capitalista da palavra.
Um produto é um bem ou serviço que possui valor de troca estabelecido,
esse valor de troca é ditado por regras de mercado, essas regras dizem que se
um produto é mais difícil de ser encontrado, seu valor de troca é maior; a memória
construída coletivamente é um produto que demanda investimento e de alta
pericibilidade, portanto um produto que pode ser considerado como produto com
excelente valor de troca, altamente valorizado.
A utilização da memória como “produto” é bastante comum em nossos
dias, a memória, construída nas formas discutidas anteriormente, é um produto de
difícil obtenção, deve ser constituído de matéria prima selecionada, num processo
que demanda tempo e altos investimentos por parte dos maiores interessados, os
processos construtivos da memória devem ser bem administrados, a seleção da
matéria prima é fundamental, afinal uma lembrança fora do lugar pode arruinar
anos de trabalho árduo na construção da memória de um grupo, grupos
minoritários com idéias diferenciadas de memória devem ser cooptados, ou ainda
simplesmente sufocados, e suas lembranças devem ser removidas, apesar de
ainda não se conhecer um processo segundo o qual uma lembrança possa ser
definitivamente apagada, principalmente se ela faz parte de um grupo de
pessoas, sempre aparece alguém que abre um armário que não foi limpo
adequadamente e aí estão lembranças que deviam ter desaparecido.
Esse processo de construção do produto memória, também gera uma
perecibilidade, no sentido que as lembranças devem estar em constante
manutenção, fatos e lugares devem ser trabalhados constantemente, é preciso
manter lugares, monumentos, manter a historiografia oficial, controlar fontes,
pessoas que tenham lembranças diferentes das lembranças oficiais devem ser
constantemente desacreditadas e desmentidas, manter uma memória oficial é
trabalho duro, principalmente com arqueólogos e antropólogos fuçando o tempo
todo no passado.
A memória sendo definida como produto, e esse produto tendo valor de
troca, deve-se vender esse produto, pode-se importar do marketing a noção de
composto de marketing, para vender alguma coisa, devemos pensar no
“composto de marketing” (Sâmara, 1997:27), devemos analisar os 4P´s, “produto,
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preço, promoção e ponto de distribuição”. Assim fica fácil vender a memória, o
produto é a própria memória construída.
No Brasil, essa memória é representada principalmente por edificações e
bens móveis, tangíveis, portanto, o preço é definido pela velha lei de oferta e
demanda, produto escasso é caro, a promoção do produto é dada pelo turismo,
com forte apelo emocional, afinal estamos usando o turismo para fazer com que
as pessoas tenham contato com seu passado, e finalmente o ponto de
distribuição, que no caso do turismo não se distribui o produto, mas se faz os
consumidores irem até ele.
A Memória e o Turismo
Podemos imaginar que a memória é um excelente negócio se aliado ao
turismo, principalmente num país como o Brasil que tende a valorizar mais os
aspectos tangíveis da memória, por motivos que datam do início da política
prevencionista adotada no Brasil3, há uma valorização excessiva das edificações
e bens móveis. No Brasil adora-se preservar monumentos, aliás, há até uma
tendência a se construir obras monumentais, talvez já pensando no futuro distante
onde o passado será lembrado por tais monumentos.
O patrimônio histórico, representado pelos monumentos e cidades
históricas, que no Brasil se são os principais componentes da memória4, “os
monumentos têm valor nacional, valor cognitivo, valor artístico e principalmente
valor econômico” (Choay, 2001:212-218). Esse valor econômico aqui citado tem
com tranqüilidade uma relação direta com o turismo, se imaginarmos que o
turismo vai proporcionar os dois P´s finais do composto de marketing, e portando
a forma mais eficiente de vender a memória.
3
A idéia de patrimônio cultural no Brasil se encontra de maneira indelével ligada ao Decreto-Lei n. 25 de 30
de novembro de 1937, onde são dados os primeiros passos para a definição do que seria o patrimônio
cultural, esse decreto diz textualmente o seguinte: “Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por
sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou
etnográfico, bibliográfico ou artístico.”(íntegra do 1ª § do Decreto-lei n. 25)
4
Essa noção fica muito clara se levarmos em consideração a citação anterior de Marly Rodrigues, onde ela
destaca a importância dos objetos como portadores da memória, esse pensamento reflete grande parte da
política pública de preservação da memória adotada no Brasil, não por acaso Marly Rodrigues, Doutora em
História, é do corpo técnico do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat)
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“Por sua vez, os monumentos e o patrimônio históricos adquirem dupla
função — obras que propiciam saber e prazer, postas à disposição de
todos; mas também produtos culturais, fabricados, empacotados e
distribuídos para serem consumidos. A metamorfose do seu valor de uso
em valor econômico ocorre graças à “engenharia cultural”, vasto
empreendimento público e privado, a serviço do qual trabalham grande
números de animadores culturais, profissionais da comunicação, agentes
de desenvolvimento, engenheiros, mediadores culturais. Sua tarefa
consiste em explorar os monumentos por todos os meios, a fim de
multiplicar indefinidamente o número de visitantes.” (Choay, 2001:211)
A citação acima reproduzida nos dá a dimensão de como os monumentos
são tratados, de como a memória pode ser trabalhada para ser “vendida”, faz com
que se perceba que devemos nos preocupar com aspectos mundanos, a gestão
da memória envolve questões mais complexas que simplesmente determinar a
memória oficial e a forma como ela é instituída, mas passa também por
pensarmos em implicações econômicas desta gestão, de interesses variados.
Considerações Finais
Há um dito popular aqui em Goiás que diz que o homem só é capaz de
matar seu semelhante por três tipos de barras, a barra de córrego, a barra de
ouro e a barra da saia, representando a terra, o dinheiro e os crimes passionais,
se o dito encerra alguma verdade, os gestores da memória estão com problemas,
pois das três barras, a memória sucinta duas, a barra de córrego, dada a ligação
entre memória e espaço, e a barra de ouro dado o valor econômico atribuído à
memória. Antes de ser uma observação engraçada, traz um fundo de verdade,
quando falamos em gerir o patrimônio cultural de um povo, tratamos com
questões que transcendem a teoria e esbarram em interesses econômicos que
podem ser aliados numa política de preservação séria ou podem simplesmente
decretar o fim deste patrimônio.
O turismo pode e deve ser utilizado como ferramenta de gestão da
memória, porém a de se repensar práticas hoje em uso, não se deve tratar o
turismo com a redenção dos problemas relacionados à preservação, numa
análise simplista e perigosa, os planejadores de turismo hoje conseguem difundir
a idéia de que o patrimônio cultural adquirindo valor econômico, ou a
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“produtificação” do patrimônio, num processo de exploração turística, resolvem os
problemas, já que o turismo vem, traz dinheiro, traz desenvolvimento, traz
empregos, etc. essa idéia altamente difundida não se sustenta, grandes teóricos
do turismo já alertaram para o fato de que o turismo é uma faca afiada de dois
gumes, grandes teóricos do turismo já nos alertam: “Quando o fenômeno turístico
é conduzido em função de seus benefícios econômicos, entra em uma dinâmica
especuladora que sacrifica a paisagem e a ecologia, e pode chegar a arruinar a
identidade das pessoas que pertencem à comunidade autócne“(Beni, 2001:84)
Nesse sentido devemos então repensar conceitos de planejamento
turístico, hoje importados do marketing, devemos ter muito claro que, quando
determinamos que determinada comunidade tem um patrimônio cultural que
possui potencial de exploração turística, não estamos falando de um shampoo,
mas de memórias, histórias de vida, lugares que possuem muito mais que terra e
tijolos, mas espaços de memória, pessoas que não podem se tornar reféns de
uma atividade econômica, deve-se começar a repensar a exploração turística de
patrimônios culturais em sua origem, em sua finalidade principal, limitando assim
os impactos negativos inerentes à atividade turística.
Não se pode de maneira nenhuma negar que a simples existência das
lembranças e ainda de lugares e monumentos que materializem essas
lembranças é um convite à exploração turística delas, e isso não é ruim, tratar a
memória como produto não é um processo necessariamente perverso. Essa
memória sem nenhuma dúvida existe, o simples fato de um grupo existir de forma
organizada garante a existência da memória oficial e das memórias individuais
dos componentes do grupo, e mostrar essas memórias e se orgulhar delas não é
uma coisa para se envergonhar.
O turismo é uma forma adequada de disponibilizar essas memórias para os
forasteiros ter contato com ela, mostrar a história e os heróis nacionais não deve
ser motivo de vergonha, o cuidado deve se o de não sacrificar a preservação
dessa memória em função da exploração turística dela.
Casos como o de Ouro Preto, cidade que representa como nenhuma outra
parte importante da memória nacional brasileira, onde em função do turismo se
libera o trânsito de caminhões pesados no centro histórico das cidades, com a
justificativa de que o comércio que atende aos turistas precisa ser abastecido, no
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é difícil imaginar que ruas de pedra que foram construídas para trânsito de
cavalos e pedestres, e ainda com túneis e mais túneis de minas de ouro no
subsolo não suportam o trânsito de veículos de entrega de bebidas.
Esse tipo de atitude é gerir o patrimônio cultural, representado pela
memória de forma a privilegiar o seu valor econômico, não se dando conta de que
numa análise também econômica essas atitudes reduzem o tempo de vida do
produto, pois o mesmo tende ao desaparecimento, ou seja, além de ser
vergonhosa essa atitude não é sustentável.
A idéia é a de que o turismo e a memória são aliados, o turismo é uma
ferramenta de gestão dessa memória e pode perfeitamente ser usada, desde que
de forma sustentável e de que também se tenha em mente que a memória, seus
monumentos e lugares não podem ser repostos apenas conservados e
restaurados.
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