Recuperação pós anestésica

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Recuperação pós
anestésica
Hulda Cristina Rocha
Serviço de Anestesiologia
Hospital Clementino Fraga Filho
Pontos básicos
A recuperação da anestesia é um processo
dinâmico, iniciado na sala de cirurgia.
 A duração depende da técnica anestésica e das
drogas utilizadas.
 Todo paciente submetido a uma cirurgia, sob
anestesia geral ou regional, encontra-se em
estado de potencial instabilidade
cardiorrespiratória decorrente de alterações
fisiológicas e/ou fisiopatológicas do
procedimento anestésico-cirúrgico.

Pontos básicos
É essencial que a SRPA esteja localizada o mais próximo
possível do CC, para minimizar o risco, durante o
transporte dos pacientes.
 O número de leitos da SRPA deve ser determinado pela
demanda cirúrgica da instituição.
 As SRPA devem ficar sob direção do departamento de
anestesia.
 Nos locais onde não é possível a presença de um
anestesiologista em tempo integral, recomenda-se a
presença de um profissional supra-numerário aos
requeridos na SO e imediatamente disponível.

Philadelphia Medical Society - 1947
35 % da mortalidade nas primeiras 24 hs poderiam ser evitados
Monitorização Mínima
Observação clínica individualizada.
 Aparelho de pressão arterial e oxímetro de
pulso.
 ECG deve fazer parte da monitorização básica
ou estar sempre disponível.

Apesar da SRPA ser obrigatória
desde 1977, muitos hospitais
ainda não dispõem deste espaço,
obrigando os anestesiologistas a
realizarem a recuperação em SO.
ESTÁGIOS DE
RECUPERAÇÃO DA
ANESTESIA GERAL

Estágio I – Despertar da Anestesia
1. Neste estágio o paciente é capaz de manter as via aéreas pérvias
2. Manter a SpO2 acima de 94% com ou sem suplementação de
oxigênio
3. Responder a comandos verbais, como abrir os olhos, pôr a
língua para fora, levantar a cabeça
4. Responder algumas perguntas
Nestas condições e sob supervisão direta do anestesiologista, o
paciente pode ser transferido para a sala de recuperação pósanestésica (SRPA)
ESTÁGIOS DE
RECUPERAÇÃO DA
ANESTESIA GERAL

1.
2.
3.
4.
Estágio II
Manter a SpO2 acima de 94% respirando ar ambiente
Acordado e alerta
Funções vitais próximas ao período pré operatório
Reflexos de tosse e deglutição presentes
Nestas condições o paciente pode ser transferido para a
unidade de internação
ESTÁGIOS DE
RECUPERAÇÃO DA
ANESTESIA GERAL
Estágio III
1.
2.
3.
4.
Neste estágio o paciente está apto a andar sozinho
Efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, tonteira, hipotensão
ortostática e dor devem estar ausentes e bem tolerados
Diurese espontânea
Capacidade de alimentação
Nestas condições o paciente está apto para alta hospitalar,
acompanhado por um responsável
ESTÁGIOS DE
RECUPERAÇÃO DA
ANESTESIA GERAL

1.
2.
3.
4.
Estágio IV - Recuperação Completa
Durante esta fase os resíduos anestésicos são metabolizados e
a atividade do sistema nervoso central e autonômico se
recuperam
Funções psicomotoras e cognitivas normais
Retorno as atividades habituais
Tempo para atingir essa fase é variável: 24 a 48 horas
Liberar o paciente para atividades normais após 48 horas
Admissão no SRPA








Relato com identificação do paciente, cirurgia, equipe cirúrgica,
patologias associadas, medicações em uso, tipo de anestesia,técnica
e drogas utilizadas, hidratação, intercorrências e características
especiais do paciente (surdez; cegueira; uso de drogas, álcool, etc)
Avaliação dos sinais vitais
Avaliação do nível de consciência
Avaliação da força muscular
Avaliação da dor
Monitorização do paciente
Observação dos curativos, drenos, sondas, vias venosas,diurese, etc.
Avaliação dos parâmetros a cada 15 minutos
Alta no SRPA
Paciente deve estar estável, do ponto de
vista cardiovascular e respiratório
 Consciente e orientado
 Sem sinais de sangramento persistente
 Sem náuseas e vomitos
 Dor controlada

Alta no SRPA
em Cirurgias Ambulatoriais
Resolução CFM 1409

Além das condições anteriores, paciente
terá que possuir capacidade de
locomoção, ingestão de líquidos e
controle de micção.
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA

ATIVIDADE
2
movimento voluntário de
todas as extremidades
1
movimento voluntário de
duas extremidades apenas
0
incapacidade de se mover
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA

2
1
0
RESPIRAÇÃO
respiração profunda e tosse
dispnéias , hipoventilação
apnéia
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA

2
CIRCULAÇÃO
PA normal ou até 20% menor
que no pré-anestésico
1 PA em 20 a 50 % menor que
no pré-anestésico
0 PA igual ou inferior a 50 % dos
valores pré-anestésicos
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA

2
1
0
CONSCIÊNCIA
totalmente desperto
desperta quando chamado
não responde
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA

2
SATURAÇÃO
capaz de manter em ar
ambiente Sat O2> 92 %
1 necessidade de
suplementação de oxigênio para
manter Sat O2 > 92 %
0 Sat O2 < 90 % apesar da
suplementação de oxigênio
Tabela de Aldrete e Kroulik
Critérios de alta da SRPA
7 PONTOS ou MAIS
ALTA DO SRPA
Complicações
associadas às condições clínicas préoperatórias
 extensão e tipo de cirurgia
 intercorrências cirúrgicas e anestésicas
 eficácia das medidas terapêuticas
adotadas

Complicações Respiratórias

hipoxemia

hipercapnia

broncoespasmo / laringoespasmo

embolia pulmonar

síndrome da aspiração do conteúdo
gástrico
Complicações Respiratórias
HIPOXEMIA
Diminuição da pressão parcial de
oxigênio no sangue arterial
 Fatores pré-disponentes:








obesidade
idade avançada
dor
distensão abdominal
hipotermia
pneumopatia
cirurgia torácica e de abdome superior
Complicações Respiratórias
HIPOXEMIA

Causas de hipoxemia pós-operatória:








controle inadaquado da patência das vias aéreas
efeito residual de anestésicos (levando a hipoventilação)
inadequação da relação ventilação/perfusão (atelectasia)
hipotermia
tremores
agitação
anemia
baixo débito cardíaco
Complicações Respiratórias
CIANOSE





sinal tardio no reconhecimento da hipoxemia
taxa da Hb reduzida é maior que 5 g%
Sat O2 menor que 85%
PaO2 entre 45 e 50 mmHg
Fatores que confundem: variação do fluxo sanguíneo
regional, temperatura, cor da pele, iluminação do ambiente
e hemoglobinopatias.
Complicações Respiratórias
Manifestações da hipoxemia
Depende do nível de hipoxemia
 Inicialmente : predomínio da resposta
simpática com taquicardia, hipertensão e
hiperventilação
 Agravamento : predomínio vagal (bradicardia e
hipotensão, parada cardíaca)
 Criança : bradicardia frequente com
hipoxemia moderada

Complicações Respiratórias
Hipercapnia



PaCO2 > 45 mmHg
PaCO2 = CO2 produzido nos tecidos/ ventilação
alveolar
Causas:
• aumento da produção endógena de CO2 por febre, sepse,
hipertermia maligna, tempestade tireotóxica, crise convulsiva,
produção excessiva de catecolaminas
• administração de CO2 em laparoscopia
• aumento na fração inspirada de CO2 e aumento de espaço
morto ( cal esgotada, válvula com defeito ... )
• obstrução de vias aéreas
Complicações Respiratórias
Laringoespasmo
 fechamento espástico da glote
mais freqüente após a extubação
 conduta :

◦
◦
◦
◦
◦
tração da mandíbula para cima e para frente
aumento da FiO2
aplicação de pressão positiva sob máscara
retirada do estímulo irritante
SCh 20 a 30 mg
Complicações Cardiovasculares
isquemia miocárdica
 arritmias
 hipotensão
 hipertensão

Complicações associadas ao paciente ou ao risco
cirúrgico.
A monitorização de rotina é fundamental para o diagnóstico
dessas complicações.
Possibilidade da complicação cardiovascular ser secundária
a complicações respiratórias.
Complicações Cardiovasculares
Hipotensão arterial
complicação mais comum bem tolerada em
pacientes hígidos
 queda de 20 % do seu valor inicial ou PAS< 90
ou PAM < 60 mmHg
 causas : redução da pré carga, menor
contratilidade miocárdica, diminuição da RVS
 hipovolemia : sangramento, reposição
inadequada, transferência para 3 espaço

Complicações Cardiovasculares
Hipotensão arterial

Causas de desidratação pré-operatória:
◦ jejum prolongado
◦ idoso
◦ dialisados
◦ vômito e diarréia
◦ preparo do cólon
◦ hipertermia e sudorese
◦ poliúria
Complicações Cardiovasculares
Hipotensão arterial

Causas de redução da pré-carga :
◦ mudança de posição no paciente anestesiado
◦ embolias

Causas da diminuição da contratilidade
ventricular :
◦ isquemia miocárdica
◦ IAM
◦ arritmias
◦ valvulopatia
Complicações Cardiovasculares
Hipertensão arterial

Causas:
◦ dor
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
retenção urinária
hipoxemia
hipercapnia
acidose metabólica
sobrecarga hidríca
hipertensão intracraniana
pacientes previamente hipertensos
Complicações Cardiovasculares
Hipertensão arterial

Tratamento:
◦ identificar e tratar fatores desencadeantes
◦ uso de hipotensores quando PA for 30% maior
que valores iniciais ou na presença de
sintomatologia (cefaléia, isquemia miocárdica,
alterações visuais)
Complicações Cardiovasculares
Hipertensão arterial

Medicamentos mais utilizados:
◦ inibidores da ECA
◦ beta bloqueadores
◦ nitroprussiato (em casos graves)
Complicações Cardiovasculares
Arritmias cardíacas

Fatores predisponentes:
◦ distúrbios hidroeletrolíticos
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
hipóxia
hipercarbia
acidose ou alcalose metabólica
doença cardíaca pré existente
dor
hipovolemia
hipertensão arterial
Complicações Cardiovasculares
Arritmias cardíacas

Mais frequentes:
◦ taquicardia sinusal
◦
◦
◦
◦
bradicardia sinusal
extrassístoles ventriculares
taquicardia ventricular
taquicardida supraventricular
Complicações Endócrinas
Decorrentes de:
• distúrbios do metabolismo da glicose
• função tireoidena
• insuficiência adrenocoritcal
• feocromocitoma
• tumores carcinóides.
Complicações Endócrinas
Estresse e trauma cirúrgico
Respostas metabólicas
Hiperglicemia
Em geral não requer tratamento
No paciente diabético pode causar descompensação (tratar)
Complicações Endócrinas

Hipoglicemia:
◦ glicose plasmática menor que 50 mg/dl
◦
◦
◦
◦
◦
◦
choque hemorrágico
pancreatite
sepsis
insuficiência renal
alcoolismo
pacientes diabéticos apresentam maior risco
Alterações Térmicas
Hipotermia
o
ABAIXO DE 36 C
Hipertermia
o
ACIMA DE 37,5 C
Náuseas e vômitos




tipo de cirurgia
pacientes
medicações
tratamento
Medicamentos Utilizados:
Droperidol 0,0625 mg -1,25 mg, EV
Metoclopramida 0,1 - 0,2 mg/Kg, EV
Alizaprida 50 mg, IM ou EV
Bromoprida 10 mg, EV
Dimenidrinato 50 mg, IM
Ondansentron 4-8 mg, EV
Granisetron 40μg/kg, EV
Agitação






dor
hipoxemia
hipercapnia
retenção urinária
distensão gástrica
efeito residual de drogas
Dor
Agitação
 Limita a ventilação e mobilidade (risco de
atelectasia e TEP)
 Hiperatividade simpática com

◦ arritmias
◦ hipertensão
◦ infarto agudo do miocárdio
Dor
sensibilidade individual
 técnica anestésica
 local e extensão da cirurgia
 Intensidade maior :

◦ toracotomia
◦ lombotomia
◦ cirurgias de abdome superior
Dor
drogas : analgésicos, anti-inflamatórios, opíoides
( EV, IM, SC )
 infiltração da incisão cirúrgica
 catéter peridural ( hipotensão e bloqueio
motor )
 injeção interpleural ou bloqueio intercostal (
pneumotórax )


bloqueio de nervos periféricos
Dor
Sugestão para tratamento de
Dor Aguda na SRPA
Morfina - iniciando com 2mg - EV
Codeína - 60 mg - SC ou IM
Nalbufina - 0,1 mg/kg - EV
Tramadol - 50 a 100 mg - EV
Cetoprofeno - 100 mg - EV
Cetorolaco - 20 a 30 mg - EV
Dipirona - 15 a 20 mg /kg - EV
Tenoxicam - 40 mg - EV
Obrigada pela atenção!
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