XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP Complicações anestésicas em pacientes com doenças neurológicas: o que eu posso fazer? Rafael Parra Lessa A frequência de pacientes com doenças neurológicas é grande em clínicas e hospitais veterinários. As queixas relacionadas ao sistema nervoso se dão por doenças primárias deste sistema, como em doenças do encéfalo, da coluna vertebral e medula espinhal, raízes nervosas e nervos periféricos (neoplasias, processos inflamatórios causados por agentes infecciosos ou imunomediadas, hérnias de disco, hemorragias e isquemias, processos degenerativos, etc) bem como por processos sistêmicos que o afetem de maneira secundária (politraumatizados, endocrinopatias, doenças cardiovasculares que levem à baixa perfusão tecidual, dentre outras). Também se aborda estes tipos de pacientes por quadros não relacionados a doenças neurológicas, mas devido consequências destas, efeitos colaterais de tratamentos crônicos e mesmo doenças concomitantes não relacionadas ao sistema nervoso. Desde a abordagem inicial, diagnóstico, manejo e tratamento, pode ser necessário sedar ou anestesiar estes pacientes. A manipulação ou realização de exames nestes pacientes pode piorar o quadro neurológico, como nos pacientes com instabilidade vertebral; outros precisam de sedação durante a internação e grande parte dos exames laboratoriais voltados ao sistema nervoso só podem ser realizados em um paciente anestesiado ou sedado. Desta forma cabe ao médico veterinário saber reconhecer e avaliar este paciente, afim de identificar possíveis complicações, programar-se para evitálas e caso aconteçam, o que deve-se fazer para minimizar danos. O objetivo desta palestra é fornecer ao médico veterinário a base para uma avaliação adequada deste paciente, com isso prever possíveis complicações decorrentes da sedação e anestesia. Auxiliar na escolha de protocolos anestésicos, evitando fármacos que produzam metabólitos neurotóxicos e que por outros motivos causem dano ao sistema nervoso, como diminuir fluxo sanguíneo ou aumentar pressão intracraniana. Também discutir sobre a escolha de protocolos adequados levando em conta o tempo de 226 XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP realização dos procedimentos, porte do paciente e avaliação da necessidade de sedação ou anestesia. Discutir os parâmetros a serem avaliados em situações específicas, como no paciente em estado epilético que precisa ser anestesiado, no paciente com trauma cranioencefálico que precisa de anestesia para correção de lesões sistêmicas como hemorragias abdominais por exemplo. Existem várias possíveis complicações associadas a sedação e anestesia em pacientes com disfunção neurológica, como piora de lesões em coluna, desenvolvimento de pneumonia por aspiração e animais que apresentam quadros de alterações relacionados a recuperação anestésica, como disfunção cognitiva pós anestésica, crises de convulsão após aplicação de contraste intratecal, etc, portanto, tornam-se imprescindíveis os cuidados que devem ser tomados pelo médico veterinário para que o paciente se beneficie do procedimento como inicialmente é proposto. 227