COMUNIDADE TERAPÊUTICA Fonte: Febract-Centro de Formação e Treinamento – Ed. Vida & Consciência Comunidade Terapêutica e sua origem A primeira Comunidade Terapêutica, chamada Synanon, foi fundada em Santa Mônica, na Califórnia (USA). Um pequeno grupo de alcoolistas em recuperação decidiram viver juntos para, além da abstinência, buscar um estilo alternativo de vida. A aplicação do conceito de ajuda às pessoas em dificuldade, feita pelos próprios pares, é a base das relações vividas na Synanon, posteriormente em Daytop, onde cada pessoa se interessa e se sente responsável pelas outras. Comunidade Terapêutica e sua origem Alguns pontos estudados pelo psicanalista americano, Hobart O. Mowrer, impressionado com a capacidade de recuperação através da abordagem das CTs: Compartilhar – valor fundamental e comum; Honestidade - comunicar-se sem máscaras, falando do que provoca medo e dor dentro de você; Abandono da posição clássica vertical médico e paciente; a atenção é colocada sobre o indivíduo no grupo, ele é o protagonista das ações terapêuticas, porém sozinho, é incapaz de buscar ajuda Comunidade Terapêutica e sua origem A vida comunitária não poderá ser terapêutica se não desaparecer a dualidade equipe-residente. Isto significa que enquanto existir dentro da mesma estrutura o grupo que “faz” e o grupo que “recebe” o tratamento, estamos muito longe da verdadeira terapia de grupo na CT. (Laura Fracasso, pág. 275 - Febract) Comunidade Terapêutica e sua origem ESPIRITUALIDADE – A energia espiritual pode reintegrar a pessoa a si mesma, ao grupo, à comunidade, à sociedade, ao seu Poder Superior. A CT tem capacidade de criar um ambiente ecumênico e oferecer os instrumentos para que o indivíduo tenha a oportunidade e a liberdade necessárias para procurar sua própria origem e responder de maneira adequada a sua própria dimensão espiritual. (Laura Fracasso, pág. 275 - Febract) O que é uma Comunidade Terapêutica? São locais que têm por função a oferta de um ambiente protegido, técnica e eticamente orientados, que forneça suporte e tratamento aos usuários abusivos de substâncias psicoativas. O que é uma Comunidade Terapêutica? Tem como objetivo resgatar a história de vida e a cidadania, buscando encontrar novas possibilidades de reabilitação biopsicosocial e espiritual do dependente químico. O que é uma Comunidade Terapêutica? É um grupo de auto-ajuda permanente, no qual os componentes interagem a todo momento. (similar a uma micro sociedade – FAMÍLIA). Princípios fundamentais de uma C.T. O trabalho na C.T. deve ser baseado no respeito à dignidade da pessoa humana; A permanência na C.T. dever ser voluntária e decidida após o residente ser informado sobre as normas disciplinares em vigor; Princípios fundamentais de uma C.T. Compromisso com o sigilo segundo as normas éticas garantindo-se o anonimato, quando isso se fizer necessário; Garantia de alimentação nutritiva e alojamentos adequados; Princípios fundamentais de uma C.T. Proibição de castigos físicos, psíquicos e morais, respeitando a dignidade e integridade do individuo; Garantia de acompanhamento das recomendações médicas e utilização de medicamentos, sob critérios previamente estabelecidos; Princípios fundamentais de uma C.T. Garantia de desistência do tratamento, sem qualquer tipo de constrangimento; Nas C.T. deve ser assegurado, a todos que dela participam, um ambiente livre de drogas, sexo e violência. TRIAGEM A triagem marca o início efetivo do programa terapêutico-educativo, que objetiva a recuperação e reinserção social do dependente químico. A procura por um tratamento é: Voluntária ou Pressionada por questões judiciais, familiares e outras. TRIAGEM Explicitar por escrito os critérios quanto a: a) Avaliação médica por clínico geral; b) Avaliação médica por psiquiatra (qdo necessário); c) Avaliação familiar (anamnese) por assistente social; d) Realização de exame laboratoriais; e) Esclarecimentos sobre normas disciplinares e de moradia, direitos e deveres do residente. PROGRAMA DE TRATAMENTO Tem como objetivo ajudar o dependente químico a se tornar uma pessoa livre, através da mudança de seu estilo de vida e hábitos comportamentais (modelo psicossocial). PROGRAMA DE TRATAMENTO TEMPO DE DURAÇÃO: Variável, conforme modelo adotado. (Ex: 3 meses, 6 meses, 7 meses, 9 meses, 12 meses) PROGRAMA DE TRATAMENTO PÚBLICO ALVO: Variável Ex: crianças/adolescentes, maiores, Masculino / feminino / misto, alcoolistas/drogadictos. PROGRAMA DE TRATAMENTO ETAPAS: Variam conforme o tempo e o modelo de tratamento adotados, sendo mais comum tratamentos com 3 etapas: 1ª Desintoxicação 2ª Conscientização 3ª Reinserção Social PROGRAMA DE TRATAMENTO 1ª Etapa DESINTOXICAÇÃO 2ª Etapa CONSCIENTIZAÇÃO 3ª Etapa REINSERÇÃO SOCIAL ESPIRITUALIDADE DISCIPLINA TERAPIA DE APOIO PROGRAMA DE TRATAMENTO Critérios de Alta: Alta Evolutiva Alta Pedida Alta Administrativa COMUNIDADE TERAPÊUTICA - SEGUNDO A FEBRACT – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS C.T. SAUDÁVEL Diante de um comportamento inadequado do residente, são aplicadas MR (medidas reeducativas) para que através da experiência, o residente reflita sobre o ato que praticou, livre de qualquer constrangimento ou humilhação; C.T. DOENTE Sempre que possível as experiências educativas (MR) são individualizadas Diante de um comportamento inadequado, o residente fica o dia todo na enxada. Muitas vezes temos residentes que se “escondem” no trabalho, e deixá-lo o dia todo na enxada só reforça este mecanismo. Por “preguiça” da equipe de observar quem tem comportamento inadequado, a experiência educativa é coletiva. Exemplo: perda de atividades de lazer e até de direitos básicos como a refeição. COMUNIDADE TERAPÊUTICA - SEGUNDO A FEBRACT – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS CT SAUDÁVEL O residente tem liberdade para ajudar qualquer pessoa da equipe. Exemplo: fui confrontado por um residente por exceder o lugar da fila do almoço. A equipe, quando comete erros ou injustiças, deve admitir. Na nossa experiência, esta postura faz com que o residente respeite ainda mais o nosso trabalho. C.T. DOENTE Residente não tem direito a questionamentos, pois a palavra-chave é aceitação. Algumas equipes “produzem” situações para testar a aceitação do residente. A equipe jamais comete erros. (Que onipotência!) COMUNIDADE TERAPÊUTICA - SEGUNDO A FEBRACT – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS CT SAUDÁVEL C.T. DOENTE Postura da equipe com autoridade e não autoritarismo. Posturas autoritárias da equipe (medo de perder o controle). Um residente que não sabia nem fritar um ovo, ao ser escalado na laborterapia e receber o apoio da equipe para uma aprendizagem social, não só aprendeu a fazer muito bem o seu trabalho na cozinha, como deixou para outras pessoas, um livro especial de receitas, com todas as dicas que não encontramos em livros. Um residente tem uma determinada habilidade e a equipe “explora” isso, prejudicando o tratamento como um todo. O residente é utilizado para trabalhos particulares para a equipe. (Infração do Código de Ética da Febract). COMUNIDADE TERAPÊUTICA - SEGUNDO A FEBRACT – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS CT SAUDÁVEL Quando um familiar insiste, por gratidão, a dar um presente, é orientado a presentear a CT e não alguém em especial. A equipe trata os residentes de maneira igualitária, sem distinção de raça, credo religioso, condição social, econômica e cultural. C.T. DOENTE A equipe faz distinção entre os residentes, principalmente quanto ao aspecto econômico. Se a família do residente paga um valor alto, ele terá “direitos” especiais (outra infração). A equipe recebe presentes dos residentes e familiares e, muitas vezes, privilegia esses residentes (outra infração ao Código de ética da Febract). COMUNIDADE TERAPÊUTICA - SEGUNDO A FEBRACT – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS CT SAUDÁVEL A equipe fala a mesma linguagem e demonstra postura em harmonia com os princípios da CT. Os princípios estão acima das personalidades. A equipe tem uma carga horária compatível, assim como as folgas. C.T. DOENTE Equipe com pessoas inseguras que, para demonstrar poder, desautoriza orientações dadas por outros, deixando os residentes confusos. As personalidades estão acima dos princípios. A equipe trabalha períodos prolongados. Isso prejudica a sua saúde mental e a relação com os residentes. O tratamento da dependência química É um assunto complexo e exige dos serviços de atendimento, públicos e privados, a compreensão e o entendimento das suas possibilidades e limitações quanto à adequação às necessidades dos usuários em seus diferentes estágios. Tipos de Serviços para Tratamento da DQ Clínicas psiquiátricas (voluntária / involuntária) Ambulatorial (CapsAD – CapsI - ) Grupos de Auto Ajuda Psicoterapia individual (consultório) Comunidades Terapêuticas O tratamento da dependência química Técnicas e serviços são mais ou são menos eficazes de acordo com o estágio motivacional do paciente. Não existe uma modalidade de tratamento melhor que a outra, mas pacientes que respondem melhor a um tipo de tratamento do que a outro. 1 - Não há tratamento único, que seja apropriado para todos 2 - O tratamento deve estar sempre disponível • A importância da combinação adequada entre ambiente, intervenções e serviços para cada problema e necessidade da pessoa. • Aproveitar a oportunidade quando eles sinalizam que querem o tratamento. 3 – O tratamento efetivo deve contemplar as várias necessidades da pessoa, não somente seu uso de drogas. • Para ser efetivo o tratamento deve ser dirigido ao uso de drogas, mas também a qualquer outro problema médico, psicológico, social, profissional e jurídico da pessoa. • O paciente pode necessitar de 4 – O plano de tratamento combinações de serviços, que deve ser continuamente variam durante o tratamento e a avaliado e, se for o caso, recuperação (psicoterapia, modificado com as medicamentos, outros serviços mudanças nas necessidades médicos, sociais e legais, terapia da pessoa. familiar. 5 – É importante que o • A duração apropriada do tratamento para uma pessoa depende de seus paciente permaneça problemas e necessidades. durante um período adequado de tempo no • Na maioria das vezes, começa-se a se tratamento. verificar uma melhoria significativa depois de 3 meses de tratamento. 6 – O aconselhamento (individual/grupo) e outros tipos de psicoterapia comportamentais são componentes indispensáveis do tratamento efetivo para a dependência. • A psicoterapia melhora as relações interpessoais, facilita a reinserção social e familiar, trata de problemas de motivação, desenvolve habilidades para recusar (prevenção de recaída) o uso e resolução de problemas. 7 – Para muitos pacientes, os • Para pacientes com outros transtornos mentais associados à medicamentos formam um elemento importante do dependência de drogas, a tratamento, especialmente combinação de tratamentos quando se combinam com os psicológicos e medicamentosos é diferentes tipos de terapia. crucial para o sucesso. 8 – No caso de indivíduos com problemas de dependência ou abuso de drogas, que ao mesmo tempo apresentam outros transtornos mentais, deve-se tratar os dois problemas de uma maneira integrada. • Os pacientes que apresentam as duas condições devem ser avaliados e tratados conforme ambos os transtornos. • A dependência química é um transtorno primário ou secundário? • A desintoxicação médica trata 9 – A desintoxicação médica cuidadosamente de sintomas físicos é apenas a primeira etapa do agudos da síndrome de abstinência. tratamento para a dependência e, por si só, pouco faz para modificar o • Para alguns indivíduos é um precursor fortemente indicado para o uso de drogas em longo tratamento efetivo da dependência de prazo. drogas. 10 – O tratamento não precisa ser voluntário para ser efetivo. • Medidas compulsórias ou recompensas dentro da família, do ambiente de trabalho ou sistema judiciário podem incrementar o percentual de indivíduos que entram e se mantêm em tratamento. 11 – O uso de drogas durante o tratamento deve ser supervisionado constantemente. 12 – Os programas de tratamento devem incluir exames p/HIVAIDS, hepatites B/C, tuberculose e outras enfermidades infecciosas. 13 – A recuperação da dependência de drogas pode ser um processo em longo prazo e freqüentemente requer várias tentativas de tratamentos. • Diante dos riscos de recaídas é importante a supervisão como: análise de urina e outros exames. • A terapia pode ajudar os pacientes a evitar comportamentos de alto risco e ajudar as pessoas já infectadas a manejar a sua doença. • Tal como em outras doenças crônicas, a recaída pode ocorrer durante ou depois de tentativas exitosas de tratamento. • Participação em grupos de apoio durante e depois da internação serve para a manutenção da abstinência. COMUNIDADE TERAPÊUTICA EU APOIO E CONFIO. OBRIGADO! Roseli Consolaro Nabozny Coordenadora Técnica Administrativa Especialista em Dependência Química-Unifesp Comunidade Terapêutica Essência de Vida [email protected] [email protected] 47 9964-0037 / 3423-3357