Aula 4

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Leitura e interpretação de
texto
Professor Ms. Miguel Angelo Manasses
Aula 4
Língua Padrão II
• Na aula anterior discutimos algumas noções básicas
para definir a língua padrão. Agora debateremos a
respeito de alguns problemas que a concepção de
norma apresenta.
• A primeira questão que se coloca é quanto à utilidade
da língua padrão. Que razão temos para estudá-la?
Língua Padrão II
• No entendimento comum parece que estudamos a
gramática da variedade padrão apenas para passar de
ano ou tirar boas notas ou então porque é importante
socialmente que escrevamos “certo” ou que falemos
com “elegância”
Língua Padrão II
• Se fizéssemos um levantamento a respeito da opinião
de professores, pesquisadores e especialistas em
linguística de um modo geral, certamente
encontraríamos pontos de vista divergentes sobre a
utilidade da língua padrão e até sobre que tipo de
língua deve ser ensinada nas escolas: se a norma
padrão ou dialetos populares e até alguns estudos que
questionam a necessidade de se ensinar tais dialetos.
Língua Padrão II
• Caso fosse possível chegar a um acordo sobre a
utilidade da língua padrão, imediatamente surge um
segundo problema que a definição de padrão
apresenta, este ainda mais difícil de ser respondido do
que a sua utilização: Onde está a língua padrão do
português brasileiro?
Língua Padrão II
• Já vimos em aulas anteriores que as gramaticas
normativas e tradicionais e que são reproduzidas
pelas escolas, não conseguem retratar a nossa
realidade linguística.
• Via de regra, tais gramáticas estão baseadas em
escritores dos séculos 19 e do começo do 20 e,
apresentam sérias dificuldades em lidar com a língua
contemporânea e seu caráter moderno.
Língua Padrão II
• Uma das justificativas para esse fracasso é a falta de
uma concepção mais clara do que seja a língua
padrão.
• Por um lado, tais gramáticas estabelecem e impõem
normas baseadas na língua escrita literária, por outro
lado, os exercícios que essas mesmas gramáticas
apresentam são elaborados com base na linguagem
oral e verbos em primeira pessoa.
Língua Padrão II
• Isso termina por confundir o estudante pela distância
que passa entre a norma defendida e imposta pela
gramática e o que ele ouve e fala realmente no seu dia
a dia.
• Vejamos um exemplo: Mesóclise – Definição:
• A intercalação das variações pronominais átonas
ocorre somente no futuro do presente e no futuro do
pretérito, desde que antes do verbo não haja palavra
que exija a próclise. Exemplo: Falar-lhe-ei a teu
respeito (D.P. Cegalla, Novíssima gramática da língua
portuguesa, p. 346).
Língua Padrão II
• “O exemplo citado é absurdo; a mesóclise é um
fenômeno que, no português do Brasil, sobrevive tão
somente na escrita, e mesmo assim raramente. Ilustrála com uma oração em primeira pessoa, numa
estrutura supostamente coloquial é descrever uma
variedade inexistente da língua chamando-a de
“padrão””. (FARACO E TEZZA, 2010, p. 74).
Língua Padrão II
• O que os autores acima querem dizer é que as
gramáticas tradicionais insistem em utilizar exemplos
da língua escrita literária para ilustrar situações da
linguagem oral, mas que não retratam, de fato, a
linguagem oral.
• Ou seja, as gramáticas normativas simplesmente não
dão importância à noção de variedade e de mudanças
linguísticas, e tanto a variedade, quanto as mudanças
linguísticas são de fundamental importância
pedagógica, sobretudo na prática do texto escrito.
Língua Padrão II
• Neste caso, existem duas formas de se lidar com essas
diferenças: a primeira é declarar que a língua está
perdida, que ninguém mais sabe nada, que precisamos
tomar providências enérgicas para se recuperar o
caráter de norma padrão da língua, impondo-a sobre
as demais variedades linguísticas, etc.
Língua Padrão II
• Já a segunda é admitir que a língua está mudando, e
que se faz necessário estabelecer uma norma mais
coerente com tal realidade.
• Lembrando, contudo, que esta segunda forma de se
lidar com as diferenças, “não deve deixar de
reconhecer o estado de miséria cultural do país – não
propriamente pela falta de pronomes bem
colocados...” (FARACO E TEZZA, 2010, p. 75).
Língua Padrão II
• Nesse sentido, para que tenhamos um melhor
domínio da linguagem escrita é fundamental que
estudemos a realidade linguística do Brasil, lançando
mão de leituras mais atualizadas, para que nos
tornemos “sócios-proprietários” da língua padrão
contemporânea.
Exercício
• Elabore um texto, entre 100 a 120 palavras
sintetizando o seu ponto de vista sobre a utilidade da
língua padrão.
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