O QUE A INTERNET ESTÁ FAZENDO COM NOSSAS MENTES (apresentação super-resumida) Valdemar W. Setzer Depto. de Ciencia da Computação, Universidade de São Paulo, Brasil www.ime.usp.br/~vwsetzer google: valdemar setzer (Ver no site: o artigo “O que a Internet está fazendo com nossas mentes”; na seção “Apresentações” a apresentação completa e em “Vídeos” a gravação da palestra de 18/10/11 no IME-USP) Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 1 TÓPICOS 1. Introdução 2. Resumo de todos os capítulos 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 2 1. Introdução Estadão 8/7/12, p. C1: “Pesquisa [IBOPE] feita com 350 jovens de 18 a 24 anos em cinco capitais brasileiras mostra que 59% deles escrevem na direção [guiando um carro]. São torpedos, posts no Facebook, conversas em chats. ... Perguntados se acham o hábito arriscado, 80% disseram que sim e um em cada três reconheceu que não faz nada para mudar.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 3 1. Introdução (cont.) Smith, Darling e Searles, Perfusion 26(5), 2011, pp. 375-380 [Of a total of 430 responders] “The use of a cell phone during the performance of cardiopulmonary bypass (CPB) was reported by 55.6% of perfusionists. Sending text messages while performing CPB was aknowledged by 49.2% ... For smart phone features, perfusionists report having accessed e-mail (21%), used the internet (15.1%), or have checked/posted on social networking sites (3.1%) while performing CPB. Safety concerns were expressed by 78.3% who believe that cell phones can introduce a potentially significant safety risks to patients.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 4 1. Introdução (cont.) O que está acontecendo? Nicholas Carr, em seu livro A geração superficial – o que a Internet está fazendo com nossos cérebros? Agir/Nova Fronteira, 2011 Trata do impacto da Internet no indivíduo Vamos partir dele Ver minha resenha em meu site “O que a Internet está fazendo com nossas mentes?” com muitos detalhes; aqui só alguns pontos Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 5 TÓPICOS ۷ 1. Introdução 2. Pontos principais 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 6 2. Prólogo: O cão de guarda e o ladrão A Internet é o último meio a disparar um debate sobre Democratização da cultura Emburrecimento da cultura O que importa não é o conteúdo, mas o que o meio faz conosco “Nossa posição convencional a toda a mídia, isto é, que o que importa é a maneira como é usada, representa o estado entorpecido do idiota tecnológico.” (McLuhan) Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 7 2. Prólogo: O cão de guarda e o ladrão (cont.) “O conteúdo da mídia é simplesmente ‘o pedaço suculento de carne levado pelo ladrão para distrair o cão de guarda da mente.’ (idem.)” “Nem mesmo McLuhan conseguiu prever a festança que a Internet nos apresenta: um prato depois do outro, cada um mais apetitoso que o outro, sem sequer um momento para respirarmos entre cada mordida Levamos essa festa a todo lugar” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 8 3. Cap. 1: HAL e eu O computador HAL do filme 2001 de Stanley Kubrick protesta quando o astronauta Dave Bowman começa a desligá-lo, dizendo “Dave, minha mente está indo embora, eu posso senti-lo, eu posso senti-lo” Carr diz que também estava sentindo isso: “Alguém, ou alguma coisa, estava mexendo com meu cérebro, refazendo os circuitos neurais, reprogramando a memória. Minha mente não estava indo embora, mas mudando.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 9 3. Cap. 1: HAL e eu (cont.) Conta como antes passava horas lendo longos trechos em prosa. Agora isso acontecia raramente Depois de 1-2 páginas, perdia a concentração, divagava, perdia a sequência Acha que sabe a razão: “Por mais de uma década, passei muito tempo conectado, buscando, surfando e algumas vezes adicionando coisas aos grandes bancos de dados da Internet.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 10 3. Cap. 1: HAL e eu (cont.) “Meu cérebro não estava apenas faminto. Estava pedindo para ser alimentado da maneira como a Internet o alimentava, e quando mais alimentado, mas faminto se tornava.” “Mesmo longe do computador, eu ansiava por verificar meus e-mails, acionar vínculos, usar o google. Eu queria estar conectado.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 11 4. Cap. 2: Os caminhos vitais O cérebro é, segundo alguns, “muito plástico” segundo Merzenich, um dos descobridores da plasticidade, “maciçamente plástico” A plasticidade diminui com a idade, mas nunca desaparece “Nossos neurônios estão constantemente quebrando velhas conexões e formando novas, e novas células nervosas estão sendo constantemente criadas.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 12 4. Cap. 2: Os caminhos vitais (cont.) “O que aprendemos enquanto vivemos é imerso nas conexões celulares que mudam continuamente.” Pessoa cega, que aprende Braille Córtex visual começa a tratar dos impulsos do tato Se há uma lesão e perde-se controle de um membro, repetindo movimentos com ele forçam-se os neurônios a criarem novas sinapses Plasticidade ocorre não só em lesões, mas no funcionamento normal Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 13 4. Cap. 2: Os caminhos vitais(cont.) Plasticidade está permanentemente em ação Pode mudar com ações e também com atividades puramente mentais Experiência de um grupo tocar uma melodia no piano, e outra imaginar que a estava tocando Mudanças no cérebro foram as mesmas “Neurologicamente, tornamo-nos o que pensamos” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 14 5. Digressão: Sobre o que o cérebro pensa quando pensa sobre si próprio Não percebemos o cérebro Tendência é achar que não temos influência sobre a estrutura física do cérebro Achava, assim, que usar um computador não iria influenciar o seu cérebro Mas estava errado Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 15 6. Cap. 3: Ferramentas da mente Mapas, relógios Escrita Muda o cérebro Povos que usam ideogramas empregam áreas diferentes do cérebro As tecnologias mais impactantes são as intelectuais As mais interiores Produzem novas maneiras de pensar e encarar o mundo Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 16 7. Cap. 4: O aprofundamento da página Neste capítulo, Carr traça a história da escrita e da imprensa Durante séculos, a tecnologia de escrever tinha refletido e reforçado a ética intelectual da cultura oral, comunitária Aí apareceu a “ética do livro” Desenvolvimento do conhecimento tornou-se cada vez mais pessoal Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 17 7. Cap. 4: O aprofundamento da página (cont.) Faltava popularizar o livro Entra Gutenberg, em 1445 “A indústria tipográfica explodiu. No final do séc. XV, cerca de 250 cidades da Europa tinham tipografias, e uns 12 milhões de volumes já haviam saído de suas prensas.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 18 7. Cap. 4: O aprofundamento da página (cont.) O silêncio da “leitura profunda” [deep reading] tornou-se parte da mente “Os leitores desligavam a sua atenção do fluxo externo dos estímulos passageiros de modo a se conectarem mais profundamente com o fluxo interno de palavras, ideias e emoções. … Era um cérebro literário.” Pesquisa de N. Speer (2009) com tomografia de pessoas lendo livros de ficção: “As regiões cerebrais que eram ativadas muitas vezes ‘espelhavam aquelas atividades quando as pessoas realizam, imaginam, ou observam atividades semelhantes no mundo real. … A leitura profunda … não é de modo algum uma atividade [mentalmente] passiva.’ O leitor se torna o livro.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 19 7. Cap. 4: O aprofundamento da página (cont.) Depois de 550 anos, a gráfica e seus produtos estão sendo empurrados do centro para a periferia da vida intelectual Correntes principais: Computador, tablet, celular, smartphone Companheiros constantes Meios principais para Armazenar, processar, repartir informações de todas as formas, inclusive textos Nova ética intelectual! Caminhos do cérebro estão novamente sendo redirecionados Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 20 7. Cap. 5: Um meio de natureza mais geral Internet começou com texto Daí suas “páginas” Com aumento de velocidade e capacidade Foram incorporados imagens, fotos, gráficos Depois veio o som, vídeo e jogos TNS Global (2008), pesquisa internacional com 27.500 pessoas entre 18 e 53 anos 30% do tempo livre conectados Na China: 44% Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 21 7. Cap. 5: Um meio de natureza mais geral (cont.) Nielsen Co. (2008), celulares nos EEUU Enviam/recebem em média 400 textos/mês Aumento de 4 vezes desde 2006 Adolescente (teen) médio americano 2.272 textos/mês [!!!] Nielsen Co. (2009): tempo de uso de TV permaneceu o mesmo EEUU: 153 h/mês [5 h/d !!] Sem contar TV nos computadores Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 22 7. Cap. 5: Um meio de natureza mais geral (cont.) Tempo em frente a telas aumentou enormemente Ball State Univ. (2009): A maior parte dos americanos gastava > 8,5 h/d usando aparelhos com tela [M.Spitzer: Vorsicht, Bildschirm! Elektronischen Medien, Gehirnentwicklung, Gesundheit und Gesellschaft {Cuidado, tela! Meios eletrônicos, desenvolvimento do cérebro, saúde e sociedade}, Stuttgart: Klett, 2005] O que parece ter diminuído é o tempo dedicado a se ler textos impressos Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 23 7. Cap. 5: Um meio de natureza mais geral (cont.) A maneira de se usar a Internet é totalmente diferente do texto impresso Hyperlinks (vínculos) Mais simples pular de página Buscas fragmentam o trabalho Várias janelas numa tela perturbam a concentração “Não vemos mais florestas. Nem árvores. Vemos folhas e gravetos.” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 24 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista Dúzias de pesquisas mostram que pessoas conectadas na rede Têm pensamentos apressados e distraídos Têm aprendizado superficial Não conseguem pensar profundamente É impossível pensar superficialmente quando se lê um livro Com exceção do alfabeto e dos números, a Internet talvez seja a tecnologia mais poderosa para alterar a mente Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 25 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Seguir links e mudar de programa requerem Coordenação mental constante Tomada de decisões Sacrificando a habilidade que torna a leitura profunda (deep reading) possível Leitura profunda permite e desenvolve o pensamento profundo Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 26 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Lori Bergen (2005): “Quando nosso cérebro é sobrecarregado, mais” distrações distraem Hipertexto Pesquisa de 1990: leitores de hipertexto não lembravam o que tinham ou não tinham lido Outra, mesmo ano: 2 grupos, um com um texto linear, outro o mesmo com hipertexto Grupo sem hipertexto foi muito melhor Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 27 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Jean-François Rouet (1996): revisão desses e outros resultados Acharam que os leitores “alfabetização de hipertexto” iriam desenvolver E aí os problemas iriam diminuir Isso não aconteceu Pessoas que leem textos lineares têm mais compreensão, lembrança, aprendizado Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 28 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) David S. Miall (2001): pesquisa com 70 pessoas Um grupo lendo história curta linear 10% relatou dificuldade em seguir o texto Outro grupo: a mesma história com hipertextos Esse grupo levou mais tempo relatou mais confusão e falta de certeza do que tinha lido 75% disseram que tiveram dificuldade em seguir o texto Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 29 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Erping Zhu (1999): número variável de links Quando maior o número de links, menor a compreensão Forte correlação entre número de links e desorientação ou sobrecarga cognitiva Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 30 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Helene Hembrooke (2003): numa classe da Cornell University Um grupo de estudantes sem laptops Outro grupo com laptops com acesso à Internet Esse grupo “teve rendimento significativamente mais fraco nas medidas imediatas de memória” Independente de o aluno ter navegado em conteúdos que diziam respeito à aula ou não Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 31 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Lori Bergen (2005): estudantes da Kansas State Univ. Assistiram transmissão de 4 notícias pela CNN Um grupo, transmissão com infográficos, outras notícias na linha inferior Outro grupo só as notícias Esse grupo lembrava muito mais fatos “O formato de multimensagem parecia exceder a capacidade de atenção” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 32 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Por projeto, a Internet é um sistema de interrupção, uma máquina de dividir a atenção Estamos mudando do cultivo do conhecimento pessoal para caçadores e coletores na floresta de dados eletrônicos O conhecimento não está mais na pessoa, está na Internet Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 33 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Quanto mais se faz várias coisas ao mesmo tempo (multitasking) Menos se tomam decisões Fica-se com menos capacidade de pensar e raciocinar sobre um problema Pode-se superar algumas ineficiências em fazer várias coisas Mas nunca se será tão bom quanto se focalizar em uma só coisa Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 34 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Podemos assumir que os circuitos neuronais dedicados a “escanear” e executar múltiplas tarefas estão se expandindo, e se fortalecendo enquanto os usados para ler e pensar profundamente, com concentração duradoura estão enfraquecendo ou sendo erodidos Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 35 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Eyal Ofir (2009), Stanford Univ. “Viciados em multitarefas são ávidos por coisas irrelevantes; qualquer coisa os distrai” Merzenich (o da plasticidade do cérebro): Ao realizar multitarefas, estamos treinando nossos cérebros para prestar atenção em lixo As consequências para nossa vida intelectual podem ser mortais Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 36 8. Cap. 7: O cérebro do malabarista (cont.) Rede está nos tornando mais espertos Somente se definirmos padrões da própria rede inteligência pelos Um conceito mais amplo de inteligência Amplitude e profundidade, não a rapidez Leva à conclusão de que a rede é muito negativa Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 37 9. Cap. 8: A igreja da Google Taylorismo elevado ao paroxismo Princípio básico Chegar mais rápido possível ao dado procurado E sair dele o mais rápido possível Ver também, de Scott Cleland Busque e destrua – por que você não pode confiar no Google Inc. Matrix, 2012 Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 38 9. Cap. 8: A igreja da Google (cont.) Eliminação da privacidade e uso indevido de dados Google deseja apossar-se de todos os dados do mundo Construção do perfil dos usuários Gmail: inclusive dos não registrados nele Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 39 9. Cap. 8: A igreja da Google (cont.) George Dyson (1997): “Tudo o que seres humanos estão fazendo para tornar a operação de redes de computadores mais fácil está, ao mesmo tempo, mas por razões diferentes, tornando mais fácil redes de computadores operarem seres humanos” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 40 9. Cap. 9: Busque, memória Sheila Crowell (2004): “O próprio ato de lembrar parece modificar o cérebro de modo a facilitar o aprendizado de ideias e habilidades no futuro.” Memória é aparentemente ilimitada Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 41 9. Cap. 9: Busque, memória (cont.) A Internet é completamente diferente de outras ajudas à memória de trabalho Coloca mais pressão na memória de trabalho Desvia recursos de nossas faculdades superiores de raciocínio Obstrui a consolidação de memórias de longa duração e o desenvolvimento de esquemas conceituais A rede é uma tecnologia do esquecimento Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 42 10. Digressão: Sobre a escrita deste livro Como o autor conseguiu concentrar-se para escrever esse livro? No começo, foi quase impossível Ficou claro que ele devia mudar totalmente de vida Mudou-se para as montanhas de Colorado Eliminou quase todo o uso da Internet Consultava e-mails apenas uma vez por dia Cancelou Twitter Interrompeu o Facebook Bloqueou mensagens instantâneas Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 43 10. Digressão: Sobre a escrita deste livro (cont.) Desmantelar a vida conectada não foi fácil “Durante meses, minhas sinapses gritavam pela sua dose de rede” Com o tempo, a coisa melhorou, e Carr viu que dava para digitar durante horas ou ler um artigo acadêmico complexo sem perder a concentração Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 44 10. Digressão: Sobre a escrita deste livro (cont.) Sentiu-se mais calmo em geral e com mais controle de seus pensamentos Menos como um rato apertando alavanquinhas Mais como um ser humano (!!!) No entanto, ao terminar o livro, ele está voltando aos usos anteriores da rede “Tenho que confessar: É agradável [cool] Não estou seguro de poder viver sem isso” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 45 11. Cap. 10: Uma coisa como eu James A. Evans, 2008 Análise de 34 milhões de artigos publicados em revistas científicas de 1945 a 2005 Quanto mais as revistas eram colocadas na Internet, menos os autores citavam outros trabalhos Quanto mais trabalhos antigos eram inseridos, mais os pesquisadores citavam trabalhos recentes Conclusão de Evans: Uma ampliação da informação disponível levava a “um estreitamento da ciência e do conhecimento” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 46 11. Cap. 10: Uma coisa como eu (cont.) Marc Berman, 2008 3 dúzias de pessoas foram submetidas a uma série de testes rigorosos mas exaustivos, destinados a testar a memória de trabalho a habilidade de exercer controle sobre a atenção Depois dos testes Um grupo foi passear por 1 hora num parque arborizado isolado Outro grupo passeou em ruas movimentadas da cidade Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 47 11. Cap. 10: Uma coisa como eu (cont.) Marc Berman, 2008 (cont.) Depois os grupos voltaram a fazer os testes O grupo do parque melhorou seu rendimento Indicando um aumento substancial de atenção O grupo da cidade não melhorou nos testes Conclusão: Empregar tempo no mundo natural parece ser de importância vital para o funcionamento efetivo da cognição Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 48 11. Cap. 10: Uma coisa como eu (cont.) Carr: na Internet não existe local tranquilo onde a contemplação pode exercer sua mágica restauradora Nela há só a agitação hipnotizadora sem fim das avenidas urbanas Exaustivas e “distrativas” Carr, citando A.Damásio: pesquisas do grupo de Como a Internet diminui a capacidade de contemplar, está alterando a profundidade de nossas emoções e de nossos pensamentos Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 49 12.Epilogo: Elementos humanos Lembra os “sentimentos” da máquina HAL no filme 2001, ao ser desligada: “Posso sentir, posso sentir, estou com medo” Os seres humanos no filme são todos frios e objetivos Como se estivessem seguindo um algoritmo Esta é a essência da profecia negra de Stanley Kubrick: Na medida em que nos apoiamos em computadores para mediar nossa compreensão do mundo, é nossa própria inteligência que se aplana na [flattens into] inteligência artificial Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 50 TÓPICOS ۷ 1. Introdução ۷ 2. Resumo de alguns capítulos 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 51 13. Meus comentários Pontos mais importantes do livro A Internet é essencialmente “distrativa” Prejudica a capacidade de concentração mental Prejudica a “leitura profunda” Atrai pela novidade e pelo imediatismo Para uma boa parte da humanidade a Internet Tornou-se uma obsessão, um vício Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 52 13. Meus comentários (cont.) Não estou de acordo com o abuso do uso de “cérebro”, “circuitos neuronais” etc. Não sabemos cientificamente o que é o pensar, sentir e querer, memória, consciência e autoconsciência, isto é, nossas funções mentais Portanto, não se pode afirmar cientificamente que essas funções mentais são geradas pelo cérebro Obviamente, o cérebro participa dessas funções Assim, é relevante mostrar que a tecnologia altera o cérebro como diz Carr em boa parte do livro Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 53 13. Meus comentários (cont.) Discurso de Carr: Ex.: título do cápítulo “Digressão: no que o cérebro pensa quando pensa sobre si próprio” Como ele fala normalmente? Provavelmente: “Eu penso que vai chover hoje” Ele não diz “Meu cérebro pensa que vai chover hoje” Portanto, o correto seria “O que meu pensamento pensa quando pensa sobre si próprio” Dessa maneira, o discurso usado por Carr mistifica as funções cerebrais e da mente Mas isso não argumentos diminui Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) a força de seus 14/10/14 54 13. Meus comentários (cont.) Uma das minhas hipóteses de trabalho é que a mente é muito mais do que o cérebro P.ex., qualquer um pode ter a vivência de poder ser livre no pensamento, isto é, decidir o que vai pensar em seguida concentrar o pensamento (mantê-lo por algum tempo em um tema escolhido) Sem concentração mental não se pode ler um livro, estudar e produzir intelectualmente O cérebro é apenas matéria, e da matéria não pode advir livre arbítrio Ela está inexoravelmente sujeita às “leis” e condições físicas Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 55 TÓPICOS ۷ 1. Introdução ۷ 2. Resumo de todos os capítulos ۷ 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 56 14. Minhas complementações Outras pesquisas, ex.: Morrisson e Gore (2010): The Relationship between Excessive Internet Use and Depression. Psychopathology 43:2 Bedrosian, T.A. et al. Chronic dim light at night provokes reversible depression-like phenotype. Molecular Psychiatry (2012) 1:7. (Influência de luz artificial [5 lumens vs. 150 do dia] no hipocampo de cobaias.) H. Krasnova (2013): Envy on Facebook: A Hidden Threat to User’s Life Satisfaction? 11th Intn’l Conference on Wirtschaftspolitik, Leipzig, Germany Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 57 14. Minhas complementações (cont.) Carr não tratou das redes sociais Dão uma falsa impressão de sociabilidade Prejudicam a sociabilidade “olho no olho” Diminuem o contato pessoal Pessoas comunicam em geral o que gostariam de ser Em geral, comunicação de trivialidades inúteis Excitação pela curiosidade do imediatismo Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 58 14. Minhas complementações (cont.) A tecnologia tem uma missão Libertar o ser humano das forças da natureza, interiores e exteriores a ele No entanto, em lugar de libertá-lo, ela está escravizando o ser humano, e toda a natureza Temos que mudar essa situação Ver em meu site meu artigo “A missão da tecnologia” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 59 14. Minhas complementações (cont.) Todos percebem que a natureza está sendo destruída Não pelas religiões e fanatismos religiosos Somos todos contra eles Está sendo destruída pelo mau uso da tecnologia que é a filha dileta da ciência Muita ciência é feita visando a tecnologia Que está a serviço do capital, i.é, egoísmo e ganância No entanto, poucos percebem que o ser humano também está sendo destruído Justamente pela tecnologia Não só fisicamente, como a natureza, mas também seu pensar, sentir, querer, e suas consciência e autoconsciência, e até sua memória Como Carr mostrou muito bem em relação à Internet Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 60 14. Minhas complementações (cont.) Uma das maneiras seguras de destruir a humanidade é destruir as crianças e os adolescentes É justamente o que TV, video games, e computadores/tablets/smatphones/Internet estão fazendo Ver meu artigo com mais de uma centena de citações de trabalhos científicos: Os efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos. pelo google: setzer efeitos negativos Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 61 14. Minhas complementações (cont.) A Internet exige enormes Conhecimento Discernimento Autoconsciência Autocontrole Que crianças e adolescentes não têm! Estão desenvolvendo-os!!! Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 62 14. Minhas complementações (cont.) Há ainda os perigos de predadores Ver o livro de Gregory Smith “Como proteger seus filhos na Internet” e minha resenha “Como proteger seus filhos e alunos DA Internet” E a questão da dependência Ver o livro de K. Young e Cristiano de Abreu, “Dependência de Internet – manual e guia de avaliação e tratamento”, 2011 Pelo menos 10% de todos os usuários de Internet são viciados nela Portanto, Internet não é para crianças e adolescentes Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 63 14. Minhas complementações (cont.) Qual é a solução? (Para os adultos) Conhecer profundamente cada tecnologia Principalmente seus impactos na natureza e nos seres humanos Dominar o uso de cada tecnologia Usar com consciência Colocar a tecnologia em seu devido lugar Ex.: o lugar correto de todos os video games violentos é no LIXO Fazer a tecnologia deixar de servir ao egoísmo e à ganância E passar a servir ao amor altruísta Pois o egoísmo é destrutivo, o altruísmo é construtivo Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 64 TÓPICOS ۷ ۷ ۷ ۷ 1. Introdução 2. Resumo de todos os capítulos 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 65 15. Minhas recomendações Atividades imediatas (durante o uso) Interromper periodicamente o uso do computador Usar o sistema MINDFULNESS BELL Quando o gongo tocar, talvez a cada 30 min: Interromper imediatamente qualquer uso do computador De olhos fechados, concentrar-se no som do gongo em seguida fazer um exercício de concentração mental A cada 50 min fazer 10 min de intervalo Passear, exercícios físicos, pequena atividade artística Seguem desenhos de formas feitos por meus alunos Eu interrompo as aulas no meio para essa atividade assim os alunos não ficam só no intelecto! Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 66 Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 67 16. Minhas recomendações (cont.) Atividades imediatas (cont.) Sentar recostado para trás, relaxado Não seguir links enquanto se lê um texto Chegar ao fim do texto, e depois seguir um link Não fazer várias coisas ao mesmo tempo (multitasking); exemplos Não ficar alternando entre vários programas Não ouvir música de fundo (a não ser no carro) Não usar vários aparelhos ao mesmo tempo Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 68 16. Minhas recomendações (cont.) Atividades de longo prazo Desenvolver autocontrole Ex.: acordar de manhã e adiar o máximo possível o acesso à Internet e o uso do computador Usar e-mail no máximo uma vez por dia Fazer atividades artísticas Pintura, desenho, modelagem, cerâmica, teatro, ... Ver meu ensaio “Um antídoto contra o pensamento computacional” Ler pelo menos um bom romance a cada mês ou 2 meses Desenvolve a imaginação e a concentração Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 69 16. Minhas complementações (cont.) Atividades de longo prazo (cont.) Ler uma poesia por dia Recomendação de Darwin (!), no fim de sua vida Hemleben, J. Darwin. Reinbeck: Ro Ro Ro, 1976, pp. 151-152 Decorar as que mais gostar Repetir mentalmente durante qualquer tempo livre Ao ler um livro técnico, científico ou filosófico Usar impresso Sublinhar trechos mais importantes Fazer no livro um índice para esses trechos Tudo isso força a concentração no texto Aprender e praticar um instrumento musical Ex.: Qualquer pessoa pode aprender a tocar flauta doce Até sozinho, com ajuda esporádica de alguém Comprar um “método” Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 70 16. Minhas recomendações (cont.) Atividades de longo prazo (cont.) Cantar em um coral Diariamente: exercícios de concentração mental Com olhos fechados, produzir inicialmente calma interior Sensação muito especial Em seguida, pensar em algo sem divagar Ex.: mostrador numérico de senha Imaginar e “falar” interiormente números vermelhos de 100 a 0 Cuidado para não “falar” ou imaginar outras imagens Notar a liberdade interior, o livre arbítrio! Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 71 16. Minhas recomendações (cont.) O computador produz uma real poluição mental Indisciplina mental, “pensamento maquinal” Sensações de desafio, de poder e de excitação Ações mecânicas, abafamento do autocontrole As atividades de longo prazo recomendadas têm a finalidade de estabelecer um equilíbrio e higienizar a mente Só praticando-as pode se perceber o seu efeito benéfico Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 72 16. Minhas recomendações (cont.) ESPERO QUE VOCES TENHAM ENERGIA E CORAGEM PARA SE CONSCIENTIZAREM DOS PROBLEMAS DA INTERNET E DOS MEIOS ELETRÔNICOS ASSUMIREM O AUTOCONTROLE REDIRECIONAREM E APERFEIÇOAREM SUA VIDA MENTAL E COM ISSO TEREM UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL SOCIALMENTE MAIS PRODUTIVA Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 73 TÓPICOS ۷ ۷ ۷ ۷ ۷ 1. Introdução 2. Resumo de todos os capítulos 3. Meus comentários 4. Minhas complementações 5. Minhas recomendações Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 74 FIM Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 75 O QUE A INTERNET ESTÁ FAZENDO COM NOSSAS MENTES (apresentação super-resumida) Valdemar W. Setzer Depto. de Ciencia da Computação, Universidade de São Paulo, Brasil www.ime.usp.br/~vwsetzer google: valdemar setzer (Ver no site: o artigo “O que a Internet está fazendo com nossas mentes”; na seção “Apresentações”, a apresentação completa e em “Vídeos” a gravação da palestra de 18/10/11 no IME-USP) Valdemar W. Setzer – A Internet e as nossas mentes (super-reduzida) 14/10/14 76