Crítica de arte Apresentando um objeto cultural. Resenha – Conceito – Tipos de Resenha – Importância – Elaboração – Movimentos Retóricos – Conclusão – Bibliografia Recomendada – Bibliografia Conceitos • É uma síntese descritiva e crítica do conteúdo de uma obra. • Parece-se ao resumo crítico, contudo, é mais abrangente: permite comentários e opiniões, inclui julgamento de valor, comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero. Tipos de crítica • Uma críticapode ser puramente informativa, limitando-se a expor o conteúdo do texto resenhado com a maior objetividade possível. Nesse caso, confunde-se com o resumo. • A resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra (resumo), acompanhada de uma avaliação crítica. Importância da Resenha • Na ótica da circulação dos textos, é uma forma de apresentar à sociedade uma nova produção acadêmica; • Na perspectiva do receptor, representa aos pesquisadores e leitores em geral uma economia de tempo e dinheiro em possíveis leituras desnecessárias; Importância da Resenha •Na ótica do produtor experiente, mostra o domínio que ele tem do conteúdo (autoridade do saber). Na perpesctiva do resenhista novato, é uma forma de apresentar-se como participante do debate acadêmico. •Imprescindível para desenvolver a mentalidade científica, constituindo-se no primeiro passo para introduzir o iniciante na pesquisa e na elaboração de trabalhos monográficos. Elaboração da crítica A crítica requer, de quem a elabora, exigências tais como: – Competência de leitura; – Capacidade de juízo crítico para distinguir claramente o essencial do supérfluo. – Conhecimento completo da obra; Elaboração da Crítica – Independência de juízo para ler, expor e julgar com isenção de preconceitos, simpatias, ou antipatias (imparcialidade ≠ objetiviade); – Correção e urbanidade, respeitando sempre a pessoa do autor e suas intenções ( a crítica é ao conteúdo do texto); – Fidelidade ao pensamento do autor. Elaboração da Crítica • Informa sobre um objeto cultural e orienta o leitor a consumi-lo ou não; • Descreve o objeto, avaliando seus aspectos mais significativos; • Apresenta verbos predominantemente no presente do indicativo; • Apresenta linguagem impessoal; • A linguagem varia de acordo com o público a que o texto é destinado. Elaboração da Crítica – De que trata o objeto? – De que modo o assunto é abordado? – E com que objetivos? – A quem se dirige? O receptor irá achá-lo útil? – Quem o escreveu? – Tem o objeto alguma característica especial? – Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo? Elaboração da Crítica – O tratamento dado ao tema é compreensivo? – O objeto foi mostrado de modo interessante e agradável? – As ilustrações foram bem escolhidas? – O objeto foi bem organizado? – Que resulta da comparação dessa obra com outras similares (caso existam) e com outros trabalhos do mesmo autor/ diretor? Movimentos Retóricos da Crítica • Movimento retórico 1: apresentação e avaliação inicial do objeto. • Movimento retórico 2: descrição e avaliação do objeto (comparação com outras obras do autor/ diretor ou de outros especialistas). • Movimento retórico 3: recomendação final sobre o objeto. Movimentos Retóricos da Crítica MR1: apresentação e avaliação inicial do objeto. • • • • • • Define-se o assunto ou tema do livro e/ou Explicita-se a abordagem utilizada e/ou Registram-se seus objetivos e/ou Delimitando leitores potenciais da publicação e/ou Fornecem-se informações sobre o autor e/ou Apresenta-se uma avaliação inicial. Movimentos Retóricos da Crítica MR2: Descrição e avaliação de partes do livro. • Descreve-se a organização geral do livro e/ou • Especifica-se o assunto de cada parte e/ou • Avaliam-se partes específicas do livro Movimentos Retóricos da Crítica MR3: recomendação final sobre o livro • Recomenda-se o objeto ou • Recomenda-se o objeto com restrições ou • Desaconselha-se o objeto. Conclusão • A crítica possui grande importância no meio científico, como contribuinte no desenvolvimento do conhecimento. Uma vez que compila informações sobre bibliografias publicadas emitindo um juízo de valor. O que vem a auxiliar na escolha da leitura. • Um dos fatores mais importantes e indispensáveis na elaboração de uma resenha vem a ser a ética profissional do crítico. Exemplo A história de O Alienista, que se passa no séc. XlX, retrata a burguesia hipócrita da época, o autor se vale do personagem magnífico — Dr. Simão Bacamarte — médico que irá desenvolver suas teorias a respeito do tratamento da loucura, conhecimento adquirido em sua estadia na Europa. A ironia de Machado de Assis é notória, quando mostra a hipocrisia do ser humano que só pensa em seu próprio prestígio. Dr. Simão Bacamarte, casado com uma apática senhora, consegue da Câmara de Vereadores de Itaguaí verba para fundar a “Casa de Orates”, ou “Casa Verde”, um hospício onde o sinistro e empertigado médico resolve estudar os limites entre a razão e a loucura, convencendo as autoridades e a população de que estudar este mal era tendência na Europa. Fica então a cidade à revelia deste homem que resolve, por sua conta e risco, julgar quais eram os loucos da cidade e quais os sãos. Vai internando, um a um, os verdadeiramente doentes que até então eram tratados e cuidados em casa pelos familiares. Aos poucos Simão Bacamarte, num surto surpreendente, resolve que os honestos e os justos eram também loucos. Chega ao ponto de internar quase toda a cidade. Na medida em que vai analisando suas teorias, vai alterando o tratamento dispensado aos pacientes. Mas a cidade já está desconfiada do médico insano, assim, a reação não tarda e uma revolução armada irá contestar o médico que, acuado, toma resolução inusitada, surpreendente. Aqui, em O Alienista, o leitor se diverte, ri a valer, mas percebe a irônica crítica de Machado de Assis à sociedade burguesa daquela época. Um livro gostoso de ler, uma surpresa a cada página, personagens atípicos e crédulos da suposta superioridade européia na medicina da loucura. Tremenda crítica à sociedade que o autor nunca perdia oportunidade de mostrar patética e hipócrita. Uma peça realmente fantástica, vale a pena ler. Bibliografia Recomendada ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 144p. JOHANN, Jorge Renato (coord.). Introdução ao método científico: conteúdo e forma do conhecimento. 2.ed. Canoas: Ed. ULBRA, 1997. 145p. REY, Luís. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo, Edgard Blücher, Ed.da USP, 1972. SÁ, Elisabeth Schneider de (Coord.)...[et.al.]. Manual de normalização de trabalhos técnicos científicos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1994. 184p. SALVADOR, Ângelo Domingos. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. 3 ed. Porto Alegre: Sulinas, 1973. Bibliografia CARVALHO, Gisele de. Resenhas acadêmicas: um guia rápido para escritores de primeira viagem. Disponível em http://paginas.terra.com.br/arte/dubitoergosum/arquivo65.htm Acesso em: 07 nov. 2007. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1985. LAMEIRA, Leocadio J. Resenha. Disponível em: <http://wwwusr.inf.ufsm.br/~edklug/metodologiacientifica/art-ens-res.doc. Acesso em: 24 ago. 2004. A crítica recensória [resenha crítica], por sua função de recomendação, não pode eximir-se, senão em casos de excepcional vilania, de pronunciar um juízo sobre aquilo que o texto diz. Umberto Eco