As pessoas não são eternas. Pelo menos não na vida terrena. Elas apenas passam, vivem o tempo que lhes é ofertado e retornam à terra. Ninguém pode acrescentar um segundo sequer à sua vida ou à de alguém. Não temos esse poder e quando a hora chega, ela chega. Mas preferimos não pensar nisso. Julgamos que temos todo o tempo do mundo para fazer isso ou aquilo, para recuperar o perdido, para sarar o ferido e restabelecer a paz. Amanhã eu ligo, amanhã eu faço, amanhã peço perdão, amanhã me reconcilio, amanhã... como se pudéssemos segurar o amanhã nas nossas mãos! Como se ele fosse chegar por nossa vontade e trazer tudo como ontem ou como hoje! Amanhã? Hoje é o amanhã de ontem e tudo continua na mesma, por que espera-se pelo amanhã. Cada qual tem sua história e suas histórias. Cada qual sua cruz e suas dores, suas alegrias, seus lamentos, seus dissabores, seus ganhos e perdas. É o que nos forma como pessoas, que nos dá a impressão de existir, de fazer parte do universo. E há, assim, como com milhares de outros, relacionamentos quebrados, porque um dia alguém feriu e foi ferido. Quando isso acontece, construímos em volta do nosso coração um muro, uma barreira que o outro não pode atravessar. Nos sentimos tão importantes com isso que nem percebemos que esse muro impede o outro de entrar, mas nos impede, a nós, de sair. Nos tornamos prisioneiros, aprisionados das nossas idéias e nossas mágoas. Não estendemos a mão e recusamos a do outro, caso nos estenda. Enquanto isso, a vida continua. Não damos, talvez para punir e não recebemos, como punição que nos infligimos a nós mesmos, inconscientemente. Vamos deixar para amanhã para resolver isso, porque hoje estamos magoados demais, não conseguimos perdoar e não queremos dar o braço a torcer, afinal, não erramos. E eu diria, como Cristo, quem nunca errou, que atire a primeira pedra! Amanhã não existe. O amanhã, só o conhecemos quando o sol nasce e que o Senhor nos dá aquele dia a mais. E todo mundo não chega lá. Não podemos afirmar que estaremos ainda aqui, porque a vida é imprevisível, às vezes temos o sentimento que é mesmo cruel. Se o hoje nos é ofertado, por que não viver sem grades e sem muros, em comunhão com o mundo e com Deus? O orgulho? Olhe para ele de cara feia e diga: eu quero é ser feliz e se eu quero, eu vou ser feliz! Muros nos impedem de abraçar, de sentir o calor ou as batidas do coração do outro. Nos impedem de dar e de receber, nos transformam em pessoas separadas e isoladas. Destrua, então, com coragem, dessa que só os grandes possuem, esse muro em volta do seu coração e volte a abraçar. Perdoe, mesmo se perdão não foi solicitado, porque cada qual deve dar conta da sua vida a Deus e a outra pessoa responderá por si mesma. Liberte-se, porque se o amanhã não vier para a outra pessoa, você terá que aprender a conviver com seu coração fechado e terá perdido os melhores anos da sua vida. Créditos: Autoria do texto: Letícia Thompson Formatação do PPS: Mara Lúcia Música: Bridge Over Troubled Water - Richard Clayderman Julho/2006 Visite o site da autora: http://www.leticiathompson.net Respeite os direitos autorais.