Amanhã não existe - Letícia Thompson

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As pessoas não são eternas.
Pelo menos não na vida terrena.
Elas apenas passam, vivem o tempo que lhes é
ofertado e retornam à terra.
Ninguém pode acrescentar um segundo sequer à
sua vida ou à de alguém.
Não temos esse poder e quando a hora chega,
ela chega.
Mas preferimos não pensar nisso.
Julgamos que temos todo o tempo do mundo para
fazer isso ou aquilo, para recuperar o perdido,
para sarar o ferido e restabelecer a paz.
Amanhã eu ligo, amanhã eu faço, amanhã peço
perdão, amanhã me reconcilio, amanhã... como se
pudéssemos segurar o amanhã nas nossas mãos!
Como se ele fosse chegar por nossa vontade e trazer
tudo como ontem ou como hoje! Amanhã?
Hoje é o amanhã de ontem e tudo continua na
mesma, por que espera-se pelo amanhã.
Cada qual tem sua história e suas histórias.
Cada qual sua cruz e suas dores, suas
alegrias, seus lamentos, seus dissabores, seus
ganhos e perdas.
É o que nos forma como pessoas, que nos dá
a impressão de existir, de fazer parte do
universo.
E há, assim, como com milhares de outros,
relacionamentos quebrados, porque um dia
alguém feriu e foi ferido.
Quando isso acontece, construímos em volta do
nosso coração um muro, uma barreira que o
outro não pode atravessar.
Nos sentimos tão importantes com isso que nem
percebemos que esse muro impede o outro de
entrar, mas nos impede, a nós, de sair.
Nos tornamos prisioneiros, aprisionados das
nossas idéias e nossas mágoas. Não estendemos
a mão e recusamos a do outro, caso nos
estenda.
Enquanto isso, a vida continua.
Não damos, talvez para punir e não
recebemos, como punição que nos infligimos
a nós mesmos, inconscientemente.
Vamos deixar para amanhã para resolver isso,
porque hoje estamos magoados demais, não
conseguimos perdoar e não queremos dar o
braço a torcer, afinal, não erramos.
E eu diria, como Cristo, quem nunca errou,
que atire a primeira pedra!
Amanhã não existe.
O amanhã, só o conhecemos quando o sol nasce
e que o Senhor nos dá aquele dia a mais.
E todo mundo não chega lá.
Não podemos afirmar que estaremos ainda
aqui, porque a vida é imprevisível, às vezes
temos o sentimento que é mesmo cruel.
Se o hoje nos é ofertado, por que não viver
sem grades e sem muros, em comunhão com
o mundo e com Deus?
O orgulho?
Olhe para ele de cara feia e diga:
eu quero é ser feliz e se eu quero,
eu vou ser feliz!
Muros nos impedem de abraçar, de sentir o
calor ou as batidas do coração do outro.
Nos impedem de dar e de receber, nos
transformam em pessoas separadas e isoladas.
Destrua, então, com coragem, dessa que só os
grandes possuem, esse muro em volta do seu
coração e volte a abraçar.
Perdoe, mesmo se perdão não foi solicitado,
porque cada qual deve dar conta da sua vida a
Deus e a outra pessoa responderá por si mesma.
Liberte-se, porque se o amanhã não vier para a
outra pessoa, você terá que aprender a conviver
com seu coração fechado e terá perdido os
melhores anos da sua vida.
Créditos:
Autoria do texto: Letícia Thompson
Formatação do PPS: Mara Lúcia
Música: Bridge Over Troubled Water - Richard Clayderman
Julho/2006
Visite o site da autora:
http://www.leticiathompson.net
Respeite os direitos autorais.
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