Visualização do documento ABC_orig_02_-_Capítulo_Livro_HNSL-Instrumentos_da_Avaliação_Respiratória.doc (5304 KB) Baixar LIVRO: O abc da Fisioterapia Cardiorrespiratória (Editora Manole). INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA Luciana Assis Pires Andrade Vale Naiana Valério Introdução A avaliação do sistema respiratório vem sendo utilizada há séculos por profissionais da área da saúde para o conhecimento mais específico do sistema respiratório. Vários métodos e instrumentos surgiram ao longo dos anos, deixando mais sofisticado o estudo do conhecimento do sistema respiratório. Métodos invasivos e não invasivos de avaliação respiratória tornaram-se mais freqüentes nas unidades de internação, estando ao alcance de todos profissionais da área da saúde. Métodos e equipamentos não invasivos para a avaliação respiratória, vem ganhando a preferência na prática médica, devido à praticidade para realização, a facilidade de manuseio, o baixo custo e, principalmente, pela diminuição ou até ausência de riscos adversos. A avaliação a beira do leito, tornou-se mais simples e mais completa, dando ao profissional da saúde dados mais específicos da função pulmonar de seu paciente. Dados esses, imprescindíveis para o direcionamento dos objetivos e plano de tratamento a serem utilizados no processo de reabilitação pulmonar. Descreveremos nesse capítulo, instrumentos de avaliação respiratória mais freqüentemente utilizados no cotidiano hospitalar e ambulatorial. 1. Oximetria A oximetria de pulso é um dos métodos de monitorização respiratória nãoinvasivo mais utilizados nas unidades de internação, principalmente, nas unidades de terapia intensiva adulto, pediátrica e neonatal. Seu baixo custo, sua praticidade e facilidade de manuseio possibilitam o seu uso em vários locais, como clínicas, residências ou então, estarem incorporados ao sistema de monitorização usados em salas de emergência, unidades de terapia intensiva e centros cirúrgicos. O oxímetro de pulso fornece leitura da saturação do sangue, avaliando o comportamento de absorção da oxiemoglobina e deoxiemoglobina em relação aos comprimentos de luz vermelha e infravermelha emitidos pelo mesmo (1). O equipamento é constituído de um monitor, um cabo e um sensor, com uma fonte emissora de luz (fototransmissor) e uma fonte receptora de luz (fotorreceptor). O fototransmissor é composto por dois diodos emissores de luz (LEDs – light-emitting diodes) que são ativados alternadamente, emitindo luz monocromática de alta intensidade de 660nm (vermelha) e 940nm (infravermelha) que são capitadas pelo fotorreceptor localizado no lado oposto do fototransmissor, que mede a intensidade de luz transmitida através do tecido. Os sinais detectados pelo fotorreceptor microprocessador e mostrados no visor do oxímetro (2). são processados por um Figura 1. Diagrama do oxímetro de pulso, com o posicionamento correto do fotoemissor e fotodetector (3). O processo de leitura de absorção de luz de alta intensidade pelo oxímetro de pulso, baseia-se em três princípios: a Espectrofotometria, a Lei Beer-Lambert e a Pletismografia. Tabela I. Princípios de funcionamento do oxímetro de pulso. Princípio Funcionamento Cada substância tem um único espectro de absorção de luz. A oxiemoglobina absorve menos luz vermelha Espectrofotometria (660nm) e mais luz infravermelha (940nm) do que a hemoglobina reduzida. A absorção de luz quando passa através de um solvente não-absorvente é proporcional à concentração Lei Beer-Lambert do soluto e ao comprimento do trajeto que a luz tem que percorrer naquele solvente (como o tecido). Presença de um sinal pulsátil gerado pelo sangue arterial que é relativamente independente do sangue venoso não-pulsátil. A pletismografia mostra a variação de absorção de luz da pulsação arterial que é Pletismografia transmitida na forma de onda (pletismográfica). A razão entre as amplitudes pletismográficas, nos comprimentos de onda vermelha e infravermelha, é usada para determinar a saturação de oxigênio pelo oxímetro de pulso. A mudança de absorção da luz em função da pulsação é utilizada para o cálculo da saturação parcial de oxigênio, baseada na razão de transmitância da luz absorvida nos dois comprimentos de onda, pois o oxímetro de pulso necessita captar a pulsação arterial para funcionar adequadamente. Durante a sístole há um aumento do volume sanguíneo, o que promove maior absorção da luz, com decréscimo correspondente da transmitância, enquanto que na diástole, diminui o volume sanguíneo, diminuindo a absorção de luz e aumentando proporcionalmente a intensidade da luz transmitida. No oxímetro de pulso apenas a absorbância do componente pulsátil entre a fonte transmissora e o fotorreceptor é considerado decorrente do sangue arterial, sendo definida como a saturação parcial de oxigênio (SpO2) (1). Sensores Os sensores devem ser escolhidos de acordo com a idade e peso do paciente, de forma que a fonte de luz e o fotorreceptor estejam posicionados a uma distância adequada um do outro. Vários tipos de sensores foram desenvolvidos para solucionar problemas de localização, podendo ser posicionados nas extremidades dos dedos dos pés ou mãos, na região anterior dos pés ou no lóbulo da orelha. Figura 2. Tipos de sensores e seus locais de fixação (3). Existem equipamentos portáteis que são uma peça única e devem ser colocados nos dedos da mão do paciente. Entretanto, sua monitorização para recémnascidos e lactentes é ineficiente por causa da condição anatômica do aparelho e pelo tamanho dos dedos dos bebês, mas em crianças maiores que 3 anos e adultos são de grande utilidade, principalmente na prática domiciliar. Figura 3. Oxímetro portátil de dedo (catálogo Comercial Médica). As medidas realizadas nas extremidades digitais são mais precisas, sendo as mais utilizadas na prática médica. Apesar do oxímetro de pulso ser considerado seguro, cuidados com os sensores devem ser seguidos, desde o seu bom posicionamento como a troca de fixação a cada 6-8 horas, a fim de se evitar queimaduras e necrose por pressão local (4). Deve-se evitar a fixação dos sensores em áreas edemaciadas e áreas em condições de pressão venosa elevada (próximas de torniquete e ou manguito de pressão), pois podem afetar a medida da saturação de oxigênio. O não posicionamento adequado do oxímetro de pulso faz com que a luz emitida pelo transdutor passe diretamente ao fotorreceptor sem passar através do leito de pulsação da arteríola, levando ao shunt óptico, o que resulta em medição incorreta (5). Limitações técnicas Apesar da oximetria de pulso ser um recurso amplamente utilizado na área médica, existem algumas limitações técnicas que a impedem de ser precisa. Uma das principais limitações apresentadas é que o oxímetro de pulso estima a saturação arterial de oxigênio (SaO2) e não a pressão arterial do oxigênio (PaO2). Este fato se deve ao formato sigmóide da curva de dissociação da oxiemoglobina, em que grandes alterações na PaO2 podem ocorrer (nas porções horizontais, inferior e superior da curva) com mudanças mínimas na SaO2, como mostra a figura 4. Figura 4. Curva de dissociação da oxiemoglobina (6). O paciente, especialmente quando recebe oxigenoterapia suplementar, pode apresentar uma queda importante da PaO2 com somente uma leve queda na SpO2. Por outro lado, a PaO2 pode aumentar para níveis tóxicos sem alterações significativas na SpO2 (7). A superestimação da SaO2 pode ser um grande problema na evolução do paciente, principalmente na área de neonatologia e pediatria, onde níveis hipóxia e hiperóxia podem prejudicar e definir a evolução clínica do paciente. Outros fatores também podem tornar a oximetria de pulso um método de monitorização respiratória não preciso, como demonstra a tabela abaixo. Tabela II. Fatores que prejudicam a leitura da oximetria de pulso. Fator Efeito Agitação e mau posicionamento do Deslocamento do sensor, erro na leitura paciente Hipotermia, vasoconstrição, Ocorre hipotensão e ausência de pulso vasoconstrição da região periférica, diminui o fluxo, erro na leitura Esmalte na unha e pele escura Fotodetector não capta os feixes de luz infravermelha, falso resultado baixo Luz ambiente, carboxiemoglobina hemaglobina aumento e da A molécula de hemoglobina mantém meta- uma ligação estável com o oxigênio, e o sensor capta mais molécula irradiadas com luz infravermelha, falso resultado alto Apesar das limitações técnicas observadas, o oxímetro de pulso tem um papel importante sobre a orientação do estado de oxigenação do paciente, sendo um excelente monitor para hipóxia. Com a monitorização contínua na situação de emergência, o oxímetro de pulso pode rapidamente detectar a progressão da hipóxia e a eficácia da resposta ao tratamento. A maioria dos fabricantes de oxímetro de pulso relatam uma precisão de leitura de ± 2% para SpO2 entre 70% e 100% e ± 3% para SpO2 entre 50% e 70%. Estudos como o de Chapman, relataram boa correlação entre a SaO2 e a SpO2 (0,09%) quando a SaO2 estava acima de 75%, entretanto havia diferenças significativas (11,2%) quando esses indivíduos eram expostos a hipóxia e suas SaO2 caíam para 60% a 70% (8). De modo geral, os estudos mostram que os oxímetros de pulso são razoavelmente seguros em condições estáveis e quando a SaO2 encontra-se acima de 70%. A precisão de leitura se deteriora significativamente quando a SaO2 esta abaixo de 70%. A oximetria de pulso consiste em um método rápido e não-invasivo de avaliar a saturação de oxigênio em diferentes situações, sendo especialmente utilizados nas unidades de terapia intensiva para acompanhamento e titulação da FiO2 (Fração inspirada de oxigênio) nos casos de ventilação mecânica e seu processo de retirada. 2. Capnometria e Capnografia A capnometria e a capnografia, consistem no registro numérico e gráfico não invasivo de monitorização do dióxido de carbono exalado (PetCO2) em pacientes adaptados à prótese ventilatória. A medida do dióxido de carbono expirado (PetCO2) permite uma monitorização contínua da pressão parcial de CO2 alveolar (PaCO2) que na maioria das vezes é muito semelhante à pressão parcial de CO2 arterial (PACO2), sendo de grande importância para o acompanhamento de pacientes em ventilação mecânica. A capnometria consiste na leitura e exibição dos valores numéricos da concentração de CO2 exalado em cada ciclo respiratório, realizada por um aparelho chamado capnômetro, enquanto que a capnografia além do valor numérico fornece a representação gráfica em forma de onda da concentração de dióxido de carbono exalado ao final de cada ciclo respiratório. A capnometria é a medida da concentração de CO2 na mistura de gás. A exibição contínua em forma de onda dos dados do capnômetro durante todo ciclo respiratório é chamado capnografia. A capnografia foi desenvolvida em 1943 e introduzida na prática médica em 1950 e 1955 (3). A capnografia pode ser instalada em qualquer paciente que esteja sob ventilação mecânica, sendo principalmente indicada naqueles que necessitam de um controle mais rigoroso da medida do PetCO2, como pacientes com patologias neurológicas (Traumatismo Crânio-Encefálico, Acidente Vascular Cerebral, Pósoperatório de cirurgias cranianas...) e patologias respiratórias (Crise Asmática, Síndrome da Angústia Respiratória, Hipertensão Pulmonar...). A capnografia pode ser realizada por dois métodos: a técnica de espectroscopia de massa e a espectroscopia infravermelha (absorção da luz infravermelha), sendo o último o método mais utilizado devido ao baixo custo. A capnografia por espectroscopia infravermelha baseia-se no princípio que o CO2 é capaz de absorver luz infravermelha dentro de uma variação de comprimento de onda. A luz infravermelha emitida pelo capnômetro passa através de uma câmera onde é absorvida pelo CO2 sendo a radiação remanescente dirigida para um detector com um semicondutor que cria um sinal elétrico. A concentração de CO2 é diretamente proporcional à quantidade de luz infravermelha absorvida. Este método permite em tempo real a medida contínua e a exibição da PetCO2 com um tempo de resposta de aproximadamente 0,25 segundo. A espectroscopia de massa tem como atrativo um tempo de resposta mais curto, aproximadamente 0,1 segundo, sendo também mais precisa. Entretanto, tem como desvantagens o alto custo, a necessidade de manutenção intensiva e não dispor de aparelhos portáteis (9). Tipos de Capnógrafos Os capnógrafos podem ser classificados em dois tipos, de acordo com a sua posição no circuito respiratório em: não-aspirativos e aspiratívos. Não-aspirativo: a câmera de amostra é colocada no interior do circuito respiratório, entre a extremidade proximal da cânula traqueal e a conexão em Y. Este método é geralmente utilizado pela espectroscopia infravermelha. A vantagem deste tipo de capnógrafo é que como a câmera de amostra faz parte do circuito respiratório, o tempo de resposta é minimizado e não há problemas com o aumento do trabalho respiratório ou obstrução por secreções pulmonares. A desvantagem é que o analisador é pesado, podendo causar acotovelamento ou deslocamento de cânulas, principalmente as sem cuff, muito utilizadas em neonatologia e pediatria. Aspirativo: a amostra de gás é aspirada do circuito respiratório através de um tubo de pequeno calibre para um analisador à distância. Este método é utilizado principalmente pela espectroscopia de massa e alguns infravermelho. A vantagem deste tipo de capnógrafo é que adiciona pouco peso ao circuito respiratório. Entretanto, tem como desvantagens ser facilmente obstruído por secreções pulmonares devido ao lúmen estreito do tubo de coleta e o tempo de resposta mais longo do que o tipo não-aspirativo. Também podem ocorrer perdas do volume corrente expirado ocasionado pela contínua coleta de amostra de gás (10, 11). Figura 5. Tipos de capnógrafos (12)... Arquivo da conta: sallysg7 Outros arquivos desta pasta: DRIVEN COMPLETO TRAD SALLY TILELLI.doc (1633 KB) .picasa.ini (0 KB) 10877875_10203169279133127_1366904519_n.jpg (87 KB) 992549_678532372165898_1702313662_n.jpg (68 KB) CISSA.doc (49 KB) Outros arquivos desta conta: Copiada Documentos Galeria Privada Relatar se os regulamentos foram violados Página inicial Contacta-nos Ajuda Opções Termos e condições Política de privacidade Reportar abuso Copyright © 2012 Minhateca.com.br