1 NRE: Londrina Município: Londrina Nome do Professor: Dilza da Silva Almeida e-mail: [email protected] Escola: NRE Londrina Fone: (043) 3371-1344 Disciplina: Física Série: 1ª série do Ensino Médio Conteúdo Estruturante: Movimento Conteúdo Específico: Variação da quantidade de movimento = impulso e 2ª Lei de Newton. Título: A Física no Boliche Relação interdisciplinar 1: Educação Colaborador 1: Marília Inês Martins Gomes Física Colaborador da disciplina do autor: Leonardo Zanoni PROBLEMA: A idéia de força está presente em nosso cotidiano associada a esforço físico. No jogo de boliche o objetivo principal do jogador é fazer um strike, isto é, derrubar os dez pinos de uma só vez. Para isso, ele exerce um esforço (força) sobre a bola impulsionandoa em direção aos pinos. EXISTIRIA UMA DIREÇÃO PRIVILEGIADA QUE PERMITISSE A QUALQUER JOGADOR REALIZAR UM STRIKE? Os campeões de boliche estão constantemente buscando aperfeiçoar esse esporte, seja por meio da alteração das características da bola, da pista ou outras condições, a fim de melhorar o desempenho no jogo. E se divertem no jogo, pois cada vez mais sabem a melhor forma de se fazer um strike. Será que os campeões de boliche sabem qual Física está presente num jogo de boliche? O boliche é considerado um dos esportes mais antigos do mundo. As primeiras evidencias da prática desse esporte que se tem notícia vêm de 332 a.C., no Antigo Egito, onde um arqueólogo inglês descobriu em uma tumba de criança egípcia bolas e pinos de maneira primitiva, mas que poderiam ser do jogo. Nos jogos Pan-Americanos, a modalidade só teve inicio em 1991, em Havana (Cuba). (Adaptado: www.boliche.com.br/historia.htm) O objetivo do jogo é derrubar dez pinos que ficam dispostos de maneira triangular em uma pista de aproximadamente 19 metros de comprimento, através do lançamento de uma bola. 2 Uma partida consiste de dez jogadas (frames), e duas chances em cada uma delas, para derrubar todos os pinos da pista. Quando os dez pinos são derrubados em uma única jogada, o jogador marca um strike. O jogo pode acontecer de forma individual, equipe ou em dupla. O que acontece com a velocidade da bola ao ser arremessada na pista? Podemos pensar no movimento da bola de boliche como o rolamento de um corpo rígido sobre uma superfície. Mas o que seria um corpo rígido? Podemos pensar um corpo (um carro, uma bola, etc.) como formado por muitas pequenas partes, as quais, na Física, damos o nome de partícula. Ainda, podemos pensar que as posições relativas destas partículas permanecem fixas, mesmo quando o corpo está submetido a forças de qualquer natureza, e desconsiderar qualquer deformação entre dois ou mais corpos que entrem em contato, isto é, colidem entre si. Pronto, este é o modelo de corpo rígido que adotaremos: um corpo constituído de muitas partículas que, no limite idealizado pelos físicos, é indeformável. Neste texto vamos estudar a translação de um corpo rígido: a bola de boliche. Na translação, a direção de um segmento que ligue duas partículas do corpo não se altera durante o movimento, conforme figura ao lado. Assim, todas as partículas descrevem curvas paralelas entre si durante o movimento e, ela tem o mesmo deslocamento no mesmo intervalo de tempo, ou seja, elas têm a mesma velocidade e a mesma aceleração em qualquer instante. Definiremos aceleração mais adiante. Adaptado de: http://www.inf.unisinos.br. Corpo rígido em movimento de traslação Para a realização do boliche o jogador deverá segurar a bola pelos três furos, os quais servem para que o jogador sustente e impulsione a bola. O dedo indicador e médio são os que darão o impulso e o efeito à bola, o dedo polegar é o da sustentação da bola. 3 O jogador no momento do arremesso (no caso de um destro) deve estar com a mão embaixo da bola, flexionar a perna esquerda e, passar a direita por trás. Então, retira o dedo polegar da bola, dá um impulso e arremessa apenas com os outros dois dedos sem flexionar o punho. Toda essa série de movimentos deve ser feita de maneira rápida, questão de segundos. No momento em que o jogador lança a bola (dá um impulso e arremessa) algo é transferido do corpo do jogador para a bola, cujos efeitos são fazê-la entrar em movimento e provocar uma variação na sua velocidade. Quanto menor for a massa da bola, mais fácil movê-la. O contrário, isto é, com uma massa maior, há mais “coisa” em movimento do que em uma bola de massa menor, e parar mais “coisa” exige maior esforço para modificar sua velocidade, ou seu estado de movimento. Essa coisa que é transferida de um corpo a outro nas translações é o momentum (ou quantidade de movimento) da partícula. Com qualquer outro corpo rígido, o momentum da bola de boliche depende da sua massa e da sua velocidade. Dessa forma, para uma mesma bola, o momentum muda quando muda a velocidade, aumentando quando ela aumentar e, diminuindo quando ela diminuir. IMPORTANTE: Se você ainda não leu o texto “Descrição clássica dos movimentos: Momentum e Inércia” do seu Livro Didático Público agora é hora de ler. Lá são tratados conceitos importantes da Física e fundamentais para o entendimento deste texto. E quanto a pergunta inicialmente colocada, existiria uma direção privilegiada para realizar um strike? Melhor continuar a leitura do texto, você vai se surpreender! Atividade: Numa situação onde um carro e um caminhão carregado movem-se com a mesma velocidade o que você acha que é mais fácil parar ou colocar em movimento: o carro ou o caminhão pesado? Justifique sua resposta considerando a quantidade 4 de movimento de cada um. Então, a quantidade de movimento pode variar? Num jogo de vôlei é comum ouvirmos comentaristas falando da impulsão dos jogadores, inclusive como uma qualidade dos mesmos, durante os bloqueios. Dissemos anteriormente que o jogador de boliche deve dar um impulso antes de arremessar a bola. Nesse caso, o movimento do jogador alterou a velocidade da bola. Ora, se a massa do corpo não muda e a quantidade de movimento depende também da velocidade, uma alteração na velocidade tem como conseqüência imediata a alteração da quantidade de movimento. Por exemplo, pode ocorrer mudança da quantidade de movimento quando uma bola de vôlei atinge o bloqueio. Ou ainda, na defesa do pênalti, quando o goleiro impede a entrada da bola no gol. Na Física, damos um nome para essa variação da quantidade de movimento: ela foi batizada pelo nome de “Impulso”. Impulso é a variação da quantidade de movimento. A variação de velocidade de um corpo num intervalo de tempo é calculada como a diferença de velocidade entre os dois instantes de tempo considerados t1 e t2 no intervalo. Então podemos escrever a variação da quantidade de movimento de um corpo como: Δ Q = m. Δ V (eq. 1) onde: Δ Q =(Q ΔV =V 2 2 - Q 1) é a variação do vetor quantidade de movimento e, - V 1 é a variação do vetor velocidade. Quando pelo menos um corpo que interage com outro pode se mover, pode ser avaliada a variação da quantidade de movimento que a interação lhe provoca. Essa interação se dá durante o tempo de contato dos corpos. 5 A relação existente entre a variação da quantidade de movimento de um objeto (Δ Q ) e o intervalo de tempo (Δt) em que ela ocorre esta associada a um conceito físico muito importante: força (F). Embora muitos tenham estudado e buscado as leis do movimento, este conceito foi estabelecido por Newton, através da 2ª Lei de Newton, em seu livro o Principia, da seguinte forma: A mudança do movimento é proporcional à força motriz impressa, e se faz segundo a linha reta pela qual se imprime essa força (NEWTON, 2008, p.54). Assim, a força que faz variar a quantidade de movimento de um corpo é igual à razão entre esta variação e o intervalo de tempo necessário para produzi-la, e pode ser escrita matematicamente como: F= ΔQ Δt (eq. 2) A partir da equação 2 podemos dizer que: “A variação da quantidade de movimento de um objeto é igual ao produto da força que a provoca pelo intervalo de tempo em que esta força é aplicada” (GREF, 1993, p.41). Δ Q = F . Δt (eq. 3) Assim, de acordo com a equação 3, para uma mesma variação da quantidade de movimento, quanto mais intensa for à força, menor será o intervalo de tempo de aplicação da força, e vice-versa. Considerando que o impulso é a variação da quantidade de movimento, podemos reescrever a equação 3: Δ Q = I = F . Δt (eq. 4) Onde I é o impulso exercido pela força no corpo. E, è a força que causa tal variação. Assim, dar um impulso em uma bola de boliche significa aplicar uma força à bola de boliche, num determinado intervalo de tempo, arremessando-a sobre os pinos, a fim de derrubá-los. 6 Da mesma forma que a quantidade de movimento, a velocidade e a força, o impulso é uma grandeza física vetorial, cuja direção e sentido são os mesmos da força que o produziu. É por isso, que essas grandezas aparecem com uma seta em cima da letra que a representa. Para que você entenda melhor sobre vetores, no final deste texto você encontrara o item “Aprendendo sobre vetores”. Não deixe de ler! E agora, você já sabe responder a pergunta inicial: existiria uma direção privilegiada para realizar um strike? Ainda não! Continue a leitura! Dando uma nova cara para a força! Agora vamos retornar a expressão da equação 2 que define matematicamente a força e, combinando com a equação 1, reescrevê-la de outra forma: F = m. {Δ V / Δt} (eq. 5) A expressão {Δ V / Δt} revela a taxa de variação da velocidade do corpo {Δ V } em um intervalo de tempo {Δt} e, damos a essa taxa de variação da velocidade o nome de aceleração, que vamos batizar pela letra a . a = Δ V / Δt (eq. 6) Combinando a equação 4 com a equação 5 obtemos a expressão, conhecida como equação de Euler: F = m. a (eq. 7) Nesta expressão a massa aparece claramente como um fator de proporcionalidade entre a força e a taxa de variação da velocidade por unidade de tempo, ou seja, a aceleração. A massa que aparece na expressão Q = m. V ou que aparece em F = m. {Δ V / Δt} é a medida de inércia, no sentido de que quanto maior ela for, mais difícil será alterar a velocidade. (GREF, 2001, p. 42) 7 A equação F = m. a , explica o comportamento de um corpo sob a ação de força resultante e nos mostra que, nesse caso, o corpo sofrerá uma aceleração, e como força e aceleração se relacionam e são grandezas diretamente proporcionais, se aumentarmos a força, a aceleração aumentará na mesma proporção. A partir desta equação podemos dizer que aceleração produzida em um corpo por uma força, é diretamente proporcional à intensidade da dessa força e inversamente proporcional à massa do corpo. Se tivermos uma força for constante, podemos estabelecer que a aceleração também seja constante. Nesse caso o corpo tem iguais variações de velocidade em intervalos de tempo iguais e o movimento do corpo é chamado de Movimento Uniformemente Acelerado. Unidades de quantidade de movimento, impulso, força e aceleração no Sistema Internacional de Medidas. No estudo dos movimentos três conceitos (ou idéias) são fundamentais: espaço, tempo e massa. Para esses conceitos ou entidades físicas existem as respectivas unidades: metro (m) para o espaço, segundo (s) para o tempo e, quilograma (kg) para a massa. Todas as outras grandezas físicas têm suas unidades que podem ser escritas como uma combinação dessas unidades e, as vezes, recebem nomes especiais. Definimos aceleração pela equação 6: a = Δ V / Δt = (m/s)/s = m/s2 Da mesma forma, definimos impulso I como a variação da quantidade de movimento. Pela equação 1 temos: I = Δ Q = m. Δ V = Kg.m/s Já para a Força devemos lembrar da 2a Lei de Newton, expressa na equação 2, que nos permite escrever: 8 F= ΔQ 2 Δt = (1Kg.m/s)/s = 1kg.1m/s = 1N A unidade de força é o newton (N). Definimos 1N, como a intensidade (módulo) da força que atua sobre um corpo de massa (1kg) provoca neste corpo uma aceleração de (1m/s2). Atividade Existem bolas de boliche de diversas massas. Suponha que você jogue, com forças iguais, três bolas, uma de cada vez. A primeira tem massa m 1= m, a segunda m2= m/2 e a terceira m3= 2m. Usando a equação F= m.a, e sabendo que as bolas sofrem a mesma força, determine suas respectivas acelerações. (Adaptado de: Vestibular PUC- 2002) Durante a colisão da bola de boliche com os pinos, a quantidade de movimento se altera? Chamam-se de choque ou colisões os fenômenos em que os corpos colidem e exercem um no outro, uma força de mesmo módulo, mas em sentido opostos em um intervalo de tempo. Assim, durante a colisão, o momento linear é transferido de um corpo para o outro. E, quando uma bola de boliche se move em direção aos pinos sobre a pista de boliche, há uma interação por meio de uma força. Após o contato físico, a bola continua em movimento e os pinos começam a se mover. Então, se um objeto exerce uma força em outro, e ambos pertencem ao mesmo sistema, a força será considerada interna, e se não há força externa presente no sistema, não é possível haver alteração na quantidade do movimento antes da interação e depois da interação. Durante a colisão, a quantidade de movimento total de um sistema não é alterada pelas forças que os corpos exercem um no outro, ou melhor, a troca de forças internas entre os corpos do sistema pode variar a quantidade de movimento 9 desses corpos, mas não consegue alterar a quantidade de movimento total do sistema. Segundo GREF (1993, p.44) “A quantidade de movimento de um objeto ou sistema se conserva, se a resultante das forças que nele atuam for zero”. Esta afirmação corresponde ao Princípio de Conservação da Quantidade de movimento, em que qualquer sistema isolado de ações de forças externas mantémse o estado de movimento de um objeto. Lei da Conservação da Quantidade de Movimento: “Em um sistema isolado a quantidade de movimento total se conserva” I = zero Q Final = Q Inicial (eq. 8) O impulso das forças externas em um sistema isolado é nulo, a quantidade de movimento inicial (antes do choque) é igual a quantidade de movimento final (depois do choque) . Para que serve o óleo nas pistas de boliche? Ilustração 1: Pista de boliche: Fonte: www.wikipedia.com.br. Acesso em 25/02/08. Antigamente os centros de boliche, usavam pistas de madeira sem nenhum tratamento. Notou-se com o tempo que a madeira apodrecia, e rachava devido o contato com a bola. Na década de 20, começou-se a passar verniz para proteção das pistas. Mais tarde o verniz foi substituído pela Laca, mas os problemas de conservação da pista continuavam e alguns anos após, aplicaram óleo de pista 1 0 (compostos por óleo mineral e solvente), a fim de diminuir o atrito das bolas nas pistas e as proteger por mais tempo. A pista oficial pode ser de madeira ou sintética. E diariamente é aplicada uma camada fina de óleo com a função de atuar como conservante das pistas, além de proporcionar reações nas bolas de boliche. Imprimir ou cessar o movimento de um corpo em movimento, desviar a sua trajetória, ou mudar a sua forma, já vimos que necessita de força. Muitas forças são exercidas entre as moléculas das superfícies dos corpos em contato direto uns com os outros. Portanto, a força é o resultado da interação entre corpos. A componente de uma força de contato que se opõe ao deslizamento e que atua paralelamente à superfície de contato, recebe o nome de força de atrito. E são denominadas forças normais quando as mesmas agem na direção perpendicular ou normal à superfície dos objetos. A força de atrito provém do contato e os efeitos das forças de contato entre os corpos não depende apenas do modo em que são aplicadas à superfície (paralela ou perpendicular), mas também da intensidade da força, do tempo de contato entre os objetos, da superfície e das características dos objetos. No caso dos objetos arremessados ao longo de sua superfície horizontal, o responsável pelo término do seu movimento, ou seja, que faz com ele pare de deslizar sobre a superfície é uma força que atua sobre a bola (o atrito). Atividade: Levando em consideração a equação 2, se fosse possível eliminar todo o atrito da superfície com o qual um corpo interage, qual seria o tempo necessário para parar um corpo? Qual seria a conseqüência do atrito da superfície para o boliche? Se fosse possível construir uma pista de boliche absolutamente lisa, sem qualquer atrito, a bola em movimento seguiria em linha reta, ou seja, permaneceria em movimento, com velocidade constante, para sempre, caso a superfície fosse infinita. Velocidade constante: o módulo (valor numérico), a direção e o sentido da velocidade não se modificam durante o movimento. 1 1 Atividade de pesquisa: A tecnologia para a construção das bolas está sempre evoluindo, buscando alcançar melhores resultados quanto ao impacto das bolas nos pinos e nas pistas. Contribuem para esta evolução os conhecimentos físicos e químicos sobre a natureza dos materiais utilizados. A intensidade da força de atrito depende consideravelmente do tipo de material. Qual das superfícies abaixo você acha que absorve mais óleo da pista de boliche: a confeccionada em Uretano ou a confeccionada em Uretano Reativo? E como o material da bola interfere na reação com a pista? Pesquise e responda. Uretano Reativo Uretano Fonte: Adaptado www.resbowling.com.br Acesso: 16/02/08 Agora que você já aprendeu um pouco sobre o boliche e os conhecimentos físicos envolvidos no jogo, que tal realizar a atividade a seguir. Nesta atividade com certeza vocês compreenderão melhor o princípio de conservação da quantidade de movimento, e que em certas condições, a quantidade de movimento de um sistema não se altera, ou seja, conserva-se. Atividade Forme uma equipe e vivencie nas pistas de boliche (centros de boliche de escolha do grupo) a aplicação de conceitos da Física Clássica, vocês se divertirão e compreenderão ainda mais as leis físicas. Durante o jogo você e sua equipe devem preencher o quadro colocado a seguir, bem como responder as questões 1 e 2. Nomes Tempo do Tempo da bola Quantidade de Força Pontos 1 2 arremesso Δt na pista Δt ( s) Movimento da bola Q Média ( s) (Kg.m/s) (Score) Fm (N) 1 2 Obs.: Por uma questão de simplificação, além do atrito, despreze o movimento de rotação da bola. 1 - Existe alguma relação entre a força média aplicada por você com as suas pontuações (score)? 2 – Depois de lançada, a bola mantém a mesma velocidade até atingir o fim da pista? Por quê? E então, será que os campeões de boliche, conhecem o Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento? E você conseguiu compreender como a Física está presente num jogo de boliche? Agora, se ainda não fez, é hora de responder a pergunta inicial: existiria uma direção privilegiada para realizar um strike? Aprendendo sobre vetores As grandezas físicas vetoriais necessitam além de um valor numérico, outros parâmetros para analisá-las mais completamente. Por exemplo, numa viagem no trecho Curitiba→São Paulo, os passageiros podem estar vindo de São Paulo para Curitiba ou o contrário. É preciso informar não somente sobre o trajeto, mas também, o sentido dele, ou seja, de Curitiba para São Paulo ou, de São Paulo para Curitiba. Assim, para caracterizar o movimento realizado durante a viagem é 1 3 necessário saber o valor das grandezas envolvidas e, também a direção e sentido de tal movimento. 1 4 O período pré-Cálculo Com o avanço da Física, principalmente nos últimos séculos, alguns estudos como os que envolvem forças, atrações elétricas, atrações magnéticas, temperatura entre outros, passaram a ter uma nova necessidade, mas ainda faltava uma entidade que fornecesse não só um valor numérico, mas também uma direção definida. Uma seta ou uma flecha, por exemplo, resolveria este problema, mas, uma seta ou uma flecha com características especiais, seu tamanho ou módulo nos daria a intensidade da força, ou da atração, e sua orientação nos forneceria o sentido de atuação, a esta seta ou flecha com tais características foi dado o elegante nome de vetor – Palavra derivada do latim Vectore, que significa segmento de reta orientado Willian Rowan Hamilton (1805 – 1865) matemático, físico e astrônomo, marcou o começo dessa terminologia, que tornou-se uso comum nos dias de hoje em teorias físicas–. Pronto, nosso vetor já nasceu com características próprias, ou seja, seu início pode ser um ponto qualquer no plano ou no espaço, assim como seu fim, não importa, o fato é que este ente geométrico deve possuir módulo e sentido. Precisamos agora escolher uma letra para indicar um vetor, que tal a letra V, para melhorar ainda mais esta nomenclatura, coloquemos uma seta acima da letra, V , desta maneira ficamos seguros que não haja confusão. O vetor V = 4u (quatro unidades) pode ser representado graficamente como a figura a seguir. Agora que já temos a definição de vetor, vejamos um exemplo de soma vetorial. Sejam três cidades A, B e C (figura ao lado), de forma que uma pessoa queira ir da cidade A para a cidade C, mas antes deverá passar pela cidade B e em seguida rumará à cidade C, é lógico que podemos indicar a soma desses trajetos como: AC = AB + BC Se as distâncias entre as cidades forem AB = 5 km, BC = 4 km a distância AC de maneira alguma será 9 km, pois os vetores AB e BC não apontam na mesma direção. Desta maneira tiramos nossa primeira e fundamental regra, na soma de dois vetores valem as regras da geometria a não da Álgebra, assim na soma 4 + 5 o resultado poderá ser no mínimo 1 (direções opostas) e no máximo 9 (direções iguais). Utilizando o mesmo esquema, imaginemos que um navio parta da cidade A rumo à cidade C, mas a corrente marítima nesta área possui velocidade V 2, então o navio deve seguir sentido a cidade B com velocidade V 1 pois a corrente marítima se encarregará de desviá-lo para a cidade C, de forma que resultante da soma dos vetores velocidades será V R, assim podemos escrever que: V R = V 1 + V 2 Imaginemos agora um grande bloco de pedra, a ser puxado ou empurrado por sete homens. Supondo que todos tenham a mesma força, com três opções de posicionamento, 1 5 onde V 1 e V2 representam uma força equivalente ao número de homens e V resultante,conforme figura colocada a seguir. R é a força Na figura um bloco de pedra é empurrado por sete pessoas de três diferentes formas. No primeiro caso, temos todos os homens puxando de um mesmo lado, então a força ou vetor resultante será máximo V R = 7, e o bloco deslizará no sentido horizontal. No segundo caso, três homens puxam para um lado e quatro para o outro, formando um ângulo de 90o entre eles, então por Pitágoras tiramos que a resultante será V R = 5, e o bloco deslizará no sentido indicado pela resultante. No terceiro caso temos três e quatro homens puxando em sentidos totalmente opostos, então V R = 1. Fica fácil verificar que quando dois vetores estão no mesmo sentido, a resultante atinge seu valor máximo, e quanto maior for o ângulo entre eles (até 180o) menor o valor da resultante. Com os vetores até mesmo as operações Matemáticas mais comuns adquirem um significado totalmente novo, quando dois vetores são somados ou subtraídos o resultado não é simplesmente um número, é um novo vetor. Definição de um vetor Um vetor V = AB é definido como sendo a diferença de dois pontos V desta definição decorre que, seja o ponto P, então P + V = Q. = B – A, Sendo o vetor nulo dado por 0, então temos: 1. V + 0 = V 2. Se A + V = B + V então A = B 3. Se A + V = B + U então V = U. A figura mostra a representação de um vetor V Adição de vetor Na figura a seguir, de acordo com a definição de vetor V 2 = D - A. Com os vetores acontecem coisas interessantes: um se um vetor A tiver o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido de um outro vetor B, não importa onde ele está representado 1 6 no espaço, o vetor A é igual ao vetor B! Dessa forma podemos escrever que V 2 = C - B. ou V 1 =B–A + V 2 =C-B V 1 + V 2 =C–A= V A figura mostra a resultante V , soma dos vetores V 1 e V 2 Este procedimento pode ser estendido para a soma de qualquer número de vetores. No caso de dois vetores é conhecido como regra do paralelogramo, pois basta montar o paralelogramo a partir dos dois vetores para obter a resultante. Subtração de dois vetores A diferença de dois vetores V mais o oposto do segundo, ou V = V 1 1 e V 2 é definida como sendo a soma do primeiro + (- V 2) Sejam os vetores: V 1 =B–A e V V = V 1 2 =D–A + (- V 2) ⇉ V = (B- A) + (A – D) ⇉ (B – D) Representação da subtração de dois vetores. Adaptado de: (Contador, 2007, p. 364-369) Cálculo do vetor resultante da soma entre dois vetores: Segundo Newton: Um corpo, submetido a duas forças simultaneamente, descreverá a diagonal de um paralelogramo no mesmo tempo em que ele descreveria os lados pela ação daquelas forças separadamente (Newton, 2008, p.55). Em outras palavras, o tempo gasto para ir de A até C é o mesmo que gasta para ir de A até B somado ao tempo gasto para ir de C até C. 1 7 Mas como encontrar o módulo do vetor resultante? O quadro abaixo mostra como encontrar o paralelogramo ABCD, em cuja diagonal está o vetor resultante V da soma de dois outros vetores V1 e V2. A partir da extremidade do vetor V1 traça-se uma paralela ao vetor V2. Repete-se o processo traçando uma paralela ao vetor V2. V2. O vetor resultante V tem origem em a e extremidade em C, ponto de encontro das duas paralelas traçadas. α é o ângulo entre V1 e V2. Para construir o retângulo da figura anterior prolonga-se a paralela a V2 e traça-se uma perpendicular passando por A até encontrar o ponto C’: observe que o triângulo ABC’ formado pelas linhas tracejadas é retângulo em C’. Da mesma forma, prolongamos V2 e encontramos o triângulo CDA’. Observe que os dois triângulos encontrados são semelhantes. Assim, tiramos as seguintes relações a partir da figura: h = h1 B – C’ = D – A’ = x V=a cosα = x/V1 → senα = h/ V1 → V=b x = V1cosα h = V1senα Nosso objetivo é encontrar o módulo do vetor resultante V. Para isso vamos utilizar o Teorema de Pitágoras no triângulo AC A’, retângulo em A’: V22 = (V2 + x) 2 + h 2 (equação 1) Resolvendo a equação 1 encontramos: V22 = V22 + x 2 + 2V2x + h 2 (equação .2) Agora, vamos substituir o valor de x e de h na equação 2, e encontramos: V22 = V22 + (V1cosα) 2+ 2V2(V1cosα) + (V1senα) 2 V22 = V22 + V12cosα2 + 2V2V1cosα + V12senα2 V22 = V22 + 2V2V1cosα + V12(senα2 + cosα2) (equação 3) 1 8 A expressão (senα2 + cosα2) é uma identidade trigonométrica e que vale 1, a equação 3, finalmente, pode ser escrita como: V22 = V12 + V22 + 2V2V1cosα ↔ equação 4: Lei dos cossenos ↓ Na Física é chamada Lei do paralelogramo A Lei dos cossenos permite calcular o módulo do vetor resultante entre dois outros vetores e vale para quaisquer dois vetores, ainda que eles não tenham origem comum. (Lembre-se da definição de vetor!) Procedimento idêntico pode ser feito para encontrar o vetor resultante da subtração de dois vetores. Mas, essa tarefa fica para você. Que tal? REFERÊNCIAS CONTADOR, P. R. M. Matemática uma breve história. 2. ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2007. LIVRO DIDÁTICA PÚBLICO – Física Ensino Médio. Curitiba: SEED-PR, 2006. GRUPO DE REELABORAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA/GREF-USP, Física 1: mecânica 3ª Edição. São Paulo: Edusp, s/d. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física v.1: mecânica, oscilações e ondas termodinâmica. 5.ed. Rio de Janeiro:LTC,2006, p.94-95. NEWTON, I. Principia: Princípios Matemáticos de Filosofia Natural – Livro 1 – 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. Obras Consultadas LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO – Educação Física Ensino Médio. Curitiba: SEED – PR, 2006. Documentos consultados on-line: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br http://www.bolichepinguim.com.br www.resbowling.com.br