ministério da saúde

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Gerência Geral de Tecnologia em Serviços
de Saúde
Manual de Procedimentos Básicos em
MICROBIOLOGIA CLÍNICA
para o Controle de Infecção em
Serviços da Saúde
Brasília-DF
Setembro 2000 - Ministério da Saúde
É permitida a reprodução total desta obra, desde que citada a fonte.
2.ª Edição - 2004
Tiragem: 2.000 exemplares
Edição, distribuição e informações
Ministério da Saúde
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços e Saúde
Gerência de Investigação e Prevenção de Infecções e Eventos Adversos
SEPN 515, Bloco B, Edifício Ômega
CEP: 70770-520
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica para o controle de infecção:
Ministério da Saúde, 2004.
56 p.
ISBN 85-334-0185-X
1. Infecção Hospitalar – Controle. 2. Infecção em Serviços de Saúde 3. Microbiologia Clínica.
4. Vigilância Sanitária em Serviços de Saúde. I. Brasil. ANVISA Ministério da Saúde.
APRESENTAÇÃO
Grandes avanços têm sido alcançados nas diferentes áreas envolvidas no Controle das Infecções em
Serviços de Saúde no Brasil. Constata-se, no entanto, importante deficiência ainda não superada na
área de Microbiologia, particularmente pela falta de padronização e atualização de técnicas
laboratoriais e de normas para controle de qualidade.
O Laboratório de Microbiologia participa de modo destacado no suporte às atividades de Controle de
Infecção em serviços de saúde, envolvendo-se a partir do processo de Busca Ativa da Vigilância
Epidemiológica, tendo por referência as culturas positivas, oferecendo informações sobre a etiologia
dos processos infecciosos, bem como sobre a resistência microbiana, apoio às atividades de
investigação de surtos, controle de qualidade, programas educacionais, etc.
Há cerca de nove anos, o Ministério da Saúde lançou a primeira edição do Manual de Procedimentos
Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Hospitalar, com grande aceitação por
parte dos profissionais da área.
Com a finalidade de atualizar e ampliar os temas anteriormente abordados, optou-se por uma
publicação em módulos. Este Manual fornecerá subsídios para um melhor desempenho dos
Laboratórios de Microbiologia, com repercussões diretas na interface com as atividades de Controle de
Infecção em Serviços de Saúde.
Conhecer melhor a etiologia das infecções em serviços de saúde e o seu padrão de susceptibilidade às
drogas antimicrobianas, possibilitará a oportunidade não somente de aprimorar as informações como
também as ações de vigilância epidemiológica, oferecendo condições para melhor utilização dos
antimicrobianos e monitoramento da resistência bacteriana, que terão conseqüências na melhoria da
qualidade da assistência médica em nosso país.
LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA CLÍNICA
O objetivo do laboratório de microbiologia não é apenas apontar o responsável por um determinado
estado infeccioso, mas sim, indicar, através do monitoramento de populações microbianas, qual o
perfil dos microrganismos que estão interagindo com o homem. Com essas informações, a equipe de
saúde é capaz de definir quais microrganismos podem ser responsáveis pelo quadro clínico do
paciente e assim, propor um tratamento mais adequado. No entanto, para alcançar esses objetivos,
os laboratórios de microbiologia devem possuir estrutura capaz de estabelecer informações sobre a
melhor amostra biológica, reconhecer a flora normal, reconhecer os contaminantes, identificar
microrganismos cujo tratamento beneficia o paciente, identificar microrganismos com propósitos
epidemiológicos, obter resultados rápidos em casos de emergência, racionalizar no uso de
antimicrobianos, realizar o transporte rápido das amostras e o relato dos resultados e manter uma
educação médica contínua em relação aos aspectos da infecção hospitalar.
A primeira edição do Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de
Infecção Hospitalar teve como proposta padronizar as técnicas microbiológicas consideradas
fundamentais na rotina e que pudessem dar respaldo às atividades das Comissões de Controle de
Infecção Hospitalar. Se, por um lado, sua virtude foi a simplicidade e objetividade no desenvolvimento
dos temas, suas limitações e a rápida evolução do conhecimento nesta área logo reclamaram sua
atualização.
Estamos, agora, diante da oportunidade de resgatar algumas falhas daquela primeira edição,
procurando ampliar e aprofundar temas considerados essenciais, contando com um seleto e
conceituado corpo editorial e de colaboradores. Nossa expectativa é de que os laboratórios de
microbiologia, a partir das bases oferecidas por este Manual, possam assimilar e alcançar novos níveis
de complexidade laboratorial, atendendo às exigências e características próprias de cada unidade
hospitalar.
Não tivemos a pretensão de alcançar o conteúdo e a profundidade dos manuais-textos de
microbiologia tradicionalmente consultados e que também nos serviram de referência, mas sim, de
servir como manual de bancada de técnicas consagradas, procedimentos básicos padronizados e
informações atualizadas de utilidade no meio hospitalar.
Esta edição revisada e ampliada foi programada em 10 módulos, abrangendo os seguintes temas:
Módulo I
Principais síndromes infecciosas
Módulo II
Segurança e controle de qualidade no laboratório clínico
Módulo III
Procedimentos laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica
Módulo IV
Descrição dos meios de cultura empregados nos exames microbiológicos
Módulo V
Detecção e identificação bactérias de importância médica
Módulo VI
Detecção e identificação micobactérias de importância médica
Módulo VII
Detecção e identificação de fungos de importância médica
Módulo VIII
Detecção e identificação de vírus de importância médica (em produção)
Módulo IX
Principais métodos de detecção da resistência no Laboratório Clínico (em produção)
Módulo X
Laboratório de Microbiologia e sua interação com a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (em produção)
Esperamos assim atender à grande maioria de microbiologistas que, afastados dos grandes centros,
não têm acesso a informações atualizadas na área de Microbiologia e que, melhor capacitados,
possam estar à altura das expectativas das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, oferecendo
um suporte técnico atualizado e mais eficiente.
Diretor-Presidente
Cláudio Maierovitch P. Henriques
Diretores
Franklin Rubinstein
Ricardo Oliva
Victor Hugo Costa Travassos da Rosa
Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde.
Flávia de Freitas de Paula Lopes
Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos.
Adélia Aparecida Marçal dos Santos
Equipe Técnica da GIPEA:
Alessandro Klinger Roriz Campos
Leandro Queiroz Santi
Mariana Pastorello Verotti
Sinaida Teixeira Martins
INTRODUÇÃO A INFECÇÃO HOSPITALAR
Uma das maiores preocupações na área de saúde é a alta incidência de infecção hospitalar ou
nosocomial, isto é, infecção adquirida em ambientes hospitalares durante a internação ou após a alta
do paciente, quando este esteve hospitalizado ou passou por procedimentos médicos.
A infecção hospitalar atinge o mundo todo e representa uma das causas de morte em pacientes
hospitalizados. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa média de infecção hospitalar é de
cerca 15%, ao passo que nos EUA e na Europa é de 10%. Cabe lembrar, no entanto, que o índice de
infecção hospitalar varia significativamente, pois está diretamente relacionada com o nível de
atendimento e complexidade de cada hospital.
Diferentes microrganismos como bactérias, fungos, e vírus causam infecções hospitalares. O grupo de
patógenos, no entanto, que se destaca é o das bactérias que constituem a flora humana e que
normalmente não trazem risco a indivíduos saudáveis devido sua baixa virulência, mas que podem
causar infecção em indivíduos com estado clínico comprometido – denominadas assim de bactérias
oportunistas.
O segundo grupo de importância médica nas infecções hospitalares são os fungos, sendo o Candida
albicans
e
o
Aspergillus
os
patógenos
mais
freqüentes.
Os
fungos
são
responsáveis
por
aproximadamente 8% das infecções hospitalares. Dentre as viroses, o vírus da hepatite B e C,
enteroviroses e viroses associadas com pneumonia hospitalar são comumente registrados. As viroses
representam por volta de 5% das infecções.
Geralmente os sítios de infecção hospitalar mais freqüentemente atingidos são o trato urinário, feridas
cirúrgicas e trato respiratório. Os patógenos que lideram no ranking das infecções hospitalares estão
descritos na tabela abaixo.
Agentes mais comuns de infecções nosocomiais
Patógeno
Sítios comuns de isolamento do patógeno
Bactérias Gram negativas
Escherichia coli
Trato urinário, feridas cirúrgicas, sangue
Pseudomonas sp
Trato urinário, trato respiratório, queimaduras
Klebsiella sp
Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Proteus sp
Trato urinário, feridas cirúrgicas
Enterobacter sp
Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Serratia sp
Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Bactérias Gram positivas
Streptococcus sp
Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Staphylococcus aureus
Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Staphylococcus epidermitis
Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Fungi
Candida albicans
Trato urinário, sangue
outros
Trato urinário, sangue, trato respiratório
O ambiente hospitalar é inevitavelmente um grande reservatório de patógenos virulentos e
oportunistas, de modo que as infecções hospitalares podem ser adquiridas não apenas por pacientes,
que apresentam maior susceptibilidade, mas também, embora menos freqüentemente, por visitantes
e funcionários do próprio hospital.
Os patógenos implicados nas infecções hospitalares são transmitidos ao indivíduo tanto via endógena,
ou seja, pela própria flora do paciente quanto pela via exógena. Esta última inclui veículos como
mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo,
equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Muitos destes procedimentos são
invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano, de modo a elevar o risco de
infecção (vide Tabela)
Os principais fatores que influenciam a aquisição de uma infecção são:

status imunológico

idade (recém-nascidos e idosos são mais vuneráveis)

uso abusivo de antibióticos

procedimentos médicos, em particular, os invasivos

immunosupressão

falhas nos procedimentos de controle de infecção
Exemplos de microrganismos da flora normal humana
Pele
Olhos
Cavidade oral
Staphylococcus
Staphylococcus
Lactobacillus
Micrococcus
Streptococus
Neisseria
Propionibacterium
Neisseria
Streptococcus
Corynebacterium
Fusobacterium
Streptococcus
Actinomyces
Malassezia
Treponema
Pityrosporum
Bacteroides
Trato respiratório
Trato Digestivo
Trato Urogenital
Staphylococcus
Bacteroides
Streptococcus
Corynebacterium
Lactobacillus
Bacteroides
Streptococcus
Enterococcus
Mycobacterium
Hemophilus
Escherichia coli
Neisseria
Neisseria
Proteus
Enterobacter
Branhamella
Klebsiella
Clostridium
Enterobacter
Lactobacillus
Bifidobacterium
Candida
Ouvido
Citrobacter
Trichomonas
Staphylococcus
Fusobacterium
Corynebacterium
spirochetes
Procedimentos médicos comuns associados com infecções nosocomiais
Procedimento
Doença
Patógeno
Cateterização urinária
Cistite
Bacilos gram negativos, enterococos
Cirurgia
Feridas, septicemia
Staphylococcus, bacilo gram negativos,
bacteróides
Terapia intravenosa
Infecção no local de injeção,
septicemia
Staphylococcus, klebsiella, Serratia,
Enterobacter, Candida
Intubação respiratória
pneumonia
Pseudomonas, klebsiella, Serratia
Diálise renal
Sepse, reação pirogênica
Vírus da hepatite B, Staphylococcus aureus,
Pseudomonas
Equipe de elaboração
Carlos Emílio Levy - Médico Microbiologista Clínico
Cássia Maria Zoccoli - Farmacêutica Bioquímica
Elsa Masae Mamizuka - Farmacêutica Bioquímica
Flávia Rossi - Médica Microbiologista Clínica
Digitação: José Armando Costa Cunha
Revisão: Mara Pamplona
Projeto gráfico: Sergio Lima Ferreira
Copidesque: Waldir Rodrigues Pereira
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Apoio Técnico da Unidade de Controle de Infecção em Serviços de Saúde – GGTSS/ANVISA
Cláudio Maierovitch Peçanha Henriques - Diretor Adjunto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Eni Rosa Aires Borba Mesiano - Enfermeira
Glória Maria Andrade - Médica
Lucila Pedroso da Cruz - Gerente Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde
Autores
Angela von Nowakonski - Serviço de Microbiologia Clínica do Hospital das Clinicas - UNICAMP / Campinas SP
Caio Marcio Figueiredo Mendes - Universidade de São Paulo, Laboratório Fleury / São Paulo SP
Carlos Emílio Levy - Laboratório de Microbiologia - Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Carmen Oplustil - Laboratorio Fleury / São Paulo SP
Cláudia Maria Leite Maffei - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP / Ribeirão Preto SP
Elza Masae Mamizuka - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP / São Paulo SP
Igor Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP
Helena Petridis – ANVISA ??????
Lycia Mara Jenne Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP
Marcia de Souza Carvalho Melhem - Instituto Adolfo Lutz / São Paulo SP
Maria Carmen Gonçalves Lopes - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Marines Dalla Valle Martino - Hospital Israelita Albert Einstein / São Paulo SP
Rosângela Aparecida Mendes Silva - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Revisores
Carlos Emilio Levy - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Emerson Danguy Cavassin - Laboratório de Microbiologia, Hospital das Clínicas da UE / Londrina PR
Lauro Santos Filho - Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB / João Pessoa PB
Pedro Bertollini - ??????????
Mara Pamplona - ???????????
Colaboradores
Adilia Jane Segura - Hospital de Base de Brasília, Laboratório Exame / Brasília DF
Claude André Solari - Sociedade Brasileira de Microbiologia / São Paulo SP
José Carlos Serufo - Sociedade Brasileira de Medicina Tropical / Belo Horizonte MG
CONTEÚDO GERAL
Módulo I
Módulo V
Principais Síndromes Infecciosas
Detecção e identificação das bactérias
de importância médica
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
Infecções do Trato Urinário
Infecções de Ossos e Articulações
Infecções de Pele e Tecido Subcutâneo
Infecções Intestinais
Infecções Abdominais
Infecções do Sistema Nervoso Central
Infecções Sistêmicas
Infecções Genitais
Infecções do Trato Respiratório Superior
Infecções do Trato Respiratório Inferior
Referências Bibliográficas
Módulo II
Segurança e Controle de Qualidade no
Laboratório de Microbiologia Clínica
1. Regulamento técnico para laboratórios clínicos
2. Requisitos básicos para laboratório de
microbiologia
3. Classificação dos laboratórios segundo o nível
de biossegurança
4. Laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3
5. Precauções quanto à contaminação
6. Controle de qualidade no laboratório
7. Referências Bibliográficas
Módulo III
Procedimentos Laboratoriais: da
Requisição do Exame à Análise
Microbiológica
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Requisição de exames microbiológicos
Coleta, transporte e conservação de amostra
Microscopia e coloração
Semeadura em meios de cultura
Identificação
Manutenção e Estoque de Cultura
Referências Bibliográficas
Módulo IV
Descrição dos Meios de Cultura
Empregados nos Exames Microbiológicos
1.
2.
3.
4.
5.
Introdução
Meios de cultura para transporte e conservação
Meios para crescimento e isolamento
Meios comerciais para provas de identificação
Fórmulas e produtos para provas de
identificação
6. Discos para identificação
7. Meios para teste de sensibilidade aos
antimicrobianos
8. Referências Bibliográficas
1. Estafilococos, Estreptococos, Enterococos e
outros Gram positivos
2. Neisserias
3. Enterobactérias
4. bastonetes não fermentadores
5. Bacilos curvos ou espiralados
6. Bacilos Gram positivos
7. Fastidiosos
8. Anaeróbios
9. Interpretação de resultados e laudos
10. Referências Bibliográficas
Módulo VI
Detecção e identificação das
micobactérias de importância médica
1.
2.
3.
4.
5.
Introdução
Coleta de amostras
Processamento de amostras
Cultura para Isolamento de micobactérias
Identificação das diferentes espécies de
micobactérias
6. Anexos
7. Referências Bibliográficas
Módulo VII
Detecção e identificação dos fungos de
importância médica
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Introdução
Coleta e transporte de amostras
Processamento de amostras
Identificação de fungos
Descrição das principais micoses
Referências Bibliográficas
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