A filosofia moral de Kant - FTP da PUC

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A filosofia moral de
Kant
Professor: Luiz Paulo Rouanet
Partindo da moral popular, o filósofo
Immanuel Kant (1724-1804) procurou
fornecer uma moral filosófica.
 Identificou razão e moral.

A filosofia moral de Kant

Aristóteles, Ética a Nicômaco

Espinosa, Ética
Antecedentes

Em uma obra intitulada Fundamentação
da Metafísica dos Costumes, Immanuel
Kant (1724-1804) procurou mostrar como
a moral se acha presente no ditado
popular “Não faça ao outro aquilo que não
queres que façam a ti”.
A Fundamentação

Ele vai mostrar que existe uma única lei
da razão, ou seja, a lei moral. Esta, diz
ele, e somente esta, obriga de forma
incondicional, isto é, segui-la é agir de
modo moral, não fazê-lo é agir de modo
imoral, ou contrário à moral.
Fundamentação
Existem 3 tipos de imperativos:
Prudencial
 Hipotético
 Categórico

Imperativos

Segundo Kant, “O imperativo é uma regra
prática pela qual uma ação em si mesma
contingente se torna necessária.” (AB 21).
Existe, por exemplo, o imperativo de
prudência: se eu não fizer isto, posso ser
preso, então...”; existe o imperativo
condicional: “se eu fizer isto, então...”. Já
o imperativo categórico ordena, sem
condições; não o faço por qualquer outro
motivo, mas porque é meu dever fazê-lo.
Imperativos




“Age apenas segundo uma máxima tal que
possas ao mesmo tempo querer que ela se torne
lei universal”
“Age como se a máxima da tua ação se devesse
tornar, pela tua vontade, em lei universal da
natureza”;
“Age de tal maneira que uses a humanidade,
tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como fim e
nunca simplesmente como meio”;
“Age segundo máximas que possam
simultaneamente ter-se a si mesmas por objeto
como leis universais da natureza”.
Formulações do imperativo
categórico

Ao seguir o imperativo categórico, na
verdade o indivíduo está apenas seguindo
a si mesmo, à sua razão. Deste modo,
está agindo de forma autônoma, ou seja,
não está sendo governado em suas ações
por nada de fora a si mesmo. Como diz a
própria palavra autonomia: dar-se as suas
próprias leis.
Autonomia

Heteronomia, por contraste, é ser
governado por algo externo a si mesmo,
por motivos outros que não os
determinados por sua própria razão.
Assim, agir de forma autônoma é dar o
assentimento à lei universal da razão.
Heteronomia

Como diz Kant, o homem é dotado de
instinto (impulso) e razão, e esta, segundo
ele, deve dominar para que o homem se diga
tal, para que se diferencia dos demais
animais, justamente chamados de
irracionais. Ao seguir a razão, o homem está
sendo autônomo e sendo propriamente
homem; ao seguir os instintos, está agindo
de forma heterônoma, pois sua ação está
sendo determinado por algo estranho à
razão.
Comportamento moral

Rigorismo: Essa crítica consistiria em que Kant
ordena algo que os homens comuns não podem
seguir; que se trata de uma moral abstrata, não leva
em conta os indivíduos em carne e osso (Hegel); esta
crítica é falsa, pois Kant admite exceções individuais
à regra, desde que se admita a mesma. O imperativo
categórico me ordena isto, mas, mesmo sabendo
disso, não vou fazê-lo, ou vou fazer algo proibido pela
lei moral. Estarei agindo de maneira contrária à
moral. Isto não invalida a tese de que existe uma lei
moral. A lei moral está no horizonte, ela existe,
mesmo que os homens não a sigam sempre, ou
quase nunca.
Críticas: rigorismo

A verdade absoluta: Esta crítica é mais
procedente. Com efeito, Kant segue os princípios
da geometria de Euclides, segundo os quais
haveria uma única demonstração possível, e um
único resultado. Para uma geometria póseuclidiana, haveria várias demonstrações
possíveis, e vários resultados possíveis. Com
efeito, o que seria a razão? Isto serve de base
para obrigar outros a agirem de uma
determinada maneira? E a si mesmo? Pode até
ser, mas nesse caso devo admitir que estou
agindo assim porque o quero, não porque seja
um mandamento universal.
Críticas: verdade absoluta

Trata-se de uma moral de escravos, ou de uma
moral para uso do funcionário público
(Nietzsche). Esta crítica procede, até certo
ponto, pois envolve a noção de culpa. Além
disso, como vimos recentemente, na Alemanha,
o argumento de cumprimento do dever foi usado
até por diretores de campos de concentração
para justificar o massacre de pessoas (judeus,
intelectuais, etc.). Em última instância, parece
sempre subjetivo dizer-se que se está agindo em
nome da razão. Todos podem afirmar isso para
justificar suas próprias ações, e não há um juiz
universal para dizer quem está certo.
Críticas: moral de escravos

Em outra obra, a Crítica da razão prática
(1788), Kant deduz as leis do
comportamento moral a partir da razão,
de maneira dedutiva. Reintroduz os
argumentos da existência de Deus, da
alma e da liberdade do homem, como
idéias que reforçam nossa disposição
moral. Nietzsche disse que “Kant expulsou
Deus pela porta da frente para
reintroduzi-lo pela porta dos fundos”.
Crítica da razão prática

Kant tratou da moral, ainda, em pelo
menos mais um texto, a Metafísica dos
Costumes (1797), dividida em duas
partes: Doutrina do Direito e Doutrina das
Virtudes.
Metafísica dos costumes

A moral kantiana tem valor limitado, pois
aplica-se apenas ao indivíduo e parece
funcionar melhor de maneira negativa,
para se dizer o que não se pode fazer do
que aquilo que se deve fazer. Em todo
caso, a aplicação da moral kantiana
poderia nos ajudar a refletir sobre o nosso
comportamento. Ao abrirmos exceção
para nós mesmos, abrimos a brecha para
o agir contrário à moral.
Filosofia moral de Kant: resumo

Que exemplo damos quando, por
exemplo, dirigimos depois de ter bebido,
ou quando furamos a fila, ultrapassamos
o sinal vermelho ou o limite de
velocidade? Podemos universalizar esse
comportamento sem cair em contradição
com nossas convicções mais profundas?
Moral kantiana: reflexões finais
BIBLIOGRAFIA
KANT, I., Textos selecionados, SP: Abril
Cultural (Os Pensadores), 1980.
 _____. Metafísica dos costumes. Trad.
Edson Bini. Bauru/ São Paulo: Edipro,
2003.
 KELSEN, H., A justiça e o direito natural,
trad. João Baptista Machado, 2ª ed.,
Coimbra: Arménio Amado, Sucessor,
1979.
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Bibliografia
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