O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos temos um grande número de motivos para nos orgulhar do Brasil. Existem porém, infelizmente, alguns fatos que nos envergonham. Dentre eles, o grande número de brasileiros excluídos do processo produtivo; outro ainda, a fraca determinação e empenho com que os nossos governos enfrentam o problema. Estes fatos formam uma grande mancha que denigre a nossa Pátria, e que precisamos corrigir. Embrutecidos pela realidade da pobreza que nos circunda e cientes de que este problema existe há séculos, infelizmente é comum que muitos de nós lavem as mãos, que abandonemos a esperança e a determinação de dar melhor sorte a esses nossos compatriotas. Não me incluo, todavia, entre estes desesperançados. Pelo contrário, estou certo de que podemos – dentro de poucos anos – transformar completamente esta 2 realidade que nos entorpece. Qual a receita? A receita se chama desenvolvimento econômico. A receita se chama investimentos equilibrados na produção de bens e serviços, por um lado, e por outro na qualidade de vida da população. Não se pode apenas buscar o crescimento da produção. Temos que buscar o aumento do PIB por meio do desenvolvimento humano, sempre com a mais alta prioridade dada ao aumento da renda e à melhoria da qualidade de vida dos mais pobres. Certamente que para se administrar um país é necessário definir prioridades. Neste processo de definição, alguns objetivos que gostaríamos de atingir têm de ser deixados para mais tarde. No caso da nossa economia, o grande erro é que deixamos para mais tarde a inclusão daqueles brasileiros hoje à margem do processo produtivo, e também do processo de consumo. A mais elevada de todas as prioridades deveria ser sempre a mesma: melhorar a sorte dos nossos compatriotas mais humildes. 3 Sendo este o nosso norte, em pouco tempo estarão solucionados os maiores problemas da economia brasileira. Se nos preocuparmos, em primeiro lugar, com o bemestar daquela camada da nossa população, não poderemos deixar subir a inflação – que lhes corrói as rendas - nem as dívidas, interna ou externa – que lhes aumenta a fragilidade. Cientes do mal que causa a inflação àquela parcela da sociedade brasileira, não permitiremos que se incorra em suas causas: déficits orçamentários, estrangulamentos na cadeia produtiva ou no balanço de pagamentos, pouca preocupação com a produtividade e com a eficiência. Se nos orientarmos como sugiro, nobres colegas Parlamentares, estaremos preocupados não apenas com o Programa Primeiro Emprego. Estaremos centrados em um possível programa “Todos com Empregos”, trabalhando aceleradamente, envolvendo os servidores públicos e os agentes privados na tarefa de soltar os entraves à produção, ao aumento do emprego, à 4 tarefa de cultivar a terra e operar a máquina, de eliminar as barreiras ao aumento da nossa produção. Não me refiro, Senhoras e Senhores, apenas às barreiras que outros países colocam às nossas exportações, nem apenas às barreiras macroeconômicas. Embora a remoção destas seja essencial, refiro-me aqui às barreiras burocráticas, políticas, legais e institucionais que, em todos os níveis de Governo, entravam o processo produtivo. Para não me alongar, quero dar apenas um exemplo: o alto custo financeiro e a lentidão do processo burocrático necessário para se abrir e se operar uma pequena empresa no Brasil, processo que sufoca a capacidade empreendedora nacional e impede a criação de empregos. É, reitero, fundamental que se vá muito além do “Programa Primeiro Emprego.” É necessário soltar as amarras, de forma a que o nosso País possa crescer a 4% ou a 5% ao ano, ou mesmo ainda mais! Sem um sentido de 5 urgência aplicado à eliminação das barreiras à retomada do crescimento, não conseguiremos abrir as vagas necessárias ao acolhimento dos brasileiros que se oferecem para trabalhar. A questão semântica, aqui, se torna importante. Não devemos falar em brasileiros “procurando emprego”. Devemos, isto sim, falar em brasileiros “oferecendo trabalho”, pois desta maneira fica claro o absurdo de termos centenas de milhares de pessoas que, estando completa ou parcialmente ociosas, se oferecem para trabalhar e são recusadas, em um país onde ainda há tanto a se construir. Senhoras e Senhores Deputados: como muitos têm insistido, nesta em outras tribunas, é também fundamental reduzir – e melhor distribuir – a carga tributária, é necessário ampliar os investimentos públicos. Como fazêlo, dirão os céticos, se necessitamos ampliar o superávit primário, se é preciso acabar com o déficit público, e várias 6 outras “receitas” que estamos cansados de ouvir? A questão é que não se pode, apenas, ampliar o superávit, ou eliminar a inflação. A questão é que o “norte” acima mencionado tem que ser perseguido, de forma determinada, com urgência e mobilização de todas as nossa forças. Há, sim, que se reduzir o déficit público, mas tantas são as carências que esta ação só terá sucesso, se, simultaneamente, com transparência e na maior medida possível, ocorrer a elevação do investimento público no social, na infra-estrutura, na promoção da renda e bemestar. Sempre, em primeiro lugar, dos brasileiros mais necessitados. Esta a síntese do projeto que o Governo precisa articular e implementar, com suas múltiplas ações, para retomar o crescimento, de forma sustentada, e proporcionar pleno emprego e melhoria das qualidade devida nas diversas regiões do País. Muito obrigado. 7 31221000.208