Bioética na comunicação e informação em Saúde Paulo Antonio Fortes Hospital Alemão Oswaldo Cruz - 2010 Informação e comunicação devem ser eixos orientadores dos processos de humanização e qualidade da gestão e atenção à saúde. O porquê da informação Tem serventia tanto para o usuário/cliente, a instituição e os profissionais de saúde, como para a sociedade como um todo. É utilizada para planejamento, análise e avaliação e como meio de comunicação entre os profissionais de saúde. O porquê da informação Serve também como instrumento para fins científicos de estudo e pesquisa em algumas instituições. Serve para o conhecimento da saúde de grupos humanos e da coletividade, assim como para estudos e planejamento de políticas e ações de saúde pública. A informação é a base para a tomada de decisões do paciente/cliente/usuário Informação O Comunicar e o contínuos. Informar são processos Não é necessário que as informações sejam fornecidas de forma exclusivamente técnica. Informar alguém apenas tecnicamente não é esclarecer, muitas vezes é desinformar. Há diferenças entre ser informado e ser esclarecido (compreensão da informação) Esclarecer é monitorar e avaliar a compreensão das informações fornecidas Informação Deve ser simples aproximativa inteligível leal respeitosa A informação deve ser fornecida dentro de padrões acessíveis à compreensão intelectual e cultural do paciente, levando em conta seu estado emocional. Do ponto de vista clínico Diagnóstico Procedimentos a serem realizados Benefícios, inconvenientes e riscos de danos Probabilidade de sucesso Duração do tratamento Finalidade do material e coletado e exames realizados Alternativas aos procedimentos propostos Prognóstico. Liberdade de revogação da decisão a qualquer momento O atendimento ao princípio ético do dever informar requer que se incentive o paciente (família e/ou responsáveis) a fazer perguntas. Pesquisa OLIVEIRA AC e FORTES PAC. Direito à informação e autonomia de idosos hospitalizados. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 1999; 33 (1): 59-65. Pesquisa Hospital público - Região Metropolitana Pacientes idosos - autônomos 13 (32,5%) pacientes, até o momento da entrevista, não possuíam nenhuma informação quanto ao motivo de sua internação. Pesquisa 31 (77,5%) não possuíam informação sobre a medicação nenhuma “Já vem os comprimidinhos e eles não dão o vidro nem a receita. Põe na boca, eu engulo e pronto. Tomo bastante. Eu não sei nada de remédios, vem um monte, tô devorando.” Pesquisa 07 (17,5%) tinham informações somente em relação ao diagnóstico 05 (12,5%) sobre diagnóstico, exames e procedimentos “ Não sei os exames que eles fizeram, só sei que fizeram muitos exames. Eles não falam nada. Médicos não falam. Eles ficam trabalhando entre eles”. Pesquisa 22 (57,5%) não haviam questionado os profissionais: “Para o médico não se pergunta nada. Eles não gostam de responder. Eu acho que se ficar perguntando eles pegam suspeita da gente.” Pesquisa 19 (47,5%) entrevistados não sabiam referir o nome do(s) médico(s) responsáveis. Eu não sei o nome do meu médico porque eles trabalham em equipe e eu não sei.Tem tantos médicos!” Padrões de Informação Da Prática Profissional Da pessoa razoável Subjetivo ou orientado ao paciente Padrão da Prática Profissional Revela-se aquilo que um colega consciencioso e razoável teria informado em iguais ou similares circunstâncias. Neste padrão, a revelação das informações é determinada pelas regras habituais e práticas tradicionais de cada profissão. Padrão da Prática Profissional Não atende o princípio do respeito à autonomia do paciente, podendo ser de natureza paternalista. Pesquisa “A doutora explicava as coisas, mas sabe o que é, a gente não entende as palavras dos médicos, são umas palavras tão diferentes, só eles que entendem ou alguém que é estudado.” Padrão da Pessoa Razoável Se fundamenta nas informações que uma hipotética pessoa razoável, mediana, necessitaria saber sobre as condições de saúde e propostas terapêuticas ou preventivas. “Pessoa razoável”: uma pessoa tida como representação da “média” de uma determinada comunidade e cultura. Padrão Subjetivo ou orientado ao paciente Abordagem informativa apropriada a cada pessoa, personalizada, passando as informações a contemplarem as expectativas psicológicas e sociais, assim como os interesses e valores de cada pessoa. Padrão Subjetivo ou orientado ao paciente Não se atem a fórmulas padronizadas. Máxima: “A informação mais adequada para cada pessoa” Questões a serem discutidas A recusa a ser informado A dificuldade do profissional em informar A baixa eficácia da informação na alta do paciente Informação Cabe aos gestores criarem condições para o estabelecimento de uma cultura institucional de informação e comunicação que leve em conta as condições sócio-culturais da clientela atendida.