Seminário Internacional Regulação e Reestruturação dos Setores de Energia Elétrica e Gás Natural Estratégias de crescimento das firmas, especificidades tecnológicas e capacidade de atração de Investimento Direto Estrangeiro do setor elétrico brasileiro Maria Olívia de Souza Ramos Objetivo do artigo Discutir os impactos das especificidades tecnológicas: nas estratégias de crescimento das empresas de energia; e nas suas tomadas de decisão de investimentos em expansão do sistema elétrico brasileiro. Para atender a este objetivo Discute-se: As relações entre políticas de ajustamento, reestruturação setorial e atração de capitais estrangeiros; Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações; Especificidades tecnológicas do setor elétrico brasileiro e capacidade de atração de novos IDE. Políticas de ajustamento, reestruturação setorial e atração de capitais estrangeiros Um dos principais objetivos das políticas de ajustamento e reestruturações setoriais ocorridas no Brasil nos anos noventa foi a atração de capital externo sob a forma de IDE. As medidas concentraram-se prioritariamente em aspectos macroeconômicos: estabilização da moeda, liberalização externa, reforço da participação do setor privado na economia Políticas de ajustamento, reestruturação setorial e atração de capitais estrangeiros Diversos estudos convergem para uma lista reduzida de fatores estruturais que são preponderantes nas decisões de localização dos investidores: O tamanho do mercado; Os efeitos de aglomeração e rede; Densidade de empresas estrangeiras presentes no país hospede do IDE; O estoque de infra-estruturas existentes. Políticas de ajustamento, reestruturação setorial e atração de capitais estrangeiros As empresas multinacionais se organizam de duas formas: Verticalmente integradas e que exploram antes de tudo os diferentes fatores produtivos; Horizontal, produzindo bens similares em diferentes mercados. Portanto a decisão e a forma de implantação no estrangeiro respondem a uma lógica microeconômica de cada empresa. Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações A partir dos anos oitenta, vários processos de liberalização setorial foram implementados ao redor do mundo; As firmas especializadas da área de energia elétrica procuraram novas áreas de atuação; Novos agentes entraram nos mercados de energia elétrica. Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações Novas estratégias das empresas de energia: Integração vertical e horizontal ; Diversificação; Expansão das atividades externas; Aquisições de ativos; Parcerias estratégicas. Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações As firmas procuraram reencontrar, através e em reação à liberalização dos mercados, suas características "naturais" de rede, tanto através da concentração quanto pela quase-integração. As empresas têm se deslocado para áreas nos quais possam acumular sinergias entre processos produtivos. Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações Como resultado da entrada de novos investidores estrangeiros, entre 1997 e 2000, o ingresso médio anual de IDE no segmento de energia elétrica foi de US$ 2,9 bilhões. O maior aporte de recursos estrangeiros se deu em 1997, com US$ 3,55 bilhões de investimentos, representando quase 1/4 dos ingressos totais de IDE para o Brasil. A maior parte dos IDE dirigiram-se para o segmento de distribuição. Comportamento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para o setor elétrico brasileiro após as privatizações Poucos IDE em geração e transmissão; Incentivo do governo através do Programa Prioritário de Térmicas ( PPT); Vários empreendimentos foram realizados dentro do PPT; Vários empreendimentos geram, em média 10% da sua capacidade. Paralelamente, mais de 45 hidrelétricas foram concedidas à iniciativa privada. Desse total 41 estão com obras paralisadas, não iniciadas ou em andamento. Especificidades tecnológicas do setor elétrico brasileiro e capacidade de atração de novos IDE Em geral, atribui-se a falta de investimentos privados à ausência de um marco regulatório. As especificidades tecnológicas do SEB também pesam na tomada de decisão dos investidores. Essas especificidades não permitiriam às empresas multinacionais de energia aplicar as suas estratégias de core competence e/ou de integração vertical. Especificidades tecnológicas do setor elétrico brasileiro e capacidade de atração de novos IDE A indústria de energia elétrica pode assumir, enquanto rede, diversos arranjos organizacionais; e caracteriza-se pelas diferentes formas de geração. Cada país apresenta um setor elétrico com características técnicas e organizacionais diversas; e diferentes níveis de atratividade para os investimentos e financiamentos privados. Especificidades tecnológicas do setor elétrico brasileiro e capacidade de atração de novos IDE Algumas características das usinas térmicas: As usinas térmicas podem ser fabricadas em série. Possuem elevada participação dos custos variáveis na definição do preço. Requerem infra-estrutura para o escoamento, transporte e estocagem dos combustíveis. A decisão de investimento independe da coordenação de um agente de planejamento ou regulador para que haja maximização da eficiência do uso dos recursos. Especificidades tecnológicas do setor elétrico brasileiro e capacidade de atração de novos IDE Algumas características das hidroelétricas São projetos únicos; Possuem elevada participação dos custos fixos na definição do preço; Inserida em uma indústria na qual toda a infra-estrutura é utilizada somente pele atividade energia elétrica; A decisão de investimento depende da coordenação de um agente de planejamento ou regulador para que haja maximização da eficiência do uso dos recursos. Conclusões O negócio geração de energia elétrica é distinto a depender de que a geração seja hidráulica ou térmica; As usinas apresentam diferentes rentabilidades, estruturas de custo e níveis de riscos; As usinas possuem distintos graus de incerteza, de irreversibilidade e de capacidade de garantia para tomada de empréstimos. Conclusões Resposta insuficiente da iniciativa privada aos estímulos à investimentos; Uso de mecanismos aleatórios, pelo governo, de estimulo à introdução do gás na matriz energética brasileira; Necessidade de uma política energética.