Discurso pronunciado pelo Deputado Federal JOÃO MENDES – PFL/RJ, no dia 25 de Abril de 2002, na Câmara dos Deputados. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, É lamentável que, em meio à crescente conscientização da sociedade quanto à necessidade de preservarmos a natureza, ainda existam empresas que não têm o menor pudor de lançar todo tipo de porcarias no meio ambiente, comprometendo ecossistemas inteiros e ameaçando a saúde da população com sua irresponsabilidade. A Companhia Mercantil Ingá, situada na Ilha da Madeira, em Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, é uma dessas renitentes praticantes de crimes ambientais. Em 1996, dejetos industriais desta empresa transbordaram, lançando 50 milhões de litros de água e lama misturados a metais pesados nos manguezais e na Baía de Sepetiba. Ação impetrada pelo Ministério Público estadual condenou a empresa a construir um depósito industrial e a remover todos os rejeitos sólidos que circundavam o pátio industrial. Não foi feito absolutamente nada, e a mineradora, desativada desde 1997, transformou-se num imenso depósito de dejetos industriais cercado por uma grande lagoa formada a partir dos diques construídos para conter o lixo químico. 2 Hoje, a mineradora acumula no seu pátio cerca de dois milhões de toneladas de lama misturada a metais pesados como chumbo, cádmio e zinco, contidas apenas por um dique. Basta o rompimento desta frágil barrreira e será causado um acidente de gravíssimas conseqüências para o ecossistema da Baía de Sepetiba e para as populações que lá vivem. Para sanear a área, são necessárias providências que vão da retirada dos dejetos industriais ao reforço do dique e limpeza dos canais existentes ao redor da indústria. Como nada indica que a Companhia Mercantil Ingá tomará qualquer atitude neste sentido, o Ministério Público estadual e o Ibama solicitaram à Procuradoria Geral da República a indisponibilidade dos bens da família Barreto, proprietária do empreendimento. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vivemos em um planeta de recursos naturais limitados, crescentemente escassos, e a qualidade de vida de cada sociedade depende diretamente da sua capacidade de preservar os bens naturais públicos. Quero, pois, louvar a pronta ação do Ministério Público estadual e das entidades de defesa do meio ambiente no caso da Companhia Mercantil Ingá, e reitero meu pleno apoio a todas as iniciativas que visem à preservação do nosso meio ambiente. O cuidado com estes bens de inestimável valor é um compromisso inalienável de todos os cidadãos. Era o que eu tinha a dizer. Obrigado.