Ficção, comunicação e mídias

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Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologia - MIELT
Disciplina: Literatura e Múltiplas Linguagens
Rosymari de Souza Oliveira
Ficção, comunicação e mídias - Resumo.
COSTA, Cristina. In: Ficção, comunicação e mídias. São Paulo: SENAC, 2002.
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Resumo dos capítulos I e II do livro: Ficção, comunicação e mídias; da autora Cristina
Costa, 2002.
A autora mostra como a revolução tecnológica – primeiramente o audiovisual e, em um
segundo momento, as mídias digitais – fez emergir uma nova ficcionalidade nas sociedades do
século XX. Essa foi à causa da ruptura entre a Modernidade e a Contemporaneidade.
As instituições contemporâneas estiveram apoiadas em redes de comunicação que se
expandiram rapidamente, no início como transmissão de mensagens de cunho comercial e,
posteriormente como notícias. Surge a rede de jornalismo internacional.
Também, surgem as tecnologias de gravação, reprodução e transmissão de som à
distância. O aparecimento da fotografia modifica as relações do homem com o mundo e com a
arte.
Costa (2002) percebe que tal aprimoramento da comunicação faz com que “o entorno se
apequena e perde a importância – a sociedade se projeta para fora de si mesma, em busca do
outro, do estrangeiro, do alheio, do desconhecido.” Os círculos de relação se ampliam. Desse
modo, o homem comum substitui o contato direto com a realidade por informações de fontes
impessoais, distantes e desconhecidas. Surge a impressão de que o tempo se submete a uma
aceleração constante.
A passagem para o século XX é cercada de transformações: a Europa perde seu
protagonismo para os Estados Unidos; a emergência de dois impérios antagônicos norte-americano e soviético surgem; as duas guerras mundiais e a depressão de 1929. Surge então
a globalização. Nasce uma ruptura nos limites da cultura, alterando a forma de ser, sentir, agir,
pensar e imaginar próprios de um horizonte mundial, o qual recebe o nome de transculturação,
por Octavio Ianni.
Para a autora, nessa passagem de século, o desenvolvimento cultural ocorre em diferentes
âmbitos: a narrativa ficcional migra de um veículo a outro e de uma linguagem a outra, instalando
uma nova sociedade, que compartilha a nova ficcionalidade. O cinema possibilita um processo de
identificação jamais visto, onde o espectador se projeta diante do ilusionismo apresentado; o
rádio que possibilita acesso às residências atingindo alfabetizados e analfabetos; a televisão que
possibilitou uma relação ficcional com a realidade do telespectador.
Folhetins, romances cinematográficos e radionovelas foram os responsáveis pela
instalação dessa cultura de massa no meio da sociedade, promovendo novos tipos de interação,
alterando o modo de vida dos indivíduos e criando uma nova realidade modelada pelo apelo desse
mundo midiático, onde imagens familiares tornam-se irresistíveis, insculpindo o modo de ser,
pensar e agir das pessoas.
Para a autora, a possibilidade de vivermos experiências que não fazem parte do nosso
cotidiano nos faz viver processos interpretativos de natureza mágica e mítica, contribuindo para
que a ficção se torne um espaço privilegiado de elaboração da vida.
No capítulo da Era Midiática – A ficção Digital, a autora analisa a nova cultura de
ficcionalidade instalada na sociedade do Século XXI, marcada pela emergência das mídias digitais.
Surge uma sociedade integrada em redes e globalizada, a sociedade midiática, em busca constante
de superação de obstáculos de tempo, distância, espaço, quantidade e qualidade da informação. A
era da comunicação digital aparece e com ela uma grande contribuição: a substituição de
atividades repetitivas por sistemas automatizados.
A nova realidade apresenta uma sociedade contemporânea que integrou avanços
tecnológicos e conhecimentos da área das telecomunicações, linguagem audiovisual e informática
com a ideia de redes integradas de informação. Ideia de rede desenvolvida pelo Pentágono,
durante a Guerra Fria.
Para a autora os novos parâmetros de comunicação surgem com os circuitos integrados, a
microcomputação e a automação. Afirma ainda que a tecnologia, diferente dos meios anteriores
de comunicação, estimula o receptor, que tem a possibilidade de “viajar” para onde seus sentidos
e olhos o leve, não existindo assim, interferência por parte do produtor, como é o caso, por
exemplo, da televisão.
As mídias digitais proporcionam uma comunicação dirigida e direcionada a um
determinado público. Elas não se preocupam em produzir mensagens para um grande número de
pessoas, como é o caso das mídias de massa. A respeito, ressalta COSTA:
“Se a comunicação de massa tendeu sempre à centralização e unidirecionalidade,
com poucos se dirigindo a muitos (a massa), nas mídias digitais esse modelo se
desregulamenta, sendo possível um usuário falar com outro, um dirigir-se a
muitos, muitos comunicar-se com muitos e um navegador isolado interagir apenas
com a máquina. Em razão disso, a comunicação digital se caracteriza pela
multiplicidade de relações envolvida e de direcionamento das mensagens.”
Em troca da crueza tecnológica, os meios digitais conquistam a atenção do seu usuário
através de uma interatividade técnica que exige dele, ao contrário dos meios analógicos,
prontidão e muita concentração.
Cristina Costa questiona sobre o desaparecimento progressivo do mediador, aquele que
desempenhou nas mídias analógicas papeis de apresentador, narrador, animador, entre outros.
Usar os meios digitais para comunicar é aceitar que a comunicação assuma novos parâmetros.
Os meios de comunicação de massa não se preocupam com as particularidades, eles
estão voltados para o geral, ao contrário dessa nova mídia que a preocupação está centrada no
indivíduo, em saberes particulares. Por outro lado, uma mídia que possibilita tornar os sujeitos
mais críticos, uma vez que, cada indivíduo interage da forma que mais lhe convém.
Desde o advento do rádio, as mídias têm procurado entrar nas casas e alcançar seu
público, o contrário das tecnologias digitais que entram nas casas disfarçadas de ferramentas de
produção. As atividades que elas promovem são individuais e não coletivas, levando aos usuários a
estabelecerem relações anônimas, distantes e eventuais.
A autora esclarece que usa o termo cibercultura para se referir ao estágio atual da
sociedade midiática, caracterizada pela substituição das mídias analógicas pelas digitais. A
cibercultura provoca um impacto na vida das pessoas criando novos padrões de relacionamento,
de criação artística e na formação do universo simbólico das pessoas, estabelecidos pelas redes
informacionais. As redes podem ser entendidas como um conjunto de linhas ou vias que conectam
nós - pontos de acesso, realimentação e divulgação de informações entre pessoas, sistemas
automatizados e bancos de dados.
Afirma ainda que, se por um lado as redes reproduzem a estrutura social da sociedade
moderna, por outro, modifica as relações estabelecidas entre os diferentes nós e a forma como
participam do fluxo de informações, gerando, acessando e distribuindo mensagens. Com maior ou
menor possibilidade de intervenção, cada nó tem a possibilidade de intervenção, cada nó tem na
rede uma posição estratégica que exige do usuário uma atitude ativa diante do fluxo de
informação.
O controle da informação passa a ser disputada, pois esta passa a ser a nova roupagem do
capital na sociedade contemporânea. Novas formas de relações e sociabilidade surgem. Uma nova
geopolítica surge e tem como medida a unidade mundo. Nessa comunicação globalizada, novas
noções de tempo e espaço aparecem. As relações que se estabelecem em rede, exigem
sincronicidade e simultaneidade. O usuário dispõe de uma liberdade de ir, vir e espiar. Julga-se
anônimo pelo uso fictício de nomes e avatares. Cria-se uma impressão de afastamento da
realidade. A realidade virtual se descortina, possibilitando as pessoas vivenciarem experiências
como se estivessem num lugar distante de onde estão.
Um novo conceito de realidade permeia essa proposta. Não é uma realidade apreendida
pelos nossos sentidos, mas captada pelos equipamentos utilizados. Relações entre realidade e
representação se aproximam o que causa estranheza e perplexidade. Transforma-se aquilo que
entende por ficção e realidade.
Segundo a autora, bricolagem é a maneira como os mais diversos recursos da tecnologia
digital se ajustam às manifestações artísticas e ficcionais que vem se desenvolvendo a partir da
comunicação eletrônica. Implica a possibilidade de cada autor integrar de forma pessoal e híbrida
os mais diferentes recursos das chamadas tecnologias.
Essas possibilidades influenciam nos custos dos equipamentos reduzindo preços,
integrando funções, diminuindo elementos nas equipes e barateando custos.
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