II. Contenido Programático

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Programa de la Asignatura
Nombre de la Asignatura
Promoción (Turma)
Nombre del Profesor/a
Data
Horario
: INTRODUCAO A PSICOLOGIA
:
: Dr. Diosnel Centurión, Ph.D.
: 7 a 8 de janeiro, 2015
: 08.00 as 20.00 horas
1. Fundamentación
La psicología es una ciencia que aborda el comportamiento humano. Su incursión en la sociedad
como profesión proviene de años atrás, cuando los filósofos de Grecia ya discutían aspectos del ser
humano como su personalidad, motivación, inquietud, valores, religión, creencias, arte, etc. En ese
sentido, ha ido evolucionando y prestando elementos de otras ciencias, especialmente de la
filosofía, la sociología y las ciencias de la naturaleza humana.
En este curso, se tratará de introducir el tema partiendo de su concepto, características, tipos y
teorías, viendo como ha ido evolucionando hasta nuestros días. Los participantes elaborarán algunos
aspectos para ver lo que sigue haciendo eco en la sociedad actual.
I. Objetivos
General
Los participantes abordarán los temas iniciales de la sicología, como los conceptos, objeto,
características de la profesión.
Específicos:
1) Describir los conceptos, procesos e implicancias de los componentes de la sicología.
2) Realizar un recorrido histórico de la profesión verificando los momentos y temas clave
en su evolución.
3) Delinear temas de psicología a partir de la teoría y la práctica.
II. Contenido Programático
UNIDAD I – COCEITO E OBJETO DA PSICOLOGIA
1. Conceição etimológica e semântica da psicologia
Objeto
A profissão
Popularização
2. Dificuldade numa definição clara do objeto da psicologia
3. A subjetividade como objeto da psicologia
UNIDAD II - PSICOLOGIA: CIENCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO
1. A psicologia como ciencia
2. Resenha histórica da psicologia
2.1 Perspectivas históricas: teorias principais
2.1.1 Estruturalismo
2.1.2 Funcionalismo
2.1.3 Gestalt, ou psicologia da forma
2.2 História da Psicologia no Brasil
2.3 Perspectivas atuais
2.3.1 A perspectiva biológica
2.3.2 Psicologia médica
2.3.3 A perspectiva psicodinâmica
2.3.4 A perspectiva analítica
2.3.5 A perspectiva comportamentalista
2.3.6 A perspectiva humanista
2.3.7 A perspectiva cognitiva
2.3.8 A perspectiva evolucionista
2.3.9 A perspectiva sociocultural
2.3.10 A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade
2.4 Crítica
2.4.1 O status científico
2.4.2 Terapias "alternativas" não psicológicas
ANEXOS
1. Psicologia Geral
2. A Psicologia Como Disciplina No Século Xviii
3. Psicologia Geral
III. Metodología
1. Exposición del profesor
2. Exposición de los alumnos
3. Construcción de un “roteiro” com temas e áreas da profissão: grupos
IV. Evaluación: Normas y Criterios
1. Participación activa en clase: 40%
2. Puntualizar los temas principales de la profesión hoy: 60%
PARTE PRÁCTICA
Grupo
-Temas principales de la profesión hoy: sustento teórico-práctico
CONTEÚDO BÁSICO
UNIDAD I – COCEITO E OBJETO DA PSICOLOGIA
1. Conceição etimológica e semântica da psicologia
Segundo Moura (2008) 1, no sentido etimológico, a psicologia seria a ciência da alma ou
o estudo da alma. Teles (2003) define a psicologia como a ciência que busca compreender o homem
e seu comportamento, para facilitar a convivência consigo próprio e com os o outro. “Pretende-se
1
Moura, Joviane.
Introdução
à
Psicologia.
Publicado
na
Edição
de: Julho
https://psicologado.com/psicologia-geral. Psicologado 2007 - 2014. Todos os direitos reservados.
de
2008.
fornecer subsídios para que ele saiba lidar consigo e com as experiências de vida.” (pág. 9). Como
destaca Figueiredo (2005) psicologia não existe no singular. O que há são inúmeras maneiras de
conceber o campo do “psicológico” e outras tantas maneiras de se inserir nesse campo, intervindo
nele, praticando “psicologia”.
Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique", "alma",
"mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é o estudo do comportamento e dos
processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)".1 O principal foco
da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento
animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha
um papel importante. (veja também etologia).
A psicologia científica, tratada neste artigo, não deve confundir-se com a psicologia do
senso comum ou psicologia popular que é o conjunto de ideias, crenças e convicções transmitidas
culturalmente e que cada indivíduo possui a respeito de como as pessoas funcionam, se comportam,
sentem e pensam. A psicologia usa em parte o mesmo vocabulário, que adquire assim significados
diversos de acordo com o contexto em que é usado.2 Assim, termos como "personalidade" ou
"depressão" têm significados diferentes na linguagem científica e na linguagem vulgar. A própria
palavra "psicologia" é muitas vezes usada na linguagem comum como sinônimo de psicoterapia e,
como esta, é muitas vezes confundida com a psicanálise ou mesmo a análise do comportamento.
O termo parapsicologia, ligado ao vocábulo paranormal, não se refere a um conceito ou a
uma disciplina da Psicologia; trata-se de um campo de estudo não reconhecido pela comunidade
científica.
Entre as maneiras de pensar o “psicológico” há mesmo quem pretenda descartar-se desta
denominação e dar preferência a outros conceitos, como “conduta” ou “comportamento” entre os
que se situam no campo do psicológico, há também os que pretendem fazer outra coisa que não
“psicologia” como, por exemplo, “psicanálise”.
A psicologia é um conjunto de diversos domínios. Alguns psicólogos realizam pesquisa
básica, alguns fazem pesquisa aplicada, e alguns prestam serviços profissionais. “A psicologia se
desenvolveu a partir da biologia e da filosofia, com o objetivo de se tornar uma ciência que
descreve como pensamos, sentimos e agimos.” (Myers, 1999, pág. 1). Em psicologia não há um
acordo na metodologia, e não há uma terminologia comum; existe uma diversidade enorme de
orientações teórico-metológicas.
Objeto
O objeto de estudo da psicologia tem variado ao longo do tempo e sua pré-história
confunde-se com a própria historia da filosofia. Antes de 300 a.C., o filósofo grego Aristóteles
teorizou sobre temas como aprendizagem e memória, motivação e emoção, percepção e
personalidade.
Para que se tenha noção da extensão do campo da Psicologia, eis algumas questões,
apontadas por Teles (2003), que lhe são pertinentes:
 Como aprendemos?
 Como se dá o desenvolvimento físico, motor, emocional, social, intelectual da criança?
 O que é a crise da adolescência?
 Que fatores influem no desenvolvimento?
 Que são emoções? Elas são inatas ou adquiridas?
 Por que nos lembramos e esquecemos?
 Como se desenvolve o pensamento?
 Qual a ligação entre pensamento e linguagem?
 Como se dá a resolução de problemas?
 Qual a influência do grupo sobre os indivíduos?
 Como se desenvolve a personalidade?
 Como se dá percepção?
 Quais são os fatores responsáveis pelos diversos tipos de retardamento mental?
 O que motiva o comportamento?
 Como explicar as diferenças individuais?
 Quais as causas dos desvios de comportamento?
 Como atuar sobre o desajustamento?
 Qual a influência dos valores e das atitudes na percepção dos indivíduos?
 Como estimular a criatividade das pessoas?
Segundo Campos (1996), a história da ciência psicológica vem mostrando que a atuação do
psicólogo jamais é neutra e responde a demandas que se inscrevem em um contexto político,
econômico, social e cultural, estando sujeita a suas especificidades.
O homem é um animal essencialmente diferente de todos os outros. Não apenas porque
raciocina, fala, ri, chora, opõe o polegar, cria, faz cultura, tem autoconsciência, e consciência de
morte. É também diferente porque o meio social é seu meio específico. Ele deverá conviver com
outros homens, numa sociedade que já encontra, ao nascer dotada de uma complexidade de valores,
filosofias, religiões, línguas, tecnologias. (Telles, 2003, pág. 19).
Zanella (1999) demarca que a diversidade e complexidade da atuação do psicólogo (afinal,
são
tantas
as
chamadas áreas
de
atuação: escolar, organizacional
do esporte,
clínica, jurídica, comunitária, etc.), tem revelado cada vez mais inadequada a discussão sobre essas
áreas de atuação tal qual vinha acontecendo, isto é, como áreas estanques, separadas, com
arcabouço técnico e teórico delimitado. A autora defende que o local de atuação é demarcado, mas a
atuação profissional deverá ser necessariamente múltipla, posto que, é assim que se caracteriza a
realidade.
Não é o lugar que define a postura de um profissional – embora nem todos pensem assim – é
antes a capacidade de refletir criticamente sobre teorias, métodos e práticas, avaliando resultados e
pensando a acerca das necessidades do país em que nos encontramos. (Eizirik, 1988, pág. 33)
Só em uma época muito recente, surgiu o conceito de ciência tal como hoje é de uso
corrente, e só a partir da segunda metade do século XIX surgiram homens que pretendiam reservar
aos estudos psicológicos um território próprio, cujo êxito se fez notar pelos discípulos e espaços
conquistados nas instituições de ensino universitário e de pesquisa. Só então passou a existir a
figura do psicólogo e passaram a ser criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão
de conhecimento psicológico. (Figueiredo e Santi, 2004)
Para Teles (2003) acreditar que a psicologia deva ser ciência nos moldes daquelas que se
baseiam principalmente no método experimental, seria empobrecê-la por demais. O ser humano tem
reflexos, necessidades, impulsos, mas não instintos. A aprendizagem, que significa mudança de
comportamento como resultado da experiência, será básica em todo o processo humano de
ajustamento. “Ajustar-se significa aprender formas de comportamento que permitam ao indivíduo
adaptar-se às exigências internas e externas que lhe são impostas.” (Telles, 2003, pág. 22)
Todos os grandes sistemas filosóficos desde a Antiguidade incluíam noções e conceitos
relacionados ao que hoje faz parte do domínio da psicologia científica, como o comportamento, o
espírito ou a alma do homem. Na Idade Moderna, físicos, anatomistas, médicos e fisiólogos
trataram de diversos aspectos do comportamento involuntário e mesmo de comportamentos
voluntários do homem. No século XIX começou a se constituir as ciências da sociedade, como a
Economia, a Política, a História, a Antropologia, a Sociologia e a Lingüística. Essas ciências
tratavam das ações humanas e de suas obras. Quando Gomide (1984) analisa a formação acadêmica
em psicologia e suas deficiências, conclui que "não estamos formando profissionais capazes de
construir a psicologia, mas apenas de repeti-la pois o estudante apenas aprende técnicas e busca o
cliente para aplicá-las" (p. 74).
A profissão
A reversão desse quadro requer que se eleja como princípio da formação profissional não só
ensinar as técnicas, mas também discutir, criticar e analisar o porquê de elas se desenvolverem, em
que época surgiram, para que propósitos serviram ou servem, ou seja, buscar retomar com o aluno o
processo de desenvolvimento histórico da ciência com a qual vai trabalhar. A história como forma
de apropriação do senso crítico.
A profissão de psicólogo esteve inicialmente ligada aos problemas de educação e trabalho.
O psicólogo “aplicava testes”: para selecionar o “funcionário certo” para o “lugar certo”, para
classificar o escolar em uma turma que lhe fosse adequada, para treinar o operário, para programar a
aprendizagem, etc. Todas essas funções ainda são importantes na definição da identidade
profissional do psicólogo; mas hoje, quando se fala em psicólogo, o leigo logo pensa no psicólogo
clínico, e quem se decide a estudar psicologia quase sempre é com a intenção de se tornar um
clínico. Embora durante muitos anos essa especialização nem existisse legalmente, atualmente é a
principal identidade do psicólogo aplicado. (Figueiredo e Santi, 2004)
Popularização
É cada vez mais freqüente que as teorias psicológicas se popularizem e sejam assimiladas
pelo linguajar popular e que cada vez mais pensem a cerca de si e dos outros com termos
emprestados das escolas psicológicas. E a psicologia popularizada, segundo Figueiredo e Santi
(2004) tem servido para sustentar a palavra de ordem ‘cada um na sua, pensando os seus problemas
e defendendo os seus interesses e a sua felicidade.’
Ao serem incorporadas à vida cotidiana de algumas camadas da população, “as psicologias”
convertem-se quase sempre numa visão de mundo altamente subjetivista e individualista. Com isso,
queremos dizer que mesmo as teorias psicológicas que não se restringem à experiência imediata da
subjetividade individualizada, como a psicanálise, ao serem assimiladas pela sociedade, têm se
tornado uma forma de manter a ilusão da liberdade e da singularidade de cada um, em vez de
compreender e explicar o que há de ilusório nessas idéias. É assim que a psicologização da vida
quotidiana tem nos levado a pensar o mundo social e a nós mesmos a partir de uma visão bem
pouco crítica. (...) Certamente a tendência que tem mais crescido e aumentado seu mercado
recentemente é a das “terapias de auto ajuda“. Numa mistura de concepções do senso comum ou
baseadas em teorias psicológicas, em pressupostos humanistas sobre a liberdade do homem e num
estilo de administração empresarial nitidamente comportamentalista, esse discurso (que soa como o
de um pastor protestante americano, e isto é mais do que uma coincidência) prega um paradoxal
reforçamento do “eu” com sua submissão a um conjunto de regras de gerenciamento da própria
vida. (Figueiredo e Santi, 2004, pág. 87-88).
A psicologia não é apenas a ciência do bem-estar, tendo como ponto de referência uma
sociedade bem comportada. Se a psicologia usa como parâmetros de normalidade e de ajustamento
os valores da classe dominante, então ela é, também, um veículo ideológico.
Referencias
Campos, R. H.de F. (1996). Em Busca de um Modelo Teórico para o Estudo da História
da Psicologia no Contexto Sociocultural. Coletâneas da ANPEPP. São Paulo: EDUC, 1, n.15.
Eizirik, Marisa F. Psicologia Hoje: uma análise do que-fazer psicológico. Psicologia, Ciência e
Profissão. CFP, a.8. n. 1, 1988.
Figueiredo, Luis Cláudio. Prefácio. In: Jacó-Vilela, Ana Maria; Ferreira, Arthur A. L.; Portugal,
Francisco T. (orgs.). História da Psicologia: rumos e Percursos. Rio de Janeiro: NAU Ed., 2005.
Figueiredo, Luis Cláudio e Santi, Pedro Luis Ribeiro. Psicologia: uma (nova) introdução. São
Paulo: EDUC, 2004.}
Gomide, P. I. C. (1988). A formação acadêmica: onde residem suas deficiências? In Conselho
Federal de Psicologia (Org.), Quem é o psicólogo brasileiro? (pp. 69-85). São Paulo: Edicon.
Myers, David. Introdução à psicologia Geral. Rio de Janeiro: LTC, 1999.}
Teles, Maria Luiza S. O Que é Psicologia? São Paulo: Brasiliense, 2003. (coleção primeiros
passos.).
Zanella, Andréia Vieira. Psicologia Social e Escola. In: Strey, Marlene Neves...[et al.]. Psicologia
Social Contemporânea: livro-texto. Petrópolis: Vozes, 1999.
2. Dificuldade numa definição clara do objeto da psicologia
Qual é, então, o objeto específico de estudo da Psicologia? Se dermos a palavra a um
psicólogo comportamentalista, ele dirá: “O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento
humano”. Se a palavra for dada a um psicólogo psicanalista, ele dirá: “O objeto de estudo da
Psicologia é o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros, ainda, a
personalidade. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA A diversidade de objetos da
Psicologia é explicada pelo fato de este campo do conhecimento ter-se constituído como área do
conhecimento científico só muito recentemente (final do século 19), a Observatório Nacional —
Rio de Janeiro. Estudar o fenômeno físico é pensar sobre algo externo ao homem. Estudar o homem
é pensar sobre si mesmo.
Um outro motivo que contribui para dificultar uma clara definição de objeto da Psicologia é
o fato de o cientista — o pesquisador — confundir-se com o objeto a ser pesquisado. No sentido
mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o homem, e neste caso o pesquisador está inserido
na categoria a ser estudada. Assim, a concepção de homem que o pesquisador traz consigo
“contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia. Isso ocorre porque há diferentes
concepções de homem entre os cientistas (na medida em que estudos filosóficos e teológicos e
mesmo doutrinas políticas acabam definindo o homem à sua maneira, e o cientista acaba
necessariamente se vinculando a uma destas crenças). É o caso da concepção de homem natural,
formulada pelo filósofo francês Rousseau, que imagina que o homem era puro e foi corrompido
pela sociedade, e que [pg. 21] cabe então ao filósofo reencontrar essa pureza perdida (veja capítulo
10).
Outros veem o homem como ser abstrato, com características definidas e que não mudam, a
despeito das condições sociais a que esteja submetido. Nós, autores deste livro, vemos esse homem
como ser datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam. Na realidade, este
é um “problema” enfrentado por todas as ciências humanas, muito discutido pelos cientistas de cada
área e até agora sem perspectiva de solução.
Conforme a definição de homem Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês adotada, teremos
uma concepção de objeto que combine com ela. Como, neste momento, há uma riqueza de valores
sociais que permitem várias concepções de homem, diríamos simplificada-mente que, no caso da
Psicologia, esta ciência estuda os “diversos homens” concebidos pelo conjunto social.
Assim, a Psicologia hoje se caracteriza por uma diversidade de objetos de estudo. Por outro
lado, essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos psicológicos são tão diversos,
que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser sujeitos aos
mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. O objeto da Psicologia deveria ser
aquele que reunisse condições de aglutinar uma ampla variedade de fenômenos psicológicos.
Ao estabelecer o padrão de descrição, medida, controle e interpretação, o psicólogo está
também estabelecendo um determinado critério de seleção dos fenômenos psicológicos e assim
definindo um objeto. Esta situação leva-nos a questionar a caracterização da Psicologia como
ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas Ciências psicológicas
embrionárias e em desenvolvimento.
3. A subjetividade como objeto da psicologia2
2
http://www.slideshare.net/FelipeMiguel12/psicologias-uma-introducao-ao-estudo-de-psicologia-odair-furtado-mariade-lourdes-t-ana-merces-bahia-bockwwwlivrosgratisnet
Considerando toda essa dificuldade na conceituação única do objeto de estudo da Psicologia,
optamos por apresentar uma definição que lhe sirva como referência para os próximos capítulos,
uma vez que você irá se deparar com diversos enfoques que trazem definições específicas desse
objeto, (o comportamento, o inconsciente, a consciência etc.). A identidade da Psicologia é o que a
diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um
desses ramos enfoca o homem de maneira particular. Assim, cada especialidade — a Economia, a
Política, a História etc. — trabalha essa matéria-prima de maneira particular, construindo
conhecimentos [pg. 22] distintos e específicos a respeito dela. A Psicologia colabora com o estudo
da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da
totalidade da vida humana.
Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso
comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e
as genéricas (porque somos todos assim) — é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto,
homem-ação e tudo isso está sintetizado no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese singular
e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e
vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado,
por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são
experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese — a subjetividade — é o
mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas
relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas
manifestações afetivas e comportamentais.
O mundo social e cultural, conforme vai sendo experienciado por nós, possibilita-nos a
construção de um mundo interior. São diversos fatores que se combinam e nos levam a uma
vivência muito particular. Nós atribuímos sentido a essas experiências e vamos nos constituindo a
cada dia. A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um.
É o que constitui o nosso modo de ser: sou filho de japoneses e militante de um grupo ecológico,
detesto Matemática, adoro samba e black music, pratico ioga, tenho vontade mas não consigo ter
uma namorada. Meu melhor amigo é filho de descendentes de italianos, primeiro aluno da classe
em Matemática, trabalha e estuda, é corinthiano fanático, adora comer sushi e navegar pela Internet.
Ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade. Entretanto, a síntese que a subjetividade representa
não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos, apropriando-se do material do mundo social e
cultural, e faz isso ao mesmo tempo em que atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua
construção. Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e transforma a si
próprio.
Um mundo objetivo, em movimento, porque seres humanos o movimentam
permanentemente com suas intervenções; um [pg. 23] mundo subjetivo em movimento porque os
indivíduos estão permanentemente se apropriando de novas matérias-primas para constituírem suas
subjetividades. De um certo modo, podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada,
produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas formas
de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento e à perda de memória imposta pela fugacidade da
informação; recusando a massificação que exclui e estigmatiza o diferente, a aceitação social
condicionada ao consumo, a medicalização do sofrimento. Nesse sentido, retomamos a utopia que
cada homem pode participar na construção do seu destino e de sua coletividade. Por fim, podemos
dizer que estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos
modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. O estudo
dessas novas subjetividades vai desvendando as relações do cultural, do político, do econômico e do
histórico na produção do mais íntimo e do mais observável no homem — aquilo que o captura,
submete-o ou mobiliza-o para pensar e agir sobre os efeitos das formas de submissão da
subjetividade (como dizia o filósofo francês Michel Foucault).
O movimento e a transformação são os elementos básicos de toda essa história. E
aproveitamos para citar Guimarães Rosa, que em Grande Sertão: Veredas, consegue expressar, de
modo muito adequado e rico, o que aqui vale a pena registrar: “O importante e bonito do mundo é
isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre
mudando. Afinam e desafinam”. Convidamos você a refletir um pouco sobre esse pensamento de
Guimarães Rosa. As pessoas não estão sempre iguais. Ainda não foram terminadas. Na verdade, as
pessoas nunca serão terminadas, pois estarão sempre se modificando. Mas por quê? Como?
Simplesmente porque a subjetividade — este mundo interno construído pelo homem como síntese
de suas determinações — não cessará de [pg. 24] se modificar, pois as experiências sempre trarão
novos elementos para renová-la. Talvez você esteja pensando: mas eu acho que sou o que sempre
fui — eu não me modifico! Por acompanhar de perto suas próprias transformações (não poderia ser
diferente!), você pode não percebê-las e ter a impressão de ser como sempre foi. Você é o
construtor da sua transformação (veja capítulo 13) e, por isso, ela pode passar despercebida,
fazendo-o pensar que não se transformou. Mas você cresceu, mudou de corpo, de vontades, de
gostos, de amigos, de atividades, afinou e desafinou, enfim, tudo em sua vida muda e, com ela, suas
vivências subjetivas, seu conteúdo psicológico, sua subjetividade. Isso acontece com todos nós.
Bem, esperamos que você já tenha uma noção do que seja subjetividade e possamos, então, voltar a
nossa discussão sobre o objeto da Psicologia.
A Psicologia, como já dissemos anteriormente, é um ramo das Ciências Humanas e a sua
identidade, isto é, aquilo que a diferencia, pode ser obtida considerando-se que cada um desses
ramos enfoca de maneira particular o objeto homem, construindo conhecimentos distintos e
específicos a respeito dele. Assim, com o estudo da subjetividade, a Psicologia contribui para a
compreensão da totalidade da vida humana. É claro que a forma de se abordar a subjetividade, e
mesmo a forma de concebê-la, dependerá da concepção de homem adotada pelas diferentes escolas
psicológicas (veja capítulos 3, 4, 5 e 6). No momento, pelo pouco desenvolvimento da Psicologia,
essas escolas acabam formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma totalidade
— o ser humano: o seu mundo interno e as suas manifestações. A superação do atual impasse levará
a uma Psicologia que enquadre esse homem como ser concreto e multideterminado (veja capítulo
10). Esse é o papel de uma ciência crítica, da compreensão, da comunicação e do encontro do
homem com o mundo em que vive, já que o homem que compreende a História (o mundo externo)
também compreende a si mesmo (sua subjetividade), e o homem que compreende a si mesmo pode
compreender o engendramento do mundo e criar novas rotas e utopias. Algumas correntes da
Psicologia consideram-na pertencente ao campo das Ciências do Comportamento e, outras, das
Ciências Sociais. Acreditamos que o campo das Ciências Humanas é mais abrangente e condizente
com a nossa proposta, que vincula a Psicologia à História, à Antropologia, à Economia etc. [pg. 25]
A PSICOLOGIA E O MISTICISMO A Psicologia, como área da Ciência, vem se desenvolvendo na
história desde 1875, quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório de
Experimentos em Psicofisiologia, em Leipzig, na Alemanha. Esse marco histórico significou o
desligamento das idéias psicológicas de idéias abstratas e espiritualistas, que defendiam a existência
de uma alma nos homens, a qual seria a sede da vida psíquica. A partir daí, a história da Psicologia
é de fortalecimento de seu
UNIDAD II - PSICOLOGIA: CIENCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO
1. A psicologia como ciencia
Esta seção do trabalho foi extraído do site eletrônico.3
A psi é a vigésima terceira letra do alfabeto grego e o simbolo universal da psicologia.
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos
(psiquismo). Cabe agora definir tais termos:3
3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis dométodo
científico as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, baseado em fatos
empíricos. Pelo seu objeto de estudo a psicologia desempenha o papel de elo entre as ciências
sociais, como a sociologia e aantropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas
mais recentes como as ciências cognitivas e as ciências da saúde.
Comportamento é a atividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos na
sua busca de adaptação ao meio em que vivem.
Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo
ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção - ao contrário, por exemplo,
da sociologia, que estuda a sociedade como um conjunto.
Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona - pensar, planejar, tirar
conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se
compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base.
Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e
o controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser
observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição,
explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociênciaque permitem visualizar o
funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de
seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos
mentais se desenrolam). Descrever o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar,
o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em
seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a
análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos padrões de
comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou
visual. Aintrospecção é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A
partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, esclarecer o comportamento. A
psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores
distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais
(temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meio ambiente, da
cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As previsões em psicologia procuram expressar,
com base nas explicações disponíveis, aprobabilidade com que um determinado tipo de
comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o
comportamento futuro se determina a também a sua validade. Controlar o comportamento significa
aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é a parte mais
prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na psicoterapia.3
Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores da neuropsicologia, a psicologia
do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se
constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as
formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos processos fisiológicos
que lhes servem de base nem limitar-se a sua descrição exterior. Segundo esse autor, além de
estabelecer as leis da sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção,
memorização (tarefa iniciada por Wundt), na análise do pensamento lógico, formação das
necessidades complexas e da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história
social (compartilhando, de certo modo com a proposição da Völkerpsychologiede Wundt (ver mais
abaixo "História da Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos processos
neurofisiológicos e das determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por seu
contemporâneoVigotsky).4
2. Resenha histórica da psicologia
Figura 1 - Wilhelm Wundt (sentado) e seu grupo no seu laboratório psicológico, o primeiro desse tipo. Wundt
é creditado pela criação da psicologia como um campo de investigação científica independente da filosofia e
biologia.
2.1 Perspectivas históricas: teorias principais
"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta".5 Com essa frase
descreveu Hermann Ebbinghaus, um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da
psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores,
filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza
humana - a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de
muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos
gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX. O primeiro laboratório psicológico
foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879tendo publicado seu livro "Principles of
Physiological Psychology" em Leipzig, naAlemanha. Seu interesse se havia transferido do
funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade
dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos.
Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e
os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt
nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo
americano William James propôs em seu livro "The Principles of Psychology (1890)" - para muitos
a obra mais significativa da literatura psicológica - uma nova abordagem mais centrada na função
da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida
e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte3
2.1.1 Estruturalismo
Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente científica para a
nova ciência. Assim realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que
poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico,
Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob
condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo por Edward
Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da
mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por Titchener era
a introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e sensações a
fim de ganhar informações sobre determinadas experiências sensoriais. A tônica do trabalho era
assim antes compreender o que é a mente, do os comos e porquês de seu funcionamento. As
principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram:
 Por ser reducionista, ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a
simples sensações;
 Por ser elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de partes ou elementos ao invés de
estudar estruturas mais complexas, como as que são típicas para o comportamento humano
e;

Por ser mentalista, ou seja, basear-se somente em relatórios verbais, excluindo indivíduos
incapazes de introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além disso a
introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser um verdadeiro método científico
objetivo3 .
2.1.2 Funcionalismo
William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos
conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma descrição de
elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma
característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava
mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender,
deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas enfim, tudo o que faz cada ser humano único. As idéias de James foram desenvolvidas por John
Dewey, que se dedicou, sobretudo ao trabalho prático na educação3 .
2.1.3 Gestalt, ou psicologia da forma
Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentalismo nascente (ver abaixo)
foi a psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang
Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia
defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e
não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra gestalt significa "forma",
"formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é
mais que a soma das suas partes"3 . Distinta da psicologia da gestalt, escola de pesquisa de
significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por
Frederic S. Perls (Fritz Perls).
O legado dos primórdios
Apesar de serem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo como o funcionalismo
e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os
psicólogos procuram compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos
processos mentais absolutos.
2.2 História da Psicologia no Brasil
É relevante afirmar que desde o período Colonial no Brasil, já havia preocupações com o
fenômeno psicológico, contudo não podemos afirmar que se tratava propriamente de Psicologia. O
homem sendo parte fundante e personagem principal do desenvolvimento das idéias, cria e elabora
idéias psicológicas, dentre tantas outras. É possível entender que também no Brasil, a Psicologia vai
se desenvolvendo como idéias e posteriormente como ciência. A pesquisa de Massimi
(1990)6 evidencia que os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo
em várias culturas e que este objeto de estudo se denomina História das ideias psicológicas. Numa
análise sobre o período colonial brasileiro, esta autora pontua que temas relevantes no que diz
respeito a conhecimentos e práticas psicológicas foram produzidos. É conveniente evidenciar
também que durante o século XIX, principalmente no final deste, a psicologia esteve presente em
várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os
fenômenos psicológicos no interior da Medicina e da Educação. Para Antunes (2004)7 , este
processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da Psicologia como área específica de
saber.
2.3 Perspectivas atuais
Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento que influenciam a
moderna psicologia. Para maiores informações ver os artigos principais indicados e
ainda psicoterapia.
2.3.1 A perspectiva biológica
O caduceu de Asclépio é apenas uma cobra enrolada em um bastão. O erro cometido acima
é bastante comum, todavia, já que por ignorância, algumas entidades ligadas a medicina acabam
utilizando o símbolo do Caduceu, o bastão do deus Hermes, símbolo visto em áreas voltadas ao
comércio e a comunicação. Enquanto símbolo da psicologia médica é usado juntamente com o
emblema da psicologia, a letra grega "psi" = Ψ
A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no
funcionamento dos genes, do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino. O comportamento e os
processos mentais são assim compreendidos com base nas estruturas corporais e nos processos
bioquímicos no corpo humano, de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito
próxima das áreas da genética, da neurociência e da neurologia e por isso está intimamente ligada
ao importante debate sobre o papel da predisposição genética e do meio ambiente na formação da
pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico
e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas como
pensamento, memória e percepção 3 .
2.3.2 Psicologia médica
O processo saúde-doença merece uma atenção especial e pode ser compreendido de
diferentes formas além do direcionado ao tratamento do distúrbio mental propriamente dito.
Inicialmente abordado pela psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto
da neurologia e psiquiatria, e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da
importância dos fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes
na medicina hipocrática e na homeopatia, contudo foi somente em meados do século XX que
surgiram aplicações da psicologia nas intervenções clínicas atualmente denominadas por medicina
psicossomática, psicologia médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde.8
2.3.3 A perspectiva psicodinâmica
Segundo a perspectiva psicodinâmica, o comportamento é movido e motivado por uma série
de forças internas, que buscam dissolver a tensão existente entre os instintos, as pulsões e as
necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro. O objetivo do comportamento é
assim a diminuição dessa tensão interna. A perspectiva psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos
do médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes psiquiátricos, mas ele acreditava
serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo freudiano é
notoriamente reconhecido por enfatizar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações
podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso, Freud dava muita
importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da personalidade. A teoria
original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou
fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na
capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela idéia de descobrir os mistérios
mais profundos do ser humano3 .
2.3.4 A perspectiva analítica
Em reação à perspectiva psicodinâmica, Carl Gustav Jung começou a desenvolver um sistema
teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o de "Psicologia
Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. Utilizando-se do conceito de
"complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, esta corrente se dedica a entender profundamente
aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Nessa teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste
fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto
fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que
constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos: da mesma forma que animais e
homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos, considera-se também provável que em
nosso psiquismo exista um material psíquico contendo alguma analogia com os instintos.
2.3.5 A perspectiva comportamentalista
A perspectiva comportamentalista procura explicar o comportamento pelo estudo de relações
funcionais interdependentes entre eventos ambientais (estímulos) e fisiológicos (respostas). A atenção do
pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo enquanto
organismo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições, para as consequências que essa
reação lhe traz e para os efeitos que essas consequências produzem. Os adeptos dessa corrente entendem
o comportamento como uma relação interativa de transformação mútua entre o organismo e o ambiente
que o cerca na qual os padrões de conduta são naturalmente selecionados em função de seu valor
adaptativo. Trata-se de uma aplicação do modelo evolucionista de Charles Darwin ao estudo do
comportamento que reconhece três níveis de seleção - o filogenético (que abrange comportamentos
adquiridos hereditariamente pela história de seleção da espécie), o ontogenético (que abrange
comportamentos adquiridos pela história vivencial do indivíduo) e o cultural (restrito à espécie humana,
abrange os comportamentos controlados por regras, estímulos verbais, transmitidos e acumulados ao
longo de geraçãos por meio da linguagem). A Análise do Comportamento, ciência que verifica tais
postulados teóricos, baseia-se sobretudo em experimentos empíricos, controlados e de alto rigor
metodológico com animais que levaram ao descobrimento de processos de condicionamento e formulação
de muitas técnicas aplicáveis ao ser humano. Foi uma das mais fortes influências para práticas psicológicas
posteriores, a maior no hemisfério norte atualmente. Destaca-se das demais correntes da Psicologia por
não se fundamentar em abordagens restritamente teóricas e pela exclusiva rejeição do modelo de
pensamento dualista que divide a constituição humana em duas realidades ontologicamentes
independentes, o corpo físico e a mente metafísica - ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos tais
como emoções, sentimentos e pensamentos/cognições são entendidos como substancialmente materiais e
sujeitos às mesmas leis naturais do comportamento, sendo logo, classificados como eventos ou
comportamentos encobertos/privados. Tal entendimento não rejeita a existência da subjetividade, como
popularmente se imagina, mas destituí a mesma de um funcionamento automatista. As práticas
terapêuticas derivadas desse tipo de estudo estão entre as mais eficientes e cientificamente reconhecidas e
são, portanto, preferencialmente empregadas no tratamento de transtornos psiquiátricos. O modelo de
estudo analítico-comportamental é também vastamente empregado na Farmacologia moderna e
nas Neurociências.
2.3.6 A perspectiva humanista
Em reação às correntes Comportamentalista e Psicodinâmica, surgiu nos anos 50 do século XX
a perspectiva existêncial-humanista, que vê o homem não como um ser controlado por pulsões interiores
nem por condições impostas pelo ambiente, mas como um ser ativo e autônomo, que busca,
conscientemente, seu próprio crescimento e desenvolvimento, apresentando uma tendência à auto
realização. A principal fonte de conhecimento da abordagem psicológica humanista é o estudo biográfico,
com a finalidade de descobrir como a pessoa vivencia sua existência e entende sua experiência, por meio
de um introspeccionismo. Ao contrário do Comportamentalismo, que valoriza a observação externa, a
perspectiva humanista procura um entendimento holístico do ser humano e está intimamente relacionada
à epistemologia fenomenológica. Exerceu grande influência sobre a psicoterapia3 .
2.3.7 A perspectiva cognitiva
A "virada cognitiva" foi uma reação teórica às limitações instrumentais
do Comportamentalismo que excluia a análise inferencial da investigação psicológica. O foco
central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. Moldar o
comportamento do paciente através da reflexão para adequá-lo à realidade pelo questionamento
retórico e a reorganização de crenças. A perspectiva cognitivista se dedica assim à compreensão dos
processos cognitivos que influenciam o comportamento - a capacidade do indivíduo de imaginar
alternativas antes de se tomar uma decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências
passadas, de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e à influência do comportamento sobre
os processos cognitivos - como o modo de pensar se modifica de acordo com o comportamento e
suas
consequências.
Logo,
nota-se
que
apesar
de
fortemente
influênciada
pelo Comportamentalismo, posto que técnicas terapêuticas envolvem, na maioria das vezes, a
planificação de metas de condicionamento operante, a Psicologia Cognitivista retoma o modelo
convencional das demais correntes psicologicas por afirmar a existência de uma dicotomia entre
processos mentais e comportamentais, ainda que reconhecendo uma interdependência entre eles.
2.3.8 A perspectiva evolucionista
A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução, explicar o
desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao
meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos
evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente
com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como
aantropologia e a arqueologia3 .
2.3.9 A perspectiva sociocultural
Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava a psicologia - na época a
psicanálise de Freud - por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua
compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva
sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas
quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os
conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a
observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da
cultura na formação da personalidade3 .
2.3.10 A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade
A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à
enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem
mutuamente demonstra que o ser humano pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob
diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para
todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse
modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados
por três grupos de fatores:
 Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que
determinam o desenvolvimento corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.;
 Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações
emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
 Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da
sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de papéis
sociais, etc.9
Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a psicologia se vê na
necessidade de complementar seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do
conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se
encontrar) em constante contato com a fisiologia, a biologia, a etologia(ciência dos costumes),
a neurologia e às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à antropologia, à sociologia,
à etnologia, à história, à arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à informática,
à teologia e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais.
No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é menor. O psicólogo, de
acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos
profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico;
médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, fonoaudiólogos e
muitos outros - e muitas vezes as diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem
considerados. Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de Bioética,
formados por diferentes profissionais - psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados,
fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e
pessoas da comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos
importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, entre outros.
2.4 Crítica
2.4.1 O status científico
A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O
filósofo Thomas Kuhn afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "préparadigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras
ciências mais maduras como a física e a química.
Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus
resultados terem assim um caráter correlativo que não permite explicações causais, alguns críticos a
acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia,
como personalidade, pensamento e emoção, não podem ser medidos diretamente e devem ser
estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista
metodológico.
Erros e abusos de testes estatísticos foram sobretudo apontados em trabalhos de psicólogos
sem um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos
confundem significância estatística (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado
obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. No
entanto a obtenção de significados estatisticamente significante mas na prática irrelevantes é um
fenômeno comum em estudos envolvendo um grande número de pessoas.10 Em resposta muitos
pesquisadores começaram a fazer uso do "tamanho do efeito" estatístico (effect size) como massa
de medida da relevância prática.
Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os
psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a
respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais
técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.11 Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas
de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido nos
últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas
terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas
tradicionais (mainstream), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no
tratamento dos transtornos psíquicos. Hoje, há pessoas que defendam que a Psicologia virou algo
mais voltado para a opnião pública do que para uma área de pesquisa.12
2.4.2 Terapias "alternativas" não psicológicas
Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da
psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do números de "terapias
alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e
não pesquisados. Muitos autores13 já haviam apontado o grande crescimento no número de
tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria.
Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos
psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos - incluindo
"comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória,
(ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapiasnewage de todos os tipos possíveis (ex. rebirthing, reparenting, regressão de vidas passadas, terapia do
grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou
mantiveram sua popularidade nas últimas décadas."14 Allen Neuringer (1984) fez críticas
semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.15
Referências
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macht) und von den mentalen Prozessen (subjektive Erfahrungen, die wir aus dem Verhalten
erschließen)". Myers (2008), p.8.
 Ir para cima↑ Asendorpf (2004), p.2
 ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k Zimbardo & Gerrig (2004), p.3-5; 5-8; 10-17.
 Ir para cima↑ Luria, 1979
 Ir para cima↑ "Die Psychologie besitzt eine lange Vergangenheit aber nur eine kurze
Geschichte". Citado por Zimbardo & Gerrig (2004), p. 10.
 Ir para cima↑ [MASSIMI, M. História da Psicologia brasileira. São Paulo: Ed. Pedagógia
Universitária, 1990]
 Ir para cima↑ [ANTUNES, M.A.M.(1991). O processo de autonomização da Psicologia no Brasil
- 1890/1930: uma contribuição aos estudos em História da Psicologia. São Paulo. Tese de
doutorado. Puc/SP]
 Ir para cima↑ Gorayeb, Ricardo; Guerrelhas, Fabiana. Sistematização da prática psicológica em
ambientes médicos. Rev. bras.ter. comport. cogn. v.5 n.1 São Paulo jun. 2003 Disponível em
pdf. Dez. 2010
 Ir para cima↑ Myers (2008), p.11-12
 Ir
para
cima↑ Cohen,
J.
(1994). http://istsocrates.berkeley.edu/~maccoun/PP279_Cohen1.pdf The Earth is round, p.05]. American
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 Ir para cima↑ Elliot, Robert. (1998). Editor's Introduction: A Guide to the Empirically
Supported Treatments Controversy.Psychotherapy Research, 8(2), 115.
 Ir para cima↑ Les stratégies et les techniques des Maitres du Monde pour la manipulation de
l'opinion publique et de la société. Visitado em 2009-09-16.
 Ir para cima↑ Beyerstein, B. L. (2001). Fringe psychotherapies: The public at risk. The
Scientific Re-view of Alternative Medicine, 5, 70–79
 Ir para cima↑ "A wide variety of unvalidated and sometimes harmful psychotherapeutic
methods, including facilitated communication for infantile autism (…), suggestive techniques
for memory recovery (e.g., hypnotic age-regression, guided imagery, body work), energy
therapies (e.g., Thought Field Therapy, Emotional Freedom Technique…), and New Age
therapies of seemingly endless stripes (e.g., rebirthing, reparenting, past-life regression, Primal
Scream therapy, neurolinguistic programming, alien abduction therapy, angel therapy) have
either emerged or maintained their popularity in recent decades." SRMHP: Our Raison d’Être.
Visitado em 2009-09-16.
 Ir para cima↑ Neuringer, A.:"Melioration and Self-Experimentation" Journal of the
Experimental
Analysis
of
Behaviorhttp://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1348111
Bibliografia
Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit (3. Aufl.). Berlin: Springer. ISBN 978-3540-71684-6
Myers, David G. (2008). Psychologie. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original:
Myers (2007).Psychology, 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
Zimbardo, Philip G. & Gerrig, Richard J. (2005). A psicologia e a vida. Artmed. ISBN 85-3630311-5 (No artigo citado do alemãõ (2004)Psychologie. München: Pearson. ISBN 3-8273-7056-6;
Original: (2002). Psychology and Life. Boston: Allyn and Bacon.)
ANEXOS
1 PSICOLOGIA GERAL:4 Evolucao histórica
A humanidade desde sempre colocou inúmeras questões acerca do mundo que a rodeia,
procurando respostas que lhe atenuassem a angústia e a inquietação. Contudo, a Natureza não foi o
único objecto destas interrogações. Este também passou a reflectir sobre si mesmo e sobre a vida
humana, nomeadamente sobre as suas emoções, inquietações, sentimentos, o porquê da existência,
do nascimento, da morte… É deste modo que nasce o conceito de alma, onde reside a raiz
etimológica da psicologia: psiché (alma) + logos (razão, estudo). Todavia, o termo psicologia só
aparece no século XVI com Rodolfo Goclénio.
Tem-se afirmado que a Psicologia é uma ciência com um longo passado, mas com uma curta
história. Tal frase lança luz sobre o facto de os povos de todos os tempos e de todas as culturas se
terem ocupado dos problemas da alma e da vida humanas. A partir dos testemunhos escritos que
nos ficaram das antigas culturas da Índia, China, Ásia Anterior, do Delta e do Nilo, a partir de mitos
e contos populares bem como de obras eruditas, podemos depreender que os homens sempre
reflectiram sobre a alma, sobre a morte e sobre a imortalidade, sobre o bem e o mal e sobre as
causas dos seus medos e preocupações.
A nossa ciência ocidental, assim como a psicologia, remontam à Grécia Antiga, pelo que o
antigo escrito do filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) “Acerca da Alma”, é designado muitas
vezes como o primeiro manual de Psicologia. De facto, este grande mestre da ciência antiga tratou
de quase todos os problemas que ainda hoje nos ocupam; interessou-se de modo muito especial pela
questão dos fundamentos biológicos da vida anímica e do desenvolvimento anímico. É sua a tese de
que o todo vem antes das partes e é, portanto, mais do que o somatório das suas partes. Por
exemplo: cada floresta é mais do que o somatório das suas árvores, arbustos e ervas que a
constituem e dos animais que nela habitam, é uma totalidade própria com características especiais
que pertencem à totalidade. Porém, tais totalidades existem igualmente no domínio psíquico. Esta
concepção opõe-se à de Wilhelm
Wundt (1832-1920), de que o todo da mente é constituído a partir de processos elementares,
a qual dominou, a princípio, a moderna Psicologia Científica, orientada pelo pensamento atomista
da Física. Os Gregos consideravam a alma como o sopro da vida, como o que vivificava a vida.
Como, porém, se realizava essa vivificação foi problema que permaneceu tão discutido quanto
insolúvel. Tales de Mileto, muito antes de Aristóteles, considerou o movimento como o essencial
para a vivificação; alguns filósofos da Antiga Grécia pensavam que a alma era “ar”, outros, que
eram os odores os elementos vivificantes. Platão (427-347 a.C.) qualifica alma de ser espiritual; o
seu discípulo Aristóteles considerava-a como uma força, aliás, incorpórea mas que movia e
dominava os corpos.
A par de tais concepções, adquiridas exclusivamente pela especulação, existiam, contudo
também já na Antiguidade, estudos amplos sobre processos cerebrais, sobre as funções dos órgãos
sensoriais e sobre perturbações destas funções em caso de lesões cerebrais. Ao grande médico grego
Hipócrates (cerca de 400 a.C.) remonta a doutrina dos quatro temperamentos, retomada e
desenvolvida pelo médico romano Galeno (131 até 201 a.C.). Segundo ele, existem quatro
temperamentos, determinados pela predominância de um dos quatro “humores”: o sanguíneo
4
Fonte: Murombo, Madubuze. Psicologia geral. URL: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2GsAG/psicologiageral?part=9
(sangue: folgazão e superficial), o colérico (bílis amarela: vontade forte e iras repentinas), o
melancólico (bílis negra: pensativo e triste) e o fleumático (muco: sossegado e inactivo). Apesar do
seu funcionamento pseudocientífico, a doutrina dos quatro temperamentos afirmou-se na prática; os
quatro tipos foram finalmente introduzidos como noções da nossa linguagem do dia-a-dia. De
interesse para a Psicologia actual é o Doutor da Igreja Santo Agostinho (354-430) pelo facto de ter
descoberto dois métodos importantes: o da auto-observação e o da descrição da experiência interior.
Podemos agora passar por sobre vários séculos até chegarmos ao próximo pensador que
voltou a influenciar a Psicologia de modo decisivo: trata-se de John Locke (1632-1704), ao
sublinhar o papel que desempenham as impressões sensoriais para o desenvolvimento da nossa
experiência. Imaginou o espírito da criança como uma folha de papel em branco (tabula rasa) na
qual são “registadas” as experiências.
Já Aristóteles se ocupara das associações, da combinação de duas ou mais representações ou
vivências parciais. O facto de David Hume (1711-1776) ter retomado e aperfeiçoado a teoria
aristotélica das associações demonstrou ser de extraordinária importância, também para a actual
Psicologia. Hume ensinou que as representações eram imagens de impressões sensoriais e se
encontravam ligadas umas às outras com base em leis mecanicamente funcionais. Continuando o
pensamento de Aristóteles, formulou as leis da associação do contacto espaço-tempo, da
semelhança, do contraste e da casualidade.
Toda a Psicologia fora praticada até aos meados do século X de modo predominantemente
especulativo: julgava-se poder solucionar todos os problemas pensando. O principal impulso para o
procedimento empírico na psicologia -para o método de observação e experiência -proveio, como
Ernest Hilgard, entre outros, acentuou, de Charles Darwin (1809-1882), o fundador da moderna
doutrina genética e da hereditariedade. A obra monumental de Darwin,
“A Origem das Espécies” (1859), influenciou de modo revolucionário quase todos os
domínios da ciência; Charles Darwin, porém, a par das suas investigações biológicas ocupou-se
igualmente de uma série de problemas que hoje denominaríamos de psicológicos. Hilgard aponta
estas relações num estudo sugestivo “A Psicologia após Darwin”.
Frisa como as ideias de Darwin deram um novo impulso à investigação psicológica e
constituíram o fundamento para muitos campos da moderna Psicologia: a Psicologia do
Desenvolvimento e a Psicologia Animal, o estudo da expressão dos movimentos afectivos, a
investigação das diferenças entre os diversos indivíduos, o problema da influência da
hereditariedade em comparação com a do meio ambiente, o problema do papel da consciência e,
logo a seguir, o estudo experimental das funções anímicas e a introdução do princípio quantitativo
da investigação.
O historiador Boring, cuja formação académica remonta a Wilhelm Wundt passando por
Edward E. Titchener, afirma, em determinado passo, acerca da psicologia americana: “herdou o
corpo da investigação experimental alemã; o espírito, porém, provém de Darwin”. Refere-se assim à
tradição americana fundada com base em William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952)
que - diferentemente da tradição alemã criada por Wundt -transfere para primeiro plano as questões
da Biologia, do Desenvolvimento e da Actividade Anímica.
Historicamente é interessante verificar que as primeiras publicações de Fechner e Wundt
sobre as Percepções Sensoriais surgiram ao mesmo tempo que a “Origem das Espécies” de Charles
Darwin: os “Elementos de Psicofísica” de Fechner apareceram em 1860 e os “Contributos para uma
Teoria das Percepções Sensoriais” de Wundt, no ano de 1862.
O lugar de primazia que Wundt ocupa entre os psicólogos e a sua influência internacional,
absolutamente espantosa, têm fundamento numa série de circunstâncias Wundt não se limitou a
criar em 1879, em Leipzig, o primeiro laboratório destinado à investigação experimental dos
fenómenos da consciência, facto que muitos consideraram o início da Psicologia como ciência
independente. Desenvolveu, além disso, um sistema amplo da nova ciência, desde a Psicologia
Experimental Fisiológica até à Psicologia dos Povos. E, finalmente, possuía invulgar capacidade e
fecundidade de trabalho. A concepção da Psicologia de Wundt era orientada pela Física. Tal como o
físico, ele pretendia encontrar elementos e processos elementares; a partir deles pensava poder
construir a alma como um todo. No entanto, também ele próprio, no fundo, não estava
absolutamente convencido desta ideia, como demonstra o facto de ter esperado que a Psicologia dos
Povos fornecesse de qualquer modo conhecimento para os fenómenos mais complicados da alma.
Contudo -como Karl Bühler apontou mais tarde na sua “Crise da Psicologia” -Wundt nunca
desenvolveu nas suas meditações o seu conceito da alma dos povos até às últimas consequências.
Apesar da grandiosa concepção fundamental, a Psicologia dos Povos de Wundt não levou a
quaisquer resultados duradouros precisamente no que se refere à compreensão dos fenómenos mais
complicados e muito menos do desenvolvimento humano. Enquanto Wundt se agarrava
teimosamente à ideia da sua Psicologia dos Povos, outros estudavam os fenómenos de maturação
por meio da observação de animais e de crianças. Este ramo da Psicologia, que incide
exclusivamente sobre a observação do comportamento animal e humano e dos processos de
maturação de tal comportamento, foi, de início, prosseguido principalmente pelo círculo de
investigação anglo-saxónico.
De Francis Galton, Lloyd Morgan, William McDougall a Thorndike, Yerkes e John B.
Watson, encontramos uma série de investigações brilhantes que se ocupam das questões da
hereditariedade, do comportamento animal, dos instintos, do comportamento infantil. John B.
Watson é verdadeiro fundador do Behaviorismo como doutrina que pretendia basear
exclusivamente no estudo do comportamento observado todas as conclusões acerca do
desenvolvimento infantil.
Hoje em dia a Psicologia Animal e a Psicologia Infantil constituem dois ramos
espantosamente vastos e significativos da investigação psicológica. A tradição das observações
realizadas em animais foi continuada em muitos países; e, pela comparação sagaz do
comportamento animal e humano, levada a efeito nas investigações de Wolfgang Köhler, Howard
Liddel, Nikolaas Tinbergen, Konrad Lorenz e Otto Koehler, permitiu que se obtivessem
conhecimentos fundamentais sobre as funções psíquicas em diferentes fases do desenvolvimento.
É do conhecimento geral o grande incremento sofrido pela Psicologia da Criança e do
Adolescente; amplificadas ao âmbito da investigação experimental, desde Karl Bühler e David Katz
até Arnold Gesell e Jean Piaget. Mas não só na Psicologia Evolutiva como também no próprio
círculo dos continuadores de Wundt, entre os investigadores experimentais das funções psíquicas,
se deu uma insurreição contra a sua Psicologia Atomista e Associativa.
Devemos referir-nos primeiramente aos psicólogos da inteligência e da forma, que seguiram
a doutrina de Franz Brentano (1838-1917), Christian von Ehrenfels (1859-1932) e Edmund Husserl
(1859-1938). Estes dois grupos, que costumam normalmente ser designados por Escola de
Würzburg e a de Berlim, insistiam em que a compreensão de relações de sentido e a percepção de
formas, ou seja, de formas e totalidades, são processos de uma espécie própria e não se podem
explicar como sendo formados por elementos. Apresentavam, além disso, a comprovação
experimental para exactidão da sua tese. Não são as representações, mas sim as suas relações que
decidem do sentido de um pensamento, assim respondeu corajosamente Karl Bühler, um dos mais
jovens representantes da Escola de Würzburg, a uma crítica severa por parte do grande mestre
Wundt.
Tal como Oswald Külpe, Narziss Ach, Karl Bühler e Otto Selz demonstraram o princípio da
atribuição de sentido no pensamento, assim mostraram Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt
Koffka, Kurt Goldstein, e mais tarde Kurt Lewin, os fenómenos estruturais na percepção. Estas são
operações específicas, por meio das quais se constroem as nossas percepções: é que acontece que as
impressões sensoriais não são simplesmente reflectidas e ligadas umas com as outras, mas dá-se a
partir de diferentes centros cerebrais uma projecção das impressões sensoriais em diferentes
direcções.
Ainda num outro sector defendeu a validade do princípio do sentido. “Reivindico a palavra
psicologia para a ciência da vida provida de sentido” declarou Eduard Spranger no ano de 1922
numa máxima verdadeiramente clássica. A palavra “sentido” é definida aqui de modo algo diferente
do que na Psicologia da Inteligência, para a qual sentido significa o contexto espiritual de um
pensamento. Spranger define sentido como “aquilo que está integrado num todo de valores como
membro constituinte” ou, por outras palavras: provido de sentido é aquilo que contribui para a
realização de valores.
Spranger, que, seguindo as idéias de Wilhelm Dilthey (1833-1911), contrapõe uma
Psicologia compreensiva à Psicologia explicativa dos experimentalistas, é de opinião que o
essencial na vida humana é a orientação dos valores. Dever-se-ia compreender o homem a partir do
“espírito objectivo”, produtor de valores. Na linguagem da moderna Psicologia isso quereria dizer
que Spranger se ocupa exclusivamente com as finalidades de valor e com os produtos de cultura
formados através deles, enquanto considera o estudo da realização das acções humanas desprovido
de importância. Porém, como Karl Bühler acentua na sua obra “A Crise da Psicologia”, ambos os
aspectos são importantes.
Um terceiro grupo ocupou-se ainda de outra maneira com a relação de sentido das
finalidades. Este facto mostra cada vez mais claramente que o ponto de vista do sentido ocupa o
primeiro plano na moderna Psicologia. É a relação de sentido da acção motivada, tal como Sigmund
Freud (1856- 1939), o fundador da Psicanálise, a viu e descreveu -aliás, como a descreveu, no início
da sua teorização dentro dos estreitos limites daquilo que ele definiu como Libido, ou seja, dentro
dos limites da ânsia de prazer e satisfações sexuais. Tanto Freud como os seus continuadores e os
seus críticos só gradualmente conseguiram encarar numa base mais larga a relação de sentido da
acção motivada. Compreende-se por isto a concepção cada vez mais divulgada hoje em dia de que
todo o nosso pensamento e procedimento humano visam a satisfação de determinadas necessidades
e adquire o seu sentido a partir de tal.
Sob este ponto de vista, todo o procedimento é provido de sentido uma vez que é
determinado por motivos. Mesmo o pensamento e procedimento dos doentes mentais têm sentido,
isto é, tem em vista um objectivo, ainda que o sentido dos próprios objectivos seja mal
compreendido pelo doente. No entanto, uma vez que mesmo esse sentido mal compreendido é
muitas vezes susceptível de ser interpretado pelo analista, é possível, em muitos casos, ajudar o
doente a adquirir uma melhor autocompreensão e um procedimento normal. Também a
interpretação dos sonhos é provida de sentido, visto que lhe é inerente uma finalidade dirigida no
sentido da satisfação de necessidades. A interpretação, introduzida por Freud no pensamento
psicológico como novo princípio fundamental, deve ser utilizada sempre que a pessoa que actua
oculta a si próprio e aos outros o verdadeiro objectivo dos seus anseios.
Em tais casos, ela pensa e actua simbolicamente, quer dizer, (e isso acontece
inconscientemente), em vez do objectivo verdadeiro coloca um objectivo substituto ou ilusório, para
desviar a atenção das intenções que lhe parecem contestáveis, reprováveis ou puníveis.
No princípio do sentido amplo aqui desenvolvido, encontram-se incluídos tanto o princípio
da relação do sentido no nosso pensamento, acentuado pela Psicologia da Inteligência, como o
princípio do sentido das finalidades de valor, defendido por Spranger. Atravessada por várias
teorias, recorrendo a métodos e técnicas de investigação diversificados, organizada em várias
especialidades, a psicologia procura, nesta diversidade, responder às questões que desde sempre se
colocaram acerca do comportamento, emoções, sentimentos, relações sociais, sonhos, perturbações.
CRONOLOGIA DA PSICOLOGIA
400 a.C. Hipócrates relaciona características da personalidade com tipos físicos e propõe uma teoria
fisiológica para as doenças mentais.
350 a.C. -
Aristóteles salienta a observação objectiva do comportamento humano e propõe três
princípios para explicar a associação de ideias.
1650 - Descartes, caracteriza a relação corpo -mente como interactiva.
1651 - Hobbes antecipa o associacionismo ao declarar que as idéias provêm da experiência
sensorial.
1690 - Locke declara que ao nascer a mente é uma “tábua rasa”.
1781 - Kant ataca o associacionismo e a perspectiva inatista. Vai influenciar profundamente
filósofos e psicólogos.
1809 - Gall, através da frenologia, chama a atenção para as faculdades mentais e para as
funções cerebrais.
- Bell e Magendia: distinção entre nervos sensoriais e nervos motores.
1838 - Johanes Muller: demonstração da energia específica dos nervos. 1850 - Helmholtz
mede os níveis de condução dos impulsos nervosos.
1853 - Claude Bernard estabelece a existência de glândulas endócrinas, apresentando a
função glicogénica do fígado.
1859 - Darwin publica A Origem das Espécies, propondo a teoria da evolução através da
selecção natural.
1860 - Fechner apresenta vários métodos para medir a relação entre os estímulos físicos e as
sensações. “Elementos de Psicofísica”. 1861 - Broca descobre um centro da linguagem no
hemisfério esquerdo do córtex.
1869 - Galton estuda as diferenças individuais e aplica o conceito de adaptação selectiva de
Darwin à evolução das raças.
1879 - Wundt funda o primeiro Laboratório de Psicologia em Leipzig. 1882 - Stanley Hall
funda o primeiro Laboratório de Psicologia nos EUA. 1885 - Ebbinghaus publica os primeiros
estudos experimentais sobre a memória. 1890 - William James publica nos EUA o livro Princípios
da Psicologia.
1898 - Thorndike desenvolve alguns dos primeiros estudos experimentais sobre a
aprendizagem animal.
1900 - Freud publicou “A Interpretação dos Sonhos”, onde apresenta muitas das suas
interpretações sobre a psicanálise.
1905 - Binet e Simon desenvolvem o primeiro teste de inteligência. 1906 - Pavlov publica os
resultados dos seus estudos sobre o condicionamento clássico. 1911 - Thorndike publica “Animal
Intelligence”. 1912 - Wertheimer publica a primeira formulação do gestaltismo. 1913 - Watson
apresenta o manifesto behaviorista.
1917 - Köhler publica os resultados dos seus estudos sobre a resolução de problemas com
primatas.
1929 - Berger evidencia a actividade eléctrica do cérebro com o registo dos primeiros
electroencefalogramas.
1938 - Skinner publica o resumo dos resultados das investigações sobre o condicionamento
operante.
1942 - Carl Rogers apresenta os fundamentos da concepção humanista de terapia. 1949 Teoria da Informação de Shannon e Weaver.
1954 - Piaget publica A Construção do Real na Criança, que se centra no desenvolvimento
cognitivo.
Pavolov
Esta escola foi fundada por Ivan Pavlov, a partir de experiências laboratoriais com animais
no sentido de demonstrar a existência de reflexos condicionados, provocados por estímulos com
base em respostas do organismo aos estímulos do meio ambiente. O behaviorismo defende que:
 Os psicólogos devem estudar os eventos ambientais e comportamentos observáveis;
Todo o estímulo provoca, no organismo, uma resposta/reacção;
 A experiência é mais importante no comportamento, nas aptidões e nos traços do que
a hereditariedade;
 É importante o uso dos métodos objectivos tais como a experimentação e a
observação objectiva;
 Os psicólogos devem orientar -se para a descrição, explicação, predição e controle do
comportamento.
AUTORES
Passemos a abordar cada um deles.
Ivan P. Pavlov (1849 -1936) -foi subjectivista e fundou a teoria dos reflexos condicionados
(a partir da experiência da salivação do cão quando vê comida). Tentou generalizar os estímulos nos
seus estudos. O seu trabalho constituiu a primeira investigação do condicionamento clássico. Deu
inputs para o desenvolvimento da neuropatalogia identificando aquilo que chamou de desordem
funcional. Achou que a linguagem podia ser considerada um “segundo sistema de sinalização “.
Edward Lee Thorndike (1874 -1949) - É objectivista. Desenvolveu a teoria da aprendizagem
por ensaio e erro (fez experiência com ratos em laboratórios) e introduziu o reforço (que pode ser
positivo ou negativo).
Formulou as seguintes leis da aprendizagem: a) A lei do efeito (que diz que se um acto numa
dada situação produz satisfação, o acto torna-se associado a essa situação); e b) A lei de exercício
(que diz que as ligações são fortalecidas com a prática e enfraquecidas quando cessa essa prática).
Elaborou a teoria da conduta, baseada na aprendizagem, muito antes de Pavlov e de Watson.
Defendeu que a inteligência não é uma faculdade mental superior, pois ela depende do número de
conexões cerebrais de cada indivíduo.
John B. Watson (1878-1958) - dedicou-se à experimentação dos fenómenos psíquicos e no
estudo dos reflexos condicionados. Foi o pai do Behaviorismo. Defendia que todo o estímulo
provoca no protoplasma uma reacção que é a respectiva resposta.
Então todo o conhecimento que podemos ter do homem podemos tê-lo observando o seu (K)
comportamento, ou seja suas reacções. Logo podemos verificar que a aprendizagem do K é baseado
em estímulos. Também trabalhou com os instintos negando a existência de instintos complexos em
seres humanos. Opôs-se ao ponto de vista permissivo na educação de crianças. Ele, à semelhança de
Locke, acreditava que a mente do Homem é uma tábua rasa onde nós podemos escrever o que
quisermos.
Watson acreditava que a Psicologia Animal tinha relações com a Psicologia Humana, daí
fazer-se experiências com animais cujas conclusões pudessem ser aplicados ao Homem. Mais ainda
encarou o comportamento verbal como revelador do conteúdo do Espírito, daí valorizou-se muito a
introspecção.
B. F. Skinner (1904 -1990) -Foi o continuador da Escola Behaviorista Norte _ Americana, e
trabalhou para medir o comportamento humano. Defendia que qualquer estímulo produzia uma
reacção que deveria ser reforçada. E este reforço podia ser positivo (para consolidar o
comportamento desejados) ou negativo (para diminuir o eliminar o comportamento repudiados).
Portanto foi o fundador do condicionamento operante. Sucederam a Skinner no movimento
behaviorista Guthrie, Hull, e Tolman.
A Escola da Psicologia Gestalt
A Psicologia Gestalt defende que tudo o que existe está estruturado tendo em conta a
qualidadeforma que diz que vemos sempre os objectos, os fenómenos contextualizados e com
formas definidas. Foi desenvolvida e defendida por Wertheimer (1880 -1943). Seus seguidores
foram Wolfang Köhler e Kurt Koffka (todos alemães).
s
São elas, a lei da proximidade ou contiguidade, a lei de figura -fundo, etc.
entido
Wertheimer (1880-1943) descobriu o fenómeno Phi como sinónimo de movimento aparente,
fruto da associação de quadros/fenómenos estáticos. Defendeu que o fenómeno é constituído por
partes que se harmonizam para formar um todo. Desenvolveu as leis da organização perceptiva e
partia do princípio de que a mente do Homem não era uma tábua rasa e que as ideias se organizam
para fazer
Köhler (1887- 1957) -foi o fundador do Gestaltismo e realizou muitas experiências de
transposição ou seja a aprendizagem de uma propriedade de estímulo absoluto e realizou várias
experiências com macacos com o fim de mostrar a sua capacidade de raciocínio e de resolução de
problemas. Também defendeu a ideia da constância perceptiva através do ratio constante.
Jean Piaget (1896 -1980) -desenvolveu o estruturalismo na forma de como o indivíduo
constrói o seu conhecimento, tendo feito investigações em epistemologia genética, com base em
estudos que desenvolveu sobre a inteligência infantil, dado que as crianças cometiam sempre os
mesmos erros ao tentarem responder às questões que lhes eram colocadas. Foi com base neste
estudo que deu um grande contributo na Psicologia do Desenvolvimento, criando a Teoria
Cognitiva ou Intelectualista.
A Escola da Psicanálise e a Teoria da Personalidade
O Pai da Psicanálise é Freud (1836 -1939) que deu grandes contributos à teoria da
Personalidade pois as suas teorias emanaram do tratamento clínico de doentes neuróticos e para tal
designou ao seu método de tratamento de Psicanálise - formas de psicoterapia verbal.
A sua teoria psicanalítica é determinista porque para ele tudo tem uma causa, incluindo os
casos de erros involuntários. Também desenvolveu a teoria dos motivos inconscientes que reprime
os actos e fenómenos que nos contrariam.
A repressão é o conceito-chave por detrás do princípio de Freud e a motivação Inconsciente
e acontece sem desejo consciente. Utilizou o método de associação livre para curar os seus
pacientes que consistia em os pacientes dizer qualquer coisa que lhe viesse à cabeça, sem ligar sua
organização lógica ou o embaraço que podia ser provocado pelas ideias socialmente inaceitáveis.
Também desenvolveu a teoria das repressões sexuais (desejo sexual proibido) e desenvolveu
o complexo de Édipo/Electra e criou um sistema da mente constituído pelo Id, Ego e Super-Ego em
que o dado seguia pelo princípio do prazer e o Super-Ego representa as normas sociais e se guia
pelo princípio da realidade. Freud definiu os mecanismos de defesa do Ego que são por repressão
(ou introjecção) e por projecção.
Carl Gustav Jung (1875- 1961) -Discordou de alguns conceitos básicos de Freud e fundou a
Psicologia Analítica com objectivo de compreender/ interpretar a magia, os mitos e os símbolos na
experiência humana e desenvolveu o inconsciente colectivo para além do inconsciente
pessoal/individual (inconsciente colectivo é sinónimo de uma colecção de memórias não desejadas).
Também desenvolveu as 2 maneiras básicas de estar no mundo, isto é, introversão e a extroversão,
bem como a psicoterapia.
Alfred Adler (1870- 1937) - desenvolveu a psicologia individual que ajudou aos processos
de psicoterapia e práticas de educação infantil no mundo ocidental. Foi Adler quem introduziu o
conceito de “Complexo de inferioridade”, pois a tendência do Homem/ criança é lutar para vencer o
seu meio e tornar-se competente para se relacionar no mundo verdadeiro. Daí que quando se
desenvolve excessivamente uma forma de actividade, essa pessoa está a compensar um sentimento
de inferioridade.
Por outro lado, acentuou a importância dos objectivos ou metas individuais para os quais as
pessoas vivem. Também desenvolveu e utilizou a psicoterapia no tratamento de neuroses.
Carl Roger (1902- 1987) -Foi seguidor de Freud. Ele considera que o ser humano possui
uma tendência inata para um desenvolvimento harmonioso da sua personalidade e não olha o
inconsciente, como Freud, como um campo de batalha onde as más pulsões se entrechocavam com
as boas pulsões. Também desenvolveu a psicoterapia para tratamento de doentes com perturbações
mentais.
A Psicologia Hoje e Amanhã
A Psicologia de hoje é caracterizada pela permanente controvérsia de: espírito-corpo,
Liberdadedeterminismo, nativismo-empirismo e psicologia clínica, psicologia experimental, assim:
 Espírito ou alma - é defendida a sua existência desde a Antiguidade nos tempos de
Platão, Santo Tomás de Aquino e Descartes, e o corpo ou matéria cuja existência é
defendida também na Antiguidade por Aristóteles, Avicena, Averroes, Algazel,
Locke e outros.
 Liberdade - que defende que o Homem possui vontade livre e é o mestre da sua sorte
e o capitão da sua alma, e o determinismo, que reduz o homem a tema máquina com
ideias a prior.
 Nativismo - que defende ideias inatas (Platão, Kant, Jung) e o empirismo que
defende que tudo é produto da experiência (Aristóteles, Locke, Helmholtz, Watson).
Psicologia Clínica - que estuda áreas de preocupação humana, imediata, é menos rigorosa e
utiliza uma linguagem mais subjectiva e ligada à experiência humana. Fala de desejos, temores,
preocupações, ambições; e a
Psicologia Experimental -que define conceitos em termos de manipulações experimentais
observáveis, insiste nos elementos quantitativos que recorrem à estética. Esta caminha para
Psicoterapia (terapia do comportamento).
Existem na actualidade e principais perspectivas no desenvolvimento da Psicologia,
nomeadamente: a psicologia behaviorista, a psicologia cognitivista, a psicologia humanista e a
psicologia psicanalítica.
Assim temos 4 visões, nomeadamente:
A visão behaviorista que se desenvolveu a partir do séc. X, a partir das ideias de William
James e Wilhelm Wundt como ciência da consciência “com base na experimentação” continuada
por Watson e com base no uso de métodos observáveis. Entre 1930 e 1960 teve muitos adeptos e
até tem validade esta visão. Os behavioristas contemporâneos ainda investigam estímulos e
respostas observáveis e com base na aprendizagem.
A visão cognitivista - Durante o séc. X o behaviorismo sofreu inúmeras reveses, em especial
entre 1930 e 1960 devido às experiências levadas a cabo em laboratórios. Entretanto a tecnologia e
a teoria da computação deram um impulso ao desenvolvimento cognitivo. Por outro lado a
linguística moderna (ciência da linguagem) foi também a fonte de combinação para o
desenvolvimento da visão cognitivista. Esta visão considera a mente como uma “caixa negra” que
processa as informações através das operações mentais e até hoje está a prosperar desde os anos de
1970.
A visão humanista -baseia-se na interpretação subjectiva que não pode ser ignorada. Eles
baseiamse na fenomenologia, segundo a qual as pessoas vêem o mundo de sua própria maneira ou
perspectiva única e própria. Assim o pressuposto de que as pessoas são basicamente boas.
Desenvolveu-se muito entre 1908 e 1970.
A visão Psicanalista -que hoje é desenvolvida pelos neo-freudianos procura ainda hoje tratar
de problemas neuróticos de pessoas afectadas, recorrendo à psicanálise que consiste em trazer o
inconsciente ao consciente pelo método de associação livre. Esta técnica permite ao paciente
manifestar desejos, medos, conflitos, impulsos e memórias reprimidas e conservadas no
inconsciente.
Método - é o caminho usado para se atingir um determinado objectivo. Ou seja o modo
ordenado de proceder ou o conjunto de Procedimentos Técnicos e Científicos que nos conduzem a
um fim.
Metodologia - é a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade, ou seja, o conjunto de
métodos técnicos e científicos que nos conduzem a um fim. Os Métodos de Investigação na
Psicologia são: Observação, e a Experimentação, considerados métodos gerais de Investigação
Científica.
Esta pode subdividir -se em:
Observação:
Extrospecção ou Observação Objectiva que, por sua vez se subdivide em directa e indirecta.
A observação directa, por sua vez, pode ser Participativa ou Não Participativa; e
Introspecção ou Auto -Observação
Observação - é um método técnico de recolha de dados a partir de hipóteses colocados
explicitamente. A observação científica utiliza hipóteses inteiramente explicitadas. Esta pressupõe a
existência de factos susceptíveis de permitir, em certo sentido, a repetição da observação primitiva,
isto é, factos capazes de serem repetidos.
Para realizar uma observação correcta e credível é necessário construir um guião de
observação que facilita a anotação e redirecciona o observador as questões dirigidas para os seus
objectivos. Dai a necessidade de, na construção dos instrumentos da observação, recorre-se aos
objectivos e hipóteses colocados.
A observação pode ser:
Objectiva ou Extrospecção quando é feita por terceiros que anotam o que está a acontecer no
ambiente que é alvo de observação. Por sua vez esta pode ser:
Directa - quando entrarmos em contacto com o objecto da nossa observação; e Indirecta quando o fazemos sem ter contacto com objecto da nossa observação.
Subjectiva ou Introspecção quando é feita pelo próprio sujeito que descreve o seu estado
mental interno. Em Psiquiatria e Psicanálise usa - se muito a Introspecção. Os instrumentos de
observação auxiliam a recolha de informação observada. Esta informação não pode/deve ser
utilizada em bruto, necessitando de tratamento especial. Uma terceira subdivisão permite recolher
dados em:
Observação Directa que produz dados confiáveis e precisos e Observação de Laboratórios
ou Indirecta porque o observador não aparece perante o seu objecto de observação. Fá-lo através de
um mecanismo específico pois o observado não sabe que está a ser observado e, Observação de
Campo ou observador naturalista que faz a observação do comportamento directamente no seu
ambiente natural e que parece mais realista.
Também existe a observação participante muito usada na observação naturalista em que o
observador participa nas actividades ao mesmo tempo que observa. Portanto, a observação é
considerada às vezes um instrumento descritivo porque no fim nos permite descrever a comparar
informações recolhidas.
Experimentação: Esta pode ser dividida em: Natural ou de Campo; e De Laboratório.
A experimentação utiliza dois tipos de estratégias, nomeadamente, a estratégia experimental
e a estratégia co-relacional. Falemos de cada uma destas estratégias.
Estratégia Experimental que coloca hipóteses, operacionalizar as variáveis (dependentes e
independentes), testa a hipótese colocadas e faz o controlo descontando explicações alternativas,
etc. Os elementos básicos do método experimental científico para testagem de uma hipótese são:
Necessidade deliberada de manipular a variável independente (o evento que está a ser
investigado);
A possibilidade de impedir que variáveis estranhas ou irrelevantes afectem os resultados do
estudo; e
A possibilidade medir os efeitos da manipulação sobre a variável dependente. As
experiências devem ser mais de laboratório de campo.
Estratégia Co-relacional que busca correlações ou inter-relações de causa e efeito, com base
em procedimentos correlacionais em que existem as variáveis x e y e busca ou estabelece o
significado dos coeficientes de correlação (exemplo: altura/ peso de um Homem).
Existem outros métodos designados de Secundários ou Auxiliares. São métodos secundários
os seguintes:
Método Genético ou evolutivo - baseia-se na teoria de evolução do psíquico como meio
revelador de leis psicológicas;
Estudo das particularidades psíquicas da actividade com base nos
dessa
resultados
actividade
Métodos Biográficos (anamnese); (usa-se em Psicologia Pré-histórica);
Conversação/Entrevista (para esclarecer) de modo adicional o desenvolvimento interno dos
processos estudados, na sua manifestação externa (particularidade para a entrevista clínica). As
entrevistas também podem ser estruturadas (= limitadas) e abertas ou não estruturadas. O
examinador elabora as perguntas necessárias para explorar os tópicos sob investigação. Tanto as
entrevistas como os questionários são auto-relatos de quem é pesquisado. Carecem de amostras
mais representativas (maior número de pessoas envolvidas).
Inquérito/ Questionário (utilizado para fenómenos maciços e de carácter mais ou menos
externo, exemplo: interesse pela leitura, profissão, etc. Também se usa para fins estatístico médios);
os questionários/ inquéritos como instrumentos de avaliação permitem colectar informações sobre
pensamento e o comportamento de um número suficiente de indivíduos de forma rápida e pouco
dispendiosa. O inquérito ou questionário que pode ser aberto, fechado e semi-aberto. É aconselhável
usar mais inquéritos fechados e semi-fechados para facilitar a sistematização da informação. Num
inquérito devem existir perfeitas perguntas relacionadas com a identificação do indivíduo, sem
contudo dar o nome de quem é questionado. Mas deve ou é aconselhável incluir dados como sexo,
idade, nível académico, formação profissional, profissão dentre outras.
A diferença entre a entrevista e o questionário está no facto de na entrevista quem anota as
resposta é o entrevistador, o colector da informação, enquanto que o inquérito/questionário quem
preenche este é o inquirido.
Testes Psicológicos (= Provas Psicológicas) foram introduzidos no Século XIX por Catell,
desenvolvidos por Simon e Binet e são designados por testes de desenvolvimento de Inteligência.
Também há testes para fins de orientação profissional. Os testes psicológicos são usados para medir
todo o tipo de conceito que não possa ser observado directamente, tal como doença mental, saúde
mental, inteligência, melancolia, traços de personalidades, conhecimentos, etc. Alguns testes se
assemelham a questionários e outros se assemelham a provas. Uns testes são individuais e outros
colectivos.
Os estudos de casos como instrumentos que se baseiam na colecta de informações
detalhadas sobre um indivíduo ou um grupo durante um longo período de tempo. O material
provém basicamente de entrevistas, observações directas e outros instrumentos descritivos. Os
dados deste instrumento são de natureza altamente pessoal, não podendo generalizar-se e correm em
ambiente médico ou de saúde mental. Os estudos de casos oferecem insistis únicos
Métodos Reflexológicos em Fisiologia que estuda as leis da actividade
reflexiva
Os métodos estatísticos que usam, regra geral, as Escalas de intervalos, e tratam com
dispersões, média, mediana, moda, coeficiente bivariado, Qui-quadrado, etc.
Os métodos comparativos que utilizam-se para comparar observações praticadas sobre
grupos. Estes geralmente aparecem integrados no método experimental. São utilizados na
Psicologia Genética, na Psicologia Patológica.
E o método Clínico -usado pelo psicólogo para o estudo de condutas adaptadas ou para o
estudo de desordens de conduta, para casos individuais.
Estes métodos acima caracterizados são designados por instrumentos descritivos. Por outro
lado, encontram -se os instrumentos explicativos que servem para estabelecer explicações,
demonstrar a relação entre causa e efeito.
Existem ainda os métodos estatísticos e os métodos matemáticos.
Com os métodos Estatísticos utilizados em Psicologia sempre são resumidos factos
numerosos ou que são comparados aos factos as consequências deduzidas de uma hipótese.
Os métodos matemáticos são utilizados em Psicologia para se formalizarem certas hipóteses,
com o objectivo de facilitar o seu controlo.
A medida em Psicologia surge para se estabelecer uma correspondência entre algumas
propriedades dos números e algumas propriedades das coisas.
E a medida em Psicologia pode tomar as seguintes designações: Escalas nominais Escalas
ordinais Escalas de intervalos
A Psicologia materialista evoluiu graças ao desenvolvimento das Ciências Naturais que
permitiram a realização de experiências e as observações laboratoriais. Estas transformações
trouxeram um maior ganho para os cientistas que puderam aprofundar e melhor interpretar o lado
espiritual do homem.
Um dos grandes impulsionadores para este desenvolvimento foi a teoria evolucionista das
espécies de Darwin que teve um reconhecimento geral em biologia. Esta teoria explica a existência
de organismos diferentes com a mesma origem, fundo do aparecimento de organismo simples que
foram sofrendo transformações de modo a poderem adaptar as condições climáticas que
determinam em certa medida, a fauna e a flora.
Em Psicologia o conceito de evolução psíquico é visto como um simples desdobramento de
qualidades ou características que nos são dados sobre forma de capacidades, formadas nos mais
primitivos estádios da evolução. Esta visão não cria espaço para a formação do novo durante a
evolução psíquica. Esta ideia contém traços do idealismo que não admite a formação de novas
espécies fruto de mutações.
A corrente materialista defende que as diferentes espécies existentes foram aparecendo
gradualmente de forma sucessiva e contínua. Esta sucessão permitiu a evolução de formas
superiores a partir das formas inferiores. Assim, as mais elementares formas do psiquismo nos graus
inferiores da série filogenética pela evolução deram origem a formas simples de psique. A sua
evolução fez surgir o seu grau mais complexo que é a psique humana ou seja a consciência humana.
Entre a psique elementar e a consciência existem diferentes formas de psique e todas elas
reflectem o comportamento do ser vivo na sua relação com a realidade objectiva. É por esta razão
que podemos afirmar que a Ontogénese é a repetição curta ou em miniatura da filogénese (menos é
o processo da origem ou génese das espécies. Vem de FILOS = tipo/espécie; génese = origem). (A
filogenia trata da sucessão genética das espécies orgânicas).
Ontogénese - consiste na série de transformação que o ser organismo sofre, desde a
fecundação até ao seu completo desenvolvimento). Isto nos leva à concluir que os materialistas têm
razão ao dizer que se deve olhar a psique como produto da matéria e a complexidade desta vai
determinar a complexidade do reflexo da realidade objectiva que se pode identificar pela sua forma
de conduta. Por outro lado, o pensamento representa no seu alto desenvolvimento um alto grau de
aperfeiçoamento do cérebro.
Portanto, o substrato material directo da psique é o sistema nervoso (Sistema Nervoso
central (encéfalo com cérebro cerebelo bolbo raquidiano) e Sistema Nervoso Periférico com os
nervos). Para tal é preciso olhar para a harmonia existente no funcionamento do organismo devido à
coordenação e complementaridade do funcionamento dos diversos aparelhos.
Voltando à psique, o processo da sua evolução baseia-se nos seguintes princípios; O
princípio/teorema da unidade entre a estrutura e a função no ser vivo de acordo com o nível do seu
desenvolvimento, em que a estrutura no seu desenvolvimento altera a função e esta função vai
influir nas mudanças qualitativas da estrutura.
Então, a estrutura cerebral condiciona, no seu desenvolvimento, as formas de
comportamento e devido que são possíveis para um determinado ser.
Apoiada na teoria/lei do uso e desuso dos órgãos a ideia básica do desenvolvimento do
cérebro de cem animais depende que esse só pode ocorrer dentro dar suas condições de existência
biológica e da selecção natural, isto é dentro da actividade do ser. Assim, o uso de um órgão
determina o seu desenvolvimento e sua transformação e o não uso de um órgão determina o seu
atrofiamento, rumo ao seu desaparecimento.
O Homem é o ser mais complexo que existe na superfície da terra e apresenta mudanças
profundas relacionadas com as necessidades de sua adaptação à realidade objectiva. A ciência
mostra o homem como um ser biológico, psicológico, social e cultural.
Como ser biológico ele é formado por um organismo complexo constituído por: célula
(como a unidade fundamental da sua estrutura, com núcleo, protoplasma e membrana celular. No
protoplasma encontramos as mitocôndrias, responsáveis pela respiração; no núcleo encontramos os
nucléolos e os cromossomas, estes últimos responsáveis pela hereditariedade); tecido (como um
conjunto de células especializadas e que desempenham a mesma função); órgão (como um conjunto
de tecidos diferenciados e que trabalham para o mesmo fim); aparelho/sistema (como um conjunto
de órgãos que trabalham para um determinado objectivo).
Vários são os sistemas/aparelhos que garantem a existência biológica e fisiológica do
homem, nomeadamente: os sistemas digestivo, respiratório, circulatório, urinário, reprodutor,
nervoso, endócrino, e ainda o sistema sensorial (constituído pelos órgãos dos sentidos, olhos,
ouvidos, pele, língua, nariz). É o sistema nervoso quem estabelece a coordenação e harmonização
do funcionamento do corpo humano.
Como ser psicológico, o homem possui uma mente ou espírito, aquilo que designamos de
lado imaterial. O Homem psicológico é constituído pelo conjunto de fenómenos psíquicos que
podem ser conhecidos estudando a avaliando o seu comportamento, a sua maneira de ser e estar.
Estes fenómenos psíquicos subdividem-se em: processos psíquicos, estados psíquicos e
qualidades psíquicas. São processos psíquicos, as sensações, as percepções, o pensamento e a
linguagem, a imaginação, a memória; são estados psíquicos, a atenção e a vontade; são qualidades
psíquicas, o temperamento e o carácter.
Como ser social, o Homem possui, por exemplo, o instinto e desenvolve o hábito de viver
em sociedade, isto é, na relação com os outros homens. E é na sociedade que o Homem se
enquadra, onde existem os estatutos sociais, ou seja, as camadas sociais que o enquadram e definem
o seu “status” social. Na sociedade o homem rege -se por normas de conduta social que representam
a moral social. Esta prevê tudo o que o homem é admitido e obrigado a fazer e aquilo que lhe não é
permitido e não deve fazer. Esta prevê as formas de conduta que o Homem deve ter em relação com
os outros homens. Portanto, o Homem vive em comunidade.
O Homem como ser cultural apresenta um modo próprio e característico de ser e estar que o
diferencia dos outros homens. A cultura pode ser definida como “a totalidade do modo de vida de
um povo ou comunidade”. E mais ainda pode se dizer que a cultura “ … é um conjunto complexo
de maneiras de ser, estar, comportar -se e relacionar -se, desde o nascimento até à morte, passando
pelos rituais que marcam os principais momentos do processo de integração social e de
socialização”.
Em última instância, podemos dizer que o Homem é a integração harmoniosa dos seus lados
biológico, psicológico, social e cultural.
O Homem como ser biológico é portador de uma série de características que o diferenciam
dos outros animais. Por outro lado, todo um conjunto de características que identificam um animal,
tornam -no diferente dos outros animais. Daí que, na evolução das espécies, encontramos os
animais invertebrados e os vertebrados, e nos vertebrados podemos falar dos peixes (como a
primeira espécie vertebrada), batráquios, répteis, aves e mamíferos. E, por exemplo, nos mamíferos
temos muitas ordens, como os carnívoros, herbívoros, omnívoros e vemos diferentes espécies de
animais.
Este animais apresentam diferentes formas de relacionamento com a realidade objectiva.
Mais ainda, as diferentes formas biológicas que eles apresentam, representam a sua bagagem
hereditária, isto é, as potencialidades da espécie herdadas dos seus ancestrais e/ou dos seus
progenitores, que se manifestam no tipo de corpo, tipo de músculos, tipo de dentes, tipo de
alimentação, tipo de reprodução, etc.
Estas potencialidades existem no animal desde a sua formação e lhe são transmitidas através
dos cromossomas. No Homem, por exemplo, existem 2 pares de cromossomas autossómicos e um
par de cromossomas diferentes. Os cromossomas autossómicos são responsáveis pelas diferentes
características que ele apresenta (altura, peso, cor dos olhos, da pele, tipo de cabelo, cor do cabelo,
tipo de unhas, dedos, etc.) e o 23º par que determina o sexo apresenta, na mulher dois cromossomas
iguais (X) e no homem dois cromossomas diferentes (XY).
Estas potencialidades hereditárias vão se manifestando pelo desdobramento no processo de
maturação fisiológica e é importante o papel que o meio exerce sobre o indivíduo, facilitando ou
dificultando esse processo. Portanto, não bastam as características hereditárias no indivíduo (que
também são muito importantes); é preciso combiná-las com a influência do meio ambiente nas suas
vertentes física, psicológica, social e cultural.
Todos estes elementos vão manifestar -se na forma de conduta dos animais, diferenciando os uns dos outros e atribuindo ao ser um comportamento diferente que no Homem é superior em
relação aos outros animais.
Isto por que filogeneticamente o Homem:
Possui uma postura erecta (que lhe permite alargar o seu horizonte visual); Libertou os
membros anteriores/superiores da marcha e adaptou -os para a preensão; Tem o dedo polegar
oponível aos outros dedos das mãos o que facilita a motricidade fina;
Desenvolveu um sistema de signos/sinais para a comunicação que lhe permitiu uma maior
capacidade de abstracção;
s
aber
É capaz de transformar a natureza pelo seu trabalho, movido pela curiosidade e ânsia de
A evolução do controlo central
Os primeiros centros nervosos que surgiram nos animais foram os gânglios. A acumulação e
a proximidade de muitos gânglios tornaram -nos centros de controlo local que integravam
mensagens de várias células receptoras e coordenavam a actividade de numerosas fibras
musculares.
A evolução progressiva do Sistema Nervoso permitiu o aparecimento de uma federação dos
gânglios, inicialmente de forma desorganizada e, mais tarde, de forma consolidada e centralizada,
com uma diferenciação de funções o que determinou a melhor qualidade da sua organização,
passando, assim, alguns gânglios dominantes a dominar e controlar os outros gânglios. E, por sinal,
os gânglios dominantes apareciam situados na cabeça. A proeminência dos gânglios dominantes na
cabeça está relacionada com o facto de, na cabeça se encontrarem os principais receptores. Por
outro lado, o processamento de informações tornava-se cada vez mais complexo e isto determinou
mudanças na estrutura e funções desta federação, fazendo aparecer o cérebro (como centro
nervoso).
O Sistema Nervoso (SN)
Tomado como um todo, o Sistema Nervoso é constituído por uma admirável cadeia de fibras
que se fundem gradualmente. A sua estrutura é constituída por:
Sistema Nervoso Central; Sistema Nervoso Periférico.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é constituído pelos centros nervosos que são: o encéfalo
que se divide em: cérebro, cerebelo e bolbo raquidiano e a medula espinal.
O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é constituído pelos nervos que se dividem: nervos
aferentes que possuem na sua parte inicial os receptores (terminações dos nervos aferentes); e
nervos eferentes. Os nervos aferentes levam os estímulos dos receptores para os centros nervosos e
os nervos eferentes conduzem as reacções dos centros nervosos para a periferia.
Outras classificações permitem subdividir o SNP de acordo com as suas funções em:
Sistema Nervoso Somático (SNS) -que responde pelo controle da musculatura esquelética e
pela transmissão da informação dos órgãos sensoriais;
Sistema Nervoso Autónomo (SNA) -que controla as diversas estruturas viscerais,
responsáveis pelos processos vitais básicos como o coração, os vasos sanguíneos, o aparelho
digestivo, o aparelho urinário, os órgãos genitais, etc.
O cérebro está dividido em 3 regiões ou partes principais que são: o cérebro anterior, o
cérebro médio e o cérebro posterior (e este abrange o bolbo raquidiano que liga o encéfalo à medula
espinal por uma ponte chamada “nó vital”.
O cérebro posterior é constituído por:
O bolbo raquidiano que controla algumas funções vitais do corpo tais como, o ritmo
cardíaco, a circulação sanguínea e a respiração; e
O cerebelo (que é uma estrutura pregueada) controla o equilíbrio do corpo e a coordenação
muscular. Este funciona como um computador especializado e possui mais ou menos 30 biliões de
neurónios. Este computador, formado por neurónios, integra uma grande quantidade de informações
dos músculos, das articulações, tendões do corpo, etc., que são necessários à marcha, aos
movimentos automáticos e hábeis dos pianistas, dos atletas e dançarinos.
O cérebro médio é constituído por uma formação reticular que tem uma estrutura bastante
difusa que se estende por todo o tronco cerebral que vai do cérebro posterior (bolbo raquidiano) ao
cérebro anterior (tálamo). Tem como função criar a excitação activa das outras partes do cérebro em
especial dos hemisférios cerebrais.
O cérebro anterior é constituído pelos tálamo e hipotálamo que representam a parte superior
do tronco cerebral. O tálamo percebe os estímulos/impulsos nervosos para os transmitir aos
hemisférios cerebrais na zona do córtex cerebral. O hipotálamo está implicado no controle dos
padrões de comportamento desencadeados pelas necessidades biológicas básicas (ex: comer, beber,
dormir, manter a temperatura do corpo, a actividade sexual, etc.).
Também encontramos no cérebro anterior os hemisférios cerebrais, considerados o topo do
Homem (responsáveis pelo pensamento). Os hemisférios cerebrais são constituídos por lobos e cada
um possui: um lobo frontal, um lobo parietal, um lobo temporal e um lobo occipital.
A camada externa de cada hemisfério cerebral chama -se córtex cerebral (é considerada
como sendo o ponto mais elevado da integração neuronal. Este apresenta uma espessura de, cerca
de 3mmm apenas.
O córtex cerebral desempenha um papel decisivo nos chamados processos mentais
superiores (pensamento, memória, acção voluntária e acção planeada).
O córtex cerebral emergiu, mais tardiamente, no decurso da evolução do SNC. Assim: Os
peixes não têm córtex cerebral; Os batráquios estão na transição; Os répteis e as aves têm apenas as
primícias do córtex cerebral; e Os mamíferos têm córtex cerebral que se manifesta mais
desenvolvido nos primatas.
Junto aos hemisférios cerebrais encontra -se o sistema límbico (que é equipara ao córtex
primitivo) e que controla as actividades emocionais e a motivação. Entre os hemisférios cerebrais
encontra -se o corpo caloso que liga os 2 hemisférios e que tem um papel importante na integração
das funções dos 2 hemisférios.
O Funcionamento Hierárquico do Sistema Nervoso
Existe uma hierarquização no funcionamento do Sistema Nervoso, em que os centros
nervosos superiores controlam ou comandam os centros nervosos inferiores e, estes, por sua vez,
comandam outros abaixo deles e assim sucessivamente.
Assim, cortando a cabeça de um animal na região do cérebro posterior, separando o bolbo
raquidiano e a medula espinal do resto dos cérebros, o animal pode realizar movimentos dos
membros e do tronco (para se manter de pé, curvar -se ou andar) que se resumem (se não criarmos
condições para tal) em contracções reflexas e desorganizadas, quando estimulados. Portanto, pode
mover -se mas não pode agir.
Caso o corte (seccionamento) seja feito acima do cérebro médio, o animal consegue manter se de pé sem auxílio, consegue andar, sacudir -se, mastigar, engolir e ronronar. Significa que é o
cérebro médio ou mesencéfalo que coordena estas propriedades.
Se seccionarmos na zona do sistema límbico e lhe faltar o córtex cerebral o animal é capaz
de coordenar os movimentos, alimentar -se, reagir às mudanças de temperatura, reagir a ataques,
etc., agindo como um animal normal.
O cérebro anterior com o córtex cerebral (parte externa dos hemisférios cerebrais9 permite nos ser inteligentes.
São funções do córtex cerebral, a coordenação de:
Áreas de projecção (sensorial e motora) -que são semelhantes a estações receptoras de
informações sensoriais ou centros de transmissão de ordens motoras;
Áreas de associação (estabelecem ligação entre acontecimentos originados em zonas de
projecção) e com implicação nos processos mentais superiores como o planeamento, memória,
pensamento e fala.
Também as áreas de associação têm funções de desenvolvimento da praxia (=capacidade de
agir) e gnosia (capacidade de compreensão). A perturbação da organização da acção designa -se por
apraxia. A agnosia é a desorganização dos diferentes aspectos do mundo sensorial. A agnosia
também afecta a produção e compreensão da linguagem (cujo distúrbio se chama de afasia).
A estimulação selectiva dos hemisférios cerebrais faz com que cada um tenha funções
específicas. Assim, o hemisfério esquerdo é o centro da linguagem, da coordenação da mão direita
para a escrita. Responde e coordena o lado direito do corpo, centra -se na organização do tempo e a
destreza motora. E o hemisfério direito responde e coordena o lado esquerdo do organismo e centra
-se na organização do espaço.
É do funcionamento normal do Sistema Nervoso (na sua totalidade) que o mundo espiritual
existe e interpreta a realidade objectiva.
O nível do desenvolvimento da psique manifesta-se pela forma como o indivíduo/ser se
relaciona com a realidade objectiva. Assim as relações reflexas limitadas entre a recepção e a
reacção vitais no animal fazem com que o comportamento se adapte e se aperfeiçoe cada vez mais,
por um lado e, por outro, leva ao estabelecimento de diferenças cada vez mais subtis e a uma análise
mais perfeita das particularidades do ambiente.
Portanto, nem todos os organismos reagem totalmente a todos os estímulos a que são
submetidos.
Assim podemos identificar os principais graus de desenvolvimento do comportamento e da
psique:
Os instintos que representam o nível elementar do desenvolvimento da psique;
O comportamento habitual (=hábito) que representa o nível intermediário/transitório do
desenvolvimento da psique.
O comportamento racional que representa o nível mais alto do desenvolvimento da psique.
Os instintos são comportamentos caracterizados como formas biológicas de existência e que
se desenvolveu no processo de adaptação do ser ao seu meio ambiente. Os instintos no homem
partem das necessidades inconscientes, biológicas e de actuação cega. Mas nos animais os instintos
são actos estereotipados e manifestam-se rígidos e sempre da mesma forma nos indivíduos da
mesma espécie, nos seus pontos essenciais.
Ex: a rã que nasce como um girino instintiva se adapta à água e nada. O pinto que nasce
começa a debicar o grão, isto é por instinto, porque hereditariamente eles são portadores destas
características. E não precisam de aprendizagem.
As acções instintivas caracterizam-se frequentemente por uma grande utilidade, isto é, uma
adaptação, uma adequação a determinadas situações vitais para o organismo. Os mecanismos dos
actos instintivos são os reflexos incondicionados.
Assim o comportamento caracteriza-se: Pela forma específica da sua motivação que é
orgânica; e Pelos mecanismos específicos da sua execução que é mecânica ou automática.
Nos seres vivos os instintos encontram-se em diferentes graus diferenciados pelas suas
formas de manifestação comportamental que é o produto das particularidades da recepção de
estímulos e reacção que se cria como resposta do estímulo, e do grau de esquematização e
estereotipização da acção instintiva. Assim encontramos:
Os instintos específicos nos invertebrados e nos artrópodes. Estes são diferentes nos
vertebrados. Ora que tipo de sistema nervoso apresenta os animais em cada etapa de estruturação; o
hábito é identificado por formas de comportamento individual/se variáveis estas não conduzem ao
aperfeiçoamento os hábitos produzem por aprendizagem e funcionam automaticamente e acreditase que o hábito se desenvolveu a partir dos instintos mas diferencia-se deste pela maneira o animal
percebe a realidade objectiva.
A diferença de carácter e de nível do hábito depende:
Do processo como se percebe a situação em que o hábito se formou, ou seja da recepção
mais ou menos generalizada e diferenciado; e
Da organização da mesma acção fixação e esquematização. O hábito é produto de repetições
sucessivas que permite a criação de esquemas mentais mais ou menos fixos.
Por outro lado, existem 2 tipos de hábitos: Os hábitos automatizados designados por
automatismo primários; e
Os automatismos secundários -que são produzidos de repetições sucessivas e programadas
com base consciente do homem, e intencional. O mecanismo dos hábitos automáticos secundários é
formado não só a base nos reflexos condicionados mas também depende de outros mecanismos de
carácter intelectual (que pressupõe relações racionais mais ou menos generalizadas). E estas só
encontram no homem porque são de natureza qualitativa.
O comportamento intelectual ou racional possui a faculdade de distinguir os objectos numa
situação reagindo perante as suas relações. Por outro lado o intelectual tem a capacidade para
apreciar as características de uma situação nas suas ligações e relações essenciais, para operar e
ajustar o seu comportamento.
Isto é devido ao facto de o homem ter passado pelo processo de evolução filogenética ao:
Libertar as mãos e usá-las para outros fins, adquirindo a posição erecta; Desenvolvimento do
sentido visual por causa dessa posição erecta;
Especializar a função das mãos, pelo facto de ter o polegar oponível aos outros dedos e
desenvolver a perfeição; ao desenvolver uma linguagem de símbolos que lhe permite comunicar as
ideias e relacionar-se com os outros, etc. Portanto a forma de operar determina:
Em grande medida a forma de percepção da realidade objectiva.
Historicamente o intelecto humano é produto do trabalho e desenvolveu-se dentro do
processo da penetração na realidade (através da curiosidade e de ânsia de saber).
A célula é a unidade ínfima da matéria viva; por isso possui membrana celular (limita a
células), protoplasma (massa celular) e núcleo. Esta célula reage aos estímulos que vêm do meio
ambiente. Estas estímulos podem ser mecânicos, térmicos, ópticos, químicos eléctricos, etc.
Contudo o mesmo estímulo pode provocar reacções diferentes em organismos diferentes (que
podem ser positivos ou negativos).
Tanto as plantas como os animais são organismos vivos e são constituídos, na sua estrutura,
por células que especializaram-se dando origem a tecidos, estes por sua vez também se
especializaram dando origem a órgãos e estes também deram origem a aparelhos, etc.
Um dos aparelhos formados é o Sistema Nervoso que serve para a transmissão sensorial e
para a íntegra de actividade do organismo.
Tipo de Sistema Nervoso Sistema Nervoso difuso
Sistema Nervoso de escada de corda (formado por nódulos ligados uns ao outros em cima e
em baixo)
Sistema Nervoso centralizado (onde se diferencia a cefalização e hierarquização de funções)
Sistema Nervoso centralizado e nitidez do sistema nervoso periférico (existe um núcleo cerebral)
Sistema Nervoso Centralizado e desenvolvimento de gânglios centrais (desenvolvimento do
córtex cerebral) e melhor estruturação e hierarquização.
Sistema Nervoso Centralizado com centros nervosos bem distintos. Há corticalização das
funções cerebrais.
Tipos de reacção Reacção indistinta e que abrange todo corpo (alforreca) (irritabilidade)
Reacção reflexa (instintos) (minhoca/vermes (gânglios sem 1 centro). Reacção/manifestação de
comportamentos mais complicados (hábito) (mosca/insectos)
Reacções mais complicadas e há coordenação entre centro nervoso (mais simples) e os
nervos periféricos, peixe, répteis
Reacções mais complexas -Aves. Reacções mais complexas Animais (boi e outros) Homem
com o cérebro mais complexo e funções cada vez mais diferenciadas
Personalidade é um conceito abstracto que muitos aspectos que caracterizam o que a pessoa
é. Tais aspectos incluem emoções, motivações, pensamentos, experiências, percepções e acções.
Portanto o Conceito de personalidade e multifacetado, abrangendo uma vasta gama de aspecto
como a pessoa age em diferentes situações.
antigos
Portanto, a aparecia conotada à imagem social superficial
dramas gregos
que um
Personalidade vem do Latim em que o termo “Persona” significa máscara usada para teatro
nos indivíduo adoptava ao desempenhar um determinado papel numa peça de teatro.
Portanto era um papel público que representava. Personalidade significa algo mais essencial
e consistente sobre a pessoa. São características da Personalidade:
Ter distintas qualidades que tornam uma pessoa diferente das outras. Estas podem aparecer
como qualidades especiais ou combinação de qualidades que distinguem ou diferenciam as pessoas;
Ser uma abstracção baseada nas inferências derivadas da observação comportamental;
pessoa como uma espécie de estrutura/organização hipotética;
Representar um processo envolvendo o sujeito uma propriedade de influências internas e
externas incluindo propriedades genéticas e biológicas, experiência social e mudanças de
circunstâncias ambientais;
Representar aquelas características da pessoa que contam para os padrões de conduta
consistente.
Diferença entre temperamento, traços de carácter e carácter Temperamento -Disposições
inatas inscritas na estrutura nervosa e endócrina do organismo;
Traços de Carácter adquiridos -Componentes estáveis do comportamento aparente,
adquiridas precocemente durante o desenvolvimento;
Carácter - um feixe de disposições naturais que se actualizam especificam e se organizam
entre si durante a vida segundo a idade, circunstâncias e meio Sociocultural e acção sobre si. São
factores fundamentais do carácter: a Emotividade, a Actividade e a Repercussão (primária ou
secundária) (Activo/ não Activo).
COMPONENTES DA TEORIA DA PERSONALIDADE Estas dão atenção a 6
assuntos/aspectos distintos relacionados com o comportamento humano: Estrutura da
Personalidade; Motivação; Desenvolvimento da personalidade; Psicopatologia; Saúde Psicológica;
Mudança da personalidade por intervenção terapêutica.
Allport descreveu e classificou mais de 50 conceitos diferentes sobre a Personalidade. Para
ele Personalidade deve ser entendido como “o que o Homem realmente é”. Esta definição peca por
ser imprecisa forma mais precisa Allport disse que a “Personalidade é a organização dinâmica
dentro do indivíduo com base nos sistemas psicológicos que determinam o seu comportamento
característico e o seu pensamento”. Portanto, vai reflectir o que realmente um indivíduo é.
Interpretando, diríamos que:
Organização dinâmica, sugere que o comportamento humano está em constante evolução e
mudança;
Sistemas psicológicos, sugerem que no Homem existem o corpo e a mente que devem ser
tidos em conta ao descrever a Personalidade;
O termo comportamento característico sugere que se deve dar ênfase o facto de ser único
numa determinada pessoa.
O que, em geral acontece, é que os termos temperamento é carácter, são usados para ou
como sinónimo de Personalidade. O carácter aparece conotado à moral padronizada ou sistema de
valores contra os quais as acções de uma pessoa são avaliadas. Portanto, podemos considerar o
carácter como um conceito ético.
O temperamento, pelo contrário como matéria bruta na semelhança da inteligência e do
físico, refere-se aos aspectos hereditários de natureza emocional da pessoa que se relaciona com o
tipo de reacção a determinados estímulos, podendo ser colérico fleumático, etc.
Conceito de traço da personalidade - é a estrutura neuropsíquica com capacidade de reagir a
diversos estímulos funcionalmente equivalentes e iniciar e orientar formas equivalentes de
comportamento adaptativo e expressivo. Portanto, pode-se considerar um traço como sendo uma
predisposição para o acto sempre da mesma forma e numa vasta gama de situações.
Allport defende na sua teoria de que o comportamento do Homem é relativamente estável ao
longo do tempo e numa vasta gama de situações. Portanto, traços são entidades psicológicas que
reagem a vários estímulos com respostas equivalentes.
O traço é aquilo que conta nas feições do nosso comportamentos de forma permanente,
duradoira e trans-situacional. O traço é um ingrediente vital na estrutura da nossa Personalidade.
Allport admite que os traços da personalidade estão misturados (estão intimamente relacionados)
com situações sociais.
Allport, identificou seis (6) valores que serviam de base para identificar os traços da
personalidade, que são:
O Teórico que se preocupa em descobrir a verdade e
racionalidade,
caracteriza-se pela
crítica e
aproximação empírica à vida. O teórico é altamente intelectual e tende a ser filósofo, ou
cientista;
O Economista que olha para tudo pela sua utilidade ou pragmatismo. È um indivíduo prático
e liga se ao estereotipo de pessoa de sucessos, pois interessa-se em fazer dinheiro. É o tipo
característico para cursos de Engenharia e Tecnologia.
O estético que coloca o alto valor na forma e harmonia, julgando cada experiência simples
do ponto de vista de graça, simétrica ou ajuste.
Para ele a vida é um processo de eventos com cada impressão individual gozada pelo amor
próprio. Não é necessariamente um artista, mas o seu interesse está mais virado para episódios
artísticos da vida;
O Social que se preocupa com o amor das pessoas e olha para os outros como desumanos.
Para ele o amor é a única e aceitável forma de relações humanas. Na sua forma mais pura o social
altruísta e muito ligado aos valores religiosos;
O Político cujo interesse dominante é o poder. Aparece como líder em qualquer campo/área,
coloca elevados valores no poder e na influência;
O Religioso que se preocupa principalmente com a compreensão do mundo como um todo
unificado. Aqui existem 2 tipos de religiosos: a) o místico imanente que encontra sentido na
afirmação e participação activa na vida; e b) o místico transcendental que luta para unir-se com a
mais elevada realidade, afastando-se da vida (monges). O Religioso procura unidade e significado
alto no cosmos.
SEGUNDO HIPÓCRATES E HEYMANS- WIERSMA De acordo com Hipócrates e
Heymans- Wiersma existem 4 tipos: Sanguíneo- não Emotivo- Primário Fleumático- não EmotivoSecundário
Colérico- Emotivo- Primário Melancólico- Emotivo- Secundário E para Hipócrates cada 1
destes tipos pode subdividir-se em: Sanguíneo Activo: Não Emotivo, Activo e Primário nE A P
(Sanguíneo/Realista) Sanguíneo Não Activo: Não Emotivo, não Activo e Primário nE nA P (amorfo
ou Indolente)
Colérico Activo- Emotivo, Activo e Primário E A P (colérico ou activo exuberante) Colérico
não Activo- Emotivo, não Activo e Primário E nA P (nervoso) Fleumático Activo- Não emotivo,
Activo e Secundário nE A S (fleumático) Fleumático não Activo- não Emotivo, não Activo e
Secundário nE nA S (apático ou inibido frio) Melancólico Activo- Emotivo, Activo e Secundário E
A S (Senhor de si /apaixonado) Melancólico não Activo- Emotivo, não Activo e Secundário E nA S
(Sentimental) segundo Jung Carl Gustav Jung desenvolveu uma tipologia para a personalidade,
tendo encontrado:
O Introvertido que apresenta como característica principal a inibição e está centrado no seu
mundo interior, no seu eu;
O Extrovertido que apresenta como característica principal a excitação e está centrado no
mundo exterior;
O Estável (calmo, pouco excitável, objectivo, analista e apático) ;
O Instável (muito excitável, subjectivo, insatisfeito, cheio de contradições com tendência à
nevrose).
SEGUNDO EYSENCK Eysenck identificou 2 traços e definiu 4 temperamentos. E
encontrou 2 traços bipolares que são: Extroversão-Introversão Estável-Instável (suporta mal as
experiências) (suporta bem as experiências). Estes traços fazem existir 4 tipos de temperamentos: O
Melancólico que é instável e introvertido; O Colérico que é instável e extrovertido; O Fleumático
que é estável e introvertido; O Sanguíneo que é estável e extrovertido. Assim: O Melancólico é
impertinente, ansioso, rígido, sóbrio, pessimista, reservado, insociável e tranquilo; O Colérico é
susceptível, agitado, agressivo, excitável, mutável, impulsivo, optimista e activo;
O Fleumático é passivo, cuidadoso, pensativo, calmo, controlado, digno de confiança, de
igual humor;
O Sanguíneo é sociável, aberto, conservador, sensível pouco exigente, vivo, despreocupado
e Dirigente.
i
Por outro lado, Eysenck defende que é preciso conhecer os traços da
nstáveis personalidade para
Eysenck defende que os militares, criadores, dirigentes são recrutados muitas vezes, entre os
prever o comportamento do indivíduo. E o seu estudo sobre os traços com base na análise do factor
permitiu identificar 4 traços básicos, nomeadamente: Extroversão, Introversão, Estabilidade e
Instabilidade (neurótico) que criou 4 tipos de comportamento.
O Introvertido estável é calmo, sempre temperado, fiel, controlado, pacífico, pensador,
cuidadoso, passivo.
O Introvertido neurótico é temperamental, ansioso, rígido, soberbo, pessimista, reservado,
não social e quieto.
O Extrovertido estável é líder, descuidado, vivo, fácil relacionar, que responde activamente,
falador, persistente e sociável:
O Extrovertido instável é infatigável, agressivo, excitável, muda de comportamento
facilmente, impulsivo, optimista, activo e sensível.
Para Eysenck os traços da personalidade têm bases neuropsicológicas. Assim o tipo
introvertido/extrovertido está relacionado com os níveis de aumento de corticóides, e o tipo
estabilidade/neuroticismo reflecte o grau de reacção do sistema nervoso autónomo dos estímulos o
introvertido prefere vocações teóricas e científicas (engenharia, química, medicina, veterinária,
matemática ele atinge os níveis escolares mais elevados nos estudos. Têm tendências a ter
problemas psiquiátricos para o abandono escolar. Os introvertidos têm problemas de masturbação
mais frequentes e mostram elevados níveis de disposição nas manhãs.
Os extrovertidos preferem profissões orientadas para pessoas tais como vendas, trabalho
social (seu professor, ser comerciante, etc.). Os extrovertidos começam relações sexuais muito cedo
ou passam de uma relação sexual para outra facilmente; portanto têm a tendência de ter muitos
parceiros. Nos estudos têm poucos sucessos e geralmente desistem por razões académicas. Eles
mostram elevados níveis de disposição do fim do dia, pelo que trabalham melhor nas tardes do que
nas manhãs.
Raymond Cattel estudou os traços da personalidade com o objectivo de saber para poder
predizer o que uma pessoa fará numa dada situação.
Para Cattel os traços são constructos hipotéticos que predispõem o indivíduo a ter um
comportamento consistente em várias circunstâncias e ao longo do tempo. Para ele a essência da
estrutura da personalidade consiste em cerca de 16 traços que se podem dividir em traços da
constituição e traços moldados no ambiente.
A habilidade, o temperamento e os traços dinâmicos representam categorias adicionais na
sua classificação de traços. Portanto são 3 categorias básicas para os traços da personalidade.
Os 16 traços são:
O Reservado-Persistente (saído) que é um indivíduo fácil no relacionamento, aventureiro,
acolhedor mas apresenta como sinais ser cínico, duro e destacado.
O Inteligente que é um indivíduo com brilho e pensamento abstracto, mas que é estúpido e
não pauta pelo pensamento concreto.
O Estável -Emocional é o indivíduo maduro, realístico e calmo mas em contrapartida tem
pouco de mudanças, não realístico e não controlado.
O Dominante -Submisso é um indivíduo que se faz valer, competitivo e teimoso (obstinado)
e tem como valores mais baixo ser humilde, retirado e manso (dócil).
O Soberbo-Feliz e sortudo é sério e taciturno. E como valores mais baixos é entusiástico e
carinhoso.
O Consciente -Expedito é responsável, moralista e estóico. Em contrapartida tem como
valores mais baixos o liberalismo, negligência e volubilidade;
O Aventureiro -Envergonhado que aparece como aventureiro, desinibido e em contrapartida
pode ser tímido e distante.
O Cabeça dura -moleza é autónomo e independente contra sa grudada e dependente.
O Confiante -Suspeito é aquele que aceita as condições e por outro lado é duro (difícil) de
enlouquecer.
O Imaginativo -Prático é criativo e artístico contra o convencional e com preocupações
sólidas.
O Astuto (sagaz) -Saído que é socialmente habilitado e astuto, mas em contrapartida pode
ser desajeitado socialmente e pouco pretensioso.
O Apreensivo -Plácido está sempre amedrontado e com dificuldades contra o ser seguro e
complacente.
O Radical -Conservador que é liberal e de pensamento livre contra o facto de ser do tipo de
tradicionalmente respeitado e com muitas ideias.
O Auto -Suficiente - Dependente do grupo prefere suas próprias decisões contra o facto de
ser seguido de sons (ruídos).
O Indisciplinado-Controlado que segue suas próprias urgências contra o facto de ser exacto.
Relaxado -Tenso que está sempre composto e tranquilo e cujos valores mínimos de ser
dirigido e trabalhado (forjado).
Segundo a Escola do Behaviorismo
O Behaviorismo trata a personalidade como produto do e -R e que precisa de reforço
segundo Skinner onde se desenvolve um comportamento respondente e mais tarde operante. O
reforço pode ser positivo para fazer prevalecer o comportamento ou negativo para eliminar o
comportamento. Assim o comportamento pode ser controlado com base em estímulos adversos
(punição e reforço negativo).
A base desta assumpção de Skinner é que a natureza humana age na base de
liberdade.vs.determinismo, Holismo.vs.Elementanismo, Constituição.vs.Ambiente, mudança vs.
Não-mudança, , . , .
Por sua vez Bandura e Rohner desenvolveram a teoria social cognitiva da personalidade com
recurso a forças internas, aprendizagem onda do interior, com recurso ao reforço e auto -regulação e
conhecimento no comportamento desejado. Assim a pessoa pode aprender a partir de modelos (em
que 1º observa-se o modelo, depois reproduz o modelo na mente; em seguida aplica ou mostra pelo
comportamento o que aprendeu).
À semelhança de Skinner, Bandura também fala da natureza humana.
Kretschmer e Sheldon estabelecem uma correspondência entre a aparência física e o carácter
do indivíduo. Assim criaram o tipo somático do indivíduo que dá as características do corpo e
identificaram os tipos de temperamentos.
Tipo Somático Temperamento Correspondente Pícnico (largo, pequeno, gordo). Ciclóstomo
(sociável, realista, bem adaptado).
Leptóssomo (estreito, elegante, delgado). Esquizótimo (insociável, reservado, susceptível).
Atlético (bem constituído, sólido, musculoso). Ixótimo (perseverante, de reacções fortes).
Tipo somático Temperamento correspondente
Endomorfo (predominância do sistema digestivo).
Viscerótono (sociabilidade, gosto de conforto e de prazer).
Ectomorfo (predominância do sistema nervoso).
Cerebrótono (reserva, gosto da solidão, humor variável).
Mesomorfo (predominância do sistema ósseo muscular).
Somatótono (afirmação de si, gosto de acção e do risco).
Outros investigadores, afirmam existirem 4 traços fundamentais da Personalidade, que são
(ligados ao temperamento):
Ascendência: é traço dos autoritários, dominadores, severos teimosos, brutos, agressivos e
indisciplinados, pretensiosos, graves, espírito de contradição, complexo de superioridade, abusado
da boa vontade de outrem, finge desprezar, dá soluções radicais, não hesita em manifestar o seu
desacordo tem sempre argumentos, sente prazer chocar os outros, critica sempre, etc.
Submissão: é traço dos meigos, calmos, dóceis, dedicados, embaraçados, conformados,
modestos, simples, conciliadores gosta passar despercebido, aceita ser comandado, aceita
compromissos, evita conflitos, perde muitas vezes o sangue frio, não é fofoqueiro, deixa-se enganar,
tem complexo de inferioridade, etc.
Independência: é traço do inovador, céptico, curioso, decido, desligado, original, criativo,
indiferente, optimista, distante, crítico, neutro, imparcial, excêntrico, não se compromete, dispensa
opinião dos outros, é auto-suficiente, prefere ocupações pessoais, considera-se da moda, toma
iniciativa, etc.
Dependência: é traço dos tradicionalistas, moralizadores, rotineiros, gregários, resistentes,
dedicados, banais, formais, prestáveis, convencionais, vulgares, prendem-se ao grupo, preocupa-se
com contingências, prefere actividades colectivas, segue a moda por vezes com exagero, etc..
O traje aparece como uma das características da personalidade, que se caracteriza pela forma
como se veste. O tipo de vestes que o sujeito aprecia, as cores que mais gosta, podem mostrar traços
da sua personalidade. Estudos feitos com base neste item, mostram que em países onde não é vulgar
esta cultura, usar roupas compridas pode conduzir ao desenvolvimento de violência, agressividade,
oportunismo, dado que as pessoas não se identificam e podem conduzir a tumultos sociais. Portanto,
o tipo de traje contribui para a nossa identificação social.
A roupa pode definir a identidade de um grupo ou mesmo as obrigações sociais da pessoa.
Por exemplo, a bata branca para professores e enfermeiros e médicos (funções sociais), fato
completo (de calça, camisa, gravata e casaco) para dirigentes, empresários ou mesmo para uma
cerimónia importante, as jeans e camisetas para operários ou situações pouco formais, etc.
Outro aspecto, é que temos objectos pessoais com que nos identificamos pelas recordações
que nos fazem viver e são coleccionadas com base em memórias individuais.
A personalidade pode sentir -se independente ou interdependente. Este último precisa de
aprovação de outrem na tomada de suas decisões, enquanto o primeiro dispensa os conselhos dos
outros, sente-se mais seguro de si e age de acordo com as suas convicções.
A auto-avaliação é importante porque ajuda o indivíduo a conhecer -se a si próprio. Porém, é
preciso um exercício de auto -controle, modéstia e honestidade para poder conhecer os seus defeitos
e estabelecer mecanismos de auto -controle como forma de evitar prejudicar os outros ou perder o
carinho e a dedicação dos que lhe rodeiam.
Às vezes o sujeito subestima as suas reais capacidades e isto associa -se à humildade e ao
complexo de inferioridade; outras vezes, o sujeito acha -se acima dos outros, melhor que todos e
trata os outros como inferiores. Portanto, pode -se dizer que é arrogante.
Para um auto -conhecimento, pode se recorrer aos testes da personalidade, um dos quais é o
teste das 20 afirmações que o sujeito faz sobre si mesmo, em relação à pergunta “quem sou eu?”.
A auto-construção é um conjunto de compreensões que nós desenvolvemos a nosso respeito
(os nosso traços, as nossas crenças, motivações, valores, estilos comportamentais, etc.). Perceber os
outros consiste no facto de sermos capazes de explicar ou entender o comportamento dos outros.
Geralmente, descrevemos os outros contextualizando -os num determinado meio social ou de
acordo com o tipo de descrição pedido. Podemos caracterizar os outros com base nas suas
habilidades, conhecimentos e estilo emocional (atitudes).
As características físicas do indivíduo têm um grande impacto na descrição da
personalidade. Essas características perceptíveis referem -se a movimentos das pessoas, ou seja, a
sua maneira de agir. Estas características podem ser inatas ou condicionadas pela percepção das
metas sociais, capacidades comportamentais ou experiência perceptiva.
A auto-estima consiste em o indivíduo ser capaz de gostar de si e valorizar -se com base em
diferentes atributos. Esta encontra -se associada com a criação de feições ou características positivas
de si e procurar evitar, ignorar ou descontar as feições ou características negativas. Uma baixa auto
-estima desenvolve a marginalidade, a frustração e o complexo de inferioridade. A auto-estima
também está ligada aos sucessos ou fracassos do indivíduo.
As relações entre as pessoas implicam conhecimento que pode ser superficial ou profundo
(mais íntimo) e estabelecem -se entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes.
Estas relações aparecem como: Amizade ou companheirismo;
Amor (entre homem e mulher que conduz ao casamento, entre familiares, de pai/mãe para
filhos, entre irmãos, etc.).
Nas relações humanas pode desenvolver -se:
A cooperação -se estas relações são amistosas e cordiais e as pessoas pressupõem poder
ajudar -se mutuamente;
A competição -se estas não são amistosas, mas podem ser cordiais e as pessoas pressupõem,
na sua interacção, fazer sobressair as suas qualidades (aparecendo um sendo o melhor do que o
outro). Há sempre um ganhador e outro perdedor.
Geralmente, elementos do mesmo grupo cooperam entre si e elementos de grupos opostos
competem entre si. O pertencer a um grupo faz com que haja normas, regulamentos e regras a
serem obedecidos e cumpridos por cada um dos membros do grupo. Se não concordar -se com eles,
pode deixar de se membro do grupo ou então conformar -se e assumir e implementar mesmo contra
a vontade. Cada membro tem deveres e direitos respectivos dentro do seu grupo.
As pessoas em grupo podem comportar -se com base em estereótipos. Um estereótipo é um
conjunto de crenças sobre as pessoas que são membros de um grupo particular, que devem ter a
mesma forma de conduta. São bases para a definição de um estereótipo, o género, a etnicidade, a
idade, a educação, o bem -estar e o gosto, porque podem ser elementos marcadores da identificação
social.
Os estereótipos podem envolver crenças sobre os traços, valores, comportamentos, opiniões,
etc. São funções de estereótipos nos grupos:
Reduzir a necessidade de procurar e processar informação individual acerca dos outros;
Ajudar a pessoa a manter um senso positivo de auto -estima; Desenvolver, no indivíduo, a
honestidade, amabilidade, lealdade e confiança;
Desenvolver, no indivíduo, a dimensão da competência 8que envolve a inteligência, o
sucesso, a saúde, a boa educação, etc..); e
Agir como representação social usada para justificar a exploração de uns grupos por outros.
Podemos identificar 3 teorias que procuram explicar a importância da existência dos grupos
sociais. São elas:
A teoria social da identidade -que defende que a parte social da nossa identidade deriva dos
grupos a que pertencemos. Portanto, adquirimos no grupo o sentimento positivo de quem somos nós
(sentimento de pertença ao grupo) e a clara compreensão de como podemos agir em torno dos
membros do nosso grupo;
A teoria da categorização social como membro do grupo -que procura categorizar os
membros do grupo com base nos processos de influência que podem ocorrer em torno da orientação
em direcção ao grupo. Assim, os processos de grupo como conformidade, influência minoritária,
polarização do grupo, podem explicar as respostas dos seus membros à realidade social de serem
categorizados; e
A teoria da dominância social -que defende que o membro dum grupo tenta comportar -se
orientando -se par os estatutos/objectivos do grupo. Esta progressão conduz ao desenvolvimento de
um alto ou baixo estatuto, de acordo com o seu desempenho. Assim, se o grupo tem um estatuto
alto, os seus membros tendem a ter uma orientação social dominante, porque servem de referência
aos outros e são colocados num nível social muito alto. E a moral do grupo também é sempre alta.
O contrário também é válido. Grupos com baixo estatuto social têm baixos atributos e a tendência é
de os seus membros recusarem a identificar -se com o grupo. E estes podem desfazer -se muito
depressa.
O conhecimento é -nos dado pelos processos sensoriais, ligados aos órgãos dos sentidos,
sendo eles, a visão, a audição, o gosto, o olfacto, o tacto e os sentidos cinestésico e quinestésico e
ainda pelos processos de memorização, pensamento e linguagem. Portanto é muito complexo o
processo de aquisição de conhecimento.
Com os olhos vemos o tamanho, a forma, cor dos objectos, presenciamos os acontecimentos
do dia a dia. Recordemo-nos das fibras ópticas sensíveis a três tipos de comprimentos de onda da
luz que nos dão as cores básicas (verde, vermelho e azul) e cujas misturas fazem surgir todas as
outras cores.
Ainda pela visão nós percebemos a forma dos objectos, fenómeno interpretado pelas leis da
boa forma e da organização preceptiva Para tal o olho possui, na retina, as terminações do nervo
óptico constituídas por bastonetes e cones e são sensíveis à intensidade luminosa e que vão
influenciar a acuidade visual, (ou seja, a capacidade de vislumbrar um objecto correctamente na
fávea. A fávea é o ponto central de encontro dos raios recolhidos por cada um do olhos e no qual se
forma as imagens visuais dos objectos). O contraste de sombra/ brilho é explicado pelo princípio de
figura - fundo e pela teoria da percepção visual da cor desenvolvida por Helmotz (1821 -1894).
Com os ouvidos ouvimos/percebemos os sons dos diferentes seres e objectos. Para ouvir -se
o som deve-se ter em conta a amplitude sonora e o comprimento de onda.
A amplitude sonora refere-se à altura do som que se traduz pela intensidade da vibração. O
comprimento da onda refere-se à distância entre duas amplitudes sucessivas. E a frequência sonora
refere-se ao número de ondas por segundo.
Portanto, a amplitude e a frequência sonoras como dimensões físicas do som traduzem-se,
pelo cérebro, em termos de sensações psicológicas do volume e de altura do som.
Estrutura do ouvido: divide –se este em ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.
Com o nariz sentimos o cheiro dos objectos e das substâncias químicas em suspensão no ar.
Pelo olfacto podemos colher sensações olfactivas primárias como o fragrante (cheiro de uma rosa),
o apimentado (cheiro de especiarias) e o pútrido (o cheiro, por exemplo, do ovo podre).
É pelo olfacto que os animais terrestres/inferiores (alguns) identificam as suas presas (por
meio de odores) ou a fêmea. Estas segregam substâncias químicas chamadas feronomas e que
desencadeiam reacções comportamentais precisas e específicas nos machos. Essas substâncias
assinalam a sua receptividade sexual e deve ser percebida (pelo cheiro) pelos machos. Também há
feronomas que sinalizam o alarme e os animais cheiram o perigo que se aproxima.
Com a língua sentimos o gosto dos alimentos que nos transmitem as sensações gustativas e
nos dão os quatro sabores básicos dos alimentos (doce, azedo, amargo e salgado.
Nós sentimos o sabor dos alimentos com base no princípio da interacção sensorial que
assenta no facto de ser raro que a resposta de um sistema sensorial a um estímulo determinado,
depende só desse estímulo, mas sim da interacção de vários estímulos. Esta interacção sensorial
pode ser simultâneo (provocando contraste no sabor) ou sequencial (que provoca a adaptação e, se o
estímulo for aplicado continuamente na mesma região da língua, a sensibilidade a esse estímulo
declina depressa).
Através da pele, o organismo tem contacto com os objectos, podendo identificar a sua
textura, temperatura, dentre outras. A pele dá-nos, pelo menos, quatro sensações térmicas básicas,
sendo elas, a pressão, o calor, frio e a dor.
Foi Weber quem inventou a fórmula C = Incremento da I
I - fórmula esta que virou lei com os estudos realizados por Fechner, com o objectivo de
medir a intensidade do estímulo.
O desenvolvimento cognitivo está ligado ao funcionamento dos órgãos dos sentidos que
permite o homem interagir com a realidade objectiva sob a forma de sensações ou de percepções.
PRINCÍPIOS DOS SENTIDOS São princípios comuns a todos os sentidos: O Princípio de
transdução da energia do estímulo físico num impulso neural.
O Princípio da codificação no processamento de estímulos exteriores ao nível dos centros
nervosos em que a informação contida no estímulo é traduzida para as várias dimensões sensoriais
que distinguimos
O Princípio da interacção de um sistema sensorial com as outras partes desse sistema.
O princípio da produção de um estímulo proximal ” melhor “ sobre o qual os receptores
trabalhem. Assim, na maior parte das modalidades sensoriais o processamento das energias dos
estímulos externos tem início em várias estruturas que as detectam e amplificam produzindo este
estímulo proximal ” melhor “.
O homem é um ser social que interage com os outros na transformação da natureza,
trocando ideias, comungando os espaços comuns, etc.
O homem tem sua cultura e esta compreende o homem como parte do ambiente. Esta cultura
representa não só o homem como material, com os seus objectos (como casas, meios de transporte,
etc.), mas também as instituições sociais tais como, casamento, emprego, educação, etc. Cada item
é regulado por uma vasta gama de leis, normas e regras.
Rohner (1984) citado por BOND ET. AL. (1998), define o sistema social em termos de
comportamento de um grupo de pessoas dentro duma população culturalmente organizada,
incluindo os seus padrões de interacção social e cadeias de relações sociais.
Para BOND ET. AL. (1998) os valores são afirmações universais sobre o que o homem
pensa que seja desejável ou atractivo. Contudo, esta definição não contém orientações de como
devem ser materializadas estas afirmações. Enquanto que comportamentos são vistos como acções
específicas que ocorrem num dado contexto e num determinando momento.
Assim, o desenvolvimento social envolve horizontes sociais cada vez mais amplos da
criança. No desenvolvimento social há um padrão de expansão contínua da pessoa. Durante os
primeiros meses de vida, o mundo social do bebé está limitado a uma única pessoa, geralmente, a
mãe, ou a pessoa que toma conta dela. Com o tempo, os horizontes sociais do bebé tornam -se mais
vastos e passam a incluir o pai e os outros membros da família e, mais tarde, os companheiros do
bairro/creche, da escola, e aí por diante.
No processo da socialização a criança começa a compreender as regras sociais que a une não
só à família, mas também ao universo social mais vasto. Assim, podemos, em Freud, identificar 4
estádios de desenvolvimento social, que são:
o estádio oral (0-1 ano) em que a criança pela boca se afeiçoa à pessoa que a amamenta; o
estádio anal (1-3 anos) em que o universo social da criança alarga -se ao confrontar -se com as
primeiras exigências que a sociedade lhe impõe (é o início da educação do asseio); o estádio fálico
(3-5 anos) em que ela aumenta o número de personagens, pois as relações da criança envolvem a
mãe, o pai e todos os outros membros da família (desenvolvimento de complexos de Édipo/Electra,
de castração, familiar e ainda o narcisismo); o estádio genital -quando o adolescente se preocupa
com os sentimentos da outra pessoa e isto acontece porque as relações emocionais se tornam
verdadeiramente recíprocas.
Contudo, Freud subestimou o papel dos factores culturais, dado que, para ele, o ambiente
não é importante no processo de desenvolvimento.
Abordagens mais actualizadas caracterizam a socialização, partindo da vinculação que a
criança estabelece com a realidade objectiva.
Pela vinculação o desenvolvimento social inicia -se com o primeiro vínculo humano do bebé
à pessoa que cuida dela. A mãe ou a pessoa que toma conta dela oferece à criança uma base de
segurança, lugar de conforto e protecção. (A vinculação tem sua origem na satisfação das
necessidades básicas de sobrevivência. São necessidades biológicas e fisiológicas tais como fome,
sede, sono, sexo, etc..).
O ponto de entrada para a socialização da criança recém-nascida é a vinculação. A
socialização na infância continua com a aquisição de padrões de pensamento e de comportamento
característicos da sociedade em que a criança vive. À medida que a criança vai crescendo, ela vai
aprendendo o que deve fazer como membro dessa sociedade. Aqui a sociedade começa a ter muita
importância para ela.
Portanto, o primeiro agente socializador da criança é a família que inculca nela os primeiros
“… tu podes …” e/ou “… tu não podes …”, as primeiras concessões ou proibições da vida social.
Ao mesmo tempo, há todo o processo de inculcação dos valores dominantes da cultura de que os
pais fazem parte.
Em qualquer parte do mundo, a criança é ensinada a desenvolver um certo controlo sobre as
suas funções fisiológicas (ex: o controlo fisiológico, o faseamento das refeições, o traje, etc..), um
certo controlo sobre os seus impulsos (ex: a agressividade). Também deve aprender a interagir com
outras pessoas e entender que as suas necessidades podem ser postas em segundo plano em relação
às necessidades dos outros. Portanto, a criança torna -se membros de uma sociedade em particular.
E aí ela deve comportar -se de acordo com as normas de conduta dessa sociedade.
A socialização da criança depende do nível de desenvolvimento social, cultural e económico
de uma comunidade, uma tribo, uma sociedade. E certamente a socialização vai desenvolver nela a
obediência, a conformidade, a responsabilidade que se espera que ela venha a assumir no futuro.
A estes valores podem ser acrescentados a auto -confiança, a iniciativa, e outros mais
valores.
Em qualquer cultura algumas práticas educativas diferenciam as pessoas e estas estão
associadas à classe social dos pais. E este processo educativo visa a formação de padrões que os
identificam com os seus valores culturais e, por outro lado, ir preparando a criança para vida quando
for adulta.
TEORIAS SOBRE A SOCIALIZAÇÃO Várias são as teorias que procuram explicar o
processo de socialização, dentre elas:
A teoria do reforço (que produz o comportamento operante) - que defende que a criança é
socializada através de um cálculo de dor ou de prazer. Assim, ela vai continuar a fazer, a pensar ou
a recordar o que lhe trouxe prazer ou gratificação e vai reprimir tudo o que provocou punição ou
ansiedade;
A teoria da aprendizagem social -que defende que a criança aprende vendo os outros, pois as
pessoas mostram-lhes como é. Nesta teoria podemos encontrar que o homem aprende por:
Modelagem - que consiste em aprender por observação de um modelo que serve de exemplo
e depois começar a imitar o que o modelo fez. Ex: ver alguém a pregar um prego e depois pegar no
martelo e tentar reproduzir a acção dessa pessoa.
Imitação e realização - que consiste em aprender dos outros com base na observação,
verificando se a resposta deve ser ou não realizada. Esta resposta já é conhecida a priori pelo
aprendiz. Um efeito semelhante é a inibição da resposta por imitação.
A teoria Cognitivo-desenvolvimentista - que defende que o aprender depende da
compreensão da conduta e do pensamento interpessoais. Assim, parte do princípio de que a criança
tem uma certa compreensão das suas próprias acções: ela não só sabe que algumas coisas são más e
outras são boas, mas também tem algum sentido do porquê. No processo de desenvolvimento
mental, ela desenvolve a compreensão racional de como se deve relacionar com os outros. Assim, o
desenvolvimento social é consequência do desenvolvimento cognitivo.
Nesta teoria, a criança pode aprender através da imitação pela compreensão, ao através do
desejo da capacidade (com base no motivo da imitação).
Na socialização a pessoa vai aprender os estereótipos dos papéis dos géneros masculino e
feminino e ainda vai desenvolver -se moralmente. O desenvolvimento moral é um processo de
socialização da criança que se faz recorrendo aos ensinamentos sobre:
Não fazer mal, portanto, não roubar, não insultar, não bater nos outros, etc.. como forma de
interiorizar que não deve fazer porque é errado e não por ter medo de ser punido. Por exemplo,
deixar uma caixa de doces e dizer à criança que não deve roubar. Ela deve ser capaz de resistir à
tentação, especialmente, na ausência dos pais/adultos. Portanto, ela evita transgredir a norma moral.
Com base no castigo, como forma de retaliação a um erro ou mal que se comete. O papel do
castigo torna-se relevante, na medida em que, após a aplicação do castigo, a criança interioriza a
proibição que se vai manifestar sob a forma de culpa ou de ansiedade. Se a criança comete um acto
negativo, é punida e ela assume que não deve cometer o mesmo acto, e, pelo simples
recordar/pensar no acto, ela sente o tormento da ansiedade. Em Freud, isto faz parte da criação e
consolidação do super-ego que controla os vários impulsos proibidos mediante a aplicação da
autopunição da personalidade.
Com base na interiorização das proibições. A interiorização das proibições pode ser
desenvolvida nas crianças não só com base no castigo físico mas, também, através do processo de
explicar à criança a razão porque uma má acção não é aprovada, o que é uma má acção, devendo-se
explicar à criança, para ela adoptar outra maneira de se comportar.
Com base na empatia, ou seja, na resposta emocional imediata às emoções dos outros.
Com base no fazer bem e na estimulação das boas acções. Pode se desenvolver na criança
valores morais recorrendo ao chamado princípio da suficiência mínima, que afirma que a criança
interiorizará uma certa maneira de agir se houver exactamente a pressão suficiente para a fazer
comportar-se dessa nova maneira, mas não tanta pressão que ela se sinta forçada a fazê-lo.
Assim, é mais provável, que os filhos de pais autoritário-recíprocos interiorizarem as regras
dos pais, do que os filhos de pais permissivos ou autocráticos. Os pais autocráticos exercem
demasiada coacção sobre os filhos para os levarem a assumir valores morais (que apresentam
exteriormente e não as desenvolvem profundamente; portanto, não mudam as suas atitudes
internas). Os pais permissivos não exercem qualquer coacção e isto não ajuda à criança a mudar o
seu comportamento. Os pais autoritários -recíprocos funcionam de maneira a obter um equilíbrio
adequado, porque só empregam a força necessária para levar os filhos a mudarem de
comportamento.
Levar a criança a fazer o bem exige dela um sacrifício pessoal; a criança vai desenvolver a
capacidade para realizar acções morais positivas e, ainda, o altruísmo, ou seja, fazer algo pelos
outros. Então, as crianças mais altruístas são mais populares e auto -confiantes.
Kholberg desenvolveu os estádios do raciocínio moral que os subdividiu em 6 níveis, que
são:
Estádio da moralidade pré -convencional (níveis 1 e 2) que evita a condenação ou punição.
Em contrapartida obtém recompensas, procurando fazer para agradar;
Estádio da moralidade convencional (níveis 3 e 4) que obtém a aprovação e evita a censura
dos outros. É definido por códigos rígidos de “lei e ordem”;
Estádio da moralidade pós -convencional (níveis 5 e 6) que é definida por um contrato social
aprovado por todos para o bem público. Baseia -se em princípios éticos abstractos que determinam
o código moral pessoal.
Na aprendizagem social a pessoa pode desenvolver comportamento pró -social que é
contrário à agressão, pois as pessoas procuram ajudar -se umas à outras em situações de stress ou
dificuldades. E os comportamentos pró -sociais aparecem com mais ênfase nas áreas rurais e zonas
suburbanas do que nas cidades, especialmente nas grandes cidades. Este comportamento pró -social
manifesta - se ao ajudar -se alguém a apanhar algo que caiu, atravessar a rua (a um cego, ou a um
velho, ou a um deficiente físico), dar lugar aos mais velhos no autocarro, cinema, campo de jogos,
etc.. dar prioridade nas passagens, dentre outros. Isto já parece rarear nas grandes cidades.
Uma das características da personalidade é o facto de ser social e isto faz com que se
aproxime dos outros, tais como amigos, conhecidos, desconhecidos, familiares, para troca de ideias,
debates, convívios, etc..
A agressão é um comportamento anti-social em que uma pessoa se implica com a outra e
magoa -a. Esta ocorre em 2 etapas, a destacar: a primeira em que há provocação; e a segunda em
que há aproximação para magoar e desenvolve-se a luta. Esta pode envolver duas pessoas
fisicamente ou mesmo verbalmente. Em ambas situações constituem violência.
A agressão é provocada pelos altos índices de stress na sociedade em que os apoios sociais
baixam e isto desenvolve a frustração que conduz à agressão. Foi estudado e encontrado que as altas
taxas de agressividade e assassinato existem nas zonas de clima quente e húmido, porque as pessoas
tornam -se mais hostis e ficam com menos traços de afectividade positiva.
À medida que a criança cresce, ela vai criando consciência da sua identidade pessoal e que
as pessoas diferem umas das outras. Neste desenvolvimento da identidade pessoal, está inclusa a
identidade sexual, ou seja, a diferenciação de ser homem ou mulher.
Biologicamente, a identidade sexual parece ser simples, com base nos cromossomas sexuais
(X - mulher, ou XY -homem), ou aos órgãos genitais externos. Esta diferenciação ou identificação
sexual, psicologicamente, tem 3 aspectos a destacar:
a identidade do género (o facto de ser homem ou mulher); o papel do género (com base nas
normas de comportamento exterior que uma dada cultura considera apropriada para cada sexo); e a
orientação sexual (a escolha de um parceiro sexual, o qual é, regra geral, dirigida para o sexo
oposto).
Qual a diferença entre sexo e género?
Sexo -é geralmente, usado para a descrição de aspectos que diferenciam o homem da
mulher, no que se refere às funções reprodutoras (ovários vs testículos, vagina vs pénis, etc..) ou
para designar sentimentos, inclinações ou práticas eróticas (heterossexualistas ou
homossexualistas).
Género, por sua vez, refere -se a aspectos sociais e psicológicos de ser visto como um
homem ou uma mulher. Socialmente, está construído o estereótipo de que a cor azul é para bebé
masculino e rosa é para bebé feminino e que as meninas brincam com as bonecas e os rapazes
brincam com carrinhos, bicicletas, etc.. é a sociedade que tem as expectativas (padrões) sobre a
conduta dos homens/rapazes e das raparigas/mulheres, quanto ao que devem fazer como ao que
devem ser. E isto influencia a atitude das pessoas perante a criança, por exemplo, pela forma como
tratam (se é rapaz, agitam -na, se é rapariga, tratam -na suavemente).
A tipificação sexual da criança, começa por volta de 1,5 anos e a partir dos 3 anos, há toda a
curiosidade da criança identificar -se com alguém do mesmo sexo e reconhecer a existência do sexo
diferente do seu. E, esta diferenciação vai aumentando à medida que a criança cresce. E muitos dos
papéis dos géneros são reforçados pelos pais e pelos companheiros, que censuram à criança quando
tem atitudes e comportamentos não correspondentes aos seus papéis de género.
O ser homem ou mulher biologicamente ou constitucionalmente, depende da hereditariedade
que é dada pelo pai que possui um par de cromossomas diferentes (XY), enquanto a mãe possui um
par de cromossomas idênticos (X). Mais tarde, estas características são reforçadas na adolescência
com o aparecimento das características sexuais secundárias.
Outras características sexuais são de origem social e há outras ainda que são atribuídas às
duas espécies de origem (constitucional e social, tais como, a agressão que é mais comum nos
rapazes do que nas raparigas, tornando os homens mais activos fisicamente e irritáveis e as
mulheres mais passivas fisicamente e pouco irritáveis -um traço que deve estar ligado ao
cromossoma Y.
Outra característica ligada a ambas origens é a de aptidões intelectuais em que as mulheres
têm melhores aptidões verbais (para letras, ciências sociais, humanas, economia, história, química,
etc..) e os homens têm melhores aptidões práticas (ciências naturais, engenharias, matemáticas,
física, etc..). Dentre os factores sociais, tem destaque o papel da sociedade que desenvolve nas
raparigas o medo do fracasso e isso leva ao desânimo e desistência, a reatribuição do sexo durante a
infância, etc..
A orientação sexual leva a que durante o crescimento, a criança venha a manifestar -se
heterossexual. Contudo, há vezes que esta manifestação não ocorre e o sujeito fica mais interessado
com outros sujeitos do mesmo sexo -homossexualismo. Nas mulheres é designada por
lesbinianismo (lésbicas) e nos homens, recebe o nome genérico de homossexual.
Várias são as razões encontradas para justificar as causas do homossexualismo, desde as
experiências violentas vividas na infância, até à disfunção hormonal que faz desenvolver outras
glândulas (opostas).
A sensação é o reflexo de uma só qualidade sensorial, de uma impressão indiferenciada e
não objectiva do mundo que nos rodeia. A sensação aparece como componente da reacção sensório
- motora, ou seja, a resposta do centro nervoso a determinado estímulo que é colhido pelos
receptores, enviado ao centro nervoso pelos nervos aferentes e a resposta dada, se for motora, é
canalizada aos órgãos executores pelos nervos eferentes.
Uma sensação é uma resposta do organismo a um estímulo específico. O estímulo pode ser
proximal ou distal. É distal quando o objecto/fenómeno se encontra a uma certa distância do sujeito.
E é proximal quando o padrão de energias com origem no estímulo distal acaba por atingir uma
superfície sensorial do organismo.
São características dos órgãos receptores: A adaptação especial à recepção de estímulos; e A
especialização dos receptores a uma determinada espécie de estímulos.
Os processos sensoriais são - nos dados pelos órgãos dos sentidos já estudados
anteriormente. Cada órgão de sentidos tem seu sistema próprio, com receptores específicos, nervos
aferentes e eferentes também específicos. Temos receptores tácteis, olfactivos, gustativos, visuais,
auditivos, cinestésicos e quinestésicos.
Cada um destes receptores está adaptado a um tipo especial de estímulos, perfeitamente
adequado a ele. E Muller defendeu o princípio da energia específica dos órgãos sensoriais, com
base em dados psicofísicos. Com base neste princípio pode - se dizer que uma sensação não
depende da natureza do estímulo, mas sim do órgão ou do nervo específico em que o processo de
excitação se produz.
As Sensações provêm de experiências primitivas que os sentidos nos fornecem. Uma
combinação de sensações dá-nos a percepção ou compreensão global dos objectos/fenómenos. E as
sensações ligam-se umas às outras pela lei da associação (vem do associacionismo defendido por
Berkeley).
Os órgãos dos sentidos produzem modalidades sensoriais diferentes em qualidade, pois são nos dados por diferentes estímulos sensoriais. Estas diferenças na qualidade percepcionada
dependem muito da estrutura nervosa excitada que se situa no cérebro (lei das energias específicas
dos nervos defendida por Muller).
A intensidade sensorial ou psicológica de uma sensação pode ser medida/ percepcionada
pelo limiar da diferencia que produz uma diferença mínima perceptível (d. m. p.) (que é uma
entidade psicológica). Esta é definida como capacidade de discriminação do indivíduo. Esta
diferença mínima perceptível (d.m.p.) é calculada com base na fórmula de Weber que foi
transformada em lei por Fechner.
O estímulo age sobre o sujeito. E em cada momento o sujeito deve ser capaz de detectar a
presença desse estímulo (quando ele atinge a d.m.p.) e tomar uma decisão sobre a resposta a dar.
Estes dois passos acontecem por causa do arco do reflexo que pode ser explicado com base na
teoria da detecção do sinal e tendência da resposta que vai desempenhar um papel importante na
decisão a tomar.
Esta decisão consiste na emissão de um juízo de valor que pode ser afirmativo (detectada a
presença do estímulo) ou negativo (quando não detecta a presença do estímulo, ou seja, este está
ausente).
Às vezes, porque a intensidade do estímulo é fraca, o sujeito pode incorrer em 2 tipos de
erros. O insucesso que consiste na não detecção do estímulo quando este é apresentado; e O falso
alarme que consiste em dizer que se viu um estímulo quando este não foi apresentado.
Estes tipos de erros permitiram construir a matriz dos ganhos e das perdas subjacentes à
tendência da resposta. Se o indivíduo detecta a presença do estímulo quando ele é apresentado a
resposta será um sucesso; e quando não detecta a presença de um estímulo porque este não foi
apresentado a resposta será negativa correcta.
São leis das sensações as seguintes:
Leis Psicofísicas das sensações
Em relação aos estímulos, com a ajuda da psicofísica pode se falar do limiar de excitação
absoluto e do limiar da diferença.
A lei do limiar absoluto da excitação defende que para um estímulo ser percebido é preciso
uma intensidade específica. Este pode ser subdividido em:
Limiar absoluto da excitação mínima que é a intensidade mínima de excitação necessária
para que uma sensação se produza; e
Limiar absoluto da excitação máxima que é a intensidade máxima de estímulo, na qual ainda
é possível sentir a sensação de uma determinada qualidade.
A lei do limiar da diferença que é a razão da relação entre a intensidade de dois estímulos
para que se possam produzir sensações diferentes.
LEIS PSICOFISIOLÓGICAS DAS SENSAÇÕES São leis psicofisiológicas das sensações
as seguintes:
Lei da adaptação e acomodação de um órgão a um estímulo permanente -que defende que a
presença prolongada de um estímulo pode diminuir a intensidade sensorial devido à diminuição da
frequência dos impulsos nervosos.
Existem 2 tipos de receptores: os de adaptação rápida (ao estímulo e sua rápida habituação);
e os de adaptação lenta (ao estímulo em que a sensação apenas diminui).
Lei do contraste -que consiste na sensibilidade alterada sob a influência do estímulo
precedente ou concomitante. Ex: acentua -se a sensação do ácido depois da sensação do doce.
Lei do efeito recíproco dos receptores -que se manifesta na influência que o estímulo de um
receptor exerce sobre o limiar de excitação do outro receptor.
LEIS PSICOLÓGICAS DAS SENSAÇÕES Estas consideram as relações da sensação como
os estados psíquicos anteriores. São elas: A Lei da Relatividade (que afirma que toda a sensação
depende dos estados que a acompanham);
A Lei da Fusão (que afirma que todas as impressões simultâneas ainda que derivadas de
vários sentidos, tendem a formar um mesmo estado de consciência).
Classificação das sensações As sensações podem ser classificada em:
Sensações orgânicas (ligadas à fome, sede, sexo, dor, sensação dos órgãos internos) -que se
ligam às sensibilidades interoceptivas;
Sensações estáticas e cinestésicas (que nos dão informações sobre a posição do nosso corpo
no espaço, ou as sensações dos movimentos das diferentes partes do nosso corpo) -que se ligam às
sensibilidades proprioceptivas; e
Sensações ligadas aos órgãos do sentidos (visão, audição, tacto, olfacto, gosto) -que se ligam
às sensibilidades exteroceptivas.
A percepção é o reflexo sensível de um objecto ou de um fenómeno da realidade objectiva
que actua sobre os nossos órgãos sensoriais. A percepção envolve a tomada de consciência do
objecto que se destaca do ambiente por oposição ao sujeito. E esta oposição é um aspecto
característico da percepção. Portanto, a percepção pressupõe:
A capacidade para reagir ao estímulo sensível; e
A aptidão para se tornar consciente da correspondente qualidade sensível que é a
propriedade de um determinado objecto.
A percepção é um todo mais ou menos complexo que difere qualitativamente das sensações
elementares que pertencem ao seu contexto. Mas a percepção depende das sensações.
Na percepção deve se ter em conta a estrutura total do objecto que consiste na unidade do
conjunto e das partes integrantes, da análise e da síntese. Esta estrutura tem como consequência a
forma que, geralmente, está relacionada com o conteúdo do percebido ou apreendido.
São leis da percepção as seguintes:
A lei da constância perceptiva -que se manifesta na relativa constância do tamanho, forma e
cor dos objectos. Portanto, a distância não altera o tamanho, a forma e a cor da imagem do
objecto/fenómeno. Significa que a forma, o tamanho e a cor do objecto mantêm -se mais ou menos
estáveis na imagem do objecto que percebemos.
A constância perceptiva consiste em que as qualidades sensoriais fundamentais da percepção
seguem as propriedades estáveis do objecto apreendido.
A lei da boa forma -que consiste no facto de sempre percebermos um objecto ou fenómeno
com uma forma definida e específica que lhe dá um certo sentido ou significado. O significado do
objecto desenvolve a consciência do sujeito em relação à presença do objecto ou fenómeno e isto
implica a actividade do pensamento que deve generalizar a partir do particular.
Por outro lado, a ilusão óptica nas figuras geométricas abstractas explica -se pela faculdade
de adaptação da nossa percepção ao reflexo adequado dos objectos reais. Assim, tudo o que vemos
tem sempre um significado objectivo com base na compreensão das suas características.
Problemas relacionados com o significado do objecto desenvolvem doenças como agnosias
(assimbolias auditiva ou visual) ou cegueira e/ou surdez mental. Nestes casos, o homem percebe a
forma e o tamanho, mas não percebe o seu significado.
A lei da organização perceptiva -que consiste no facto de que tudo o que vemos tende a ser
organizado de forma a fazer sentido para nós. Assim, numa situação distinguimos sempre uma
figura que se destaca de um fundo amorfo ou não estruturado.
A tendência é que ao olharmos para uma situação tentamos organizar tudo o que nela existe,
criando assim uma imagem estruturada e contextualizada, onde destacamos os seus elementos
essenciais daqueles não essenciais.
Podemos identificar 3 tipos de percepção básicas, nomeadamente:
A percepção do espaço que inclui a percepção da distância e da direcção em que o objecto se
encontra, bem como do seu tamanho e da sua forma.
A percepção do movimento que inclui a percepção da deslocação dos objectos no espaço
que pode alterar a distância a que o objecto se encontra do sujeito observador; e
A percepção do tempo que ajuda o sujeito a perceber a duração de um fenómeno ou objecto
em relação a outro.
O conhecimento da realidade objectiva começa com as sensações e percepções e dai passa
pelo pensamento. Este ultrapassa o limite do sensório -intuitivo ampliando e aprofundando o campo
do nosso conhecimento, graças ao seu carácter mediato que lhe permite descobrir, por meio de
conclusões, aquilo que vai se apresentar imediatamente na percepção e na sensação.
O Pensamento estabelece relação entre as qualidades sensíveis imediatas que se apresentam
nos fenómenos e nos objectos, descobrindo assim novas qualidades abstractas não presentes na
sensibilidade imediata.
Assim o pensamento reflecte o ser nas suas conexões e relações e ainda nas suas múltiplas
interferências. E ainda o pensamento descobre as conexões essenciais permitindo a generalização
(raciocínio - é o discorrer, o desenrolar de pensamentos, descobrindo a relação que leva do
particular). É assim que se desenvolve os raciocínios seguintes:
Indutivo - que vai do particular para o geral; e Dedutivo - que vai do geral para o particular.
Portanto, o pensamento é o conhecimento mediato e generalizado na realidade objectivo,
com base na descoberta de conexões, relações e intervenções.
O raciocínio vai penetrando nas normas dos fenómenos, compreendendo cada vez mais as
suas qualidades essenciais que constituem a verdadeira natureza do mundo objectivo. O raciocínio
reflecte o ser nas suas múltiplas relações e mediações dentro das leis do seu desenvolvimento e
movido pelos seus contrastes internos.
São Operações Racionais: A Análise - que é a decomposição a partir do todo/ geral em
partes; e
A síntese - que é a composição com base nas partes que constituem o fenómenos/ objecto.
De acordo com o materialismo, o pensamento desenvolve-se na actividade prática, pois é a
partir do concreto que podemos criar abstracções, como afirma Piaget na sua teoria intelectualista
(como o sujeito constrói a sua mente, constrói o seu pensamento).
É do pensamento prático que se desenvolveu o pensamento teórico ou generalizado que
pode criar leis/ soluções/fórmulas para a resolução de determinados tipos de problemas; assim,
descobre o princípio geral para a solução do problema que antecipam a solução daqueles que a
prática vai encontrar apenas no futuro.
O Conteúdo específico do pensamento é o conceito.
Conceito -é o conhecimento mediato e geral do objecto que se constrói quando se é capaz de
captar as vinculações e relações mais ou menos essenciais e objectivas desse objecto. O conceito
descobre conexões e relações e existe sob a forma da palavra.
O Pensamento orienta-se para a solução de um problema recorrendo a múltiplas operações
tais como: Comparação, Análise, Síntese, Abstracção, e Generalização com o intuito de descobrir/
buscar nexos com relações cada vez mais objectivos.
A Comparação - confronta entre si as coisas e os fenómenos descobrindo as suas
semelhanças ou diferenças. Esta comparação leva á classificação das coisas e dos fenómenos.
Assim a semelhança ou identidade e dissemelhança ou diferença são 2 categorias fundamentais do
conhecimento que se fazem através do pensamento. O conhecimento mais profundo exige a
descoberta de nexos internos, de leis e propriedades essenciais (com base na análise e na síntese);
A Análise - é a decomposição mental de um objecto ou de um fenómeno, ou de uma
situação bem como a elaboração dos seus elementos, partes componentes ou seus aspectos. A
Análise decompõe o problema;
A Síntese - é a recomposição mental do objecto/ fenómeno ou situação em que o indivíduo
reúne num todo os componentes do objecto;
A Abstracção- consiste na divisão, desmembramento e separação de um determinado
aspecto, de uma qualidade, enquanto essencial. Ela só é abstracção quando é capaz de prescindir
algumas qualidades sensíveis sublinhando outras não sensíveis mas essenciais.
A Generalização - consiste em tornar um conceito mais abrangente recorrendo às suas
características básicas e essenciais de forma a adaptar-se a situações particulares. A generalização
aparece sob a forma de juízos e conclusões. A generalização pode efectuar-se mediante a
comparação ou mesmo na abstracção do geral. Pela generalização tornou-se importante o
conhecimento do significado da palavra.
Todo o processo do pensamento exprime-se sob a forma de juízo (= Julgar = emitir juízo de
valor). O juízo reflecte o nível de conhecimento humano sobre a validade objectiva do objecto e das
suas características, nexos e relações.
Por outro lado, nas formas de pensamento abstracto podemos incluir os conceitos (termos
utilizados para descrever uma classe ou categoria que agrupa um determinado número de casos
particulares) e as proposições (afirmações sobre os conceitos que se relacionam entre si). Uma
proposição é constituída por um sujeito, um predicado e um complemento. E as proposições podem
ser verdadeiras ou falsas. As proposições ligam elementos mentais de determinadas maneiras.
Na solução de problemas, o pensamento usa basicamente:
O algoritmo -como um procedimento em que todas as operações requeridas para se chegar a
uma solução são especificadas passo a passo; e
As heurísticas -como procedimentos que, não sendo tão seguros, baseiam -se em truques e
regras práticas.
Grande parte dos nossos problemas é resolvida heuristicamente e não com base em
algoritmo o que pode levar muito tempo.
O raciocínio é a forma de pensar das pessoas e isso opera -se com base nas leis da lógica.
Pela lógica o homem pode desenvolver 2 tipos de raciocínio: o dedutivo e o indutivo. Pelo
raciocínio dedutivo o homem tira certas conclusões, tendo em conta algumas afirmações iniciais e
certas operações básicas. É a análise de silogismos (silogismo -quando parte premissas se podem
deduzir sistemas de juízos, com base em operações que se encontram subordinados a uma
finalidade comum, que é a conclusão).
AB (1ª premissa)
B C (2ª premissa)
C (conclusão) é uma dedução verdadeira. (todos os As são Bs e todos os Bs são
A
Cs. Logo,
Cada silogismo é constituído por 2 premissas e uma conclusão, como no exemplo a seguir.
todos os As são Cs -esta é uma conclusão válida).
AB (1ª premissa)
B C (2ª premissa)
C (conclusão) é uma dedução falsa. (alguns As são Bs e alguns Bs são Cs. Logo,
A
alguns As
Ex: Todas as aves são granívoras A Galinha é uma ave Logo: A galinha é granívora
(silogismo válido) Por outro lado a conclusão pode não ser verdadeira, como no caso seguinte: são
Cs -esta é uma conclusão não válida).
Ex: Alguns psicólogos são do sexo masculino Alguns patos são do sexo masculino Logo:
Alguns psicólogos são patos (silogismo inválido).
No raciocínio indutivo partimos do particular para generalizar; portanto, consideramos um
certo número de casos diferentes e procuramos determinar a regra geral sobre todos os casos. Para a
indução, formulam -se hipóteses, ou seja, afirmações incertas sobre o que constitui a regara geral de
que podem derivar as observações individuais.
O raciocínio dedutivo assenta em certezas sobre as premissas quando dá conclusões que
podem ser certas ou erradas, enquanto o raciocínio indutivo assenta em probabilidades. Daí a
necessidade de tomada de decisão que é feita, geralmente, com base em heurísticas. Dentre elas está
a heurística de disponibilidade, com base na avaliação das hipóteses colocadas e que pode ter graves
consequências práticas. Uma das consequências é a falácia da conjunção, isto é, o erro de
ocorrência conjunta.
A linguagem geralmente está ligada ao pensamento e apresenta-se como uma forma de
expressar o pensamento e tem uma função significativa na expressão dos aspectos emocionais da
consciência. Os materialistas defendem que a linguagem é consciência prática real e é utilizada na
comunicação entre Homens como seres sociais. Portanto, mediante a linguagem a consciência de
um indivíduo torna-se acessível a outro ou outros.
Em última instância, a linguagem e a fala são um reflexo significativo do indivíduo. A fala
ou o discurso é a actividade da relação humana, expressão da influência e da comunicação. A fala é
a forma do reflexo generalizado, ou forma de existência do pensamento.
A fala é a linguagem em actuação em estreita relação com a consciência individual. E por
sua vez, a linguagem exprime-se, no homem, por palavras. A palavra é a unidade específica do
conteúdo sensível e racional.
Toda a palavra tem um conteúdo semântico que constitui o seu significado (designa um
objecto nas suas qualidades, funções, etc..). O significado das palavras é o reflexo generalizado de
um conteúdo objectivo. A palavra representa um símbolo (e símbolo é aquilo que não possui
nenhum significado intrínseco, que é apenas um dado sensível externo).
A palavra tem fonemas. O fonema é um som que distingue o sentido, como portador de um
preciso conteúdo semântico. E o som nasce da linguagem como portadora de significados definidos.
A relação da palavra com o seu objecto é fundamental e determinante para o seu significado.
A linguagem pode aparecer em forma de vozes ou tons, gestos, imagens visuais, auditivas,
etc.. E desempenha uma função comunicativa, semântico - significativa. O som desempenha
funções significativas de designação e serve de sinal para os outros. Portanto, a linguagem tem 2
funções básicas:
A Função comunicativa; e A Função significativa.
Um discurso torna-se um acto consciente e apropriado quando o indivíduo que o profere tem
em conta a finalidade e as condições sob as quais são realizadas (o sujeito deve saber o quê e como
deve falar).
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2. A PSICOLOGIA COMO DISCIPLINA NO SÉCULO XVIII
Autor: Jovi Moura | Publicado na Edição de: Agosto de 2008
Categoria: História da Psicologia
https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da-psicologia/a-psicologia-comodisciplina-no-seculo-xviii
No século XVIII, a psicologia não pôde se tornar uma profissão acadêmica: na época, tais
profissões eram apenas o direito, a medicina e a teologia. Não era uma profissão institucionalizada,
no entanto, era uma disciplina.Nessa época, a psicologia não tinha cátedras ou departamentos, mas
entrou no ensino acadêmico, tornou-se um capítulo nos manuais de filosofia e começou a se
disseminar em periódicos e manuais. (Vidal, 2005)
Um novo decálogo do saber
A crença de que o homem pode atingir a verdade absoluta e indubitável desde que siga
estritamente os preceitos do método correto acabou por ser criticada no interior do Iluminismo do
século XVIII. Segundo Figueiredo e Santi (2004), por diversos caminhos, no século XVIII, a quase
onipotência do “eu”, da razão universal e do método seguro, afirmada no século XVII, foi criticada.
Iluminar, ilustrar, esclarecer, fornecer as luzes: a Luz, metáfora da razão desde Platão, tornase, no século XVIII – o Século das Luzes. Na Inglaterra, na Itália e na Alemanha, proliferam idéias
em seu nome, que se não se agrupam em um só movimento, têm o mesmo objetivo: combater o seu
oposto, as trevas e o obscurantismo, seja ele filosófico, religioso, moral ou político. (Abrão, 2004)
Vidal (2005) aponta que o empirismo define os elementos básicos da psicologia do século
XVIII: rejeição da idéias inatas; crítica dos “sistemas” e da metafísica abstrata e
substancialista; apelo à observação e à experiência; e, finalmente, a convicção de que todo o
conhecimento começa com as impressões sensíveis, de que as idéias correspondem a essas
impressões e que as idéias complexas podem ser “decompostas” em elementos mais simples.
Em geral, os livros de história da psicologia não consideram a psicologia do século XVIII
uma disciplina e situam-na no limbo de uma “pré-história” ou de uma história pré-científica. A
razão pela qual a psicologia do século XVIII foi julgada pré-científica, filosófica ou especulativa
parece derivar da suposição de que a psicologia natural-científica deveria ser necessariamente
quantitativa, experimental e independente de propósitos metafísicos e religiosos.(Vidal, 2005)
O conhecimento classificatório da psicologia do século XVIII cede a um modelo empírico
em que as faculdades psicológicas passam a ser vistas como processos naturais. A necessidade de
classificar o saber como científico ou filosófico se impõe. Autores como Kant processam uma
transformação no entendimento do conhecimento, em que a metafísica passa a ser vista como um
saber sem fundamento. “É aí que são inicialmente alojados os saberes psicológicos do século XVIII,
relegados à mera metafísica na impossibilidade de serem ciências legítimas.” (Ferreira, 2005, pág.
38).
Para se fundar e ser aceita no restrito clube das ciências, a psicologia, durante todo o século
XIX, irá tentar cumprir o novo decálogo do saber, buscando objetividade, embasamento matemático
e a determinação de um elemento básico de investigação. E na seqüência, esses conceitos naturais
passarão a ter funções transcendentais, operando como fundamento para a determinação da natureza
humana e condição de todo o saber. (Ferreira, 2005).
Mas é importante entender que para os autores iluministas “estudar o intelecto humano não
era um esforço em fazer com que a psicologia explicasse a lógica ou a epistemologia, e muito
menos, praticar a psicologia tal como nós a entendemos hoje, mas investigar a própria faculdade
lógica e epistêmica.” (Hatfield, 1990).
A psicologia e os estudos sobre a alma
A palavra psychologia popularizou-se inicialmente nos textos sobre alma usados nas
universidades protestantes da Alemanha. Ela apareceu na década de 1570 e foi impressa como título
pela primeira vez (em caracteres gregos) em 1590 em uma coletânea de discussões sobre a origem e
a transmissão da alma racional. Enraizava-se intelectualmente no retorno a Aristóteles e na adoção,
dentro das novas universidades protestantes, do método escolástico de raciocínio, caracterizado pela
sistematização dedutiva, o formalismo lógico e o rigor conceitual no tratamento da controvérsia
filosófica, doutrinal e religiosa. (Vidal,2005).
De acordo com Aristóteles, a alma era definida como a “forma” do corpo natural que
potencialmente tem vida. Um corpo “animado” – emphysicos é a palavra grega original – é um tipo
de matéria dotada de alma (psyché, anima) e que é capaz de realizar as funções que definem os
organismos vivos. A alma era dotada de diferentes poderes ou faculdades: vegetativa, sensível, e
racional ou intelectual.
Os seres dotados de alma eram hierarquizados de acordo com as faculdades que eles
possuíam: as plantas tinham apenas uma faculdade vegetativa; os animais não humanos tinham a
vegetativa e a sensível; e os humanos tinham as três faculdades. Psicologia era, portanto, o nome da
ciência geral dos seres vivos e servia como introdução à investigação naturalista das plantas, dos
animais e dos seres humanos.
Portanto, no século XVIII, ainda que a psicologia fizesse parte do conjunto de ciências
naturais, a compreensão de que os humanos eram dotados de um intelecto imaterial e a alma
supostamente persistia depois da morte fazia com que os discursos sobre a alma fossem por vezes
situados no campo da metafísica.
Ainda no século XVIII, o inglês John Locke (1632-1704) foi identificado como o pioneiro
da tendência psicologizante com seu Esay on Human Uderstanstanding (ensaios sobre o
entendimento humano), de 1690, foi descrito como o “Evangelho Psicológico” do Iluminismo.
Voltaire (1694-1778) em suas Lettes Philosophiques (cartas filosóficas) de 1734, declarava
que nunca existira “um lógico mais exato” do que Locke e o elogiava por ter escrito uma história da
alma em oposição aos romances que haviam sido escritos até então. David Hume (1711- 1776) no
Tratado da Natureza Humana, afirmava que a única finalidade da lógica é explicar os princípios e as
operações de nossa faculdade de raciocinar, e a natureza das idéias.
O desenvolvimento da psicologia como disciplina e como corpus de um pensamento
psicológico apresentou variações através da fronteiras geográficas e lingüísticas.
Existiu uma significativa diversidade de posições no interior do movimento Iluminista,
diferenças de princípios e métodos provocadas, em boa medida, pela variedade de contextos
nacionais e tradições culturais a partir dos quais ele foi sendo conformado. A historiografia
contemporânea tem recusado a representação do Iluminismo como uma filosofia unitária, um
sistema doutrinário cerrado em si mesmo.
A abordagem escocesa da mente era marcada pela tentativa de introduzir o método
experimental de raciocínio nos assuntos morais, tal como proclamado no subtítulo do Tratado da
Natureza humana de David Hume.
O que se fazia em psicologia no século XVIII não portava inicialmente esse nome.
A Encyclopedia Britannica (1758-1771) definia a psicologia como o conhecimento da alma em
geral e da alma do homem em particular. O que, segundo Vidal (2005), representava uma rejeição
da psicologia como ciência legítima e empírica da mente.
Na Grã-Bretanha, ao menos, o Iluminismo não era apenas uma questão de rupturas
epistemológicas. Ele foi, em primeiro lugar, a expressão de novos valores intelectuais e morais,
novos cânones de bom gosto, estilos de sociabilidade e concepções sobre a natureza humana
(Porter, 2000). Ao assegurarem-se de que os interesses pessoais e coletivos podiam ser conciliados
pelo recurso à idéia da providência divina ou aos conceitos mais ou menos secularizados foram
tomando seu lugar, os iluministas britânicos legitimaram o auto-interesse, a busca incessante dos
melhoramentos (improvements), a aplicação da ciência e das artes mecânicas a fins práticos, a
crença no comércio como um promotor da tolerância e da coesão social. Tudo isso conformou uma
via britânica para o Iluminismo, distinta das variantes seguidas no continente por seu acento
marcadamente individualista e por seu esforço não para subverter o sistema, mas para protegê-lo.
(Cergueira, 2005)
Na França a palavra psicologia, embora conhecida, era ausente do vocabulário filosófico
corrente. Vidal (2005) destaca que a agenda anti-clerical e anti-religiosa dos philosophes³ (aqui no
sentido geral de “filósofo”, mas referindo-se especificamente aos franceses assim conhecidos na
época) contribuiu para estigmatizar uma disciplina cujo nome incluía o termo alma, o que portanto,
parecia estar associada aos ensinos obscuros da “escolástica” e ao uso dos conceitos que eram
considerados sem sentido. Destutt de Tracy (1754-1836)inventou a palavra “ideologia” (idéologie)
para designar a “análise de pensamento”, no lugar de “psicologia”, que, segundo ele, significava “a
ciência
da
alma”
e
evocava
a
“vaga
busca
de
causas
primeiras”.
(3. philosophes – “os filósofos” é assim que se autodenominam os cidadãos da “república das
letras”: Voltaire,Diderot, La
Mettrie, D’Alembert, Holbach, Montesquieu, Condillac e Rousseau. São todos escritores e
escrevem para um público novo, de não-especialistas. “Lês philosophes tornam-se sinônimo de
subversão e pornografia, por defender e praticar a liberdade de pensamento, de que resulta uma
nova concepção do mundo e do homem.” (Abrão, 2004, pág. 266))
A psicologia como estudo da mente
A crítica do Iluminismo francês à noção de uma alma substancial indivisível que formaria o
eu e se manteria subjacente ao comportamento humano, tomou diversas formas e assumiu muitas
estratégias. Segundo Vidal (2005) uma estratégia era a descrição dos efeitos externos dos
“movimentos da alma”, tais como a fisionomia e as expressões das paixões. Em uma segunda
estratégia, os conceitos metafísicos foram reformulados como noções empíricas. A alma foi
substituída por mente (sprit) e depois por moral. A terceira estratégia era a conexão materialista
desses conceitos.
Na França, o empirismo entrou nos tratados de educação e inspirou a reforma pedagógica.
Depois da Revolução, os ideólogues contribuíram para a criação de diversas instituições públicas do
ensino e da pesquisa e assim tiveram ocasião de realizar e disseminar suas idéias psicológicas,
pedagógicas e políticas. “A psicologia, portanto seu próprio nome, entretanto, só entrou no ensino
acadêmico depois de Napoleão proscrever os ideólogues e principalmente depois da restauração
monárquica que sucedeu a queda do regime napoleônico.” (Vidal, 2005, pág. 59).
O Aufklãrung alemão
A Alemanha (que ainda não era um país unificado no século XVIII) no século XVIII era a
principal produtora de psicologias e onde a psicologia foi mais longe em sua institucionalização e
conquista de um status de disciplina. A palavra psicologia (que apareceu no final do século XVI nas
universidades protestantes) era usada com frequência no Aufklãrung ou Iluminismo alemão. Seu
destino no século XVIII estava vinculado inicialmente ao sistema filosófico de Christian
Wolff (1679-1754) que dominava o ensino da disciplina até o surgimento dafilosofia
crítica de Kant.
Nesse período a língua alemã era desprezada nos meios cultos, que preferiam o latim e o
francês. Foi preciso, então, formar e emancipar a cultura alemã, ao começar pela promoção da
língua. A reivindicação iluminista da liberdade de pensamento passa, na Alemanha, pela liberdade
de pensar e se expressar em alemão. Nesse idioma, iluminismo se diz Aufklãrung, isto é,
esclarecimento, elucidação. (Abrão, 2004)
Na Alemanha as universidades tornaram-se o principal centro da Aufklãrung. E se
aproximou mais do racionalismo do século XVII, do que do Empirismo que animou as “luzes da
França”.
Durante o século XVIII, na Alemanha, a história da filosofia deslocou-se da erudição para o
criticismo kantiano através de uma perspectiva eclética e de uma ênfase na história como progresso.
(Vidal, 2005)
Em 1808 surgiu uma História da Psicologia de Friedrich August Carus (1770-1807), de
Leipzig. Nesse livro o autor descreveu um progresso que ia das idéias míticas sobre alma e a
ausência de sentido de eu, até a psicologia empírica e a disciplina autônoma de sua época. Para
Carus a história da Psicologia tinha uma participação no progresso da consciência e reflexividade
humanas.
Em suas aulas de 1770 Immanuel Kant (1724-184) explicava que a psicologia empírica
tinha permanecido no campo da metafísica não apenas porque os limites da metafísica haviam sido
mal interpretados, mas também porque a psicologia não era suficientemente ampla e sistemática.
Mas chegara a hora de a psicologia se tornar uma disciplina acadêmica. E essas previsões de Kant
começaram a se confirmar na segunda metade do século XVIII, nas Universidades da Alemanha.
Segundo Vidal (2005) o século XVIII foi “o século da psicologia” – tanto para o historiador
que se dedica ao iluminismo de um modo geral, quanto para os historiadores da lógica, da estética,
da filosofia, da educação, e isso em razão da psicologização que ocorreu nesses e em outros
domínios.
REFERENCIAS
CERQUEIRA, Hugo. Para ler Adam Smith: novas abordagens. Síntese – Revista de
filosofia, v. 32, n. 2, 2005a.
Ferreira, Arthur A. L.. O Múltiplo Surgimento da Psicologia. In: Jacó-Vilela, A. M.;
Ferreira, A. A. L.; Portugal, F. T. História da Psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: NAU
editora,
2005.
Vidal, F. “A mais útil de todas as ciências”. Configurações da psicologia desde o Renascimento
tardio até o fim do Iluminismo. In: Jacó-Vilela, A. M.; Ferreira, A. A. L.; Portugal, F. T. História da
Psicologia:
rumos
e
percursos.
Rio
de
Janeiro:
NAU
editora,
2005.
Figueiredo, L. C. e Santi, P. L. R. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: EDUC, 2004.
Abrão, Bernadette Siqueira. História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural Editora, 2004.
PORTER, Roy. The creation of modern world: the untold story of the British enlightenment.
New York: Norton, 2000. citado por: CERQUEIRA, Hugo. Para ler Adam Smith: novas
abordagens.
Síntese
–
Revista
de
filosofia,
v.
32,
n. 2, 2005a.
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Outra leitura muito boa:
3. PSICOLOGIA GERAL – Márcia Lilla (recomendo DC)
http://www.unisa.br/conteudos/6397/f432340951/apostila/apostila.pdf
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