Avaliando as Práticas Educativas da Prevenção à Infecção Hospitalar Autor: AZEVEDO, Sandro de Menezes, Técnico em Segurança do Trabalho MTB nº 0001153/SE, membro efetivo do SINTEST/SE, consultor em Segurança do Trabalho, especialista em NR10 e NR5. E-mail: [email protected] Resumo: Este trabalho se propõe a apresentar o instrumento de avaliação dos suportes de transmissão, desenvolvidos para otimizar a condução da ação educativa de prevenção à infecção hospitalar. Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) do Hospital Gabriel Soares O instrumento de avaliação, produto final de Projeto de Extensão do SESMT/HAPVIDA/ARACAJU, tem como objetivo diagnosticar possíveis mudanças na situação de conscientização e sensibilização da ação educativa para a prática da prevenção, redirecionando a condução temática e metodológica dessa ação ao atendimento às novas demandas surgidas. INTRODUÇÂO Atuando com uma equipe multiprofissional, o Hospital Gabriel Soares se engaja em importante trabalho educacional com a comunidade, tomando para si a responsabilidade de conscientizar diferentes camadas sociais sobre a necessidade da capacitação e da orientação dos profissionais de saúde no que diz respeito ao controle efetivo das infecções hospitalares. No Brasil, na atualidade, e particularmente, na região nordeste, as chamadas infecções hospitalares¹ e comunitárias², continuam a ser um fator de alto índice de mortalidade na população de baixa renda atendida em hospitais da rede pública, em parte devido à precária infra-estrutura dos hospitais (número insuficiente de leitos, instalações físicas precárias, número insuficiente de profissionais da saúde, falta de medicamentos, etc.) e, em parte, devido às precárias condições de vida (renda, moradia, saneamento, etc) e de educação (baixa escolaridade) da população. 1A infecção hospitalar (IH), conforme definido na Portaria 2.616/GM do Ministério da Saúde e publicada no Diário Oficial da União em 1998, . é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.. 2 Refere-se às intercorrências de infecção adquiridas fora do espaço hospitalar, ou seja, na comunidade de origem do paciente. Na região nordeste, a taxa de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) com infecção hospitalar (em 27 hospitais) é de 13,1% (457.165 pacientes)³. Tais indicadores, se já são motivo de preocupação em pacientes sem histórico de imunodeficiência, tornam-se dramáticos para aqueles portadores de doenças hematológicas os quais, pela própria natureza da patologia, apresentam diversos defeitos em seus mecanismos de defesa, estando, por esta razão, altamente vulneráveis à infecções tanto hospitalares como comunitárias. A ocorrência da imunodeficiência está estreitamente vinculada a fatores relacionados ao hospedeiro4 e aos processos de controle utilizados. Este é o caso dos pacientes portadores de doenças hematológicas malignas e que são altamente suceptíveis a infecções, induzidas pela doença de base ou pelo tratamento quimioterápico. Assim, quanto maior o número de pacientes imunocomprometidos de uma unidade hospitalar, maior a probabilidade de incidência de infecção hospitalar. Inúmeros fatores corroboram para o agravamento do problema, dentro os quais destacam-se: 1. As observações de que as infecções em pacientes imunodeprimidos são acometidas tanto durante o regime de internamento e/ou durante o tratamento externo, ou seja, quando o paciente volta para a sua comunidade de origem; 2. Que o contato direto com pessoas, ou entre objetos e o paciente, pode resultar em transmissão de infecção hospitalar ou comunitária; 3. Tanto o contato direto do paciente com vários acompanhantes ou visitantes, durante sua doença, como a manipulação inadequada dos pacientes, por parte dos assistentes de saúde e das pessoas que cuidam do paciente em casa, dificultam a prevenção e o controle da infecção hospitalar. Para reduzir o número de casos de infecção hospitalar dos pacientes internos, um grupo de profissionais de saúde do Hospital Gabriel Soares (Constituído por um médico, uma enfermeira, uma Assistente Social, uma Nutricionista, uma Biomédica, uma farmacêutica e um Técnico em Segurança do Trabalho) coordenado pelo Dr. Carlos Magno, criará um programa educativo especial para orientar os acompanhantes dos pacientes em relação à prevenção da infecção hospitalar e comunitária dentro do hospital. Semanalmente, a equipe reunirá os acompanhantes dos pacientes, promovendo encontros semanais com os acompanhamentos de pacientes sobre temas como lavagem das mãos, alimentação, higiene pessoal e limpeza e organização do quarto. Fonte: Estudo Brasileiro da Magnitude das IH em hospitais terciários. COCIN/SPS/MS. Revista de Controle de Infecção Hospitalar, n. 2, ano 2, 1995. 4 Refere-se aos indivíduos que .hospedam. os agentes infecciosos. 3 DESCRIÇÃO DO TRABALHO Segundo os protocolos e normas que serão regimentados pelo funcionamento da CCIH do Hospital Gabriel Soares, será função da comissão, orientar os acompanhantes de pacientes internados na enfermaria do hospital para a prática da prevenção da infecção hospitalar e avaliar os resultados obtidos. Nesse sentido, os resultados obtidos através dos projetos de pesquisa-extensão desenvolvidos junto à CCIH e acompanhantes de pacientes, subsidiarão a discussão e a formulação de um instrumento de avaliação da prática da prevenção adequado tanto às necessidades (melhoria na interação comunicacional com os acompanhantes, na gestão estratégica, na tomada de decisões e na definição de prioridades, etc.) como também às dificuldades da equipe (escassez de recursos humanos; alta rotatividade de pacientes/acompanhantes, perfil sócio-econômico dos acompanhantes). Trata-se de um instrumento de avaliação simples e objetivo que será integrado às atividades rotineiras semanais desenvolvidas pela CCIH. PÚBLICO BENEFICIADO Acompanhantes de pacientes hematológicos e pacientes hematológicos. OBJETIVO GERAL Avaliar os efeitos da ação educativa da CCIH na compreensão de informações e na prática de prevenção da infecção hospitalar em acompanhantes de pacientes hematológicos. RESULTADOS ESPERADOS 1. Melhoria do auto-conhecimento de todos os agentes envolvidos (Acompanhantes de pacientes e membros da CCIH) na ação educativa coletiva e na avaliação da prática da prevenção. (Visita aos quartos na enfermaria) e da própria instituição, da forma como funcionam, como se aproximam ou se afastam de seus objetivos; 2. Melhoria da condução e gestão das ações educativas e das práticas da prevenção; 3. Melhoria dos processos de tomada de decisões, de definição de prioridades e de gestão estratégica; identificação de variáveis mais facilmente alteráveis e das de mais difícil manipulação; 4. Melhoria dos processos de interação comunicacional/informacional da equipe de saúde, acompanhantes de pacientes. OPERACIONALIZAÇÂO DO INSTRUMENTO (METODOLOGIA) 1. Aplicação O instrumento de avaliação será aplicado em dois momentos diferentes dentro das atividades de rotina da CCIH: 1) Na ação educativa em grupo da equipe da CCIH com os acompanhantes, semanalmente; 2) Nas práticas da prevenção dos acompanhantes nos quartos da enfermaria, 24 h após a reunião coletiva. A reflexão sobre o que é e como se faz a prevenção da IH envolverá um .”parar para pensar”, um .olhar para trás para se analisar o que foi feito, para se estabelecer um .acordo coletivo. de cooperação entre os agentes envolvidos na ação educativa e na prática da prevenção (equipe da CCIH e acompanhantes), permitindo a assimilação de acontecimentos inesperados e a reavaliação permanente das práticas de prevenção. 2. Suporte lingüístico de transmissão de informações 2.1. Abordagem (dialogada) oral e escrita dos temas da prevenção pela equipe da CCIH com os acompanhantes: 1. Lavagem das mãos; 2. Higiene Pessoal; 3. Alimentação. 4. Limpeza e organização do quarto. 4.1 Suportes de transmissão de informações materiais 4.1.1 Vídeo Educativo 4.1.2 Manual de Prevenção do Acompanhante 4.1.3 Dinâmicas de grupo com os acompanhantes (desenho, etc) 4.1.4 Livro de estórias educativas (Equipe CCIH) 4.1.5 Música 5) Ação educativa coletiva: procedimentos operacionais 1º Momento: Sensibilização 5.1. O animador (membro da CCIH) se apresenta e pede para os acompanhantes se apresentarem. 5.2. Ele solicita aos acompanhantes (antigos) que falem sobre a finalidade daquele encontro coletivo (conscientizar e educar para a prática da prevenção da infecção hospitalar), perguntando o que é infecção hospitalar. Aproveitando as intervenções dos acompanhantes, faz uma síntese conclusiva, Explicando: a) O que é Infecção Hospitalar b) Qual a finalidade do encontro: - Conscientizar e educar acompanhantes e, consequentemente, os pacientes e seus familiares, para a prática da prevenção da infecção hospitalar; - Uma oportunidade para que todos os acompanhantes possam falar, trocar idéias, sobre tudo o que eles observam, percebem, vivenciaram durante aqueles dias de internamento do paciente no hospital. 5.3. Introdução de temas de sensibilização dos acompanhantes através de uma abordagem dialogada: a) A importância do acompanhante como colaborador da equipe de saúde e o seu papel fundamental para a recuperação do paciente; b) A importância do trabalho em equipe (do hospital/acompanhantes); c) Direitos e deveres de parte a parte (hospital/acompanhantes) d) O respeito às normas do hospital; e) A necessidade da mudança de hábitos; f) A felicidade (sucesso) da equipe do hospital e dos acompanhantes/familiares é a recuperação do paciente; 2º Momento: Conscientização para a prática da prevenção Introdução de um dos quatro temas sobre prevenção da IH (lavagem das mãos/higiene pessoal/alimentação/limpeza/organização do quarto), selecionado para ser trabalhado naquele encontro, através de uma abordagem dialogada. Exemplo: LAVAGEM DAS MÃOS 5.4. O animador pode introduzir o tema através de um suporte material (ex, vídeo educativo). 5.5. Os acompanhantes assistem o bloco sobre a lavagem das mãos e, logo em seguida, o animador estimula os acompanhantes a comentarem o que compreenderam sobre o tema, estabelecendo-se um diálogo entre o animador e os acompanhantes. 5.6. Nesse diálogo, surgirão novos temas relacionados à lavagem das mãos e à prática da prevenção em forma de questionamentos, observações, exemplos, dúvidas, sugestões, críticas, avaliações, etc. 5.7. Durante as intervenções, caberá ao animador conduzir o diálogo de forma a propiciar uma compreensão recíproca dos temas que estão sendo abordados, ou seja, uma espécie de negociação entre o animador e os acompanhantes de possíveis alternativas e/ou soluções se chegaria a uma espécie de acordo entre as partes. 3º Momento: Avaliação dos acompanhantes e da ação educativa 5.9. A avaliação dos acompanhantes poderá ser feita através da utilização de dinâmicas de grupo (desenho, etc). 5.10. Além da avaliação dos acompanhantes será feita uma avaliação dos efeitos da ação educativa nos acompanhantes através do preenchimento de uma Ficha de Avaliação (modelo 1 – vide anexos) por outro membro da equipe da CCIH, durante a reunião. As observações feitas nessa ficha irão subsidiar tanto as observações a serem feitas na avaliação da prática da prevenção nos quartos da enfermaria (Ficha Modelo 2) como também a atualização/replanejamento da ação educativa e a busca de soluções de problemas identificados na prática da prevenção. 4º Momento: Fechamento da reunião com alguma atividade de reflexão e/ou relaxamento. 5.11. O animador pode contar uma estória que tenha algum fundo moral, que se aplique às vivências compartilhadas pelos acompanhantes, ou o animador poderá fazer um círculo e solicitar que todos se dêem as mãos e expressem o desejo ao outro acompanhante. No dia seguinte à orientação coletiva, a equipe da CCIH visita os quartos em diferentes horários (café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar), avaliando o mesmo abordado na reunião coletiva (Lavagem das mãos, alimentação, higiene pessoal e limpeza, organização do quarto). 7.1 – Procedimentos Operacionais a) Um ou dois membros da CCIH, no dia seguinte à ação coletiva, realizam uma visita aos quartos da enfermaria, na qual irão dialogar com os pacientes e acompanhantes e observar a prática de prevenção referente ao tema selecionado; b) As observações serão centradas no tema trabalhado na ação coletiva do dia anterior; c) Ao deixar o quarto, as observações dos membros da CCIH e eventuais sugestões/reclamações dos acompanhantes e pacientes serão registrados na ficha de avaliação (modelo 2). O PROFISSIONAL HOSPITALAR DE SAÚDE E O CONTROLE DA INFECÇÃO Na assistência à saúde, independente de ser prevenção, proteção ou tratamento e reabilitação, o indivíduo deve ser visto como um ser integral, que não se fragmenta para receber atendimento em partes. As IH são multifatoriais, e toda a problemática de como reduzir as infecções, intervir em situações de surtos e manter sob controle as infecções dentro de uma instituição, deve ser resultado de um trabalho de equipe. O aprimoramento de recursos humanos em uma instituição, inclusive para racionalizar a tecnologia, deve ser prioridade, pois um bom atendimento não é mensurado somente pelo avanço tecnológico dos equipamentos. O hospital que tem filosofia voltada para a valorização dos recursos humanos, buscando introduzir, alterar e aprimorar comportamentos e atitudes, está mais próximo de atingir o grau de excelência de seu atendimento. Dentro da estrutura organizacional, cada trabalhador deve ter papel definido e cumpri-lo com a máxima competência, procurando agir de acordo com os princípios básicos de sua profissão. Uma das preocupações crescentes refere-se a como preparar o profissional de saúde para o CIH, considerando a sua interdisciplinaridade. Viabilizar o contato do estudante com todas as normas e legislação orientadora e reguladora da prevenção e controle de infecção é um importante caminho e quanto mais precoce isso for feito na graduação, maior a chance do futuro profissional em assimilar estes ensinamentos. Entretanto, dada a complexidade e abrangência da infecção, seu controle e suas implicações nas ações assistenciais, a prevenção e controle devem compor as políticas da instituição e formação profissional, bem como, fazer parte da sua cultura. Assim sendo, os princípios, normas e postulados relacionados à prevenção e controle da IH devem compor o currículo dos profissionais da saúde de modo integrado, onde as disciplinas específicas para a formação profissional dos diferentes cursos possam carregar a filosofia e a prática da prevenção e CIH . De acordo com nossa vivência no ensino, o exemplo dado pela equipe de saúde, no seu exercício profissional, tem maior repercussão na aprendizagem dos alunos do que uma disciplina específica com todos os métodos e técnicas recomendadas. As bases do controle de IH devem ser assimiladas e empregadas por todas as disciplinas porque são aplicadas, ou pelo menos deveriam ser, na realização de qualquer procedimento diagnóstico ou terapêutico, todos os envolvidos precisam ser atuantes. Todas as formas possíveis para mudar comportamento dentro de qualquer organização requerem a escolha de estratégia educacional conjugada a um programa com objetivos bem definidos. A prevenção e o CIH estão relacionados à promoção à saúde e devem refletir preocupação no sentido de que as pessoas consigam livrar-se de fatores que as predispõem para comportamentos insalubres para si próprias e para os pacientes. A educação em saúde tem como objetivo explicitar valores, aumentar a autopercepção acerca do problema, promover informações e habilidades necessárias tomando-se decisões acertadas. A INFECÇÃO HOSPITALAR ENFERMAGEM NO CONTEXTO DO CUIDADO DE Grandes avanços científicos e tecnológicos ocorreram, e no entanto, a IH continua a se constituir em séria ameaça à segurança dos pacientes hospitalizados, contribuindo para elevar as taxas de morbi-mortalidade, aumentar os custos de hospitalização mediante o prolongamento da permanência e gastos com procedimentos diagnósticos, não negligenciando o tempo de afastamento do paciente de seu trabalho. O controle de IH constitui um dos parâmetros para garantir a qualidade do cuidado prestado. Na elaboração de programas com este objetivo, além da organização hospitalar, devemos examinar as características e finalidades do hospital, tipo de gerenciamento, assistência e clientela, bem como, os aspectos relacionados à infraestrutura. Além do mais, é preciso considerar que a IH não é qualquer doença infecciosa, mas decorrente da evolução das práticas assistenciais forjadas no modelo assistencial de característica curativa no qual predominam os procedimentos invasivos tanto para o diagnóstico quanto para a terapêutica. Desse modo, não se trata de um fenômeno meramente biológico e universal e, sim histórico e social. Embora recaia sobre os enfermeiros uma grande responsabilidade na prevenção e controle das infecções, suas ações são dependentes e relacionadas. Nesta perspectiva os desafios para o controle de infecção podem ser considerados coletivos e agrupados em: estrutura organizacional que envolve políticas governamentais, institucionais e administrativas, relações interpessoais e intersetorias no trabalho e normatização do serviço; batalha biológica que aborda a identificação de novos microrganismos e a ressurgência de outros, bem como a resistência aos antimicrobianos; envolvimento profissional, com enfoque para a falta de conscientização dos profissionais, adesão às medidas de controle e o comprometimento com o serviço e o paciente; capacitação profissional, destacando-se a educação continuada; epidemiologia das infecções e; medidas de prevenção e controle. Na prática, o que observamos é que os enfermeiros reconhecem esses desafios e sofrem o impacto decorrente das dificuldades encontradas para o controle das infecções. Entretanto, essas dificuldades não devem constituir-se em fatores impeditivos, mas sim disparar a busca de caminhos alternativos que avancem na perspectiva do controle das infecções. Concordamos que o maior avanço nesta área é o investimento nos recursos humanos, uma vez que estes estão envolvidos nas diferentes interfaces do controle de infecção. Tais recursos são imprescindíveis nesse processo e deve-se, portanto, requerer esforços para o seu constante aprimoramento. A mudança de comportamento, no sentido de racionalizar procedimentos e aprimorar normas e rotinas, expressa condição indispensável ao controle de infecção, sendo necessário a motivação dos profissionais, promovendo debates, treinamentos, divulgação de informações. Entretanto, nossa experiência corrobora com as dificuldades encontradas para a mudança de comportamento dos profissionais da área de saúde, indicando-nos que é necessário um maciço investimento na formação acadêmica. Entendemos que atuar na formação dos profissionais de saúde é intervir num momento no qual estes estão construindo seus conhecimentos e desenvolvendo habilidades técnicas para o exercício profissional. Para o aluno recém-ingresso num curso superior na área de saúde, não se preconiza nenhum conhecimento específico das competências que compõem o perfil esperado desse profissional. A graduação é o momento propício de formação (maneira pela qual se constitui uma mentalidade, um caráter ou um conhecimento profissional) ao ensino do controle de infecção para os alunos da área da saúde. Especialmente no momento em que as políticas públicas de implantação do SUS e a mudança do modelo assistencial estão ocorrendo, a formação e a educação continuada representam os esforços que alavancarão o controle de infecção, na sua interdisciplinaridade e intersetorialidade. Caminha-se para um novo fazer de Enfermagem, com modelos de cuidados mais seguros. CONCLUSÃO Observamos, com freqüência, a concepção dos profissionais de que o controle de IH é de responsabilidade das CCIH, dessa forma se excluem da sua responsabilidade pessoal, conferindo um super poder às comissões, que de fato, isoladamente, pouco podem fazer. Por outro lado, esta visão confere aos integrantes da comissão uma condição de superioridade, uma vez que é conhecida muito mais como fiscalizadores das medidas instituídas para o controle, do que parceiros que devem caminhar juntos nesta construção de uma nova práxis no controle de IH, que necessariamente deve ser coletiva. O êxito do programa está diretamente relacionado com o envolvimento de todos. A responsabilidade de prevenir e controlar a IH é individual e coletiva. Sem a assimilação e implementação dos procedimentos corretos por quem executa no paciente, com a necessária integração com a equipe da CCIH, o problema da IH sempre será um entrave na prestação de serviços à saúde. Desta forma, cabe ressaltar que os controladores de infecção têm a responsabilidade de instituir a política institucional para prevenir e controlar a infecção, porém, o sucesso do programa dependerá do envolvimento de todos os profissionais que atuam na prestação da assistência hospitalar. De nada adianta o conhecimento do fenômeno e das medidas preventivas, se quem presta assistência não às adota no seu fazer profissional. A enfermagem, através do cuidado prestado, integra o trabalho dos demais profissionais, possibilitando incrementar esta política institucional de CIH. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização do instrumento de avaliação das práticas educativas de prevenção à infecção, busca a verificação sistemática do atendimento dos suportes de transmissão às demandas decorrentes da ação educativa. Espera-se, portanto, que a avaliação suscite tomadas de reflexão da equipe da Comissão de Controle da Infecção Hospitalar acerca das negociações e rearranjos necessários à execução da atividade educativa, assim como da própria atividade de prática da prevenção. A avaliação sistemática mostra sua relevância igualmente naquilo que condiz às diferenças entre os suportes materiais (que mais facilmente são vencidos pelo tempo) e os suportes linguajeiros (que possuem maior plasticidade), já que permite reorientar os usos desses suportes de transmissão. ANEXOS Comissão de Controle da Infecção Hospitalar - CCIH Ficha de avaliação da ação educativa (modelo 1) Avaliação nº: Data: Duração: Animador(es): Questionamentos Dúvidas Sugestões Exemplos Críticas ao serviço Avaliações Observações Gerais Acordos Acompanhantes Participantes (verso da folha): Comissão de Controle da Infecção Hospitalar - CCIH Ficha de avaliação da prática da prevenção (modelo 2) Avaliação nº: Data: Turno: Avaliador(es): OBSERVAÇÕES LAVAGEM DAS MÃOS a) Antes e depois de ir ao banheiro. b) Antes de oferecer alimentos ao paciente. c) Antes e após tocar o paciente. d) Sempre que chegar da rua. e) Sempre que apanhar qualquer coisa do chão. f) Procedimentos da lavagem das mãos: Lavagem da torneira com sabão, ensaboamento palma das mãos, esfregação do punho, costas das mãos,entre os dedos e polegares; enxágüe com as pontas para cima, enxugamento com papel toalha, fechamento da torneira . Sugestões do acompanhante/paciente: Reclamações do paciente/acompanhante: BIBLIOGRAFIA BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. Ed. Trad. do francês de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997a. BARROS, Diana Luz Pessoa de. Contribuições de Bakhtin às teorias do texto e do discurso. In: FARACO, C.A. (Org.) Diálogos com Bakhtin. Curitiba, UFPR, 1996. _______. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 4.ed. São Paulo: Hucitec, 1988. CLOT, Yves e FAÏTA, Daniel. Genres et styles en analyse du travail: concepts et méthodes. Travailler, n. 4, 2000a: p. 7-42. DECORTIS, Françoise; PAVARD, Bernard. Comunicação e cooperação: da teoria de atos de fala à abordagem etnomedológica. In: DUARTE, F; FEITOSA, V. (Orgs.) Linguagem e Trabalho. Rio de Janeiro, Lucena, 1998. FAÏTA, Daniel. Análise das práticas linguageiras e situações de trabalho: uma renovação metodológica imposta pelo objeto. In: M. Cecília Pérez Souza-e-Silva e Daniel Faïta (Orgs.). Linguagem e trabalho. 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