1 KÁTIA TIECO ITO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE URGÊNCIA NA UNIDADE DE SAÚDE JARDIM VITÓRIA DE PONTA PORÃ-MS PONTA PORÃ-MS 2011 2 KÁTIA TIECO ITO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE URGÊNCIA NA UNIDADE DE SAÚDE JARDIM VITÓRIA DE PONTA PORÃ-MS Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para Conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientadora: MSc. Luiza Helena de Oliveira Cazola PONTA PORÃ-MS 2011 3 SUMÁRIO p. RESUMO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................7 3 OBJETIVOS..........................................................................................................................15 4 APRESENTAÇÃO DA ESF JARDIM VITÓRIA...............................................................16 5 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA......................................................................................17 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................20 ANEXOS APÊNDICE 1...........................................................................................................................22 APÊNDICE 2..........................................................................................................................26 APÊNDICE 3............................................................................................................................30 REFERÊNCIAS 4 RESUMO A grande procura por atendimento odontológico de urgência na Unidade de Saúde Jardim Vitória, de Ponta Porã, MS, evidencia a demora por parte da população para realizarem consulta odontológica de rotina e a falta da atenção em relação à prevenção de doenças bucais. Este trabalho avaliou o perfil de todos os pacientes que procuraram a Unidade para atendimento odontológico de urgência no período de março de 2010 a janeiro de 2011 em relação à idade, sexo e procedimentos realizados. Foram realizadas 178 consultas de urgência nesse período. Para realização do projeto de intervenção foi selecionada uma micro-área, onde foi avaliada a última consulta odontológica das famílias. Foi observado que a procura por consulta odontológica de rotina nessa população é baixa. Como o atendimento odontológico na Unidade é realizado por agendamento mensal no local, o projeto de intervenção facilitou o acesso à saúde bucal das famílias na realização da primeira consulta odontológica, sendo marcadas as consultas durante as visitas domiciliares. Dessa forma é realizado o atendimento odontológico preventivo e curativo como uma rotina nas famílias da comunidade, esperando-se que assim haja redução da procura por atendimento odontológico apenas na situação de urgência. Com o projeto de intervenção, em 6 meses houve um aumento de 80% da realização das primeiras consultas odontológicas da micro-área selecionada, podendo-se então do mesmo modo dar continuidade ao projeto de intervenção, conscientizando a população da importância e necessidade de realizarem consultas odontológicas periodicamente e estendendo-se assim às outras micro-áreas. Palavras-chaves: doenças bucais- socorro de urgência - saúde da família 5 1 INTRODUÇÃO Com o objetivo de se conhecer o número de atendimentos odontológicos de urgência na Unidade de Saúde Jardim Vitória, foi analisado o Mapa de Procedimentos Diários no período de março de 2010 a janeiro de 2011, sendo realizadas 178 consultas de urgência em odontologia. Esses pacientes compareceram à Unidade de Saúde, na maioria das vezes, queixando-se de dores de dente há vários dias, caso contrário, não iriam comparecer para realizar uma consulta odontológica de rotina. Diante dessa situação, foi garantido o atendimento a esses pacientes, problema esse que não é de hoje. A mudança da realidade da população que procura o atendimento odontológico apenas em casos de dor é um processo lento e que exige muito esforço do profissional e do paciente. A demora para realizarem a primeira consulta odontológica é um dos principais motivos da grande procura por atendimento odontológico de urgência. A situação mais preocupante, e as mais necessitadas por atenção em relação à saúde bucal são as crianças, que por serem menores de idade, os pais são os responsáveis por elas. Este trabalho avaliou o perfil de todos os pacientes que procuraram a Unidade de Saúde da Família Jardim Vitória para atendimento odontológico de urgência. Foram levantados dados referentes à idade, sexo e procedimento realizado na Unidade de Saúde, sendo que a maioria dos atendimentos foi para crianças e adolescentes (Apêndice 1). Para a realização do projeto de intervenção, foi selecionada uma micro-área, a do bairro São Rafael, por ser a área mais populosa e de menor poder aquisitivo. Na micro-área selecionada, foram avaliados os prontuários das famílias, verificando-se o ano da última consulta odontológica dessa população. O projeto de intervenção teve como finalidade reduzir a procura do atendimento odontológico de urgência, de modo a proporcionar a essas famílias a realização de uma primeira consulta odontológica mais rápida e, assim, darem continuidade ao tratamento curativo e preventivo e, também, conscientizar as famílias da importância de ter e manter a saúde bucal. Com a realização desse projeto de intervenção será possível avaliar após um período de 3 a 5 anos as condições de saúde bucal através do índice CPOD da micro-área selecionada e através do mapa diário de procedimentos, avaliar a redução ou não dos atendimentos odontológicos de urgência da Unidade de Saúde da Família Jardim Vitória. 6 Implantar novos métodos para uma melhor cobertura do atendimento odontológico é uma questão que varia em cada Unidade de Saúde, pois cada comunidade apresenta suas principais necessidades devendo ser tratadas de acordo com as particularidades de cada área de abrangência da Estratégia da Saúde da Família –ESF. 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Conceito de emergência e urgência em odontologia A urgência em saúde bucal conforme Toledo (2006), passa a ser destaque na atual Política Nacional de Saúde Bucal como um direito de cidadania. Passados 20 anos desde a implantação do SUS, este salienta a necessidade de se reorganizar os serviços com outro olhar, evidenciando que o binômio saúde-doença está na dependência de fatores sociais. Considerando que os serviços de urgência são includentes, não discriminatórios, com uma ampla superfície de contato com a população, promovendo uma captação passiva da provável população de maior atividade de doença, com agravos não só de origem biológica, mas também advindos de iniquidades sociais, estes devem se preparar para um atendimento humanizado, minimizar iniquidades, monitorar e avaliar tecnicamente, participar da rede de referência e contra referência, para cumprir os princípios do SUS. Emergência é uma ocorrência que oferece risco à vida do paciente, já urgência é algo que exige um tratamento imediato, rápido afim de, devolver o bem estar ao indivíduo. As urgências odontológicas destinam-se principalmente ao alívio da dor, devolução da estética e restabelecimento da função mastigatória ao paciente. As urgências são freqüentemente denominadas de emergências, entretanto vale ressaltar que há diferenças entre os conceitos. As urgências odontológicas estão envolvidas na fase do preparo bucal, e sua resolução faz parte dos procedimentos de adequação do meio bucal, permitindo a criação de um ambiente propício para continuidade do tratamento. As urgências podem ocorrer em qualquer fase do tratamento, devendo sempre ser tratadas com prioridade (TORTAMANO et al.,2006). 2.2. Diferença de Urgência e Emergência em Odontologia Para melhor diferenciação da situação de urgência e emergência, um exemplo de situação de acordo com Andrade e Ranali (2002). Um indivíduo procura atendimento odontológico acusando dor aguda. O cirurgião-dentista, por sua vez, após o exame clínico, estabelece o diagnóstico definitivo de abscesso periodontal, o que exige sua imediata 8 intervenção. Está caracterizada o que comumente se chama de “urgência odontológica. Neste caso, como em outros casos similiares, apesar do pronto atendimento que a situação requer, o profissional dispõe de certo tempo para se planejar. Ele poderá, por exemplo, pedir ao paciente que aguarde 10 minutos na sala de espera enquanto prepara o ambiente e o material para atendê-lo. O cirurgião-dentista, então, inicia o procedimento clínico com a aplicação da anestesia local. Imediatamente, após este ato, o paciente diz que não está se sentindo bem, fica pálido, com sudorese aumentada e respiração ofegante; em seguida, perde a consciência. Neste exato momento caracterizou-se uma outra situação: a emergência médica. Diferentemente da urgência odontológica, este quadro requer medidas imediatas por colocar em risco a vida do paciente, não permitindo que o cirurgião-dentista tenha tempo para se preparar. 2.3. A família e a saúde bucal As metodologias de avaliação e de enfrentamento dos problemas de saúde utilizados pelos serviços públicos de atendimento odontológico precisam ser adaptados a realidade de cada comunidade não sendo possível criar uma receita padrão, devendo ser pautadas em três pilares básicos: Realidade sociocultural da população assistida; participação da comunidade assistida na definição das prioridades e métodos a serem adotados na solução dos problemas e conscientização do profissional quanto a realidade em que está atuando (OLIVEIRA,1999). O cuidado com a saúde no contexto familiar é importante para a saúde bucal da criança. Lopes e Rossi (2005) identificaram a experiência de cárie dental em crianças de 1 a 5 anos de idade e fatores associados ao contexto familiar que associam a mesma. Realizou-se um estudo com 360 famílias cobertas pelo Programa Saúde da Família em Salvador. Os critérios da OMS foram aplicados no exame clínico oral e entrevista realizada com o responsável. Os resultados referem-se a 415 crianças examinadas, em que 31,81% possuíam pelo menos um adulto não alfabetizado na família e 43,61% realizavam uma escovação diária pelo menos. Aos 5 anos o índice de dentes cariados, extraídos e obturados decíduos- ceo-d foi de 1,87 e 57,1% estavam livres de cárie. Foram obtidos como potenciais fatores associados à presença de cárie, possuir condições ambientais de água, luz e esgoto favoráveis e ter histórico de dor na cavidade oral. 9 Nos últimos anos, investigações sobre o comportamento humano e o desenvolvimento infantil têm estabelecido uma forte dependência entre o ambiente da criança, sua saúde e seu desenvolvimento. A literatura atual demonstra que os cuidados prestados às crianças são conseqüências de muitos fatores, incluindo cultura, nível sócio-econômico, estrutura familiar e características da própria criança. Nesse sentido, de acordo com Peres et al. (2000), a associação entre riscos sociais e biológicos acumulados ao longo da vida e a ocorrência de cárie também tem sido objetos de estudos. Se a problemática biológica das crianças for associado a um contexto ambiental de pobreza, o risco de adoecimento é potencializado. Quanto mais desfavorável a situação socioeconômica, maior o número de dentes afetados pela cárie e maior a sua severidade. Conforme Tomita e Bijella (1996), a cárie é considerada uma doença da infância e a melhoria do cuidado durante os anos pré-escolares reduziria a necessidade de futuras restaurações ou extrações. Assim sendo, observa-se que o cuidado que se processa no ambiente familiar e/ou nos espaços sociais assume grande centralidade na promoção da saúde bucal das crianças. Ao ressaltar os princípios da atenção odontológica precoce, busca-se reafirmar que as estratégias e ações que se destinam à promoção da saúde bucal infantil devem ser incorporadas o mais precocemente possível na vida e no meio social dos indivíduos, favorecendo, deste modo, a adoção de hábitos e condutas favoráveis à manutenção de das condições de saúde bucal dos mesmos. Conforme Peres et al.(2003), a cárie dentária se consubstancia em um importante problema de saúde pública, não só pela prevalência e por gerar impactos sociais, mas também, por se passível de prevenção através da adoção de medidas relativamente simples e de baixo custo. De acordo com Moyses e Rodrigues (2004), a atenção odontológica precoce, que inclua a educação da família, configura um alicerce incontestável para promoção de saúde bucal de modo geral. As doenças que se manifestam nos dentes temporários, conforme Skalka e Rodrigues (2006) só ganham importância à medida que atingem um nível alto de dor e sofrimento. Em relação às consultas odontológicas de crianças de baixa idade, conforme destacam Batista (2008), Pinto (2008), pode-se afirmar que as mesmas não fazem parte da rotina infantil e seus índices pouco expressivos, provavelmente, refletem no perfil epidemiológico desta população. Assim sendo, o primeiro contato da criança com as práticas odontológicas se estabelece, em geral, pela manifestação de sinais e sintomas inerentes a lesões que já se encontram em um estágio avançado, com uma significativa destruição dos tecidos dentais, 10 sendo necessários procedimentos restauradores de custo elevado ou procedimentos radicais que levam à perda do elemento dental (UNFER E SALIBA, 2000). Segundo Abegg (2004), a socialização primária ocorre no início da infância e corresponde a uma fase importante devido à incorporação e internalização de normas e valores. Nessa fase, as crianças se identificam com o comportamento dos pais. Portanto, as percepções e práticas de seus pais. Uma criança criada em um ambiente que não valoriza os cuidados com a saúde bucal, provavelmente tornar-se-á um adulto negligente com relação a sua saúde bucal Vale ressaltar que ao acesso e à utilização dos serviços odontológicos também estão implicados os aspectos culturais dos indivíduos e a percepção que os mesmos têm em relação à saúde bucal. Assim sendo, tais aspectos, conforme destaca Batista (2008), são determinantes da freqüência das consultas odontológicas infantis. A relação entre o nível de informação, motivação, renda familiar foi verificado por Silveira et al.(2002) em relação ao grau de saúde bucal das crianças. Foi entendido que a família é o principal agente de saúde envolvido nesse contexto. É a família que decide procurar por atendimento odontológico e que executa e supervisiona as orientações fornecidas pelo profissional. 2.4. Perfil dos pacientes que procuram atendimento odontológico de urgência O perfil dos atendimentos de urgência na clínica integrada infantil da Faculdade de Alagoas foi analisado por Amorim et al.(2007). Foram analisadas 221 fichas de pacientes. Houve uma maior procura por atendimentos de urgência por crianças do sexo feminino (55,7%), a idade variou de 2 a 14 anos, sendo a média de 7,6 anos. A dor de dente foi o que mais motivou a procura por atendimento (53,84%). O tipo de procedimento mais executado foi a exodontia (44%), seguido de terapia pulpar (34,5%) e tratamento restaurador (24,5%). O diagnóstico mais encontrado relacionado à dor de dente foi a cárie dental (48,3%), seguido por pulpite irreversível (22,8%), e pulpite reversível (16,1%). Foi observado que os responsáveis pelas crianças atendidas na urgência tinham como ocupação ser dona de casa e autônomos. Isso pode revelar que as crianças pertenciam à famílias com baixo poder aquisitivo, podendo refletir na aquisição de recursos para higiene bucal e conseqüente desenvolvimento de cárie e suas seqüelas. A dor de dente foi o que mais motivou a procura 11 por atendimento de urgência. Esses dados mostram que em um período de 7 meses a procura por atendimento de urgência, motivada pela dor de dente é relevante. Assim há necessidade da realização de estratégias preventivas nas comunidades, incluindo educação e prevenção em saúde bucal. O perfil dos atendimentos prestados pelo Serviço de Pronto Atendimento Odontológico da Universidade Federal de Pernambuco foi avaliado por Silva et al.(2009) no período de 14/06/2004 a 14/06/2005. Foram analisadas 1.576 fichas de atendimento clínico, das quais foi observada uma predominância de indivíduos do sexo feminino (68,02%); faixa etária que apresentou maior número de atendimento (391) foi a de 21 a 30 anos; a queixa principal mais frequente relatada pelos pacientes foi dor (66,42%) e os procedimentos mais realizados foram endodônticos (41,88%). Concluiu-se que o atendimento clínico de urgência da UFPE presta valiosa contribuição à saúde da população da cidade do Recife e regiões vizinhas. Um estudo foi realizado por Tortamano et al.(2006); do Setor de Urgência da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (SU-FOUSP) para determinar o número de pacientes atendidos e os procedimentos clínicos realizados em 16 anos (19902005). Também foi investigada, em uma amostra de 1000 pacientes, a presença de dor como motivo da consulta, a frequência de consulta do mesmo paciente ao Setor, as características sócio-demográficas dos pacientes e se estavam em tratamento odontológico. Foram atendidos 158.598 pacientes e realizados 209.945 procedimentos, com média anual de 9.912 pacientes e de 13.121 procedimentos realizados. Houve predomínio daqueles que procuraram o Setor pela primeira vez e que não estavam em tratamento odontológico regular, do gênero feminino, entre 20-29 anos, leucodermas, que não chegaram ao ensino médio, sem renda pessoal e com renda familiar de um a três salários mínimos. O SU-FOUSP cumpre com sua função principal que é proporcionar o alívio imediato da dor. Os procedimentos realizados em decorrência da cárie e suas sequelas são os mais frequentes. De acordo com Tenório et al.(2005), um estudo retrospectivo foi realizado para determinar a razão da procura de atendimento de urgência na Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco, no segundo semestre de 2000, e relacionar o diagnóstico dos casos com o tratamento proposto, gênero e idade dos pacientes. Foram utilizados 227 prontuários de pacientes de ambos os gêneros, com idade variando de 11 a 81 anos. De posse dos dados, foram realizados as estatísticas descritivas e inferencial. A amostra consistiu de 70,5% de pacientes do gênero feminino e 29,5% do masculino. A idade média foi de 29 anos (DP = 11,75 anos). Dos casos atendidos, 33% tiveram como diagnóstico pulpite irreversível 12 sintomática, seguida de 17,2% de pulpite reversível. A abertura coronária foi indicada nos casos de pulpite irreversível sintomática, abscesso dentoalveolar agudo e periodontite apical aguda, correspondendo a 55,1% dos tratamentos realizados. Conclui-se que o alto percentual de urgências endodônticas reflete o perfil de saúde bucal da população atendida, exibindo um alto padrão cariogênico que necessita ser revertido. Um levantamento epidemiológico foi realizado em 2005 por Munerato et al.; dos registros de atendimentos do setor de urgência da Faculdade de Odontologia - UFRGS, durante o semestre de 2002/1. Um total de 918 pacientes foi atendido neste período e foram analisados os dados referentes à idade, gênero, história médica pregressa, uso de fármacos, diagnóstico relacionado à queixa e achados estomatológicos, bem como o tratamento de urgência realizado. Foi constatado que: 63,51% dos pacientes tinham entre 21 e 50 anos, com predominância do gênero feminino (65,24%) em relação ao gênero masculino (34,76%); as causas mais freqüentes de atendimentos foram: pulpite, abscesso periapical agudo, cárie profunda, necrose pulpar, cárie, abscesso periodontal e fratura dentária. Os tratamentos mais realizados foram: abertura de câmara, restauração provisória, exodontia e prescrição de medicamento. Os prontuários odontológicos foram avaliados por Sakai et al.(2005) de crianças de 0 a 15 anos de idade atendidas no Setor de Urgência Odontológica (SUO) da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, em 2001 e 2002. Foram avaliados a fim de se quantificar o número de pacientes que utilizaram o serviço, determinar os padrões de atendimento e relatar a freqüência de diferentes tipos de emergências odontológicas e dos tratamentos realizados. Os dados foram tabulados e submetidos a uma análise estatística descritiva. Do total de pacientes atendidos no SUO, 1166 (19,37%) eram crianças, com média de idade de 9,24 anos. Lesões traumáticas foram responsáveis por 199 (17,06%) do total de visitas de emergência. Isso ocorreu mais freqüentemente em crianças entre 0 e 3 anos (34,42%), e entre 7 e 12 anos (18,12%). Os principais tratamentos realizados foram restauração temporária (33,33%) para fratura coronária, e orientação (24,44%) para luxação. Eventos não-traumáticos foram responsáveis por 967 (82,92%) do total de diagnósticos de emergência. O diagnóstico mais comumente encontrado foi cárie dentária (61,75%), seguida por problemas de irrupção e reabsorção óssea (14,27%) e lesões em tecido duro ou mole (6,51%), entre outros (17,47%). Os tratamentos realizados com maior freqüência para os casos de cárie foram: escavação e restauração temporária (39,39%) quando não havia abscesso, e abertura coronária e curativo (40,95%) para cáries com abscesso. Houve uma tendência para o aumento na prevalência de cárie com a idade. O oposto foi observado para 13 traumatismo dentário. O tratamento para ambos estava de acordo com o preconizado para este tipo de serviço. A prática de um serviço de urgência e emergência do SUS, com atendimento em Saúde Bucal, no município de São Paulo, em 2006, foi avaliado por Toledo no mesmo ano, visando sistematizar saberes que possam contribuir para uma reorganização da assistência e construção de parâmetros que subsidiem o desenvolvimento de modelos de atenção a urgência adequados e humanizados. Foi analisada uma amostra dos Boletins Emergenciais dos atendimentos de um mês por trimestre do ano, digitalizados no sistema HOSPUB. Os resultados demonstraram que a faixa etária que mais procura o serviço é a de 20 a 29 anos com 45% de frequência, não havendo distinção entre sexo, sendo 85% de pessoas da própria região. Foram realizadas 106.632 consultas no ano, 5,1% de Saúde Bucal, com uma média de 462,6 atendimentos/mês e 15,4 atendimentos/plantão de 24 horas. A cobertura regional para consultas de urgência foi de 1 consulta/ano a cada 67,8 habitantes. Foram realizados 2,5 procedimentos/atendimento, com uma espera de 30 minutos em média. Retomaram ao serviço no período de 30 dias 10% dos adultos e 5% das crianças por causas diversas. De acordo com Paschoal et al.,2010, num intervalo de 60 meses, foram atendidas 1236 crianças entre 7 e 12 anos de idade no serviço de urgência odontológica da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. As lesões traumáticas foram responsáveis por 18,52% dos atendimentos e as injúrias não-traumáticas foram responsáveis por 81,47%. A cárie dentária foi a lesão que gerou a maior ocorrência dos atendimentos realizados, o que indica uma maior necessidade de orientação em saúde bucal da população com ênfase nas ações preventivas. 2.5.Promoção de Saúde Bucal O modelo de promoção de saúde trabalha em cima da integralidade do paciente no momento em que ele deixa de ser visto somente como uma boca com dentes. Além disso, ele relaciona a saúde com a qualidade de vida e integra a educação em saúde à prevenção e à recuperação (PINTO, 2000; MOYSES, 2000). De acordo, com Ferreira (1996), a motivação significa a capacidade familiar de traduzir, em ações práticas do cotidiano, as orientações preventivas fornecidas pelo profissional. Estar motivado depende do estilo de vida e do valor que a família dá à saúde geral. De acordo com Rezende (1986) todos os indivíduos querem saúde, porém nem todos conseguem 14 assumir a responsabilidade de ter que se cuidar. A importância de atividades de educação em saúde foi discutida por Alves, et al.(2004), que relataram a experiência do programa de educação em saúde bucal aplicado aos pais de crianças atendidas na Clínica de duas faculdades privadas do Rio de Janeiro. A metodologia utilizada foi a dinâmica de grupo onde os alunos trabalharam o conhecimento da população-alvo a respeito de saúde bucal. Também foram preparados e distribuídos folders sobre os temas. A análise qualitativa dos resultados mostrou grande desinformação a respeito de como obter e manter a saúde bucal. Portanto, há a necessidade de se refletir sobre a atuação dos profissionais de saúde e, em particular, os cirurgiões-dentistas, na proposta de promoção e motivação para a saúde bucal. Segundo Minayo (1993) a educação, por ser um instrumento de transformação social, propicia a reformulação de hábitos e a aceitação de novos valores, assim como a melhora na auto-estima. No caso específico da promoção em saúde em crianças, é imprescindível motivar os pais para que se conscientizem da real importância da saúde bucal para a saúde geral de seus filhos. É importante enfatizar a co-responsabilidade dos pais na promoção e manutenção das condições de saúde bucal de seus filhos, uma vez que é comum o fato de alguns pais aos levarem as crianças para avaliação odontológica sentirem-se livres das responsabilidades com os cuidados de higiene bucal, transferindo toda a responsabilidade para o dentista. Dentre os princípios de prevenção em saúde pública que buscam por uma abordagem ampla mais capaz de melhorar a saúde bucal de crianças brasileiras e reduzir as desigualdades, a família representa um importante setor, uma vez que nele se desenvolvem hábitos e comportamentos relacionados à saúde que, de modo geral, influenciam a saúde de seus membros. (ABEGG, 2004; ALVES, 2004, MOYSES, 2000). A esse respeito, Pinto (2008) ao discutir sobre a influência da família no desenvolvimento dos campos afetivo, cognitivo e do comportamento infantil, reconhece que as ações de proteção à saúde bucal infantil se fundamentam mediante o envolvimento ativo da família. 15 3 OBJETIVOS 3. 1 Objetivo Geral Conhecer os motivos da grande procura por atendimento odontológico de urgência na Unidade de Saúde da Família Jardim Vitória, de Ponta Porã, MS 3.2 Objetivos Específicos Realizar levantamento de todos os pacientes que procuraram o serviço odontológico de urgência por idade, sexo e procedimento realizado; Realizar o projeto de intervenção na área selecionada. 16 5 APRESENTAÇÃO DA ESF JARDIM VITÓRIA A Unidade de Saúde da Família Jardim Vitória localiza-se na cidade de Ponta Porã, MS, na região do Bairro Jardim Marambaia. Essa USF foi a primeira a ser instalada na cidade, em julho de 2002, com 1.202 famílias cadastradas, num total de 4.428 pessoas. Desse total, 1.815 pessoas estão na faixa etária de 0 19 anos (crianças e adolescentes), representando 41% do total da área adscrita. A maioria das famílias é numerosa, possuindo muitas crianças e adolescentes. Os homens geralmente trabalham com serviços gerais e as mulheres são domésticas ou do lar. Poucos são os moradores da comunidade que apresentam curso de nível superior, a comunidade é bastante carente de recursos financeiros, muitas vezes sobrevivendo com auxílio do governo. Nessa região, existem duas escolas municipais (Escola Lídio Lima e Escola Capiberibe Saldadanha) e uma creche (CEINF), no qual devido ao grande número de crianças na região, faltam vagas para crianças menores de 5 anos, fazendo com que muitas mães fiquem em casa cuidando de seus filhos ao invés de trabalharem fora. Existe um centro poliesportivo próximo a Unidade de Saúde Jardim Vitória e a Associação de Moradores do Bairro também está bem próxima. Ao lado da Unidade está situado o CRAS (Centro Regional de Assistência Social) e ao lado está localizado a Delegacia da Polícia Civil. Existem pequenos comércios na região, como mercados, padarias, açougues, farmácias, lojas de conveniências, entre outros. A equipe de Saúde da Família do Jardim Vitória é formada por uma equipe composta por sete agentes comunitários de saúde, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, um cirurgião-dentista, um médico, um auxiliar de saúde bucal. Apresenta uma técnica de vacinação, dois auxiliares administrativos e uma auxiliar de serviços gerais. 17 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O número de atendimentos de urgência na USF Jardim Vitória no período de março de 2010 a janeiro de 2011, num total de 10 meses, foi contabilizado através do Mapa Diário de procedimentos. Foi analisado o perfil das pessoas que procuraram a Unidade para consulta odontológica de urgência em relação à idade, sexo e procedimento realizado. Nesse período, realizaram-se 178 atendimentos odontológicos de urgência. Deste total, 46% são do sexo masculino e 54% do sexo feminino. A população que mais buscou por atendimento odontológico de urgência está compreendida na faixa etária até 16 anos, constituído de crianças e adolescentes, em torno de 46,5%. Os procedimentos realizados foram: medicação (prescrição de medicamentos via oral) com 39,32%; selamento provisório (retirada de tecido cariado e colocação de um curativo no dente), 17,97%; raspagem dental (retirada de placa endurecida que causa inflamação e dor na gengiva), 14,6%; acesso à polpa dental (abertura do canal e colocação de medicamento e curativo no dente), 12,92%, restauração (tratamento da cárie dental definitivo), 4,5% e capeamento pulpar (colocação de curativo e selamento do dente provisório), 1,12%. Esses dados constam no apêndice 1. Foi selecionada uma micro-área para a realização do projeto de intervenção com a finalidade de reduzir o número de atendimentos odontológicos de urgência. Considerou-se como critério de seleção a maior micro-área e de menor poder aquisitivo. Na micro-área selecionada, foram avaliados os prontuários das famílias, verificando o ano da última consulta odontológica na Unidade. Foi constatado que a maioria da população não realizou consulta odontológica no último ano pela avaliação dos prontuários das famílias. Como podemos ver no apêndice 2, no qual foi marcado o ano da última consulta odontológica das pessoas das famílias e o número de pessoas que não realizaram consulta odontológica na Unidade de Saúde Jardim Vitória. Na micro-área selecionada, na região do Bairro São Rafael e São Tomás, existem 197 famílias cadastradas, num total de 795 pessoas. Por ser uma região extremamente carente de recursos financeiros, possivelmente a maioria da população não procurou por assistência odontológica particular. Isto totaliza um total de 373 pessoas que não compareceram na Unidade de Saúde para consulta odontológica nos últimos 2 anos. Fazendo uma avaliação nos prontuários de cada família dessa micro-área, pode-se observar que, 36% das pessoas realizaram consultas odontológicas nos últimos 2 anos. Além 18 disso, 17% realizaram há mais de dois anos e 47% não realizaram. Para chegar a procurar a Unidade de Saúde para atendimento odontológico de urgência, levou-se muito tempo para chegar no estágio de “dor insuportável”como a maioria das pessoas relatam o que estão sentindo no momento da consulta. Isto é, para a doença bucal, seja cárie ou doença periodontal instalada apresentar-se em situação crítica, passaram-se anos para a busca por atendimento odontológico. A realização da consulta odontológica de forma rotineira anualmente evitaria muito essas situações de urgência na USF, pois não é um pronto socorro odontológico e sim busca a prevenção e manutenção da saúde da família. Realizar consulta odontológica preventiva constitui-se num trabalho fácil, rápido, indolor e custo reduzido. A procura por atendimento odontológico na USF Jardim Vitória é grande, porém verificou-se que os que mais precisam de tratamento odontológico (crianças e adolescentes) só comparecem em situação de urgência. A situação mais preocupante, e as mais necessitadas por atenção em relação à saúde bucal são as crianças, que por serem menores de idade, os pais são os responsáveis por elas. O agendamento odontológico é realizado mensalmente, no primeiro dia útil do mês, porém segundo os recepcionistas, na primeira hora de marcação já são preenchidas todas as vagas (em torno de 50 vagas por mês). Optou-se por essa forma de agendamento porque quando era feito com a demanda espontânea, isto é, a pessoa comparecia a Unidade de Saúde e já era marcada a consulta na hora, havia muitas faltas dos pacientes. Além disso, os retornos de consultas eram marcados muito distantes, em torno de 3 meses, o que gerava esquecimento da data da consulta pelo paciente. Hoje a consulta odontológica é agendada, e o retorno marcado em torno de 15 dias, o que diminuiu significativamente as faltas e aumentou consideravelmente o número de tratamentos concluídos. O projeto de intervenção visou facilitar o acesso à primeira consulta odontológica na Unidade de Saúde que atuo. Assim, espera-se que a população ao realizar o tratamento odontológico precocemente, evitará procurarem a USF Jardim Vitória apenas para atendimento de urgência em odontologia. O projeto foi denominado de “Dia da Família”. Uma vez na semana realizam-se visitas domiciliares e verificam-se as condições bucais das famílias através de um breve exame clínico realizado na própria residência. Detectando-se a necessidade de tratamento imediato, a família é encaminhada para realizar o atendimento odontológico na Unidade de Saúde, sem precisar ir agendar sua consulta. Na semana seguinte a família já está com o período agendado para atendimento na Unidade de Saúde. 19 É realizado durante a visita domiciliar uma palestra de saúde bucal e escovação supervisionada pela odontóloga e pela auxiliar de saúde bucal, que também tem curso técnico de higiene bucal, o que torna o trabalho bastante facilitador e gratificante para todos. No dia da consulta que foi marcada para a família toda, que geralmente é bastante numerosa, eles são convidados a ficarem sentados numa sala que denominamos “escovódromo” (local para escovar os dentes), onde avaliamos o que foi demonstrado na palestra educativa realizada na visita domiciliar. Pedimos aos responsáveis para realizarem a escovação dentária de seus filhos e deles mesmo, avaliando assim como estão realizando em suas casas e ajudando se necessário. Depois da supervisão da escovação os pacientes são encaminhados para a recepção para aguardarem o atendimento individualizado na sala odontológica. Realiza-se a primeira consulta odontológica e dá-se início ao tratamento necessário (tratamento curativo e preventivo) e encaminhamentos para centro de especialidades se necessário. Após o atendimento, é indicado à família a agendarem os seus retornos para o término do tratamento. As consultas de retorno são agendadas de acordo com a demanda, pois o primeiro passo já foi feito, o incentivo a procura por atendimento odontológico de rotina e motivação da família em relação aos cuidados e como fazer a prevenção em suas casas no seu dia a dia. A partir dessa iniciativa, espera-se poder dar início à conscientização na importância da família nos cuidados para manutenção da saúde bucal. Essas famílias provavelmente não iriam fazer consulta odontológica de rotina, pelos mais variados motivos. E só procurariam a Unidade de Saúde apresentando quadro de urgência em odontologia, ou seja, com dor. Como a consulta odontológica é marcada durante a visita domiciliar, eles comparecem porque sabem da facilidade e oportunidade que estão tendo. Uma dificuldade identificada é quando chove ou faz muito frio, o que dificulta a vinda dos pacientes para a consulta, devido a essa micro-área ser a mais distante da Unidade de Saúde e não ser asfaltada. Alerta-se também a responsabilidade dos pais e responsáveis na busca por atendimento odontológico rotineiro na vida deles, para evitar o atendimento de urgência, com necessidade imediata, evitando-se assim, transtornos para a família toda, uma vez que, quando uma criança sofre com problemas de origem dental, seus pais ou responsáveis, naturalmente tendem a fazer parte desse problema, muitas vezes não sabendo como agir e acabam não dormindo bem. Além da sintomatologia dolorosa, muitas vezes há prejuízos no trabalho, nos estudos de toda a família. Evitar chegar nessa condição é um objetivo a ser alcançado nessa comunidade. 20 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de intervenção “Dia da Família” está sendo realizado há 6 meses, porém, talvez pelo pouco tempo de experiência da intervenção houve uma pequena diminuição em relação às consultas odontológicas de urgência. Através do Mapa Diário de Procedimentos pode-se notar que ainda há uma grande procura por atendimento odontológico de urgência, como pode ser observado no apêndice 3. No período de abril de 2011 a agosto de 2011, foram realizados 87 atendimentos de urgência em odontologia, o que significa uma redução de 20% em seis meses. Desse total ainda a sua grande maioria é formada por crianças e adolescentes (53 atendimentos). Por outro lado, pode-se avaliar clinicamente a importância do trabalho preventivo onde houve melhora nos cuidados com a saúde bucal dos pais em relação às crianças, pois incentivando eles fazerem a escovação de seus filhos, observa-se que nas consultas de retorno, seus filhos e eles próprios estão mais conscientes e sabem da importância e necessidade da higiene bucal e como fazê-la. Em relação à realização da primeira consulta odontológica, observa-se pela avaliação dos prontuários da micro-área selecionada uma maior cobertura dessa população, melhorando dessa forma as condições bucais através do tratamento que vem sendo realizado na Unidade de Saúde e das palestras educativas. De acordo com os prontuários da micro-área, houve aumento de 80% no número das primeiras consultas odontológicas da micro-área selecionada (Apêndice 3). No ano de 2010, foram realizadas apenas 56 consultas odontológicas pela população dessa micro-área. No ano de 2011 foram realizadas 95 novas consultas odontológicas. Houve um aumento significativo, podendo ser avaliado nos prontuários. Pode ser avaliado também que muitas famílias compareceram para o atendimento odontológico com o projeto de intervenção realizado, iniciando e dando continuidade ao tratamento odontológico, que é o primeiro passo para minimizar as consultas de urgência na Unidade de Saúde Jardim Vitória. Pelos resultados obtidos até o momento, pode-se dar continuidade a esse trabalho, podendo ser ampliado a outras micro-áreas. Num período de 3 a 5 anos poderá ser avaliado o índice de CPOD (isto é, avaliar os dentes como: cariado, perdido, obturado, extração indicada) dessa micro-área. Com o tratamento preventivo em odontologia, a tendência certamente será de reduzir o número de pessoas que procuram a Unidade de Saúde Jardim Vitória apenas em situação de urgência. 21 Conscientizar a população da necessidade de realizarem consultas odontológicas periodicamente, bem como fazer com que as famílias realizem o tratamento preventivo no cotidiano, constitui uma das minhas principais metas trabalhando na ESF. Propor novas estratégias de atendimento visando melhorar a saúde da população é uma maneira de inovar na Saúde da Família onde cada área tem suas necessidade e prioridades. Pressupõe-se, então, que o entendimento da família como espaço social determinante da saúde bucal infantil possibilitará a elaboração de protocolos e, consequentemente, redirecionamento do trabalho odontológico na ESF pelo incremento de ações que, por um maior envolvimento social, sejam capazes de gerar mudanças positivas e duradouras na realidade epidemiológica e sócio-cultural da população adscrita. 22 Apêndice 1 Mês de atendimento 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 07 07 07 07 07 07 07 07 07 Idade do paciente 19 anos 28 anos 5 anos 10 anos 83 anos 21 anos 20 anos 20 anos 9 anos 76 anos 50 anos 6 anos 44 anos 15 anos 20 anos 7 anos 8 anos 15 anos 40 anos 04 anos 14 anos 15 anos 43 anos 23 anos 32 anos 17 anos 43 anos 29 anos 34 anos 40 anos 95 anos 13 anos 30 anos 23 anos 19 anos 8 anos 35 anos 41 anos 18 anos 50 anos 16 anos 65 anos 49 anos 40 anos 16 anos 6 anos 7 anos Sexo masculino feminino masculino feminino masculino feminino feminino feminino feminino feminino feminino masculino feminino masculino feminino masculino feminino feminino feminino feminino feminino feminino masculino masculino feminino feminino masculino feminino feminino masculino femimino masculino feminino Feminino feminino masculino feminino Feminino masculino feminino feminino feminino feminino feminino feminino masculino masculino Procedimento Encaminhamento realizado centro de especialidade medicação Medicação 1 Selamento 1 Exodontia d 1 Raspagem 1 Medicação 1 Raspagem 1 Selamento 1 Capeamento 1 Selamento 1 Exodontia 1 medicação Exodontia 1 Medicação 1 Medicação 1 Medicação 1 Medicação 1 Medicação 1 Raspagem 1 Selamento 1 Medicação 1 Acesso à polpa1 Selamento 1 Medicação1 Raspagem 1 Medicação 1 Selamento Raspagem 1 medicação Medicação1 Exodontia 1 Medicação 1 medicação Selamento Raspagem 1 Selamento 1 Medicação 1 Restauração1 Medicação Exodontia 1 Medicação 1 Medicação1 raspagem Medicação 1 Medicação Selamento medicação CEO CEO CEO CEO CEO 23 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 09 09 09 75 anos 26anos 26 anos 70anos 30 anos 43 anos 14 anos 15 anos 6 anos 5 anos 6 anos 23 anos 9 anos 26anos 62 anos 55 anos 5 anos 21anos 23 anos 12 anos 19 anos 30 anos 9 anos 21 anos 17 anos 04anos 29anos 41 anos 14anos 81 anos 06anos 14 anos 05anos 36anos 19anos 15anos 15anos 11anos 28anos 04anos 75anos 16anos Feminino masculino feminino feminino feminino feminino masculino feminino feminino masculino feminino Feminino Masculino Masculino masculino feminino masculino masculino feminino feminino masculino feminino feminino masculino feminino feminino masculino feminino masculino feminino masculino masculino feminino masculino feminino feminino masculino masculino masculino feminino feminino masculino Exodontia 1 Medicação1 Medicação 1 medicaçao raspagem Medicação 1 Medicação medicação Acesso à polpa1 Medicação 1 Selamento1 raspagem Selamento 1 Acesso à polpa1 Medicação 1 Selamento1 medicação Acesso à polpa1 selamento Raspagem1 Medicação 1 Raspagem Medicação 1 Medicação1 Raspagem1 Medicação1 raspagem Selamento1 selamento medicação Medicação1 Medicação1 selamento Acesso à polpa1 raspagem exodontia Medicação1 Acesso à polpa Selamento1 medicação medicação Acesso à polpa 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 20anos 53anos 29anos 10anos 04anos 13anos 27anos 04anos 45anos 06 anos masculino masculino feminino masculino masculino masculino feminino masculino masculino Feminino Medicação1 Raspagem1 Acesso à polpa Pulpotomia 1 Medicação1 restauração Medicação Medicação Medicação Medicação1 CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO 24 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 09 10 10 10 10 10 10 11 11 11 11 08anos 05 anos 40anos 9anos 40anos 33anos 32anos 70anos 70anos 14anos 21anos 29anos 33anos 19anos 17anos 11anos 46anos 61anos 11anos 08anos 60anos 18anos 30anos 10anos 35anos 28anos 04anos 11anos 43anos 06anos feminino masculino feminino masculino masculino masculino feminino masculino feminino masculino masculino masculino feminino feminino feminino masculino feminino feminino feminino masculino masculino masculino feminino masculino feminino masculino feminino masculino feminino masculino Medicação1 Capeamento 1 restauração Exodontia1 raspagem medicaçao medicação exodontia Medicação1 medicação Medicação1 Medicação1 Raspagem1 selamento selamento Acesso à polpa1 Restauraçao1 Exodontia Acesso à polpa1 exodontia selamento Exodontia1 medicação selamento Medicação1 Selamento Selamento1 Acesso à polpa medicação Selamento1 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 09anos 28anos 17anos 06anos 27anos 12anos 10anos 28anos 05anos 28anos 07anos 29anos 09anos 13anos 44anos 10anos 85anos 19anos 24 anos 12anos 39anos 07anos feminino feminino masculino masculino feminino masculino masculino masculino masculino feminino feminino feminino feminino masculino masculino masculino masculino feminino feminino masculino masculino feminino exodontia Acesso à polpa Selamento1 Medicação1 selamento Selamento1 Pulpotomia1 Raspagem1 Selamento1 medicação restauração selamento medicação medicação Raspagem exodontia selamento Exodontia1 medicação raspagem raspagem exodontia CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEOI CEO CEO 25 12 12 12 12 12 12 12 12 12 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 22anos 23anos 14anos 04anos 1ano 51anos 17anos 22anos 48anos 41anos 08anos 77anos 11anos 11anos 12anos 11anos 30anos 8anos 19anos 10anos 22anos 79anos 26anos 18anos 59anos 2anos 7anos 12anos 31anos 14anos 12 anos 22 anos 6 anos feminino feminino feminino feminino masculino feminino feminino masculino feminino feminino feminino masculino masculino masculino feminino feminino feminino masculino masculino masculino feminino masculino feminino feminino masculino feminino masculino feminino feminino feminino feminino Masculino masculino restauração exodontia Raspagem1 pulpotomia Medicação1 Selamento1 Medicação1 Medicação1 Restauração1 medicação Selamento1 raspagem drenagem medicação Acesso à polpa medicação Acesso à polpa selamento Acesso à polpa Acesso à polpa Acesso à polpa raspagem selamento raspagem Exodontia1 Medicação1 Acesso a polpa1 Medicação1 Selamento1 Medicação1 medicação Restauração1 Acesso à polpa1 CEO CEO CEO CEO CEO CEO 26 Apêndice 2 f.01 f.02 f.03 f.04 f.05 f.06 f.07 f.08 f.09 f.10 N. de Ano da pessoas última consulta 04 2010 2003 2009 2011 2009 2009 2009 0 2006 2006 2006 2010 2010 0 0 2008 2008 0 2004 0 0 0 0 0 04 02 2008 2010 2010 2010 02 07 03 08 0 2010 0 2006 f.11 09 2003 0 2008 0 2006 2006 2010 f.12 f.13 f.14 f.15 f.16 f.17 f.18 f.19 f.20 f.21 f.22 f.23 f.25 f.26 f.27 f.28 f.29 f.30 f.31 f.32 07 03 02 2005 0 0 2009 0 0 2010 0 2007 2010 2009 0 0 0 0 07 04 02 04 06 05 04 04 02 07 04 01 03 2003 2008 2010 0 2001 2010 2010 2008 2010 2008 0 0 0 2007 2009 0 0 0 2010 2010 2009 0 2008 0 2006 0 2009 0 2010 2007 2008 2003 0 0 2008 2008 0 0 0 2008 0 0 0 2010 0 2005 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 05 02 0 0 2005 0 0 f.33 f.34 f.35 f.36 f.37 0 0 2002 0 0 0 0 05 09 0 2009 0 2008 0 2008 0 2001 0 2009 0 0 0 0 f.38 f.39 03 10 2009 2004 0 2008 0 2007 2010 2007 2008 0 0 0 0 f.40 f.41 f.42 03 2 02 2010 2010 0 0 0 0 0 0 27 f.43 f.44 f.45 f.46 f.47 f.48 f.49 f.50 f.51 f.52 f.53 f.54 f.55 f.56 f.57 f.58 f.59 f.60 f.61 f.62 03 05 04 06 03 06 03 07 05 07 01 06 05 04 0 2011 2007 0 0 2010 0 2008 2011 2006 0 2010 2007 2010 0 2007 2011 2010 0 2010 0 0 2011 0 0 2009 0 2008 0 2009 0 0 0 0 0 2007 2010 0 0 0 03 04 04 03 10 02 05 03 02 02 07 02 02 01 02 11 0 2006 0 0 2011 2011 0 2005 2009 0 0 0 0 0 0 2007 0 0 2011 f.63 f.64 f.65 f.66 f.67 f.68 f.69 f.70 f.71 f.72 f.73 f.74 f.75 f.76 f.77 f.78 f.79 f.80 f.81 f.82 f.83 f.84 f.85 f.86 f.87 f.88 02 05 04 03 05 0 2010 2010 0 2011 2011 0 2007 2007 0 0 0 0 2010 0 2004 0 0 2010 2008 0 2008 0 01 04 05 0 0 0 04 f.89 f.90 f.91 f.92 0 0 2009 0 2007 0 2008 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2002 0 0 0 0 2006 0 0 0 0 0 0 0 0 2009 2009 2009 2005 2009 2009 2009 2009 2009 0 0 2003 0 0 0 2006 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 02 05 11 2007 0 2011 2006 0 0 0 2010 0 2009 0 03 2009 0 2007 2008 2010 04 04 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2010 2003 0 2008 0 0 2007 0 0 0 0 2008 0 0 28 f.93 f.94 f.95 f.96 f.97 f.98 f.99 f.100 f.101 f.102 f.103 f.104 f.105 f.106 f.107 f.108 f.109 f.110 f.111 f.112 f.113 f.114 f.115 f.116 f.117 f.118 f.119 f.120 f.121 f.122 f.123 f.124 f.125 f.126 f.127 f.128 f.129 f.130 f.131 f.132 f.133 f.134 f.135 f.136 f.137 f.138 f.139 f.140 f.141 f.142 f.143 f.144 04 08 05 04 04 05 03 02 03 05 03 03 03 06 05 01 02 06 2009 2008 0 2010 2008 2010 2006 0 0 2010 2002 0 2006 2008 2010 0 0 2010 2010 2008 0 0 0 2007 0 0 0 2010 2005 0 0 2008 2010 2007 2007 0 0 0 0 0 0 0 2009 03 03 04 05 05 03 04 04 06 01 06 09 0 2010 2007 2010 2008 0 2006 0 2000 0 0 0 2007 2009 0 2006 0 0 0 0 2004 2009 03 2009 2011 2009 2010 2004 2005 2006 0 2010 0 2006 2010 2010 2008 2007 0 01 01 02 02 01 07 02 02 05 0 0 2000 2010 0 2011 2010 0 2010 01 01 0 0 05 04 05 01 04 2006 2010 2009 2010 2011 2011 2010 2002 0 0 2007 2010 0 2008 0 0 0 0 2008 2009 2006 2008 0 0 0 2009 2006 0 2009 0 0 0 2008 2010 2010 0 0 0 0 0 2006 0 0 0 0 0 2006 2007 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2011 2010 0 0 2010 0 0 0 0 0 0 0 2003 2009 0 0 2008 0 0 0 0 0 0 0 0 29 f.145 f.146 f.147 f.148 f.149 f.150 f.151 f.152 f.153 f.154 f.155 f.156 f.157 f.158 f.159 f.60 f.161 03 04 07 04 06 04 06 06 0 2010 2010 2010 2009 2020 2010 2010 0 2010 2009 2010 0 2010 2011 0 0 2010 2010 2010 2005 0 0 0 2009 0 2010 0 0 0 0 04 04 01 02 0 2010 0 2005 0 0 0 0 0 0 f.162 f.163 f.164 f.165 f.166 04 01 03 05 09 2007 0 0 2010 2010 2010 2009 0 0 2010 2010 0 2010 2010 2004 2010 0 2010 f.167 f.168 f.169 f.170 f.172 f.173 f.174 f.175 f.176 f.177 f.175 f.179 f.179 f.180 f.181 f.182 f.183 f.184 f.185 f.186 f.187 f.188 f.191 06 02 0 0 0 0 0 0 01 02 0 0 0 02 04 01 03 02 08 02 02 05 04 02 03 0 0 0 0 0 2003 2011 0 0 0 2010 0 0 0 0 2006 02 04 01 09 0 0 f.194 f.195 f.196 f.204 165 01 02 07 03 669 0 2010 0 2010 2010 0 2010 0 2010 0 0 2007 2007 0 0 0 0 0 0 0 0 2010 0 0 0 0 2010 0 2010 2010 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2009 0 0 0 0 2010 2009 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 Apêndice 3 Mês de atendimento 2011 Idade do paciente Sexo Procedimento realizado 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 04 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 05 09anos 78 anos 24 anos 8 anos 19 anos 57 anos 14 anos 7 anos 12 anos 33 anos 28 anos 29 anos 9 anos 4 anos 14 anos 6 anos 57anos 33anos 06 anos 11 anos 19 anos 14 anos 70 anos 8 anos 46 anos 29 anos 7 anos 39 anos 16 anos 6 anos 24 anos 8 anos 10 anos 25 anos 68anos 15anos 9 anos 5 anos 52 anos 15 anos 6 anos 9 anos fem Masc fem masc fem fem fem masc fem fem masc fem Masc masc masc masc masc fem masc masc masc masc masc masc fem masc masc fem masc fem fem fem masc fem masc masc masc fem fem fem masc masc selamento medicação Medicação Medicação (1) Capeamento (1) selamento Pulpotomia(1) Medicação (1) Capeamento (1) Restauração (1) restauração capeamento Acesso à polpa(1) Acesso à polpa(1) Medicação (1) capeamento Selamento(1) medicação Medicação (1) Exodontia Acesso à polpa(1) Medicação Medicação (1) Medicação(1) Restauração Selamento Pulpotomia(1) Medicação(1) Medicação (1) Medicação Medicação Selamento(1) Medicação Medicação Medicação(1) capeamento Exodontia(1) Acesso à polpa(1) Exodontia(1) Acesso à polpa Capeamento Exodontia 06 06 9 anos 25 anos fem fem Exodontia Selamento Encaminhamento centro de especialidade CEO CEO CEO CEO CEO 31 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 06 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 10/08 43 anos 30 anos 14 anos 30 anos 17 anos 10 anos 19 anos 16 anos 56anos 22 anos 28 anos 31 anos 5 anos 68 anos 30 anos 10 anos 9 anos 18 anos 8 anos 9 anos 15 anos 22 anos 26 anos 4 anos 7 anos 6 anos 47 anos 32 anos 8 anos 14 anos 11 anos 9 anos 6 anos 13 anos 34 anos 20 anos 05 anos 49 anos 07 anos 23 anos 17 anos 06 anos Fem masc masc fem masc masc fem fem fem fem fem masc fem masc masc masc fem masc masc masc fem fem fem fem masc masc fem fem fem fem masc fem masc masc fem masc fem fem masc fem masc fem Medicação Acesso à polpa Acesso à polpa1 Acesso à polpa Capeamento(1) Exodontia(1) Restauração Raspagem (1) Medicação (1) Medicação(1) Medicação Capeamento(1) Acesso à polpa Raspagem (1) Medicação Acesso à polpa Exodontia (1) Medicação Exodontia (1) Acesso à polpa Acesso à polpa Fluorterapia(1) Medicação Acesso à polpa1 Acesso à polpa1 Selamento (1) Medicação Capeamento(1) Medicação(1) Medicação(1) Exodontia Selamento(1) Pulpotomia Medicação Medicação Acesso à polpa Acesso à polpa1 Medicação(1) Acesso à polpa1 Medicação (1) Medicação Medicação(1) CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO CEO 32 REFERÊNCIAS ABEGG, Claides. 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