O papel do orientador educacional Na escola, o orientador educacional é um dos membros da equipe gestora, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico. Ele é o principal responsável pelo desenvolvimento pessoal de cada aluno, dando suporte a sua formação como cidadão, à reflexão sobre valores morais e éticos e à resolução de conflitos. Ao lado do professor, esse profissional zela pelo processo de aprendizagem e formação dos estudantes por meio do auxílio ao docente na compreensão dos comportamentos das crianças. Ou seja: enquanto o professor se ocupa em cumprir o currículo disciplinar, o orientador educacional se preocupa com os conteúdos atitudinais, o chamado currículo oculto. Nele, entram aspectos que as crianças aprendem na escola de forma não explícita: valores e a construção de relações interpessoais. Por tratar diretamente das relações humanas, o orientador educacional pode ter suas funções confundidas com as de um psicológico. Essa confusão, no entanto, deve ser evitada, porque, embora também lide com problemas de convivência e com dificuldades de aprendizagem das crianças, a função do orientador se aproxima mais do aspecto pedagógico e não da dimensão terapêutica do atendimento. Para conseguir realizar seu trabalho, o profissional que ocupa esse cargo não pode ficar o tempo inteiro em sua sala, apenas recebendo alunos expulsos da aula ou que desrespeitaram um colega ou um professor. Ele só consegue saber o que está acontecendo na escola, entender quais são os comportamentos das crianças e propor encaminhamentos adequados quando circula pelos espaços e convive com os estudantes. Esse trabalho também ultrapassa os muros da escola. O orientador deve atuar como uma ponte entre a instituição e a comunidade, entendendo sua realidade, ouvindo o que ela tem a dizer e abrindo o diálogo entre suas expectativas e o planejamento escolar. Apesar de essas funções do orientador serem essenciais no processo de ensino e aprendizagem, nem sempre as escolas contam com esse profissional em sua equipe. Com ou sem ele, no entanto, o trabalho não pode deixar de ser feito. Da mesma maneira que uma escola sem coordenador pedagógico não deixa de planejar as situações didáticas, uma escola sem orientador educacional não deixa de se preocupar com a formação cidadã de seus alunos. Essa missão deve ser cumprida pelo diretor, coordenador e também pelos professores. O supervisor é visto como um dos membros gestores, na gestão da educação que responde aos ditames da contemporaneidade possui o princípio que, segundo PARO (1986:87) “Se fundamenta em objetivos educacionais representativo dos interesses das amplas camadas da população e leva em conta a especificidade do projeto pedagógico escolar, processo esse determinado pelos mesmos objetivos”. Desta forma os objetivos educacionais devem ser formulados dentro do contexto real e dos conhecimentos que derivam das experiências. A acomodação é expressão da desistência da luta pela mudança. São autênticos produtores direitos da educação. Esses fatos colocam a importância do conhecimento diagnóstico do contexto escolar, fundamentação das dimensões pedagógicas e os métodos e técnicas administrativas, mais adequadas à promoção da racionalidade interna e externa. A elaboração da proposta curricular deve ser contextualizada na discussão para a construção da identidade da escola através de um processo dinâmico de reflexão e elaboração contínua. Trata-se de coordenar o processo de organização das pessoas no interior da escola, buscando a convergência dos interesses dos seus vários segmentos e a superação dos conflitos decorrentes deles. Decorrente da intensa mobilização dos educadores para buscar uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, firma-se no meio educacional a pedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos. Precisamente, é aí que esbarra a dimensão da função do supervisor na educação contemporânea, onde tanto o especialista quanto os professores ainda estão em reflexão das teorias para coloca-las em prática, e conseqüentemente deverá haver um redimensionamento dessas práticas dentro da construção coletiva do projeto pedagógico da escola. O supervisor escolar deve, portanto, ser habilitado e capacitado para realizar suas atividades no interior da escola. O autor apresenta, de forma clara, o cotidiano da escola pública, agrupando sua apresentação em tópicos básicos para o estudo do processo de gestão democrática, confirmando a função do trabalho coletivo e especificamente da coordenação por parte da equipe gestora da escola, na qual o supervisor é um dos principais envolvidos. A proposta educacional de uma escola que promova os fins da educação dentro de seus princípios básicos está totalmente voltada para a inserção social da escola na comunidade e da comunidade para a escola. Assim, a exigência de mudanças de atitudes do professor para o desempenho satisfatório do papel do educador, em função das transformações que se operam na sociedade advém da criação desses cursos, mediante as necessidades do momento. Enfim, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos. INTRODUÇÃO O perfil da Educação Brasileira apresentou significativas mudanças nas últimas décadas. Houve substancial queda na taxa de analfabetismo, aumento expressivo do número de matrículas em todos os níveis de ensino. Um dos fatores que contribuiu consideravelmente para essa melhoria foi à exigência legal de formação inicial para atuação no ensino fundamental, tanto para professores, como também para os profissionais técnicos pedagógicos, pois nem sempre essa função era cumprida por especialistas, devido a deficiência de profissionais habilitados e do próprio sistema educacional. No entanto, além de uma formação consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor, o orientador, o supervisor e outros profissionais se desenvolvam com capacidades e habilidades múltiplas como exige a educação atual. O conteúdo e a metodologia para essas formações devem ser continuamente avaliados e revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. Essa formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas da construção de um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. O enfoque internacionalista que se apresenta no processo de ensino atual, traz a tona ás discussões pedagógicas aspectos de extrema relevância, em particular no que se refere à maneira como são designadas as funções de coordenador pedagógico em suas assessorias aos professores no planejamento e desenvolvimento curricular. Tal assistência tornou-se praxe dar a denominação de “supervisão”. Essa palavra aponta para uma posição hierárquica de quem desempenha a função mencionada, mas dificilmente se poderá negar que está se baseia em autoridade de competência, e não de poder institucional. Esse líder pedagógico eficaz será um perito, dedicado aos fins do ensino. Como então, o supervisor se enquadra na estrutura formal da escola atual? Na busca de monopolizar sua função formal, deram-lhe a função de “coordenador pedagógico” a fim de em sua competência pedagógica não fosse colocado como supervisor ao professor. No entanto, não é fácil a muitos professores, em muitas situações escolares, ter sempre a visão voltada para fins educacionais nítidos no seu dia-a-dia, nem tampouco é fácil visualizar, para cada lição, os métodos e recursos didáticos mais convenientes. Por outro lado, a sala de aula não é um mundo fechado, os alunos convivem com outros alunos no recreio, os professore na sala de reuniões. Enfim, o ensino desenrola-se vinculado a todo um ambiente social escolar, difícil de perceber, de interpretar e de utilizar pedagogicamente no seu todo e nos seus detalhes por quem está imerso nele. É aí que o professor necessita de uma assistência técnica-pedagógica para que se mantenha sempre mais produtivo. A elaboração da proposta curricular deve ser contextualizada na discussão para a construção da identidade da escola através de um processo dinâmico de reflexão e elaboração contínua. Esse processo deve contar com a participação de toda a equipe pedagógica, buscando o comprometimento de todos com o trabalho realizado, com os propósitos discutidos e com a adequação às características sociais e culturais da realidade da escola, e é nessa dimensão que o coordenador pedagógico deve atuar e organizar no coletivo os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação. O desafio que a escola enfrenta atualmente exige dos profissionais da educação, como é colocado o supervisor, uma competência técnica e política que o habilita a participar da construção da autonomia escolar construída a partir da autonomia garantida pela lei, isso faz com que na discussão do trabalho pedagógico abram-se amplas perspectivas que estimulam e asseguram a participação de todos: diretores, professores, pais, alunos, funcionários da escola e representantes da comunidade, onde o supervisor deve ter capacidade de liderança não sendo líder e coordenador sem dar ordens. Trata-se de coordenar o processo de organização das pessoas no interior da escola, buscando a convergência dos interesses dos seus vários segmentos e a superação dos conflitos decorrentes deles. A proposta do presente trabalho é buscar as respostas que fazem parte a verdadeira função do supervisor escolar na atualidade, as formas de atuação para que esse profissional realize suas tarefas e as concepções pedagógicas para sua realização profissional, onde o sistema lhe possibilita realizar suas ações plenamente a fim de comprovar sua competência. A Educação e o Trabalho do Coordenador Pedagógico A análise do serviço de supervisão escolar, nas escolas brasileiras nos condiciona a um breve retorno as influências dos grandes movimentos educacionais internacionais para chegarmos finalmente às concepções construídas para a educação atual. Pode-se identificar, na tradição pedagógica brasileira, a presença de algumas tendências que foram fundamentais para a construção das propostas de ensino. · A pedagogia tradicional, uma proposta centrada no professor que tinha a função de vigiar, aconselhar, corrigir e ensinar. No ensino dos conteúdos, o que orienta é a organização lógica das disciplinas, o aprendizado moral, disciplinado e esforçado. O professor é visto como autoridade, um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino, o guia exclusivo do processo educativo; · A pedagogia renovada, uma das concepções que inclui várias correntes, ligadas aos movimentos da escola nova ou ativa, onde o centro das atividades escolares não é o professor ou os conteúdos, mas sim o aluno. O professor é visto, como facilitador no processo de busca de conhecimento que deve partir do aluno. Cabendo ao professor organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades intelectuais; · Inspirado nas teorias behavioristas, surgiu na década de 70 o tecnicismo educacional, que definiu um prática pedagógica controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes, criando a falsa idéia de que aprender não é algo natural do ser humano, mas que a aprendizagem depende exclusivamente de especialistas e de técnicas. · Decorrente da intensa mobilização dos educadores para buscar uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, firma-se no meio educacional a pedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos. O professor é um coordenador de atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos. Entendendose que além dos conteúdos escolar voltado para as questões sociais, se faz necessário que se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam aprender mais com as experiências de vida. As tendências pedagógicas que marcaram a tradição educacional brasileira contribuíram para a proposta atual. Neste enfoque social dado aos processos de ensino e aprendizagem traz para a discussão pedagógica, aspectos de extrema relevância, em particular a maneira como o professor efetuará sua prática. É neste sentido que as habilidades dos professores vem sendo testadas ao longo do tempo, através da própria construção de uma prática própria, vemos nas salas de aula professores que tiveram uma formação estritamente técnica tradicional, fazer tentativas de inovação na busca de se adaptar às novas tendências de ensino e aprendizagem. As tradições das competências e funções do supervisor escolar focam o processo de ensino no professor, desta forma, o ensino ganhou autonomia em relação à aprendizagem, criou seus próprios métodos e o processo de aprendizagem ficou relegado a segundo plano. O supervisor é um técnico que impõe suas estratégias sem discutir e refletir com o professor, sua função é mais normatizadora e fiscalizadora, onde deveria ser coordenadora e colaboradora. Essa coordenação curricular entre as várias disciplinas que conduz o professor á execução de tarefas confunde-se com a manutenção disciplinar, ainda incutida num tipo de educação de produção de operações repetitivas e Sob - dirigidas. A partir dos cursos especializados para supervisão escolar enfatizam-se mais as competências do profissional do que o desenvolvimento de habilidades humanistas que devem nortear o trabalho do supervisor, assim, esse profissional passa a servir ao sistema e não ao ensino e aprendizagem, ou seja, a função do mesmo é auxiliar a direção a manter a ordem no interior da escola, desempenhando uma função administrativa e relegando o aspecto pedagógico às teorias normativas que aprendeu. Essa figura articuladora tem definidas suas funções específicas no regimento interno da escola, mas ao serem analisado cada inciso, percebe-se ao que foi reduzido o coordenador pedagógico. É diante desse contexto que os profissionais atuais estão fingindo exercer sua função, ora servindo ao monopólio do sistema, ora se rebelando e tentando inovar suas práticas. Portanto, foi nessa divisão do trabalho escolar que a escola se tornou inoperante, exigindo um número cada vez maior de especialistas para realizar sua função educativa, criou-se um segregacionismo, onde cada especialista é dono de um mundo próprio ( uma competência específica) e, conseqüentemente, superiores por domínios previamente legalizados. O sistema de ensino atual, faces as especificidades subjetivas que a nova LDB propõe quer resgatar a tendência das teorias marxistas em contrapartida ao paradigma da educação técnico-científica em que foi estruturado nosso sistema de ensino, desta forma como afirmou Marx: “A doutrina materialista que pretende serem os homens produtos das circunstâncias e da educação, e conseqüentemente, que os homens transformados sejam produtos de outras circunstâncias e de uma educação diferente e esquece que são precisamente os homens que transformam as circunstâncias e que o próprio educador tem necessidade de ser educado” O compromisso específico da escola, na totalidade do processo cultural de produção de produção do ser humano, segundo nosso modo de ver e na experiência de pais e alunos, passa inevitavelmente, pelo confronto com a idéia. É necessário mudar, mas os resultados não serão imediatos, em primeiro lugar pela própria formação do especialista em supervisão e em segundo lugar pelo próprio contexto com que se posicionam a escola e a sociedade em relação às mudanças. Segundo Estrela (1980; 126), (...) “a principal dificuldade reside precisamente na caracterização das situações em que temos de exercer nossa ação, ou a partir das quais haveremos de construir o projeto de intervenção pedagógica”. Precisamente, é aí que esbarra a dimensão da função do supervisor na educação contemporânea, onde tanto o especialista quanto os professores ainda estão em reflexão das teorias para colocá-las em prática, e conseqüentemente deverá haver um redimensionamento dessas práticas dentro da construção coletiva do projeto pedagógico da escola. E partindo desses pressupostos poderemos definir qual seria a função do supervisor no contexto educacional de hoje. A Função Social do Coordenador Pedagógico Na dimensão que se deseja o alcance da educação do terceiro milênio, bem como o que recomenda a Lei 9.394/96: “A formação de profissionais de educação para a administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”. Infelizmente, ainda não temos em nossas escolas o número suficiente desses profissionais com suas respectivas habilitações. Quando da necessidade do supervisor, em muitas escolas, a função é desempenhada por profissionais licenciados em pedagogia, mas atualmente o quadro está mudando, muitos destes estão se especializando, houve um grande avanço neste sentido com os cursos oferecidos pela exigência da lei, temos no presente ano todos os diretores, vice-diretores, supervisores, orientadores educacionais e secretários de escola do Estado de Rondônia participando do Programa de Capacitação de Gestores Educacionais, além de outros tantos concluindo especialização nestas áreas em outros sistemas de pósgraduação. Tais cursos; além de oferecerem as teorias exigem a prática imediata dos cursistas, assim podemos antever que a futura melhoria da qualidade do ensino aprendizagem, esta no bom desempenho do supervisor escolar, que passa da função fiscalizado que se encontrava para realizar sua função coordenadora e plenamente voltada ao pedagógico. Uma das características do serviço de supervisão escolar é a complexidade, que pode ser expressa pela enumeração de alguns dos muitos aspectos que ela pode e deve assumir: · A assistência, suprindo as deficiências técnicas docentes observadas na atuação do professor; · Os recursos que possibilitam a interpretação dos anseios e necessidades do ambiente escolar e comunitário; · O estímulo, permitindo a melhoria das relações entre todos os elementos humanos envolvidos no processo educativo; · O aconselhamento, utilizando maior conhecimento de métodos e recursos didáticos básicos à eficiências da ação escolar; · O apoio, analisando e solucionando cooperativamente possíveis dificuldades orientadas de cada situação específica; · O assessoramento, relacionado as cúpulas técnico-administrativas com as bases operacionais; · A co-participação, vivenciando a consciência de uma ação única, visando um objetivo comum. ( NERICI, 1999:96 ) Atendendo os princípios legais da implementação da gestão democrática na escola bem como, a democratização do acesso e da permanência do aluno na escola, o supervisor escolar deve promover em suas estratégias básicas de planejamento das ações o envolvimento de todos os professores, alunos, funcionários, pais e comunidade externa, por isso, a exigência de conhecimentos nos aspectos cultural, econômicos e políticos se fazem necessários. O supervisor escolar deve, portanto, ser habilitado e capacitado para realizar suas atividades no interior da escola. O sistema de ensino atual proporciona as referências legais para a redefinição do papel do educador, para uma função gestora que promova discussões para a construção do projeto político pedagógico da escola, onde a escola deve ser percebida como um espaço que lida com dois planos: o real e o ideal. E que dentro daquele plano o que já existe e estamos tentando mudar é que vão partir as ações coletivas para o outro plano que poderá vir a existir. Segundo Paro, “ os desafios devem ser enfrentados, a partir dos conflitos existentes, oferecendo subsídios teóricos e metodológicos para supera-los”. O autor apresenta, de forma clara, o cotidiano da escola pública, agrupando sua apresentação em tópicos básicos para o estudo do processo de gestão democrática, confirmando a função do trabalho coletivo e especificamente da coordenação por parte da equipe gestora da escola, na qual o supervisor é um dos principais envolvidos A proposta educacional de uma escola que promova os fins da educação dentro de seus princípios básicos está totalmente voltada para a inserção social da escola na comunidade e da comunidade para a escola. O sistema de ensino em cada esfera administrativa está oferecendo além dos cursos de formação e capacitação, projetos e programas que ofereçam as bases de sustentação para a promoção da gestão participativa como meio e instrumento da melhoria da qualidade de ensino. Podemos citar um desses programas PDDE – Programa Dinheiro Direito na Escola, que para sua implantação e implementação se fizeram necessárias várias etapas de cursos de capacitação de supervisores promovidos pelos governos de cada estado. Cursos estes que na realidade, para a maioria dos participantes não tiveram a significância na dimensão da proposta inicial. Apesar dos gastos com pessoal para elaboração e distribuição de material, palestrantes, transporte, alojamento, alimentação e outros tantos custos, os cursos não atingiram os objetivos propostos, poucos foram os supervisores que saíram aptos a montar o Programa de Melhoria da Escola. Prova disso, que em 2001 para a implantação do projeto nenhum supervisor ou especialista conseguiu desenvolver as ações necessárias para que fosse implementado o projeto de melhoria da escola, vieram novos estudos, novos treinamentos e até a presente data as escolas ainda não receberam os recursos referentes ao programa, tendo esse atraso a justificativa de que os projetos encaminhados não atendem os objetivos estratégicos a que se propõe o referido programa, que são óbvios em manuais que foram utilizados nos treinamentos. As estratégias, as ações propostas pela escola, devem pautar pela implementação da escola democrática com a participação de todos os segmentos sociais em que a escola está inserida. Entretanto, pela própria função que o supervisor desempenhou na escola até agora, este está habituado a elaborar plano de trabalho anual da escola de forma individual e por mais tentativas que fez para fazer um plano coletivo, não conseguiu. Essa tentativa frustrada é vista para GADOTTI (1997:117): “São necessários a princípio: discutir os fundamentos para a construção do projeto político pedagógico numa perspectiva cidadã; conhecer as dimensões e as culturas presentes no cotidiano escolar e aproveitar as diferentes contribuições que os sujeitos envolvidos podem oferecer no trabalho pedagógico da escola”. Portanto, para que aconteça a democratização das relações internas da escola é necessário rever os conceitos adquiridos ao longo do tempo, pelos profissionais que exercem as funções coordenadoras no sistema escolar, mas também reeducar o professor, o aluno e os pais em relação as responsabilidades de cada um para com a educação. Mas como vivemos num país que o que se leva em consideração é o que está escrito, registrado e documentado, o trabalho do supervisor escolar, poderá ser levado a contento, como o trabalho de outro especialista, por exemplo, de um médico que é respeitado dentro da área em que atua, quando esse especialista em educação, desempenhar a função de acordo com sua capacidade e compromisso profissional. Freire, alerta para a promoção de mudanças imediatas “[{...} como educadores não podemos mais ficar inertes, sabendo da realidade e tendo os instrumentos para promover essas mudanças, é nossa responsabilidade pessoal e profissional promover a melhoria da qualidade da educação”. A farta literatura que abrange o tema da gestão educacional contemporânea, conduz para as exigências de funções coordenadoras na administração escolar, colocando o superior pedagógico como um dos especialistas responsáveis para programar o processo de mudança. Ao assumir o papel, o mesmo se defrontará com uma série de situações conflitantes e imprevisíveis, que na maioria das vezes não fazem parte de seu cotidiano, pois ainda não se habilitou a ver a realidade dentro do contexto antropológico, e sociológico e político. Rever seus conceitos e voltar-se para a prática social que se faz necessário para a atualidade, levará algum tempo, mas acontecerá paulatinamente em todas as escolas. Relativizar o papel da escola, por meio da problematização da relação entre sociedade e escola, situando a escola como agência contraditória e, portanto, como espaço de reprodução e resistência às relações sociais. Tal constatação nos coloca como educadores, o desafio de compreender as práticas educativas como práticas sociais que se efetivam enquanto campo social de disputa para melhorar a cultura dentro do contexto hegemônico. A Educação Contemporânea e o Compromisso do Coordenador Pedagógico Para melhor entendimento do que se propõe o presente trabalho, devemos expor alguns itens que comprovam que o serviço de supervisão escolar em seu exercício atual, ainda está a serviço de uma pedagogia, que nada mais é do que uma concepção teórica ingênua e inconsciente de modelo teórico de sociedade e educação que atuam num vazio conceitual e pressupõem a educação como um mecanismo de conservação e reprodução da sociedade. Propor o rompimento dos seus limites, é necessariamente, colocá-la num outro contexto pedagógico, colocando o supervisor como coordenador de práticas que promovam a educação como instrumento de transformação social. Ao avaliarmos as origens dos programas de pós-graduação oferecidos aos profissionais de educação nos últimos anos, não atenderam as necessidades para que foram criados, concentrando-se, muitas vezes, numa disciplina específica da área, não oferecendo oportunidade de estudo mais profundo dos problemas típicos da educação. Esses cursos se apresentam ligados à Psicologia, à Filosofia e à Tecnologia de Ensino, tornando-se bastante especializados e pouco úteis aos profissionais que já se encontravam no desempenho de funções técnico-pedagógicas. A exigência de mudanças de atitudes do professor para o desempenho satisfatório do papel do educador, em função das transformações que se operam na sociedade advêm da criação desses cursos, mediante as necessidades do momento. Assim, a capacitação e habilitação de profissionais como agentes de mudanças planejadas que atendam às aspirações da sociedade em relação à educação não levaram a promoção e manutenção do movimento dialético desejado de ação-relfexão-ação. Em face de estagnação das mudanças esperadas e os problemas educacionais daí emergentes, iniciam-se reformulações nos currículos dos referidos cursos visando equacionar os interesses dos corpos discentes e docentes frente as reais possibilidades do trabalho do supervisor escolar. A dificuldade maior nos cursos que foram voltados à democratização do ensino e à melhoria da aprendizagem, centrou-se no fato de que o grau de compromisso e envolvimento dos educadores com os programas dos cursos e suas práticas, foi desvinculado, levando o supervisor a velha função de fiscalizador, não atingindo, portanto, os objetivos propostos inicialmente. SAVIANI (1989:49) explica essa disfunção à função do supervisor: “Às vezes, partimos com toda a boa vontade para educar num determinado local e já estamos marcados por um esquema de expectativas e valores que se choca com as expectativas e com os valores daquelas pessoas com as quais iremos lidar. E a comunicação se torna praticamente inviável. Notase, então, que a comunicação implica esse esforço de transcendência, a capacidade de sair da minha situação e de me colocar na situação do outro, na perspectiva do outro. Implicando numa espécie de inserção cultural em relação ao meio ao qual estou trabalhando”. No contexto dessa prática educativa, se antevê uma opção por um outro modelo social, em que a igualdade entre os seres humanos e a sua liberdade não se mantiveram tão somente ao nível da lei, mas se traduzem em algumas práticas atuais, centradas na idéia de igualdade e de oportunidades para todos no processo de educação e na compreensão e assimilação dos conteúdos de conhecimentos sistematizados pela humanidade e na aquisição de habilidades de assimilação e transformação desses conteúdos, no contexto de uma prática social. Contudo, nesse contexto de atuação, o elemento essencial, para que aconteça a supervisão escolar num rumo diferente ao que vem sendo exercitado, é o resgate de sua função diagnóstica, e que essa deixe de ser neutra, pois deve ser interventiva no aspecto de detectar no real o problema e interferir para a solução do mesmo. E para não ser autoritária e conservadora, deverá ser o instrumento do avanço e de identificação de novos rumos. Enfim, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos. Um segundo ponto fundamental a ser levado em consideração como proposta de ação é a conversão como proposta de ação é a conversão de cada um de nós, professor, educador, para esses novos rumos da prática educacional. Diante dessas concepções a dimensão pedagógica se realiza quando equaciona, através de métodos e processos adequados, dentro das coordenadas filosóficas de uma determinada política educacional, todos os problemas práticos do agir educativo: a quem ensinar, quando ensinar, como ensinar e quem vão ensinar. Considerando também, alguns princípios básicos como exigências à sua realização: · A supervisão deve ser proporcionada a todos os membros envolvidos na ação educativa, pois realmente é uma ajuda, as evidências diagnosticadas comprovam onde e quem precisa ser auxiliado, devendo haver a consciência crítica e nítida do seu objetivo profissional, que é o aperfeiçoamento contínuo e progressivo da situação ensino-aprendizagem; · Deve ser derivada de uma situação real e, não imposta. É necessário partir-se das situações problemas encontrados e, através do estudo das causas, descobrirem os meios de ações mais aprovados; · Ser cooperativa, quanto mais a supervisão envolve os elementos que integram o meio educacional do aluno, melhores resultados obterá e fundamentar-se num profundo respeito às diferenças individuais, pois toda uma tradição leva que tais diferenças sejam reconhecidas, embora na prática, não determinem um tratamento diferente aos desiguais. O que muitas vezes ocorre na sala se aula, mas não deve ocorrer no trabalho de supervisão, o fato do atendimento individual possibilita, sem dúvida, condições de o professor também assim atuar em relação aos seus alunos; · Deve sempre enfatizar a necessidade de um clima de estímulo, onde o reconhecimento dos méritos e sacrifícios deva ser iguais ou maiores que o reconhecimento das falhas. É uma questão de habilidade, partir-se do que é válido, correto, digno de elogios, até criar condições para que a análise do que é errado não provoque choques, não dando lugar ao clima emocional negativo que pode bloquear a comunicação; · Deve ser científica, atender sempre às exigências de um procedimento científico: investigação, hipóteses, alternativas claras, experimentação e conclusões devidamente registradas e avaliadas. Usar princípios básicos de cooperação e respeito, levando ao cumprimento os direitos do indivíduo, ser contínua e progressiva, acompanhando sistematicamente de torna-lo cada vez melhor; · Ser avaliada constantemente, pois todo trabalho sério requer planejamento e todo planejamento tem que ser flexível, para que ocorram modificações que devem resultar da sua avaliação, pela avaliação acontecerá a retro alimentação do fluxo das ações básicas, redirecionado e indicando as novas linhas de atuação; · Ser informal, aproveitando todas as oportunidades, ao mesmo tempo, assumir um caráter profissional, evitando interferência na vida particular, sendo concomitantemente, individual e coletiva e ser um trabalho de equipe, onde deve haver adesão de todos os que estão envolvidos. (ALVES, 1988:26) Complementando que, a importância da supervisão bem executada, é a adequação das possíveis oportunidades aos objetivos previstos, na dependência das condições concretas de cada situação específica. Saber exatamente o que se deseja como resultado para selecionar as oportunidades mais adequadas, onde o bom senso determinará, dentro das circunstâncias reais, quais as melhores oportunidades e quais os recursos necessários e disponíveis para cada oportunidade. O supervisor é visto como um dos membros gestores, na gestão da educação que responde aos ditames da contemporaneidade possui o princípio que, segundo PARO(1986:87) “Se fundamenta em objetivos educacionais representativo dos interesses das amplas camadas da população e leva em conta a especificidade do projeto pedagógico escolar, processo esse determinado pelos mesmos objetivos”. Desta forma os objetivos educacionais devem ser formulados dentro do contexto real e dos conhecimentos que derivam das experiências. E ao pensarmos nesta gestão emancipa tória devem haver muitas mudanças nas políticas de formação de profissionais da educação, senão o supervisor não encontrará os subsídios necessários a tomada de consciência e não enfrentará os desafios apontados por quatro orientações básicas: · A orientação epistemológica tem de passar pela revalorização como forma de conhecimento e pela revalorização do caos como dimensão da solidariedade, sendo que a imagem desestabilizadora que gerará energia para esta revalorização é o sofrimento humano concebido como resultado de toda iniciativa humana que converte a solidariedade em forma de ignorância e o colonialismo em forma de saber; · A segunda consiste na hermenêutica diatópica contra os localismos globalizados ou novos imperialismos culturais. É um exercício de reciprocidade que consiste em transformar as premissas da argumentação de uma dada cultura; · A terceira orientação para que haja um equilíbrio dinâmico entre as teorias da separação e as teorias da união, é a política e designa por governo humano. É o projeto normativo que em todo e qualquer contexto indica e restabelece constantemente as várias interfaces entre o específico e o geral, mantendo as fronteiras mentais e espaciais abertas para a entrada e saída, permanecendo em abertas para detectar qualquer versão de pretensão de verdade, enquanto fundamento para o extremismo e para violência; · E a orientação jurídica para o momento de perigo e a preservação do patrimônio comum da humanidade, ou seja, nos campos sociais, físicos ou simbólicos, e que só podem ser geridos no interesse de todos, essa é uma das condições para que haja a comunicação e a cumplicidades entre a parte e o todo pretendido com o objetivo de realizar um maior equilíbrio entre as teorias da separação e as da união. Para Santos (1996: 26) “as teorias sobre o que nos une, propostas pela sociedade de consumo e pela sociedade de informação, assentam na idéia de globalização. As globalizações hegemônicas são de fato, localismos globalizados, os novos imperialismos culturais”. O autor define a globalização hegemônica como um processo pelo qual um determinado fenômeno ou entidade local consegue difundir-se globalmente e, ao faze-lo, adquire a capacidade de designar um fenômeno ou uma entidade permitidas pela globalização hegemônica assentam numa troca desigual que canibaliza as diferenças, em vez de permitir o diálogo entre elas, estão enredadas por silêncios, manipulações e exclusões. E explica “as trocas desiguais entre culturas têm sempre acarretado a morte do conhecimento próprio da cultura subordinada e, portanto, dos grupos sociais seus titulares”. Tais perspectivas estão incutidas nessa concepção sócio-interacionalista da educação atual, e que não tendo seus objetivos definidos claramente pode tornar-se um tipo de educação que monopoliza o saber da forma mais opressora que se pode imaginar. Esse compromisso profissional que se faz necessário na atual conjuntura educacional, também é explicitado por Freire (2000:26) “O discurso da impossibilidade de mudar o mundo é o discurso de quem por diferentes razões, aceitação a acomodação inclusive por lucrar com ela. A acomodação é expressão da desistência da luta pela mudança”. Em síntese, o profissional da educação que não desempenhar sua função de forma a atender plenamente os princípios fundamentais da educação, o fará por ignorância ou por comodismo, muito mais pela aceitação dos problemas considerando-os difíceis de enfrentar, do que pela ignorância, pois nunca se teve tanta oportunidade de conhecimentos como nos dias atuais. O grande desafio do mundo moderno é desenvolver a qualificação e o potencial das pessoas para se obter maior comprometimento com os resultados desejados, criando condições mais favoráveis à inovação e ao aprimoramento tanto pessoal como institucional. A educação e, em especial, a escola não pode fugir a essa regra. Analisar o preparo e a competência do profissional da educação para desempenhar suas funções, assim como identificar suas necessidades de desenvolvimento, é hoje, para o gestor, um dos pontos críticos da gestão escolar. Aferir a qualidade, analisar as variáveis do ambiente organizacional da escola que afetam positiva ou negativamente o desempenho dos professores foram os pontos nela destacados. A qualificação profissional, tanto inicial como continuada, se faz necessária, ela dimensiona a competência requerida para que a escola apresente um serviço de qualidade. Por isso, também a necessidade que o gestor tem de elaborar plano de formação, buscando na própria rotina da escola espaços de formação. Por fim, apresentando a necessidade do gestor de estabelecer um clima de respeito mútuo, sensibilizando os envolvidos no processo educacional para que haja satisfação e prazer no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola. Destacou-se que o gestor, por meio das relações interpessoais, deve valorizar o profissional da educação em sua dimensão humana. Esperamos que este trabalho venha a contribuir para o nosso crescimento pessoal e o da comunidade escolar, dando-lhes oportunidade de desenvolver atitudes e habilidades que contribuam positivamente para a obtenção de resultados que tornará a sua escola uma referência de qualidade, uma escola de sucesso. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desafio que constatamos no desenvolvimento da pesquisa, nos indaga sobre os modos de se construir e desenvolver o convívio democrático na escola para que está desempenhe a função social a que está destinada. E foi desta forma que fomos descobrindo e combinando os temas extraídos de diferentes fontes: livros, pesquisas in loco, artigos e nas atividades desenvolvidas no interior da escola. Percebemos o esforço de alguns profissionais em associar às teorias às suas práticas, incorporando o estudo à realidade de trabalho na medida em que vai aprendendo. Observamos que a construção e o desenvolvimento do convívio democrático na escola é um processo que se realiza a cada dia, com a participação de toda a comunidade interna e externa, e que a coordenação desses trabalhos depende para serem realizadas, do coordenador pedagógico da escola e sua atuação consiste, crítica e participativa. E para que este processo se realize, exige um planejamento seguro de todas as ações, associando-as, incondicionalmente, ao projeto pedagógico, exigindo também o respeito à diversidade cu. Comprovamos que o supervisor atual deve ser líder competente para dar combate, sem tréguas, às diversas formas e dimensões da violência e do antagonismo e a gerir os conflitos existentes no contexto escolar. E que é através das ações propostas pelo profissional da educação que se enfatiza a importância das articulações entre a escola e a comunidade, buscando realizar uma educação participativa que promova a cultura de cooperação. Numa administração democrática, todos os amplos setores envolvidos no processo precisam ser considerados, alunos, funcionários, professores e pessoal técnico pedagógico este último e em especial o supervisor, também são trabalhadores em educação e possui seus interesses ligados a condição da melhoria do ensino e da aprendizagem. Estas são as pessoas encarregadas das atividades fins da educação escolar. São autênticos produtores direitos da educação. Esses fatos colocam a importância do conhecimento diagnóstico do contexto escolar, fundamentação das dimensões pedagógicas e os métodos e técnicas administrativas, mais adequadas à promoção da racionalidade interna e externa. E como é difícil realizar essas tarefas, estamos todos buscando caminhos e procurando modos de responder a esse desafio, que sabemos ser também um compromisso.