Aulas 13 e 14 de Física 13) Chocolate, energia que alimenta As formas de energia Imaginemos algumas coisas e situações bem diferentes: uma barra de chocolate, uma pilha, um litro de álcool, uma rocha à beira de um penhasco e uma ensolarada praia do Nordeste com dunas de areia modeladas pelo vento. O que esses objetos ou lugares têm em comum? Eles podem produzir algum efeito, realizar algum trabalho. Ilustram fontes ou formas de energia. Sempre que alguma coisa pode realizar um trabalho, direta ou indiretamente, por meio de alguma transformação, é porque essa “alguma coisa” tem uma forma de energia. Todas as formas de energia podem ser resumidas em duas: potencial e cinética e todas as transformações de energia são, essencialmente, transformações de energia cinética em potencial e vice-versa. Energia potencial Toda energia que se deve à posição de um corpo é do tipo potencial. É interessante notar que a energia potencial, como a própria palavra indica, é uma energia que pode vir a ser usada, mas, se não for, não se perderá. Por isso costuma-se dizer que energia potencial é uma energia armazenada no corpo. Isso não ocorre com a outra forma de energia, a energia cinética. Por exemplo, uma rocha no alto de um penhasco pode cair, devido a ação da gravidade. Neste caso, essa energia é uma energia potencial gravitacional. Energia cinética O ar parado não realiza trabalho, mas o ar em movimento - o vento - é uma fonte de energia. Foi a energia dos ventos que trouxe as caravelas dos descobridores para o Novo Mundo, há quinhentos anos. As águas paradas de um lago tranquilo também não realizam trabalho, ao contrário da correnteza de um rio ou o vaivém das águas do mar. Mas não só a água e o ar têm energia quando em movimento. Todo corpo em movimento tem energia, uma energia cinética. No entanto, diferentemente da energia potencial, a energia cinética não fica “armazenada” no corpo, ela só pode ser aproveitada, diretamente, enquanto ele se move. Como vimos no estudo da Cinemática, o movimento é um conceito relativo, pois um corpo pode estar em movimento em relação a alguma coisa e parado em relação a outra. O mesmo vale para a energia cinética. Voltemos à rocha no alto do penhasco. Ela está parada; logo, não tem energia. Se ela se desprender e cair, enquanto a altura de queda diminui, sua velocidade aumenta. À medida que a altura vai diminuindo, diminui a energia potencial gravitacional, porque o trabalho que essa rocha pode fazer depende da altura de queda. Se ela estiver no chão, não haverá mais trabalho a realizar, a energia potencial gravitacional da rocha é nula. Por outro lado, como a velocidade da rocha vai aumentando, a sua energia cinética, que lá em cima nem existia, também vai aumentando. Conservação da energia Há, portanto, uma compensação: enquanto energia potencial gravitacional da rocha diminui, sua energia cinética aumenta. O mais importante é que, segundo a Física, a energia total em jogo nesse processo não se perde, apenas se transforma. Essa é uma consequência de um dos seus princípios fundamentais, o Princípio da conservação de energia. A ideia de que a energia sempre se conserva pode nos dar uma falsa impressão: se nada se perde, não há por que nos preocuparmos com a preservação da energia. Essa é uma conclusão errada, porque nem toda forma de energia pode ser aproveitada pelo homem. O que restou do movimento da rocha, por exemplo, foi um enorme ruído e um ligeiro acréscimo na temperatura da rocha e em tudo que foi atingido por ela durante a queda. Em pouco tempo, tudo isso acabou por se transferir ao ambiente. A energia total não se perdeu, é verdade, mas não é mais possível aproveitá-la. Para a natureza, nada se alterou, para nós, seres humanos, há agora menos energia disponível. 14) O trabalho cansa? Se energia é a capacidade de realizar trabalho, mede-se a energia de um corpo pelo trabalho que ele realiza. Mas o que é trabalho? Como se mede o trabalho realizado por um corpo? Conceito de trabalho Para a Física, sem força não há trabalho. Mas só a existência de força ainda não basta; é preciso que ela produza ou atue ao longo de um deslocamento. O trabalho poderá então ser medido pelo produto da força pelo deslocamento: Mas por que essa relação? Por que produto e não soma, por exemplo? Porque são grandezas que se compensam, ou seja, se aumentamos uma podemos diminuir a outra, na mesma proporção. ρρ Na alavanca, uma força menor (f) pode mover um peso maior (P) porque o deslocamento (d) da força menor é maior que o deslocamento (D) do peso. O mesmo ocorre no plano inclinado. É possível elevar por uma altura (D) o caixote de peso (P) fazendo uma força (f ) menor que (P) porque, por intermédio do plano inclinado, a força (f ) atua ao longo de um deslocamento (d) maior que (D). Em ambos os casos é válida a relação: Trabalho de uma força constante Mas, além do produto força pelo deslocamento, aparece a grandeza trigonométrica cos α (cosseno de α, ângulo entre a força e o deslocamento). A definição do trabalho de uma força F, que representamos por τF é, portanto, Exercício: No esquema da figura abaixo, supondo que todas as forças são iguais com valor de 100 N e deslocamento (d) de 5m, determine o trabalho de cada força. Trabalho e energia cinética Agora que já sabemos calcular o trabalho de uma força constante, é possível encontrar uma expressão matemática para a energia cinética. O raciocínio é simples. Suponha que um corpo está em repouso sobre um plano horizontal sem atrito. Como ele está em repouso, não tem energia cinética. Sobre esse corpo passa a atuar uma força constante 𝐹⃗ , paralela ao plano, que o desloca na mesma direção e senti do da força. Depois de um deslocamento d, esse corpo está com uma determinada velocidade v. Adquire, portanto, uma energia cinética, EC . Como só essa força realiza trabalho, essa energia cinética é fruto do trabalho dessa força (há mais duas forças atuando sobre o corpo, o peso e a reação do plano, mas são perpendiculares ao deslocamento e, portanto, não realizam trabalho). Pode-se, então, determinar a energia cinética desse corpo, pelo trabalho realizado por essa força, ou seja: De modo geral, define-se a energia cinética de um corpo de massa m com velocidade v como: Como a energia cinética é igual ao trabalho realizado pela força, a sua unidade de medida deve ser a mesma unidade de trabalho. Vamos supor que o corpo não esteja inicialmente em repouso, ou seja, v0 ≠ 0. Isso significa que, quando a força F foi aplicada, o corpo já tinha uma energia cinética inicial, Einicial. Para saber o trabalho dessa força ao final do deslocamento d, devemos descontar a energia cinética final, E C, dessa energia cinética inicial, Einicial. Nesse caso, o trabalho da força F é igual ao que o corpo ganha a mais de energia cinética, o que pode ser calculado pela variação da energia cinética que ele sofre, ou seja: Representado por ∆EC , que significa variação da energia cinética, a diferença ECfinal - ECinicial, temos: Exercício 1: Um automóvel com massa de 1.200 kg tem velocidade de 144 km/h quando desacelerado e, depois de percorrer um certo trecho, está com velocidade de 36 km/h. Determine: a) a sua energia cinética inicial (ECinicial); b) a sua energia cinética final (ECfinal); c) o trabalho realizado sobre o automóvel; d) se o automóvel percorreu 100 m nesse trecho, qual a intensidade da força resultante que atua sobre ele? Exercício 2: Uma bala com 50 g de massa atinge uma parede a uma velocidade de 400 m/s e nela penetra, horizontalmente, 10 cm. Determine o valor médio da força de resistência exercida pela parede, para frear a bala. Potência Devemos apresentar uma nova grandeza física muito importante nos dias de hoje, pois relaciona o trabalho (τ), realizado por uma máquina, com o intervalo de tempo (∆t) gasto em realizá-lo: a potência (P). Essa grandeza é definida pela expressão: P= 𝜏 ∆t A unidade de potência no SI é o watt (W). Como a potência é uma das grandezas físicas mais utilizadas na nossa vida, é comum encontra-la expressa em múltiplos, submúltiplos ou unidades práticas. Veja algumas relações: Podemos ainda expressar a potência como Exercício 3: Suponha que um automóvel de massa 1.000 kg desenvolve uma potência de 60 cv, quando percorre uma trajetória retilínea com velocidade constante. Se a intensidade da resistência do ar que atua sobre o automóvel é de 1.471 N, qual a sua velocidade? Rendimento Sabemos que há carros que consomem menos combustível do que outros, ou que até o mesmo carro, quando regulado, pode consumir menos. Da mesma forma, uma lâmpada fluorescente ilumina mais que uma lâmpada comum, de mesma potência. Isso vale também para o organismo humano. Há pessoas que engordam, mesmo comendo pouco, e outras que comem muito e não engordam. Em outras palavras, há máquinas que aproveitam melhor o combustível que consomem. Dizemos que essas máquinas têm um rendimento maior. Define-se o rendimento (r) de uma máquina pela razão entre a potência útil (PU), que ela fornece e a potência total, (Pt), que ela consome, ou seja: