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Ensaio Sobre a Motivação Humana nas Organizações - Introdução
Conhecer os processos que mobilizam as pessoas a trabalharem e cooperarem de
maneira entusiástica dentro das organizações é um dos maiores desafios de líderes e
consultores organizacionais. “Quem nunca viu a imagem de um Burro puxando uma
carroça com uma cenoura pendurada a sua frente, presa em uma vara?” O animal
pode achar a carroça pesada, mas a visão da cenoura cria a motivação necessária para
ele continuar a puxá-la.
Existem muitas teorias sobre a motivação que apresentam fórmulas diferentes para
alcançar os mesmos objetivos. Neste trabalho vamos apresentar um conjunto de
idéias, baseadas no condicionamento humano, para criar um contexto no qual as
pessoas possam ser motivadas pela ação de estímulo-resposta automática.
Nossa tese é a de que é possível criar contextos ambientais e comportamentais que
estimulem os melhores recursos e disposição motivadora para realizar tarefas, tanto
nas pessoas quanto nas organizações. De acordo com este pensamento é possível
obter uma resposta positiva do indivíduo, independentemente de uma decisão
consciente dele, através de uma ação de estímulo automático. Mesmo que ele chegue
ao trabalho com algum problema desestimulante, alguns fatores motivacionais
estabelecidos no ambiente de trabalho poderão criar um disparador em seu
comportamento motivacional.
As teorias do Condicionamento Humano
Para entendermos melhor este mecanismo, é necessário conhecer as teses
desenvolvidas por Ivan Pavlov, cientista russo, ganhador do prêmio Nobel de Medicina
e Fisiologia em 1904. E para associar estas ideias ao contexto da motivação dentro das
organizações, nos basearemos também no psicólogo americano B. F. Skinner, um dos
mais importantes psicologos do século XX, que escreveu em 1953, o livro “Ciência e
Comportamento Humano”, um manual básico da sua psicologia comportamentalista.
Pavlov, a partir de seus estudos e de uma experiência clássica, observou que ao
apresentarmos um pedaço de carne a um cão, a visão e o cheiro da carne provocam
salivação no animal. Se tocarmos uma campainha e em seguida mostrarmos a carne,
dando-a ao cão, depois de certo número de vezes, o simples toque da campainha
provocará salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a
carne. A campainha torna-se um sinal de que a carne virá depois. Ao ouvir a
campainha, todo o organismo do animal reagirá como se a carne já estivesse presente,
com salivação, secreção digestiva, motricidade digestiva etc. Um estímulo meramente
sonoro, que nada tem a ver com a alimentação, é capaz de provocar modificações
digestivas no animal.
O Psicólogo Skinner, dos grandes expoentes da psicologia experimental, também
realizou diversos estudos confirmando este comportamento estímulo resposta. Em um
destes estudo, colocou vários pombos numa caixa e passou a alimentá-los em
intervalos fixos, independentes do comportamento do pombo. Ele observou que os
pombos associavam a oferta de comida a algum comportamento que tivessem tido
logo antes de serem alimentados. Notou que um dos pombos passou a mover a cabeça
para um lado e para o outro, enquanto outro dava voltas na gaiola, e assim por diante.
Desse modo, Skinner concluiu que os pombos tinham comportamentos
“supersticiosos”.
A Utilização do condicionamento humano na política e na propaganda
O ditador alemão, Adolf Hitler, principal responsável pela segunda guerra mundial, que
matou milhões de pessoas, também utilizou estes conceitos do condicionamento
humano para motivar milhões de jovens alemães a lutar. O punho levantado, o grito
de “Heil Hitler” e o símbolo da suástica, eram os fatores que condicionavam os
membros do partido nazista a seguirem fielmente o ditador e sua ideias, sacrificando a
própria vida se necessário.
Campanhas publicitárias também utilizam o condicionamento neuro-associativo para
fazer com que as pessoas consumam seus produtos. Antigas propagandas de cigarros,
por exemplo, mostravam pessoas em um contexto de alegria, aventura e bem estar,
relacionando o ato de fumar a estas situações. O objetivo destas propagandas era
associar uma vida de prazer e aventura ao cigarro, pois os fumantes geralmente
associam fumar a prazer.
O condicionamento e as âncoras motivacionais
Os fundadores da PNL- programação Neurolinguistica, Richard Bandler e John Grinder,
em seu livro “Sapos em Príncipes”, (Summus Editorial, 1979), aprofundaram estes
conceitos, e denominaram de “ancoragem” os comportamentos associativos. Neste
sentido, Âncora é uma ação que, automaticamente, desencadeia um comportamento
humano específico. Por exemplo: se um casal no inicio do relacionamento, quando
estão no auge da paixão, ouvirem repetidamente uma música especial, no futuro, se
voltarem a ouvi-la, qualquer um deles se lembrará do relacionamento e da sensação
de paixão que nutriam um pelo outro. Neste caso a música tornou-se uma Âncora para
o casal.
Todos nós temos âncoras que criam condicionamentos e provocam em nós reações
automáticas. Pode ser o gosto de um alimento, uma música, o cheiro de um perfume,
um toque no braço, a visão de uma pessoa, um tom de voz, a sirene de um carro de
polícia, e muitas outras coisas.
Âncoras positivas e âncoras negativas
Em nosso dia a dia e também nas organizações são criadas diversas âncoras, algumas
são úteis e ajudam as pessoas a desenvolverem suas tarefas, outras são prejudiciais e
criam desmotivação e prejudicam o desempenho das pessoas.
 Âncoras negativas – muitas vezes o tom de voz ou mesmo a presença do chefe
ficou ancorado negativamente em seus subordinados fazendo com que a
simples presença ou um chamado seu gere desconforto e desmotivação. Se o
chefe se dirige sempre aos subordinados em tom crítico ou para fazer
cobranças, a tendência é criar âncoras negativas que irão limitar e desmotivar
sua equipe.
 Âncoras positivas - os líderes, ao contrário dos chefes, geralmente tornam-se
âncoras positivas. São pessoas cuja presença, por si só, estimulam as pessoas.
Percebemos isso muitas vezes no esporte, como um determinado jogador que
se torna uma referência para todo o time. Ao entrar em campo, sua presença
irradia confiança e motivação e todos os outros jogadores começam a jogar
melhor. Se por algum motivo este atleta sair do jogo, o time cai de produção e
todos perdem a motivação. Neste caso, esse jogador é uma âncora positiva.
As Âncoras na vida das pessoas e das organizações
Os conceitos aqui apresentados demonstram que tanto as pessoas quantos as
organizações poderão criar Âncoras motivacionais, que possibilitem estados
psicológicos estimulantes.
Cabe às organizações criarem ambientes estimulantes que gerem confiança,
segurança, conforto e entusiasmo em seus colaboradores. É que chamamos de “clima
organizacional”. Ele está relacionado tanto à parte física da empresa com a sua forma
de organização e de liderança. Empresas com liderança democrática e participativa
geralmente conseguem criar ambientes mais estimulantes e motivacionais, ao passo
que empresas que têm pouco respeito pela opinião de seus colaboradores e com
hierarquia muito rígida, com chefes funcionando como verdadeiros “capatazes”,
geram ambiente pouco produtivo.
As pessoas também precisam desenvolver um autoconhecimento, para descobrir quais
fatores são estimulantes e quais são negativos em suas vidas. Muitas vezes as elas
chegam ao trabalho com um aspecto depressivo ou desmotivado por utilizarem uma
serie de âncoras negativas ao sair de casa. Geralmente ficam falando para si mesmas
que as coisas estão ruins, que tudo está difícil, que não gostam do emprego, etc. Criam
um contexto de desmotivação, o que gera um ciclo vicioso. Como são desmotivadas
não conseguem produzir no trabalho e por isso não são reconhecidas nem
promovidas. Assim ficam mais desmotivadas, realimentando o ciclo vicioso.
Como utilizar as âncoras para melhorar a motivação de pessoas e organizações
Como já vimos, é preciso criar âncoras positivas e estimulantes para fazer com que os
profissionais e as organizações possam utilizar todos os recursos do seu potencial
humano.
O profissional precisa construir uma série de âncoras positivas desde a hora que
acorda para que, durante o desempenho de suas funções, se mantenha sempre no
melhor de seu estado de espírito, mesmo diante de situações difíceis. É como um time
esportivo que, na medida em que se mantém motivado, consegue manter o nível do
jogo mesmo quando está perdendo. Assim suas chances de reverter o placar são
sempre boas.
As organizações também precisam construir uma série de âncoras positivas para fazer
com que seus colaboradores mantenham um alto nível de desempenho desde a hora
que chegam ao trabalho até o final do expediente.
Estas âncoras podem estar relacionadas à forma de organização, ao modelo de
liderança e ao ambiente físico do trabalho. O importante é que a organização crie
estratégias motivacionais baseadas em âncoras positivas que mantenham seus
funcionários permanentemente motivados e estimulados.
No próximo artigo apresentaremos os principais mecanismos e as formas de criar
âncoras positivas e destruir âncoras negativas dentro das organizações e na vida
profissional. Aguardamos você leitor na continuidade desta matéria.
Ari Lima
Mais informação acesse: www.arilima.com
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31 8813 5871
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