ROSANA APARECIDA BARIZÃO ROSANA APARECIDA BARIZÃO

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Especialização em Gestão Pública
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
ROSANA APARECIDA BARIZÃO
GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS
USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA
Maringá
2011
ROSANA APARECIDA BARIZÃO
GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS
USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA
Trabalho de Conclusão de Curso do Programa
Nacional de Formação em Administração Pública,
apresentado como requisito parcial para obtenção
do título de especialista em Gestão Pública, do
Departamento de Administração da Universidade
Estadual de Maringá.
Orientador: Profª. Edna Mitiko Ota.
Maringá
2011
ROSANA APARECIDA BARIZÃO
GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS
USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA
Trabalho de Conclusão de Curso do Programa
Nacional de Formação em Administração Pública,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de especialista em Gestão
Pública, do Departamento de Administração da
Universidade Estadual de Maringá, sob
apreciação da seguinte banca examinadora:
Aprovado em ___/___/2011
Professora Edna Mitiko Ota, Msc. (orientadora)
Assinatura
Professora Katia Abbas, Dra.
Assinatura
Professora Keiko Shinzaki,Msc.
Assinatura
Maringá
2011
1Rosana
Aparecida Barizão
GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA.
RESUMO
O presente artigo trata-se de uma pesquisa de campo, que tem por objetivo realizar
um levantamento teórico e prático referente às problemáticas no Programa Saúde
da Família. Assim, realizamos uma pesquisa teórica abordando o desenvolvimento
da saúde pública no Brasil, a implementação do Programa Saúde da Família e as
problemáticas que este programa apresenta nos atendimentos diários. O Programa
Saúde da Família tem como principal objetivo reorganizar a gestão em saúde, sendo
a porta de entrada para as questões de saúde, através do vinculo com a população
adscrita ao programa. Com o objetivo de identificar se existem problemáticas na
implementação e gestão do Programa Saúde da Família, realizamos uma pesquisa
de campo com 8 Equipes do município de Cruzeiro do Oeste, com 50 profissionais e
50 usuários dos PSF. A partir da pesquisa, concluímos que a população procura a
equipe de saúde sempre que precisa de atendimento, porém existem alguns pontos
que precisam ser revistos, principalmente referente à estrutura física das unidades e
do atendimento prestados a estas.
Palavras-chave: Gestão em Saúde, Programa Saúde da Família;
1
Bacharel em Ciências Contábeis pela Fafipa - Fundação Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de
Paranavaí.
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................05
2. Revisão da Literatura ..........................................................................................07
2.1 Saúde Pública......................................................................................................07
2.2 Atenção Primária de Saúde: Programa Saúde da Família..................................10
2.3 Problemáticas na Implementação do Programa Saúde da Família.....................14
3. Resultados............................................................................................................15
4. Conclusão.............................................................................................................20
5. Referências ..........................................................................................................23
5
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo refere-se a uma pesquisa de campo, realizada durante o
curso de Especialização em Gestão Pública, pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM), na modalidade de Educação à Distância, no pólo da Universidade Aberta do
Brasil (UAB) de Cruzeiro do Oeste. Para tanto optamos em realizar uma pesquisa na
área
de
Atendimento
e
Satisfação
em
Serviços
Públicos,
sendo
mais
especificamente voltados para os serviços prestados pela Saúde Pública, com a
temática: Gestão em Saúde: Avaliação de Satisfação dos Usuários do Programa
Saúde da Família.
Esta pesquisa tem por objetivo Identificar os problemas existentes nas
unidades do Programa Saúde da Família, do município de Cruzeiro do Oeste,
através do levantamento de dados da equipe do programa saúde da família como:
resolutividade, tempo de espera, qualidade de atendimento dos profissionais,
encaminhamento para especialistas. Através da coleta de dados, esperamos ser
possível: conhecer os problemas de estrutura física das unidades do programa
saúde da família, perceber as vivências e experiências de profissionais e usuários
do Programa Saúde da Família, investigar se os usuários do PSF estão satisfeitos
com os atendimentos prestados nas unidades, e contribuir para o planejamento das
ações no Programa Saúde da Família.
Ao pensar em um estudo sobre os serviços públicos na área da saúde, se
torna essencial pensarmos nos profissionais que atuam nessa área, bem como nos
usuários que se beneficiam do sistema de saúde pública em nosso país. Mas
especificamente esse estudo está voltado para as práticas do Programa Saúde da
Família, que em seus princípios apontam a integralidade no atendimento, através de
ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde de forma continua
O Programa Saúde da Família, em sua essência prevê avaliações
programadas da equipe que devem ser monitoradas para receberem os incentivos
financeiros. Espera-se que com a implantação desta modalidade de gestão, que
efetivamente
aconteça
a
eficácia
nos
atendimentos
prestados,
gerando
resolutividade para o usuário, de forma que ele se sinta atendido em suas
necessidades, orientado e acompanhado pela equipe de saúde da sua área de
abrangência. Dessa forma, esse estudo se justifica, pela necessidade de termos
6
ações de mensuração do grau de satisfação dos usuários das unidades dos
Programas Saúde da Família.
Segundo Marconi e Lakatos (1991) a pesquisa é um procedimento formal
com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e
constitui o caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
Diante do exposto se torna fundamental a definição da metodologia a ser utilizada,
para que todos os procedimentos necessários sejam realizados de forma a garantir
o alcance do objetivo proposto.
Desta forma em um primeiro momento, realizamos uma pesquisa
bibliográfica para construção do embasamento teórico sobre os serviços públicos
prestados nos Programas Saúde da Família.
Para a construção desse conhecimento é necessário considerar a
articulação entre a teoria e a realidade empírica. Deslandes apud Minayo (1998)
propõe uma metodologia qualitativa para identificar os problemas, buscando
conhecer o dia-a-dia do serviço ou da ação de saúde, e defende que nada substitui
a experiência que o pesquisador adquire quando tem a oportunidade de observar os
atores sociais envolvidos, os seus relacionamentos, bem como os problemas
vivenciados por eles. Em conformidade com essa idéia optamos pela abordagem
qualitativa dos dados, que proporcionará um estudo exploratório.
Para o estudo, utilizamos a amostra intencional, pois segundo Barros (1990)
trata-se de uma estratégia onde os elementos da amostra são escolhidos, de forma
intencional com características estabelecidas, neste caso, usuários e funcionários do
Programa Saúde da Família. Porém os sujeitos da pesquisa foram selecionados de
maneira aleatória, e esclarecidos que não são obrigados a participar da pesquisa,
como assim sugere a autora Minayo (1998) em sua obra.
As entrevistas com relação à problemática em questão foram realizadas
através da modalidade de entrevistas semi-estruturadas. Esse tipo de entrevista é
definida por Haguette apud Barros (1990) como um processo de interação social
entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção
de informações por parte do outro, o entrevistado.
Assim, os sujeitos para esse estudo foram os profissionais e usuários dos
Programas Saúde da Família, do município de Cruzeiro do Oeste/PR. A entrevista
semi-estruturada respondeu aos objetivos do estudo por permitir a expressão livre
das idéias. A análise dos dados ocorrerá com a transcrição das entrevistas, o
7
destacamento de pontos das respostas relevantes, para assim entender as relações
entre os dados obtidos e os estudos teóricos sobre o problema. Esperamos, que o
presente estudo contribua para a melhoria dos serviços prestados nos referidos
programas saúde da família.
2. REVISAO DA LITERATURA
2.1 Saúde Pública
Em um primeiro momento, precisamos entender o processo de constituição
da Saúde Pública no Brasil. Segundo Kahhle (2003) a saúde em um primeiro
momento esteve ligada à religião e ao trabalho, onde o sujeito era visto em seu todo,
sem fragmentos, cabendo aos sacerdotes o cuidado do homem doente. Porém essa
visão holística do homem não perdurou muito, e logo se desenvolveu uma
perspectiva deste ser como fragmentado entre corpo e mente, ficando a cargo da
ciência o estudo do corpo, e da teologia e filosofia os transtornos da mente.
Em relação à inserção da saúde no contexto público, a autora citada acima
aponta, que isso ocorre em meados do século XVIII, a partir do desenvolvimento da
medicina moderna, que exige que o poder público invista na saúde e na análise
social das doenças, olhando para o homem biologicamente, ou seja, a doença agora
era vista somente em relação ao corpo humano. Isso também ocorre, por que nesta
época era visível um grande número de epidemias e doenças infecto-contagiosas,
levando muitas pessoas à morte.
Para Foucalt (1979) foi exatamente nesta época, final do século XVIII, que
surge a intenção de formular um hospital, para que este sirva como instrumento
terapêutico, uma vez que até então os hospitais tinham a finalidade de dar
assistência aos pobres, agindo como forma de separação e exclusão do doente para
proteger a população de um possível contágio.
Assim, a construção da terminologia saúde se constitui por um longo
percurso histórico, que não iremos contemplar neste estudo, mas como exemplo,
podemos citar, os encontros internacionais de saúde pública em 1902, a Declaração
dos Direitos do Homem, a criação da Organização das Nações Unidas em 1946, em
1947 a criação da Organização Mundial da Saúde, sendo esta última, que redefine o
8
conceito de saúde, como ausência de doença e completo bem estar físico e mental
(KAHHALE, 2003).
Kahhale (2003) considera o conceito de saúde, utópico e estático,
entendendo como difícil para uma pessoa estar por um longo período de tempo em
um completo bem-estar físico, negando a dinâmica da vida humana. Assim, percebe
o homem como um ser construído sócio-historicamente, em constante contradição
entre seu corpo e psiquismo, desta forma ela entende que “saúde é um processo
dinâmico, ativo e de busca de equilíbrio, não sendo possível falar em saúde plena
[...] saúde é a busca constante de equilíbrio do homem como um todo, inserido no
tempo e no espaço, produzida socialmente” (KAHHLE, P.166, 2003).
Dentro dessa perspectiva, em meados da década de 70, se começa a
pensar em saúde pública como coletiva, envolvendo além de um dinamismo por
parte dos profissionais e pacientes, uma busca constante em ir além de curar e
restabelecer a saúde, mas promovê-la e preveni-la. Essas questões ficam explícitas
e são garantidas na Constituição Federal de 1988, com a criação do SUS.
(KAHHLE, 2003).
Entre os anos de 1988 e 1990, foram criadas as diretrizes que deram origem
a criação e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir dos princípios de
universalidade,
equidade,
integralidade,
hierarquização,
regionalização,
descentralização e controle social (BRASIL, 2007).
Segundo Andrade (2007), somente a partir da Constituição Federal de 1988
e através da implantação do SUS (Sistema Único de Saúde), se tornou possível no
Brasil, a Saúde Pública ser pensada e efetivada, e o indivíduo ser entendido como
um ser biopsicossocial.
Andrade (2007), ressalta que é a partir da criação do SUS, que se observa
mais claramente que as construções de políticas públicas sempre foram impostas
por uma minoria, ou seja, pelas grandes potências do Brasil, porém o SUS, surge
indo contra essa vertente, estabelecendo que os objetivos e metas do trabalho
devem ser dirigidas conforme as condições locais, sendo construída com a
população. Porém, mesmo com a criação desta política, observa-se que os cidadãos
não se sentem como livres e nem com direitos iguais para opinar e exigir que tal
política seja colocada em prática.
9
O SUS estabelece em seus princípios doutrinários: Universalidade (direito
de todos aos serviços), Equidade (de acordo com suas necessidades) e
Integralidade (o homem como um ser integral biopsicossocial e atenção
voltada para as dimensões de promoção, prevenção e recuperação.
(ANDRADE, p. 2, 2007).
Olhando essa questão mais profundamente, a autora citada acima, aponta,
que infelizmente a criação de programas e políticas ainda são estabelecidas a partir
de indicadores sociais selecionados, que na maioria das vezes mostram uma
realidade geral da população, sem se ater às necessidades específicas de cada
município, de acordo com a cultura estabelecida por aquela população.
Porém a implementação efetiva da Saúde Coletiva, assim como a garantia
dos princípios do SUS, ainda são difíceis de atingir e exigem muitas discussões,
principalmente devida a fragmentação da cientificidade no mundo contemporâneo e
capitalista que vivemos.
Desta forma, surge a idéia de realizar um trabalho
interdisciplinar dentro do SUS, com a finalidade de que efetivamente aconteça um
atendimento integral para o usuário do serviço público de saúde (KAHHE, 2003).
Koga (2005) ressalta que dentro da saúde pública é fundamental um novo
olhar sistematizado, abrangendo as informações necessárias para a construção de
uma política territorizada efetiva. Os dados coletados para essa construção devem
demonstrar todos os aspectos da presente comunidade, uma vez que é a partir
destes que se pode conhecer a complexidade de cada território e assim elaborar
diagnósticos e avaliação constantes de indicadores socais em determinada região.
Para essa autora, a simples implementação de programas do governo
federal ou estadual, a nível municipal, sem uma adaptação ou reconstrução deste
programa de acordo com os parâmetros de cada localidade, gera somente repulsa e
a inefetividade dos programas.
Atualmente, já é trabalhada a questão da descentralização de políticas
públicas, o que permite que uma política seja criada a partir dos indicadores sociais
de uma localidade. O SUS, já é uma das repostas a essa real necessidade de
descentralização, porém como apontado por Dimenstein (2006) é necessário um
trabalho com a gestão, para que aconteça a real aplicabilidade dos conceitos desse
Sistema de Saúde. Entende-se portanto uma necessidade de colocar em prática
conceitos já existentes em nossa legislação, entre tais, a territorização como base
para criação e implementação de programas sociais.
10
2.2 Atenção Primária de Saúde: Programa Saúde da Família
Como apontado acima, a construção do SUS, foi uma das formas viáveis de
melhorar a Saúde Pública no Brasil, porém para sua implementação ainda são
necessárias transformações estruturais que estão acontecendo paulatinamente.
Para Brasil (2007) dentro desta realidade, e pensando na necessidade de alteração
do modelo “médico-hospitalcêntricos” existentes até o momento, foi necessário
elaborar e traçar estratégias para obter um avanço nos indicadores de saúde da
população. Assim a Atenção Primária em Saúde (APS) vem de encontro com tais
objetivos, se tornando um elemento chave para a constituição de sistemas nacionais
de saúde, viabilizando a universalidade benéfica da saúde para a população.
Inicialmente, segundo Brasil (2007) a terminologia Atenção Primária, surgiu
na Conferência de Alma Ata no ano de 1978, onde foi proposto como desafio “Saúde
para todos no ano 2000”, tendo como definição para Atenção Primária
uma atenção à saúde essencial, baseada em métodos e tecnologias
práticas, cientificamente comprovadas e socialmente aceitáveis, cujo
acesso seja garantido a todas as pessoas e famílias da comunidade
mediante sua plena participação, a um custo que a comunidade e o país
possam suportar, e em todas as etapas de seu desenvolvimento, com
espírito de auto-responsabilidade e auto-determinação [...] Representa o
primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o
sistema de saúde, levando à saúde o mais próximo possível de onde
residem e trabalham as pessoas, constituindo o primeiro elemento de um
processo permanente de assistência sanitária (BRASIL, p. 17, 2007)
A partir da citação acima, fica claro que há muito tempo já é discutido as
questões da Atenção Primária à Saúde (APS), o que levou a divergências de
interpretações da mesma, bem como diferentes terminologias para representá-la,
como fica visível tanto a nível internacional como nacional. Pensando na esfera
nacional, percebe-se que a APS passou por diferentes interpretações, logo na
primeira metade da década de 80, foi vista como uma “medicina simplificada” para
os pobres deixando de lado o caráter de reorientar os serviços da saúde, isso deu
origem a terminologia de Atenção Básica (AB). Ressalta-se que o Ministério de
Saúde adotou tal nomenclatura para definir APS, tendo como estratégia de
implementação o Programa Saúde da Família. (BRASIL, 2007).
11
Segundo Bertussi et. al (2001), a criação do SUS, possibilitou através das
novas diretrizes, que os governos municipais se responsabilizassem pela Atenção
em Saúde no nível municipal, para tanto, exigiu-se uma reorganização do sistema
de saúde, começando pela implementação da Atenção Primária em Saúde (APS).
Para tanto, se tornou necessário repensar a implementação do sistema de
saúde, através de uma rede horizontal interligada por pontos de atendimento de
atenção à saúde. Assim a APS, é vista, como uma maneira de reorganizar o
atendimento à saúde, através de um trabalho integrativo dos serviços prestados,
visando dois focos, obter melhora na saúde da população e equilibrar a distribuição
de recursos. Assim a APS deve ser a porta de entrada do usuário no serviço de
saúde, e o primeiro recurso utilizado para resolver os problemas mais freqüentes em
fases iniciais. A APS se torna viável para o SUS, por apresentar uma resolutividade
de 85% dos problemas de saúde, através da integração dos cuidados quando existe
mais de uma patologia e influenciando os pacientes a respostas saudáveis aos seus
problemas, a partir do estabelecimento de vínculos com determinada população
(BRASIL, 2007).
Uma das alternativas para alcançar o objetivo da APS, foi organizar o SUS
através de uma rede de UBS (Unidade Básica de Saúde), visando a partir dos
pressupostos da APS, que a população fosse atendida em territórios, de forma
universal, equânime e integral, ou seja, um atendimento completo a todo sujeito.
Outra responsabilidade das UBS seria atender grupos considerados prioritários,
como gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos, crianças com menos de 1 ano,
além de fazer a vigilância em saúde e manter relações inter-setoriais com as
organizações existentes na comunidade. Dentro de tal perspectiva, cada UBS
deveria atender as necessidades da população adscrita a ela, ou seja, a UBS seria a
porta de entrada do paciente no SUS, em síntese, a APS seria realizada dentro das
UBS (BERTUSSI et. al, 2001).
Segundo o autor citado acima, uma outra forma de se efetivar a APS, é o
Programa Saúde da Família, que surge dentro das UBS, com o objetivo de
reorientar os serviços de saúde, pensando no relacionamento da população com a
saúde.
Para Bellusci (2003), o Programa Saúde da Família (PSF), foi criado em
virtude da efetiva implementação dos princípios SUS, visando a complementaridade
ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Assim o PSF surgiu com
12
o objetivo de não ser mais um modismo nos patamares políticos, mas ao contrário,
ser uma real estratégia, visando organizar a Atenção Primária e reorganizar os
outros níveis de atenção à população.
Germano et. al (2005) ressalta que a saúde pública no país vem passando
por reformulações significativas, e uma dessas reformulações é o Programa Saúde
da Família, que seguindo os princípios e diretrizes do SUS é uma proposta que
busca diminuir a trajetória do paciente que busca atendimento em saúde.
O objetivo central do Programa Saúde da Família, é zelar pela comunidade a
ele adstrita, tendo como princípios: “Impacto; Orientação por problemas;
Intersetoralidade; Planejamento e Programação Local; Hierarquização; Primeiro
Contato;
Longetudinalidade;
Integralidade;
Adstrição;
Co-responsabilidade;
Humanização; Heterogeneidade; Realidade” (BELLUSCI, p. 20, 2003). Em síntese, o
PSF busca implementar uma ação inserida no contexto familiar e na sociedade,
visando acima de tudo à prevenção e a promoção da saúde para a comunidade que
é adstrita, através de um atendimento humanizado e cordial, com custo financeiro
reduzido.
Soares (2005) lembra que a normatização do Programa Saúde da Família,
diz que a equipe mínima de trabalho deve ser composta por, médico, enfermeiro,
auxiliar de enfermagem e agentes comunitários, através de um trabalho
interdisciplinar e inter-setorial.
Porém Germano et. al (2005) coloca que são nesses profissionais que
investimentos precisam ser feitos, é preciso que se invista nos recursos humanos
para que a equipe se sinta mais preparada e capacitada para trabalhar nas
unidades, onde estas são a porta de entrada do paciente para a saúde.
A autora citada acima, aponta que o PSF caracteriza-se por ter uma nova
visão de trabalho, que não a doença, o indivíduo, o médico, mas um olhar mais
abrangente, envolvendo desde a família, a equipe, até o contexto onde o indivíduo
está inserido. Para Carvalho et. al (2001), a equipe do PSF deve se responsabilizar
no máximo por 4.500 pessoas, assim, os vínculos serão melhores estabelecidos, e a
identificação e o atendimento dos pacientes acontecerão de forma mais eficaz.
Alves (2004) ainda coloca alguns objetivos do PSF:
a) humanização das práticas de saúde por meio do estabelecimento de um
vínculo entre os profissionais e a população; b) a democratização do
conhecimento do processo saúde-doença e da produção social da saúde; c)
13
o desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer a
saúde como direito; d) a estimulação da organização da comunidade para o
efeito exercício do controle social (ALVES, p. 49, 2004).
Ressaltando dados históricos, Brasil (2007) diz que no ano de 2003,
aconteceu na Bahia, um Seminário da CONASS (Conselho Nacional de Secretário
da Saúde) para a Construção de Consensos sobre a APS. Nesse seminário foi
proposto que o Programa Saúde da Família (PSF), fosse pensado como uma
estratégia para desenvolver a APS no SUS, através da articulação e integração dos
gestores e equipes do PSF. Ficando claro neste momento que a APS deve ser vista
como uma estratégia para reorientar o modelo assistencial até então existente.
Já em 2004, Brasil (2007) aponta que o CONASS lança um novo documento
o PNPS (Plano Nacional de Promoção de Saúde), que em um dos seus eixos,
aponta a Atenção Básica, como “um conjunto de ações de saúde no âmbito
individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação e manutenção da saúde” (BRASIL, p.
22, 2008), sendo que tais ações devem ser desenvolvidas a partir de um trabalho
integrado e em equipe, através de práticas gerencias, sanitárias e democráticas,
tendo como perspectiva, a dinâmica existente em cada território, ou seja, o PNPS,
propõe que Atenção Básica, seja o contato preferencial dos usuários com o sistema
de saúde, vendo cada indivíduo como ser único, complexo e integral, promovendo
saúde e prevenindo doenças de modo saudável. Ainda como parâmetros da
Atenção Básica, é de extrema importância, que esta possibilite o acesso universal
aos serviços de saúde, desenvolva vínculos afetivos com a população, valorize o
trabalho da equipe de saúde, realize avaliação contínua dos trabalhos e estimule a
população a participar do controle social, para tanto, como já citado, é utilizado o
Programa Saúde da Família, também conhecido como Estratégia Saúde da Família
(ESF).
É válido ressaltar que terminologia ESF está sendo utilizada, devido a
necessidade de se pensar em uma nova estratégia de atendimento e que o PSF não
venha a ser somente mais um programa, mas uma estratégia de atender
efetivamente os usuários do SUS.
Após entendermos um pouco sobre a implementação do Programa Saúde
da Família, realizaremos uma discussão, apontando os resultados da Pesquisa
realizada neste artigo.
14
2.3 Problemáticas na Implementação do Programa Saúde da Família
Como apontado acima, o Programa Saúde da Família, permite uma
reorganização efetiva do Sistema de Saúde vigente, onde a população pode ser
atendida em todos os seus contextos, prevenindo doenças, promovendo saúde e
também diminuindo os recursos financeiros destinados a saúde.
Pietroluongo e Resende (1981) ressaltam que o atendimento a família, deve
estar atento a todo o contexto familiar, ter uma escuta diferenciada, ampliando o
olhar para entender e ver que os pontos de vista são diferentes, e assim a partir do
princípio da empatia, colocar-se no lugar daquela família, ampliando o leque de
análises, observando todo o mundo subjetivo que a família está imersa, para ter
possibilidades de propor um atendimento interdisciplinar de qualidade e eficaz.
Porém, a realidade dos profissionais que atuam nas Unidades de PSF, não
se torna fácil à execução dos objetivos propostos no programa. Nogueira e Mioto
(2011) realizam críticas ao incentivo financeiro repassado ao referido programa,
apontado que através deste incentivo, os gestores estaduais e municipais perderam
a autonomia na programação das ações de saúde, de acordo com a demanda de
cada território.
Os autores citados acima ressaltam que o PSF demonstra incapacidade na
resolutividade das questões em saúde, principalmente, devido ao grande número de
profissionais despreparados para intervir nesse modelo de atenção em saúde.
Araujo e Lima (2009) apontam a necessidade do Ministério da Saúde em
rever a estruturação do Programa Saúde da Família, bem como capacitar e reciclar
os profissionais, para que os objetivos do programa sejam alcançados. Ressalta-se
ainda, que muitos profissionais não têm o perfil para exercerem suas atividades
laborais nesse programa, e que muitas vezes a gestão local se torna ineficiente para
perceber as peculiaridades de seu território.
Segundo Rocha (2003), no ano de 1999, o Ministério da Saúde, com o
objetivo de perceber como estava a implementação do Programa Saúde da Família,
realizou uma avaliação, através de uma pesquisa em 24 estados, onde “os gestores
estaduais apontaram como principais limitações na operacionalização do PSF: a
15
formação inadequada dos profissionais; a falta de entendimento dos gestores
sobre a proposta e a escassez de recursos financeiros” (ROCHA, p.11, 2003).
Em outro momento, Rocha (2003), aponta que em seu trabalho, algumas
dificuldades encontradas no Programa Saúde da Família:
Entre as dificuldades de execução do programa, foram destacadas a falta
de perfil adequado do profissional médico e a dificuldade de trabalhar em
equipe. Além de outras, não menos importantes como: a rotatividade dos
profissionais por questões financeiras, o descrédito cultural no funcionário
público e o desconhecimento de orientações específicas para edificar e
equipar as unidades de saúde. Houve críticas a postura “soberana,” não
aberta ao diálogo do profissional médico, dificultando o trabalho em equipe.
(ROCHA, p. 32, 2003)
Cotta et. al (2006) realizou um estudo no estado de Minas Gerais, referente
ao Programa Saúde da Família, onde os resultados apontaram para algumas
problemáticas no relacionamento interno entre a equipe do PSF, e após uma
pesquisa com os profissionais, obtiveram como respostas as principais dificuldades
enfrentadas pelos profissionais no seu trabalho diário, sendo elas:
Falta de transporte; Falta de infra-estrutura; Falta de equipamentos; Falta de
médicos especialistas; Falta de medicamentos; Falta de apoio dos órgãos
responsáveis pelo PSF; Falta de repasse de verbas da Prefeitura; Falta de
vontade política; Aplicação indevida de verbas; Falta de mais profissionais;
Falta de capacitação dos agentes comunitários de saúde (ACS) para aferir
pressão arterial da população (Cotta et al. p. 14, 2006)
A partir do exposto, percebe-se que existe pouco material em nossa
literatura, apontando as dificuldades enfrentadas pelos PSF, o que dificulta o
processo de monitoramento e avaliação, que deveria ser realizado continuamente,
com o objetivo de adequar o programas as realidades territoriais de abrangência do
mesmo.
3. RESULTADOS
A partir da revisão da literatura e de pesquisas nas Unidades do Programa
Saúde da Família (PSF) do município de Cruzeiro do Oeste, esse estudo teve como
objetivo, identificar os problemas existentes nas unidades do Programa Saúde da
Família, do referido município. Em um primeiro momento, entramos em contato com
16
a Secretaria de Saúde, esta apontou que atualmente existem 8 Equipes de Saúde
da Família, porém estas estão subdivididas em 3 Unidades (espaço físico).
Ressaltou, que para dar suporte a estas equipes, o município conta com 1 equipe do
Núcleo de Apoio a Saúde da Família, composta por profissionais da área de
psicologia, fisioterapia, ginecologia entre outros.
A pesquisa foi realizada com 50 usuários do Programa Saúde da Família, e
50 profissionais, sendo eles médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliar de dentista,
técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Com o objetivo de não
expor nenhuma Equipe do PSF, e como os questionários aplicados foram os mesmo
em todas as equipes, optamos, por abordar os resultados como um todo.
Em um primeiro momento, analisaremos as questões realizadas com os
profissionais que atuam no Programa Saúde da Família do referido município, onde
realizamos 09 perguntas. Quando questionados se o PSF tem profissionais
suficientes para atender demanda dos usuários do SUS, 64 % apontaram que sim,
enquanto 36% que não. Referente à resolutividade das questões de saúde pelo
PSF, 88%, disseram que sim, apontado que o programa consegue resolver às
questões ligadas a atenção primária em saúde, e 12% que não percebem esta
questão no programa.
Já sobre o preparo dos profissionais para de saúde para atender esse novo
modelo de gestão, 74% dos funcionários disseram que sim, enquanto 26% que não.
Um outro questionamento, refere-se a estrutura física das Unidades do PSF, 52 %
dos profissionais apontam ser adequado, enquanto 48%, diz não ser suficiente para
os atendimentos do programa.
Porém, em um questionamento em que permitia os profissionais citarem o
que precisava ser adequado na estrutura física, 2% não opinou, apenas 18% disse
que não era necessária adequação na unidade, enquanto 80% relataram serem
necessárias mudanças. Destes 80%, as adequações citadas foram: Construção de
uma Unidade (estrutura física) para cada Equipe do Programa Saúde da Família,
uma vez que atualmente são 8 Equipes, alocadas em 3 unidades; Reformas nas
unidades, com salas maiores, acessibilidade para deficientes físicos, espaço próprio
e adequado para reunião; Necessidade de materiais de trabalho, como mesa,
balança, bolsa, fita métrica, uniforme, filtro solar, equipamentos, aparelhos para
exames; Necessidade de um carro para cada equipe; e alguns profissionais
apontaram problemáticas de questões organizacionais, como: ser realizados
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trabalhos de prevenção com as famílias, necessidade de funcionários e
treinamentos para este.
Percebemos nessa questão e em outras durante a entrevista, que quando
realizamos perguntas que permitiam expressar-se, os profissionais ficam mais livres
e apontavam mais facilmente o que percebiam como problemático na unidade,
sendo estas parecida com o que os autores Cotta et. al.(2006) apontou em seu
estudo no estado de Minas Gerais, onde os profissionais realizaram apontamentos,
referentes a estrutura física das unidades e condições de trabalho, sendo
necessária capacitações dos profissionais que atuam nas unidades.
Em um outro momento, perguntamos quais são os principais problemas
existentes na unidade do Programa Saúde da Família, onde 4 % dos profissionais
preferiam não opinar, 18% consideram que não existem problemas e 74% apontam
algumas problemáticas, entre elas: Insuficiência de funcionários; ausência de
profissionais capacitados; aceitação e aderência da população do trabalho prestado
pelas equipes do PSF; falta de material e equipamentos para procedimentos diários;
construção de unidades nos bairros; necessidade de veiculo, medicamentos e
médicos; problemas no encaminhamento para médicos especialistas; e no
atendimento com os usuários.
Após,
questionamos,
se
os
profissionais,
conseguem
realizar
encaminhamentos para médicos especialistas, e 74% dos entrevistados consideram
ser possível realizar os encaminhamentos, 12% apontam que não, e 14% dizem que
às vezes. Referente aos atendimentos prestados nas unidades, perguntamos aos
profissionais o que precisa ser mudado, onde 6% não opinou, 18% dos
entrevistados relataram que os atendimentos estão bom, e não precisam de
mudança, e 76%, relataram ser necessárias algumas mudanças, entre elas:
humanização e respeito com os pacientes; resolutividade nos encaminhamentos
realizados;
maior
atenção
médica;
profissionais
capacitados;
agilidade
no
atendimento e na liberação de exames; prestar mais informações; distinguir o que é
emergência;
necessidade
de
médicos
especialistas;
comprometimento
da
população; transporte; adequações no hospital. Nesta questão, percebemos a
dificuldade dos profissionais em avaliar as mudanças necessárias nos atendimentos
realizados.
Encerrando a entrevista, solicitamos aos profissionais que dentro de um
contexto geral, apontassem o que percebiam que precisa ser mudado ou melhorado
18
na unidade do Programa Saúde da Família de seu bairro. Dos profissionais
entrevistados, 20% consideram que o Programa esta bom e nada precisa ser
alterado, enquanto 80% relataram algumas mudanças necessárias: Capacitação dos
funcionários; providenciar atendimento de médico especialista conforme demanda;
agilidade no atendimento das especialidade e exames; humanização do profissional
e compromisso com a população; aderência da população; disponibilidade de uma
unidade maior e de materiais para o trabalho diário, como uniforme, crachá;
melhores condições de salários e mais profissionais; mais medicamentos e
atendimento médico diário; disponibilização de veiculo para equipe e pacientes; mais
visitas da equipe as famílias do programa; e maior investimento em educação em
saúde.
Agora, analisaremos as entrevistas realizadas com 50 pacientes, atendidos
pelas 8 Equipes do Programa Saúde da Família do município de Cruzeiro do Oeste,
para tanto realizamos 12 questões. Primeiramente questionamos se os pacientes
estão procurando atendimento no PSF, onde 94% respondeu que sim e somente 6%
não tem procurado atendimento. Porém, dos entrevistados 70% apontou ter sido
atendido no que procurava no programa, enquanto 30% relatou que não. Referente,
se a quantidade de profissionais no PSF são suficientes para atender a demanda
dos usuários do SUS, 42% dos pacientes entrevistados apontou que sim, e por outro
lado, 58% ressalta que não são suficientes os profissionais.
Em um outro momento, questionamos aos pacientes, se estes consideravam
o espaço físico das unidades dos Programas Saúde da Família adequados e/ou
suficiente para os atendimentos, onde 68% disse que sim e 32% que não. Porém, ao
perguntamos o que precisava ser adequado nas unidades, somente 14% relatou que
não eram necessárias mudanças, enquanto 72% solicitaram mudanças, sugerindo a
necessidade de: consultórios médicos; sala para coleta de sangue; construção de
unidade no bairro; necessidade de uma unidade maior para atender os pacientes; e
alguns entrevistados realizaram apontamentos que não se referiam a estrutura da
unidade como: necessidade de melhorar o atendimento médico, falta de
medicamentos; atendimento de especialista; disponibilização de veiculo e/ou
ambulância; e a solicitação de mais visitas pelos Agentes Comunitárias de Saúde,
médico e enfermeiro.
Após,
perguntamos
se
os
pacientes
estavam
satisfeitos
com
os
atendimentos realizados pela Equipe do Programa Saúde da Família, onde 66%
19
apontou que sim e 34% que não.
Referente à qualidade dos atendimentos
realizados pela Equipe Saúde da Família, a maioria dos entrevistados considerou
este como bom, sendo que 4% relataram estar ótimo os atendimentos prestados, 52
% como bom, 22% regular e 22% como péssimo.
Referente ao tempo de espera dos pacientes para ser atendido na unidade
do Programa Saúde da Família, somente 4% disse não ter que esperar para ser
atendido, enquanto 96% relataram demoras para ser atendido, onde os
entrevistados relataram que já esperaram de ½ hora a 4 horas para atendimento
clinico, porém geralmente as consultas são agendadas, e para especialistas a
espera para as consultas variam de 1 mês a 6 meses.
Em seguida, questionamos quais eram os principais problemas existentes na
unidade do Programa Saúde da Família, 16% dos entrevistados relatou que não
existem problemas na unidade, e 84% apontou que sim, sendo eles: Falta de
profissionais no atendimento; demora no atendimento, sendo necessário sempre ter
que ser agendado; demora na liberação de exames médicos; falta de laboratório
para coleta de exames nas unidades; poucas visitas domiciliares; falta de unidade
nos bairros; falta de medicamento e pediatra; necessidade de farmácia no bairro e
de ambulância e/ou veiculo; e funcionar de acordo com o programa. Já referente aos
encaminhamentos para médicos especialistas, 80% dos entrevistados relataram que
sempre que necessário conseguem os encaminhamentos, 18% que não, e 2%
preferiu não responder a questão.
Com o objetivo de entender se os atendimentos prestados são de qualidade,
perguntamos aos pacientes o que eles consideram que precisa ser mudado, onde
6% relatou não precisar de alterações e 94% sugeriram mudanças, sendo elas: que
os profissionais permanecerem mais tempo no bairro, agilidade na liberação de
exames; agilidade no atendimento; atendimento humanizado; visitas domiciliares
com mais freqüência; agilidade no atendimento de especialista; disponibilização de
medicamentos; e alguns entrevistados solicitaram unidade no bairro, ambulância e
laboratório nas unidade.
Encerrando a entrevista, abrimos um espaço para que os entrevistados
apontassem o que achavam que precisava ser mudado ou melhorado na unidade do
Programa Saúde da Família de seu bairro, onde 6% relataram não serem
necessárias mudança, e 94% sugeriram: que a entrega de medicamentos fosse
realizada no bairro; a instalação de farmácia popular e laboratório para coleta de
20
exames no bairro; construção de unidade no bairro; necessidade de ambulância e
mais medicamento; que os profissionais realizem visitas com mais freqüência; que
os atendimentos com os especialistas seja mais rápido; agilidade e eficácia nos
atendimentos; agilidade na liberação dos exames, e que a parte de ginecologia seja
revista na unidade.
A partir das entrevistas realizadas, percebemos que as unidades do
Programa Saúde da Família do referido município, precisam rever os apontamentos
dos profissionais e usuários das unidades constantemente, com o objetivo de
aprimorar os atendimentos prestados e obter eficácia nas questões de saúde.
Conforme a literatura já apontava, algumas das problemáticas acontecem por falta
de capacitação dos profissionais e estrutura física precária.
4. CONCLUSÃO
O presente artigo teve como principal objetivo, realizar uma pesquisa na
área de atendimento e satisfação em serviços públicos, especificamente em saúde
pública. Assim, optamos por realizar a presente pesquisa com as Equipes do
Programa Saúde da Família do município de Cruzeiro do Oeste, para identificar os
problemas existentes nas referidas equipes. Realizamos um levantando de dados da
equipe do programa saúde da família como: resolutividade, tempo de espera,
qualidade de atendimento dos profissionais, encaminhamento para especialistas,
conhecemos os problemas de estrutura física das unidades, buscamos perceber as
vivências e experiências de profissionais e usuários do Programa Saúde da Família.
Também realizamos um levantamento de dados com os usuários do PSF
relativamente a satisfação com os atendimentos prestados nas unidades, e enfim
contribuir para o planejamento das ações no Programa Saúde da Família.
A pesquisa foi realizada com 50 usuários do Programa Saúde da Família, e
50 profissionais, sendo eles médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliar de dentista,
técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde, do município de Cruzeiro do
Oeste.
Dessa forma, o Programa Saúde da Família, surge com uma nova
perspectiva de visão do ser humano, entende o contexto da saúde em toda a
relação
familiar,
através
de
visitas
domiciliares
constantes,
bem
como
21
acompanhamento familiar das problemáticas em saúde, visando a prevenção e
promoção da saúde. Porém, para alguns entrevistados esta complicado de atingir
esses objetivos na prática, onde os profissionais estão realizando poucas visitas e a
família não esta sendo trabalhada como um todo.
A elaboração deste artigo, nos proporcionou, compreendermos a principais
problemáticas do Programa da Saúde da Família do referido município, segundo os
profissionais entrevistados, são: Construção de uma Unidade para cada Equipe do
Programa Saúde da Família; Reformas nas unidades, com salas maiores,
acessibilidade para deficientes físicos, espaço próprio e adequado para reunião;
Necessidade de materiais de trabalho, como mesa, balança, bolsa, fita métrica,
uniforme, filtro solar, equipamentos, aparelhos para exames; Necessidade de um
carro para cada equipe; Insuficiência de funcionários; ausência de profissionais
capacitados; aceitação e aderência da população do trabalho prestado pelas
equipes do PSF; humanização e respeito com os pacientes; resolutividade nos
encaminhamentos realizados; maior atenção médica; agilidade no atendimento das
especialidade e exames; humanização do profissional e compromisso com a
população; mais medicamentos e atendimento médico diário; e maior investimento
em educação em saúde;
Com as entrevistas com os usuários e/ou pacientes do Programa Saúde da
Família, percebemos que a questão da estrutura física entre outros pontos é uma
demanda de adequação deles também, onde estes acrescentaram a necessidade
de: Disponibilizar salas para coleta de sangue e implantação de uma farmácia
popular nos bairros; melhorar o atendimento médico, falta de medicamentos;
disponibilização de veiculo e/ou ambulância; e a solicitação de mais visitas pelos
Agentes Comunitárias de Saúde, médico e enfermeiro; que os profissionais
permaneçam mais tempo no bairro.
Concluímos esta pesquisa, ressaltando a importância dos responsáveis
pelos Programas Saúde da Família, procurem realizar a gestão em saúde, através
de um processo de monitoramento e avaliação, com o objetivo de identificar as reais
necessidades das equipes e dos usuários, e propor efetivas mudanças, para que o
programa atenda realmente seus objetivos, e tenha resolutividade nas questões de
saúde.
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