Especialização em Gestão Pública Programa Nacional de Formação em Administração Pública ROSANA APARECIDA BARIZÃO GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA Maringá 2011 ROSANA APARECIDA BARIZÃO GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá. Orientador: Profª. Edna Mitiko Ota. Maringá 2011 ROSANA APARECIDA BARIZÃO GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇAO DE SATISFAÇÃO DOS USUARIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA Trabalho de Conclusão de Curso do Programa Nacional de Formação em Administração Pública, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Pública, do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá, sob apreciação da seguinte banca examinadora: Aprovado em ___/___/2011 Professora Edna Mitiko Ota, Msc. (orientadora) Assinatura Professora Katia Abbas, Dra. Assinatura Professora Keiko Shinzaki,Msc. Assinatura Maringá 2011 1Rosana Aparecida Barizão GESTÃO EM SAÚDE: AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA. RESUMO O presente artigo trata-se de uma pesquisa de campo, que tem por objetivo realizar um levantamento teórico e prático referente às problemáticas no Programa Saúde da Família. Assim, realizamos uma pesquisa teórica abordando o desenvolvimento da saúde pública no Brasil, a implementação do Programa Saúde da Família e as problemáticas que este programa apresenta nos atendimentos diários. O Programa Saúde da Família tem como principal objetivo reorganizar a gestão em saúde, sendo a porta de entrada para as questões de saúde, através do vinculo com a população adscrita ao programa. Com o objetivo de identificar se existem problemáticas na implementação e gestão do Programa Saúde da Família, realizamos uma pesquisa de campo com 8 Equipes do município de Cruzeiro do Oeste, com 50 profissionais e 50 usuários dos PSF. A partir da pesquisa, concluímos que a população procura a equipe de saúde sempre que precisa de atendimento, porém existem alguns pontos que precisam ser revistos, principalmente referente à estrutura física das unidades e do atendimento prestados a estas. Palavras-chave: Gestão em Saúde, Programa Saúde da Família; 1 Bacharel em Ciências Contábeis pela Fafipa - Fundação Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí. SUMÁRIO 1. Introdução ............................................................................................................05 2. Revisão da Literatura ..........................................................................................07 2.1 Saúde Pública......................................................................................................07 2.2 Atenção Primária de Saúde: Programa Saúde da Família..................................10 2.3 Problemáticas na Implementação do Programa Saúde da Família.....................14 3. Resultados............................................................................................................15 4. Conclusão.............................................................................................................20 5. Referências ..........................................................................................................23 5 1. INTRODUÇÃO O presente estudo refere-se a uma pesquisa de campo, realizada durante o curso de Especialização em Gestão Pública, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), na modalidade de Educação à Distância, no pólo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) de Cruzeiro do Oeste. Para tanto optamos em realizar uma pesquisa na área de Atendimento e Satisfação em Serviços Públicos, sendo mais especificamente voltados para os serviços prestados pela Saúde Pública, com a temática: Gestão em Saúde: Avaliação de Satisfação dos Usuários do Programa Saúde da Família. Esta pesquisa tem por objetivo Identificar os problemas existentes nas unidades do Programa Saúde da Família, do município de Cruzeiro do Oeste, através do levantamento de dados da equipe do programa saúde da família como: resolutividade, tempo de espera, qualidade de atendimento dos profissionais, encaminhamento para especialistas. Através da coleta de dados, esperamos ser possível: conhecer os problemas de estrutura física das unidades do programa saúde da família, perceber as vivências e experiências de profissionais e usuários do Programa Saúde da Família, investigar se os usuários do PSF estão satisfeitos com os atendimentos prestados nas unidades, e contribuir para o planejamento das ações no Programa Saúde da Família. Ao pensar em um estudo sobre os serviços públicos na área da saúde, se torna essencial pensarmos nos profissionais que atuam nessa área, bem como nos usuários que se beneficiam do sistema de saúde pública em nosso país. Mas especificamente esse estudo está voltado para as práticas do Programa Saúde da Família, que em seus princípios apontam a integralidade no atendimento, através de ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde de forma continua O Programa Saúde da Família, em sua essência prevê avaliações programadas da equipe que devem ser monitoradas para receberem os incentivos financeiros. Espera-se que com a implantação desta modalidade de gestão, que efetivamente aconteça a eficácia nos atendimentos prestados, gerando resolutividade para o usuário, de forma que ele se sinta atendido em suas necessidades, orientado e acompanhado pela equipe de saúde da sua área de abrangência. Dessa forma, esse estudo se justifica, pela necessidade de termos 6 ações de mensuração do grau de satisfação dos usuários das unidades dos Programas Saúde da Família. Segundo Marconi e Lakatos (1991) a pesquisa é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e constitui o caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Diante do exposto se torna fundamental a definição da metodologia a ser utilizada, para que todos os procedimentos necessários sejam realizados de forma a garantir o alcance do objetivo proposto. Desta forma em um primeiro momento, realizamos uma pesquisa bibliográfica para construção do embasamento teórico sobre os serviços públicos prestados nos Programas Saúde da Família. Para a construção desse conhecimento é necessário considerar a articulação entre a teoria e a realidade empírica. Deslandes apud Minayo (1998) propõe uma metodologia qualitativa para identificar os problemas, buscando conhecer o dia-a-dia do serviço ou da ação de saúde, e defende que nada substitui a experiência que o pesquisador adquire quando tem a oportunidade de observar os atores sociais envolvidos, os seus relacionamentos, bem como os problemas vivenciados por eles. Em conformidade com essa idéia optamos pela abordagem qualitativa dos dados, que proporcionará um estudo exploratório. Para o estudo, utilizamos a amostra intencional, pois segundo Barros (1990) trata-se de uma estratégia onde os elementos da amostra são escolhidos, de forma intencional com características estabelecidas, neste caso, usuários e funcionários do Programa Saúde da Família. Porém os sujeitos da pesquisa foram selecionados de maneira aleatória, e esclarecidos que não são obrigados a participar da pesquisa, como assim sugere a autora Minayo (1998) em sua obra. As entrevistas com relação à problemática em questão foram realizadas através da modalidade de entrevistas semi-estruturadas. Esse tipo de entrevista é definida por Haguette apud Barros (1990) como um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado. Assim, os sujeitos para esse estudo foram os profissionais e usuários dos Programas Saúde da Família, do município de Cruzeiro do Oeste/PR. A entrevista semi-estruturada respondeu aos objetivos do estudo por permitir a expressão livre das idéias. A análise dos dados ocorrerá com a transcrição das entrevistas, o 7 destacamento de pontos das respostas relevantes, para assim entender as relações entre os dados obtidos e os estudos teóricos sobre o problema. Esperamos, que o presente estudo contribua para a melhoria dos serviços prestados nos referidos programas saúde da família. 2. REVISAO DA LITERATURA 2.1 Saúde Pública Em um primeiro momento, precisamos entender o processo de constituição da Saúde Pública no Brasil. Segundo Kahhle (2003) a saúde em um primeiro momento esteve ligada à religião e ao trabalho, onde o sujeito era visto em seu todo, sem fragmentos, cabendo aos sacerdotes o cuidado do homem doente. Porém essa visão holística do homem não perdurou muito, e logo se desenvolveu uma perspectiva deste ser como fragmentado entre corpo e mente, ficando a cargo da ciência o estudo do corpo, e da teologia e filosofia os transtornos da mente. Em relação à inserção da saúde no contexto público, a autora citada acima aponta, que isso ocorre em meados do século XVIII, a partir do desenvolvimento da medicina moderna, que exige que o poder público invista na saúde e na análise social das doenças, olhando para o homem biologicamente, ou seja, a doença agora era vista somente em relação ao corpo humano. Isso também ocorre, por que nesta época era visível um grande número de epidemias e doenças infecto-contagiosas, levando muitas pessoas à morte. Para Foucalt (1979) foi exatamente nesta época, final do século XVIII, que surge a intenção de formular um hospital, para que este sirva como instrumento terapêutico, uma vez que até então os hospitais tinham a finalidade de dar assistência aos pobres, agindo como forma de separação e exclusão do doente para proteger a população de um possível contágio. Assim, a construção da terminologia saúde se constitui por um longo percurso histórico, que não iremos contemplar neste estudo, mas como exemplo, podemos citar, os encontros internacionais de saúde pública em 1902, a Declaração dos Direitos do Homem, a criação da Organização das Nações Unidas em 1946, em 1947 a criação da Organização Mundial da Saúde, sendo esta última, que redefine o 8 conceito de saúde, como ausência de doença e completo bem estar físico e mental (KAHHALE, 2003). Kahhale (2003) considera o conceito de saúde, utópico e estático, entendendo como difícil para uma pessoa estar por um longo período de tempo em um completo bem-estar físico, negando a dinâmica da vida humana. Assim, percebe o homem como um ser construído sócio-historicamente, em constante contradição entre seu corpo e psiquismo, desta forma ela entende que “saúde é um processo dinâmico, ativo e de busca de equilíbrio, não sendo possível falar em saúde plena [...] saúde é a busca constante de equilíbrio do homem como um todo, inserido no tempo e no espaço, produzida socialmente” (KAHHLE, P.166, 2003). Dentro dessa perspectiva, em meados da década de 70, se começa a pensar em saúde pública como coletiva, envolvendo além de um dinamismo por parte dos profissionais e pacientes, uma busca constante em ir além de curar e restabelecer a saúde, mas promovê-la e preveni-la. Essas questões ficam explícitas e são garantidas na Constituição Federal de 1988, com a criação do SUS. (KAHHLE, 2003). Entre os anos de 1988 e 1990, foram criadas as diretrizes que deram origem a criação e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir dos princípios de universalidade, equidade, integralidade, hierarquização, regionalização, descentralização e controle social (BRASIL, 2007). Segundo Andrade (2007), somente a partir da Constituição Federal de 1988 e através da implantação do SUS (Sistema Único de Saúde), se tornou possível no Brasil, a Saúde Pública ser pensada e efetivada, e o indivíduo ser entendido como um ser biopsicossocial. Andrade (2007), ressalta que é a partir da criação do SUS, que se observa mais claramente que as construções de políticas públicas sempre foram impostas por uma minoria, ou seja, pelas grandes potências do Brasil, porém o SUS, surge indo contra essa vertente, estabelecendo que os objetivos e metas do trabalho devem ser dirigidas conforme as condições locais, sendo construída com a população. Porém, mesmo com a criação desta política, observa-se que os cidadãos não se sentem como livres e nem com direitos iguais para opinar e exigir que tal política seja colocada em prática. 9 O SUS estabelece em seus princípios doutrinários: Universalidade (direito de todos aos serviços), Equidade (de acordo com suas necessidades) e Integralidade (o homem como um ser integral biopsicossocial e atenção voltada para as dimensões de promoção, prevenção e recuperação. (ANDRADE, p. 2, 2007). Olhando essa questão mais profundamente, a autora citada acima, aponta, que infelizmente a criação de programas e políticas ainda são estabelecidas a partir de indicadores sociais selecionados, que na maioria das vezes mostram uma realidade geral da população, sem se ater às necessidades específicas de cada município, de acordo com a cultura estabelecida por aquela população. Porém a implementação efetiva da Saúde Coletiva, assim como a garantia dos princípios do SUS, ainda são difíceis de atingir e exigem muitas discussões, principalmente devida a fragmentação da cientificidade no mundo contemporâneo e capitalista que vivemos. Desta forma, surge a idéia de realizar um trabalho interdisciplinar dentro do SUS, com a finalidade de que efetivamente aconteça um atendimento integral para o usuário do serviço público de saúde (KAHHE, 2003). Koga (2005) ressalta que dentro da saúde pública é fundamental um novo olhar sistematizado, abrangendo as informações necessárias para a construção de uma política territorizada efetiva. Os dados coletados para essa construção devem demonstrar todos os aspectos da presente comunidade, uma vez que é a partir destes que se pode conhecer a complexidade de cada território e assim elaborar diagnósticos e avaliação constantes de indicadores socais em determinada região. Para essa autora, a simples implementação de programas do governo federal ou estadual, a nível municipal, sem uma adaptação ou reconstrução deste programa de acordo com os parâmetros de cada localidade, gera somente repulsa e a inefetividade dos programas. Atualmente, já é trabalhada a questão da descentralização de políticas públicas, o que permite que uma política seja criada a partir dos indicadores sociais de uma localidade. O SUS, já é uma das repostas a essa real necessidade de descentralização, porém como apontado por Dimenstein (2006) é necessário um trabalho com a gestão, para que aconteça a real aplicabilidade dos conceitos desse Sistema de Saúde. Entende-se portanto uma necessidade de colocar em prática conceitos já existentes em nossa legislação, entre tais, a territorização como base para criação e implementação de programas sociais. 10 2.2 Atenção Primária de Saúde: Programa Saúde da Família Como apontado acima, a construção do SUS, foi uma das formas viáveis de melhorar a Saúde Pública no Brasil, porém para sua implementação ainda são necessárias transformações estruturais que estão acontecendo paulatinamente. Para Brasil (2007) dentro desta realidade, e pensando na necessidade de alteração do modelo “médico-hospitalcêntricos” existentes até o momento, foi necessário elaborar e traçar estratégias para obter um avanço nos indicadores de saúde da população. Assim a Atenção Primária em Saúde (APS) vem de encontro com tais objetivos, se tornando um elemento chave para a constituição de sistemas nacionais de saúde, viabilizando a universalidade benéfica da saúde para a população. Inicialmente, segundo Brasil (2007) a terminologia Atenção Primária, surgiu na Conferência de Alma Ata no ano de 1978, onde foi proposto como desafio “Saúde para todos no ano 2000”, tendo como definição para Atenção Primária uma atenção à saúde essencial, baseada em métodos e tecnologias práticas, cientificamente comprovadas e socialmente aceitáveis, cujo acesso seja garantido a todas as pessoas e famílias da comunidade mediante sua plena participação, a um custo que a comunidade e o país possam suportar, e em todas as etapas de seu desenvolvimento, com espírito de auto-responsabilidade e auto-determinação [...] Representa o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde, levando à saúde o mais próximo possível de onde residem e trabalham as pessoas, constituindo o primeiro elemento de um processo permanente de assistência sanitária (BRASIL, p. 17, 2007) A partir da citação acima, fica claro que há muito tempo já é discutido as questões da Atenção Primária à Saúde (APS), o que levou a divergências de interpretações da mesma, bem como diferentes terminologias para representá-la, como fica visível tanto a nível internacional como nacional. Pensando na esfera nacional, percebe-se que a APS passou por diferentes interpretações, logo na primeira metade da década de 80, foi vista como uma “medicina simplificada” para os pobres deixando de lado o caráter de reorientar os serviços da saúde, isso deu origem a terminologia de Atenção Básica (AB). Ressalta-se que o Ministério de Saúde adotou tal nomenclatura para definir APS, tendo como estratégia de implementação o Programa Saúde da Família. (BRASIL, 2007). 11 Segundo Bertussi et. al (2001), a criação do SUS, possibilitou através das novas diretrizes, que os governos municipais se responsabilizassem pela Atenção em Saúde no nível municipal, para tanto, exigiu-se uma reorganização do sistema de saúde, começando pela implementação da Atenção Primária em Saúde (APS). Para tanto, se tornou necessário repensar a implementação do sistema de saúde, através de uma rede horizontal interligada por pontos de atendimento de atenção à saúde. Assim a APS, é vista, como uma maneira de reorganizar o atendimento à saúde, através de um trabalho integrativo dos serviços prestados, visando dois focos, obter melhora na saúde da população e equilibrar a distribuição de recursos. Assim a APS deve ser a porta de entrada do usuário no serviço de saúde, e o primeiro recurso utilizado para resolver os problemas mais freqüentes em fases iniciais. A APS se torna viável para o SUS, por apresentar uma resolutividade de 85% dos problemas de saúde, através da integração dos cuidados quando existe mais de uma patologia e influenciando os pacientes a respostas saudáveis aos seus problemas, a partir do estabelecimento de vínculos com determinada população (BRASIL, 2007). Uma das alternativas para alcançar o objetivo da APS, foi organizar o SUS através de uma rede de UBS (Unidade Básica de Saúde), visando a partir dos pressupostos da APS, que a população fosse atendida em territórios, de forma universal, equânime e integral, ou seja, um atendimento completo a todo sujeito. Outra responsabilidade das UBS seria atender grupos considerados prioritários, como gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos, crianças com menos de 1 ano, além de fazer a vigilância em saúde e manter relações inter-setoriais com as organizações existentes na comunidade. Dentro de tal perspectiva, cada UBS deveria atender as necessidades da população adscrita a ela, ou seja, a UBS seria a porta de entrada do paciente no SUS, em síntese, a APS seria realizada dentro das UBS (BERTUSSI et. al, 2001). Segundo o autor citado acima, uma outra forma de se efetivar a APS, é o Programa Saúde da Família, que surge dentro das UBS, com o objetivo de reorientar os serviços de saúde, pensando no relacionamento da população com a saúde. Para Bellusci (2003), o Programa Saúde da Família (PSF), foi criado em virtude da efetiva implementação dos princípios SUS, visando a complementaridade ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Assim o PSF surgiu com 12 o objetivo de não ser mais um modismo nos patamares políticos, mas ao contrário, ser uma real estratégia, visando organizar a Atenção Primária e reorganizar os outros níveis de atenção à população. Germano et. al (2005) ressalta que a saúde pública no país vem passando por reformulações significativas, e uma dessas reformulações é o Programa Saúde da Família, que seguindo os princípios e diretrizes do SUS é uma proposta que busca diminuir a trajetória do paciente que busca atendimento em saúde. O objetivo central do Programa Saúde da Família, é zelar pela comunidade a ele adstrita, tendo como princípios: “Impacto; Orientação por problemas; Intersetoralidade; Planejamento e Programação Local; Hierarquização; Primeiro Contato; Longetudinalidade; Integralidade; Adstrição; Co-responsabilidade; Humanização; Heterogeneidade; Realidade” (BELLUSCI, p. 20, 2003). Em síntese, o PSF busca implementar uma ação inserida no contexto familiar e na sociedade, visando acima de tudo à prevenção e a promoção da saúde para a comunidade que é adstrita, através de um atendimento humanizado e cordial, com custo financeiro reduzido. Soares (2005) lembra que a normatização do Programa Saúde da Família, diz que a equipe mínima de trabalho deve ser composta por, médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários, através de um trabalho interdisciplinar e inter-setorial. Porém Germano et. al (2005) coloca que são nesses profissionais que investimentos precisam ser feitos, é preciso que se invista nos recursos humanos para que a equipe se sinta mais preparada e capacitada para trabalhar nas unidades, onde estas são a porta de entrada do paciente para a saúde. A autora citada acima, aponta que o PSF caracteriza-se por ter uma nova visão de trabalho, que não a doença, o indivíduo, o médico, mas um olhar mais abrangente, envolvendo desde a família, a equipe, até o contexto onde o indivíduo está inserido. Para Carvalho et. al (2001), a equipe do PSF deve se responsabilizar no máximo por 4.500 pessoas, assim, os vínculos serão melhores estabelecidos, e a identificação e o atendimento dos pacientes acontecerão de forma mais eficaz. Alves (2004) ainda coloca alguns objetivos do PSF: a) humanização das práticas de saúde por meio do estabelecimento de um vínculo entre os profissionais e a população; b) a democratização do conhecimento do processo saúde-doença e da produção social da saúde; c) 13 o desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer a saúde como direito; d) a estimulação da organização da comunidade para o efeito exercício do controle social (ALVES, p. 49, 2004). Ressaltando dados históricos, Brasil (2007) diz que no ano de 2003, aconteceu na Bahia, um Seminário da CONASS (Conselho Nacional de Secretário da Saúde) para a Construção de Consensos sobre a APS. Nesse seminário foi proposto que o Programa Saúde da Família (PSF), fosse pensado como uma estratégia para desenvolver a APS no SUS, através da articulação e integração dos gestores e equipes do PSF. Ficando claro neste momento que a APS deve ser vista como uma estratégia para reorientar o modelo assistencial até então existente. Já em 2004, Brasil (2007) aponta que o CONASS lança um novo documento o PNPS (Plano Nacional de Promoção de Saúde), que em um dos seus eixos, aponta a Atenção Básica, como “um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação e manutenção da saúde” (BRASIL, p. 22, 2008), sendo que tais ações devem ser desenvolvidas a partir de um trabalho integrado e em equipe, através de práticas gerencias, sanitárias e democráticas, tendo como perspectiva, a dinâmica existente em cada território, ou seja, o PNPS, propõe que Atenção Básica, seja o contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde, vendo cada indivíduo como ser único, complexo e integral, promovendo saúde e prevenindo doenças de modo saudável. Ainda como parâmetros da Atenção Básica, é de extrema importância, que esta possibilite o acesso universal aos serviços de saúde, desenvolva vínculos afetivos com a população, valorize o trabalho da equipe de saúde, realize avaliação contínua dos trabalhos e estimule a população a participar do controle social, para tanto, como já citado, é utilizado o Programa Saúde da Família, também conhecido como Estratégia Saúde da Família (ESF). É válido ressaltar que terminologia ESF está sendo utilizada, devido a necessidade de se pensar em uma nova estratégia de atendimento e que o PSF não venha a ser somente mais um programa, mas uma estratégia de atender efetivamente os usuários do SUS. Após entendermos um pouco sobre a implementação do Programa Saúde da Família, realizaremos uma discussão, apontando os resultados da Pesquisa realizada neste artigo. 14 2.3 Problemáticas na Implementação do Programa Saúde da Família Como apontado acima, o Programa Saúde da Família, permite uma reorganização efetiva do Sistema de Saúde vigente, onde a população pode ser atendida em todos os seus contextos, prevenindo doenças, promovendo saúde e também diminuindo os recursos financeiros destinados a saúde. Pietroluongo e Resende (1981) ressaltam que o atendimento a família, deve estar atento a todo o contexto familiar, ter uma escuta diferenciada, ampliando o olhar para entender e ver que os pontos de vista são diferentes, e assim a partir do princípio da empatia, colocar-se no lugar daquela família, ampliando o leque de análises, observando todo o mundo subjetivo que a família está imersa, para ter possibilidades de propor um atendimento interdisciplinar de qualidade e eficaz. Porém, a realidade dos profissionais que atuam nas Unidades de PSF, não se torna fácil à execução dos objetivos propostos no programa. Nogueira e Mioto (2011) realizam críticas ao incentivo financeiro repassado ao referido programa, apontado que através deste incentivo, os gestores estaduais e municipais perderam a autonomia na programação das ações de saúde, de acordo com a demanda de cada território. Os autores citados acima ressaltam que o PSF demonstra incapacidade na resolutividade das questões em saúde, principalmente, devido ao grande número de profissionais despreparados para intervir nesse modelo de atenção em saúde. Araujo e Lima (2009) apontam a necessidade do Ministério da Saúde em rever a estruturação do Programa Saúde da Família, bem como capacitar e reciclar os profissionais, para que os objetivos do programa sejam alcançados. Ressalta-se ainda, que muitos profissionais não têm o perfil para exercerem suas atividades laborais nesse programa, e que muitas vezes a gestão local se torna ineficiente para perceber as peculiaridades de seu território. Segundo Rocha (2003), no ano de 1999, o Ministério da Saúde, com o objetivo de perceber como estava a implementação do Programa Saúde da Família, realizou uma avaliação, através de uma pesquisa em 24 estados, onde “os gestores estaduais apontaram como principais limitações na operacionalização do PSF: a 15 formação inadequada dos profissionais; a falta de entendimento dos gestores sobre a proposta e a escassez de recursos financeiros” (ROCHA, p.11, 2003). Em outro momento, Rocha (2003), aponta que em seu trabalho, algumas dificuldades encontradas no Programa Saúde da Família: Entre as dificuldades de execução do programa, foram destacadas a falta de perfil adequado do profissional médico e a dificuldade de trabalhar em equipe. Além de outras, não menos importantes como: a rotatividade dos profissionais por questões financeiras, o descrédito cultural no funcionário público e o desconhecimento de orientações específicas para edificar e equipar as unidades de saúde. Houve críticas a postura “soberana,” não aberta ao diálogo do profissional médico, dificultando o trabalho em equipe. (ROCHA, p. 32, 2003) Cotta et. al (2006) realizou um estudo no estado de Minas Gerais, referente ao Programa Saúde da Família, onde os resultados apontaram para algumas problemáticas no relacionamento interno entre a equipe do PSF, e após uma pesquisa com os profissionais, obtiveram como respostas as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais no seu trabalho diário, sendo elas: Falta de transporte; Falta de infra-estrutura; Falta de equipamentos; Falta de médicos especialistas; Falta de medicamentos; Falta de apoio dos órgãos responsáveis pelo PSF; Falta de repasse de verbas da Prefeitura; Falta de vontade política; Aplicação indevida de verbas; Falta de mais profissionais; Falta de capacitação dos agentes comunitários de saúde (ACS) para aferir pressão arterial da população (Cotta et al. p. 14, 2006) A partir do exposto, percebe-se que existe pouco material em nossa literatura, apontando as dificuldades enfrentadas pelos PSF, o que dificulta o processo de monitoramento e avaliação, que deveria ser realizado continuamente, com o objetivo de adequar o programas as realidades territoriais de abrangência do mesmo. 3. RESULTADOS A partir da revisão da literatura e de pesquisas nas Unidades do Programa Saúde da Família (PSF) do município de Cruzeiro do Oeste, esse estudo teve como objetivo, identificar os problemas existentes nas unidades do Programa Saúde da Família, do referido município. Em um primeiro momento, entramos em contato com 16 a Secretaria de Saúde, esta apontou que atualmente existem 8 Equipes de Saúde da Família, porém estas estão subdivididas em 3 Unidades (espaço físico). Ressaltou, que para dar suporte a estas equipes, o município conta com 1 equipe do Núcleo de Apoio a Saúde da Família, composta por profissionais da área de psicologia, fisioterapia, ginecologia entre outros. A pesquisa foi realizada com 50 usuários do Programa Saúde da Família, e 50 profissionais, sendo eles médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliar de dentista, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Com o objetivo de não expor nenhuma Equipe do PSF, e como os questionários aplicados foram os mesmo em todas as equipes, optamos, por abordar os resultados como um todo. Em um primeiro momento, analisaremos as questões realizadas com os profissionais que atuam no Programa Saúde da Família do referido município, onde realizamos 09 perguntas. Quando questionados se o PSF tem profissionais suficientes para atender demanda dos usuários do SUS, 64 % apontaram que sim, enquanto 36% que não. Referente à resolutividade das questões de saúde pelo PSF, 88%, disseram que sim, apontado que o programa consegue resolver às questões ligadas a atenção primária em saúde, e 12% que não percebem esta questão no programa. Já sobre o preparo dos profissionais para de saúde para atender esse novo modelo de gestão, 74% dos funcionários disseram que sim, enquanto 26% que não. Um outro questionamento, refere-se a estrutura física das Unidades do PSF, 52 % dos profissionais apontam ser adequado, enquanto 48%, diz não ser suficiente para os atendimentos do programa. Porém, em um questionamento em que permitia os profissionais citarem o que precisava ser adequado na estrutura física, 2% não opinou, apenas 18% disse que não era necessária adequação na unidade, enquanto 80% relataram serem necessárias mudanças. Destes 80%, as adequações citadas foram: Construção de uma Unidade (estrutura física) para cada Equipe do Programa Saúde da Família, uma vez que atualmente são 8 Equipes, alocadas em 3 unidades; Reformas nas unidades, com salas maiores, acessibilidade para deficientes físicos, espaço próprio e adequado para reunião; Necessidade de materiais de trabalho, como mesa, balança, bolsa, fita métrica, uniforme, filtro solar, equipamentos, aparelhos para exames; Necessidade de um carro para cada equipe; e alguns profissionais apontaram problemáticas de questões organizacionais, como: ser realizados 17 trabalhos de prevenção com as famílias, necessidade de funcionários e treinamentos para este. Percebemos nessa questão e em outras durante a entrevista, que quando realizamos perguntas que permitiam expressar-se, os profissionais ficam mais livres e apontavam mais facilmente o que percebiam como problemático na unidade, sendo estas parecida com o que os autores Cotta et. al.(2006) apontou em seu estudo no estado de Minas Gerais, onde os profissionais realizaram apontamentos, referentes a estrutura física das unidades e condições de trabalho, sendo necessária capacitações dos profissionais que atuam nas unidades. Em um outro momento, perguntamos quais são os principais problemas existentes na unidade do Programa Saúde da Família, onde 4 % dos profissionais preferiam não opinar, 18% consideram que não existem problemas e 74% apontam algumas problemáticas, entre elas: Insuficiência de funcionários; ausência de profissionais capacitados; aceitação e aderência da população do trabalho prestado pelas equipes do PSF; falta de material e equipamentos para procedimentos diários; construção de unidades nos bairros; necessidade de veiculo, medicamentos e médicos; problemas no encaminhamento para médicos especialistas; e no atendimento com os usuários. Após, questionamos, se os profissionais, conseguem realizar encaminhamentos para médicos especialistas, e 74% dos entrevistados consideram ser possível realizar os encaminhamentos, 12% apontam que não, e 14% dizem que às vezes. Referente aos atendimentos prestados nas unidades, perguntamos aos profissionais o que precisa ser mudado, onde 6% não opinou, 18% dos entrevistados relataram que os atendimentos estão bom, e não precisam de mudança, e 76%, relataram ser necessárias algumas mudanças, entre elas: humanização e respeito com os pacientes; resolutividade nos encaminhamentos realizados; maior atenção médica; profissionais capacitados; agilidade no atendimento e na liberação de exames; prestar mais informações; distinguir o que é emergência; necessidade de médicos especialistas; comprometimento da população; transporte; adequações no hospital. Nesta questão, percebemos a dificuldade dos profissionais em avaliar as mudanças necessárias nos atendimentos realizados. Encerrando a entrevista, solicitamos aos profissionais que dentro de um contexto geral, apontassem o que percebiam que precisa ser mudado ou melhorado 18 na unidade do Programa Saúde da Família de seu bairro. Dos profissionais entrevistados, 20% consideram que o Programa esta bom e nada precisa ser alterado, enquanto 80% relataram algumas mudanças necessárias: Capacitação dos funcionários; providenciar atendimento de médico especialista conforme demanda; agilidade no atendimento das especialidade e exames; humanização do profissional e compromisso com a população; aderência da população; disponibilidade de uma unidade maior e de materiais para o trabalho diário, como uniforme, crachá; melhores condições de salários e mais profissionais; mais medicamentos e atendimento médico diário; disponibilização de veiculo para equipe e pacientes; mais visitas da equipe as famílias do programa; e maior investimento em educação em saúde. Agora, analisaremos as entrevistas realizadas com 50 pacientes, atendidos pelas 8 Equipes do Programa Saúde da Família do município de Cruzeiro do Oeste, para tanto realizamos 12 questões. Primeiramente questionamos se os pacientes estão procurando atendimento no PSF, onde 94% respondeu que sim e somente 6% não tem procurado atendimento. Porém, dos entrevistados 70% apontou ter sido atendido no que procurava no programa, enquanto 30% relatou que não. Referente, se a quantidade de profissionais no PSF são suficientes para atender a demanda dos usuários do SUS, 42% dos pacientes entrevistados apontou que sim, e por outro lado, 58% ressalta que não são suficientes os profissionais. Em um outro momento, questionamos aos pacientes, se estes consideravam o espaço físico das unidades dos Programas Saúde da Família adequados e/ou suficiente para os atendimentos, onde 68% disse que sim e 32% que não. Porém, ao perguntamos o que precisava ser adequado nas unidades, somente 14% relatou que não eram necessárias mudanças, enquanto 72% solicitaram mudanças, sugerindo a necessidade de: consultórios médicos; sala para coleta de sangue; construção de unidade no bairro; necessidade de uma unidade maior para atender os pacientes; e alguns entrevistados realizaram apontamentos que não se referiam a estrutura da unidade como: necessidade de melhorar o atendimento médico, falta de medicamentos; atendimento de especialista; disponibilização de veiculo e/ou ambulância; e a solicitação de mais visitas pelos Agentes Comunitárias de Saúde, médico e enfermeiro. Após, perguntamos se os pacientes estavam satisfeitos com os atendimentos realizados pela Equipe do Programa Saúde da Família, onde 66% 19 apontou que sim e 34% que não. Referente à qualidade dos atendimentos realizados pela Equipe Saúde da Família, a maioria dos entrevistados considerou este como bom, sendo que 4% relataram estar ótimo os atendimentos prestados, 52 % como bom, 22% regular e 22% como péssimo. Referente ao tempo de espera dos pacientes para ser atendido na unidade do Programa Saúde da Família, somente 4% disse não ter que esperar para ser atendido, enquanto 96% relataram demoras para ser atendido, onde os entrevistados relataram que já esperaram de ½ hora a 4 horas para atendimento clinico, porém geralmente as consultas são agendadas, e para especialistas a espera para as consultas variam de 1 mês a 6 meses. Em seguida, questionamos quais eram os principais problemas existentes na unidade do Programa Saúde da Família, 16% dos entrevistados relatou que não existem problemas na unidade, e 84% apontou que sim, sendo eles: Falta de profissionais no atendimento; demora no atendimento, sendo necessário sempre ter que ser agendado; demora na liberação de exames médicos; falta de laboratório para coleta de exames nas unidades; poucas visitas domiciliares; falta de unidade nos bairros; falta de medicamento e pediatra; necessidade de farmácia no bairro e de ambulância e/ou veiculo; e funcionar de acordo com o programa. Já referente aos encaminhamentos para médicos especialistas, 80% dos entrevistados relataram que sempre que necessário conseguem os encaminhamentos, 18% que não, e 2% preferiu não responder a questão. Com o objetivo de entender se os atendimentos prestados são de qualidade, perguntamos aos pacientes o que eles consideram que precisa ser mudado, onde 6% relatou não precisar de alterações e 94% sugeriram mudanças, sendo elas: que os profissionais permanecerem mais tempo no bairro, agilidade na liberação de exames; agilidade no atendimento; atendimento humanizado; visitas domiciliares com mais freqüência; agilidade no atendimento de especialista; disponibilização de medicamentos; e alguns entrevistados solicitaram unidade no bairro, ambulância e laboratório nas unidade. Encerrando a entrevista, abrimos um espaço para que os entrevistados apontassem o que achavam que precisava ser mudado ou melhorado na unidade do Programa Saúde da Família de seu bairro, onde 6% relataram não serem necessárias mudança, e 94% sugeriram: que a entrega de medicamentos fosse realizada no bairro; a instalação de farmácia popular e laboratório para coleta de 20 exames no bairro; construção de unidade no bairro; necessidade de ambulância e mais medicamento; que os profissionais realizem visitas com mais freqüência; que os atendimentos com os especialistas seja mais rápido; agilidade e eficácia nos atendimentos; agilidade na liberação dos exames, e que a parte de ginecologia seja revista na unidade. A partir das entrevistas realizadas, percebemos que as unidades do Programa Saúde da Família do referido município, precisam rever os apontamentos dos profissionais e usuários das unidades constantemente, com o objetivo de aprimorar os atendimentos prestados e obter eficácia nas questões de saúde. Conforme a literatura já apontava, algumas das problemáticas acontecem por falta de capacitação dos profissionais e estrutura física precária. 4. CONCLUSÃO O presente artigo teve como principal objetivo, realizar uma pesquisa na área de atendimento e satisfação em serviços públicos, especificamente em saúde pública. Assim, optamos por realizar a presente pesquisa com as Equipes do Programa Saúde da Família do município de Cruzeiro do Oeste, para identificar os problemas existentes nas referidas equipes. Realizamos um levantando de dados da equipe do programa saúde da família como: resolutividade, tempo de espera, qualidade de atendimento dos profissionais, encaminhamento para especialistas, conhecemos os problemas de estrutura física das unidades, buscamos perceber as vivências e experiências de profissionais e usuários do Programa Saúde da Família. Também realizamos um levantamento de dados com os usuários do PSF relativamente a satisfação com os atendimentos prestados nas unidades, e enfim contribuir para o planejamento das ações no Programa Saúde da Família. A pesquisa foi realizada com 50 usuários do Programa Saúde da Família, e 50 profissionais, sendo eles médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliar de dentista, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde, do município de Cruzeiro do Oeste. Dessa forma, o Programa Saúde da Família, surge com uma nova perspectiva de visão do ser humano, entende o contexto da saúde em toda a relação familiar, através de visitas domiciliares constantes, bem como 21 acompanhamento familiar das problemáticas em saúde, visando a prevenção e promoção da saúde. Porém, para alguns entrevistados esta complicado de atingir esses objetivos na prática, onde os profissionais estão realizando poucas visitas e a família não esta sendo trabalhada como um todo. A elaboração deste artigo, nos proporcionou, compreendermos a principais problemáticas do Programa da Saúde da Família do referido município, segundo os profissionais entrevistados, são: Construção de uma Unidade para cada Equipe do Programa Saúde da Família; Reformas nas unidades, com salas maiores, acessibilidade para deficientes físicos, espaço próprio e adequado para reunião; Necessidade de materiais de trabalho, como mesa, balança, bolsa, fita métrica, uniforme, filtro solar, equipamentos, aparelhos para exames; Necessidade de um carro para cada equipe; Insuficiência de funcionários; ausência de profissionais capacitados; aceitação e aderência da população do trabalho prestado pelas equipes do PSF; humanização e respeito com os pacientes; resolutividade nos encaminhamentos realizados; maior atenção médica; agilidade no atendimento das especialidade e exames; humanização do profissional e compromisso com a população; mais medicamentos e atendimento médico diário; e maior investimento em educação em saúde; Com as entrevistas com os usuários e/ou pacientes do Programa Saúde da Família, percebemos que a questão da estrutura física entre outros pontos é uma demanda de adequação deles também, onde estes acrescentaram a necessidade de: Disponibilizar salas para coleta de sangue e implantação de uma farmácia popular nos bairros; melhorar o atendimento médico, falta de medicamentos; disponibilização de veiculo e/ou ambulância; e a solicitação de mais visitas pelos Agentes Comunitárias de Saúde, médico e enfermeiro; que os profissionais permaneçam mais tempo no bairro. Concluímos esta pesquisa, ressaltando a importância dos responsáveis pelos Programas Saúde da Família, procurem realizar a gestão em saúde, através de um processo de monitoramento e avaliação, com o objetivo de identificar as reais necessidades das equipes e dos usuários, e propor efetivas mudanças, para que o programa atenda realmente seus objetivos, e tenha resolutividade nas questões de saúde. REFERÊNCIAS ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, p.39-52, set.2004/fev.2005. ANDRADE, Ângela Nobre de. Práticas Psicológicas, Epistemicidio e Unidades Básicas de Saúde. Revista de Psicologia Política. Vol. 07; Nº 13, 2007. Acessível em: http://www.fafich.ufmg.br/rpp/seer/ojs/viewarticle.php?id=18 ARAÚJO, Maria de Fátima Santos de; LIMA, Gilvânia Dias de. A Estratégia Saúde da Família Dentro do Sistema Único de Saúde, CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n. 14, Setembro/2009 BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990. BELLUSCI, Domingos Gabriel de Paula. Programa Saúde da Família. Editora: Lawbook, 2003. BERTUSSI, Débora Cristina; OLIVEIRA, Maria do Socorro Monteira de; LIMA, Josiane Vivian Camargo. A Unidade Básica no Contexto do Sistema de Saúde. IN: ANDRADE, Selma Maffei de; SOARES, Darli Antonio; JUNIOR, Luiz Cordoni (organizadores). Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Ed. UEL, 2001. BRASIL, Conselho Nacional de Secretários da Saúde. Atenção Primária e Promoção da Saúde. CONASS. Brasília, 2007. CARVALHO, Brígida Gimenez; PETRIZ, Airton José: TURINI, Bárbara. Controle Social em Saúde. IN: ANDRADE, Selma Maffei de: SOARES, Darli Antonio; JUNIOR, Luiz Cordoni (organizadores). Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Ed. UEL, 2001. COTTA, Rosângela Minard Mitre; SCHOTT, Márcia; AZEREDO, Catarina Machado; FRANCESCHINI, Sylvia do Carmo Castro; PRIORE, Sílvia Eloísa; DIAS, Glauce. Organização do trabalho e perfil dos profissionais do Programa Saúde da Família: um desafio na reestruturação da atenção básica em saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Volume 15, nº 03. jul/set de 2006. DIMENSTEIN, Magda. A prática do psicólogo no Sistema Único de Saúde/SUS. Anais do I Fórum Nacional de Psicologia e Saúde Pública: contribuições técnicas e políticas para avançar o SUS. Brasília, outubro de 2006. 6 FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: edições Graal, 19º edição. 1979. GERMANO, R. M.; et al.Capacitação das equipes do PSF: desvendando uma realidade. Natal: 2005. Disponível em: http://www.observarh.org.br/observarh/repertorio/Repertorio_ObservaRH/NESCRN/Capacitacao_equipes_PSF.pdf KAHHALE, Edna Maria Peters. Psicologia na saúde: em busca de uma leitura crítica e de uma atuação compromissada. In: BOCK, Ana Mercês Bahia. A perspectiva sócio-histórica em Psicologia. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. KOGA, Dirce. Cidades entre territórios de vida e territórios vividos. Revista Serviço Social e Sociedade. n. 72. São Paulo: Cortez, 2002. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1991. MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. Pesquisa Social Teoria Método e Criatividade. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro; MIOTO, Regina Célia. Desafios atuais do Sistema Único de Saúde – SUS e as exigências para os Assistentes Sociais. Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. Disponível em: http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto2-4.pdf Acesso em: 08 de outubro de 2011. PIETROLUONGO, Ana Paula da Cunha. RESENDE, Tânia Inessa Martins de. Visita Domiciliar em Saúde Mental- O Papel do Psicólogo em Questão. IN: Revista de Psicologia: ciência e profissão/ Conselho Federal de Psicologia. v.1, n. 1, Brasília, CFP, 1981. ROCHA, Miriam Tereza Vali Sole. O Gestor Municipal de Saúde e o Programa de Saúde da Família: Estudos de Casos. Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva, Cuiabá, 2003.