Brasil investe em Portugal

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25/07/12 00:01
Brasil investe em Portugal
MARIO VILALVA
25/07/12 00:01
A inauguração de duas fábricas da Embraer em Évora, no próximo mês de Setembro,
representará um salto qualitativo no quadro dos investimentos brasileiros em Portugal.
Trata-se de investimento de alta tecnologia, gerador de centenas de empregos e com
expressivo efeito multiplicador sobre a economia. É também investimento capaz de atrair
novas empresas e ensejar a formação de um verdadeiro ‘cluster' aeronáutico na capital
alentejana. O exemplo da Embraer reafirma, portanto, a posição estratégica de Portugal para
os interesses de longo prazo dos investidores brasileiros.
Mais do que a facilidade da língua, os capitais brasileiros vêm em Portugal um mercado
atraente. Trata-se de um país com consumo sofisticado, profissionais qualificados, integrado
no espaço ibérico e no mercado europeu, além de possuir boas ligações logísticas com as
demais nações lusófonas. Para as empresas portuguesas, contar com investimentos
brasileiros facilita a obtenção de financiamentos e de posições comerciais em um mercado de
grande escala, além de favorecer negócios em outras economias sul-americanas.
As oportunidades de negócios em Portugal mostram-se, assim, atraentes para empresas
brasileiras em processo de internacionalização. Exemplos são as parcerias da Petrobras com
a Galp e a Partex para prospecção de petróleo na costa portuguesa, além da produção de
biocombustíveis em Sines; a aquisição da Cimpor pela Camargo Corrêa, que fortalece os
negócios de ambas no mercado brasileiro e torna mais rentáveis suas operações
internacionais; a compra da Lusosider pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com
considerável aumento da produção de aços planos; e a aquisição da OGMA pela Embraer,
em processo que acabou por conferir resultados positivos a uma tradicional empresa
portuguesa.
As privatizações portuguesas também têm atraído a atenção de investidores brasileiros.
Depois da participação de duas importantes empresas - a Eletrobras e a Cemig - no processo
de venda de 21,3% da EDP, considera-se mais de uma possibilidade para a aquisição da
TAP, inclusive de capitais fora do âmbito do transporte aéreo. Também nesse setor é
conhecido o interesse do grupo brasileiro CCR pela ANA. Na área da saúde, o grupo AMIL já
foi pré-qualificado para os Hospitais da Caixa Geral de Depósitos. Por outro lado, a Andrade
Gutierrez está cogitando participar da concorrência pelas Águas de Portugal, enquanto a
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) já manifestou seu interesse pela CTT. Por
fim, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo permanecem no foco de algumas empresas, à
luz demanda brasileira por mais de duas centenas de navios mercantes, militares e
petroleiros.
A confirmarem-se tais possibilidades, os investimentos brasileiros em Portugal, hoje estimado
em três bilhões de euros, deverão aumentar significativamente. Encontrarão neste país um
ambiente de negócios já bastante facilitado pela presença de empresas como Banco do
Brasil, Banco Itaú e Banco Rural; TV Globo e TV Record; Odebrecht, Andrade Gutierrez e
WEG Motores; o Boticário, H.Stern e Totvs, entre tantas outras que foram capazes de
transformar o enorme capital político e cultural de nossa relações em negócios tangíveis,
mutuamente vantajosos, geradores de riqueza e de empregos nas nossas economias.
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Mario Vilalva, Embaixador do Brasil
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