O Dia D e o ataque americano a Hiroshima

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Segunda Guerra Mundial (1)
Conflito matou milhões de pessoas
Ana Paula Corti*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Oficial saúda soldados nazistas
A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, possibilitou o
desenvolvimento pleno de tendências sociais latentes no mundo,
após a Primeira Guerra Mundial. Envolveu interesses
econômicos, mas foi marcada também pela defesa de interesses
ideológicos que punham em disputa várias visões sobre a
política, o homem e a sociedade.
O mundo estava tomado pelas doutrinas do fascismo, na Itália,
do nazismo e do anti-semitismo na Alemanha e do comunismo na
União Soviética. A guerra refletiu a disputa econômica e política
dos grandes países industrializados, mas também um confronto
em torno do melhor modelo ideológico capaz de orientar,
naquele momento histórico, o desenvolvimento da humanidade.
Em campos diferentes se defrontavam três sistemas polítoeconômicos: as democracias liberais capitalistas, os nazifascistas e os comunistas.
No âmbito das relações exteriores o mundo apresentava um
equilíbrio precário, desde o fim da Primeira Guerra, em 1918.
Este foi testado ao extremo diante da política expansionista
alemã liderada por Hitler, ao mesmo tempo em que se
consolidava o regime comunista na União Soviética. Em 1938, a
Alemanha ocupou a Áustria e, posteriormente, a região de
Sudetos na Tchecoslováquia, deixando claro que os planos
militares de Hitler não se limitavam aos territórios de língua
alemã. O nazismo, que até então era visto como uma possível
defesa contra o comunismo pelas democracias liberais,
começava a revelar-se uma faca de dois gumes.
Conferência de Munique
Diante dessa ofensiva, os chefes de Estado da Inglaterra, da
França, da Itália e da Alemanha reuniram-se na cidade de
Munique (Conferência de Munique). O resultado dessa
negociação foi o reconhecimento do direito alemão de anexar a
região dos Sudetos, cuja população tinha origem germânica em
sua maioria. Assim, o nazismo parecia estar com o caminho
aberto para seus objetivos expansionistas e nacionalistas.
Há historiadores que analisam a Conferência de Munique como
uma forma de a França e a Inglaterra "empurrarem" a Alemanha
contra a União Soviética, já que a reunião legitimou a invasão
alemã de um território que dava passagem à Rússia. Ao perceber
a complacência francesa e inglesa, Hitler ganhou mais confiança.
Ao mesmo tempo, assinou um pacto de não-agressão com o
ditador russo Josef Stálin. Em setembro de 1939, tropas alemãs
invadiram a Polônia, dando início à guerra que, até seu final, em
1945, mataria cerca de 40 milhões de pessoas.
As idéias racistas e de superioridade germânica difundidas pelo
nazismo desde 1933, quando Hitler subiu ao poder, foram o
fermento ideológico que uniu fortemente o povo alemão em torno
dessa verdadeira cruzada, empreendida em nome da construção
de um império ariano.
Ações de extermínio
A Polônia foi o exemplo mais trágico dos objetivos e das
disposições da política nazista. Cerca de 5,8 milhões de
poloneses foram exterminados pelos alemães, e destes apenas
123 mil eram militares. Ou seja, o alvo dos alemães eram
principalmente os civis judeus, que formavam parte significativa
da população polonesa. Assim, desde a invasão da Polônia de
1939, ficou claro que, para a Alemanha, essa seria uma guerra
de extermínio dos povos que o nazismo considerava inferiores ou
indesejáveis: além dos judeus, os eslavos e ciganos, sem falar
em homossexuais e nos deficientes físicos e mentais.
Para eles, foram criados campos de concentração, como
Treblinka,Auschwitz, Birkenau e Sobibor, onde os "indesejáveis"
eram exterminados em ritmo industrial. Havia, inclusive, a
preocupação das autoridades alemãs em criar métodos mais
eficientes e baratos de matar um maior número de pessoas no
menor tempo possível. Vale lembrar também que o dinheiro e os
bens dessas pessoas - em especial dos judeus - eram
expropriados pelos nazistas, que tentaram lucrar inclusive com os
cadáveres, fabricando sabão com gordura humana e botões com
ossos.
A guerra na Europa
Depois da rápida vitória sobre a Polônia, as tropas alemãs não
pararam mais. Atacaram primeiramente a França, que também
sucumbiu em poucos dias, e depois a Inglaterra, que resistiu
heroicamente e enfrentaria os alemães e seus aliados, italianos e
japoneses, até o fim da guerra, na Europa, no norte da África e
no Oriente. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi o
primeiro estadista ocidental a perceber a ameaça nazista e a ela
se opor tenazmente, malgrado, Hitler, a princípio, manifestasse
interesse num armistício com os ingleses.
Em meados de 1941, rompendo o acordo com Stálin, Hitler
decidiu atacar a União Soviética. Contrariando as estratégias de
seus generais, que queriam primeiro tomar Moscou, fez questão
de invadir Leningrado, símbolo daRevolução Russa de 1917. No
entanto, Leningrado resistiu bravamente, embora a cidade tenha
ficado sem luz e sem suprimentos, sob um cerco que durou 900
dias.
Os russos, porém, não se rendiam e contaram com a aliança com
seu inverno austero, ao qual os alemães não estavam
acostumados. Ainda assim, as tropas nazistas chegaram a 30
quilômetros de Moscou, decididos a tomar a cidade. Foi quando
se deu a virada no chamado front oriental europeu. O general
Zukhov, comandante do exército vermelho, conevenceu Stálin a
trazer para a Europa as tropas russas estacionadas na Ásia, o
extremo oriente da União Soviética, por temor a uma invasão
japonesa. Esses reforços tiveram um papel decisivo na
contenção dos nazistas.
O Dia D e o ataque americano a
Hiroshima
Ana Paula Corti*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Soldados norte-americanos em combate
No Oriente, onde o Japão já desenvolvia uma política
expansionista análoga à de Hitler, outro fato veio reverter os
rumos da guerra, a partir do bombardeio japonês à ilha de Pearl
Harbour, pertencente aos Estados Unidos, no final de 1941.
Atacados por um aliado de Hitler, os americanos tinham agora
um motivo para intervir diretamente na guerra, em vez de apenas
prestar apoio econômico aos ingleses.
A partir daí, a guerra se estendeu pelo mundo inteiro. Assistiu-se
também a um velocíssimo desenvolvimento bélico norteamericano, o que colocaria o país na posição de maior potência
militar ao longo do século 20.
Na Europa, a guerra envolvia a população civil, além da militar, e
provocou uma grande devastação humana operada pelo avanço
nazi-fascista. Já nos oceanos Pacífico e Índico, as batalhas se
travavam entre navios e aviões ou em territórios cuja população
local - muitas vezes indígena - não se envolvia no conflito.
Mesmo assim, o número de mortos e feridos foi grande entre os
militares, em especial do Japão e dos Estados Unidos, os
principais protagonistas das batalhas nessa região.
Batalha de Stalingrado
O cerco alemão à União Soviética teve que retroceder no fim de
1941, mas Hitler retomou seus planos em setembro de 1942,
dando início à batalha de Stalingrado, que se estendeu até
fevereiro de 1943, com a vitória dos soviéticos. Esta batalha deu
início à contra-ofensiva soviética que mudaria os rumos da
guerra. A partir de então, os russos pressionariam os alemães de
volta para seu país, enquanto, na Europa ocidental, americanos e
ingleses reconquistavam posições na Itália e na França.
Em 6 junho de 1944 (o chamado Dia D), sob o comando geral do
general americano Dwight Eisenhower, ocorreu o desembarque
das tropas aliadas na Normandia (França), a partir do que os
alemães se viram pressionados nos dois lados da Europa. Ao
mesmo tempo, as populações dos países invadidos pelos
nazistas organizavam movimentos de resistência à ocupação,
sabotando os alemães e cooperando com os aliados.
Mapa do desembarque aliado na Normandia no Dia D
Derrota do Eixo
O chamado Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão, foi
derrotado em 1945, depois de seis anos de conflito. Isso
aconteceu em duas etapas. Na Alemanha, ocupada pelos
aliados, Hitler suicidou-se e seus generais se renderam
incondicionalmente em 8 de maio. O Japão resistiu mais alguns
meses, até que as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram
destruídas pelas bombas atômicas norte-americanas, em agosto.
Foi a primeira vez que se usou armas nucleares num conflito e
seu poder de devastação obrigou os japoneses à rendição.
Julgamento dos nazistas em Nurembergue
Em novembro de 1945, os líderes nazistas capturados foram
julgados no tribunal internacional de Nurembergue, em razão dos
crimes cometidos contra a humanidade. Calcula-se que cerca de
6 milhões de judeus tenham sido mortos nos campos de
extermínio e nos guetos. A guerra deixou, ainda, um saldo de 18
milhões de russos mortos, 5,8 milhões de poloneses e 4,2
milhões de alemães, sem falar nos outros povos diretamente
envolvidos, cujas mortes também se contam aos milhares.
Muitos criminosos nazistas, porém, não se deixaram
julgar, Hermann Göering, um dos principais comandantes
nazistas, sucidou-se na prisão antes de ir ao tribunal. Kurt Franz,
o comandante do campo de Treblinka, responsável direto pela
morte de 600 mil judeus, foi condenado à prisão perpétua, mas
foi indultado antes da morte, em 1993. Gustav Franz Wagner,
comandante de Sobibor, culpado da morte de 250 mil pessoas,
fugiu e escondeu-se em Atibaia (SP), onde viveu tranqüilamente
até ser descoberto e suicidar-se, em 1980.
Herança do conflito
Novas relações mundiais se configuraram após a guerra, já que
seus principais vencedores - os Estados Unidos e a União
Soviética - eram adversários ideológicos e possuíam uma
capacidade bélica equivalente, o que os impedia de partir para
um conflito aberto. Teve início a chamadaGuerra Fria: o mundo
foi dividido em dois blocos, o comunista e o capitalista, ambos
com suas promessas de desenvolvimento, paz e prosperidade
para seus cidadãos, assim como suas fragilidades, crises e
fracassos sociais e econômicos.
Paula Corti é Mestre em Ciências Sociais e assessora da ONG Ação Educativa. É co-autora dos livros "O
Encontro das Culturas Juvenis com a Escola" e "Diálogos com o Mundo Juvenil: subsídios para educadores".
http://educacao.uol.com.br/historia/segunda-guerra-mundial-1-conflito-matou-milhoes-depessoas.jhtm
Texto anexo 01.
Josef Stalin
21/12/1879, Gori, Geórgia
5/3/1953, Kunzewo, Rússia
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Stalin transformou a União Soviética em
superpotência
Ossip (em georgiano) ou Iosif (em russo) Vissarionovich
Djugatchvili, dito Stalin, filho de um sapateiro e de uma lavadeira,
perdeu o pai cedo e, tendo também perdido os outros irmãos, foi
criado pela mãe.
Após os primeiros estudos na escola religiosa russo-ortodoxa de
sua cidade natal, foi enviado para o seminário na capital
georgiana, Tbilisi (ou Tiflis). Revoltado com a disciplina do
estabelecimento e influenciado pela leitura de romancistas
realistas russos e de Darwin, acabou expulso do seminário, no
último ano de estudos, 1899.
Entrou quase que imediatamente para a luta revolucionária.
Militante do movimento social-democrático, membro do comitê
clandestino de Tbilisi, em 1902 é preso e deportado para a
Sibéria, de onde foge em 1904.
Em 1905 organiza uma greve geral em Baku; encontra Lênin no
congresso partidário realizado na Finlândia. Preso novamente em
1908, é banido para Vologda, de onde foge no ano seguinte,
dirigindo-se em junho para São Petersburgo. Eleito para o comitê
central do Partido Comunista Bolchevique, é preso mais uma vez
em 1910. Foge em meados do ano seguinte.
Em 1912, colabora na fundação do jornal
partidário Pravda (Verdade). Novamente preso em 1913, é
exilado para o círculo polar ártico, de onde seria libertado, em
março de 1917, pelo governo Kerenski. Dedica-se, então,
inteiramente ao trabalho no Pravda.
Revolução Russa
Em 1913 adota o nome por que ficaria conhecido: Stalin (homem
de aço). Desempenha, na Revolução de Outubro de 1917, um
papel principalmente de organizador. É nomeado comissário das
Nacionalidades no Conselho dos Comissários do Povo.
Durante a guerra civil, participa ativamente da luta, sendo
inicialmente enviado a Tsaritsin, cidade às margens do Volga que
- de 1925 a 1961 - seria chamada de Stalingrado. O primeiro
desentendimento sério entre Stalin e Trotski ocorre na luta em
Tsaritsin, por questões de estratégia militar.
A 3 de fevereiro de 1922, Stalin é eleito secretário-geral do
Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Em 1923, no congresso do partido, Stalin
ataca abertamente a tese de Trotski sobre a "revolução
permanente". Com a morte de Lênin, a 21 de janeiro de 1924,
Stalin une-se a Kamenev e Zinoviev, sendo eleito sucessor de
Lenin.
A luta aberta entre Stalin e Trotski é vencida pelo primeiro. Stalin
também afasta da direção seus próprios aliados, Kamenev e
Zinoviev, que discordam da tese do "socialismo em um só país",
defendida por Stalin. Este perseguirá até a morte seus três
oponentes.
Coletivização forçada da agricultura
Senhor da chefia do governo, Stalin dá início às reformas com
que visa, primordialmente, ao fortalecimento da URSS. Lança o
primeiro plano quinquenal em 1928, com o objetivo de priorizar a
industrialização e "edificar o socialismo", passando para o Estado
o controle de toda a atividade econômica.
Em 1929-1930 dedica-se à coletivização da agricultura,
liquidando camponeses - pequenos, médios ou grandes
proprietários de terras. São todos executados ou deportados em
massa com suas famílias.
Expurgos
No segundo plano quinquenal, procura dar maior ênfase ao
desenvolvimento da indústria leve. Em 1936, ordena o início dos
famosos processos de Moscou, que resultam em amplo expurgo
nos quadros partidários, criando um clima generalizado de terror
em todo o país. Milhares são presos, torturados e mortos. Nem
mesmo as forças armadas ficam imunes, e vários de seus
principais dirigentes são fuzilados.
Segunda Guerra Mundial
A 23 de agosto de 1939 firma um pacto de não agressão com
a Alemanha hitlerista. No mês seguinte, anexa à URSS a parte
leste da Polônia. Em março e setembro de 1940,
respectivamente, ocupa partes da Finlândia e da Romênia.
Em 22 de junho de 1941, a Alemanha declara guerra à URSS.
Stalin assume o comando supremo das forças armadas
soviéticas, com o posto de marechal, em março de 1943.
Stalin passa a insistir com as nações ocidentais, já em guerra
com a Alemanha, para que abram nova frente de luta, a fim de
aliviar o campo soviético. Dissolve, em 1943, o Komintern,
organização encarregada de fazer a ligação com os comunistas
do mundo inteiro.
Participa de conferências com os dois dirigentes supremos dos
EUA e do Reino Unido - Roosevelt e Churchill - em Teerã (1943),
Ialta (1945) e Potsdam (1945 - com Harry Truman, que assumira
a presidência dos EUA depois da morte de Roosevelt),
estabelecendo as bases para o desenvolvimento e o desfecho
da Segunda Guerra Mundial.
Terminada a guerra, já no começo de 1946 acentua-se a divisão
entre os aliados da véspera, e Stalin passa a atacar os EUA
como "imperialistas". É o início da Guerra Fria. Em 1947,
ressuscita o Komintern, sob o nome de Kominform.
O bloqueio de Berlim - de 31 de março de 1948 a 12 de maio de
1949 - leva a divisão entre os dois campos a um ponto crítico. As
divergências entre as principais nações capitalistas e o grupo
socialista liderado pela URSS persistem até muito depois da
morte de Stalin.
Stalinismo
Em 1953, no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, o
sucessor de Stalin, Kruschev, denuncia o "culto da
personalidade" stalinista e os crimes e atrocidades atribuídos a
Stalin.
Político duro e sem escrúpulos, Stalin usou seu poder para
destruir todos os que surgiram em seu caminho. Temido e
admirado, é, muitas vezes, retratado como um homem de
inteligência medíocre, que conseguiu seu poder graças,
exclusivamente, à esperteza impiedosa. Essa avaliação, contudo,
é uma subestimação, pois a ideologia concebida por Stalin - que
passou à história com o nome de stalinismo - teve grande
importância na consolidação do regime soviético e de suas
terríveis injustiças.
Enciclopédia Mirador Internacional; Dicionário do Pensamento Marxista (Jorge Zahar Editor)
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